Padre Quevedo Espiritismo & Reencarnação
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Sumário
1 As Leis do Fenômenos Espíritas 2 A Lição da Discordância Radical 3 Mais Lições da “Discordância Radical” 4 Comunicação com o Além 5 Dissociação da Personalidade 6 “Eles próprios afirmam” 7 Espíritismo em maus lençois 8 Espíritas, um mínimo de reflexão!
As Leis do Fenômenos Espíritas
Espiritismo e Reencarnação
OS MELHORES NÃO SÃO BONS!
No artigo anterior (Espíritas um mínimo de reflexão) vimos que as
mensagens do espiritismo, se não fossem meramente oriundas de divisão da
personalidade!, em todo caso não podem proceder de espíritos bons, porque
estariam se mostrando como mentirosos, enganadores, falsários.
Esse mesmo proceder de disfarçar-se com nomes que não lhes pertencem,
proceder que Allan Kardec atribui aos ―espíritos superiores‖ (?!), em outro
livro,‖O livro dos espíritos‖, o julga próprio de espíritos inferiores:
―Um fato demonstrado pela observação e confirmado pelos próprios
espíritos (superiores, ou inferiores disfarçados?) é que os espíritos
inferiores muitas vezes usurpam nomes conhecidos e respeitados. Quem
pode, pois, afirmar que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio
César, Carlos Magno, Fenelon, Napoleão, Washington etc. tenham
realmente animado essas personagens? (..) Como se lhes pode comprovar a
identidade? Semelhante prova é, de fato, bem difícil de se produzir‖.
Na realidade, quem não é espírita fanático sabe que quem diz ser Sócrates,
Júlio César, Carlos Magno etc. é simplesmente um louco.
Só um espírita pode duvidar… Tal dúvida, aliás, contradiz sem dúvida
outra hipótese do espiritismo, a reencarnação!
Mas o que interessa aqui é que Kardec considera que usurpar nomes é
comportamento próprio de espíritos inferiores. Logicamente. Aqui tem
razão!
Entre os pesquisadores da metapsíquica, uma das personificações ou
prosopopéias do inconsciente melhor estudada foi Phinuit. Os espíritas
consideram-no ―o mais acabadamente espírito bom‖. Era o ―espírito guia‖
da provavelmente melhor dotada de fenômenos de conhecimento, Eleonora
Piper.
―Houve sessões nas quais todas as perguntas e todas as proposições
formuladas eram verdadeiras‖.
Em outras, porém, todos os conhecimentos do ―espírito de luz‖ Phinuit
esvaziavam-se e perdiam-se em astúcias e simulações, ele ―não
manifestava o menor conhecimento real e limitava-se a (…) respostas
formuladas ao acaso (…), generalidades vagas (…) Phinuit pretendia estar
sempre em comunicação com os outros espíritos (…), e logo mais suas
lembranças confundiam-se (…), terminava em incoerências (…),
comunicações procedentes de espíritos de extraterrestres (…) Muitos
defeitos e muitas incoerências‖.
Assim o garante nada menos que seu grande pesquisador Frederico Myers.
Quem poderia confiar em Phinuit? Como é que os líderes do espiritismo
tanto o exaltam?
INDIGNO DE ESPÍRITOS DIGNOS
É inadmissível que pessoas que em vida tenham sido eminentemente
respeitáveis, no além estejam à disposição de curiosos, ou se misturem em
ambientes escuros e agitados, ou se degradem a golpear ou fazer girar uma
mesa ou empurrar um copo etc.
―Se nossos defuntos, ao menos os respeitáveis, pudessem comunicar-se
conosco, encontrariam um meio mais digno‖.
Assim conclui Enrico Morselli após as pesquisas nada menos que com a
mais famosa de fenômenos de efeitos físicos, Eusápia Palladino.
―Mas é possível que o grande mistério da morte, se reduza a uma comédia?
(…) Quando morrer, deverei pôr-me à disposição de um médium e
percorrer o mundo para levantar cadeiras de sob os assistentes e golpear
uma mesinha? Não acredito porque é absurdo, porque é ímpio‖, conclui
outro grande pesquisador, Gaetano Negri. É evidente. Lamentável a
mentalidade dos ―mestres‖ espíritas.
PREJUDICIAL A “LEI DA AFINIDADE”
Segundo os dirigentes espíritas, repetido nas mais diversas ocasiões, os
espíritos são atraídos pela igualdade ou maior semelhança entre eles e o
ambiente que os evoca. Afinidade moral, cultural, de desenvolvimento
perispIrÍtico (!?) etc.
De acordo com esta lei, os ―desencarnados‖ que se comunicariam com os
médiuns só podem ser
— os mais incultos: não se celebram sessões de espiritismo nos congressos
de prêmios Nobel nem nas universidades.
— Os mais amorais: não se celebram sessões de espiritismo nos conventos,
nos mosteiros, nas santas casas de misericórdia, nos hospitais da madre
Teresa de Calcutá na Índia, ou nos Asilos da Irmã Dulce no Brasil, nas
organizações internacionais da Cruz Vermelha, etc.
— Os menos desenvolvidos: porque os ―espíritos de luz‖ estariam muito
distantes desta Terra de castigo (?!), e seu persipírito (?!) teria de ser o mais
grosseiro, dado que o perispírito sujeito ao corpo mortal no planeta Terra
seria dos mais baixos da escala de desenvolvimento. Tudo de acordo com
as leis espíritas. Ernesto Bozzano afirma como consenso entre todos os
mestres do espiritismo:
―Confirma-se tudo o que, há muito tempo, já se havia assinalado com
relação às comunicações mediúnicas, isto é, que os espíritos que se
comunicam, quando se acham imersos na ‗aura‘ dos médiuns, ficam em
condições análogas às dos pacientes hipnóticos e se tornam, em
conseqüência, sugestionáveis, sofrendo notável diminuição de suas
faculdades mnemônicas. Isto dissipa muitas dúvidas teóricas‖.
É a lei da afinidade que atrai os espíritos apegados à terra; e mesmo que na
―rede caísse‖ algum espírito superior, pela influência da lei da afinidade,
logo se adaptaria ao baixo nível.
―isto dissipa muitas dúvidas teóricas‖. Pretende safar-se de tantas
contradições, erros, bobagens e mesmo grosseiras e imoralidades
facilmente misturadas nas mensagens atribuídas aos mais altos espíritos
superiores. Nem percebe que assim acaba com os espíritos superiores. São
simples seres hipnotizados e sugestionáveis à mercê e no nível dos
médiuns…! Logicamente, se atraísse algum espírito, seria o das pessoas
vivas deste mundo (telepatia), pois são elas sem dúvida as que mais se
assemelham aos evocadores deste mundo.
Ou, na realidade, o próprio inconsciente do médium (com ou sem
telepatia). Porque em questão de afinidade nenhum outro espírito pode
estar tão perto como uma parte complementar do próprio ―eu‖ do médium.
E dado que se tratava de uma parte da própria pessoa, são pessoas com
divisão da personalidade, desequilibradas. Segundo os espíritas, seriam
espíritos grosseiros.
Outra boneca. Feita de trigo. Para garantir as boas colheitas!: ―Os
semelhantes se atraem‖!
E A OUTRA LEI?
Deve-se levar em consideração, aliás, que embora as partes do psiquismo
de uma mesma pessoa
sejam sem dúvida da mesma natureza, do mesmo ―perispírito‖ (?!), da
mesma estrutura, da mesma substância…, a divisão da personalidade pode
ser por ―cristalização‖ das ―partículas‖ mais díspares entre si, ocasionando
grupos complementares ou opostos. Junto à lei da afinidade, deve constar
também a lei da atração dos opostos. Nas manifestações espiritóides pode
acontecer que a parte inconsciente que se manifesta seja precisamente a
oposta à personalidade oficial do médium.
NÂO PODEM SER, AO MESMO TEMPO, BONS E MAUS
Allan Kardec escrevia convicto em ―O livro dos espíritos‖ :
―A linguagem dos espíritos superiores é constantemente digna, nobre (…)
Sua presença afasta os espíritos inferiores‖.
Foi a experiência que lhe ensinou mais tarde que a realidade é muito
diferente? (o inconsciente mistura o bom e o mau). Ou é só mais uma de
tantissimas contradições de Kardec, dado que na realidade só pretendia
confundir? Então ―os espíritos superiores‖ entraram em contradição:
Afirmam em ―O livro dos médiuns‖ que não afastam com sua presença os
espíritos inferiores, mas que permanecem, uns e outros, continuamente
misturados. Mesmo tendo dito:
―Os bons e os maus espíritos não andam juntos‖, poucos parágrafos depois
se contradiz e deixa escapar um ―pela facilidade com que os maus espíritos
se intrometem nas comunicações‖ (dos bons espíritos).
Imediatamente, contra a afirmação de que a ―presença (dos bons espíritos)
afasta os espíritos inferiores‖, nova contradição pouquíssimas linhas
depois:
―Quanto piores são os espíritos, mais obstinados se mostram e muitas vezes
resistem a todas as injunções‖.
Isto é, os que estariam mais ligados à Terra, os mais numerosos, os
espíritos verdadeiramente maus, muito maus, os piores, não são afastados
pelos espíritos superiores!!
O “CONTROLE”
Mesmo o ofício ou a pretensa existência do ―espírito guia‖ ou ―controle‖
das sessões foi claramente subterfúgio inventado tardiamente. Inventado
pelo inconsciente e pelos líderes modernos do espiritismo. Para defender-se
dos erros, tolices, contradições etc. freqüentemente misturados nas
manifestações do inconsciente -ou intromissões dos ―espíritos inferiores‖!-
sendo que os fundadores do espiritismo -os primeiros mestres e ―espíritos
superiores‖- nada sabiam de ―espíritos guias‖.
Seriam médiuns entre os médiuns da Terra e os espíritos do além. Mas
sobre esses ―espíritos médiuns‖ logo apareceram outros novos ―espíritos
médiuns‖ ou espíritos guias‖, e logo outros e assim numa série
interminável que mais do que mostrar organização, provaria e confirmaria a
total anarquia dos ―espíritos‖ (não há espírito humano sem corpo material
ou ressuscitado), totalmente indigna.
É desse anárquico além que os espíritas pretendem receber a doutrina para
endireitar este mundo terrestre!
Todas as religiões, ao menos as religiões principais e mais desenvolvidas,
separam no além os bons dos maus. A mistura que o espiritismo faz, mostra
seu baixo calão.
ESSA AMALGAMA É BEM CONHECIDA
A psicologia e a parapsicologia, com seus respectivos estudos sobre o
inconsciente, explicam esta mistura do bem e do mal. Sem recurso a esse
amálgama do espíritos. Onde os bons e maus viveriam tão
indissoluvelmente misturados, que um ―espírito de luz‖ se converte -ou é
substituído- de repente num ―espírito inferior‖.
Compreende-se perfeitamente pela irresponsabilidade própria do
inconsciente. Nele se arquiva o mais sublime e o mais baixo. Ele capta
também extranormal e paranormalmente em pessoas presentes e ausentes o
mais sublime e o mais baixo. Nele o mais sublime pode justapor-se ao mais
baixo por qualquer associação de idéias, e inclusive por contraste. É
corriqueiro e próprio das manifestações nos sonhos, na hipnose, após a
injeção de drogas, ou em qualquer outro estado alterado de consciência.
Quem foi meu professor, um grande psicólogo e por muitos anos professor
de psicologia, Fernando Maria Palmés S.J., que também era filósofo,
teólogo e parapsicólogo, escrevia:
―Porque (…) em boa razão não tem cabimento a possibilidade de atribuir
semelhantes fenômenos às almas dos defuntos (…), que de tal maneira
estejam à disposição dos homens que praticam as superstições do
espiritismo, a ponto de lhes executarem as ordens e lhes satisfazerem a vã
curiosidade e as ânsias do maravilhoso, dando lugar a exibições que
freqüentemente são pueris, ridículas e, não poucas vezes, também
grosseiras e imorais (…), que os próprios espíritas nos descrevem‖ (…)
―Mistura ridícula das verdades cristãs com os erros mais crassos; a moral
mais pervertida, junto com (…) máximas boas, ou indiferentes (…);
mentiras e contradições em que quase sempre incorrem os médiuns (…) E
muitas outras particularidades que ainda se poderiam notar na
fenomenologia aduzida pelos próprios espíritas‖ (…)
―Sobretudo em razão do desequilíbrio mental que em maior ou menor
escala padecem quantos se dedicam assiduamente às práticas espíritas,
especialmente os que desempenham o papel de médium‖.
O curioso (algo surpreende no espiritismo?) é que o próprio Allan Kardec,
em nova contradição, reconhece que não se trata de mistura de espíritos
bons e maus, senão de influência do inconsciente:
Os espíritos superiores (?) respondem afirmativamente à pergunta de se ―as
comunicações escritas ou verbais também podem emanar do próprio
espírito encarnado do médium (…). É fora de dúvida que o espírito do
médium pode agir por si mesmo‖. Precisamente por estar ―no estado de
sonambulismo ou de êxtase, é que principalmente o espírito do médium se
manifesta, porque não se encontra mais livre. No estado normal é mais
difícil‖.
Tais interferências do inconsciente do próprio médium podem ser
superiores aos seus conhecimentos conscientes:
―Poderá ele haurir nas profundezas do seu próprio eu as idéias que parecem
fora do alcance da sua instrução. Isso acontece freqüentemente no estado
de crise sonambúlica, ou extática‖.
Nos sonhos, no estado crepuscular, em todos os estados alterados de
consciência, não só se misturam manifestações as mais díspares do arquivo
normal e patológico do inconsciente, mas também podem misturar-se
dados parapsicologicamente adquiridos.
COMO EXEMPLO O CASO GLIKA
Entre inumeráveis, eis um exemplo de mentira do inconsciente provocada
pela adivinhação parapsicológica. Nenhuma necessidade de inventar
intervenções de espíritos mentirosos. O exemplo é contado por um pioneiro
da parapsicologia, Teodoro Flournoy, grande psicólogo e parapsicólogo,
que já no início do século XIX mostrava quanto desconhecimento supõe a
explicação (?) espírita:
Quatro pessoas interrogam uma mesa, uma delas é médium, Glika. Com
movimentos e golpes no chão, a mesa, sob a mão dos presentes
(paracinesia), energicamente comunica: ―Bertin, Bertin, meu amigo!
Alexandre morreu‖.
Alexandre G., de 21 anos, está internado há mais de vinte anos num asilo.
O Prof. Bertin (pseudônimo), culto, de uns 60 anos, é seu primo… e
herdeiro. Várias vezes Bertin pensou se não seria melhor que Alexandre
fosse ―descansar‖ e que do sanatório não lhe enviassem mensalmente as
contas a pagar. Ficou contentíssimo com a mensagem…
Mais uma vez um amigo, a pedido do Sr. Bertin, foi verificar o estado de
saúde de Alexandre: ―Lamentavelmente‖ estava em perfeita saúde física.
O ―espírito superior‖ de repente trocaria a atenção com seu ―querido
amigo‖ Bertin, das anteriores comunicações verdadeiras, por um grosseiro
engano?
Ou de repente, não obstante todo o cuidado do ―espírito guia‖, misturou-se
um espírito mentiroso?
Acrescenta Flournoy:
―A mesa mentiu, sim, tratando-se da realidade material dos fatos. Mas ela
traduziu o pensamento secreto, o desejo latente e obstinado do Sr. Bertin‖.
A adivinhação inconsciente da médium profissional, simples HIE
(Hiperestesia sobre o Inconsciente Excitado), um dos mais fáceis e
freqüentes fenômenos parapsicológicos de conhecimento, explica
perfeitamente os fatos sem esse recurso absurdo de intervenções
cronométricas ou simultâneas de espíritos bons, maus e guias inúteis.
É sabido -embora os ―mestres‖ espíritas prefiram ignorar também isso- que
o inconsciente, e concretamente as faculdades parapsicológicas, é
caprichoso e irregular.
Um dos maiores mestres da psicologia, filosofia e parapsicologia, William
James, já destacava a respeito de Eleonora Piper o motivo psicológico pelo
qual o inconsciente inventou essa briga e a interferência de espíritos:
É para ―explicar de maneira plausível tantas repetições, hesitações,
inconseqüências, frases sem sentido, tantas apalpadelas e sondagens
manifestas e falsas pistas. Daí tanto recurso a poderes inexistentes
(interferências de espíritos inferiores entre os superiores e guias), quando
na realidade é obediência à sugestão‖.
A mesma coisa acontece com as manifestações do inconsciente fora do
ambiente supersticioso do espiritismo, demonologia, ou entre pentecostais,
carismáticos etc.
Ante a riquíssima boneca supersticiosa, o espertalhão médium incorpora o
―espírito de porco‖!
ENTÃO SERIAM SÓ ESPÍRITOS INFERIORES?
É preciso partir do pressuposto de que o espiritismo se fundamenta numa
comunicação pretensamente normal, habitual, freqüente dos espíritos. Não
se poderia falar em espiritismo se houvesse só algumas esporádicas
manifestações de alguns espíritos.
Lourenço Faget, por exemplo, em entrevista oficial aos jornalistas como
presidente do Congresso Internacional de Espiritismo, de Liége, afirma que
um dos pilares fundamentais do espiritismo é ―a possibilidade das
comunicações normais, note-se que digo normais e não acidentais, entre os
mortos e vivos, entre os desencarnados e os encarnados‖.
Ora, em todo e qualquer grupo onde há manifestações espiritóides normais
ou freqüentes, sempre há manifestações atribuídas aos ―espíritos
inferiores‖. Um dos mestres, percursores ou fundadores do espiritismo
moderno, Staiton Moses, num livro que alcançou centenas de edições entre
os espíritas, afirma a respeito das entidades que se manifestam em toda
parte, em todos os centros:
―Muitas dessas entidades são seres maléficos nos seus gostos e impuros nos
seus costumes, que estão reunidos em bandos sob o comando da
inteligência mais maléfica, para causar dano, para obstacular nossa obra‖.
No espiritismo não são os espíritos bons que se manifestam. Também não
são conjuntamente espíritos bons e maus. Restaria que fossem só espíritos
maus, vestidos às vezes com peles de ovelha.
Mas logo caindo-lhes a máscara! Allan Kardec escrevia:
―Quanto aos espíritos que se enfeitam com nomes respeitáveis, eles se
traem logo pela sua linguagem e suas máximas‖.
Os ―mestres‖ do espiritismo anglo-saxão, em geral, concordam com Oliver
Lodge. Nada menos que Oliver Lodge, tão louvado pelos espíritas de todo
o mundo. Lodge afirma que se fundamenta em abundantes revelações
espíritas (?), confirmadas pelas do espírito (?) do seu próprio filho
Raymond. Pois bem, Lodge garante que a vida no além se prolonga
indefinidamente, levando os espíritos a subir sempre mais alto na escada
evolutiva, afastando-se cada vez mais da terra e ficando cada vez mais
difícil a comunicação espírita e mesmo impossível para os espíritos
superiores. Só os espíritos mais grosseiros, mais apegados às misérias desta
Terra no início da purificação é que teriam possibilidade e mesmo
facilidade de se comunicar.
Kardec e os ―mestres‖ do espiritismo latino concordam em que os espíritos
desenvolvidos se afastam da Terra.
Para os ―mestres‖ do espiritismo anglo-saxão, os espíritos inferiores, em
grande número, estão apegados à Terra. Precisamente os espíritos mais
grosseiros são os mais fortes. Se algum ―debilitado‖ e ―purificado‖ espírito
superior pretende imiscuir-se no ambiente da Terra e competir com os
espíritos grosseiros para se comunicar com um vivo, nem luta haveria. Os
espíritos grosseiros venceriam com a máxima facilidade.
E no além haveria total anarquia. Ninguém estabeleceria ordem! Muito
menos na Terra: Uma revista de máximo prestígio entre os espíritas de todo
o mundo ―Le Monde Psychique‖, transcreve a doutrina concordante:
―No mundo dos espíritos, reina a lei do mais forte. É um estado de
anarquia. Se as sessões não são instrutivas, é porque um espírito malvado
não abandona a mesa e deita-se sobre ela, de uma sessão para outra, de
maneira que os espíritos que desejarem entrar em comunicação séria com
os membros do círculo não podem se aproximar‖.
A maioria dos ocultistas, seguindo seu ―grande mestre‖ Papus, modificou a
tradicional definição esotérica de ―elementares‖, terminando quase por
identificá-los com espíritos de mortos.
Pois bem, o que interessa agora, conclui o grande especialista René Guénon
no seu ―L‘erreur spirite‖: segundo os ocultistas e teósofos, os espíritos
―precisamente dos bêbados, dos feiticeiros e dos criminosos, como também
dos falecidos em morte violenta e dos suicidas (…), os de natureza mais
inferior são os que com gosto se manifestam nas sessões espíritas (…) É
mesmo a esses seres inferiores aos quais os teósofos reservam o nome de
‗elementares‘ (…) Haveria que se afastar plenamente das práticas do
espiritismo, e é isso efetivamente o que recomendam os dirigentes do
ocultismo e mormente do teosofismo‖.
E o curioso é que Kardec e os ―mestres‖ espíritas concordam com todas as
premissas: muito numerosos, apegados, mais grosseiros, mais fortes,
anarquia…! Contraditoriamente, porém, negam a conseqüência! Na
realidade, segundo a lógica, seria necessário dar plena razão aos ocultistas:
os espíritos superiores não têm a mínima possibilidade de se comunicar
com os vivos da Terra. Só poderiam os espíritos inferiores. Tanto mais
facilidade e comunicação quanto mais inferiores!
NÃO SÃO OS ESPÍRITOS INFERIORES
Apesar de formado em ambiente do espiritismo durante anos, por fim o
grande estudioso Dr. Alexander, da Universidade de Bruxelas, terminou
por reconhecer:
―Perante a ingente quantidade de tolices e despropósitos que se comunicam
em todos os centros de espiritismo, e considerando a quantidade de cretinos
e imbecis que já morreram no mundo, estar-se-ia inclinado a aceitar a
explicação das ingerências dos espíritos inferiores. Mas, tal explicação não
tem base nenhuma, e para compreender que se trata de ingerências do
próprio inconsciente do médium ou dos assistentes, basta considerar as
grosserias que é capaz de soltar a mais fina madame quando sob os efeitos
de clorofórmio. Todos os cirurgiões dão testemunho disso‖.
