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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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O ESTUDO DA HISTÓRIA PARA OS JOVENS: A interferência das mídias no processo educacional

Maria Alice Rípoli Theodorovitz1

Lucas Patschiki2

RESUMO: O presente artigo busca analisar como a indústria cultural vem exercendo, na maioria das vezes, fator desestruturante da família e dos sentidos de pertencimento dos alunos, pois nesses embates aluno/família, muitas vezes não percebem que, a construção da identidade está vinculada diretamente ao conhecimento histórico familiar e social. Sendo assim, é urgente pensarmos na disciplina de História como um dos caminhos para enfrentar estas diversidades e demais desafios que a contemporaneidade nos traz. As máquinas sempre fascinaram o ser humano e o desenvolvimento tecnológico sem dúvida trouxe inúmeros ganhos sociais, mas por outro lado, trouxeram diversas novas tensões e problemas. A mudança na vida das pessoas proporcionada pelas tecnologias é evidente, sendo que atualmente temos a informatização inserida em praticamente todos os setores da sociedade. Muitas dessas tecnologias salvam vidas, como por exemplo, as vacinas e os equipamentos hospitalares e de diagnóstico, os diversos recursos tecnológicos utilizados na educação, meios de transporte mais ágeis encurtando distâncias, entre outros. Por outro lado, o desemprego, o relacionamento impessoal pela Internet e os crimes virtuais são consequências negativas do desenvolvimento tecnológico. O importante é perceber essas vantagens e desvantagens, analisá-las e tirar o melhor proveito possível do que a tecnologia tem a nos oferecer.

Palavras chave: Alunos. Mídias. Família. História. Escola.

INTRODUÇÃO

Muito se discute a interferência da mídia no cotidiano dos cidadãos. Diversas

teorias buscam explicar como se dá o processo de interação entre as pessoas e os

meios de comunicação. Há quem veja no receptor de informações a capacidade e

autonomia de escolha e interpretação; de outro lado, estudiosos a enxergam como

uma manipuladora incontrolável. Segundo Hans Enzensberger (1974 apud GIROUX,

p. 115) “a mídia eletrônica, operando a serviço desta racionalidade tecnocrática,

tornou-se a principal força no que chama de industrialização da mente”.

Em nossa sociedade, os veículos de comunicação de massa buscam atingir a

todos e incutir suas ideias fabricadas. A tecnologia hoje é bastante utilizada para a

produção e difusão dos meios de comunicação de massa e sem dúvida, os produtos

da indústria da cultura têm um objetivo: chegar aos seus consumidores a partir da

venda. Por essa razão, pode-se dizer que a indústria da cultura vai buscar legitimar

tudo isso a partir de uma ideologia que, no sentido marxista do termo, é uma falsa

1 Especialista em História e Geografia pela UNOPAR – Universidade Norte do Paraná – 2001.

Licenciada em História pela FAFIMAN – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari – PR – 1993. E-mail: [email protected] 2 Mestre em História/UNIOESTE. Doutorando em História/UFG. Professor de História da UNIOESTE –

Campus Marechal Cândido Rondon. E-mail: [email protected]

consciência ou uma inversão da realidade. É também o que Zuin (2001, pg. 15)

argumenta: “a Indústria Cultural afirma-se como princípio deseducativo cada vez

mais. Faz-se necessária uma atitude de resistência frente a esse processo”.

Dentro desta análise, o estudo deste tema se justifica pelo entendimento de

como a indústria cultural (especialmente os meios e a mídia eletrônica), influencia a

sociedade atual. Neste universo os jovens são as maiores vítimas, pois se

encontram em uma fase da vida que procuram ainda definir seus gostos, estilos e,

portanto, seus desejos e ambições. Neste processo de “autodescoberta”, a mídia de

modo geral, surge como uma das principais referências, não somente interferindo e

informando, mas formando.

A indústria da cultura poderia ter sido um instrumento de (in)formação cultural,

assumindo fins pedagógicos, mas ela se tornou em sua história um instrumento de

deformação da cultura e da consciência. Ela significou para a sociedade capitalista,

não somente uma indústria que cria produtos e entretenimentos padronizados, mas

também um poderoso instrumento de coesão social, que incute valores, preceitos,

crenças, modos de ser, pensar, agir e valorizar, servindo de referencial para todos

viverem de forma pacifica. Foi ela que ajudou a construir e universalizar os valores

da sociedade do consumo.

Esta percepção conforme Michel Aires de Souza (2011) foi conceituada por

Adorno e Horkheimer, que a compreendem como uma “realidade repressiva de luta

e contradição, desintegração, mudança e um sujeito genérico que se dissolveu como

mero consumidor”. Esta sociedade tecnificada da qual fazemos parte, afasta cada

vez mais as pessoas da sua função original de contribuir para reais necessidades e

exige a manutenção do sofrimento humano para a consagração de sua existência.

Na obra “Os Professores como intelectuais – rumo a uma pedagogia crítica de

aprendizagem” Henry A. Giroux argumenta que é preciso:

Oferecer aos educadores uma linguagem crítica para ajudá-los a compreender o ensino como uma forma de política cultural, isto é, como um empreendimento pedagógico que considera com seriedade as relações de raça, classe, gênero e poder na produção e legitimação do significado e experiência (GIROUX, 1988, P. XIII).

A referida argumentação do autor incita a análise critica e o reconhecimento

de possibilidades na educação e também clama por dignidade e respeito para com

as instituições educacionais.

