Os Maias Episódios da Vida Romântica
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PORTUGUÊS M8Textos Narrativos/Descritivos e Textos Líricos
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OS MAIASEpisódios da Vida Romântica
Publicados em 1888
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EÇA DE QUEIROZ
Póvoa de Varzim, 1845Paris, 1900
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Fixar o essencial
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Geração de 70
foi também uma…
Problemática
Atitude mental
Interrogação sobre a
identidade nacional
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1.A Questão Coimbrã preparou terreno para o
aparecimento do Realismo, pois agitou as classes
cultas e políticas do país.
2.As “Conferências do Casino” inauguraram o
Realismo, lançando ao país os objetivos e as bases
da nova estética.
3.O realismo deve ser objetivo – o “eu” deve
distanciar-se e evitar a intromissão do sentimento.
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4.O realismo é uma nova expressão de arte. O Romantismo foi
a apoteose do sentimento, a expressão do individual; o
Realismo é a análise tendo em vista a verdade absoluta, a
representação mimética objetiva da realidade exterior, a
anatomia do caráter.
5.A literatura realista deve banir o excesso de sentimento e a
retórica oca e superficial, isto é, abandonar o Romantismo.
6.“É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprios olhos […], para condenar o que houver de mal na
nossa sociedade.”
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7.O realismo deve aliar-se ao naturalismo; os romances são
construídos para provar determinadas teses, sobretudo o
determinismo que julgavam dirigir todos os comportamentos.
8.O realismo pretende a reforma social; é necessário criticar o
que está mal na sociedade: o ócio da alta burguesia, a
depravação do clero, a ignorância da classe política, a
educação retrógrada da juventude, os maus costumes, a
imoralidade, os vícios e as taras.
9.A obra literária deve ser o reflexo da realidade.
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A Ação
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A ação trágica
O desfecho anunciado, a força do
destino e os presságios
Guimarães simboliza o destino (Anankê) – o seu aparecimento
fortuito altera radicalmente a vida das personagens e origina o luto da
família Maia.
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DIMENSÃO TRÁGICA
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Ação principalCarlos
vê Maria
Eduarda acompanhada
por Castro Gomes
Carlos declara a
sua paixão a
Maria Eduarda
e percebe
que é recíproca
Consumação do incesto
Guimarães revela a Ega a
identidade de
Maria Eduarda
Carlos realiza o incesto
de forma conscient
e
Afonso morre
Maria Eduarda
parte para Paris
Carlos Viaja pela
Europa durante 10 anos
Carlos volta a Portugal,
defendendo uma teoria de existência – o
fatalismo muçulmano
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Ação Secundária
Pedro conhece
Maria Monforte
Namoro entre Pedro
e Maria
Casamento de Pedro da Maia e Maria Monforte,
ainda que contra a
vontade de Afonso – rutura
na relação pai/filho
Fuga de Maria Monforte com o
napolitano Tancredo, que Pedro ferira
involuntariamente e que
recolhera em sua casa (Maria leva consigo a filha e deixa
Carlos entregue ao marido)
Suicídio de Pedro
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PARALELISMO ENTRE AÇÃO PRINCIPAL E SECUNDÁRIA
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O Tempo - cronológico
1. Introdução (5 pp.): marco inicial da ação; o Ramalhete; Afonso.
2. Preparação (cerca de 85 pp.):a.juventude de Afonso;b.infância de Pedro;c.juventude, amores e suicídio de
Pedro;d.infância e educação de Carlos;e.Carlos estudante em Coimbra; f.primeira viagem de Carlos.
3. Ação (cerca de 590 pp.).
4. Epílogo (cerca de 27 pp.):a.viagem de Carlos e do Ega (1877-
78);b.cenas da estada de Carlos em
Lisboa, oito anos depois (1887).