Um exemplo… Recentemente um médico foi expulso da Sociedade de
Medicina Italiana e causou escândalo entre o povo desconhecedor do
inconsciente, porque contra a mais elementar ética publicou as horríveis
blasfêmias que durante o delírio prévio à morte escaparam de uma alta
autoridade da Igreja, modelo de piedade e amor a Deus, hoje com causa de
beatificação introduzida. O episódio foi publicado em todo o mundo.
NA REALIDADE É O INCONCIENTE
Como Flournoy demonstrou de modo completamente convincente (para
quem não sofreu lavagem cerebral pela mentalidade espírita), o famoso
caso de Helena Smith, considerado pelos espíritas como o mais
convincente de identificação, nada tem a ver nem com espíritos superiores
nem com interferências de espíritos inferiores…
Tudo foi produto das qualidades, maravilhosas por certo, assim como
também das frustrações e mesmo hetero-sugestões do inconsciente de
Helena.
O mesmo Flournoy recolheu quatro outros casos sensacionais, os melhores
possíveis de ―identificação‖ dos espíritos. A lógica (?) espírita
imediatamente garantiu tratar-se de interferência de ―espíritos
enganadores‖.
Nada disso. O famoso psicólogo e brilhante parapsicólogo da Universidade
de Gênova demonstrou com sistemática análise e verificação de cada
detalhe, que nesses quatro casos como no de Helena Smith e em outros
casos que cita menos detalhadamente, tratava-se de ―comunicações‖ de
pessoas completamente vivas e cheias de saúde!
Nem nos melhores casos segundo os espiritas. Nunca. O máximo que pode
acontecer (pois há muitíssimos outros casos absolutamente vulgares,
fictícios, truques…) é serem ―comunicações‖ e personificações
(prosopopéias) selecionadas de acordo com as tendências afetivas,
evidentemente dos inconscientes dos médiuns.
CONCLUSÃO
Tomá-la-emos de Chico Xavier! Não é das menores contradições dentro do
espiritismo a afirmação psicografada por Chico Xavier, ―papa‖ do
espiritismo do Brasil:
―Na existência terrena vivemos o combate das idéias e das coisas (…) A
morte, todavia, transformação fundamental de todas as coisas é o sopro
ciclópico de realidades absolutas, descortinando ao espírito a perspectiva
imensa da ciência universal (…), a ciência ideal (…) estudando a Verdade
em seus fundamentos intrínsecos‖.
Só a lógica (?) espírita não percebe que esta mensagem acaba com a
reencarnação, com toda a doutrina espírita em bloco…, e concretamente
com as ingerências e mesmo a tal ignorância de espíritos inferiores, que o
próprio espiritismo inventou como escusa.
O picante para o espiritismo é que essa afirmação de Chico Xavier está
plenamente de acordo com a doutrina católica: com a morte termina a
ignorância. E de acordo com a parapsicologia: não se trata de espíritos
superiores e inferiores. Trata-se de manifestações das faculdades dos vivos,
―na existência terrena… no combate das idéias e das coisas‖.
A Lição da Discordância Radical
Espiritismo e Reencarnação
Gênio ou Insensato?
Allan Kardec afirma -e os ―mestres‖ do espiritismo repetem- que o
espiritismo é a doutrina revelada unanimemente em todo o mundo pelos
espíritos superiores. Allan Kardec garante que soube identificar os espíritos
superiores. Ele codificou a doutrina, revelada unicamente por eles.
Com essa revelação ―os tempos marcados pela Providência para uma
manifestação universal chegaram‖. A doutrina dos espíritos não é de
concepção humana. Ela foi ditada pelas próprias inteligências que se
manifestam (…). Milhares de médiuns disseminados por todas as partes do
globo, que jamais se viram (…), dizem a mesma coisa‖.
Os ―mestres‖ do Espiritismo, e os espíritas em geral, nem suspeitam
quantos ―sapos e cobras‖ podem sair de uma cabeça em transe, desligada
da realidade, em estado alterado de consciência, imaginando que é um
morto!
Ou Allan Kardec foi -por mérito próprio ou por inspiração e missão dos
espíritos superiores- a pessoa de maior cultura geral, o maior sábio, o maior
gênio que já passou pela Terra, ou então Kardec e os mestres do espiritismo
como sendo a doutrina unânime, revelada pelos espíritos superiores, e que
substitui todas as outras revelações (pretensas ou reais), são os maiores
insensatos.
Prescindamos dos “detalhes”
Não há nada nem de muito longe parecido com doutrina única, doutrina
unânime, revelação concordante e universal. Nunca acabaria se pretendesse
enumerar as diferenças e contradições em aspectos particulares da suposta
revelação espírita Kardecista.
Muitas contradições apareceram e aparecerão em outros artigos. A
―revelação espírita‖ está em estrita dependência do médium. Igualmente os
médiuns dependem do seu ambiente.
Agora só vamos analisar as grandes linhas, as fundamentais, do espiritismo
universal…
Que “espíritos superiores”?
“O livro dos médiuns”
— Kardec garante que a codificação espírita, além de ditada unicamente
por espíritos superiores, posteriormente, na edição definitiva,‖ os espíritos
a corrigiam, com particular cuidado. Como reviram tudo, aprovando-a, ou
modificando-a à sua vontade, pode-se dizer que ela é, em grande parte,
obra deles, porquanto a intervenção que tiveram não se limitou aos artigos
assinados‖.
A mesma idéia repete-se constantemente em todos os livros de Kardec.
— Da mesma pretensão de que recebia a doutrina unicamente dos espíritos
superiores estava convencido Andrew Jackson Davis, o codificador seguido
pela maioria dos espíritas anglo-saxões. Conan Doyle, na qualidade de
presidente da Federação Internacional de Espiritismo, haverá de qualificá-
lo como o terceiro maior profeta depois de Cristo!
O segundo maior profeta seriam as irmãs Fox. Davis muito por cima de
Kardec…
— Logo depois dos primeiros escritos de Allan Kardec, na própria França,
D‘Orino publica seu ―La génese de l‘ame‖, e na Itália Umberto Natalini
publica o seu ―Gli spiriti e il loro mondo‖.
Os três pretendem haver identificado os espíritos superiores. Suas
doutrinas, porém, divergem plenamente em pontos fundamentais. Não é,
pois, revelação unânime ou não são espíritos superiores. São três
―revelações‖ divergentes e mesmo opostas. Quem dos três é o gênio, quais
dos três, os petulantes?
Depois de Kardec, na própria França, o próprio P.G. Leymarie, que era um
dos discípulos prediletos e mais afeiçoado a Allan Kardec, no prólogo às
―Obras póstumas‖ do próprio Kardec, escrevia:
Mas o espiritismo de Davis é completamente diferente do espiritismo de
Kardec.
— E na época de Davis, quando se iniciava o espiritismo, poucos anos
antes de Kardec, surgiam com também inumeráveis seguidores, inclusive
entre sábios e pessoas cultas, outros mestres espíritas. E todos convictos de
que souberam muito bem identificar os espíritos superiores e só por eles
estarem sendo guiados.
&& Com doutrinas diametralmente diferentes (algumas diferenças
fundamentais veremos logo mais).
Assim J. T. Mahan, de Ohio, é não só simples codificador, mas também o
mais destacado médium! ―Ele deu mostras de uma visão mental
maravilhosa e criou um (novo) sistema científico tanto físico como
intelectual‖, segundo seus discípulos.
— Precisamente quando Kardec se iniciava no espiritismo, os mais
―sublimes espíritos‖ ditavam vários livros, que arrastaram multidões de
norte-americanos, a Charles Linton. Ele era médium psicógrafo, não só
simples codificador. Sua principal obra apresentava-se como ―a salvação
das nações‖.
— ―No Congresso Espírita de 1890, os estudos sucessivos puseram em
relevo questões novas e, de acordo com o ensino preconizado por Kardec,
alguns dos princípios do espiritismo em que o mestre baseava o ensino
deviam pôr-se de acordo com a ciência em geral‖.
&& Conclusão: Desde o início e na atualidade, a diversidade de
―revelações‖ espíritas mostra total anarquia dos ―espíritos superiores‖!
Ainda há, principalmente no Brasil, espíritas que se gabam de ser
seguidores da codificação de Allan Kardec. Mas Kardec já foi abandonado
na França.
Pelo influxo e interesse de Kardec, o espiritismo chegou naquela época a
alcançar um certo número de seguidores na Espanha. Principalmente em
Barcelona, onde houve inclusive o citado Congresso Internacional de
Espiritismo. Mas posteriormente o Kardecismo foi declinando na Espanha
até praticamente desaparecer.
Depois da época de Franco, e aproveitando os ares de liberdade na
Espanha, a escola Científica Basílio, originária da Argentina, esforçou-se
por reanimar o espiritismo, e alcançou registro no ministério do interior.
Essa ―escola‖ é muitíssimo diferente do Kardecismo. A partir do fato de
acreditar que sua doutrina é revelada só e nada menos que pelo espírito de
Jesus Cristo! Todos os demais espíritos que se comunicam nas sessões de
outras denominações espíritas são, para os basílios, incomparavelmente
inferiores, e por isso mesmo devem ser rejeitados…
— Depois o mestre espírita kardecista Rafael González Molina, retornando
do Brasil, fundou em Madri o centro de Estudos e Difusão do espiritismo.
Trata-se de um espiritismo tipicamente brasileiro, mistura de várias
tendências, embora se autodenomine Kardecista. Molina pretende, sem
nenhum êxito, unificar todos os espíritas espanhóis. Como dizia a escritora
María Luisa Morales: ―Se somos duzentos espíritas em Madri, há duzentas
versões de espiritismo‖.
&& Todos convictos de identificar e seguir as revelações dos espíritos
superiores!
— No resto do mundo, e mesmo no Brasil -―Coração do mundo e pátria do
evangelho‖ espírita (!?)-, uma multidão de pessoas seguem muitas outras
―revelações‖ dos ―espíritos superiores‖.
&& Há alguma parte da doutrina que possa ser considerada unânime para
os ―espíritos superiores‖? Entre tantos codificadores, quem é o maior
gênio? (ou o mais insensato petulante?)
Concretizemos algumas línhas mestras:
Religião, culto, clero…
— Allan Kardec, em nome dos ―espíritos superiores‖ nas ―Obras
Póstumas‖, opunha-se que o espiritismo pudesse ser considerado religião.
— A maioria dos espíritas brasileiros, porém, seguindo seus ―espíritos
guias‖ e seus mestres, consideram o espiritismo e a ele aderem como
religião.
— E a mesma divisão há em muitas outras nações.
— Kardec repudiava templos, clero, rituais… Mas em 1919, por exemplo,
já surgia o caodaísmo. O sulvietnamitã Ngo-van-Chien, desde 1902,
durante seus estudos na França, fora seguidor de Kardec. Em numerosas
sessões e com numerosos médiuns, os ―espíritos superiores‖ sob o
comando de Cao-Daí (que significa ―Palácio Supremo‖, e daí o nome de
caodaísmo) estabeleceram toda uma organização de uma religião espírita,
onde o Kardecismo e o budismo se misturam e que pretende unir todas as
regiões.
— Mas adiante, um nobre convertido ao cadaísmo, Le-Van-Trung, foi
eleito papa dessa religião; mas Ngo-van-Chien, seguido as ―revelações‖ do
Supremo Espírito Cao-Daí, foi nomeado papa de um outro ramo dessa
religião.
Victor Hugo é muito considerado pelos espíritas kardecistas, mas ele foi o
primeiro profeta e o primeiro santo canonizado do caodaísmo. Numerosos
mandatários do Vietña do Sul e numerosos bispos do caodaísmo ao longo
dos anos apresentaram-se como reencarnações do grande poeta francês.
Entre eles, o bispo caodaista que oficiou a inauguração da catedral de
Apnomh-Phen, em 22 de maio de 1922, foi apresentado oficialmente -
―revelado‖ pelos ―espíritos superiores‖!- como reencarnação de Victor
Hugo.
Grande número dos bispos caodaístas formaram-se na França. Na França,
na mesma terra onde nasceu o Kardecismo, está muito desenvolvida esta
nova religião.
&& Assim querem e revelam os ―espíritos superiores‖!?
Nem sobre reencarnação (e comunicação!)
Para Allan Kardec, em ―O livro dos espíritos‖ a reencarnação apresenta-se
como um dogma (sic). Fundamental.
&& Pois bem, nem sequer neste ―dogma fundamental‖ a revelação (?) dos
―espíritos superiores‖ tem unanimidade.
É sabido que os espíritos mais cultos, os anglo-saxões (EUA, Irlanda,
Holanda, Alemanha, Inglaterra etc.) -ou os ―espíritos superiores‖ que se
manifestam nesses países!-, tradicionalmente se mostram até ferrenhos
adversários da reencarnação. São chamados davinianos porque Andrew
Jackson Davis é para eles o que é Kardec para muitos dos espíritas latinos.
E mais do que Kardec, porque Davis não só codificou toda a doutrina, mas
também, como ―médium extraordinário‖, a teria recebido diretamente dos
espíritos. E pelos espíritos que ele incorporava teria sido corrigido o que
procedia de outros médiuns. Kardec nunca foi médium. Ainda mais: Davis
teria sido arrebatado repetidas vezes para vasculhar todas as ―moradas
espirituais‖.
&& Embora muito bem recebidos pelos ―entusiastas‖ do espiritismo e
traduzidos em várias línguas, evidentemente os trinta enormes livros de
Davis não são inteiramente lidos pela maioria dos seus seguidores. E para
os não-entusiastas pelo espiritismo, são tremendamente enfadonhos,
absurdos… J. L. Moore compilou o principal.
Davis e seus espíritos superiores, os mais altos de todo o mundo espiritual,
negam rotundamente a reencarnação: ―Há uma corrente de homens em
diversas etapas de progresso (sem reencarnação; progresso no além) (…).
Lembremo-nos de que todos os espíritos e anjos já foram homens, viveram
em organizações físicas como vivemos e faleceram como falecemos, antes
de partirem para seu lar espiritual‖.
Os anjos seriam os espíritos dos homens heróicos na virtude (os santos).
E sem reencarnação, no além, continuam afastando-se cada vez mais da
Terra, diminuindo cada vez mais a possibilidade de comunicação, subindo
cada vez mais evolutivamente até incorporar-se em Deus (absurdo
panteísmo!).
Assim o espírito de Raymond o afirma e o repete freqüentemente a seu pai,
Sir Oliver Lodge, que foi prestigiado mestre do espiritismo anglo-saxão.
Os mais sublimes ―espíritos superiores‖, que na realidade já seriam parte de
Deus (mais do que panteísmo, ateísmo: Deus com partes!!) teriam
comunicado a Davis: ―Estamos nEle e com Ele, como o trono, o galho, os
ramos, as folhas, os botões, as flores e as frutas de uma árvore (…). A
Grande Essência Germinal da Árvore Universal se desenvolve, e forma
(…) conjuntos que perfumam e adornam o Todo Estupendo‖.
— Segundo os kardecistas, todos os espíritos, mesmo os mais antigos,
podem ser evocados, e de fato freqüentemente os mais antigos personagens
da humanidade comunicariam mensagens (apesar da reencarnação;
esqueceram de reencarnar?: pode haver maior desastrosa contradição?).
Para os davinianos, porém, é absolutamente impossível que espíritos de
pessoas que hajam vivido na Terra há muitos anos possam vir para se
comunicar. E muito menos para se reencarnar. Para os anglo-saxões, o
recorde em antigüidade de espírito comunicante haveria sido estabelecido
pelo espírito do capelão de Cromwell, que se haveria comunicado no fim
do século XIX, Completa diferença em ambos os pontos fundamentais.
Em 1961 -para citar um só documento-, reuniram-se membros de 32
federações nacionais num Congresso organizado pela ―International
Spiritualist Federation‖, de Londres. São federações nacionais unicamente
do considerado alto espiritismo. Não se aceitam federações nacionais de
animismo, fetichismo… da África; candomblé, macumba… do Brasil;
vudu e santeria da América central etc… As federações participantes no
Congresso eram exclusivamente da Europa e da América do Sul, onde o
―dogma‖ kardecista é mais difundido. Apesar de tudo, a divergência da
revelação (?) a respeito da reencarnação apareceu manifesta: sete das 32
federações nacionais não consideravam a doutrina da reencarnação como
formando parte da doutrina espírita, e outras três federações votaram em
branco. 90%, ou 28 das 32 federações, consideravam que a reencarnação
tanto poderia ser considerada regra como exceção.
Diferenças entre reencarnacionistas (e nas possessões)
Mesmo os espíritas que professam a doutrina da reencarnação a entendem
muito diferentemente.
Para os kardecistas, a reencarnação é só de espíritos humanos e em corpos
humanos, e é sempre progressiva.
Para o conceito da maioria dos outros espíritas reencarnacionistas, o termo
mais adequado seria metempsicose, pois a série de reencarnações
começaria com o mineral, depois no vegetal, e só por fim continuaria seu
interminável processo no corpo humano. Poderia ser também regressiva. É
por isso que procuram abster-se de comer animais e mesmo plantas,
procurando alimentar-se só com os frutos destas e com leite ou com
animais acidentalmente mortos, para não serem culpáveis de interferências
na lei do carma.
— Segundo Kardec, em ―O livro dos espíritos‖ nenhum espírito diferente
do reencarnado na concepção pode incorporar-se depois no mesmo corpo.
Isto é para os kardecistas (e nisto estão acertados) não existe possessão ou
incorporação.
A maioria dos espíritas anglo-saxões, porém, tradicionalmente seguem uma
revelação (?) diametralmente contrária. Por exemplo, Wickland,
considerado por Conan Doyle (presidente da Federação Espírita
Internacional) como o melhor e mais experimentado conhecedor dos
―Invisíveis‖. Wickland escreve: ―A crença na reencarnação na Terra é falaz
e impede o progresso às mais altas esferas espirituais depois da morte. Foi
freqüentemente declarado pelos espíritos superiores que numerosos casos
de obsessão (não confundir obsessão com incorporação ou possessão) que
vieram pôr-se sob nosso cuidado deveram-se a espíritos que, ansiando por
‗reencarnar‘ em crianças, ficaram presos nas suas auras magnéticas
causando grande sofrimento às vezes às suas vítimas e a si mesmos‖.
Nem sequer sobre a existência de Deus!
(Nem sobre o espírito)
Já no Congresso Internacional do Espiritismo celebrado em Paris em 1889
oficializava-se esta discrepância nas revelações (?) dos ―espíritos
superiores‖.
Havia naquele congresso representantes de Federações Nacionais de
espíritas positivistas e futuristas. Intitulando-se kardecistas, estes espíritas
franceses aceitavam com Kardec a reencarnação, mas afirmando que, em
nome da verdadeira revelação dos espíritos superiores, negavam não só a
Divina Providência -como Kardec, que deixa toda a providência aos
espíritos-, senão também -contra Kardec- a própria existência de Deus.
E por todos eles o Congresso rejeitou que a existência de Deus fizesse parte
da doutrina espírita.
Estavam ali -e há difundidos por todo o mundo- os espíritas panteístas:
todas as criaturas identificam-se com o Criador, tudo é Deus.
&& E portanto para eles não existiria Deus pessoal: rejeitam a existência
de Deus, a revelação divina etc.
Alguns anos mais tarde, em 1926, a Federação Espírita Internacional, em
―fraterno apelo aos irmãos da América Latina‖, influenciados pelo
Catolicismo reinante, pedia que não considerassem Deus como um Ser
Pessoal, Onisciente e Onipotente, porque ―a doutrina espírita deve difundir
o conceito da divindade como princípio abstrato ou termo genérico que
possa convir a todas as formas de conceber a divindade‖.
&& Pior ainda: dentro do espiritismo, dentro dos seguidores de pretensas
revelações de espíritos superiores, além da negação da reencarnação e
mesmo da imortalidade, também cabe aqui o ateísmo. Entre tantos
exemplos, merece destaque por sua difusão e rigor auto-afirmado científico
(?), o espiritismo mais prestigiado na Holanda. Os pesquisadores rodeiam-
se de aparelhagens impressionantes. Fundaram a ―psicologia física‖, são
homens de ciência… Conforme a doutrina deste tipo de alto espiritismo, há
mensagens como as seguintes:
―No mundo dos espíritos (…), em média os espíritos vivem de 100 a 150
anos. A densidade do seu corpo aumenta até a idade de 100 anos; depois a
densidade e a força diminuem e enfim eles se dissolvem, como tudo se
dissolve na natureza (…). Nós (os espíritos dos mortos) estamos
submetidos às leis da pressão do ar; somos matéria (…), não nos
interessamos mais, desvanecemos-nos: tudo o que é matéria está submetido
ás leis da matéria: a matéria se decompõe; nossa vida não dura mais de 150
anos no máximo, quando morremos para sempre‖.
Pode haver espíritos de mortos pouco desenvolvidos que ainda acreditam
em Deus, mas, unanimemente ―os espíritos mais inteligentes protestam
positivamente contra a idéia de Deus‖.
Concordes só na discordância
De nada adiantariam os esforços dos espíritas durante muitos anos, para
encontrar algum denominador comum na doutrina espírita. Sucediam-se os
Congressos Internacionais de Espiritismo, de ―alto espiritismo‖, só dos que
seguem as doutrinas dos ―espíritos superiores‖, só dos espíritas da culta
Europa e dos avançados Estados Unidos, da América Latina só os
kardecistas. Mas não chegaram a nenhuma conclusão. Nenhum ponto
unitário: Barcelona 1888, Paris 1890, Genebra 1913, Liège 1923, Paris
1925, Londres 1929, Barcelona 1934…
&& A única conclusão possível foi que a pretensa revelação unânime dos
espíritos superiores nada tinha de unânime. Eram diversíssimas revelações
(?). Total anarquia. De acordo com o gosto das diversas nações, dos
diversos grupos, até de cada médium…
Não há doutrina espírita nem nos pontos mais importantes. E nunca se
acabaria de relacionar a espantosa diversidade de revelações (?) dos
espíritos superiores, aceitas pelos seguidores do ―alto‖ espiritismo em
temas de menor (?) importância. Trata-se de acúmulo de doutrinas,
diferentes, divergentes, contrárias contraditórias… Não pode haver
codificação, síntese, resumo… da doutrina espírita.