Na esfera educacional, as escolas estão tentando adequar-se aos novos

tempos, as tecnologias aos poucos estão sendo implantadas, e com isso, abrindo

novas possibilidades no processo ensino-aprendizagem. Os novos tempos exigem

que se rompam velhas certezas educacionais. Laboratórios de informática com

acesso à web, pendrives, tablets para os professores e TVs pendrive, são alguns

dos recursos disponíveis nas escolas para tornar a educação mais “atraente” e

significativa para todos os envolvidos.

Diante deste aparato de recursos tecnológicos, refletiremos um pouco mais

sobre a TV, que também merece destaque pela facilidade de acesso a todas as

camadas sociais. Na maioria dos lares brasileiros, estejam eles no ponto mais

distante do mapa, a TV está presente, e conforme Isabel Rodrigues da Silva (2010)

“por ser um meio de comunicação tão atraente e popular, acaba por interferir no

modo de pensar, agir e se relacionar com o mundo”.

Ideal seria, se a maioria das programações fosse de alta qualidade e que

contribuíssem para a construção de conhecimentos, ajudando a compreender o

mundo em que vivemos. Neste sentido, a luta por emissoras que estimulem a

curiosidade, a busca do conhecimento, o senso crítico dos jovens, é uma luta

coletiva e que ultrapassa a sala de aula. Tal como em vários outros momentos e

situações, hoje mais do que nunca, torna-se necessário para o jovem adquirir e

aprofundar competências para leitura e análise crítica da mensagem televisiva, para

que num futuro próximo, não venham a adotar valores e ideologias padronizados, se

é que isto já não esteja acontecendo, como argumenta Teixeira Coelho:

É possível, de fato, que o mundo todo venha a adotar os mesmos valores, a mesma ideologia, graças às chamadas “multinacionais da cultura”, que tendem a difundir por toda parte, particularmente pela TV, uma mesma estrutura de pensamento, um mesmo comportamento, gerado num ou em alguns poucos centros de decisão (COELHO, 2000, p. 45).

Ofertar horizontes críticos e reflexivos para os jovens é parte fundamental do

universo da disciplina de História, cuja atuação é de mão dupla, pois, ao mesmo

tempo em que cria consciência crítica, se reinventa enquanto didática, propiciando

diferentes formas de compreensão do conhecimento histórico. O que traz uma série

de elementos para problematizarmos as velhas metodologias de ensino de História,

passando a construir o conhecimento escolar, as noções essenciais do pensamento

histórico, através do combate ao distanciamento existente entre a fala do professor,

o texto do livro didático e o universo cultural dos alunos. Isto é corroborado por Circe

Bittencourt em “O saber Histórico em sala de aula”:

Um primeiro desafio para quem ensina História parece ser a explicitação da razão de ser da disciplina, buscando atender aos anseios de jovens que ardilosamente fazem perguntas aparentemente inocentes, como “Por que estudar História”? Por que o passado, se o importante é o presente? (BITTENCOURT, 2003, P. 11).

O Ensino da História na maioria das vezes, não vem sendo contextualizado

nas salas de aula. Esta questão é urgente, pois se percebe comumente a História,

como algo distante da realidade vivida, parecendo estática no passado. É o que

argumenta Paulo Miceli (1992, p. 33) “a história parece voltar-se para trás,

sustentando-se numa sucessão de mortos – famosos acontecimentos distantes e

sem relação com a vida do estudante”.

Longe de ser uma disciplina voltada para o passado sem conexão com o

presente, a História tem como pré-requisito fundamental, a imersão nas questões

que afetam a sociedade atual. Sendo assim, as perguntas aparentemente ingênuas

dos alunos às quais foram citadas anteriormente na argumentação de Bittencourt,

podem ser mais bem compreendidas, se lembrarmos de que vivemos imersos num

eterno presenteísmo; numa época em que há uma acentuada tendência a explicar o

presente com base nele próprio e, concomitantemente, a desqualificar o passado.

Sobre o perigo embutido na desqualificação do passado, o historiador

britânico Eric Hobsbawm produziu este parágrafo primoroso:

A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presenteísmo contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio (HOBSBAWN, 1995, P. 13).

Sendo assim, focados nos conceitos como conteúdo (como fontes históricas,

identidade e memória, etc.), os alunos orientados pelo professor devem refletir sobre

as diferentes condições vida, cultura, civilização, etc., de tudo que o ser humano

constrói sobre a terra, como afirma Jacques Le Goff (1996, p. 20), “onde o homem

passou, onde deixou qualquer marca de sua vida e da sua inteligência, aí está à

história”.

Deste modo, se faz exigência a busca pela historicidade das relações sociais,

das diferentes culturas, identidades e estilos de vida, que acabam por serem

diminuídas, ou às vezes até solapadas nesse processo de globalização

desenfreada. E a escola, mais especificamente, através do ensino de história, deve

assumir esse compromisso, buscando afirmar a pluralidade de vivências e

experiências criticamente, abrindo caminho para o diálogo e compreensão, princípio

fundamental para a construção de uma sociedade mais democrática e justa.

AÇÕES IMPLEMENTADAS

O tema pesquisado e desenvolvido neste projeto buscou entre outras coisas,

conhecer como as mídias interferem na vida dos jovens e de seus familiares, que

acabam assim, menosprezando e diminuindo suas experiências históricas familiares

(todos nós já escutamos referências à história de vida de parentes como sendo

“histórias chatas, ultrapassadas”, dentre várias formas diminutivas), que deixam de

contribuir para o processo de formação identitária da criança e do jovem.

