OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Resumo Ao analisarmos a situação...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PARANÁ
GOVERNO
DO ESTADO
GOVERNO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PROFESSORA: ROSANE BATISTA GARDA
ORIENTADOR: Dr. ANDRÉ PAULO CASTANHA
MAL ESTAR DOCENTE: interfaces entre as Políticas Educacionais e o Papel das
Famílias na Educação dos Filhos.
FRANCISCO BELTRÃO
2013
As politicais educacionais nacionais e estaduais no contexto Histórico-Politico
Do Estado Brasileiro, fundamentos princípios e processos da Gestão
Democrática da Educação
Autor Rosane Batista Garda
Disciplina/Área (ingresso no
PDE)
Gestão Escolar
Escola de Implementação
do Projeto e sua localização
Colégio estadual Santo Antão E. F. M
Município da escola Bela Vista da Caroba-Pr
Núcleo Regional de Francisco Beltrão-Pr
Educação
Professor Orientador Dr. André Paulo Castanha
Instituição de Ensino
Superior
Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste
Relação Interdisciplinar
Todas as áreas
Resumo Ao analisarmos a situação contemporânea da educação buscaremos compreender as adversidades que cercam este sistema bem como os profissionais que a ela se somam. Discutiremos quais as reais necessidades da escola, seu currículo sua estrutura, sua comunidade e de seus profissionais, buscando entender os reflexos positivos das Políticas Públicas e na maioria das vezes sua insuficiência na estrutura, financiamento, e no reconhecimento dos profissionais da educação. Somadas a estes apontamentos a participação da família na educação dos filhos. Mediante esta problemática, levar os profissionais da educação a repensar suas práticas docentes, a participação do estado como mantenedor e da família como progenitora dos valores morais e culturais na educação de seus filhos garantindo a qualidade educacional necessária a emancipação social dos indivíduos. Além de repensar as demandas de ações impostas pelo sistema, as quais dissolvem o currículo básico, em detrimento de programas de governo, alterando a função básica da escola. Isso acaba por exaurir fisicamente e mentalmente os docentes, que na ânsia de repassar aos alunos as noções básicas do conhecimento cientifico elaborado, acabam perdendo sua identidade, e por consequência adoecem, e interrompem o ciclo do conhecimento.
Palavras-chave Mal Estar Docente
Formato do Material
Didático
Caderno pedagógico
Público Alvo
Professores, pedagogos, direção e funcionários
INTRODUÇÃO
Quando analisamos nossa contribuição como agentes transmissores do
conhecimento cientifico, nos debatemos em várias questões históricas.
Questionamo-nos: a educação tem sido realmente emancipatória para todos e de
qualidade? Estamos preparados para as adversidades rotineiras? Trabalhamos em
condições dignas? Devemos aceitar faltas constantes de professores vitimados por
atestados, estruturas inadequadas, ausências de comprometimentos familiares e
sociais entre outros vivenciados pelas instituições de ensino público no país?
Ao realizarmos uma retomada no rol de conquistas da população brasileira
observamos muitos ganhos, avanços, alguns fracassos enfim, inúmeras mudanças.
Avanços que garantiram o direito de todos à educação, que responsabilizam o
estado para com as escolas, que permitiram a formação acadêmica de docentes em
níveis elevados de escolarização que possibilitaram a criação de políticas públicas
para manutenção dos bons projetos, enfim inúmeras conquistas. No entanto,
sentimos uma angústia muito grande dentro de nossas escolas, professores
doentes, escolas com recursos insuficientes, pais omissos, alunos indisciplinados,
um misto de problemas cotidianos que nos cegam para os avanços.
Discorrendo pela trajetória histórica da educação percebemos uma
modernização nos métodos, tanto disciplinares como pedagógicos. Todavia, esta
ampla liberdade, não favoreceu ao crescimento qualitativo atingido na época
tradicionalista, período elitista, porém com empenho significativo das entidades
como família e sociedade. Essa permissividade associada com a mudança de
valores sociais e morais permitiram a amplitude de atendimento e oferta de ensino,
porém agregaram a estes avanços certo descrédito com o papel social
desempenhado pelo professor.