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O tempo – histórico
3 GERAÇÕES DA Família MAIAGERAÇÃO DE AFONSO DA
MAIA
- A geração das lutas liberais e absolutistas (que opuseram D. Pedro a D. Miguel) e que
corresponde, na obra, à juventude de Afonso GERAÇÃO DE PEDRO DA MAIA
- A geração ultrarromântica, a que pertence Pedro da Maia e que sobreviverá na figura de
Alencar
GERAÇÃO DE CARLOS DA MAIA
- A geração do Portugal da Regeneração, aquela em que
Carlos se insere e que continua os ideais da 1ª
geração romântica, pela sua necessidade de renovação da sociedade portuguesa e pelo papel que é atribuído à
arte enquanto elemento dinamizador dessa
regeneração, após um período de estagnação
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O Espaço
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O Espaço
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O Espaço físico
• O Ramalhete• A Toca• A casa de Maria Eduarda• A Vila Balzac
A Casa Ramalhete não existe, mas é possível imaginá-la como seria nessa rua
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O Espaço social
Época da Regeneração
E
Meio social lisboeta
Figurantes Ambientes
Personagens planas Contraste ser/parecer
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Figurantes
1. Tomás de Alencar – o Ultra-romantismo
2. Conde de Gouvarinho – o poder político
3. Cohen – o poder económico
4. Palma “Cavalão” e Neves – o jornalismo
5. Dâmaso Salcede – os vícios e os defeitos da Lisboa da Regeneração
6. Eusebiozinho – a educação à portuguesa
7. Cruges
8. Craft
9. Outros figurantes: Taveira (empregado no Tribunal de Contas/ócio); Sousa
Neto (representante da Administração Pública/mediocridade intelectual);
condessa de Gouvarinho (adultério)
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Ambientes
Mais tarde abordados na Crítica S
ocial
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O Espaço psicológico
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AS PERSONAGENS
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Personagens de maior evidência
1. Afonso da Maia
Afonso representa simbolicamente a integridade moral e a
retidão de caráter. Defensor dos ideias liberais durante a
juventude, Afonso é o reflexo de um passado áureo que
corporiza a incapacidade de regeneração do país. Vítima da
moral, Afonso sucumbe ao tomar conhecimento da relação
incestuosa do neto: Carlos da Maia.
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Personagens de maior evidência
2. Pedro da Maia
Filho único de Afonso da Maia e de Maria
Eduarda Runa, simboliza a geração
ultrarromântica. Educado segundo os
valores tradicionais, baseados na
religião institucional, Pedro, de caráter
débil e melancólico, revelará a sua
incapacidade de reação perante a
adversidade, optando pelo suicídio.
![Page 29: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/29.jpg)
Personagens de maior evidência
3. Maria Monforte
É uma mulher egocêntrica, amante do luxo do fausto, que
revela a sua insatisfação e o seu caráter volúvel ao abandonar
o marido e o filho.
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Personagens de maior evidência
4. Carlos da Maia
Carlos é o protagonista da obra. Descrito como um jovem
cavaleiro da Renascença, Carlos da Maia representa o Portugal
da Regeneração que, apesar da enunciada revolução de
mentalidades, não consegue reinventar-se de acordo com os
ideias da Geração de 70. Dândi e diletante, Carlos sucumbe
rapidamente aos encantos da inatividade e acaba por ser
absorvido por uma vida social e amorosa que originará a
frustração das suas capacidades. Após a desilusão amorosa,
defende o fatalismo muçulmano como forma de sobrevivência.
![Page 31: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/31.jpg)
Personagens de maior evidência
5. Maria Eduarda
Representa o arquétipo do feminino na sua
dupla aceção,
isto é, se, por um lado, Maria Eduarda alia a
perfeição física à faceta humanista que a
aproxima de Afonso (na opinião de Carlos),
por outro, simboliza o elemento feminino que
destruirá, definitivamente, o universo
masculino da família Maia.
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Personagens de maior evidência
6. João da Ega
É o melhor amigo de Carlos e será também o mensageiro da verdade revelada
por Guimarães. Representa o intelectual dos grandes ideais que não chegam a
concretizar-se. Partidário do Realismo e Naturalismo, Ega é irónico, irreverente
e crítico da sociedade. Assume-se como dândi excêntrico e exuberante.
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Outras personagens / personagens tipo
1. Castro Gomes – elemento catalisador da catástrofe ao introduzir Maria
Eduarda na sociedade portuguesa.
2. Craft – assume o seu diletantismo e ociosidade. Amante do belo, é um
símbolo da época em que vive.