Atualmente o universo das práticas juvenis de consumo, é plural e

multifacetado, pois há inúmeras maneiras de um jovem se inserir na cultura do

consumo, não somente como consumidor (o que é presumido), quanto como

reprodutor destes valores, representações, visões de mundo de modo acrítico.

Foi refletindo sobre este contexto atual, que enxerguei a necessidade de

desenvolver este projeto, com ações centradas nas questões: mídias, consumismo,

família, valorização do ensino da História e conceitos históricos, destacando que a

escola, não deve estar fora desse paradigma educacional, esta deve levar o aluno a

uma postura autônoma, criativa e capaz de construir seu próprio conhecimento.

Segundo consta nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de História

(PARANÁ, 2008, p. 47), uma de suas principais finalidade é “a busca da superação

das carências humanas fundamentadas, por meio de um conhecimento constituído

por interpretações históricas”.

Nesse processo metodológico, foi fundamental analisar o conhecimento

prévio dos alunos, as implicações e as exigências no percurso do desenvolvimento

do projeto em sala de aula. Claro que esse novo paradigma aplicando tecnologia na

educação, constitui um desafio para o professor, havendo necessidade que os

educadores se capacitem no intuito de dominar as ferramentas disponíveis, em uma

educação que exige novos métodos de ensino-aprendizagem.

A implementação das ações do Caderno Pedagógico, foi desenvolvida no

Colégio Estadual Presidente Castelo Branco de Foz do Iguaçu, com uma turma de

8° ano (32 alunos) do Ensino Fundamental, faixa etária entre 12 a 15 anos e um dos

alunos com transtorno de comportamento. O projeto foi desenvolvido em quatro

momentos (Tabela 1), incluindo minhas considerações após sua realização. Também

foi elaborado um roteiro para organização do material produzido durante as aulas.

Tabela 1: Roteiro das atividades das Unidades

Módulos Aulas Título

Unidade – I

Sensibilização

(Ponto de Partida)

12

- Exibição de slides com imagens variadas sobre a dependência que as mídias exercem sobre a população e de um vídeo do “Instituto Alana” sobre o consumismo; - Exploração dos slides e do vídeo; produção de narrativas sobre os pontos positivos e negativos das mídias; - Trabalho em grupo: confecção de cartazes referentes as narrativas produzidas; - Socialização dos trabalhos e exposição no mural da escola.

Unidade – II Telefonia Móvel: pontos positivos e Negativos Consumismo: tornou-se um hábito característico em nossa sociedade

8

8

- Exibição da reportagem para os alunos: RPC/TV – “Telefonia móvel vira mania, principalmente entre os jovens da atualidade”; - Reflexão sobre o teor da reportagem (debate); - Produção de vídeos; - Socialização do trabalho; - Discussão do texto de Lais Fontanele (Revista Fórum): “Outro dia das crianças é possível” – Atividades de pesquisa; - “Feira de troca de objetos” em sala de aula; - Reflexão da atividade.

Unidade – III

“Livro da vida”

10

- Confecção de um “Livro da Vida” contendo: - Quadro de Gerações, Árvore Genealógica; Quadro de fotos; - Linha do Tempo (aspectos pessoais e sociais); - História de vida; - Reflexão.

Unidade – IV Café

com História -

Encerramento das

atividades do

Caderno Pedagógico

(Ponto de Chegada)

4

- Feedback das ações implementadas (Professor e alunos); - Relato de pais e professores; - Apresentação e exposição do “Livro da vida”.

Unidade I – Sensibilização (ponto de partida)

Ao implementar as ações do Caderno Pedagógico no Colégio, busquei uma

realização eficaz, reconhecendo que o alcance do êxito do trabalho em qualquer

área de atuação, é a decorrência da elaboração de um plano de ação ajustado às

circunstâncias e à realidade social. Detalhei como as diferentes etapas seriam

implementadas e qual seria também a inter-relação entre as mesmas (mídias,

alunos, História, família, escola). Segue abaixo, a organização dos trabalhos de

sensibilização, conforme consta na Tabela 2:

Tabela 2: Sensibilização – Organização dos trabalhos

Sala em forma de círculo, exibição e descrição dos slides e do vídeo “Criança e Consumo”, aula dialogada explorando o tema em questão: “Jovens x Mídias”; Produzir uma narrativa sobre o tema em questão, ressaltando os pontos positivos e negativos;

Exploração das produções;

Trabalho em grupo, confecção de cartazes com charges, caricaturas ou mesmo figuras (recortes de jornais e revistas) representando as narrativas;

Socialização e exposição no mural da escola.

Como introdução do primeiro item, fiz uso de uma apresentação de slides e

um vídeo do Instituto Alana, com o intuito de sensibilizar (momento - motivação) e

propiciar aos jovens, um ambiente de aprendizagem atrativo. A citação abaixo do

renomado educador Paulo Freire (1996, p. 97) expondo sua opinião sobre as

tecnologias (mídias) na prática pedagógica, também contribuiu para explorar ainda

mais o referido tema com os alunos: “nunca fui ingênuo apreciador da tecnologia:

não a divinizo, de um lado, nem diabolizo, de outro. Por isso, sempre estive em paz

para lidar com ela”.

Motivados, os alunos se envolveram nas atividades propostas de forma

prazerosa, participaram ativamente do debate e demais atividades solicitadas.

Demonstraram interesse e entusiasmo pelo tema. Percebeu-se através do conjunto

de atividades realizadas (produção de narrativas, confecção de cartazes e

socialização), que os mesmos entenderam a proposta principal do Projeto. Na tabela

3, podemos visualizar alguns trechos selecionados dos alunos sobre a discussão.