Este profissional que permite o avanço acadêmico da população, tem se
deparado com certas limitações. Estas barreiras impostas pelo sistema econômico,
pelas relações de poder, pela carência cultural e social da população têm levado
estes profissionais a questionamentos como: o que esta acontecendo? De quem é a
culpa? Quem deve ser responsabilizado? Onde está o problema? Qual é a saída?
São tantas indagações que ofuscam a essência do ato de ensinar.
Mediante esta problemática contemporânea da escola, buscarei juntamente
com meu colegiado de professores e Conselho Escolar, que reúne
representatividade de todos os segmentos educacionais, como pais, alunos,
professores e funcionários, definir novas estratégias de trabalho. O objetivo é
articular ações envolvendo todos os seguimentos como: leituras, discussões,
debates a fim de estabelecer metas para amenizar os problemas que atingem a
educação diariamente.
A implementação de Políticas Públicas comprometidas, com o princípio da
igualdade, possibilitaram a oportunidade de acesso e permanência na escola. O
acesso e a permanência são deveres constitucionais do estado, porém,
desassistidos por muitas famílias ao ponto de abrir mão deste direito aceitando a
evasão de seus filhos dos bancos escolares. A garantia de direitos possibilitou a
educação a todos, deixando seu caráter elitista para trás. No entanto, três papéis
devem ser considerados; o da família, o dos alunos e o dos professores.
A família além de progenitora, mantenedora também tem papéis sociais além
dos afetivos. Atributos que juntamente com a escola efetivam o ato de ensinar, de
emancipar e libertar seus filhos de conflitos sociais, econômicos e culturais. Todavia,
a família não tem exercido de forma satisfatória seu papel social na educação dos
filhos, talvez esta omissão não seja escolha e sim facultada pelo sistema que cada
vez mais exige o trabalho como saída dos problemas, assim as mães que em
períodos mais remotos da história assistiam seus filhos, hoje tem divido o tempo
com outras funções.
Os alunos são os protagonistas do direito a educação. Todavia, em meio a
tanta oferta, estes jovens acabam dispersos neste universo de informações. De um
lado a escola, organizada, sistemática e um tanto seletiva. De outro, um mundo de
inovações tecnológicas, liberdade de expressão, banalização do sistema
educacional, comportamentos ecléticos e por fim uma sociedade desorientada. Em
meio a este imensurável cenário, os alunos projetam seus instintos, e revelam-se
alheios ao conhecimento e afinados aos modismos. Ao centro do espaço
educacional organizado esta o professor. Um profissional que deve prezar pela
liberdade de expressão, manter-se atualizado, atender a todas as necessidades
educacionais dos alunos, estar em tempo real acompanhando os avanços
tecnológicos, ser alegre, otimista, flexível, autêntico, humano e acima de tudo
propiciar o conhecimento aos diferentes entendimentos.
Em meio a este turbilhão de adjetivos, virtudes e atributos, muitas vezes o
professor se sente obsoleto a este nova percepção de educação. Pois, todas as
tentativas de ganhos acadêmicos de seus alunos são questionadas pelo sistema.
Parece que professores e alunos estão em universos diferentes, porém com
objetivos comuns; a aprendizagem.
Essa mudança de hábitos é sentida como desastrosa, do ponto de vista
qualitativo e emancipador. Cada vez mais as crianças/alunos têm crescido a revelia
de um padrão socialmente aceitável, onde regras, limites, normas e comportamentos
têm se tornados arcaicos ao julgo dos mesmos. Nesta aresta sentimos o
distanciamento da família. Este espaço vital no crescimento cultural dos filhos é
irrecuperável, e na maioria das vezes para diminuir os efeitos desta ausência afetiva
e cultural, o professor assume como protagonista da situação. Ao tentar suprir essa
necessidade pontual da criança, acaba por confundir a mesma de qual é realmente
o papel daquele estranho, que se torna parte da família. E este novo personagem
não é visto como educador, como transmissor do conhecimento científico. A partir
daí deflagra no inconsciente do aluno uma crise de papéis e valores. Esta crise
somada a demanda de oferta da mídia, das tecnologias, dos comportamentos
sociais transforma o aluno em meros ouvintes, com reações calculadas e de acordo
com interesse individuais.