3. Cruges – representa o músico idealista que tenta sobreviver na acefalia
nacional. É esmagado pela mediocridade do país.
4. Guimarães – tio de Dâmaso Salcede. É o depositário da desgraça da
família Maia, pois é ele que revela a identidade de Maria Eduarda.
5. Os Vilaça – procuradores da família Maia. Vilaça filho é o mensageiro da
desgraça, uma vez que substitui João da Ega na revelação da verdadeira
identidade de Maria Eduarda a Carlos da Maia.
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Outras personagens
6. Tomás de Alencar – simboliza o ultrarromantismo, a estagnação
intelectual e a recusa das novas ideias. Defensor da moral e bons
costumes, é um elemento referencial do passado de Carlos, enquanto
representação da memória de Pedro da Maia.
7. Eusebiozinho – representa as vítimas da educação tradicional, que o
tornará influenciável e cobarde. Socialmente apagado e moralmente
fraco, opõe-se a Carlos desde a infância.
8. Conde de Gouvarinho – representa o Portugal velho e conservador.
9. Steinbroken – visão dos estrangeiros face à complexidade nacional.
10. Sousa Neto – representa a Administração pública. Ignorante e vaidoso.
11. Jacob Cohen – alta finança nacional. Vaidoso, não percebe a relação
adúltera da mulher com Ega.
12. Taveira – amigo dos Maia. Representa a ociosidade da aristocracia
nacional.
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Outras personagens
12. Dâmaso Salcede – é a personagem mais execrável: mesquinho, cobarde,
egoísta e egocêntrico, simboliza o que há de pior na sociedade portuguesa.
13. Condessa de Gouvarinho – mulher fútil, que despreza o marido pela sua
precaridade económica. Paixão obsessiva por Carlos. Procura emoções fora do
casamento.14. Raquel Cohen – mulher romântica
que se entrega com paixão a uma
relação adúltera, mas que, na
realidade, ama o marido.
15. Palma Cavalão e Neves – meio
jornalístico parcial e corrupto.
![Page 36: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/36.jpg)
A Crítica social
![Page 37: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/37.jpg)
Jantar no Hotel Central – Cap. VI- Tinha como objetivo homenagear Cohen, da parte de Ega, apesar de ser uma homenagem irónica, pois Ega andava a cortejar a mulher de Cohen.
- Apresentar Carlos à sociedade lisboeta.
- Durante as conversas entre os amigos, apercebemo-nos que Alencar defende o Romantismo, enquanto que Ega é um defensor do Realismo, achando que a realidade deve ser descrita tal como ela é.
- Craft não gostava do facto de o naturalismo expor a realidade das coisas num livro.
![Page 38: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/38.jpg)
Jantar no Hotel Central – Cap. VI
- Para além de questões literárias, os amigos discutiram também política: Ega era um anarquista, que desejava que houvesse uma revolução provocada pela Bancarrota que se previa. Afastava-se da monarquia.
- Dâmaso revela-se um cobarde, pois admite que, no caso de uma revolução, fugiria para Paris. Há também um bajulamento de Dâmaso em relação a Carlos.
- Há uma conversa entre Carlos e Dâmaso sobre a Sra. Castro Gomes, a “bela senhora” que Carlos tinha visto à porta do Hotel Central. Dâmaso conta-lhe que é uma senhora chegada de Bordéus, residente em Paris.
- É feito um retrato de Portugal na altura: “Lisboa é Portugal! (…) Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e São Bento!...”
![Page 39: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/39.jpg)
Corrida de Cavalos – Cap. X- Afonso achava que, para se ser um verdadeiro patriota, devia fazer-se uma tourada e não uma corrida de cavalos.
- Pretendia-se que estas corridas mostrassem uma sociedade civilizada e evoluída, no entanto há situações que revelam falta de civismo: há uma gritaria à porta do hipódromo, porque as pessoas não estavam habituadas a estes eventos.
- Crítica às corridas: visão caricatural – 1) o hipódromo parecia um palanque de arraial; 2) as pessoas não sabiam ocupar os seus lugares; 3) as senhoras traziam vestidos sérios de missa; 4) o bufete tinha um aspeto nojento; 5) a corrida termina numa cena de pancadaria; 6) as 3ª e 4ª corridas acabam de forma grotesca.