Tabela 3: Trechos das narrativas de alunos

“Nos atuais, muitos jovens, adolescentes e crianças estão ficando viciados nas mídias, tais como: celulares, computadores e tablets, não sabendo explorar estas mídias com sabedoria para aumentar nossos conhecimentos e sim para outros fins, como as redes sociais”. (S)

“O jovem de hoje é multifuncional, faz tudo ao mesmo tempo, isso pode ter consequências negativas se não for bem administrado. O acesso às redes sociais durante os momentos de estudo, por exemplo, podem causar distração e interferir no desempenho acadêmico”. (A)

“O vício pelas mídias está fazendo com que as crianças e jovens esqueçam-se do mundo, deixando até mesmo de conversar com as pessoas e criando um mundo próprio nos aparelhos eletrônicos”. (L)

Unidade II

1. Telefonia Móvel / Consumismo:

Um dos objetivos desta proposta metodológica “explorar a telefonia móvel” foi

proporcionar a produção do conhecimento, fazendo com que os alunos buscassem

respostas variadas para as problematizações em questão. Os trabalhos foram

organizados conforme consta da Tabela 4:

Tabela 4: Telefonia Móvel – Consumismo – Organização dos trabalhos

Utilizando-se do recurso midiático TV Pendrive, foi exibida a reportagem do dia 20/09/2013 na RPC - Paraná TV 1ª edição/Foz do Iguaçu-PR, que teve como tema “O celular vira mania entre adolescentes e adultos” (16 minutos de duração);

Com as carteiras em forma de círculo aconteceu um debate sobre o tema da reportagem;

Foi solicitado para que os alunos elaborassem um vídeo a partir das orientações recebidas;

Passo a passo para a produção do vídeo: divisão das equipes; distribuição das funções - eleger: o produtor/ o apresentador/ o repórter/ o câmera/ os personagens;

Criar uma manchete para o tema em questão; elaboração de um roteiro para a entrevista; duração (5 a 10 minutos);

A referida atividade foi finalizada com a socialização dos vídeos para a turma.

Nesta etapa houve algumas dificuldades. De acordo com a organização

proposta, iniciamos com a exibição da reportagem RPC/TV. Até então tudo estava

ocorrendo dentro do esperado, porém, na segunda etapa desta fase (produção dos

vídeos), os alunos enfrentaram algumas dificuldades de ordem técnica. Apesar de

trabalhar a parte motivacional, abordar os temas dentro do planejamento previsto e

de repassar as orientações metodológicas, a referida atividade tornou-se um pouco

complexa, pois os mesmos não sabiam lidar direito com a questão técnica,

necessitando a meu ver, de um técnico da área para mais esclarecimentos e

informações (tipo de formato, conversão, áudio, etc.). Mesmo enfrentando estes

obstáculos, os vídeos foram produzidos. Naqueles vídeos que apresentaram

problemas de áudio, foram feitas legendas, para facilitar o entendimento da

entrevista no momento da exibição para a turma (socialização).

Alguns grupos entrevistaram pessoas fora da escola para produzir seus

vídeos, uns preferiram organizar esta entrevista dentro da própria equipe e outros

foram a um shopping da cidade e realizaram a entrevista com público jovem. Todos

os vídeos tinham algo em comum no teor da matéria, o foco principal analisar as

diversas opiniões das pessoas sobre os pontos positivos e negativos da telefonia

móvel. Essas gravações foram realizadas com os próprios celulares dos jovens. Esta

foi uma das formas de mostrar parar os mesmos, o uso criativo das mídias,

utilizadas de forma consciente e associadas à produção do conhecimento, contando

com orientação.

2. O consumismo tornou-se um hábito característico em nossa sociedade –

Texto: Outro dia das crianças é possível (Lais Fontanele – Revista Fórum)

O consumismo pode ser entendido, como uma compulsão caracterizada pela

busca incessante de objetos novos, sem que haja necessidade dos mesmos. Criou-

se entre nós uma mentalidade de que, quanto mais se consome, mais se tem a

impressão de bem-estar, de prestígio e de valorização, já que na atualidade muitas

vezes as pessoas são avaliadas pelo que possuem e não pelo que são.

Dentre as várias consequências deste consumismo desenfreado, está a

agressão ao meio ambiente, como exemplo, podemos citar a compra de tantos

aparelhos eletroeletrônicos, que se modernizam com muita rapidez, aumentando o

que é chamado hoje de lixo eletrônico. Foi focada nesta questão que procurei

desenvolver esta ação, levando os jovens a refletir sobre suas atitudes em relação

ao consumo e ao consumismo. Na Tabela 5, consta a sequência das atividades.

Tabela 5: Texto – Sequência de atividades

Foi exposto para a turma o tema a ser trabalhado. Em seguida, foi entregue aos alunos um texto digitalizado tendo como título “Outro dia das crianças é possível”;

Na sequência, fizerem a leitura e iniciamos um debate sobre o teor da leitura (questionamentos, reflexão, comentários);

Após o término deste debate, iniciou as atividades propostas: questões - atividades de pesquisa – Internet;

A referida atividade Culminou com a “Feira de Troca de objetos” em sala de aula.

O primeiro momento desta atividade (pesquisa na internet para responder as

questões) serviu como reflexão para que os alunos percebessem a importância de

saber utilizar a mídia com propósitos escolares.