Esta postura acadêmica do aluno ocasiona uma ruptura no canal do
conhecimento, e por consequência uma série de fatores alheios ao curso da
educação como avaliações abaixo do esperado, ações sem sucesso, trabalho
fragmentado, atividades inacabadas, alunos evadidos, e principalmente a falta de
perspectiva tanto docente quanto discente. Conforme prevê o artigo 2º da LDB:
A educação abrange os processos formativos que desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL. Lei n. 9394/96).
Fica claro pelo disposto acima que a educação é ao mesmo tempo direito e
dever de todos, todavia a amplitude desse direito e dever, muitas vezes, deixa um
vácuo de responsabilidades, e assim, ofusca o objetivo científico da educação que é
repassar o conhecimento cientifico e estimular a pesquisa.
Dentro desta concepção pretende-se estudar três tópicos: O Mal Estar
Docente, as Políticas Públicas Educacionais, e a Importância da Família na
Educação dos filhos dentro da seguinte abordagem: MAL ESTAR DOCENTE:
interfaces entre as Políticas Educacionais e o Papel das Famílias na Educação dos
Filhos.
As discussões acontecerão em Grupo de Estudos aos sábados, o qual será
certificado pela Unioeste, com carga horária de 32 horas tendo até 20 participantes,
na modalidade presencial. O grupo de pessoas envolvidas no estudo discutirá vários
temas sugeridos a partir da coleta de dados feita sobre na comunidade escolar. A
ideia é aproveitar as discussões para reestruturar o PPP e Regimento Escolar do
Estabelecimento.
O caderno didático estará organizado em três tópicos básicos, os quais irão
abordar os temas aplicados na intervenção. São eles:
Mal Estar Docente;
Políticas Públicas Educacionais;
Papel das Famílias na Educação dos Filhos.
Para abordar os temas acima citados desenvolvemos uma pesquisa com
professores, servidores da educação, pais e alunos, e a partir dos dados obtidos,
mais a realidade vivenciada pelo estabelecimento construímos o material dentro da
perspectiva de abordar os temas da pesquisa e do cotidiano escolar.
Estudaremos os seguintes textos:
1-Ser Professor: Do Mal-Estar Docente Ao Bem Estar Docente de Luiz Picado
2- Educação no Brasil
3- A Escola Real e a Escola Ideal Quanto a Sua Função Social Crítica e
Reflexiva
4- L D B – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
C F – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
E C A – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
5-Projeto pedagógico como compromisso social no contexto das políticas
educacionais neoliberais.
Além dos dados compilados na pesquisa se campo e o documentários, slides
e demais leituras dirigidas.
Após este amplo estudo, retomaremos o PPP da escola e o Regimento
Escolar, e faremos a catarse do texto atual, com nossa discussão. Após essa
análise reelaboraremos o texto do PPP e regimento, contemplando ações que
priorize o bem estar docente, a eficácia das politicas públicas no chão da escola e
uma participação efetiva de todas as famílias na educação de seus filhos.
O trabalho final resultará numa cartilha básica evidenciando cuidados básicos
com a saúde do docente, esclarecimentos sobre os financiamentos educacionais e a
importância de ações simples dos pais na vida de seus filhos durante sua vida
escolar.