- Presságio de desgraça: Carlos tem sorte ao jogo, logo azar ao amor.
![Page 40: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/40.jpg)
Corrida de Cavalos – Cap. X- Fracasso total dos objetivos das corridas de cavalos: radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta; o verniz da civilização estalou completamente.
- Crítica às mulheres: ousadia da Gouvarinho em convidar Carlos para ir com ela a uma estalagem em Santarém.
- Contraste entre o SER e o PARECER: a sociedade lisboeta queria parecer civilizada, mas na realidade ainda era bastante provinciana.
![Page 41: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/41.jpg)
Sarau na Trindade – Cap. XVI- Aparecimento de Guimarães
- Ausência da família real no Sarau
- Crítica a Rufino: “Anjo da esmola” revela falta de originalidade, recurso a lugares-comuns (coisas muito vistas)
- Encontro entre Ega e Guimarães para falarem sobre a carta de Dâmaso, que envergonhou toda a família
![Page 42: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/42.jpg)
Sarau na Trindade – Cap. XVI- É neste momento que Guimarães faz uma revelação a Ega: diz que tem um cofre que, segundo a mãe de Carlos, de quem foi íntimo em Paris, tem documentos importantes. Pede então a Ega que entregue este cofre a Carlos ou à irmã, Maria Eduarda.
- Ega fica estupefacto com esta revelação e, incapaz de ser ele a revelar a verdade hedionda a Carlos, vai ter com Vilaça e conta-lhe toda a história sobre esta irmã de Carlos, de quem tomou conhecimento agora.
![Page 43: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/43.jpg)
Episódio final – Cap. XVI- Conclusão do romance
- Adormecimento, estagnação de Lisboa e do país. Referência a 2 tipos de vadios: vadios mendigos e vadios ociosos. As pessoas estavam indiferentes ao progresso.
- Diferença entre o ser e o parecer: vestiam-se à moda mas ainda estavam muito atrasadas.
- Eça escolhe o Largo de Camões (Renascimento) para contrastar com a estagnação evidente em Portugal. Já o Chiado representa Portugal do presente.
- Crítica aos hábitos do povo: más-línguas e jogar às cartas.
- O Ramalhete está agora vazio e sem albergar os Maias – sinédoque do país, atingido pela destruição e abandono.
![Page 44: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/44.jpg)
Episódio final – Cap. XVI- No final, Carlos e Ega acabam por concordar que não vale a pena correr por nada, “Nem para o amor, nem para a glória, nem para o dinheiro, nem para o poder…”
- No entanto, e por contraste, acabam os dois a correr para apanhar o elétrico.
![Page 45: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/45.jpg)
O NARRADORCiência: Omnisciente
Focalização: Interna
![Page 46: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/46.jpg)
Capítulos I e II
A ação do romance inicia-se no Outono de 1875, quando
Carlos já está formado em Medicina. O narrador procede a
uma analepse (recuo temporal) para dar a conhecer os
antecedentes de Carlos.
Recua 55 anos (1820). O discurso é muito menor que a
extensão da história, porque o narrador, sendo
omnisciente, recorreu a uma redução temporal, realizada
por sumários e elipses.
![Page 47: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/47.jpg)
Capítulos I e II…continuação
Durante a analepse são narradas duas histórias: a de Afonso
da Maia e a de Pedro da Maia. A 1ª tem dois objetivos:
apresentar dois espaços históricos, sociais e culturais (o
espaço miguelista a que se ligou Caetano da Maia e o espaço
liberal a que se ligou Afonso da Maia); mostrar Mª Eduarda
Runa presa a um catolicismo retrógrado e ligada a uma
misteriosa doença – doença e religião que a consumirão e
marcarão o seu filho, Pedro.
![Page 48: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/48.jpg)
Capítulos I e II…continuação
A história de Pedro da Maia e de Maria Monforte constitui a
intriga secundária, de índole naturalista. O percurso biográfico
e amoroso de Pedro só é explicável à luz dos fatores
naturalistas: raça, educação e meio.