O segundo momento desta atividade “Feira de troca de objetos” teve grande

destaque e gerou bons resultados. A princípio alguns alunos estavam um pouco

inibidos, receosos em mostrar os objetos, mas depois de iniciada a brincadeira,

estes alunos perceberam que não havia mistério entre os objetos trazidos, pois se

tratava de produtos semelhantes aos seus, como: cosméticos, bijuterias, bonés,

adornos, máscaras, lanterna, coleção de livros, dicionário, gibis, etc. Aos poucos

estes alunos mais afastados, foram aderindo a atividade: participaram, interagiram-

se entre si e demonstraram interesse pelo tema, muitos até se divertiam com as

trocas, o que rendeu boas gargalhadas. Em sua maioria perceberam que, a infância

e adolescência não podem ser aprisionadas nos falsos ideais de felicidade medidos

pelo consumo.

Através de relatos, chegaram ao entendimento da ideia principal do texto, que

a criança e o adolescente precisam de muito pouco para ser feliz: precisa de olhar,

de palavra, de escuta e de acolhimento. O mais importante é que o foco principal

deste trabalho foi contemplado, pois a dinâmica contribuiu para que eles refletissem

sobre as seguintes questões: economia solidária e consumo colaborativo; chance de

exercitar a conquista por meio da negociação entre pares; terapia do desapego;

estimulo e atos de solidariedade; consumismo na infância; entre outros. O bacana

nesta troca é que os objetos perdem seu valor monetário e ganham outros valores,

simbólicos e afetivos. Os pais que foram avisados da atividade através de bilhete

reconheceram a importância da proposta, incentivaram e apoiaram os filhos,

aprovando o resultado do trabalho.

Unidade III – “Livro da Vida”

1. Quadro de Gerações, Árvore Genealógica e Linha do Tempo

Para trabalhar o Quadro de Gerações, o professor deve tomar as ideias

históricas do aluno como ponto de partida para depois dar seguimento ao estudo da

genealogia. O mesmo deve ser feito para se trabalhar a Linha do Tempo.

Apropriando-se de um caderno criado especificamente para este fim, o aluno

começa a dar origem ao seu “Livro da Vida”, primeiramente, personalizando a capa

do livro, na sequência identificando-o com o nome completo do autor (aluno) e mais

duas fotografias, para serem coladas na primeira página do livro, uma representando

o passado (tempo em que era criança) e a outra, representando o presente (sua foto

atual). A partir de então o aluno segue completando o “Livro da Vida” de acordo com

orientações da Tabela 6 que se segue:

Tabela 6: Quadro de Gerações – Sequência dos trabalhos

O aluno consultou documentos e dialogou com pessoas de sua família e obteve o máximo de informações sobre seus parentescos;

Depois destes dados colhidos preencheram o quadro de gerações e a árvore genealógica;

Concluindo, realizaram atividade reflexiva sobre o quadro de gerações árvore genealógica.

2. Linha do tempo: aspectos pessoais, políticos e sociais

Esta atividade teve como um dos objetivos, estimular reflexões sobre a

cronologia e as mudanças e distinções entre as experiências em diversos

segmentos da sociedade. Pensando nesta questão, procurei desenvolver esta ação,

destacando a importância de conhecer a evolução histórica do aluno e do seu

entorno social, e tentar diminuir o pré-conceito que muitas pessoas têm contra a

História. Provavelmente isto se deve pelas formas de ensino que, na maioria das

vezes eram somente baseadas em cronologia, fatos, mitos, nomes importantes,

lugares, entre outros. Sem dúvida, a história é feita de tudo isto, mas o seu estudo

vai muito mais além. A cronologia serve para nos situarmos e localizarmos os fatos

ocorridos, mas não precisa memorizar cada data e cada acontecimento. Como já

dito anteriormente, um dos objetivos desta ação é levar o aluno a esta compreensão.

Segue a organização dos trabalhos na Tabela 7.

Tabela 7: Linha do Tempo – Organização das atividades

Linha do Tempo:

Os alunos preencheram uma linha do tempo pessoal, a partir (dos dados já colhidos em atividades anteriores) e de consultas realizadas com os pais e demais familiares.

Orientando e organizando as informações para preencher a Linha do Tempo:

Os acontecimentos da nossa vida podem ser representados em uma linha (como você já fez em classe com o professor se utilizando de um exemplo). Essa será uma linha do tempo de sua vida, agregada com a pesquisa realizada sobre fatos Sociais e Políticos que aconteceram simultaneamente ao seu entorno.

Construindo uma Linha do Tempo:

Ao lado da primeira marca da linha confeccionada anote zero e, ao lado da (última), sua idade atual, você pode começar a linha pelo presente. Vá anotando ao lado da linha, de forma bem resumida, acontecimentos marcantes de sua vida (também será agregada nesta teia as questões sociais e políticas solicitadas para pesquisa) com a data, junto à marca que corresponde à idade que você tinha quando cada fato ocorreu, formando uma sequência.

Realizaram também uma pesquisa sobre questões sociais e políticas para

envolver na linha do tempo, como exposto a seguir na Tabela 8.

Tabela 8: Questionário modelo

1. No aspecto político Do ano em que você nasceu até os dias atuais (2014) cite:

Os presidentes do país – Os governadores do Estado – Os prefeitos do Município 2. No aspecto social

Cite um acontecimento de grande impacto, repercussão mundial que aconteceu ano a ano (do ano em que você nasceu até o ano de 2014). Ex.: Furacão Katrina nos EUA - 2012 Maremoto nas Filipinas (2008), 11 de setembro (Torres Gêmeas - 2001), tragédia na Boate Kiss (Santa Maria - RS- 2013), entre outros.