Mal Estar Docente
Este trabalho caracteriza um estudo sobre as diversas formas de ver, pensar
e sentir a educação em meio à contemporaneidade histórica. Para isso,
desenvolveremos uma reflexão em três eixos fundamentais do cotidiano escolar, são
eles: Mal estar docente, Políticas Públicas e o papel da família na educação dos
filhos. Iniciaremos essa abordagem, refletindo a condição humana, física e
emocional do professor, em uma época histórica onde a tendência imediata é a
culpabilização do ser humano pelo fracasso social, moral e econômico da
sociedade. Neste contexto, assistimos a uma crise real do individuo, do ser humano,
que foi preparado para ensinar, orientar despertar outros seres ao conhecimento, a
pesquisa e a formação de novas concepções. Essa crise, tem acometido uma
grande parcela de profissionais da educação, sejam docentes, agentes educacionais
e outros, pois tais personagens sentem de forma direta as adversidades que
comprometem o processo de aprendizagem, superação e emancipação do individuo.
O cenário educativo ainda apresenta quadro deficitário no que se refere às
questões relacionadas à saúde dos professores, funcionários e às condições de
trabalho as quais são submetidos. Os dados obtidos embora não permitam
respostas conclusivas, encaminham para a necessidade de uma reflexão coletiva
sobre o que pode ser feito hoje, na escola que temos, com os recursos físicos,
econômicos, humanos e por que não dizer legais, que dispomos para prevenir e/ou
minimizar o adoecimento do professor.
Esse estudo é definido por vários estudiosos e pesquisadores como Mal Estar
Docente. Esse tipo de estudo analisa as constantes causas que afastam tantos
profissionais de suas atividades trabalhistas, com uma frequência e intensidade
jamais observada antes. Hoje muito se discute a educação, a metodologia utilizada,
debate-se muito sobre os sujeitos da educação e da criação ou construção de um
projeto-político-pedagógico da escola. Porém, pouco ou quase nada se trata do
“trabalhador” que viabiliza o sucesso ou o fracasso de todas as políticas e
metodologias propostas, desde a organização dos espaços escolares a qualidade
educacional. Em estudo relacionado com o mal-estar, Esteve analisa, que,
(...) essa expressão tem sido usada para designar os efeitos permanentes de caráter negativo que afetam a personalidade do professor, como resultado das condições psicológicas e sociais em que se exerce a docência. É, portanto o termo que tem nomeado o complexo processo no qual professores expressam suas marcas subjetivas e corporais produzidas no processo de trabalho, suportado a custa de desgaste e sofrimento. Tem modalidades como a inibição e o denominado “recurso de rotina” que são consideradas formas de cortar a implicação pessoal com a docência e eliminar as tensões provenientes dela. (1999, p. 39).
Esteve, observou que estudos realizados sobre o trabalho docente em
diversos países apontam para fatores como a intensificação no trabalho, com o
aumento de responsabilidades e exigências, coincidindo com um processo histórico
de uma rápida transformação do contexto social, que tem se traduzido em uma
modificação do papel desses profissionais, implicando em fonte importante de mal-
estar para muitos deles, uma vez que não têm sabido ou, simplesmente não têm
aceitado acomodar-se às novas demandas do sistema educacional.
A cada dia torna-se maior a exigência sobre o profissional que atua na área
da Educação. Com as mudanças ocorridas na sociedade, como a democratização
do ensino, os avanços tecnológicos, as mudanças na estrutura familiar e com a
saída da mulher para o mercado de trabalho, muitas das funções educativas
acabaram sendo transferidas para a escola, acarretando uma responsabilidade
maior ao professor. Essa nova forma de perceber a sociedade contemporânea,
parece natural e moderna, todavia, numa concepção histórica, não tivemos esse
sucesso no campo educacional quanto ao desempenho escolar, qualidade
educacional, relações interpessoais e por fim, empenho do sistema nas ações
políticas educacionais. Dentro de uma concepção histórica, o Mal Estar docente, é
descrito como uma consequência da escola “moderna”, onde o estado mínimo
transfere à comunidade escolar a responsabilidade pelos fracassos e sucessos que
a educação possa apresentar no contexto social.
Essa transferência de papéis ou omissão de responsabilidades é sentida
diretamente pelos executores da ação social educadora; professores e funcionários.
