PASE 2011 - Português 3.º...
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T E X T O I
Lê atentamente o texto I.
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Chegámos ao topo do Pico eram quatro da manhã, e o frio era insuportável, cortava a
pele nas suas velozes rajadas, era um vento selvagem de altitude, corria sem obstáculos e
sem domador por um espaço sem marcas. Ao chegar lá acima, disse-me:
«Ande sempre junto a mim e olhe bem para o chão.»
Fiz o que me mandava e andei sempre muito próxima dele, maravilhada com a enorme
caldeira rochosa que se abria mesmo no cume do Pico, se alongava numa enorme
depressão e, no extremo oposto àquele onde nos encontrávamos, continuava para cima,
formando o Pico Pequeno. Torneámos toda a caldeira até chegar ao sopé do pequeno
monte, ao longo da borda estreita que ficava entre a descida da caldeira e a descida da
encosta. […]
Ficámos durante toda a manhã na caldeira. O Tomás achava que eu devia dormir e
restaurar as forças para a descida, mas eu sentia-me tão entusiasmada que nada me faria
parar. Cercámos a caldeira vezes sem conta, a ver as ilhas. O Tomás apontava com o
braço e eu ia-lhe seguindo o gesto com o olhar, a ver o Faial, São Jorge, a Graciosa e a
Terceira. […] Só as Flores ficou por ver, porque se erguia na sua direcção um nevoeiro
forte, denso e habituado a parar naquele lugar. Descemos à caldeira, subimos, voltámos a
descer… O Tomás andava à minha frente, muito devagar e, de vez em quando, eu punha-
me a correr à sua frente, a correr de felicidade, já sem frio, sem cansaço e sem idade,
sobretudo sem aquela idade marcada no corpo e na alma pelas feridas que nos sangram ao
longo da vida. Subitamente, debaixo da exaustão da subida, e do deslumbre das paisagens
inesperadas, e da aventura de subir ao alto das nuvens, e da surpresa de ser levada por um
guia cego que conhecia os trilhos com a perícia1 das cabras e a memória das pedras, por
baixo dos sabores acres2 e doces que me chegavam aos lábios com o vento frio, por baixo
dos cheiros exuberantes da natureza descoberta num retrato de dia, por baixo das novas
paixões do mundo, cicatrizavam todas as feridas, ou adormeciam somente, fechavam-se
em latência3, escondiam-se, deixavam-me sem marcas do tempo humilhado, do tempo
passado numa lenta perda, tempo enclausurado4 no medo, tempo maltratado como uma
forma sempre e sempre retorcida nas mãos de um alquimista5 obcecado, doente, não da
busca da perfeição das formas, mas do poder sobre matéria, da soberania sobre a
substância, da liberdade de retorcer um corpo passivo e de o retalhar na sua extensão e
movimento…
Era de novo um tempo sem manchas… Eu deslizava ao lado do meu companheiro de
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jornada, encantada, maravilhada até com a cor das pedras, e com o céu, e com a fantástica
liberdade dos quatro elementos da natureza num lugar tão próximo dos deuses que deveria
cheirar a obediência. Devorei toda a comida que tinha levado comigo, sorri com a alegria
que a luz do sol trouxera, fui transformando em música as coisas vistas para que Tomás as
pudesse conhecer. Conversámos muito, falámos com a sinceridade de quem partilha o ar
dos deuses, falámos sobre a cegueira, sobre viver sem olhar, sobre viver olhando apenas…
Em troca da minha música, o Tomás dizia-me o que eram para ele as coisas do quotidiano,
como era viver de todos os sinais que a natureza alberga6 para os vários sentidos.
«E eu? Que sou eu, para si?», perguntei-lhe.
Pensou durante algum tempo, depois respondeu-me:
«Você é um barco recém-ancorado nestas ilhas. A julgar pela bravura e pela vontade de
descobrir a terra, diria que é um barco de conquistadores… A julgar pelo desgosto que traz
consigo, diria que é um barco de condenados ao exílio. O que é que se acha?»
Maria Orrico, Terra de Lídia.
Vocabulário
1 perícia – agilidade.
2 acres – azedos.
3 latência – ocultação, dissimulação.
4 enclausurado – fechado, aprisionado.
5 alquimista – pessoa que transforma, transmuta; mágico.