Esta etapa do trabalho (Nossos antepassados/Quadro de Gerações/Árvore

Genealógica/Linha do Tempo) foi bem interessante de se trabalhar. De posse de seu

material “Livro da Vida” e das orientações repassadas em sala de aula, os alunos

iniciaram suas pesquisas baseadas em fontes históricas escritas e não escritas

(documentos, cartas, fotografias, objetos, vestimentas, relatos de familiares,

pesquisas em jornal, internet, etc.). Investigaram, analisaram documentos e

perceberam a importância destas fontes históricas para obter informações sobre

seus parentescos. Com esses dados em mãos, seguiram realizando os temas

solicitados: Quadro de gerações, Árvore Genealógica e Linha do Tempo.

Constatei as dificuldades encontradas por parte de alguns alunos para obter

dados de gerações anteriores. A falta de diálogo dos jovens com seus familiares, ou

mesmo o desinteresse, por parte de alguns alunos e os novos arranjos familiares da

atualidade, foram alguns fatores que contribuíram para essas lacunas. Mesmo com

significativos avanços, descobertas e esclarecimentos sobre a História, ainda existe

certo preconceito com a disciplina, pois ainda nos deparamos com alunos que

pensam que, estudar História se limita em decorar fatos e datas, e pensamentos

como este prejudicaram um pouco o decorrer do processo.

Como exemplo, um aluno se recusava a completar o Quadro de Gerações,

dizendo que, eu, “professora”, queria saber muito da sua vida particular, e que

segundo sua mãe, isso não fazia parte do estudo da História. Sendo assim,

encaminhei conversa com a mãe, explicando do que se tratava a referida pesquisa,

a mesma entendeu, porém, desabafou dizendo que disse isso para o filho como

pretexto. Relatou que pelo fato de não ter convivido com o pai de seu filho, nunca

teve interesse em lhe repassar informações ou mesmo falar sobre o paradeiro do pai

para o filho. Tive nesta turma mais um caso semelhante a este. Esta situação com

certeza constrange um pouco os alunos, procurei em ambos os casos ser sensata,

respeitando as particularidades e as limitações dos alunos, para que os mesmos se

sentissem mais à vontade.

Conversei com a turma sobre os novos arranjos familiares da atualidade (pais

solteiros, casais homossexuais, entre outros). Mas no geral, muito gratificante foi me

deparar com resultados de pesquisas de alguns alunos que, orgulhosos

conseguiram completar todo o Quadro de Gerações de seus familiares (os oito

bisavós), destacando ainda a nacionalidade, a naturalidade, profissão e data de

nascimento de cada um. O momento de reflexão destas atividades também foi muito

proveitoso.

Outra parte relevante foi trabalhar a “Linha do Tempo” envolvendo não só os

aspectos pessoais, mas também os políticos e sociais. Esta atividade contribuiu para

que o aluno se percebesse dentro de um contexto social, buscando sua auto

percepção como integrante da família, além da busca pela própria identidade e da

percepção da passagem do tempo e das transformações que ocorreram consigo,

com os outros e com o meio nesta passagem.

Unidade – III

1. História de Vida

Uma contribuição importante para o tratamento da questão “História de Vida”,

pode ser colaborar com a construção da ideia de que todos somos personagens da

História. Então a trajetória de cada um, pode ser a referência para começar uma

reflexão sobre identidades. Porém, é importante o desenvolvimento da percepção de

que a história de vida não é algo puramente individual, mas que nossas vivências

estão entrelaçadas na vida de outras pessoas, que somos influenciados pelos

discursos da sociedade.

Na obra “A docência em História: reflexões e propostas para ações”, Carmem

Zeli de Vargas Gil e Dóris Bittencout Almeida, dizem:

Os alunos precisam perceber como sua vida está relacionada à vida dos pais, dos avós, dos colegas, por exemplo. Ao incentivá-los a partilhar suas vivências, os professores contribuem para mover uma aproximação do conceito de alteridade, o interesse pelo “outro”, ou seja, favorecem uma espécie de descentramento. Desse modo, constrói-se a ideia de que a História não é feita exclusivamente pelos chamados “grandes homens”, ela deixa de ser apenas “a História dos outros”. Todos fazem parte da história, que não deve ser vista como privilégio de um setor específico da sociedade (GIL e ALMEIDA, 2010, P. 71).

Diante da afirmação das autoras que veio a enriquecer ainda mais o

entendimento sobre o tema, segue a organização referente ao encaminhamento das

atividades conforme consta na Tabela 9:

Tabela 9: Organizando informações e narrando a História de Vida

Cada um da classe, inclusive o professor, fez um relato sobre sua História de sua Vida.

Foi realizada também investigações em fontes históricas escritas e não escritas.

- Escritas: documentos (certidão de nascimento, carteira de vacinação, carta, outros).

- Não escritas: (fotografias, objetos, vestimentas, relatos orais de familiares, outros).

Foi produzido, como já dito anteriormente, um caderno separado, com uma capa ilustrativa, com a foto e o nome do autor (aluno) e acervando no mesmo todas as atividades já realizadas anteriormente (Quadro de gerações, Árvore Genealógica, Questionário de pesquisa e Linha do Tempo, entre outras). A partir de então, cada aluno narrou sua “história de vida”, de acordo com orientações recebidas pelo professor.