Dentre elas destacam:
Constante necessidade avaliativa do sistema, uma forma de pressionar
o profissional e responsabilizá-lo pelo insucesso do sistema educacional;
O estado controlador, que limita e distorce a identidade pedagógica do
estabelecimento;
A inovação tecnológica;
A inversão social da prática docente onde o professor deixa de ser a
estratégia de ensino e passam ser a expectativa de aprendizagem.
A insuficiência das Políticas públicas;
A demanda de informação disponibilizada, através da era digital;
Mediante estes indicativos, e a falta de acompanhamento humano nas ações
profissionais dos servidores da educação, tem contribuído com várias situações de
adoecimento desses profissionais. As causas são fisiológicas, psicológicas e físicas,
ambas com os mesmos efeitos, a exaustão produtiva desses servidores ao ponto de
afastá-los de suas atividades rotineiras. Pesquisas indicam que os profissionais da
educação, estão entre as três classes trabalhistas que mais apresentam problemas
relacionados à suas funções profissionais, como afastamentos, doenças, traumas,
todos direta ou indiretamente provocados pelas exaustivas jornadas de trabalho.
Profissionais da saúde apontam que muitos desses males têm relação direta
com a insatisfação em seu desempenho trabalhista, ou seja, rendimento abaixo da
expectativa do profissional, esse desapontamento pessoal desencadeiam uma série
de sintomas que gradativamente evoluem para a exaustão física e emocional, o que
a classe médica chama de síndrome de Burnout, (queima por completo). A chamada
Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das consequências
mais marcantes do estresse ou desgaste profissional, e se caracteriza por exaustão
emocional, avaliação negativa de si mesmo.
Dessa forma, Heckert et al, alerta:
A profunda transformação no mundo do trabalho tem sido marcada por uma deterioração crescente da qualidade de vida nos diversos âmbitos do trabalho humano. Vivemos hoje sob o argumento de uma modernização desejada e/ou inevitável que almeja a inserção de nosso país na globalização. Nesse cenário, entrelaçam-se: mundo globalizado, capitalismo mundial integrado, produção de novas
tecnologias, aceleração vertiginosa de produção, de relação com o mundo, dos sentidos de trabalho e de trabalhador, outras relações entre os humanos, assim como acirramento de desigualdades sociais. (2001, p123).
É exigido destes profissionais que ofereçam qualidade de ensino, dentro de
um sistema de massa, ainda baseado na competitividade, entretanto os recursos
materiais e humanos são cada vez mais precarizados, tem baixos salários, há um
aumento das funções dos professores contribuindo para um esgotamento e uma
contradição quanto à formação que é oferecida. Diante do quadro mundial em que a
escolaridade já não representa mais uma garantia de emprego, surgem dúvidas a
cerca da formação, a sociedade e os professores precisam redefinir que tipo de
homem se deseja formar, além de definir de que maneira desejam concluir suas
carreiras profissionais.
Mediante o exposto, buscaremos refletir as tendências que tem acometido o
sistema educacional, tanto no âmbito positivo, das conquistas e avanços, quanto nas
adversidades que tangem a carreira dos profissionais da educação, seja nas
condições físicas de trabalho, salários, reconhecimento profissional e satisfação
pessoal.
Políticas Públicas e Educação
A Educação é de responsabilidade da família e do estado conforme determina
a Constituição Federal e a LDB. Todavia, a efetivação das ações educacionais de
atendimento e interesse público e social é de responsabilidade da união, dos
Estados e dos municípios, e esse conjunto de meios que instituem, legalizam,
financiam e mantém a educação em todas as hierarquias são chamadas de
POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS.
Política pública é uma expressão que visa definir uma situação específica da
política. A melhor forma de compreendermos essa definição é partirmos do que cada
palavra, separadamente, significa. Política é uma palavra de origem grega, politikó,
que exprime a condição de participação da pessoa que é livre nas decisões sobre os
rumos da cidade, (a polis). Já a palavra pública é de origem latina, publica, e
significa povo, do povo.