Raça – paralelismo entre a mãe e o filho; Educação – a mãe
escolhe para ele uma educação dada por um padre, que lhe
impede o desenvolvimento físico, moral e intelectual, tornando-
o um “fraco em tudo”; Meio – ambiente moralmente baixo.
![Page 49: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/49.jpg)
![Page 50: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/50.jpg)
Capítulos III e IV A educação de Carlos foi feita sob a orientação
do perceptor inglês Mr Brown, por ordem de
Afonso da Maia. Há claras diferenças entre os dois
tipos de educação presentes neste capítulo: à
portuguesa (Eusebiozinho) e à inglesa (Carlos). O
narrador, sempre crítico, opta pela educação à
inglesa.
Estamos perante dois modelos de país: um voltado
para o passado e outro voltado para o futuro.
Estudante em Coimbra, Carlos depressa mostrou a
sua tendência para o romantismo sensual,
entregando-se a duas ligações amorosas. Herança
do pai? Da mãe? Da ausência de educação moral
e religiosa?
![Page 51: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/51.jpg)
Capítulos III e IV…continuação Carlos liga-se, em Coimbra, aos mais revolucionários e sobretudo a
João da Ega, que será seu eterno amigo e confidente.
O narrador opta por uma caracterização indireta, fornecendo
apenas o essencial sobre Carlos, deixando para o leitor o papel de
completar a caracterização.Educação “à inglesa” - Carlos Educação “à portuguesa” - Eusebiozinho
Contacto com a naturezaExercício físico
Aprendizagem de línguas vivasRigor – método – ordem
Valorização da criatividade e juízo críticoSubmissão da vontade ao dever
Alma sã em corpo são - equilíbrio
Permanência em casaContacto com livros velhos
Aprendizagem de línguas mortasSuperproteção
Valorização da memorizaçãoSuborno da vontade pela chantagem
afetiva
Alma doente em corpo doente - sentimentalismo
![Page 52: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/52.jpg)
“Carlos partira para a sua longa viagem pela Europa. Um ano passou.
Chegara esse Outono de 1875: e o avô, instalado enfim no Ramalhete, esperava por ele ansiosamente.”
Fim da grande analepse
![Page 53: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/53.jpg)
Capítulos V e VI
Ociosidade – parasitismo social de quem consome e nada
produz, gastando o tempo em ócios supérfluos. Afonso da
Maia, Steinbroken (um embaixador inútil que passa a vida em
serões) e outros entregam-se ao jogo.
Carlos estava “indolente e bocejando” – verbo que caracteriza
os seus projetos. Ega abandonara os seus projetos também,
mais interessado no seu caso de adultério elegante com a
Cohen. Carlos e Ega são a projeção da ineficácia prática da
Geração Revolucionária de Coimbra e a frustração (ideal vs
realidade).
![Page 54: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/54.jpg)
Capítulos V e VI…continuação
O jantar no Hotel Central – “Episódios da Vida
Romântica”: retratar a sociedade lisboeta e apresentar
Carlos. Neste episódio desfilam perante Carlos os
principais protagonistas e problemas da vida social,
política e cultural da alta sociedade lisboeta: a crítica
literária, a literatura, a História de Portugal, as finanças
e a economia. Todos estes temas são objeto de
discussão que acaba em desacato, denunciando a
fragilidade moral dessa sociedade que pretendia
apresentar-se como civilizada.
Carlos vê pela 1ª vez “a sua deusa” e sonha com ela nessa
noite – dimensão onírica.
![Page 55: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/55.jpg)
Capítulos VII Três personagens em evidência: Carlos, Dâmaso e
Ega.
Carlos sente-se condenado ao diletantismo – o
meio empurra-o para a inatividade.
Carlos é uma personagem modelada: adensa-se,
divide-se entre a idealização amorosa da “deusa” e
o desejo sensual da Gouvarinho.
Dâmaso tenta colar-se a Carlos – o narrador
ridiculariza-o.
Ega escreve um artigo para a “Gazeta”, elogiando
Cohen, em estilo “emplumado e cantante” - Ega
contraditório.
![Page 56: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/56.jpg)
Capítulo VIII Viagem a Sintra: a busca (frustrada) da felicidade.