Por outra parte, todos os espíritas invocam e destacam a tarefa dos seus
―controles‖ (terminologia preferida pelos espíritas davinianos) ou dos seus
―espíritos guias‖ (terminologia preferida pelos espíritas kardecistas), que
seriam os mais altos espíritos superiores. Perante tão completa diversidade
em todos os pontos, só caberia concluir que os tais controles ou guias não
valem absolutamente para nada… (ou, indo mais à raiz, nada procede dos
espíritos superiores).
Revelações dos espíritos dos mortos? Várias e incompatíveis
codificações…
E O “BAIXO” ESPIRITISMO?
Qual é o baixo e qual é o alto? Quem estabeleceu a diferença e apresentou
o ―altímetro‖ e demonstrou sua validez para a classificação de ―alto‖ ou
―baixo‖?
Revelações dos espíritos dos mortos? Várias e incompatíveis
codificações…
Antes, fora e depois dos dois grupos mais conhecidos de espiritismo:
kardecista e daviniano (anglo-saxão), que se consideram alto espiritismo,
houve e há outros tipos de espiritismo.
Na Argentina, o espiritismo mais alto é representado pela Escola Científica
Basílio com muito mais seguidores naquele pais do que o kardecismo, ao
qual desprezam plenamente. Outros grupos espíritas são o Constanza e os
Trincadistas (seguidores de Joaquim Trincado). Acham-se mais altos que
os basílios e muito mais altos que os kardecistas, considerados antiquados.
Etc.
O chamado Baixo Espiritismo. Especialmente todos os tipos de espiritismo
procedentes da África, com origem antiquíssima, estão re-ligados (re-
ligião) a algum tipo de divindade. É o primitivo animismo que considerava
animadas as forças da natureza. Essas almas das forças e de todos os seres
da natureza, diferentes do homem, foram divinizadas por parecerem
superiores a ele.
Primitiva, falsa, mas religião.
No Mundo Greco-Romano. Parecia que a cultura já tinha deslocado a
superstição que via deuses em todas as coisas.
Mas, não obstante, os grandes elementos da natureza continuavam a ser
considerados como dotados de alma. Melhor: eram considerados deuses.
Por exemplo o Sol e os planetas e satélites: Mercúrio, Marte, Vênus, a Lua,
todos eram deuses cujo chefe supremo, ou pai de todos os deuses, era
Júpiter. E a Terra, os ventos, e o mar (Netuno), também eram deuses. Junto
aos grandes deuses do Olimpo, havia também culto e consultas aos deuses
familiares: Penates ou Lares.
&& Também entre os clássicos junto a este verdadeiramente ―alto‖
espiritismo misturou-se o verdadeiramente ―baixo‖ espiritismo ou
ocultismo, ou magia, de evocação e manifestações de seres inferiores.
Paralela, escassa, mas havia. Principalmente cerimônias para espantar os
elementais – logo falarei deles-: terrificantes ou lêmures, e estúpidos ou
larvas.
A religião, a literatura, a vida, e mesmo o governo contavam com a
intervenção e consulta aos numerosíssimos deuses. O panteão greco-
romano é bem conhecido. Havia deuses em tudo e para tudo. Dos seus
templos, dos seus oráculos, dos livros sibilinos ―inspirados‖ por seus
deuses, os gregos e romanos recebiam a doutrina, os conselhos, o
prenúncio do futuro.
&& Grécia e Roma! As duas civilizações que mais maravilharam e
influenciaram a história humana (por isso se fala em ―clássicos‖ e cultura
humanística‖).
Mitologia e erro na interpretação da natureza. Erro também na
interpretação dos fenômenos parapsicológicos. Mas, por outro lado, a
religião pagã era um maravilhoso monumento levantado pelo homem.
Religião abraçada pelas pessoas mais sábias e oficiada pelos sacerdotes
mais dignos, apesar das falhas inevitáveis no homem.
Mas enormemente mais alto que todos os diversos ramos do ―alto‖
espiritismo moderno.
— As divindades subalternas ou divindades da natureza foram chamadas
na antiga cultura grega daimones, demônios. Por exemplo, Platão fala das
intervenções dos daímones bons (agato-daímones, que correspondem aos
orixás) e dos daímones malignos ou ao menos que fazem ou causam males
(caco-daímones, que correspondem aos exús).
Toda a escola neoplatônica de Alexandria dos primeiros séculos depois de
Cristo praticava a comunicação com estas divindades subalternas. (Era uma
espécie de candomblé, puro e primitivo).
Por pretender estar em comunicação com divindades, pensadores e
filósofos de categoria como Plotino, Porfírio, Jâmblico, Proclo, Eunápio
etc., foram considerados místicos – e grandes místicos.
Depois a cultura judaica tardia e cristã identificaria os daimones ou
demônios com anjos rebeldes. E os espíritas kardecistas -e outros ramos de
espiritismo- aviltaram-nos mais ainda: identificam-nos com espíritos de
mortos maus. Os daimones (= divindades) foram se degradando cada vez
mais na cabeça dos homens.
Portanto, o chamado baixo espiritismo deveria na realidade considerar-se
imensamente superior ao chamado alto.
— Mesmo os grupos de alto espiritismo que não negam a existência de
Deus (Deus pessoal), na prática são ateus porque prescindem
completamente dEle. Tudo, no mal chamado alto espiritismo, rodopia ao
redor dos espíritos dos mortos: acreditam receber a doutrina dos espíritos
dos mortos, não de Deus; aos espíritos dos mortos dão seu culto, não a
Deus; os espíritos são os guias e não há Divina Providência; mesmo o Juiz
Supremo não seria Deus, mas o carma ao que o próprio Deus teria de
obedecer.
Ateísmo prático, quando não também teórico.
Não é religião: relação criatura-Criador.
É verdade que nem por isso o candomblé, a umbanda e demais cultos afro-
brasileiros deixam de cair no ateísmo prático, quase tão plenamente quanto
o kardecismo ou outros tipos do mal chamado alto espiritismo, porque na
realidade não rendem culto e em tudo prescindem do Deus Supremo. Por
isso mesmo também, quase tão plenamente quanto o alto espiritismo, o
chamado baixo espiritismo também não tem pleno direito a ser considerado
religião.
Amálgama, mistura
No Brasil, o espiritismo de origem africana conservar-se-ia mais puro no
candomblé.
Mas hoje os orixás do candomblé no Brasil foram degenerados, rebaixados
ao rol ―espíritos‖ superiores de mortos, como no ―alto‖ espiritismo.
Contaminaram-se e misturaram-se também com espíritos inferiores de
pessoas falecidas.
Por exemplo, uma famosa ―mãe-de-santo‖ do candomblé da Bahia, D.
Georgina Aragão dos Santos Franco, assim se expressa:
―Como ‗ebami‘ (os últimos sete anos da iniciação para mãe-de-santo)
montei meu altar em casa com as imagens, as flores e o retrato do índio
Jupiara (o candomblé em aberto sincretismo com o espiritismo ameríndio),
que é ‗caboclo‘. O candomblé no Brasil não aceitava os ‗caboclos‘ de jeito
nenhum (…), mas um dia na Bahia, há muitos anos, houve uma porção de
‗iaôs‘ (os três primeiros anos de iniciação) (…) e os ‗caboclos‘ invadiram
(…) e pegaram as ‗iaôs‘ do candomblé. As mães-de-santo ficaram
apavoradas e daí em diante tiveram de deixar os ‗caboclos‘ se
manifestarem (…).
―Então eu era uma espécie de ‗faz-tudo': Recebia ‗caboclo‘, sabia os
trabalhos de ‗umbanda‘ e recebia ‗pretos-velhos'; mas também fazia
‗sacrifícios‘ aos orixás no candomblé. Além disso recebi poderes para ser
cartomante‖.
Nessa mistura, como falar de ―espíritos superiores‖ e sua doutrina?
Mais mistura, sincretismo
Na umbanda (macumba, quimbanda etc.), tipicamente brasileira, e no vudú
e santeria (da América Central) não há nem doutrina nem ritual fixo.
Que espíritos são os que se comunicariam?
Segundo alguns ―mestres‖ ou alguns centros, terreiros ou tendas, ―as
entidades que baixam não são espíritos de mortos, jamais foram encarnados
e não o serão jamais, são os espíritos da natureza‖ (orixás e exus); ―outros
sustentam que os espíritos que se incorporam nos médiuns são de
(falecidos) pretos-velhos e índios (caboclos) que querem ajudar seus
descendentes nos caminhos da Terra‖.
Os orixás do candomblé seriam os mesmos espíritos chamados pretos-
velhos e caboclos na umbanda, santos no catolicismo e espíritos superiores
no ―alto‖ espiritismo. Todos seriam os mesmos espíritos!
&& É sabido que em toda a América Latina os escravos negros
procedentes da África disfarçaram seus deuses sob o nome de santos
católicos. Os ―mestres‖ do ―baixo‖ espiritismo – ou as divindades e
espíritos comunicantes!- puderam explicar (?) o sincretismo servindo-se da
absurda crença na reencarnação:
Um ―obá‖ (médium de Xangô) na Bahia, e um ―babalorixá‖ (chefe de
terreiro) de Recife ―explicavam‖ assim o sincretismo: na África e entre os
primeiros escravos vindos ao Brasil, só havia orixás. Mas eles, antes de
ascenderem por numerosas reencarnações à categoria de deuses, foram os
reis e príncipes que viveram na África. Aconteceu também, que após seu
reinado na África como negros, reencarnaram-se como brancos na Europa
na Idade Média e foram canonizados pela Igreja Católica. ―Eis por que
dissemos que Xangô é S. Jerônimo, que Oxóssi é S. Jorge, e Iemanjá é
Nossa Senhora do Rosário (em outros tipos de Candomblé a
correspondência de orixás e santos é diferente). Isso quer dizer que o
espírito do orixá e do santo são um só e mesmo espírito, aparecido diversas
vezes na Terra através dos ciclos das reencarnações‖.
&& A cronologia de orixás, reis, santos e de novo orixás é totalmente
incompatível, mas como frisa o grande antropólogo e historiador Roger
Bastide, no espiritismo africano e afro-brasileiro -como em todo tipo de
espiritismo, acrescento eu- a lógica não tem importância!
Importante é frisar que se o ―baixo‖ espiritismo desceu do Olimpo das
divindades ao baixo nível dos espíritos superiores do ―alto‖ espiritismo, as
doutrinas porém, do alto e do baixo espiritismo originariamente nada
tinham em comum. Apesar de que tudo teria sido revelado pelos mesmos
espíritos superiores dos mortos!
Não se trata, portanto, de revelações de espíritos superiores (nem
inferiores), mas de reflexos dos diversos ambientes… E, por isso mesmo,
hoje e cada dia mais há sincretismo e concordância entre o baixo e o alto
espiritismo…
Reis e Anjos. Tenho de começar pelo mais sensacional centro espírita,
segundo os ―grandes mestres‖ no início do espiritismo anglo-saxão
(daviniano) e também segundo ―grandes mestres‖ do espiritismo
kardecista:
Segundo os próprios espíritos superiores, que haveriam vindo na missão do
lançamento mundial do espiritismo, para convencer a todos os céticos, da
sobrevivência e da comunicação dos espíritos.
Foi na primeira década do espiritismo, pouco depois dos fenômenos das
fundadoras, as irmãs Fox. Falanges de ―espíritos‖ inferiores foram reunidas
pelos espíritos ―superiores para realizar os fenômenos, dado -afirmavam -
que eles não podiam agir por si próprios nem aceitariam rebaixar-se a
ministério tão vulgar.
Naquele centro houve todos os tipos de fenômenos. E em grau muito
notável. O médium, Jonatham Koons, foi considerado por muitos espíritas,
e unanimemente por todos os espíritos superiores de todos os centros a que
foi chamado, o melhor médium de sua época. O seu filho mais velho,
Nahun, era também um grande médium. E em plano mais modesto,
também os outros sete filhos. Aí surgiu o grande invento e sensacional
novidade de estabelecer os controles ou espíritos guias.
Pela segunda vez na história do espiritismo houve escrita direta
(pneumografia), e muito freqüente. Pela primeira vez, voz direta
(psicofonia) freqüente e potentíssima. Deu-se a primeira ocorrência
concretamente de mãos isoladas (ecto-colo-plasmia) visíveis para todos e
que se desvaneciam em vapor para libertar-se do toque de certos
observadores.
Em 165 espíritos superiores que comandariam com absoluto domínio a
ação dos inumeráveis espíritos inferiores, esses espíritos superiores eram
todos reis. Eram designados apenas pelo nome genérico de King (rei).
Afirmavam ser anjos na tradição judeu-cristã!.
(Não sem alguma contradição), também o chefe dos ―espíritos‖ inferiores
era conhecido pelo nome de John King. Teria sido um corsário inglês, de
sobrenome Morgan, no tempo de Charles II. Teria sido o pai de Katie King
(da que falo ao tratar da transfiguração, e que voltaremos a encontrar em
vários artigos). E… todos os espíritos superiores eram pré-adamitas!
Haviam vivido na Terra milhares de anos antes da nossa espécie.
Com referência à doutrina revelada por tão altos espíritos superiores, o
―grande mestre‖ espírita Ernesto Bozzano -secundado por todos os
―grandes mestres‖ do alto espiritismo- afirma entusiasmado: ―Examinando
esses ensinamentos dos espíritos, ditados no decurso de 1852 a 1856, é
curioso observar que a pesquisa moderna não conseguiu ultrapassá-los e ir
mais longe. Nada de melhor foi obtido e se mantêm idênticas conclusões
quanto à explicação dos perturbadores enigmas próprios à investigação
psíquica‖ (parapsicologia).
&& Não é aqui o momento de analisar pormenorizadamente as
contradições. Mas é preciso destacar que precisamente com referência aos
―ensinamentos dos espíritos‖ a doutrina revelada por estes ―reis‖ e ―anjos‖
da mais alta corte celeste está na mais completa oposição à doutrina
kardecista? Não só eles teriam esquecido durante milhões de anos de
reencarnar, nem só John King (Morgan) teria durante séculos também
esquecido de reencarnar, senão que em toda a interminável e monótona
revelação não teriam pronunciado uma só palavra a favor da reencarnação,
tema que no kardecismo constitui o ponto alto e fundamental para a
―explicação dos perturbadores enigmas próprios à investigação psíquica‖.
Da pretensão kardecista de unanimidade universal, nada!
Também não se pode preterir aqui o fato de que o melhor médium, além
dos 165 espíritos superiores, reis ou anjos, com suas falanges de
espíritos…, fracassaram completamente na missão de convencer todos os
céticos e unificar todas as religiões sob o estandarte do espiritismo (que não
é religião!). Quanta megalomania: pura loucura.
Koons não convenceu nem sequer à maioria dos seus vizinhos, que
acabaram revoltados contra ele: povo, jornalistas, incultos, sábios e Justiça.
Muito superior a Kardec. Muito antes das irmãs Fox, muito antes de
Kardec, um século antes, Emmanuel Swedenborg (nascido de família
luterana em Estocolmo, Suécia, em 1688) fundava a Igreja
Swedenborguiana, ou A Nova Igreja, ou Igreja de Nova Jerusalém. Doutor
pela Universidade de Upsala, percorreu quase toda a faixa das ciências da
época, e era a maior autoridade sueca em mineralogia e geologia. Era
matemático destacado, foi o primeiro a propor a hipótese nebular,
antecipou-se a Einstein nas teorias de energia… Foi chamado o Aristóteles
sueco e comparam-no também com Leonardo da Vinci. Esse cultíssimo
pensador muito influenciou figuras díspares como Honoré de Balzac, Ralph
Waldo Emerson, Abraham Lincoln etc., e convenceu plenamente a
extraordinária mulher que foi Hellen Keller. Ainda hoje tem milhões de
seguidores especialmente nos Estados Unidos da América. O poeta Edwin
Narkhan afirmou: ―Não há dúvidas de que Swedenborg foi uma das
maiores inteligências que houve no planeta‖.
Mas…, também os sábios podem ficar e desenvolver loucura…
Em 28 anos de mediunidade, Swedenborg dialogava com espíritos de
pessoas que conhecera em vida e com os espíritos de grande número de
personagens históricos. Em viagens espirituais foram-lhe mostrados alguns
dos planos superiores, inclusive planos do mundo espiritual reservados aos
espíritos mais elevados e sublimes, plano ao qual contadíssimos espíritos
chegam.
Sua doutrina? Frisarei somente o aspecto principal: com referência à
sobrevivência.
Cada homem é uma criação nova e individual de Deus. O homem vive uma
só vez na Terra. Depois de deixar o corpo físico por causa da morte na
Terra, nunca mais terá outro corpo, que para nada lhe serviria. Como
espírito e pelos próprios esforços vai avançando pelos planos espirituais da
existência, aperfeiçoando-se, sempre em frente e para cima, durante
muitíssimo tempo. Até alcançar um estado de perfeição que o torna digno
de apresentar-se diante de Deus.
Tudo falso: o espírito, como tal, não pode evoluir. Não há tempo na
eternidade. E não existe espírito humano sem corpo: ressurreição… A
doutrina de Swedenborg consiste em meros devaneios de um inconsciente
profundamente religioso e de privilegiada inteligência. Grande sábio em
coisas observáveis da nossa terra, mas a respeito da doutrina sobrenatural,
inobservável, não basta a inteligência e boa vontade, só Deus revela a
Doutrina e Ele assina com os autênticos milagres (subrenaturais ou, em
parapsicologia, Supra-Normais – SN).
Mas baste aqui frisar esses conceitos diametralmente opostos e diversos
dos devaneios kardecistas de reencarnação. Onde fica a unanimidade e
universalidade na doutrina dos espíritos superiores?
Mais Lições da “Discordância Radical”
Espiritismo e Reencarnação
Teosofismo…
Helena Petrovna Blavatski (ou HPB, sigla da fundadora e guia do
teosofismo) afirmava, entre outras versões e intencionais mentiras!, que
recebera a ―doutrina secreta‖ por psicografia ditada por dois mahatmas,
mestres tibetanos já falecidos.
Os elementares, fadas, gnomos… regeriam a natureza. Miniatura
de 36mm.
Neste ponto da pretensa revelação pelos mais altos espíritos dos mortos,
teosofismo e espiritismo coincidem.
O teosofismo apresenta-se como a ―verdade absoluta‖, pretende estabelecer
―a pedra angular das futuras religiões da humanidade‖.
&& Religião (de religare ) é a relação criatura-Criador. Como o
Teosofismo poderia ser religião se nega a existência pessoal de Deus?!. São
panteístas e portanto, ateus.
Pela convicção e pelo ateísmo prático, o teosofismo se identifica com
diversos tipos de espiritismo.
— E como o espiritismo, o teosofismo está seguro de ser, através de HPB,
o único caminho reto de revelação mediúnica dos espíritos superiores, ―elo
puro e abençoado entre os seres do Alto e os da Terra‖.
A doutrina ―revelada‖ (?) pelos mahatmas é completamente diferente da
doutrina do espiritismo. Os teósofos desprezam os espíritas de todo tipo
considerando que eles são miseravelmente enganados pelos ―elementares‖,
seres inferiores, do plano astral que nem espíritos são.
… e tantos outros
Repetir-me-ia monotonamente se apresentasse singularmente outras seitas
espíritas como os rosa-cruzes, os cabalistas, os san-martinistas, os
neognósticos, os albigos, os ―verdadeiros valentinistas‖, etc, etc., etc.
Já no ―Congresso Internacional do Espiritismo‖ de Paris em 1889, fizeram-
se presentes os representantes dessas seitas do alto espiritismo. Em todas e
cada uma delas a mesma certeza de serem os únicos que recebem de
primeira mão a revelação do alto mundo espiritual. E não obstante, estes
espíritos não só pela doutrina, mas também pela origem e características,
são completamente diferentes dos mahatmas, dos pré-adamitas, dos
caboclos e pretos-velhos, dos exus e orixás, e completamente diferentes das
entidades que se comunicariam aos kardecistas e a tantos outros ramos do
alto espiritismo.
Também no citado Congresso Internacional de Espiritismo participaram
legitimamente, pois haveriam recebido a doutrina dos espíritos superiores,
e com eles estariam em comunicação, numerosos outros espiritismos,
ramos desmembrados do ocultismo, da cabala, do martinismo, dos rosa-
cruzes, do teosofismo, do faquirismo, e outros vários nomes do alto
espiritismo com conotações e influência oriental.
Pois bem, os ―espíritos superiores‖ orientais não concordam com os
ocidentais.
— Segundo os espíritas de influência budista -e segundo o budismo
milenar -, os ―espíritos‖ dos mortos nenhum ou muito pouco tempo teriam
para comunicar-se com os vivos. Porque a reencarnação seria ou
imediatamente, no instante da morte, ou no máximo após 49 dias, tempo
em que os ―espíritos‖ estariam num estado intermediário (bardo).
Acontece, porém, que o bardo pouco ou nada poderia revelar de sensato,
precisamente porque no bardo os ―espíritos‖ dos mortos, muito
desorientados, não teriam possibilidade de entender coisa alguma…
Ou reencarnação imediata, ou bardo. E há muitos espíritas por todo o
mundo com essas teorias! Como poderiam receber a doutrina dos
―espíritos‖? Como poderiam receber essa mesma crença nesse ―além‖? Só
a total falta de lógica de todos os tipos do fanatismo espírita não os impede
de ser espíritas!
— Os espíritas do Japão acreditam desde tempos imemoriais que seus
antepassados, espíritos familiares, geralmente considerados como ―espíritos
superiores‖ e bons, só vêm à Terra uma vez por ano, para rever seus lares.
Precisamente na noite do 13º dia do 7º mês do antigo calendário.
&& Mesmo que só fosse por essa doutrina, o alto espiritismo do Japão já
seria completa refutação das pretensas freqüentes revelações de tantos
outros ramos do espiritismo.
“Espíritos Superiores” católicos?
– Cinco anos após os acontecimentos com as irmãs Fox, no primeiro livro
de destaque publicado pelos espíritas (Lights and Sound‖, de Henry Spicer,
Londres), o teor geral das manifestações dos espíritos na Inglaterra e EUA
era simpático ao catolicismo.
Á pergunta ―qual é a verdadeira religião?‖, a resposta mais freqüente dos
―espíritos superiores‖ era do tipo: ―Nenhuma é perfeita, mas a Igreja
Católica é a mais próxima à realidade‖.