2. Refletindo sobre a História de Vida

Concluídas as histórias de vida, houve o momento de comparações entre os

grupos. Primeiro, fizeram um balanço (lista), de tudo que o conjunto de alunos do

grupo consultou para elaborar seu relato, também fizeram uma lista das diferenças

que o grupo percebeu nas diversas histórias de vida. Em seguida anotaram a

relação dos pontos em comum, das semelhanças percebidas entre as histórias.

Um aspecto da vida de pessoas do grupo que mudou: por que mudou?

Fizeram a análise e registraram o motivo da mudança. Entre elas: “moravam na

zona rural e migraram para a zona urbana”.

Um aspecto da vida de pessoas do grupo que permanece igual: por que isso

acontece? Fizeram novamente a análise e registraram as conclusões. Entre elas:

vários alunos do grupo perceberam ao fazer esta reflexão, que suas mães possuem

baixo grau de escolarização, e desenvolvem trabalhos semelhantes na atualidade

(trabalhos temporários e de baixa remuneração). Fato ocorrido em função de ter

parado de estudar para ajudar no sustento da família, e nesta fase da vida, ainda

adolescentes, muitas engravidaram e segundo relatos dos próprios alunos, “eles”

são a prova viva, frutos desta triste realidade. Com filhos pequenos e trabalhando

fora para ajudar no orçamento de casa, suas mães ficaram impossibilitadas de voltar

aos bancos escolares.

Finalmente discutiram e fizeram uma lista das dificuldades que o grupo sentiu

para pesquisar e escrever as histórias de vida. Registraram suas sugestões para

superar tais dificuldades numa próxima atividade. Exemplo: ter mais contato e

dialogar mais com familiares; preservar e criar documentos para obter informações

mais precisas; saber mais sobre seu entorno social, etc.

Fazendo uma análise, percebi que algumas narrativas ficaram claras, com um

ótimo desenvolvimento, evidenciando de forma resumida, toda a trajetória da vida

aluno, dando ênfase para os fatos mais importantes, outras, porém, ficaram muito

sucintas, fugindo bastante do tema e não deixando claro seu contexto histórico

familiar, nesses casos específicos, conversei com os alunos, expondo a situação, os

mesmos relataram que devido as dificuldades encontradas na vida (conflitos

familiares, questões econômicas e sociais: desemprego, pais separado, presos,

etc.), não tem inspiração, muito menos vontade de falar sobre si e aspectos

relacionados ao seu entorno. Após conversa com estes jovens, orientação e reflexão

sobre estas questões, os mesmos chegaram até a desenvolver um pouco mais suas

narrativas, mas sem grandes relevâncias, procurei não insistir muito, evitando

possíveis constrangimentos.

Unidade IV– Café com História (Ponto de chegada): Encerrando as atividades

do Caderno Pedagógico – “Café com História”

Para finalizar o ciclo de atividades que contemplou o Caderno Pedagógico, foi

proporcionado aos alunos um “Café com História”, inspirado nos “Cafés

Filosóficos”, que aconteciam principalmente na Europa, com os grandes filósofos

iluministas do século XVIII, que faziam reuniões e divulgavam suas ideias também

entre os populares, nas ruas, praças e cafés e não apenas nos salões dos nobres ou

nas residências de burgueses enriquecidos. A intenção central desta dinâmica foi

apresentar experiências exitosas que ensejam desafios na arte de ensinar, abrindo

assim uma prática de ensino externo à sala de aula. Quando envolvidos os vários

agentes do espaço escolar, como alunos, professores, pedagogos, pais e

comunidades em torno, promovem-se além do enriquecimento curricular, o

amadurecimento intelectual e a autonomia do sujeito. Os pais foram convidados por

meios de bilhetes e os alunos trouxeram “comes e bebes”.

Neste ambiente convidativo e aconchegante, iniciou-se a atividade com

apresentação de slides (registro de atividades e fotografias tiradas durante as

aplicações) e um feedback, primeiro do professor e depois dos alunos.

O “Café com História” continuou com a participação de um casal de pais, que

abrilhantaram o evento. Ao término da apresentação, os mesmos pediram a palavra

para relatar entre outras coisas, que através da pesquisa, Quadro de Gerações, a

filha (B) descobriu a origem de seu bisavô paterno (Lituânia) e que, o mesmo veio

para o Brasil de navio, enfrentando todos os perigos e dificuldades da época. A

comunidade escolar (pedagogas, professores, diretor-geral e diretora auxiliar)

também participaram do encerramento destacando a importância do Projeto.

A exposição do “Livro da Vida” produzida pelos alunos contendo todos os

temas trabalhados neste percurso encerra este ciclo de atividades. O “Café” nos

permitiu visualizar o resultado significativo de aprendizagem para todos os

envolvidos, algo que certamente estes alunos levarão para a vida, através dos

relatos e registros dos educandos. E pelo depoimento de alguns pais e do parecer

da Equipe Pedagógica, foi reconhecida a importância da proposta do projeto.

Obviamente foram percebidas as dificuldades e os imprevistos, mas foi considerado

por todos que a intenção central foi contemplada.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE

No terceiro período (1° semestre de 2014) dos estudos PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional), além da implementação das ações no Colégio,

desenvolvemos também o GTR (Grupo de Trabalho em Rede), curso online com

dezessete Professores do Quadro Próprio do Magistério, de diferentes regiões do

Paraná. Os relatos dos professores sobre o Projeto foram riquíssimos, cada um

trazendo uma bagagem com características próprias. Penso que, assim é que

acontece o crescimento, a aprendizagem, construindo e compartilhando os anseios,

as expectativas e as experiências.