A discussão e implementação das políticas educacionais, visam atender as
especificidades do sistema, emancipar social e culturalmente a população, e prover
da responsabilidade constitucional com o social e coletivo. Assim constantemente as
ações governamentais as quais denominamos Políticas Públicas precisam ser
redimensionadas de acordo com a necessidade social, política, econômica e cultural
da população. Também são estas ações que traduzem a ascensão social da
população aos olhos dos órgãos de controle internacionais como BANCO MUNDIAL,
UNESCO etc. assim sendo além da atenção interna com o social, o governo deve
manter o sistema para se manter na hierarquia econômica mundial.
Numa dimensão histórica, entende-se por Políticas Públicas Educacionais
aquelas que regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação
escolar de acordo com suas leis. A educação se desenvolveu acompanhando o
desenvolvimento do próprio capitalismo, e chegou na era da globalização
resguardando um caráter mais reprodutivo, haja visto a redução de recursos
investidos nesse sistema que tendencialmente acontece nos países que
implantaram os ajustes neoliberais em detrimento ao capital.
Percebe se através dos índices apresentados pelos órgãos internos
reguladores como IDEB, Prova Brasil, Saep, Saeb entre outros que ainda precisa-se
implementar mais Políticas Educacionais de investimento, e estruturação do sistema
educacional, estes por sua vez possibilitariam formação continuada aos
profissionais, remuneração digna, estruturas físicas adequadas, locomoção aos
alunos, profissionalização, além de uma ampla reforma curricular que permita a
integralidade do aluno a sociedade.
Essa insuficiência de recursos afeta a educação em todos os níveis, desde as
creches ao ensino superior, e interferem de maneira direta no crescimento social da
população. A educação aparece como forma de integração social, apresentando
caráter essencial em um sistema que propõe inclusão e participação no exercício da
cidadania. Para existir uma política pública voltada para melhoria do nível de
conhecimento da sociedade, são necessários grandes investimentos no sistema
educacional do país. Esses recursos utilizados nas ações sociais são provenientes,
principalmente, dos impostos arrecadados pelo governo. Neste caso, é notória a
necessidade do direcionamento de parte dos tributos para a melhoria da educação.
Promover, assim, a justiça social é estabelecer uma distribuição equitativa do bem
comum, de forma a alcançar a todos, indiscriminadamente.
A partir desse espectro, buscarei a compreensão das necessidades pontuais
do Colégio Estadual Santo Antão, discutir com o grupo se as dificuldades apontadas
no dia a dia da escola estão relacionadas ao exposto e de que forma, o colegiado
pode interferir nessa logística política a fim de traduzir resultados imediatos e
positivos a esta comunidade escolar.
O Papel da Família na Educação dos Filhos
É imprescindível que as crianças para se tornarem cidadãos instruídos,
precisam de uma boa formação escolar. Isso é possível quando se encontram com
professores empenhados em transmitir o que sabem para, assim, desenvolver no
aluno o desejo de saber, o que é lido como curiosidade e investigação para
aprender.
Segundo a psicanálise, a escola representa um lugar de emancipação da
criança a respeito de seu grupo familiar, onde a criança vai poder estar e falar com
outros além de seus pais. Sendo um campo onde ela estabelece outros laços que
lhe possibilitam receber recursos que poderá utilizar no futuro: com outros
semelhantes, na escolha de profissão etc. Dito isso, fica claro que a escola propicia
a socialização da criança, mas, é a família e sua função um dos maiores
responsáveis pela educação e desenvolvimento dos filhos. Até para que a Educação
pedagógica possa ser efetivada, para que ela tenha eficácia, depende da estrutura
familiar do aluno. Quando a família valoriza os estudos - a aprendizagem - estimula
o filho a fazer o mesmo. O interesse dos pais sobre o que seus filhos produziram,
aprenderam, faz com que eles (filhos) sintam-se valorizados em relação ao que
fizeram.