— Stainton Moses, o grande líder nos princípios do espiritismo, declarou
que seu ―espírito guia‖ principal era nada menos que o do profeta
Malaquias, que o foi orientando para a Igreja Católica:
―Durante essa fase de tua crença religiosa nós tínhamos dirigido teus
estudos para a história daquela falange de pessoas que creram em Cristo
(Messias, Deus…). Leste seus livros, vieste ao conhecimento do seu Credo,
aprendeste deles muito do que é verdade real (…). Um raio de luz iluminou
tua alma quando começaste a acreditar que um católico pode salvar-se e
que Deus pode considerar com benevolência as orações dirigidas à Virgem
(…) Percebeste a existência da intercessão dos santos e conheces a força da
oração‖.
— Seguidores de muitos tipos de espiritismo se autodenominam ―os
verdadeiros cristãos‖. Allan Kardec – ou os seus ―espíritos superiores‖! –
escreveu ―O Evangelho segundo o Espiritismo‖ como sendo a verdadeira
doutrina cristã revelada!
Se os espíritas são os verdadeiros cristãos, então as Igrejas universalmente
denominadas cristãs -católica e protestantes- não seriam verdadeiramente
cristãs…
O certo, em todo caso, é que o espiritismo e o cristianismo são
completamente diferentes, qualquer semelhança ou coincidência em algum
pequeno ponto é mera exceção.
O cristianismo é doutrina diretamente ensinada em vida por Jesus de
Nazaré e transmitida também em vida por seus apóstolos. Jesus e seus
apóstolos, com os milagres, provaram que Jesus era o Cristo prometido por
Deus no Antigo Testamento. Os milagres confirmaram a revelação bíblica
como de Deus.
O cristianismo em nada se baseia nas ―revelações‖ dos espíritos.
―Se alguém, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anunciar um
Evangelho diferente do que vos anunciamos, seja anátema‖, escrevia S.
Paulo (Gl 1,6).
— Acontece, porém, que com muitos médiuns espíritas, os ―espíritos
superiores‖ revelam (?) temas em plena consonância com a doutrina cristã,
completamente incompatíveis com a doutrina do espiritismo, alto e baixo.
Tratar-se-ia de espíritos ainda mais altos, superiores aos do alto espiritismo,
superiores aos mahatmas do teosofismo e até superiores aos orixás e outras
divindades dos diversos tipos de espiritismo? Não. Simplesmente é prova
manifesta de que tudo depende do inconsciente dos médiuns, do
ambiente…
— Baste citar aqui, entre muitíssimos exemplos, uma quadrinha
psicografada por Chico Xavier:
Acha ele -e acham os espíritas- que é o espírito do falecido poeta popular
brasileiro Antônio Nobre (o ―Anto‖) que lhe dirige a mão na psicografia
destes versos dedicados aos velhos abandonados:
―Ó figuras de velhinhos que andais dormitando ao léu!
Como são belos os linhos
Que vos esperam no Céu!‖
Nesses quatro versos, destila-se ampla contradição fundamental com a
doutrina espírita. Grande médium, grande poeta. Espíritos superiores. Se,
porém, o sofrimento fosse castigo de vidas anteriores, os velhinhos
abandonados não estariam muito desenvolvidos espiritualmente. Nem o
próprio Chico Xavier, pois além de doente, levou desde a infância uma
vida de sofrimentos. Nem o poeta do além seria espírito superior. Esperar-
lhes-iam ainda muitas outras reencarnações, mas, não obstante, fala-se aqui
de um nascer venturoso no além, sem pesado carma. Fala-se expressamente
do céu.
A lógica (?) espírita deve optar entre a doutrina católica, que haveriia sido
revelada aqui do além ao grande médium Chico Xavier, ou renegar da
doutrina espírita…
Adorando o orixá da cachoeira.
“Espíritos” de coisas!
Aludi no artigo anterior ao que deveria ser -se não tivesse decaído -o puro
espiritismo afro-brasileiro e o candomblé ortodoxo do Brasil.
Adorando o orixá da cachoeira.
Os espíritos comunicantes ―jamais foram encarnados e não o serão jamais‖.
Assim se pensava no início do espiritismo africano. Todas as coisas estão
animadas, tudo tem alma. O espírito do trovão, do rio, do mar… O mesmo
com as plantas. O mesmo com os animais. E as almas de todos os animais,
vegetais e coisas eram pequenos (?!) deuses. Bons e maus. Orixás e exus.
Ao longo dos séculos os exus e orixás, os daímones e outras divindades do
animismo primitivo foram cedendo passo à ciência e se transformando. As
divindades subalternas que animavam todos os elementos da natureza
experimentaram o duplo movimento de vaivém.
1º) O avanço da ciência suprimiu essas divindades das forças naturais.
E a ―alta magia‖ aceitou esse progresso, começando a falar de elementais
ou ―espíritos dos elementos‖.
A antiga e ―alta magia‖ dividia os elementais em quatro categorias:
salamandras ou espíritos do fogo, silfos ou espíritos do ar, ondinas ou
espíritos da água, gnomos ou espíritos da terra.
Pela palavra espíritos designavam algo sutil, invisível e de existência
temporária; nada, absolutamente nada tendo de igual ou parecido com os
espíritos dos mortos; nada, absolutamente nada tendo de espiritual. Só o
nome.
2º) Aconteceu, porém, que os praticantes da magia e do ocultismo, assim
como o povo, sem entender as teorias dos ―mestres‖ voltaram a
personificar os elementais. Não os converteram de novo em daímones ou
orixás…, mas deram-lhes personalidade humana.
Esse antropomorfismo exotérico (externo) é completa deturpação dos
conceitos esotéricos (internos ou ocultos). A maioria dos modernos
teósofos, ocultistas, rosa-cruzes etc. cai nessa deturpação.
Os antigos magos hebreus também não evocavam os espíritos dos mortos,
contra o que erradamente afirmam os ―mestres‖ do espiritismo. Os magos
hebreus evocavam Ob, que nada tem a ver com o espírito racional -
neshamah-, nem com a alma (o que anima) sensitiva -ruah-, nem com a
vegetativa -nephesh-.
O Ob dos hebreus designava praticamente a mesma coisa que a magia
greco-romana chamava Manes. Os Manes também nada, absolutamente
nada tinham a ver com os espíritos dos mortos, contra o que também
erradamente entenderam os ―mestres‖ do espiritismo.
Ob, Manes (e tantos outros nomes) não designam seres espirituais.
Eqüivalem quase plenamente -prescindindo de detalhes em civilizações tão
diferentes- ao conceito de elementais, conceito muito comum a muitas
civilizações quando a reflexão no primeiro movimento do vaivém reagiu
contra o animismo primitivo.
O conceito de elementais também nada tem a ver com os monumentais
erros de perispírito, corpo astral, duplo etérico etc. considerados absurda e
contraditoriamente envoltórios (?!) do espírito.
Bastem agora estas idéias gerais.
Esta mentalidade ignorante e primitiva, tendo degenerado mais ainda,
prolifera em sincretismo com o espiritismo. Muitos povos ao longo da
história, como ainda hoje povos ―primitivos‖ (não só na África e no
espiritismo latino-americano de origem africana…) conservam essa
mentalidade.
— Assim por exemplo, Maye se surpreendeu ao descobrir no moderno
vudu haitiano que evocavam, além de mortos e deuses, os espíritos da
locomotiva da localidade!
— Entre os antigos Incas do Peru -e a doutrina se conserva- havia
sacerdotes e virgens consagrados aos grandes deuses Sol, Lua, Estrelas….,
e também os chamados Hecleloc, que incorporavam os deuses secundários
e maus para fazer curas e adivinhações.
— Na Patagônia, os epitéticos sempre foram considerados iguais aos
sacerdotes e sacerdotisas em transe compulsivo, incorporados por
divindades maléficas. Assim pretendem fazer curam e adivinhações.
— A mesma coisa entre os índios carajás do Brasil.
– Os batas, de Guiné espanhola, escolhiam seus sacerdotes -adivinhos,
curandeiros- entre os loucos e seus filhos, respeitavam seus oráculos como
de origem em diversas divindades.
— Igualmente, os habitantes de Nias, ilha da Indonésia.
— Para Kardec (no máximo do simplismo ou plena idiotice), todos esses
deuses e espíritos são espíritos perversos de mortos. Seus oráculos, curas,
adivinhações etc. são puros enganos mal-intencionados. Seus sacerdotes e
sacerdotisas são médiuns de baixo calão.
O espírito dos animais! Tradicionalmente, desde épocas imemoriais até
nossos dias, o povo chinês acredita que quando alguém, por crueldade ou
libertinagem, mata um animal, o espírito (!?) da vítima incorpora-se ao
agressor até a completa expiação da culpa. Dessa mentalidade surgiram
práticas de desobsessão, doutrinamento, evocação dos espíritos dos animais
mortos.
―Um homem e sua esposa, em Vang-Tcheu, tinham uma gata favorita, e
esta gata deu à luz três gatinhos. Como a maioria de outros animais
domésticos, esta família de felinos tinha suas tendências á rapina
(gatunos!), e estava constantemente roubando diversos petiscos que uma
jovem empregada reservava para si. No fim, a jovem ficou tão exasperada
que matou gata e gatinhos, um após outros, em diferentes oportunidades‖.
―Em pouco tempo a moça foi afetada por violenta doença, miando e
arranhando como um gato e apresentando todos os sintomas da raiva. Seus
patrões, suspeitando a verdadeira (?!) causa dos ataques da jovem,
exorcizaram a gata mãe, inquirindo por que tinha assombrado o corpo da
jovem. A gata (?!), falando pela boca da jovem, relatou então os maus-
tratos que recebera e contou o modo como foram mortos seus filhotes. Um
afogado, outro despedaçado por um cachorro e o terceiro queimado vivo.
Tudo isso foi dito pela própria jovem (é claro!), procedendo como uma
gata, e depois caiu em convulsões aos pés da patroa‖ (prosopopéia e
histeria).
Interrogada sobre este caso, respondeu outra revista especializada em
assuntos da China: ―Os chineses acreditam firmemente em histórias como a
referida‖.
— Camille Flammarion (colaborador de Allan Kardec) deixa transparecer
toda essa mentalidade supersticiosa e profundamente ignorante de acreditar
nos espíritos das coisas e dos animais, subjacente a tantos tipos de
espiritismo. Pretendendo explicar as ―casas mal-assombradas‖, escreve:
―Este primeiro conspecto nos patenteou uns tantos exemplos variados,
extravagantes, inexplicáveis, pueris, de uma banalidade algo irritante (…).
Que significação poderemos atribuir a esses efeitos incompreensíveis, cuja
banalidade nos revolta? Eles revelam atos intencionais, idéias confusas,
próprias de uma mentalidade inferior‖.
Em vez de assim detectar os fundos primitivos do inconsciente humano,
responsável pelas chamadas ―incorporações‖ (?!), sugere meio
envergonhadamente:
―Neste nosso planeta não há exemplos de pensamentos sem cérebro. E no
entanto, certos efeitos do raio deparam-se tão singulares que deixam a
impressão de ocultos propósitos‖.
E em vez de detectar a sabedoria do Criador, de novo sugere o espírito das
coisas e dos animais: ―Por outro lado, as leis que regem o sistema
planetário não derivam de um cérebro (…). Que é o instinto da galinha, que
choca os ovos durante vinte dias para gerar os pintinhos?‖ E até o afirma
despudoradamente: ―Há espírito na natureza‖.
Tal e tão extremo golpe à unanimidade da revelação espírita, desferido pelo
sucessor de Allan Kardec na presidência do espiritismo internacional…
Até as plantas teriam espíritos humanos e ―espíritos‖ de animais! Duas
orquídeas.
Nem anjos nem demônios. Dediquei um amplo livro, ―Antes que os
demônios voltem‖, a pôr luz nas dicussões teológicas e cientificas, que
sempre houve, esparsas, e hoje são mais generalizadas. Aqui bastem estas
idéias gerais: Os anjos de que se fala na Bíblia são simplesmente um modo
respeitoso de se referir a Deus. Mas esta ―suplência‖ ou artifício de
linguagem não exclui -antes supõe -a existência de anjos.
Existem anjos rebeldes ou diabos? Apesar de o tema não ser propriamente
bíblico ou parte da Revelação Divina, é uma verdade geralmente admitida
por outros argumentos filosófico-teológicos. Há criaturas espirituais,
unicamente espirituais, anjos. Se livres, alguns viriam a ser diabos (depois,
erradamente, confundidos com demônios etc.).
Aceita-se a possibilidade de que milhares de místicos católicos, que ao
longo dos séculos acreditaram estar em íntima comunicação com os anjos
da guarda, projetassem e dramatizassem assim simplesmente seus
sentimentos de união com Deus.
Citam-se milagres, falsos ou verdadeiros, dos anjos: seriam, nos falsos
milagres, erros de interpretação de fenômenos parapsicológicos humanos; e
nos verdadeiros, milagres de Deus.
Allan Kardec acreditando fundamentar-se nos ―espíritos superiores‖ dos
mortos, liquida a discussão: de Deus até o homem só existem espíritos de
mortos.
Nisso os davinianos concordam com os Kardecistas. Escrevia Andrew
Jackson Davis: ―Há uma corrente que se estende do homem à Divindade. E
uma corrente do homem em diversas etapas de progresso (…). Lembremo-
nos de que todos os espíritos e anjos já foram homens‖.
A petulância de Allan Kardec chega ao máximo. Nem sequer conhece a
vida dos santos, garante, porém:
Os anjos da guarda são espíritos guias, e os anjos em geral são espíritos
bons de mortos, quando se comunicam com médiuns que apóiam a doutrina
por ele codificada. Se não, mesmo os maiores santos são frívolos; e os
anjos da guarda, tão benfazejos, na realidade são espíritos malignos de
mortos!
& Por outro lado, negar a existência de seres espirituais que não foram
homens rompe todos os limites da petulância. É pôr-se contra toda a
filosofia, contra todas as religiões, contra toda a tradição judeu-cristã, e
inclusive contra espíritas mais cultos, como por exemplo Oliver Lodge, que
também defende a necessidade filosófica de que Deus haja criado seres
plenamente espirituais, anjos.
E o próprio Deus. A Bíblia alude aos ―terafim‖ (Gn 31,19; Jz 17,5; 1Sm
15,22. 19,13), ídolos domésticos, equivalentes aos deuses Penates dos
romanos. Pelos movimentos inconscientes transmitidos à estatueta
(paracinesia) serviam para adivinhações.
No Efó os sacerdotes levavam as ―sortes sagradas‖ para adivinhações (1Sm
2,28; 14,18s.; 23,9s.; 30,8; Jz 17,5; 18,14s). Se por sorte saía a madeirinha
chamada Urim significava sim; saindo o tummin seria não (Cf. 1Sm 14,41).
Inicialmente os hebreus acreditavam, com o beneplácito dos sacerdotes
oficiais e levitas, que o próprio Deus dava respostas por intermédio dessas
técnicas adivinhatórias.
&& Não corresponde à Bíblia ou à teologia a interpretação dos fatos do
nosso mundo, mas transmitir e interpretar a doutrina sobrenatural, a
Revelação Divina. Os antigos hebreus atribuíam a Deus esses fatos, hoje
bem conhecidos e explicados pela parapsicologia. É certo que tudo provém
de Deus, geralmente através das ―causas segundas‖, mas aqui estamos
falando da procedência direta, muito diferente, os milagres.
Na verdadeira doutrina bíblica, esssa prática supersticiosa era condenada.
Possivelmente referindo-se também a instrumentos de adivinhação
idênticos ou parecidos com os que hoje se chamam, respectivamente,
―prancheta‖ ou ―oui-já‖ (igual à ―brincadeira do copo‖ etc.) e varinha do
rabdomante, o profeta denunciava em nome de Deus: ―Meu povo consulta
o seu pedaço de madeira e o seu bastão faz-lhe revelações (…). Eles se
prostituíram, afastando-se de seu Deus‖ (Os 4,12).
Manifestamente superstição dos hebreus primitivos. A partir da época
davídica, essas práticas foram abandonadas. Eram fenômenos
parapsicológicos, nada tendo a ver nem com manifestações de Deus.
— Allan kardec, porém, e os demais líderes do espiritismo estão seguros de
que os fenômenos atribuídos a Deus pelos hebreus deviam-se a espíritos de
mortos. E espíritos maus, pois revelavam doutrina distinta de Allan
Kardec!
Segundo Lombroso, eram ―instrumentos aptos a estabelecer comunicações
com o Além-túmulo‖.
De Vesme arrisca: ―Provavelmente não eram mais do que instrumentos
mediúnicos‖.
Igualmente consideram mediúnicos, devidos á intervenção dos espíritos dos
mortos, diversos fenômenos parapsicológicos que alguns na Igreja
Primitiva (com o mesmo erro dos carismáticos de hoje) consideravam
carismas ou dons do Espírito Santo.
Conan Doyle, presidente da Federação Espírita Internacional, cita Sto.
Irineu: ―Ouvimos que muitos irmãos na Igreja possuem dons proféticos‖.
E Conan Doyle comenta: ―Isto é, mediúnicos‖!
Continua citando Sto. Irineu: ―E falam, através do Espírito, diversas línguas
e revelam, no interesse geral, coisas ocultas aos homens, explicando os
mistérios de Deus‖.
Com a expressão ―através do Espírito‖, evidentemente Sto. Irineu referia-se
ao Divino Espírito Santo.
Conan Doyle, porém interpreta-a com referência ao espírito de algum
morto. E acrescenta: ―Nenhuma passagem poderia descrever melhor as
funções de um médium de alta classe‖.
E agora, Allan Kardec? ―De alta classe‖, apesar de serem sempre pessoas
devotas e santas, ambiente e doutrina católica!
Pouco depois, os pretensos dons do Divino Espírito Santo (repito, salvo
algum milagre, geralmente meros fenômenos parapsicológicos mal-
interpretados) em pessoas devotamente seguidoras da doutrina católica, o
―grande mestre‖ espírita Doyle ainda reiteradamente ensina que se trata de
manifestações de espíritos de mortos:
―Quando Tertuliano teve a sua grande controvérsia com Márcio, tomou os
dons mediúnicos para um teste da verdade. Nas Constituições Apostólicas
estava discutindo esses dons ou variadas formas de mediunidade (…).
Então como agora, a mediunidade tomava diversas formas, como o dom
das línguas, de cura, de profecia e outros (…). Os vários dons, que em geral
correspondem ás nossas diferentes formas de mediunidade‖.
&& Espíritos superiores e portanto com médiuns de alta classe segundo
Conan Doyle, mas segundo Kardec e outros mestres do espiritismo, essas
manifestações atribuídas a Deus seriam de ―espíritos‖ baixos e médiuns
frívolos! Até as pedras estariam com espírito humano e de animal. A
esquerda se vislumbra o rosto de um homem. No meio ―O cão sentado‖ e
na frente do cão, embaixo, se vislumbra um macaco. Em Nova Friburgo
(RJ).
Até as pedras estariam com espírito humano e de animal. A esquerda se
vislumbra o rosto de um homem. No meio ―O cão sentado‖ e na frente do
cão, embaixo, se vislumbra um macaco. Em Nova Friburgo (RJ).
É o próprio homem.
Orquídea Brava, uma chinesa residente nos Estados Unidos, teria travado
uma desproporcionada luta para defender-se de um fantasma monstruoso,
enorme, com três braços. A filha de Orquídea Brava escreveu, num livro
bastante divulgado, as memórias da sua mãe na luta com os monstros do
além.
Aquele fantasma era um entre inúmeros fantasmas aterradores nos quais a
tradição chinesa acredita. É freqüente que vejam os espíritos dos mortos
masculinos, com crista de galo; e os femininos com corpo de galo gigante e
só a cabeça de mulher.
Para Orquídea Brava, como para multidão de chineses, os fantasmas
terrificantes, ―fantasmas do muro‖, monstros, são reais.
Qualquer pessoa, que não se tenha intelectualmente deformado nessa
herança de séculos de superstição, compreende que tudo é simplesmente
imaginação ou, em último caso, com base nos fenômenos parapsicológicos.
— Da China e dos Estados Unidos pulamos para a África. Os lunda, os
luvale, os ndembu de Zâmbia e muitos outros povos africanos explicam
esses espíritos aterradores.
A população vive aterrada pelos feiticeiros -dizem os antropólogos-. É
inútil evitar um feiticeiro, porque há muitíssimos. Pensam que os feiticeiros
contam com a amizade de poderosos espíritos, capazes de causar doenças e
mesmo matar quando e a quem o feiticeiro quiser; podem também curar,
conceder riquezas… Se o feiticeiro não pedir morte para alguém, o espírito
pode matar o próprio feiticeiro, porque precisa de sangue.
Mas se livrarmos essas crenças da ganga da superstição, veremos a
verdade: ―esses espíritos familiares são criados pelos feiticeiros a partir do
sangue das suas vítimas‖. Deixemos de lado vítimas e sangue. ―São criados
pelos feiticeiros‖: São uma projeção da imaginação humana. É o próprio
homem. Para o bem ou para o mal. Tanto os espíritos bons como os
espíritos maus.
O Teosofismo concorda. . H. P. Blavatski começa por referir-se aos
íncubos e súcubos da mentalidade medieval. São ―evocados das regiões
invisíveis pela paixão e a concupiscência humanas‖. Identifica-os com
espíritos sensuais e obscenos (como a ―Pomba-Gira‖, por exemplo, na
Umbanda) que certos médiuns pensam incorporar.
―Na realidade são ‗gules‘, ‗vampiros‘, elementos sem alma, centros
informes de vida, desprovidos de sentido. Numa palavra: protoplasmas
subjetivos quando os deixam tranqüilos, mas que atuam como seres
inteligentes e maus quando evocados pela criadora e enfermiça imaginação
de um mago ou de uma bruxa‖.–
— O Teosofismo é drasticamente contra a interpretação espírita.
―Pergunta: não acreditais no espiritismo?‖
―Teósofo: se por espiritismo entendeis a explicação que os espíritas dão de
alguns fenômenos incomuns, declaramos decididamente que neste caso
não. Afirmam que (…) são produzidos pelos espíritos dos mortos (…), que
voltam à Terra, segundo dizem, para se comunicar (…). Rejeitamos
completamente esse ponto. Afirmamos que os espíritos dos mortos não
podem voltar à Terra. (…). Nem se comunicam com os homens. Casos
raros e excepcionais (são interpretados) de modo inteiramente subjetivo‖.