Estes valiosos momentos onde ocorreram as interações, os apontamentos,

troca de experiências e críticas construtivas foram extremamente benéficos, pois

cada envolvido levou para sua escola um novo entendimento a respeito desta

temática, como exemplo menciono a seguir recorte da “fala” de duas professoras:

Professora (M): “Achei muito interessante o seu trabalho. Usou várias

ferramentas e tentará explorar suas potencialidades. Você está dedicando especial

atenção não só no uso das tecnologias no processo educacional, como na

preparação do indivíduo para o uso autônomo dessas ferramentas. Uma

necessidade que se fará presente por toda a vida”.

Professora (MC): “Refletir sobre o texto, produzir vídeos e ser protagonista,

além de poder ouvir e ver o que o outro pensa a respeito, desapegar-se na feira de

troca de brinquedos, irem a fundo ao quadro de gerações – este é um desafio -

sintetizar no caderno de história e finalizar com Café com História, são atividades

muito interessantes, seus alunos irão viver a História”.

Abaixo exemplo de duas práticas adotadas por professores do Curso (GTR),

que se apropriaram de algumas ações do Caderno Pedagógico e as desenvolveram

em suas escolas:

A prática do professor (A) que dividiu seu trabalho em etapas e também fez

uso da interdisciplinaridade culminando com um estratégico encontro “um dia sem

celular” entre pais, avós e parentes que puderam contribuir com a discussão,

relatando os tempos onde não havia tantos avanços tecnológicos nos meios de

comunicação, resgatando um pouco da história de cada família.

A proposta da professora (MC) que no contexto de sua prática com os alunos,

contemplou uma das ações “produção de um vídeo” com seus os alunos.

Os apontamentos demonstram a preocupação e o comprometimento com o

magistério, profissionais assim, fazem a diferença no processo educacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se findar qualquer trabalho, faz-se necessário um balanço para que

tenhamos uma ideia de validade do mesmo. Analisei que o processo de globalização

é um fator que se relaciona a esta questão, pois ele vem sendo acompanhado de um

crescente desinteresse pelos “espaços públicos” e, consequentemente pela

participação política em todas as suas esferas. Esta participação ficaria então, cada

vez mais restrita a uma elite tecnológica e econômica, detentora dos espaços

decisórios, e por isso mesmo, apta a produzir produtos culturais mais sofisticados,

enquanto a massa consumidora se conforma em ser apenas “cliente”.

Por esta e outras questões, se faz necessário que crianças e adolescentes se

apropriem da História, utilizando de seus marcos para situarem-se diante dos novos

contextos e necessidades que a tecnologia impõe, visto que as competências

mídias-educação são elementos importantes para a participação e inclusão na

sociedade. Um dos instrumentos utilizados e que se revelou fortuito para a

compreensão temporal e espacial da tecnologia, foram as interações entre gerações.

A sociedade do conhecimento vem proporcionando novos desafios para a

humanidade, as exigências profissionais tendem a mudar e o aluno de hoje precisa

estar preparado para essas transformações. Para preparar esse jovem que está

vivendo e construindo o século XXI, a formação escolar histórica deles, deve

contemplar um espaço aberto para o diálogo, para a busca do novo, e deve

alimentar o desejo de pesquisar, o que o tornará produtivo e autônomo.

Enfim, a História como disciplina em sala de aula é responsável por construir,

desconstruir, reconstruir, narrar e descrever as ações humanas, em seu tempo e

espaço. Como sujeitos históricos responsáveis em transformar o social, temos que

estar convencidos que a nossa função como educador é a de preparar (dar

ferramentas) ao aluno para a vida em sociedade, dentro de certos princípios e

valores (ética, direitos, deveres, pluralidade cultural, cuidados com o meio ambiente,

relações sociais, entre outros), um indivíduo inserido no processo de exercício da

cidadania. O estudo da História como já abordado anteriormente é imprescindível

para a aquisição destes valores. Claro que em nosso caminho nem tudo foram

flores, mas os obstáculos encontrados no decorrer deste processo serviram para

avaliar e compreender por novos prismas, as relações dos alunos e pais diante das

mudanças sociais e tecnológicas.

REFERÊNCIAS: BITTENCOURT, Circe (org). O saber histórico na sala de aula. São Paulo. Editora

Contexto, 8ª Edição, 2003. COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2003. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. DCE's – Diretrizes Curriculares da Educação Básica – História. Curitiba: SEED, 2008. GIL, Carmem Zeli de Vargas; ALMEIDA, Dóris Bittencout. A docência em História – reflexões e propostas para ações. Erechim: Edelbra, 2012. GIROUX, Henry A. Os Professores como intelectuais – rumo a uma pedagogia crítica de aprendizagem. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Porto Alegre, 1988. HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia

das Letras, 1995, pg. 13. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora Unicamp, 1994. MORAES, Sonia Augusta de. TERUYA, Tereza Kazuko. Paulo Freire e Formação do Professor na Sociedade Tecnológica. Disponível em: http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2007/Simp%C3%B3sio%20Academico%202007/Trabalhos%20Completos/Trabalhos/PDF/64%20Sonia%20Algusta%20de%20Moraes.pdf Acesso em: 23/06/2013 MORIN, Edgar. Cultura de massa no século XX: neurose. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2002. PINSKY, Jaime. O ensino da História e criação do fato. São Paulo: Editora

Contexto, 11ª edição, 2004. SILVA, Isabel Rodrigues. A Televisão Possibilitando Novos Olhares no Fazer Pedagógico. Postado em: 17/05/2010. Disponível em:

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