6 alberga (forma do verbo albergar) – guarda.
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PROVA DE AVALIAÇÃO SUMATIVA EXTERNA
A PREENCHER PELO ALUNO Nome
Data de nascimento ___ / ___ / ___ (DIA/MÊS/ANO) Escola
A PREENCHER PELA UNIDADE ORGÂNICA Número convencional do Aluno ___________ Número convencional da Turma ___________
Prova de Avaliação Sumativa Externa de Português
3.º Ciclo do Ensino Básico
2011 Duração da Prova: 90 minutos.
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PROVA DE AVALIAÇÃO SUMATIVA EXTERNA
Prova de Avaliação Sumativa Externa de Português
3.º Ciclo do Ensino Básico
A PREENCHER PELO ALUNO Sexo F M
A PREENCHER PELO PROFESSOR APLICADOR – CASOS PARTICULARES (ASSINALE COM UM X)
A Alunos com deficiência auditiva.
B Alunos com deficiência motora.
D Alunos com deficiência visual.
O Alunos que beneficiam das modalidades de apoio educativo previstas no n.º 1,
alíneas d), e) e f), do art.º 35.º da Portaria n.º 76/2009, de 23 de Setembro.
P Alunos que não tenham o Português como língua materna.
Q Alunos em regime de Ensino Doméstico.
T Alunos dos Subprogramas Oportunidade III e Oportunidade Profissionalizante
A PREENCHER PELA UNIDADE ORGÂNICA
Número convencional do Aluno ___________
Número convencional da Turma ___________
A PREENCHER PELO PROFESSOR CLASSIFICADOR Classificação em percentagem ________ % (______________________________ por cento)
Assinatura do Professor Classificador
Situações Anómalas (código y) Observações: ___________________________________________________________________________
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G R U P O I
1. No 1.º parágrafo, são fornecidas informações quanto à localização espácio-temporal
relativamente à acção do texto.
1.1. Transcreve do parágrafo as palavras ou as expressões que dão conta desta
localização.
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2. Explica, por palavras tuas, a seguinte expressão «(...) era um vento selvagem de
altitude, corria sem obstáculos e sem domador (…)» (linhas 2-3).
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3. Relê o 2.º e o 3.º parágrafos e assinala com um X apenas uma das opções
apresentadas nos itens 3.1., 3.2. e 3.3..
3.1. A intervenção «Ande sempre junto a mim e olhe bem para o chão» (linha 4)
demonstra da parte do guia…
a) cautela e preocupação.
b) preocupação e aproximação.
c) aproximação e cautela.
d) aproximação e coragem.
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3.2. A narradora seguiu as indicações do guia porque…
a) tinha medo do local onde estavam.
b) desconhecia o espaço onde se encontravam.
c) estava muito cansada e com frio.
d) era extremamente obediente.
3.3. O sentimento experimentado pela narradora, ao ver a caldeira, foi
a) curiosidade.
b) medo.
c) deslumbramento.
d) saudade.
4. O 4.º parágrafo divide-se, claramente, em dois momentos.
4.1. Transcreve o advérbio que estabelece a transição do primeiro para o segundo
momento.
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4.2. Resume, por palavras tuas, cada um dos momentos assinalados.
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5. No final do 4.º parágrafo, a narradora reflecte sobre o tempo.
5.1. Refere um dos recursos expressivos presente em «tempo maltratado como uma
forma sempre e sempre retorcida nas mãos de um alquimista.» (linhas 27-28).
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6. Entre o segundo momento do 4.º parágrafo e o 5.º parágrafo estabelece-se uma relação
entre o tempo passado e o tempo presente.
6.1. Explica, por palavras tuas, o que a narradora pretende dizer, quando afirma «Era de
novo um tempo sem manchas.» (linha 32).
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7. O guia da narradora era cego.
7.1. Retira do 5.º parágrafo a frase que dá conta do modo como a narradora lhe
descreveu o lugar onde estava.
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Lê, agora, atentamente o texto II.
TEXTO II
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Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
Miguel Torga, Diário VI (1963)
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8. Enquanto o Texto I se refere à descoberta de um espaço, o Texto II alude ao regresso a
um lugar guardado na memória do poeta.