O verdadeiro sentido do termo subjetivo é: originado e existente no interior
da pessoa, isto é, não provém de fora nem existe fora da invencionice
humana.
Com respeito à ―alta revelação‖, que HPB diz haver recebido, é evidente
que há uma grande contradição.
Como vimos afirma que recebeu toda a doutrina por revelação de espíritos
tibetanos, os mahatmas.
Mas agora também afirma categoricamente que a comunicação dos
espíritos é subjetiva. Não pode, portanto, ser objetiva e menos ter toda a
freqüência que seria necessária para que HPB pudesse receber a
abundantíssima, repetitiva e enfadonha doutrina do Teosofismo.
Também o Ocultismo contra o Espiritismo. Aquela mais ou menos velada
descrição dos ―gules‖ ou ―elementos sem alma‖, ―centros informes‖ etc.
corresponde aos ―elementares‖, ―cascões‖, ―larvas‖ etc. do ―mundo astral‖,
segundo várias correntes do Ocultismo.
O ―grande mestre‖ dos ocultistas, Papus, garantia: ―Aquilo que o espírita
chama um espírito, o ocultista chama um elementar, uma casca astral‖.
Os elementares ―flutuam ao redor da Terra no mundo invisível, enquanto
os princípios superiores (o homem, o espírito principalmente) evoluem em
outro plano (…). Não é o espírito que vem a uma sessão, é o elementar da
pessoa evocada, isto é algo que o defunto não possui, senão os (baixos)
instintos e a memória das coisas terrestres‖.
―O ocultismo -acrescenta Papus- admite como absolutamente reais todos os
fenômenos do espiritismo. Mas (…) os atribui a uma multidão de outras
influências em ação no mundo invisível‖.
―O ser humano cinde-se em vários elementos depois da morte, e aquilo que
se comunica (ou que se capta nas sessões espíritas) não é o ser todo inteiro
(nem o espírito do morto), senão um resto do ser, uma casca astral‖. O que
acontece é que ―a ciência oculta é demasiado difícil para ser compreendida
e demasiado complicada para os leitores habituais dos livros espíritas‖.
— Mais recentemente as mesmas idéias foram esposadas por certas
personalidades que chegaram a fazer-se famosas. Podemos chamá-las neo-
ocultistas ou neo-hermetistas, ou aprendizes de magos em busca de se
tornar super-homens: destacadamente Gurdjeff e Kremmerrz.
&& Partem da premissa errada, positivista, de que não seria possível a
sobrevivência do espírito e da consciência pessoal:
— Após a morte, pairariam no ar unicamente alguns elementos do
composto humano, resíduos e conglomerados, muito diferentes do espírito,
a alma humana individual. Esses ―cascões astrais‖ é que seriam evocados
pelos magos e pelos espíritas de todos os níveis. Essas ―larvas‖ é que se
reencarnariam.
―Se os espíritas soubessem realmente quem são os seres que obedecem ao
seu chamado, talvez morressem de espanto‖, dizia o iniciado (e romancista)
Gustav Meyrink. É que no ―mundo astral‖, além dos horríveis ―cascões‖,
―larvas‖, ―elementares‖, resíduos em decomposição após a morte do
homem, também estão lá as ―formas pensamento‖: cada pensamento
humano originaria no ―mundo astral‖ um ―eco‖ subsistente.
— Explica o ocultista Laedbeater: Cascões dos mortos e formas
pensamento dos vivos alimentam-se pelas vibrações. O plano astral em
esoterismo significa não um lugar do espaço, mas uma condição ou estado
de vibração. Chama-se também mundo do desejo, precisamente porque
constituído e alimentado pelas vibrações dos pensamentos, sentimentos e
imaginações do homem. A maior vibração depende da maior paixão. Isso é
que seriam os chamados espíritos bons e maus. Mas é sabido que
lamentavelmente na humanidade abundam mais os pensamentos
inconfessáveis…
— É preciso lembrar que nada menos que o conhecido filósofo inglês
Broad, além disso bom conhecedor da fenomenologia parapsicológica,
inicialmente inclinou-se à interpretação ocultista tomada ao pé da letra -
sem ocultismo-. Ao menos como uma teoria possível, por ser imensamente
menos inverossímil do que a hipótese espírita. Todos e cada um desses
resíduos seriam meros reservatórios de memória, depósitos captados pelos
médiuns espíritas.
O próprio Broad reconhece, porém, que a descoberta da telepatia inutilizou
não só a intervenção dos espíritos dos mortos, mas também todo esse
arrazoado de resíduos amnésicos…
Representação hindu, datada no século II antes de Cristo: A árvore
divinizada.
A Revelação do Ocultismo – Segundo todas as outras correntes do
ocultismo divergentes do espiritismo, sem ocultismo, sem ocultar a
verdade, no fundo dessas expressões de cascões, elementares, formas,
mundo astral, resíduos mnésicos etc., se está afirmando que as revelações
espíritoides procedem do inconsciente humano.
Desmascarando as expressões que ocultam o verdadeiro significado, o
ocultismo em grande parte coincidiria com a parapsicologia. A explicação
ocultista e a explicação científica da parapsicologia (e antes, do
magnetismo e hipnotismo a respeito de alguns fenômenos) freqüentemente
seria a mesma. A parapsicologia -dá a entender o prestigioso parapsicólogo
Robert Amadou- diferencia-se do ocultismo porque não encobre a
realidade, ―não aceita relações ocultas‖.
Um exemplo: Elifas Levi. É sem dúvida nos tempos modernos um dos
maiores representantes ou ―mestres‖ do ocultismo e nenhum mago
contemporâneo pode prescindir dele…
Elifas Leví descreve a evocação que ele mesmo fez de um espírito superior,
nada menos que o de Apolônio de Tiana, talvez o maior mago dos tempos
antigos.
&& Mas Elifas Levi sabe que na realidade não se trata de manifestação do
espírito de Apolônio nem de nenhum outro espírito. É, única e limpamente,
manifestação de forças do inconsciente do próprio Levi, ―embebedamento
da imaginação‖, como ele diz expressamente.
Elifas Levi era formalmente anti-espírita e anti-reencarnacionista. Ás vezes
dizia ser a reencarnação de Rabelais, mas por pura brincadeira. Escreve a
respeito René Guénon: ―Tivemos sobre este ponto o testemunho de quem o
conheceu pessoalmente, e que, sendo reencarnacionista, de nenhuma
maneira pode ser suspeito de parcialidade‖.
Muitos ocultistas posteriores, precisamente por influxo do espiritismo,
aceitaram a reencarnação…., mas excepcionalmente! Se alguns espíritos
reencarnassem, seria por um privilégio extraordinário, muito tempo depois
da morte, para uma missão, muito especial, e eles conservariam a
lembrança plena de tudo o que aprenderam e da própria vida anterior.
Em geral, pela total diferença de critérios na elaboração da doutrina, os
ocultistas têm o maior desprezo pelo espiritismo.
―A gosto do Consumidor‖. Acreditando todos os espíritas na comunicação
de espíritos -que espíritos?-, só em uma coisa poderiam estar de acordo
todos os espíritas do mundo: em que os espíritos superiores não estão de
acordo em nada.
A enorme diversidade das doutrinas pretensamente reveladas pelos
espíritos mostra irrefutavelmente que não se trata de revelações dos
espíritos dos mortos. São efeito da diversidade de tendências e ambientes
deste mundo. Não é admissível que no além os espíritos dos mortos, ao
menos os espíritos superiores continuem com a total inexperiência e
desconhecimento direto que neste mundo há das verdades do além.
A diversidade das doutrinas espíritas condena o espiritismo.
— Escreve um ―mestre‖ espírita brasileiro de hoje, Herminio C. Miranda:
―Tudo (…), o estritamente doutrinário, (…) está contido na doutrina
espírita ordenada por Allan Kardec (…). Todo pesquisador sério e bem-
intencionado que se dispuser a estudar os fenômenos psíquicos chegará às
mesmas conclusões contidas nas obras básicas do espiritismo (…). É fato
irrefutável que as linhas mestras das conclusões conferem e coincidem
nitidamente, qualquer que seja o experimentador, desde que
intrinsecamente honesto diante daquilo que observa e relata‖.
&& Só uma mente completamente minada pelo próprio espiritismo pode
acreditar na total imbecilidade de que no espiritismo ―as linhas mestras (…)
conferem e coincidem nitidamente‖! Os espíritas que me perdoem: a
respeito da doutrina dos espíritos superiores não posso evitar lembrar-me
da frase irônica de Oliver Herford: ―Os pensamentos de uma mulher são
mais limpos que os dos homens: mudam-nos continuamente‖.
O mesmo Kardec sabia que existia, previa que continuaria e temia a
enorme diversidade doutrinal. Há muitas frases como esta do seu ―Projeto‖
(1868): ―Um dos maiores obstáculos da propagação da doutrina é a falta de
unidade‖.
— E por isso instituía, como de capital importância, um chefe com plena
autoridade, uma Comissão Central também de plena autoridade.
&& Mas como poderia haver uma autoridade capaz de dirimir as
diversidades quando se trata precisamente de seguir revelações de espíritos
superiores? Acaso os espíritos superiores estão de acordo em alguma coisa?
— Allan kardec deixou escrito… perdão: os espíritos superiores -superiores
a que outros?- revelaram: ―Médium perfeito seria aquele contra o qual os
maus espíritos jamais ousassem uma tentativa de enganá-lo. O melhor é
aquele que (…) tem sido o menos enganado‖.
Todos, portanto, estão enganados.
Conclusão – Retomo as palavras do início do artigo anterior. Ou Allan
Kardec -e pode-se aplicar a cada chefe de cada ramo do espiritismo- foi o
maior gênio da humanidade, ou então sua petulância raiou a extrema
loucura. Certamente não foi o maior gênio da humanidade…
Há outros motivos, mas ao menos pelos motivos citados nestes dois últimos
artigos, é justo concordar com Daniel Dunglas Home: ―Sabe-se que Allan
Kardec não foi médium. Ele nada fazia senão magnetizar ou psicologizar
pessoas mais impressionáveis do que ele‖.
E Daniel Dunglas Home (que terminaria por rejeitar plenamente o
espiritismo) foi considerado pela maioria dos ―mestres‖ do alto espiritismo,
kardecistas e davinianos, latinos e anglo-saxões, como o maior médium de
todos os tempos!
Menos por Kardec, ―seu inimigo íntimo‖. Não é de hoje que se interpretam
estas últimas palavras –mais uma, entre muitas, das investidas que Home
lançou contra Kardec– no sentido de que os médiuns foram dirigidos,
influenciados por Allan Kardec ―a traduzirem seu próprio pensamento e
não a captarem mensagens do além‖.
Tratando-se de uma revelação única, como a revelação judeu-cristã da
Bíblia e da Tradição, pode surgir muita diversidade de interpretações em
cada uma das suas partes. Todos os exegetas, porém, evidentemente estão
de acordo em que a verdade revelada por trás de cada texto difícil é uma só,
e procuram alcançar o sentido verdadeiro das palavras, a verdade única de
cada parte da Revelação. É uma Revelação Divina. Os homens, porém nem
sempre a interpretam corretamente, daí a separação dos judeus e a
diversidade das denominações cristãs.
Não é assim no espiritismo. As palavras ―reveladas‖ pelos ―espíritos
superiores‖ freqüentemente estão claras, claríssimas. Não se trata de
diversidades interpretações da ―revelação espírita‖, trata-se
clarissimamente de diversidade de pretensas revelações.
É necessário que as verdades do além nos sejam reveladas do além.
Evidente. Mas o único modo de sabermos que uma doutrina, digna e lógica,
é revelada por um ―Espírito Superior‖, é procurar o milagre confirmativo.
Em vários livros e muitos artigos exponho que Deus (Pai, por Moisés e os
profetas; Filho em Cristo e pelos Apóstolos, e Espírito Santo o dia de
Pentecostes) provou pelos milagres que era realmente o Espírito Supremo
vindo para revelar a verdadeira Doutrina. Só pelos milagres pode ser válida
a afirmação de que Sua Doutrina é verdadeira, e todas as outras, em tanto
quanto se afastarem da dEle, originadas em falsos profetas.
Comunicação com o Além
Espiritismo e Reencarnação
Assim seria bem simples
A comunicação com a supra-realidade é uma busca que remonta desde as
civilizações da antigüidade. A comunicação com os mortos, também
chamada necromancia, iniciou-se na antigüidade grega em cavernas onde
existiriam fantasmas dos mortos e onde e pitonisa, recebe espíritos de
ancestrais. No norte da África também havia feiticeiros mediúnicos. Na
bíblia a consulta aos mortos aparece no antigo testamento efetuada pelo rei
Saul ao morto profeta Samuel através da pitonisa de Endor. Será que a
bíblia é espírita?
No século passado ocorre a sistematização do espiritismo por Allan Kardec
com a mentalidade da época, racionalista e positivista. A primeira
contradição espírita é a revelação reencarnacionista das sessões francesas
em total oposição às sessões inglesas, que em nada acreditavam em
reencarnação.
O espírita Davis contradiz o espírita Kardec. O espírito de um morto no
―espiritismo católico‖ pede uma missa e rezas, mas no mundo espírita e
ocultista pedem rezas com sessões mediúnicas. É contra-senso dos
espíritos.
Allan Kardec no ―Livro dos Médiuns‖ admite que as comunicações com os
mortos dependem do médium, portanto, do vivo e revela a mentalidade da
época já dando mostras do valor do dotado vivo. Em ―A Gênese‖ de
Kardec em 1868 observamos muitos erros de astronomia que dependiam
dos conhecimentos da época e não dos grandes cientistas do além. Daniel
Dunglas Home falando de Kardec: as revelações espíritas são as idéias de
Kardec impostas ao médium e por ele corrigidas, de acordo com o
conhecimento da época. Flamarion diz que as revelações da genêse dos
cosmos eram reflexos do que sabia na época sobre o cosmos; são
revelações do que o vivo sabe e não coisas novas do além. Nenhum morto
ligado à medicina revelou a cura do câncer, esquizofrenia e AIDS. A
descoberta vem dos vivos.
É manifestação do morto ou um fenômeno que lembra o morto ou
semelhante a ele. Nas pinturas da Gaspareto, psicopictografia , os quadros
lembram o pintor morto famoso, mas na totalidade é do médium vivo. Nas
psicografias de Chico Xavier as frases lembram algum literato, mas na
essência são do vivo Chico Xavier. Segundo Kardec, no Evangelho
segundo o Espiritismo o Espírito Santo é o espírito de mortos que revelou a
reencarnação. Como o indivíduo apresentar várias personalidades ou
individualidades é um absurdo, o princípio da mediunidade fica sem base
alguma e não se sustenta. Os fatos espíritas de comunicação com o além
como batidas inteligentes, fantasmas, falar línguas, telepatia, precognição
já têm compreensão simples e objetiva pela parapsicologia, não
necessitando de explicações fora desta realidade. Experiência como frase-
controle ou experiência do envelope foram realizadas com moribundos das
duas grandes guerras. Os moribundo morria com uma senha e depois os
parapsicólogos procuravam esta senha com os grandes médiuns. Nenhuma
senha foi descoberta.
Parapsicólogos europeus inventaram um morto que jamais existiu e os
médiuns revelavam a identidade e sua vida, o que era absurdo, mostrando o
erro dos médiuns. Os médiuns descobriram alguém que nunca existiu.
Em relação a Deus podemos dizer que ele se comunica pelos seus raros
milagres, que são fatos concretos e observáveis. É possível também que
ocorra pelo diálogo sobre a verdade transconsciente dos homens.
Conclusão: Teoricamente a mediunidade é grande ilusão. Na análise
qualitativa dos casos de mediunidade o que desvelamos são fenômenos
inconscientes e parapsicológicos de nossa realidade e com pessoas vivas
como é o caso do profeta Samuel que nada atuou e sim a pitonisa, que é
uma sensitiva que captou por hiperestesia indireta do pensamento do rei
Saul. Nos testes empíricos da senha-controle e pessoa impossível não
houve mediunidade. A mediunidade portanto, é uma grande ilusão.
Victor Eugênio Arfinengo
Grupo de Estudos do CLAP
Dissociação da Personalidade
Espiritismo e Reencarnação
1. – PERGUNTA Jorge IC:
―Oi, Pe. Quevedo, eu queria esclarecer uma dúvida. Tenho 28 anos e por 3
anos freqüentei um centro espírita. Hoje não freqüento mais. Eu era ateu,
mas conheci Deus e sou muito grato por isso. Hoje sou católico, indo a
Missa e lendo a Bíblia. Mas vi muita coisa no centro que não sei explicar,
como incorporações inclusive em mim, com mudança na voz (ecolalia é o
nome em parapsicologia, psicologia e psiquiatria – Pe.Q.) Incorporações
essas comigo das que não me lembro quase nada, só algum flash. O que
fazíamos ali eu e os outros médiuns para conseguir as incorporações, sei
que a Igreja não concorda. Mas eu vivi aquela situação e não sei explicar,
mas as pessoas lá acreditam e muito. Gosto muito do seu trabalho, se
possível gostaria que me dissesse algo sobre o assunto. Muito obrigado‖.
2. – PERGUNTA Luciano P. L.:
―Pertenço a uma Igreja Reformada, fiz teologia há pouco tempo, possuo o
seu ―Antes que os Demônios Voltem‖, admiro muito esse seu livro e o seu
trabalho. Também já não acredito nesta questão de possessão, mas eu tenho
uma dúvida, gostaria que o senhor, Pe. Quevedo, me respondesse: Por quê
uma pessoa supostamente possessa, fala como se fosse outra pessoa? Por
ex, um filho ‗possesso‘ olha para a mãe e diz: ‗Eu vou matar seu filho‘.
Quê fenômeno é este? Grato pela atenção‖.
3. – E MUITAS OUTRAS PERGUNTAS (e até insultos) sobre o mesmo
tema
RESPOSTA GERAL
Os ―mestres‖ espíritas não sabem que há muitos anos Charcot (e
sucessores) por hipnotismo reproduziu toda classe de‖incorporações‖?
O tema da divisão da personalidade, quase desconhecido na época de Allan
Kardec, foi posteriormente muito bem estudado. Pode-se desculpar em
parte a Allan Kardec e aos pioneiros do Espiritismo… Mas não há
desculpas para o fato de os ―mestres‖ modernos do Espiritismo ainda
repetir tão falso argumento fazendo caso omisso das manifestações
personificadas do inconsciente.
Certos sistemas inconscientes são suficientemente ricos para separar-se da
personalidade global daquela pessoa e constituírem personificações parciais
anexas. A personalidade (ou personalidades) adventícia, ―secundus‖,
forma-se de preferência com fatos e sensações descuidadas pela
personalidade oficial ou ―primus‖.
Os ―mestres‖ espíritas não sabem que há muitos anos Charcot (e
sucessores) por hipnotismo reproduziu toda classe de ―incorporações‖
É precisamente por isso que as manifestações das personificações do
inconsciente podem parecer absolutamente estranhas ao consciente.
Pierre Janet, continuador de Charcot, marcou época com seus estudos da
dissociação da personalidade global nos histéricos.
Com seus estudos da histeria desvendou o inconsciente psicológico e o
mundo do automatismo (como o da psicografia, ―brincadeira do copo‖,
locuções inconscientes, etc.).
É de Janet o mérito principal na descoberta das dissociações patológicas da
personalidade.
Demonstrou a identidade das dissociações histéricas ou sonambúlicas e as
personificações espíritas, demoníacas etc. Trata-se de um mundo de idéias,
sentimentos, imagens etc. e automatismos do inconscientes que se
apoderam bruscamente, e por certo tempo, do campo debilitado da
consciência do histérico.
Sigmund Freud, além das manifestações dos histéricos, já estudadas por
Janet, analisou também muitas manifestações na vida ordinária, como
lapsos, ações frustradas, certos tipos de esquecimentos por motivos
inconscientes, os sonhos etc.
Freud compreendeu que o inconsciente tem uma vida normal paralela à de
―primus‖ e intervém freqüentemente na vida comum. Em mais alto grau,
claro está, quando chega a constituir uma personificação independente ou
―Segunda‖.
A divisão entre consciente e inconsciente (ou partes do inconsciente) cobre
todos os degraus da escada, desde o total desconhecimento mútuo,
independência e autonomia de cada um, até a total convivência e ação
simultânea.
TESTEMUNHA E ATÉ PODE INTERVIR
É o 1º degrau. Assim, por exemplo, os chamados ―sonhos lúcidos‖, que nos
últimos anos têm interessado bastante aos parapsicólogos.
Allan Kardec em ―O Livro dos Espíritos‖ (nn. 401-402) e os ―mestres‖
kardecistas afirmam que os sonhos, mesmo os mais comuns, são ―viagens
do perispírito‖ (?!), e revelações dos espíritos dos mortos.
Tal afirmação hoje é um retrocesso de mais de vinte séculos, pondo-se no
nível de interpretações supersticiosas que consideravam os sonhos
revelação dos deuses.
Hoje todos os especialistas e inclusive todas as pessoas de senso comum
(não fanatizadas pela superstição) sabem que os sonhos procedem do
inconsciente. São ―respostas‖ e reações que o ―eu‖ inconsciente dá aos
inumeráveis fatores da vida cotidiana. Essas ―respostas‖ não se limitam a
imagens visuais e auditivas, com cores ou sons mais ou menos acentuados.
Nos sonhos podem também ocorrer sensações odoríferas, táteis, gustativas.
Podem surgir também fenômenos parapsicológicos. Durante o sonho, a
sensação de realidade é total, como se o sonhante estivesse no estado
consciente acordado.
Alguns sonhos são chamados ―lúcidos‖, porque há ―consciência do
inconsciente‖, isto é, a pessoa que sonha está consciente de estar sonhando.
E o mais interessante é que o sonhante, ao chegar à conclusão de que está
sonhando, pode adquirir um certo controle sobre o desenvolvimento do
sonho. O treino ajuda neste controle (o que não quer dizer que seja
conveniente tal treino…: pode aumentar a cisão da personalidade).