A viagem de Carlos a Sintra à procura de Maria Eduarda é
motivo para a apresentação de vários temas:
Viagem circular – eterno retorno
Dura 1 dia – brevidade do tempo, da vida, da relação
amorosa
Desilusão – indício da teoria de que nada vale a pena
Elogio do campo
Os contrastes: a “deusa” e as queijadas; a “deusa” e as
prostitutas espanholas
A desculpabilização do indivíduo para não fazer nada (típico
português)
O romantismo de Alencar vs o realismo de Cruges
![Page 57: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/57.jpg)
Capítulo IX Indícios negativos: dia amanheceu triste, Carlos sentia-se uma
ruína.
Dispersão espacial: Ramalhete, Hotel Central, casa dos Cohen,
Quinta do Craft, Aterro, Vila Balzac, casa dos Gouvarinhos.
Ritmo lento da intriga, mas que permite apresentar indícios
para a evolução da ação:
A espada de Ega (separação de Raquel)
O sofá (leito de amor)
Olhos da mãe negros (possível consanguinidade)
Baile de máscaras (oposição entre o ser e o parecer)
Exílio do Ega em Celorico de Basto (purificação no campo)
![Page 58: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/58.jpg)
Capítulo IX…continuação
Carlos visita Rosa
Carlos deixa-se arrastar pela Gouvarinho
– ambiguidade sentimental
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Capítulo X
![Page 60: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/60.jpg)
Capítulo X
As corridas de cavalos são o episódio onde é
caracterizada, de forma especial, a sociedade feminina
que vem no High Life. Tinham como objetivo dar à capital
uma atmosfera cosmopolita, idêntica a outras capitais
europeias. São criticados os seguintes aspetos: a
importação de modas estrangeiras e a incapacidade de
adaptação dos portugueses ao evento; inadequação dos
trajes à ocasião; o tédio e o desinteresse evidenciados
pelo público; a falta de desportivismo e a tendência para a
vulgaridade.
![Page 61: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/61.jpg)
Capítulo X…continuação
As corridas terminam de forma grotesca e caricatural, pondo
a nu a contradição entre o ser e o parecer: imitação do que
se fazia lá fora (Londres, Paris). Estalar do verniz postiço da
civilização.
Indícios: Carlos é feliz no jogo – azar no amor; desilusão – não
encontra a “deusa”
O bilhete vindo da brasileira marca uma viragem definitiva no
curso da intriga.
![Page 62: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/62.jpg)
As corridas e a sociedade
Ela e Carlos
Visão caricatural:- O hipódromo,
improvisado, parecia um palanque real
- As pessoas não sabiam ocupar os seus lugares- As senhoras traziam
vestidos de missa- O bufete tinha um aspeto
nojento- A 1ª corrida terminou
numa cena de pancadaria
Provincianismo snob
- Ela não apareceu – desilusão
- Chegada da Gouvarinho- Sorte de Carlos no jogo- Dâmaso com notícias
dela.
![Page 63: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/63.jpg)
Carlos em casa de Madame Castro Gomes,
Maria Eduarda: um percurso no interior e na
intimidade
A intriga começa agora!
Heróis: Carlos e Maria Eduarda. Oponentes:
Dâmaso e Afonso da Maia. Adjuvante: Ega.
O 1º encontro de Carlos com Maria Eduarda
está cheio de indícios: Nomes semelhantes,
3 lírios murchos = 3 gerações dos Maias, a
semelhança entre ela e o avô, entre outros.
Capítulo XI
![Page 64: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/64.jpg)
Da Rua de S. Francisco para os
Olivais – a Toca: da declaração ao
incesto
Jantar em casa dos Gouvarinho.
Alvos visados: o conde de
Gouvarinho e Sousa Neto.
Objetivos: radiografar a ignorância
das classes dirigentes.
Capítulo XII
![Page 65: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/65.jpg)
Superficialidade dos juízos dos mais destacados funcionários do
Estado: incapacidade de diálogo por manifesta falta de cultura.
A personagem central vai-se aprofundando na divisão interior:
mantem os encontros amorosos com a Gouvarinho e os amores
platónicos com Maria Eduarda. Vai cedendo cada vez mais ao
seu romantismo – nem ouve Maria Eduarda quando esta lhe
quer contar algo.