8.1. Tendo em conta o regresso do poeta, assinala com um V as afirmações verdadeiras
e com um F as falsas.
Afirmações
1 O poeta foi obrigado a partir da sua terra natal.
2 Todas as pessoas saudaram o poeta aquando do seu regresso.
3 O poeta regressa cansado por causa da sua dura infância.
4 A terra natal do poeta reconforta-o.
5 Os deuses do velho paraíso correspondem a todos os elementos da natureza referidos pelo poeta, à excepção da «terra morta».
9. Identifica a figura de estilo mais recorrente no poema de Miguel Torga, transcrevendo
um exemplo.
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10. Tanto a narradora do texto I como o sujeito lírico do poema encontram refúgio na
natureza. E tu?
10.1. Refere o significado que a natureza tem para ti, justificando o teu ponto de vista.
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G R U P O I I
1. Relê as frases da coluna A e as da coluna B.
Coluna A Coluna B
1 No Pico, o frio era insuportável. Na era moderna, a escalada está na moda.
2 O vento corria por um espaço vasto. Ela queria pôr os pés na terra batida.
3 Estavam sem palavras diante do Pico. Deram cem passos à volta da caldeira.
4 Chegaram ao Pico às quatro horas. Havia uma gruta que parecia um quarto.
1.1. As palavras sublinhadas estabelecem entre si uma relação ao nível do som e/ou da
grafia. Indica na coluna em branco o número do par de frases que corresponde à
designação correcta.
Palavras parónimas
Palavras homófonas
Palavras homónimas
Palavras homógrafas
2. Atenta no excerto transcrito do texto I.
«Fiz o que me mandava e andei sempre muito próxima dele, maravilhada com a enorme
caldeira rochosa que se abria mesmo no cume do Pico.»
2.1. Reescreve-o, substituindo as palavras sublinhadas pelos antónimos
correspondentes e fazendo, se necessário, alterações ao nível da estrutura da frase.
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3. Completa o texto seguinte, flexionando os verbos apresentados entre parênteses nos
tempos e modos convenientes.
Era necessário que os guias da montanha ____________________ (acompanhar)
devidamente os turistas, pois estes não __________________ (possuir) conhecimentos
para _______________ (seguir) os trilhos, muitas vezes mal sinalizados. Assim, não só se
_____________ (evitar) acidentes, como se __________________ (permitir) fazer um
passeio seguro.
4. Transforma as frases, procedendo às alterações necessárias.
a) Um grupo de turistas tem escalado o Pico, todos os Verões. Todos os Verões, o Pico______________________________________________________
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b) «Sigam as minhas indicações!», alertou o guia da escalada. O guia da escalada alertou o grupo de turistas ____________________________________
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5. Lê as frases da coluna A e as classificações das orações na coluna B.
Coluna A Coluna B
1 Quando chegaram ao Pico, acamparam. A Oração Subordinada Substantiva Completiva
2 Ela disse que o Pico era magnífico. B Oração Subordinada Adverbial Concessiva
3 Se chegares cedo, a vista é linda. C Oração Coordenada Conclusiva
4 Eles cansaram-se, mas valeu a pena. D Oração Subordinada Adjectiva Relativa Restritiva
5 Embora chovesse, não estava frio. F Oração Subordinada Adverbial Temporal
6 Vi a caldeira de que me falaste. G Oração Subordinante/Principal
H Oração Subordinada Adjectiva Relativa Explicativa
I Oração Subordinada Adverbial Causal
J Oração Coordenada Adversativa
5.1. Associa as orações sublinhadas nas frases às respectivas classificações,
escrevendo a letra correspondente à frente de cada número.
1. ________ 2. ________ 3. _______ 4. ________ 5. ________ 6. ________
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G R U P O I I I
Em 2010, foram eleitas as 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Os Açores distinguiram-se
entre as diversas regiões portuguesas, porque possuem duas dessas sete maravilhas: a
paisagem vulcânica do Pico e a Lagoa das Sete Cidades.
Redige uma notícia, de 80 a 120 palavras, para constar no jornal da tua escola,
subordinada ao seguinte título:
«Duas das 7 Maravilhas Naturais de Portugal são Açorianas»
Na redacção da notícia, deves ter em conta as características específicas desta
tipologia textual.
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TEXTO
FOLHA DE RASCUNHO