PRESENTE SEM INTERVENÇÂO
Por exemplo em Julien, famoso psicógrafo francês, o ―eu‖ oficial , ou
―primus‖ estava plenamente consciente e presente ao que escrevia sob
diversas personificações do inconsciente. Julien compreendia que se tratava
de diversas divisões do próprio eu:
―Jamais tive a impressão de perder o controle de minha consciência no
decurso das comunicações telepáticas. Esforçava-me, ao contrário, em
permanecer sempre dono de minhas faculdades e jamais perder o senso
crítico. Não obstante, todo o resto estava plenamente desligado do que eu
sentia: tinha a impressão de um vazio voluntariamente fomentado, de uma
tela mental sobre a qual as palavras se imprimiam uma a uma sem que
fosse possível adivinhar o sentido da frase em formação. Em outras
oportunidades, tratava-se de idéias já completas no momento em que
surgiam, e só faltava formá-las rapidamente‖.
―E ao mesmo tempo, para mim, era um assombro ilimitado constatar que
algo de extraordinário estava acontecendo, que um verdadeiro diálogo
parecia estabelecer-se entre o ‗eu‘ e outros ‗eus‘ (parte da própria
personalidade global) inteiramente autônomos, cuja presença viva se
impunha como se fosse separada‖.
TESTEMUNHA IMPOTENTE
O 2º degrau na relação entre consciente e inconsciente. Presente, mas sem
poder agir.
Escreve um grande pioneiro da parapsicologia e grande filósofo e teólogo,
Justino Kerner:
Em alguns desses pacientes, ―os olhos permanecem abertos e a consciência
lúcida, mas o paciente é incapaz de resistir, mesmo com toda força da sua
mente, à voz que fala nele; ele ouve a si mesmo expressar-se como se fosse
outra e estranha individualidade alojada nele, mas fora de seu controle‖.
Acrescenta Eschenmayer, colega de Kerner e também especialista em
mística:
―A moça retém a consciência enquanto a voz fala, mas não pode evitá-lo,
mesmo tentando com toda a sua vontade; ela ouvia a voz ressoar
externamente como a de um indivíduo estranho, alojado dentro dela, sem
que estivesse em condições de controlá-lo ou fazer qualquer coisa‖.
Os espíritas, incompreensivelmente ignorando plenamente o inconsciente,
classificam estes casos como mediunidade e incorporação consciente!!
Na realidade é manifestação de uma das partes ―amotinadas‖ da única
pessoa, é uma personificação de um conteúdo Divisão da personalidade
inconsciente, como as ―cristalizações‖ ao redor de diversos núcleos num
líquido saturado. Como insiste o professor Oesterreich no seu excelente
livro de estudo dos erradamente chamados casos de possessão demoníaca,
em todos os povos e épocas, ―uma análise mais exata revela que os estados
mentais, aparentemente pertencentes a um segundo ‗eu‘ são realmente
parte do indivíduo original‖
Divisão da personalidade
Contraprovas, inclusive muito fáceis de fazer, por exemplo com
clorofórmio ou éter, mostram que não se trata de incorporação de espírito
nenhum.
Algumas pessoas, aspirando a droga anestesiante, quando ainda não estão
―dormindo‖, mas não plenamente acordadas, falam, inclusive muito
imprudentemente, sem poder evitá-lo. Sabem que estão falando sem querer
falar.
O consciente ainda está presente, mas estão ―possuídos‖ pelo próprio
inconsciente. Divisão da personalidade causada pela droga.
BOIANDO, ATÉ O PRÓXIMO MERGULHO
Imaginemos o psiquismo humano como um ―iceberg‖. Só 1/10 do bloco de
gelo emerge sobre a superfície das águas: o consciente.
Pela transparência das águas pode-se observar um pouco do submerso: o
pré-consciente. Basta olhar, prestar atenção para perceber a passagem do ar
pelas vias respiratórias, o contato da roupa, a umidade ambiente, os
barulhinhos que chegam da rua etc., etc. Sensações que antes também
tínhamos, embora sem percepção consciente da sensação pré-consciente.
Basta dar atenção.
Nada aparece na superfície do que se trama e age no fundo. Acontece às
vezes que uma tempestade vira o bloco de gelo. Some o consciente ou vira
inconsciente, e parte do inconsciente emerge ou aparenta ser o consciente.
Acontece nessas mudanças de personalidade que uma pessoa se deita na
grama, ―dorme‖… e ―acorda‖ a 2.500 quilômetros de distância.
Complicada viagem de ônibus, de ―carona‖ e de trem, hospedou-se em
hotéis, selecionou o cardápio de restaurantes… Quando o ―iceberg‖ volta à
posição habitual, quando ―acordou‖, não lembrava absolutamente nada.
Na hipnose, por exemplo -um tipo de novo mergulho, um tipo de estado
alterado de consciência-, o psicólogo verifica que o inconsciente ―pegou as
rédeas‖, ―fez-se passar‖ como consciente.
Prova irrecusável de que é parte do mesmo ―iceberg‖, atividade do
inconsciente da mesma pessoa. O psicólogo ―mergulha‖ e verifica que
aquelas idéias, aqueles sentimentos são na realidade outra parte do mesmo
―eu‖: o subconsciente.
Fazendo caso omisso da psicologia, os espíritas consideram estes casos
como de ―mediunidade inconsciente‖.
Não são idéias ou sentimentos de um ―espírito‖(ponho sempre entre aspas
porque não há espírito humano sem corpo material ou ressuscitado) alheio
que se incorporou temporariamente e foi embora. São idéias constituintes,
partes complementares do mesmo ―eu‖.
Jean Lhermitte, o famoso psiquiatra da Academia de Medicina de Paris,
expressava-se assim no VIII Congresso Internacional de Psicologia e
Religião:
―A consciência pode aparecer completamente suspensa. A pessoa
transforma-se em robô, em máquina elementar. Caminha, corre (…) E a
crise não deixa lembrança alguma‖ (…)
―Em outros casos, o automatismo se mostra mais complicado. Assim, uma
das minhas doentes se admirava freqüentemente de ver, de manhã, sua
mesa servida e os pratos postos sem que ela (segundo pensava) tivesse
tocado nada‖.
―Uma outra doente se encontrou um dia servindo a seus filhos costeletas
grelhadas, com as mãos carbonizadas‖.
―Um médico, durante uma ausência (da consciência), prosseguia
imperturbável o exame do seu doente e pode estabelecer o diagnóstico
correto. Quando recobrou a consciência, não conservava nenhuma
lembrança da lição que acabava de ensinar‖.
―Mais, um escultor sobre madeira, observado por Marchand, executava
durante suas ausências (de consciência) trabalhos muito mais complicados
que durante o estado consciente‖ (O inconsciente é sumamente mais
inteligente que o consciente, como exporei em outra oportunidade).
Não vou entrar agora na distinção entre a inconsciência por divisão da
personalidade (em que há prosopopéia: dá-se o nome ou se ‗batiza‘ às
partes dissociadas) e estas ausências da consciência com plena atividade
inconsciente, que alguns chamaram ―epilepsia psíquica‖. Em nenhum dos
dois casos se trata de espíritos de mortos, apesar de ―não terem
consciência‖. É disfunção cerebral mesmo. ―relações rompidas do cérebro
com o pensamento‖ consciente na expressão de Lhermitte.
A cisão pode ser múltipla. É freqüente nesses casos que ―primus‖ ignore,
completamente e sempre, ao menos alguma dessas partes desgarradas. A
personificação, ―secundus‖, pode ter-se feito plenamente independente,
separado completamente da personalidade oficial ou ―primus‖.
Pode acontecer também que a parte do inconsciente, que se manifestou
espontaneamente, não seja acessível à exploração do psicólogo, nem por
ele controlável: o psiquismo humano é muito profundo. Nestes casos o
consciente nem está presente, nem pode intervir, nem lembra.
Por exemplo, no famoso caso ―As três faces de Eva‖: Eva Preta, Eva
Branca e Jane (caso que analisarei em outro artigo desta mesma série), Eva
Preta afirmou que gozara de uma vida independente desde a infância.
Muitos anos antes de irromper a dissociação da personalidade.
Os pesquisadores inicialmente pensaram que seria uma das tantas mentiras.
Mas o ceticismo foi derrubado quando verificaram que ―sua memória
proporcionava um infindável número de evidências indiretas, pois podia,
por exemplo, fazer relatos bastante fiéis das punições a que fora submetida
na infância, assim como das infrações em que incorrera para ser castigada‖,
e ―Eva Branca era absolutamente incapaz de recordar esses fatos‖. Com
todo rigor científico, os pesquisadores comprovaram que a palavra de Eva
Branca estava acima de qualquer suspeita. Comprovaram cientificamente
praticamente inesgotável de Eva Preta.
E não obstante essa aparente independência total, trata-se irrefutavelmente
de duas partes divididas de uma mesma personalidade…
A mesma aparente independência encontra-se em numerosos outros casos
de divisão da personalidade.
Em parapsicologia, chama-se prosopopéia a máscara que o inconsciente
costuma usar ao emergir. O consciente não reconhece a parte emergente
como constituinte da própria personalidade. Daí, a necessidade psicológica
de pôr um nome, uma máscara.
Os elementos constitutivos de uma personalidade sugerida na hipnose e
aceitos pela imaginação são passageiros. Somem no fim da sessão
hipnótica, da sessão espírita etc. Dificilmente alcançam a continuidade e a
emotividade necessárias para a solidificação e emancipação. A não ser com
o habitual ―desenvolvimento mediúnico‖ ou com contínuas sessões
hipnóticas… Esse é um dos perigos do ―desenvolvimento‖… Prosopopéias
inicialmente caricaturescas e até simulações mais ou menos subconscientes
podem chegar a adquirir impressionante consistência. A experiência o
ensinou aos espíritas, embora eles o expressem com outras palavras: Dizem
que nos começos os espíritos encontram muitas dificuldades em adaptar-se
ao novo instrumento, médium ou ―cavalo‖.
O fator emotivo ou reprimido pode ser o simples amor-próprio. O pior que
pode acontecer a um hipnotizador é sugerir uma personalidade que ele
julga fictícia e irrelevante, e que na realidade coincida com alguns
recalques fortemente afetivos do hipnotizado. O que se pretendia que fosse
uma simples prosopopéia, pode transformar-se em profunda divisão da
personalidade.
Igualmente nas sessões de espiritismo: a aparentemente transitória
prosopopéia de ―espíritos guias‖ pode vir ao encontro de uma
personalidade problemática. A ―Pomba-Gira‖, o ―Exu Quebra-Tudo‖, o
―Zé Pelintra‖ etc., etc., têm originado muitos loucos. Passaram a ser
perseguidos por ―espíritos‖, que na realidade são certas tendências
recalcadas daquela pessoa.
Os ―mestres‖ do Espiritismo na sua profunda ignorância ou fanatismo
insistem muito na aparente independência das prosopopéias…
Janet já demonstrara que ―a personalidade secundária às vezes se mostra
muito indócil‖. Inclusive ―as pessoas mais sugestionáveis mostram-se
capazes de resistência e de espontaneidade‖, mesmo as histéricas ou
durante a hipnose.
Os mais destacados casos espiritóides nem sequer igualam a aparente
independência observada nos casos mais notáveis de ―divisão da
personalidade‖. Os mais famosos casos de ―divisão da personalidade‖
estudados -e curados pela ciência- certamente eram mesmo isso: divisões
de uma única e mesma pessoa. Se um pouco os antigos, hoje não têm
desculpa os ―mestres‖ do Espiritismo.
“Eles próprios afirmam”
Espiritismo e Reencarnação
SIMPLES E SIMPLISTA
Na introdução ao seu primeiro livro, ―O Livro dos Espíritas‖, Allan Kardec
escrevia:
―Aplaudiríamos a nós mesmos por ter sido escolhidos para realizar uma
obra da qual não pretendemos, de resto, nos fazer nenhum mérito pessoal,
uma vez que os princípios que ela encerra não são nossa criação; portanto,
seu mérito é inteiramente dos espíritos que a ditaram (…) Na França como
na América (…) as inteligências que se manifestam declararam ser
espíritos‖.
As pessoas simples usam muito esse falso argumento: ―Sonhei com um
desastre…, foi meu pai falecido que me comunicou‖, ―escrevi uma
mensagem…, meu marido morto assinou‖ etc. Todos os livros e mensagens
de Chico Xavier e de milhares de médiuns espíritas pelo Brasil e pelo
mundo são simplesmente atribuídos a espíritos de mortos sem verificação:
―foi ditado‖, ―foi assinado‖… Ponto, isso basta para Kardec!! Isso basta
para milhões de espíritas!!
A mais elementar regra de prudência aconselha -impõe com tanto maior
obrigação quanto mais o problema for importante- que nos certifiquemos
de quem é a pessoa que nos procura, quais suas qualidades, qual sua
honestidade.
Só um louco da confiança a um desconhecido num negócio do qual
dependesse sua vida profissional e econômica, a de toda a família, e a de
muitas outras…
E assim mesmo, quantas vezes, mesmo pessoas inteligentes e prudentes se
enganam… Todas as garantias exigidas pelos governos, pelos tribunais,
pelos bancos…, muitas vezes demonstraram-se insuficientes.
Se assim é com pessoas que vemos, que tocamos, que analisamos… nos
negócios bem tangíveis da vida; quanto mais deveria ser em relação aos
espíritos, conforme esse ―argumento‖ espírita?
Em tema tão transcendental, haveremos de aceitar a doutrina espírita
simplesmente porque os se-dizentes espíritos dos mortos afirmam intervir
nas sessões de espiritismo, e com essa doutrina, na intenção kardecista,
substituir (!) e aperfeiçoar (!) a Revelação do Pai (por Moisés e os
Profetas), do Filho (por Jesus Cristo e os Apóstolos) e do Espírito Santo
(no dia de Pentecostes)? Simplesmente porque Kardec e os mestres do
espiritismo e os médiuns afirmam que são os próprios espíritos que
afirmam ser espíritos de mortos? Pode haver maior loucura?
Incorporando o espírito de um animal?‖Ele próprio o afirma‖
ASSIM, TUDO VALE
Dando valor a tal ―argumento‖, os espíritas caem continuamente em
contradição, embora eles mesmos no fanatismo ou lavagem cerebral
sofrida, nem o percebam:
Na ―Revue Spirite‖, sob a direção de Allan Kardec, publicou-se a ―História
de Joana D´Arc ditada por ela mesma‖. Pouco depois aparece uma
―Dissertação moral ditada por S. Luís‖, Rei de França.
E logo vão aparecendo mensagens assinadas por habitantes de Marte,
Mercúrio e mormente de Júpiter. Seriam espíritos de ex-habitantes da Terra
que reencarnaram (?) nesses planetas! Foi dito e assinado por eles!
Mas Allan Kardec não explica como é que esses extraterrestres, que nem
sequer seriam espíritos de mortos, mas habitantes vivos de outros planetas,
conseguiriam comunicar-se com os médiuns ―do planeta Terra‖.
―Comunicam‖ mil fantasias, que os astronautas e exploradores do espaço
modernos têm demonstrado serem completamente falsas.
Em todas as épocas, em todos os povos, o inconsciente dramatizou suas
próprias comunicações, atribuindo-as a todo tipo de seres, de acordo com a
mentalidade ambiente. Há muitos tipos de prosopopéias. Atrevo-me a dizer
a prosopopéia de espíritos de mortos não é a mais freqüente na história.
Muito mais freqüentes -e também erradas- foram e voltaram a ser as
prosopopéias ou personificações de demônios E há até umas outros 56.000
tipos de prosopopéias… ou seitas religiosas.
Como transmitem os etnólogos Letourneau e Bonwick, para ―as raças
primitivas, os habitantes da Terra do Fogo, os tasmanianos, os australianos
e os hotentotes (…), nessa fase primitiva do desenvolvimento humano, a
religiosidade consiste em crer na existência de divindades (da natureza)
antropomorfas (como as fadas dos contos infantis), que residem nas rochas,
grutas, árvores etc. (…) Um pouco mais tarde o homem, pensando mais e
raciocinando (…), imagina que essas divindades são seres errantes, muito
parecidos com os homens (…) Mais adiante no tempo (…) aparece o mago
(ou xamã, feiticeiro etc.) que acredita comunicar-se com esses deuses e
servir de intermediário entre eles e os homens‖.
Pensam que são deuses, porque esses próprios deuses assim o afirmam!
Os bambara acreditam nos ―disioren‖, divindades da selva. Os xamãs
comunica-se com esses deuses e sabe como aplacá-los quando se
aproximam ou entram nos povoados.
Pelo mesmo motivo, os esquimós divinizaram um exército numerosíssimo
de todo tipo de forças da natureza, cada uma de relativamente pouco poder
em si mesma, mas poderosíssimas em conjunto sob o comando de
Torgarsuk. Todo esse enorme exército de gênios está a serviço e em
comunicação com seus xamãs.
Também porque assim o afirmam os próprios gênios!
A mitologia germânica e escandinava, nas suas intermináveis noites de
inverno, foi criando, ao longo dos séculos e adquirindo certeza de que se
comunicavam com gnomos, silfos, sífiles, normas, valquírias, alfes etc.
Como não? ―Eles mesmos o afirmam‖!
ATRASO DEMAIS!
Com o mesmo direito e pelo mesmo motivo que os espíritas apresentam
para que se aceite a afirmação ou ―assinatura‖ dos espíritos dos mortos,
teríamos de aceitar todos esses seres mitológicos, cuja existência, ou
mesmo o conceito, geralmente é absurdo e contraditório.
É ignorância, ou fanatismo, ou má vontade, ou mesmo parafrenia
demais…, que os ―mestres‖ espíritas de hoje não estejam de acordo com a
descoberta do inconsciente pela psicologia moderna. Hoje o transe -
espiritóide, hipnótico, êxtase místico etc.- é bem estudado e conhecido. O
mínimo que todo ―mestre‖ espírita deveria saber de psicologia é que a
primeira característica do transe é, indiscutivelmente, a obnubilação do
senso crítico e a exaltação da capacidade inconsciente de fabulação. A
pessoa em transe não pode distinguir a ficção da realidade. Se distinguisse
e não fabulasse, não seria honesto, e estaria fingindo o transe… O valor da
afirmação de que é um espírito de um morto é, simples e absolutamente,
zero.
Mas nem sequer estão a par de conhecimentos alcançados pelos pensadores
da Grécia clássica -e nisto Allan Kardec e os antigos ―mestres‖ espíritas
mostram uma ignorância assombrosa.
Pitágoras e Platão, pela observação de que os fenômenos hoje chamados
parapsicológicos estão sempre ligados a uma pessoa, logo rejeitaram
qualquer tipo de prosopopéias, ou máscaras, ou ―assinaturas‖ que o
inconsciente pusesse. E falam em termos quase modernos de divisão da
personalidade: ―Divisão da psique em duas partes‖.
Plutarco, Platão e Xenofonte rejeitam o daímon (=divindade inferior) com
que Sócrates acreditava estar em comunicação, e explicam os fatos pela
―alma racional‖ de Sócrates sem que o próprio filósofo percebesse: quase
ao pé da letra a descrição moderna do inconsciente.
E o neoplatônico Porfírio, analisando as manifestações ―assinadas‖ pelos
deuses comunicantes dos oráculos, adivinhos, magos e pessoas em ―êxtase‖
ou transe, deduz que ―a causa (…) é uma afecção mental (…) derivada da
sobreexcitação do psiquismo (…) O daímon aderido a nós (…) é uma certa
parte do psiquismo humano‖.
―O próprio espírito afirmou‖ estar com sede… Mas não era verdade. Não
gosta…
OS MAIS ALTOS “ESPÍRITOS DE LUZ”
A situação torna-se pior para a lógica (?) dos ―mestres‖ espíritas no uso
deste falso argumento (―eles próprios o afirmam‖), quando a ―assinatura‖
da comunicação do inconsciente corresponde aos nomes mais sagrados. Só
cabeças completamente distorcidas poderiam acreditar:
―Vida de Jesus ditada por ele mesmo‖, obra original em francês, traduzida
para o italiano, espanhol e por fim no Brasil. ―Corolarium: Obra ditada pelo
magnífico espírito de Maria de Nazaré, excelsa mãe de Jesus Cristo.
Prefaciada pelo apóstolo Tiago‖. ―Elucidário. Obra ditada pelo espírito de
Paulo de Tarso‖. Com prefácio de irmão Tomé (Santo Tomé!).
Os santos mais cuidadosamente fiéis ã doutrina católica e adversos a toda
sombra de espiritismo como S. Paulo ou ―Paulo de Tarso‖, o ―príncipe dos
Apóstolos‖ S. Pedro, S. ―João Evangelista‖ etc., misturados com as
doutrinas e ambiente das sessões de espiritismo!
Os ―prolegômenos‖ do primeiro livro de Allan Kardec foram assinados por
―S. João Evangelista, Sto. Agostinho, S. Vicente de Paulo, S. Luís, O
Espírito da Verdade‖ (o Divino Espírito Santo!).
Depois desses santos católicos e da própria Terceira Pessoa Divina,
assinam espíritos pagãos: ―Sócrates, Platão‖, e por fim ―Fenelon, Franklin,
Swedenborg etc., etc.‖
Contra a doutrina predileta (embora absurda) do espiritismo kardecista é
preciso perguntar se tão grandes santos e sábios ficaram tão distraídos no
além que se esqueceram de reencarnar…
Tais livros são divulgados em milhares de livrarias, bancas e centros
espíritas.
KARDEC SE TRUMBICA
Contra esse falso argumento (―eles mesmos o afirmam‖) que usou no seu
primeiro e principal livro, mais adiante Allan Kardec terminou por cair
num torvelino de dislates. Principalmente quando os ―espíritos‖ (não há
espírito humano sem corpo material ou ressuscitado) se atribuem nomes
celestes ou famosos: À identificação dos espíritos dedica Kardec todo o
capítulo XXIV de ―O livro dos médiuns‖. Observe o prezado internauta os
malabarismos e sofismas que Kardec vai fazendo, tudo com o maior
apriorismo e falta de provas. Observe como escorrega, pretendendo
defender o que no mínimo de lógica é indefensável:
―Os espíritos não nos trazem ata de notoriedade (documento de identidade)
e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que nunca
lhes pertenceram (…) A identidade dos espíritos das personagens antigas é
mais difícil de se conseguir, tornando-se muitas vezes impossível (…) À
medida que os espíritos se purificam e elevam na hierarquia, os caracteres
distintivos de suas personalidades se apagam, de certo modo. Nessa
culminância, o nome que tiveram na Terra (…) é coisa absolutamente
insignificante‖.