Carlos declara-se, dá-lhe o 1º beijo e aluga a casa no campo (a
Toca) para Maria Eduarda.
Capítulo XII…continuação
![Page 66: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/66.jpg)
Os lugares que fazem evidenciar as ruturas:
No Ramalhete – Carlos recebe uma carta da Gouvarinho em
que se queixa de este ter faltado ao rendez-vos em casa da
titi, vendo nisso uma ofensa.
Para o Grémio pela Havanesa “O Dâmaso anda por aí, por
toda a parte, falando de ti e dessa senhora, tua amiga…A ti
chama-te “pulha”, a ela pior ainda.”
No Chiado – Carlos ameaça Dâmaso de lhe “arrancar as
orelhas”
Capítulo XIII
![Page 67: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/67.jpg)
A casa alugada nos Olivais a Craft por Carlos passa a ser o
espaço privilegiado da intriga.
São cada vez mais evidentes os indícios disfóricos desta relação:
os boatos baixos do Dâmaso, os insultos da Gouvarinho à
Brasileira, as múltiplas conotações negativas e trágicas do
espaço da Toca, o próprio nome dado à casa, etc.
Capítulo XIII…continuação
![Page 68: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/68.jpg)
![Page 69: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/69.jpg)
A ida de Afonso para Santa Olávia favorece os amores de Carlos.
O avô continua a ser o espinho, a perturbação essencial desta
relação.
O plano da fuga de Carlos e Maria Eduarda está cheio de indícios
de desgraça pela semelhança já referida com o de sua mãe.
A noite do incesto involuntário: indício simbólico da tempestade.
Capítulo XIV
![Page 70: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/70.jpg)
Carlos e Maria Eduarda visitam o Ramalhete numa espécie de
simbólica receção nupcial.
A semelhança entre Carlos e a mãe de Maria Eduarda simbolizam
a hybris (desafio).
As revelações de Castro Gomes funcionam como o indício da
anagnórise (reconhecimento): este declara que “aquela senhora”
não era a sua mulher, mas sim alguém a quem ele pagava em
troca de companhia.
A história de Maria Eduarda é, primeiramente, contada por
Melanie a Carlos e, depois, pela própria Maria Eduarda.
Capítulo XIV
![Page 71: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/71.jpg)
![Page 72: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/72.jpg)
Na Toca: a história de Maria Eduarda. Nascera em Viena, que
pouco recordava; fora educada no convento, perto de Tours, até
aos 16 anos; depois no Parque de Monceaux, numa casa de jogo
e prostituição, sob o jugo de Mr. de Trevernnes; arruinada a mãe,
foi para Fontainebleau com Mac Gren; da ligação amorosa nasce
Rosa; rebentara a guerra com a Prússia e Mac Gren alistara-se;
partiu com a mãe para Londres e caíram na miséria; Mac Gren
morreu e voltaram a Paris, onde rebentou a Comuna; novamente
na miséria, foram salvas por Castro Gomes. ANALEPSE
Capítulo XV
![Page 73: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/73.jpg)
Na Toca: Carlos e Ega discutem e recordam planos. Carlos e Maria
Eduarda projetam: fugir para Itália, mas encontram o “espinho” do
avô; casar secretamente e apresentar o facto consumado ao avô.
Ega aconselha Carlos a esperar pela morte do avô.
O problema da Corneta do Diabo: Ega comprou toda a tiragem; Palma
Cavalão denuncia Dâmaso e, subornado, fornece as provas.
Capítulo XV…continuação
![Page 74: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/74.jpg)
Em casa de Dâmaso. Dâmaso, acovardado, escreve uma carta
rascunhada por Ega: desculpa-se com o argumento ridículo da
bebedeira crónica e hereditária.
No jornal “A Tarde”. Ega, furioso por ver Dâmaso e Raquel no S.
Carlos, decide destruí-lo utilizando a carta.
Capítulo XV…continuação
![Page 75: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/75.jpg)
O Sarau da Trindade, onde se dá a anagnórise da tragédia.
Oradores: Rufino – aclamado pelo público tocado no seu
sentimentalismo ainda muito romântico. Alencar – poeta
ultrarromântico, aclamado vivamente pelo público. Cruges –
fiasco total, o público preferia um fadinho de Lisboa.