Mediante o exposto e de posse dos questionários que embasaram a pesquisa,
vamos discutir com o grupo, se esses valores de família estão realmente presente
na vida escolar de nossos alunos? Se as dificuldades pontuadas como Mal Estar
Docente, entre outras são agravadas pela omissão da família na educação dos
filhos?
É fato que os valores morais, sociais e culturais passaram por significativas
modificações, bem como hábitos e costumes. A contemporaneidade através de seus
novos costumes levaram as mulheres ao mercado de trabalho, e estas inovações
sacudiram paradigmas sociais historicamente instituídos, como a educação dos
filhos de responsabilidade das mães.
Como as mães passaram a assumir responsabilidades que antes era atribuída
aos pais, estes tiveram que dividir a responsabilidade de educar acompanhar os
filhos. No entanto, essa responsabilidade passou a ser meramente formal, pois na
prática, observa-se uma lacuna na formação das crianças, pois nem mãe nem pai,
estão cumprindo sua parcela de acompanhamento na vida escolar das crianças e
adolescentes, além disso, a situação se agrava com a oferta deliberada de
tecnologia, de informação, de curiosidades que tornam tudo atrativo, menos o ato de
estudar.
Vivemos hoje num “Fordismo Virtual”, onde crianças e adolescentes se tornam
massificados pelo consumismo tecnológico, e a propagação do ócio alienatório. É
evidente que a atração pelo estudo fica comprometida, uma vez que o ato de
ensinar obedece alguns critérios que aos olhos das crianças e adolescentes é
obsoleto. A partir dai surge um estágio de desinteresse, apatia, por tudo que se
relacione a educação, como a escola, a aprendizagem, o professor. Essa
intolerância é manifestada pelos alunos muitas vezes de forma agressiva,
contribuindo com a violência na escola, ou pelo afastamento desse aluno doa
bancos escolares, o que chamamos evasão escolar.
Tanto uma como outras das causas apontadas anteriormente contribuem para
a precarização da educacional no campo social, a falta de investimento por meio de
Políticas Públicas gera a decadência estrutural do sistema, e tudo isso favorece o
adoecimento coletivo tanto dos profissionais, quanto da sociedade.
Assim sendo, mediante o exposto vamos discutir com o grupo a real situação de
nosso estabelecimento, identificar quais as causas relevantes que resultam na
omissão de algumas famílias na educação de seus filhos, bem como estabelecer
estratégias de ação de forma explícita no PPP e regimento escolar, que possibilitem
uma mudança nos métodos utilizados nas práticas docentes e nas relações
interpessoais no interir da escola.
Considerações Finais
O projeto de intervenção pedagógica foi pensado em proporcionar aos
profissionais da educação uma ampla reflexão a cerca das questões rotineiras que
permeia suas atividades profissionais, considerando que sua profissão está
alicerçada num sistema nacional de educação, e este por sua vez é financiado,
estruturado e gerido com bases nas politicas públicas educacionais.
Compreender também que a evolução histórica ultrapassou os muros da escola, no
que se refere às famílias e alunado, a tecnologia, as mudanças culturais, a inserção
da mulher no mercado de trabalho, o novo formato social de família entre outros
acabaram também exigindo do profissional uma retomada em suas metodologias e
formas de agir, todavia essa mudança deve ser compreendida num âmbito coletivo,
escola, família e sociedade, para tanto pretendemos a partir dessa intervenção
pedagógica mobilizar coletivamente os segmentos da comunidade escolar no
sentido de despertar para novas práticas, atividades e ações que amparadas no
PPP e Regimento Escolar, possam melhorar as relações interpessoais, a
participação social da família, e gerência eficaz das políticas educacionais no
interior da escola.