É insignificante a identificação? Pode-se deixar nessa ambigüidade? Não
posso deixar de lembrar aquela ambígua redação de um jornalista que
escreveu nestes termos sobre a cerimônia do ―bota-fora‖ de um navio:
―Como complemento da imponente cerimônia, a encantadora filha do
almirante quebrou uma garrafa de champanhe contra sua popa enquanto
deslizava graciosamente à água‖. Não seria conveniente identificar a quem
pertencia a ―popa‘ e quem ou o que deslizava graciosamente?
Continua Kardec: ―Notemos mais, que os espíritos são atraídos uns para os
outros pela semelhança de suas qualidades (…) Se considerarmos o número
imenso de espíritos que, desde a origem dos tempos, devem ter galgado as
fileiras mais altas‖ (…)
Será que é ―imenso o número de espíritos que galgaram as fileiras mais
altas‖, pondo-se ―pela semelhança de suas qualidades‖, nessa culminância,
no mesmo nível de Jesus Cristo, ou do ―magnífico espírito de Maria de
Nazaré, excelsa Mãe de Jesus Cristo‖??? Por muito purificado e
desenvolvido que fosse esse espírito, certamente estaria cometendo
gravíssima usura e orgulho ao assinar com os sacrossantos nomes de Jesus
Cristo e Maria de Nazaré…
E continua disparatando Kardec (e, pior!: continuam copiando-o os
―mestres‖ de hoje!): ―Porém, como de nomes precisamos para fixar as
nossas idéias, podem eles tomar o de uma personagem conhecida, cuja
natureza mais identificada seja com a deles (…) Pode, sem dúvida, o
espírito dar provas (de identidade) atendendo ao pedido que se lhe faça,
mas assim só procede quando lhes convém (?!). Geralmente semelhante
pedido o magoa, pelo que deve ser evitado (?!). Com o deixar o seu corpo.
O espírito não se despojou da sua susceptibilidade (…) Suponhamos que o
astrônomo Arago, quando vivo, se apresentasse numa casa onde ninguém o
conhecesse e que o apostrofassem deste modo: dizeis que sois Arago, mas
não vos conhecemos; dignai-vos prova-lo (…) Que responderia ele?‖
Será que Arago se irritaria se lhe pedissem que ―se dignasse identificar-se
numa casa onde ninguém o conhecesse‖? Não é o que todos fazem em
qualquer assunto importante? E o espiritismo pretende que se aceite a
comunicação e doutrina espíritas sem exigir irrefutáveis mostras de
identificação?
Os próprios Iahweh, Cristo e o Espírito Santo, os profetas, os apóstolos…
submetem-se à identificação, prometeram como prova de identificação e
realizam inúmeros milagres. Os espíritos dos mortos não devem nem
sequer dar seu verdadeiro nome?
Mas… o cúmulo: Umas linhas mais adiante (―O livro dos médiuns‖, nn.
255-259) o próprio Kardec se contradiz completamente:
―Deve-se concluir daí que a recusa de um espírito a afirmar sua identidade,
(quando interrogado) em nome de Deus é sempre uma prova manifesta de
que o nome que ele tomou é uma impostura; mas também que, se ele o
afirma, essa afirmação não passa de uma presunção, não constituindo prova
certa‖.
Por evitar jurar em falso seria honesto quem está cometendo uma
impostura?!
―O próprio espírito afirmou‖ estar com fome… Mas não era verdade. Tinha
repugnância
E MAIS ABSURDOS E MAIS CONTRADIÇÕES!
Continua Kardec destruindo contraditoriamente todo intento de
identificação: ―Dirão sem dúvida que, se um espírito pode imitar qualquer
assinatura, pode também pode também imitar a linguagem. Assim é. Vimos
alguns que utilizavam com descaramento o nome de Cristo, e para iludir
melhor, simulavam o estilo evangélico, prodigalizando a torto e a direito as
palavras bem conhecidas ‗em verdade, em verdade vos digo'‖ (n. 223).
Continua Kardec: O médium ―tira de sua imaginação teorias fantásticas
que, de boa fé, julga resultarem de uma comunicação (…) É de apostar-se
então mil contra um que isso não passa de reflexo do próprio espírito do
médium (…) São os próprios médiuns que, arrebatados pelo ímpeto de suas
próprias idéias, pelas lentejoulas de seus conhecimentos literários, (…)
apresentam suas próprias idéias como sendo dos espíritos‖ dos mortos
(n.241).
E ―porque eles próprios o afirmam‖ vamos a aceitar a doutrina espírita?
Como acreditar em espíritos que começam mentindo, roubando e
apresentando-se com adornos alheios, apresentando-se como os mais
nobres, os de máxima luz, os mais puros?
Compreendem-se essas imposturas em manifestações do inconsciente.
Mentiras, imposturas, compensações psicológicas… são próprias da
histeria.
Pela afirmação de que os espíritos se atribuem nomes que não lhes
correspondem, o próprio Kardec e ―mestres‖ espíritas excluem a
participação dos espíritos bons nas suas sessões. Então o argumento
―porque eles mesmos o afirmam…‖ só é válido, quando nos dão nomes de
espíritos inacreditáveis, baixos, vulgares e desconhecidos!!
O curioso (?) é que Allan Kardec implicitamente reconhece isto: nenhum
espírito bom, nenhum ―espírito superior‖ na terminologia dos espíritas,
poderia usar um nome que não lhe corresponde:
Perguntando a um espírito que sob juramento se autodenomina Filho de
Deus, Kardec argumenta: ―És então Jesus? Isto não é provável. Jesus está
muito altamente situado para empregar um subterfúgio‖.
=Portanto, usar esse subterfúgio de nome que não lhe corresponde é
exclusivo de espíritos (?) de baixo calão.
Só se poderia acreditar, contraditoriamente, no ―pai da mentira‖, os
demônios (os espíritas identificam espíritos de mortos perversos com os
demônios). Se segundo o espíritos de luz mentem conscientemente e
pavoneiam-se soberbamente, contraditoriamente só seria verdadeiro o
testemunho dos mentirosos demônios quando reconhecessem
humildemente (nunca!) serem baixos e perversos! Portanto, o testemunho
espiritóide essencialmente é sempre nulo, nada vale.
O curioso é que o próprio Allan Kardec refuta diretamente o argumento (?)
de que ―eles próprios o afirmam‖! Kardec abertamente nega toda
autoridade aos espíritos, precisamente porque não-identificados. Toda a
autoridade estaria única, apriorista e contraditoriamente no bom senso (?)
dos seguidores desta suposta revelação espírita…: ―Não há outro critério,
senão o bom senso para se aquilatar o valor dos espíritos. Absurda será
qualquer fórmula que eles próprios dêem para este efeito e não poderá
provir de espíritos superiores‖. (E por sua vez, esta afirmação, em
contradição com o argumento, é também contestada pelo próprio Kardec
em outras oportunidades).
REFUTAÇÃO BÁSICA
É muito difícil ou impossível encontrar uma linha reta de argumentação em
Kardec. Como em toda pessoa vítima de fanatismo, precisamente porque o
fanatismo não tem lógica nem argumentação coerente.
O caso é que nas ―Obras póstumas‖, com referência à sua iniciação no
espiritismo, Kardec mostra que nunca chegou a identificar o seu próprio
espírito guia! Ou sempre procurou fugir, escapulir, escorregar…
Primeiro, sob o título ―Meu espírito protetor‖, Kardec fala do espírito de
Zéfiro. Depois, sob o título de ―Meu guia espiritual‖ e cognominando-o de
―meu espírito familiar‖ já passa a chamá-lo ―A Verdade‖. Mas, mesmo
assim, o caráter escorregadio de Allan Kardec projeta-se no seguinte
diálogo. Kardec: ―Animaste alguma pessoa conhecida na Terra?‖ Resposta
de A Verdade: ―Disse-te que para ti eu era A Verdade. Este (termo) ‗para
ti‘ quer dizer ‗discrição‘, não deves querer saber mais‖.
E deste desconhecido, deste não-identificado, de quem nem tentar decifrar
a identidade é permitido, Kardec teria recebido a missão de implantar o
espiritismo!
A doutrina revelada… por quem? Pode haver maior contradição ou mais
completa refutação do pretenso argumento ―eles mesmos o afirmam‖?
Espíritismo em maus lençois
Espiritismo e Reencarnação
“REVELAÇÕES DOS ESPÍRITOS = DOS DEMÔNIOS”
Em ―O livro dos médiuns‖ Allan Kardec, na sua imensa ignorância (e
grande desejo de enganar), afirma:
―Abaixo de Deus não há outros espíritos, senão almas humanas,
desencarnadas (?) e encarnadas (…) Pela palavra demônios devem
entender-se os espíritos impuros (…) Seu estado é transitório, espíritos de
homens maus que com reencarnações (?) se purificariam (…) Os demônios
não são outra coisa que os maus espíritos, e salvo a crença de que os
primeiros são perpetuamente voltados ao mal (…), não há entre eles senão
uma diferença de nome‖.
É tão absurda a pretendida comunicação espírita, que pessoas inteligentes
chegaram até o erro de identificar os se-dizentes espíritos comunicantes
com alguém vindo do Inferno (!?) ou até com o mesmíssimo Diabo (!?).
Ensina (?) o ―grande mestre‖ Mario Cavalcanti de Mello:
―Eis os diabos da Igreja Romana: simples criaturas desencarnadas a
produzirem fenômenos com o auxílio de médiuns. Criaturas humanas‖.
E Zeus Wantuil, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira,
começa por criticar o dogma da Igreja Católica…
A demonologia, embora Wantuil não o saiba, não pertence ao dogma…
Critica, pois, as crendices de muitos séculos entre católicos e protestantes a
respeito da atividade demoníaca, e acusa essas crendices de absurdas e
causadoras de grandes males.
Não lhe falta alguma razão nisso, embora as circunstâncias históricas não
sejam tão simples como ele, e todos os inimigos da Igreja, supõem ou
fingem que não sabem…
Por fim, o ―mestre‖ espírita desemboca no que agora nos interessa:
―Era, porém, chegada a hora de tudo ser esclarecido (?), e ficou
demonstrado (?), provado (?), que os tais demônios nada mais eram que as
almas daqueles homens que na Terra foram maus, frívolos, brincalhões,
materialistas, indiferentes, hipócritas, orgulhosos, fraudadores etc., e que ao
atravessar o túmulo, em pouco ou em nada mudaram, conservando como é
mais lógico (!?) os mesmos defeitos e imperfeições que possuíam quando
no corpo de carne‖.
Nessas frases há vários erros, mas o que interessa agora é que, segundo o
espiritismo, os demônios, ou diabos, ou… (os ―mestres‖ espíritas caem na
mesma, ou maior, amalgama de conceitos da crendice secular), seriam os
espíritos ―desencarnados‖ (?) dos homens maus. Segundo o espiritismo,
não existiriam demônios no sentido cristão (o exato seria dizer diabos,
anjos livremente desobedientes a Deus; demônios era o nome dado às
doenças internas).
SERIAM DEMÔNIOS DISFARÇADOS
Ora, se segundo os espíritas tudo o que entre os cristãos foi explicado (?)
pela intervenção dos demônios deve entender-se como intervenção dos
―espíritos inferiores‖ dos mortos, o inverso tem que ser aceito pelos
espíritas: tudo o que os espíritas explicam (?) por intervenção dos ―espíritos
inferiores‖ dos mortos se enquadra no requinte de malícia, na perversidade
monstruosa, da intervenção dos demônios no conceito dos cristãos.
Exemplos? Todas as chamadas comunicações de espíritos! Muitos casos
são bem sintomáticos:
Já as irmãs Fox, que deram origem ao espiritismo, grandemente veneradas
pelos espíritas, estavam convencidas no começo de que o espírito
―comunicante‖ era o próprio Diabo. Escreve o ―mestre‖ espírita Carlos
Imbassahy:
―Foi o comunicante que se declarou espírito (lembremos o ―grande
argumento‖: ―Eles próprios o afirmam‖, artigo No.3) (…), o chamavam de
pé de bode (…) e o tinham como demônio, pois só o demônio poderia vir
entreter-se com os homens, só o demônio poderia ser o batedor (tiptologia)
invisível. Coisas do demônio, em suma‖.
Imbassahy nem percebeu as conseqüências profundas que para os espíritas
deveria ter tal identificação feita pelas fundadoras do espiritismo…
Num terreiro em Cuibá (MT) os acontecimentos arrepiavam as
testemunhas. Correu a fama pela cidade.
―Meu irmão Wanderley -Magalhães de Siqueira-, muito corajoso, aceitou o
‗desafio‘ e foi lá. No fim do show, estando o médium ainda possuído pelo
espírito, meu irmão aproximou-se e perguntou:
– ‗Quem é o senhor? Qual a sua origem?‘.
– ‗Senhor, não. Senhor é só Aquele de lá de cima‘, corrigiu imediatamente
o possesso.
– ‗Então, quem é você? De onde você vem?‘
Ele deu mostras assustadoras de não gostar da pergunta. Mas perante a
insistência, valentia e esconjuros de Wanderley, terminou por responder:
– ‗Eu sou um anjo caído, um anjo condenado, vim do inferno'‖.
Tudo é contraditório. Se fosse um demônio não reconheceria que ―Senhor,
só Aquele lá de cima‖. Se fosse um espírito inferior, mau, de morto, não
mostraria tal respeito ao Senhor. E se fosse um ―espírito superior‖ não
mentiria disfarçando-se de demônio.
Mas tudo é compreensível na simples prosopopéia do inconsciente do
médium em transe, em estado alterado de consciência.
CONCORDAM OS ESPÍRITAS MENOS INCULTOS
Escreve Staiton Moses:
―O médium está sempre exposto aos assaltos de todos os espíritos malignos
(…), somos vítimas de um sistema organizado de cruel impostura, indo até
servir-se dos mais sadios sentimentos do gênero humano. O espírito que
age de tal modo, apesar de manter um ar de sinceridade e elevação, deverá
sem dúvida ser o demônio em pessoa, travestido de anjo de luz‖.
Devem reconhecê-lo os espíritas menos incultos, os anglo-saxãos, dado que
tal ensinamento teria sido recebido mediunicamente pela psicografia nada
menos de Staiton Moses, para eles um dos mais confiáveis médiuns da
história do espiritismo, ou o mais confiável e prestigiado.
CONCORDAM NA TEOSOFIA
Assim C.W. Leadbeater…:
Gaspar era um fantasma, visto só duas vezes, ―envolto num amplo capote e
com chapéu alto e de abas largas‖, mas durante três anos anunciava com
psicofonias o futuro (precognição, Pcg) a todos os membros da família e
aos empregados.
Comenta ―o grande mestre‖ teosófico:
―Naturalmente, alguns indivíduos desta família deviam ter aptidões
mediúnicas, de modo que o desencarnado (?) tirara deles a matéria (telergia
invisível e ectoplasma visível) suficiente para emitir a voz física
(psicofonia) e aparecer (fantasmogênese) por duas vezes. Quando a família
se mudou para outro país, o comunicante não a seguiu, porque talvez
tivesse se elevado a um nível do qual lhe fosse mais difícil a comunicação‖.
Isto é, quanto menos desenvolvido o espírito, mais fácil seria a
comunicação; quanto mais desenvolvido, mais difícil, até tornar-se
impossível…
E com respeito a uma pretensa aparição de Sto. Estanislau Kostka, o
mesmo autor, ignorando que os milagres são por poder divino, não dos
santos, explicita mais a mesma ―explicação‖. E isto é que agora interessa:
―Embora isto (que se tratasse de aparição do santo) seja possível (segundo
o mestre teósofo e os espíritas!), não é, no entanto, provável, pois Sto.
Estanislau Kostka morreu há muitos anos, e parece inverossímil que um
homem de sua categoria se detivesse tanto tempo no mundo astral (?!), não
obstante haver morrido moço, pois precisaria para isso (…) de um conjunto
de circunstâncias quase impossível de reunir. Ao homem de (…) vida
depravada é possível permanecer dilatado tempo no mundo astral, porém
não a alguém de natureza tão delicada, terna, pura e devota como o
famosos jesuíta‖.
Isto é, após a morte só os espíritos de pessoas depravadas poderiam se
comunicar com os vivos…
CONCORDAM NO OCULTISMO
Enfim, entre outros exemplos, basta citar o proceder de uma das maiores
autoridades do esoterismo. É sabido que Agrippa abandonou o ocultismo e
voltou ao catolicismo, porque ficou convencido de que na evocação dos
mortos, na necromancia, na magia etc. quem agiria é o Diabo e seus
demônios, mascarando-se de espíritos de mortos e de forças ocultas da
natureza. Depois disso só a Bíblia e a teologia lhe interessavam.
É muito fácil alencar, como já se fez, ―recitados de testemunhas‖ das
maiores vilezas oriundas do espiritismo.
É muito fácil alencar, como já se fez, ―recitados de testemunhas‖ das
maiores vilezas oriundas do espiritismo.
ERRADAMENTE CONCORDAM TAMBÉM NO CRISTIANISMO
Entre os teólogos protestantes, aqueles que pesquisaram do ponto de vista
da Sagrada Escritura as manifestações do espiritismo são praticamente
unânimes em afirmar que se devem aos demônios. Fundamentam-se
principalmente em que o espiritismo está severamente condenado na
Bíblia, onde é chamado de abominação (por exemplo em Lv 18,9-12).
Muitos teólogos católicos -quando não bem a par das pesquisas da
parapsicologia, como lamentavelmente é freqüente- concordam com os
protestantes.
Igualmente muitíssimos entre o povo cristão em geral, de acordo com o
seguinte raciocínio clássico -errado!-: não podem ser nem Deus nem os
anjos, nem as almas do céu nem as do purgatório, porque a doutrina espírita
se afasta quase em todos os pontos da doutrina cristã. Não podem ser,
também não, as almas dos condenados ao inferno, porque ninguém sai do
inferno pelo próprio poder e Deus não faria um milagre para enganar na
doutrina… E daí concluem com um erro…, até maior: são, por
conseguinte, os demônios. E ―esquecem‖ que se trata simplesmente de
fenômenos humanos.
Alcançou grande difusão entre os católicos e elogios da revista ―Civiltà
Cattolica‖ o livro de Mousseaux. Ele analisa as ―proezas‖ dos médiuns
norte-americanos. Analisa também ―as mesas girantes‖ (paracinesia), muito
em voga então, nos primórdios do espiritismo. E assegura que se trata
unicamente de ―comércio com os demônios‖.
— Também ele apoia-se preferentemente em textos bíblicos…
À Bíblia não corresponde a análise de fatos, isso pertence à Ciência. A
Bíblia é um livro de Doutrina (e moral…) Sobrenatural Inobservável.
PROSOPOPÉIA
Em plena discussão entre espíritas e pioneiros da parapsicologia, surge o
grande cientista Pierre Janet. Estuda sem preconceitos, analisa os fatos,
demonstra que são manifestações do inconsciente e cura os doentes. Não há
mais base para discussão.
Um exemplo clássico, entre os pioneiros da pesquisa, semelhante a muitos
outros relativamente freqüentes:
―Dailll, um homem de 33 anos, é levado à Salpêtrière no mês de novembro
de 1891, em um estado lamentável. Tem o rosto coberto de sangue e com
crostas secas. Porque se fere com as próprias unhas. Tem os olhos
desvairados de espanto, os lábios gretados. Não pode ficar senão
acompanhado e estreitamente vigido. Quando deixado sozinho, procura
fugir‖.
Para os espíritas e para as testemunhas não-especialistas que conhecem um
caso destes, não haveria dúvida: trata-se de obsessão por espíritos perversos
ou pelos demônios. Acenam para os fatos. Só pode ser perverso quem ―o
arrojou, pés atados, num pântano (…) Sente outro demônio no peito, que o
impele a pronunciar blasfêmias (…) Vê o demônio, todo preto, com chifres
e figura ameaçadora (…) Após seis meses, só fala de demônios, enxerga-
os, ouve-os, sente-os diante de si, e comete mil loucuras (…) Escuta o
obsessor cochichar ameaças no ouvido, maldições e conselhos perniciosos,
como ‗dá-te à bebida‘, ‗está chegando o fim do mundo‘ (…), ‗vai deitar
sobre os túmulos do cemitério‘, onde foram enterrados os corpos dos
espíritos obsessores ou de outros companheiros. Uma manhã, sem motivo,
estoura em riso (…) que aterroriza todos os presentes. Ri sem parar durante
várias horas e depois diz todo tipo de incongruências‖.
Para a ciência, porém, nem demônios nem espíritos. Pierre Janet, após as
devidas análises e com toda sua experiência, diagnosticou, e é reconhecido
plenamente pela parapsicologia:
―Alucinações de todos os sentidos complicadas por desejos impulsivos e
por interpretações delirantes (…) Delírio de possessão, com agitação
maníaca aguda‖.
Tal diagnóstico será ridicularizado de imediato pelos ―mestres‖ do
espiritismo, na sua ignorância. E negado também por alguns teólogos, que
acreditam em ―milagres do demônio‖ (?!). É notável como esta
interpretação supersticiosa fanatiza inclusive pessoas em outros temas
equilibradas e inteligentes! Apoiam-se em preconceitos teóricos, sem
analisar nem entender de antecedentes, etiologia, pródromos da doença e
descobertas da ciência experimental.
Responde Janet e a ciência:
―Não obstante eu sei e posso demonstrar (…) que se trata de um delírio
verdadeiramente histérico‖:
1º ) ANTECEDENTES
―Este doente pertence a uma família evidentemente com muitas taras: o pai
era supersticioso e obsessivo; o avô paterno em várias ocasiões fugiu
inconcebivelmente; a mãe é de temperamento instável e alcoólica, como
também a avó materna; Daill foi sempre medroso e impressionável‖.
Alguma vez alguém plenamente sadio, física e psiquicamente, sofreu
―incorporações‖ ou ―possessões‖?