Capítulo XVI
![Page 76: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/76.jpg)
Anagnórise: Ega – Guimarães – Largo
do Pelourinho
Ega pensa em empurrar tudo para o
Vilaça. Solução provisória: “Amanhã
logo se verá.”
Capítulo XVI
![Page 77: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/77.jpg)
A anagnórise é feita progressivamente: Ega revela o conteúdo do
cofre a Carlos, Carlos a Afonso.
A transgressão dura ainda 5 dias, o que vai contra a unidade de
tempo das tragédias.
Carlos comete incesto voluntário. O pathos instala-se a partir da
quarta noite quando Carlos toma consciência das consequências
dos seus atos. Carlos não se preocupa com qualquer problema
moral ou religioso, apenas sente um tédio mortal.
Capítulo XVII
![Page 78: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/78.jpg)
![Page 79: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/79.jpg)
Afonso morre, no meio do jardim que
sempre amara: não resistiu a esta
desgraça. A catástrofe atinge mais
duramente o avô, em vez do transgressor.
Ega revela a Maria Eduarda o conteúdo dos
documentos do cofre. Esta é também
atingida pela catástrofe. Maria Eduarda
parte para Paris, numa situação que mais
se parece com um funeral.
Capítulo XVII…continuação
![Page 80: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/80.jpg)
DOIS PERCURSOS
![Page 81: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/81.jpg)
O Espaço – de Londres para a América. Ega e Carlos seguem para
Londres e depois para a América do Norte. Ega volta ano e meio
depois, reaparecendo no Chiado.
Carlos em Paris – Carlos instala-se em Paris, nos Campos Elísios,
fazendo a vida de um príncipe da Renascença.
O Tempo – nos fins de 1886. Elipse de 10 anos. No final de 1886
sabe-se que Carlos veio fazer o Natal perto de Sevilha.
Numa manhã de 1887 – os dois amigos, Carlos e Ega, reencontram-se
em Lisboa.
Capítulo XVIII
![Page 82: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/82.jpg)
Lisboa revisitada:
Largo de Camões – nada mudara. Camões triste (séc. XVI vs
séc. XIX). A mesmice, a estagnação, a ociosidade.
Pelo Chiado – as pessoas. Dâmaso, mais velho, casado e
traído; Craft, doente e alcoolizado; o Taveira sempre com uma
espanhola.
Capítulo XVIII…continuação
![Page 83: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/83.jpg)
Pela Avenida – os prédios velhos mas repintados, a nova
geração, ajanotada, ociosa, exibicionista e postiça, o
Eusebiozinho casado com uma mulher que o desanca, o
Cavalão tornado político, o Alencar – único português genuíno.
No Ramalhete – a passagem pelo Inferno: a catarse. Um ar de
claustro abandonado. No famoso jardim, a ferrugem cobria os
membros da estátua de Vénus Citereia, o cipreste e o cedro
envelheciam juntos, na cascata a gota caía gota a gota.
Ramalhete em ruína = Sinédoque de Lisboa / Portugal
Capítulo XVIII…continuação
![Page 84: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/84.jpg)
Completo fracasso de Carlos e Ega: foi o Romantismo que sempre os
arrastou para o fracasso dos seus projetos. O Romantismo será
sempre uma das causas do atraso do país.
Os 10 anos foram um tempo catártico necessário à purificação, visível
através da passagem pelo inferno do Ramalhete = Carlos corre em
busca da vida = nada é definitivo = Portugal tem hipóteses de
modificar a sua situação = final otimista do romance.
Não houve purificação ou catarse porque Carlos regressa ao ponto de
partida: o Hotel Bragança = corre apenas para satisfazer as
necessidades biológicas = Portugal não tem futuro = o Ramalhete em
ruínas prefigura-o = final negativo do romance.
Capítulo XVIII…continuação
![Page 85: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/85.jpg)
![Page 86: Os Maias Episódios da Vida Romântica](https://reader035.fdocument.pub/reader035/viewer/2022081504/55cf385fbb61ebeb308b45eb/html5/thumbnails/86.jpg)