Para viabilizar essa dinâmica seguiremos os seguintes passos para a
implementação da intervenção pedagógica que acontecerá no Colégio Estadual
Santo Antão E. F. M, com um público alvo de 20 profissionais da educação,
professores, equipe pedagógica e direção. O estudo segue as orientações
metodológicas de JOÃO LUIZ GASPARIN, presentes n o livro “Uma didática para a
Pedagogia Histórico-Crítica e seguirá a seguinte programação:
Primeiro Encontro 08/02/2014: 8 horas presenciais. Apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica, a comunidade escolar onde será abordado o Mal estar docente, Políticas Públicas Educacionais e o Papel da Família. Apresentar os dados da sondagem realizada através dos questionários aplicados a docentes, pais e alunos, a partir dessas informações ouvir cada segmento participante do grupo. Texto: Ser Professor: Do Mal-Estar Docente Ao Bem Estar Docente de Luiz Picado. Apresentação de documentários e dados estatísticos. Segundo Encontro 22/02/2014: 4 horas presenciais.
Discussão sobre os dados apresentados, identificação da causa da problemática vivenciada e apresentada, bem como estabelecer estratégias de ação que permitam melhorar a prática docente bem como a vivencia no ambiente de trabalho. Texto: Educação no Brasil Charges e filmes. Debates. Terceiro Encontro 29/03/2014: 4 horas presenciais. Exposição oral, leitura de textos relacionados ao tema, debate, e análise dos questionários mencionados, e apontamento de situações problema. Posterior a esta etapa, buscaremos a dimensão histórica e social dos apontamentos, para podermos situa-las, em nosso cotidiano e a partir dai traçar uma nova concepção dessa prática para o sucesso de nossas futuras ações. Documentário: Rubem Alves - A Escola Ideal - o papel do professor. Texto: A Escola Real e a Escola Ideal Quanto a Sua Função Social Crítica e Reflexiva Debates e discussões sobre as referencias apresentadas. Quarto Encontro 05/04/2014: 4 horas presenciais. Leitura de textos e documentos para compreender o papel dos professores, alunos e familiares, bem como o do Estado a partir dos seguintes documentos oficiais: L D B – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO C F – CONSTITUIÇÃO FEDERAL E C A – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Quinto Encontro 12/04/2014 - 4 horas presenciais Construção de um quadro síntese. Mediante a leitura aplicada e o estudo de caso feito a partir dos questionários, da legislação e da leitura bibliográfica construiremos um quadro de metas com ações que possam ser aplicadas, as quais visando interagir para uma mudança de hábitos, conceitos e costumes relacionados, a prática docente, as relações interpessoais entre a comunidade escolar, família e a gestão educacional do sistema. Leitura do texto: Projeto pedagógico como compromisso social no contexto das políticas educacionais neoliberais. Sexto Encontro 10/05/2014- 8 horas presenciais Através das ações, apontadas nos encontros anteriores, propor uma nova estrutura nos textos do PPP e Regimento Escolar, os quais possam legitimar nossa nova prática de forma pautada na legalidade, bem como propor atividades no coletivo que possam mobilizar toda a comunidade escolar quanto ao bem estar docente, aplicação das politicas públicas e nas relações com as famílias.
Referências
BRASIL. Constituição Federal – 1988. Brasília: Câmara dos Deputados, 1994.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96).
Brasília: MEC, 1997. Disponível em:
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/2703999/art-13-da-lei-de-diretrizes-e-
bases-lei-9394-96 acesso em 10 de junho de 2013.
ESTEVE, J. M., O Mal-Estar Docente: a sala de aula e a saúde dos professores.
Bauru-SP: Edusc, 1999.
GASPARIN, João Luiz, Uma Didática Para a Pedagogia Histórico-Critica. 5 ed.
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HAGEMEYER, R. C. Dilemas e desafios da função docente na sociedade atual:
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<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewFile/2209/1852>
Acesso em 06/11/2013
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BRUINI, Eliane da Costa-Educação no Brasil disponível em
http://www.brasilescola.com/educacao/educacao-no-brasil.htm acesso em
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TEIXEIRA, Badu Delmondes- A Escola Real e a Escola Ideal Quanto a Sua
Função Social Crítica e Reflexiva disponível em:
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escola-ideal-quanto-a-sua-funcao-social-critica-e-reflexiva acesso em 08/10/2013.
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