2º ) ETIOLOGIA
Muito habilmente Janet provocou escritas automáticas (psicografias):
―O demônio comunicava-se nas suas escrituras como os espíritas nas suas
experiências espíritas. Conseguimos transformar estes atos subconscientes
em sonambulismo (hipnótico). O doente encontrava normalmente neste
estado todas as lembranças, e pode explicar-nos as causas psicológicas
(…). Fazia um ano que empreendera uma pequena viagem (…) Durante a
viagem, Daill atreveu-se a trair sua esposa e ficou cheio de remorsos e
atormentado pela idéia de uma doença contagiosa‖ (…)
Está patente a origem da histeria, suprimindo o recurso supersticioso a
demônios ou espíritos obsessores.
3º) PRÓDROMOS
―Daí seu mutismo e o afastamento da mulher (…) Sombrio e preocupado
falava pouco e rejeitava a esposa. ‗O mau humor continuou e parecia -dizia
sua esposa- ter perdido a fala porque fazia esforços para falar sem
consegui-lo, tinha de escrever o que desejava‘. Mais adiante falava um
pouco, mas caiu em angústias e aniquilamento (…) O doente recusava-se a
abandonar o leito, não se barbeava e deixou de se alimentar. Ficava imóvel,
quase não falava e desviava-se da esposa e da filhinha (de sete anos) (…)
Havia sonhado que estava muito doente e que morreria logo. Imaginou que
foi transportado ao inferno, ao meio dos demônios. Neste momento o sonho
subconsciente havia engrandecido e provocado as alucinações no seu
consciente. As interpretações do doente fizeram o resto e determinaram o
delírio‖.
Sobram os demônios. Sobram os espíritos dos mortos.
4º) E POR FIM A CURA
Com técnicas de psicoterapia, ―num mês o ‗diabo‘ foi batido e retirou-se
definitivamente. Dois anos depois a cura mantém-se absolutamente
completa (…) Não precisamos acrescentar que um caso destes é fácil de
curar‖.
Quantos casos semelhantes, e aparentemente mais impressionantes por
serem acompanhados de fenômenos parapsicológicos, casos inclusive
enviados em desafio por exorcistas e espíritas foram curados em pouco
tempo e definitivamente na Clínica do CLAP. Alguns casos publiquei no
livro ―Antes que os demônios voltem‖. Sem exorcismos. Sem trabalhos de
―limpeza‖, ou ―descarrego‖, ou desencosto‖…, que na realidade aumentam
a mentalidade supersticiosa e multiplicam os casos epidemicamente. Só
com conhecimentos de parapsicologia e com psicoterapia. Cura natural de
causas e fenômenos naturais…
CONCLUSÃO
Mas não estamos aqui tratando de demonologia, o que fazemos em outros
numerosos artigos. O que interessa aqui é destacar que o espiritismo em
geral é tão cheio de contradições, de ignorância, tão anti-religioso em geral
e tão anti-cristão em particular, de tão baixo calibre…, que as pessoas mais
inteligentes, de todos os ângulos e inclusive os próprios líderes do
espiritismo acabaram por identificar os supostos espíritos com os
demônios!
O espiritismo em maus lençóis.
Espíritas, um mínimo de reflexão!
Espiritismo e Reencarnação
O CASO KERSTIN E LISA
Com a ―brincadeira (?) do copo‖, duas jovens tomam conhecimento de que
seu amigo Rolf cairia com o avião no dia seguinte (= Precognição = Pcg),
quando estaria vindo para visitá-las. No dia seguinte, com efeito, houve o
acidente fatal. Algum tempo depois e de novo com a paracinesia do copo o
inconsciente das jovens manifestou outras duas precognições: dois
acidentes automobilísticos nos quais perderiam a vida um ―amigo colorido‖
de Lisa, e Nils, o noivo de Kerstin.
Nas três ocasiões as mensagens vieram assinadas com todas as letras: ―O
Diabo‖. As jovens ficaram apavoradas, pelo autor da mensagem e pelo
―azar‖ anunciado…
Poderíamos citar muitos casos de mensagens assinadas pelo Diabo,
Satanás, demônio, Lúcifer etc…
Escrevi um amplo livro ―Antes que os demônios voltem‖ demonstrando
que nunca o Diabo ou os demônios fizeram milagre nenhum.
Corresponderia, porém, aos espíritas, antes de acreditar em comunicações
de espíritos ―porque eles próprios o afirmam‖ excluir do alcance do seu
―grande‖ argumento a intervenção diabólica ou demonológica.
A intervenção diabólica, embora inexistente, seria menos absurda do que a
dos espíritos de luz, ao mesmo tempo mentirosos e disfarçados! Ou
espíritos baixos, ao mesmo tempo pregando a verdade!
O Diabo ou demônios, sendo puramente espirituais, para agir não
precisariam do corpo do médium nem de perispírito. Seria, portanto,
imensamente mais fácil do que a intervenção dos espíritos dos mortos.
A hipótese da intervenção do Diabo ou demônios contaria a seu favor,
sobre a contraditória hipótese espírita, com o fato de ser afirmada pelo
próprio Diabo (?) com muitíssimo maior freqüência, e ―o Diabo‖ ou
―demônios‖ teriam sido vistos inúmeras vezes (apesar de não terem
corpo!), e muitos dos melhores sábios da humanidade, vítimas da
mentalidade de obscurantistas épocas passadas, acreditaram na sua
intervenção. Milhares de pessoas sofreram os maiores tormentos e até se
deixaram queimar vivas sem denegar sua convicção. Tal crença foi quase
unânime durante muitos séculos em toda a cristandade. Ainda hoje muitas
pessoas de prestígio acreditam nas intervenções demoníacas.
E tudo isso está errado.
Os antigos acreditavam, sem reflexões, que o ―deus‖ Júpiter se comunicava
com Leda..
“VINDO DO CÉU E DO PURGATÓRIO, E MESMO DO INFERNO!”
As manifestações do inconsciente que pretenderam se disfarçar como
aparições e comunicações procedentes de almas do inferno, do purgatório,
e do céu têm sido também numerosas nos países cristãos.
Se os espíritas aceitam as aparições e comunicações ―católicas‖, acabam
com a própria doutrina espírita.
Se querem ficar com a doutrina espírita, acabam com a comunicação dos
que ―eles próprios afirmam‖ secularmente ser espíritos de mortos.
Não aceitando essas comunicações ―católicas‖, os espíritas não têm direito
de aceitar as outras das quais dizem haver recebido a doutrina. Acabam
com a doutrina e com as comunicações espíritas. E então é que estariam
certos: nem comunicação de espíritos de mortos nem doutrina revelada
pelos espíritos.
POR EXEMPLO: TERESA NEUMANN
Santa heróica sem dúvida, mas também, grande histérica…
… levava muito a sério a alucinação que em 8 de janeiro de 1929 teve de
uma ―alma do purgatório‖!
Ela acreditava que o purgatório era um lugar tétrico. Acreditava naquelas
enormes chamas. Via o corpo (?) ardendo…, sem consumir nem sequer a
barba (?) ou os cabelos(?)!
Teresa Neumann tinha certeza da aparição do Pe. Joseph Schleinkofer,
redentorista, que acabava de falecer.
A ―aparição‖ pediu à vidente que não rezasse nem fizesse penitência por
ele, ―porque Deus não queria libertá-lo do purgatório antes do tempo‖. Três
semanas depois…
Na eternidade não há tempo!
…Segundo Teresa, Deus muda de idéias (!?) e já permite que reze e que
faça sufrágios pelo missionário falecido.
Basta um dia de sofrimento de Teresa, e já no dia seguinte acredita ter outra
aparição na qual o Pe. Schleinkofer, belo e luminoso, vem agradecer as
orações e sacrifícios. Teresa vê então os pais do sacerdote saindo do céu (?)
ao encontro do filho, acompanhando-o depois à felicidade sem fim.
O pároco de Konnersreuth, Pe. Naber, e seu coadjutor, Pe. Hartes, ficaram
comovidos com todas estas manifestações. Eles ouviram longamente a voz
(= psicofonia) da ―aparição‖.
O conjunto, porém, só pode ser tomado como imaginação e projeção
histérico-parapsicológica de Teresa Neumann.
Segundo os espíritas seria revelação do além. É só como ―do além‖ pode
ser aceito pelos espíritas, para os quais Teresa Neumann seria uma médium
vidente…
Mas semelhantes manifestações (tão numerosas!) destroem completamente
a doutrina espírita: nada de reencarnação! E teriam de aceitar como
revelada por ―espíritos de luz‖ a doutrina católica (revelada por Cristo, não
por espíritos de mortos!) a respeito da penitência e oração reparadora em
união com o Redentor, do purgatório, do céu eterno etc…
“A GOSTO DO CONSUMIDOR”
Aparições (na realidade visões ), como todos os outros fenômenos
parapsicológicos, houve sempre e em toda parte. Os fenômenos
parapsicológicos, pelo próprio fato de serem humanos, foram e são sempre
fundamentalmente idênticos. A psicofisiologia humana é
fundamentalmente a mesma.
É importante, porém, verificar que as interpretações são as mais diversas.
Isso demonstra que são também interpretações subjetivas humanas,
segundo as diversas culturas, não correspondendo à realidade comprovada
pela ciência, pela parapsicologia.
Os fenômenos são os mesmos; as interpretações, diferentes. Os fenômenos
são objetivos; as interpretações (e adornos), subjetivas. Os fenômenos
existem e corresponde à parapsicologia explica-los, fazendo caso omisso
das inumeráveis e incompatíveis interpretações populares falsamente
religiosas (não corresponde à religião interpretar fatos) ao longo dos
séculos.
Como constatava Lombroso,
“estes fenômenos (parapsicológicos), vistos singularmente, parecem
justamente inverossímeis. Mas surge a grande verossimilhança, por não
dizer a certeza, do fato de que se repetem em épocas, em regiões e em
nações diversas, sem ligação histórica entre si; algumas, ao contrário, em
completo antagonismo religioso e político”.
Daí as interpretações tão diversas e mesmo antagônicas.
Na sua grande ―História das aparições e manifestações no mundo antigo‖,
conclui Eric Dingwall:
“Os fenômenos parapsicológicos foram assinalados em todas as épocas e
em todos os povos, as descrições que chegaram até nós são
fundamentalmente idênticas. Embora as interpretações sejam muito
diferentes nas diversas civilizações”.
RESOLVAM ESSE IMPASSE!
1.- Um ―espírito‖ (ponho sempre entre aspas porque não há espírito
humano sem corpo material ou ressuscitado) muito prestigiado por
destacados espíritas…
Primeiramente ele mesmo afirmava ser ―O Invisível‖, nome que atribuía a
si mesmo como pseudônimo de Deus, nada menos! Maior ―espírito de luz‖,
nenhum. Depois esse mesmo ―espírito‖, num acesso de modéstia, mas com
romantismo, disse chamar-se ―Clélia‖.
Por fim ―O Invisível Clélia‖ garantiu: nas manifestações espíritas, fora do
próprio médium, ―não existe nenhum espírito‖.
No fim é que mostrou toda a verdade.
O caso foi analisado nada menos que por Frederick Myers, um dos
fundadores da parapsicologia.
2.- A ―assinatura‖ aposta pelo inconsciente em numerosas manifestações
em ambiente rosa-cruz é: ―Alma divina universal‖, a alma do deus-mundo.
Panteísmo crasso, contradição: a criatura, o finito, o passageiro, o material
etc. não pode identificar-se com o Criador, o Infinito, o Eterno, o
Puramente Espírito, etc.
Mas o que ―ele mesmo afirma‖ ser, na comunicação aos rosa-cruzes, não
pode ser mais alto, mais sublime ―espírito de luz‖.
Baseado em milhões dessas ―revelações‖, Spencer Lewis, Imperator da
Ordem Rosa-Cruz (AMORC) para as Américas do Norte e do Sul,
pontifica:
“Pergunta: é verdade que nas chamadas sessões espíritas (…), as almas de
pessoas falecidas retornam à Terra?”
“Resposta: É absolutamente certo que a alma de uma pessoa não retorna à
Terra (…). Por conseguinte, não poderá ele em tempo algum flutuar no
espaço e visitar centros espíritas”.
E aí fica o impasse para os espíritas: os mais altos ―espíritos de luz‖
revelam (?) que não são os espíritos que revelam… Espíritos de nenhum
tipo: nem fadas, nem demônios, etc. ―Porque eles mesmos o afirmam‖.
É possível esperar dos líderes do Espiritismo, após tanto contágio psíquico,
ou lavagem cerebral, ou fanatismo (ou má intenção)…, é possível esperar
neles ao menos um mínimo de reflexão e lógica?
O PRÓPRIO INCONSCIENTE TIRA A MÁSCARA
Mas como não raro acontece nas manifestações do inconsciente, ele próprio
termina por se trair ou por manifestar a verdade, quando deixa de lhe
interessar a máscara ( = prosopopéia). É de se lamentar que os espíritas não
saibam dar atenção a esse fato, apesar de ele ter entrado bem cedo nos anais
do espiritismo:
O Sr. Harrison, editor da revista ―Spiritualist‖, escreve:
“No Sábado, 12 de setembro de 1868 (bem no início e no auge do
Kardecismo ), dirigi-me sozinho a uma sessão privada na casa e com o Sr.
e Sra. Marshall (espíritas também, testemunhas do fato ), com a intenção
de instaurar uma longa conversa com John King (uma das prosopopéias
mais famosas no espiritismo, responsável por muitos fenômenos
parapsicológicos) . De início, por meio da tiptologia (a típica
―comunicação‖ por pancadas) , à plena luz comunicou):
- Sou teu bom espírito familiar.
- Então tenha a bondade de dizer-me quem é.
- Pois não. Sou tu mesmo .
(…) Entramos num aposento escuro. E após uns minutos vimos aparecerem
corpos luminosos(ectoplasmia e fotogênese ) como cometas, de uns 30cm
de comprimento, largos numa das pontas e afiando-se até uma fina ponta
no outro extremo. Os corpos luminosos flutuavam no ar, por diversos
lugares, em trajetórias curvas. Pouco depois uma voz (psicofonia), perto
de mim, disse: ‗ Sou teu próprio eu espiritual'‖.
O Sr. Harrison acrescenta:
“Pensei que fosse uma brincadeira de John King e não continuei o
diálogo. Sempre me lamentei por isso, agora que sabemos que em grande
número de manifestações espíritas o duplo (parte do próprio eu) manifesta
um papel importante”.
É que pode tomar-se a sério que numerosas e diferentes forças do ―além‖
dominam o ser humano? (Kali, Shiva… no Tantrismo
SUCESSIVAS MÁSCARAS DESMASCARADAS
Estas confissões -os fatos de o próprio inconsciente tirar a máscara- são
freqüentes.
Extrato de um longo relatório estenográfico (com referência a mim -Pe.
Quevedo-. Convido o leitor a ir vendo nas entrelinhas o modo pelo qual a
voz da consciência cristã, osuperego na nomenclatura de Freud, o
inconsciente, adota diversos disfarces, mas vai se traindo ou demonstrando,
até ficar claro, que tudo é mesmo parte da própria ―RS‖. A interpretação é
claríssima, à medida que as prosopopéias vão caindo. Sessões com a mal
chamada ―brincadeira‖ do copo que desliza sobre a tábua de letras (=
paracinesia, que de brincadeira não tem nada e já enfiou muitas pessoas no
manicômio).
“Peço sigilo do nome. Minhas iniciais sempre usadas são RS”.
1 ª sessão:
“Eu estava fisicamente debilitada por excesso de serviço, pouco sono e
notícia de falecimento de pessoa querida em circunstâncias trágicas”.
Situação apta às dissociação da personalidade em pessoa, como RS, já
bastante predisposta.
RS: “Quem és? És um espírito?”
Copo: “Não; (sou uma) mente viva. Eu venho do P…” (incompreensível)‖.
RS: “É outro planeta?”
Copo: “Sim, distante 700 anos-luz. Eu vejo a Terra através dos teus olhos”
(…)
Exato. Trata-se de visões dos próprios médiuns.
Copo:… “durante os meses de agosto, setembro e abril”.
RS: “Por que somente nesses meses?”
RS: “Porque no ar que teu corpo pode respirar, de que teu corpo precisa
para ver, fugu…”(incompreensível).
Manifesta fuga, por não ter o inconsciente encontrado uma resposta lógica.
Temos, na primeira sessão, a negação expressa de ser um espírito de morto.
Afirma claramente que se trata de um ser vivo. Em outro planeta? Essa é a
primeira máscara, que não mais porá, pois logo foi substituída.
2 ª sessão:
RS: “Tens certeza de que não és espírito?”( de um morto).
Copo: “Não; sou um ser vivo inorgânico”.
Um ser vivo inorgânico e pensante é um ser unicamente espiritual. São
chamados anjos ou demônios.
Confirma e explica melhor a máscara da sessão anterior: ―Uma mente
viva‖. Corresponde também perfeitamente ao inconsciente de RS, mas
ainda mascarado.
3 ª sessão:
A respeito de um filho falecido de José Luiz , “meu „marido‟ ilegítimo há
oito anos, embora ele viva com a esposa legítima com separação de
corpos”:
RS: “Será que o filho pagou com a vida porque nós, o pai dele e eu,
estamos errados?”
Copo: ―Não. Foi inevitável. Ele é um anjo‖.
Clarissimamente os remorsos de consciência de RS.
Mas na máscara, nova precisão. Descartados, portanto, os anjos e demônios
propriamente ditos ou no sentido judeu-cristão. Ainda não descartados
anjos e demônios no sentido espírita (espíritos bons e maus, de mortos!).
Várias sessões:
“Disse-me: „RS, eu te amo com amor de irmã‟. Desde então ao referir-me
à comunicante digo ela, não ele”.
Exato!:
‖ Ela sempre falava de Deus”.
Descartado, portanto, o demônio no sentido espírita. Encaixa-se, porém,
como símbolo da consciência de RS…
“Numa ocasião ela disse: „Todos terão paz‟ ao que eu respondi que após a
morte teremos paz. A resposta foi: „Isso é que não; nem todos terão paz.
RS, esteja com Deus, sempre com Deus, que José Luiz esteja com Deus”.
São os conceitos católicos da voz da consciência arquivados no
inconsciente de RS.
Meses depois. 15 ª sessão:
“Sinto meu corpo amolecer completamente. E então, de olhos fechados, vi
uma luz tão intensa e senti uma alegria infinita como nunca antes vira,
nem sentira. E ouvi dentro de minha mente que ela me dizia: „Filha, eu te
quero assim como és‟. Depois de me recuperar senti e compreendi que era
voz e a presença de Deus”.
“De noite, ouvi dentro de mim a voz que me dizia: agora verás a outra
parte. Não dormi a noite toda. Tive visões de uma tristeza infinita. A voz
disse: „Esta é a ausência de Deus'”.
O ser feminino espiritual, que primeiro era habitante de outro planeta e
depois mulher ressuscitada, agora seria nada menos que Deus! Na realidade
sob a máscara de revelação divina aparecem as reflexões da consciência de
RS a respeito da felicidade no céu e da tristeza no inferno: a presença e a
ausência de Deus nos ressuscitados.
16 ª sessão:
“As letras marcadas pelo copo escreveram: „A tua vaidade te perdeu.
Serias condenada, mas Deus te perdoou. A dor profunda do teu
arrependimento te salvará, te beatificará: te fará feliz. Tua irmã também
será beatificada: feliz'”.
“Não consegui repousar. Nunca em toda minha vida senti tamanha dor,
tamanho remorso, nem me senti tão indigna. Chorei a noite toda, rezei
sofrendo horrivelmente. Mais tarde, enquanto rezava, vi uma poderosa luz
na cortina e ouvi que a luz me dizia: „Filha, já te disse que te perdoei, por
que te martirizas tanto?‟ É que eu me achava indigna de perdão.
Compreendi a misericórdia infinita de Deus”.
O ―outro eu‖ inconsciente, o ―secundus‖ da própria RS refletindo e
manifestando-se ao consciente, ―primus‖. Sob a prosopopéia de ser Deus,
está o remorso e por fim a confiança de RS na bondade de Deus.
Após o clímax da tensão nervosa, após a reação confiando no perdão de
Deus, as máscaras vão caindo, o inconsciente começa a contradizer-se ou
trair-se:
“Durante a época que se seguiu me senti bem, calma, melhor de saúde e
muita paz de espírito foi se desenvolvendo dentro de mim…”
Exato.
“…e compreendi certas coisas com mais precisão. Por exemplo, senti
dentro de minha mente as palavras: „Eu sou você e você sou eu‟ “.
Agora é que caiu a máscara plenamente! E RS ficou um tanto
desconcertada.
RS: “Quem és?”
Copo: “Zenda”.
Tentativa de nova máscara.
RS: “Quem é Zenda?”
Copo: “Pergunte a seu próprio ser “.
De nada adiantou a tentativa de mascarar-se de novo.
“No dia seguinte, rezei muito e pedi a Deus que me orientasse (…) Passei
duas semanas sem dormir (…) Um Domingo procurei o Pe. Quevedo e
expus meu caso”.
O caso é que RS achou que deveria fazer mais uma consulta ao copo, para
checar as minhas respostas… Observe o leitor como o copo reflete
claramente as dúvidas da própria RS a respeito das minhas explicações:
Copo: “Rs, o padre não tem razão. Os milagres existem”.
Sempre acreditei e defendo cientificamente os milagres. RS é que pensava
erroneamente que a ―brincadeira do copo‖ seria milagre!, e que negando-o
eu, seria porque não acreditasse em milagres.
RS: As respostas e as visões surgiram da minha mente?”
Copo: ” Sim , mas por permissão de Deus. Eu sou você . Eu sou sua visão
do futuro (= Pcg). RS tem de ser uma. RS não deve ser duas. Uma
personalidade só. RS tem seu eu e pode dividir-se em duas!”
Bem entendidas as minhas explicações.
RS: “Posso voltar a falar contigo em Abril?”
Copo: “Podes optar por seguir teu Deus, ou podes seguir um deus ateu”.
“Compreendi que com a expressão „deus ateu‟ se referia ao copo, porque
o Pe. Quevedo disse ser superstição e tentativa de magia própria dos
pagãos”.
RS: “Não usarei mais o copo”.
Copo: “Sim. E Deus estará com você”.
“Atualmente freqüento um curso de Parapsicologia” (pós-graduação no
CLAP )
Com estudo e terapia rápida acalmou-se o inconsciente e reestruturou-se a
personalidade.
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