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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A RELEVÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE
ENSINO/APRENDIZAGEM NO ENSINO DE CIÊNCIAS –
INVESTIGANDO A MERENDA ESCOLAR.
Odete Candido Alves1
Profª Drª Ana Lúcia Olivo Rosas Moreira2
RESUMO
A presente pesquisa fomenta os questionamentos em relação ao sistema de avaliação escolar, uma vez que é por meio deste processo que se observa o desenvolvimento do aluno, bem como a proposta metodológica e a ação do professor. O processo avaliativo não deve se ater às notas, mas sim, ao conteúdo elaborado pelo aluno e desta forma, do empenho por parte do professor. Este trabalho objetiva apontar novas técnicas de avaliação superando as dificuldades apresentadas por muitos educandos e utilizando de práticas pedagógicas que não apresentam apenas de notas como resultado de bom aprendizado. A avaliação proposta nesta pesquisa se refere à investigação e verificação da forma que a escola utiliza a Alimentação. A implementação de ações e estratégias para o desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula, especificamente para o processo avaliativo escolar, permite a aproximação do entendimento dos alunos dos respectivos conteúdos, podendo assim ser utilizados por eles no dia a dia. Palavras-chave: Avaliação. Intervenção. Alimentação.
INTRODUÇÂO
O artigo sobre a Relevância da Avaliação no Processo de Ensino -
Aprendizagem no Ensino das Ciências-Investigando a Merenda Escolar, tem
como objetivo apresentar aos professores e alunos uma proposta educativa, a
partir da investigação em relação à temática Merenda Escolar. Buscou-se
construir um recurso de avaliação em que possibilitasse identificar e encontrar
soluções para elaboração do conhecimento, que se configura como diagnóstica
e qualitativa, para o acompanhamento e evolução dos alunos, bem como para
a melhoria do trabalho docente. Diante da importância do ato de criar no
processo educacional, surgem reflexões, que apontam as preocupações da
1 Professora PDE de Ciências na Escola Estadual Princesa Izabel. 2 Professora Orientadora no Curso PDE- Universidade Estadual de Maringá/PR
pesquisa e que se pretende responder. Neste caso, indicam a forma como a
escola tem avaliado seus alunos.
A avaliação deve ser tratada com maior flexibilidade, contemplando as
diferenças existentes entres os educandos, consideradas como instrumento de
investigação. Esteban (2004, p. 86) declara que a avaliação do desempenho
escolar, como resultado do exame que o professor ou professora realiza sobre
o aluno ou aluna, ainda é predominante. Portanto, ocorre, ainda, a
predominância de uma avaliação de conhecimentos considerando
principalmente a quantidade e não a qualidade.
A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, conseqüentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (CALDEIRA, 2000, p. 122)
A compreensão em relação ao processo avaliativo, reporta, na sua
grande maioria, a uma prova escrita em que o aluno vai registrar o que estudou
ou mesmo decorou e, que ao final do processo será atribuído uma nota,
independente do aluno ser ou não detentor do conhecimento, apontando uma
classificação. Considerando que avaliar é uma ação pedagógica que possibilita
um redirecionamento do processo educacional (RUSSEL; AIRASIAN, 2014), o
conceito de avaliação escolar é ampliado, pois indica a necessidade de
reflexão e de nova postura durante a ação docente, melhorando as condições
para a aprendizagem.
A avaliação escolar tem sido um grande desafio para os docentes, pois
na maioria das vezes é considerada apenas uma etapa final de um processo
educativo. Assim, possibilitar a reflexão no educando que a avaliação é um
processo contínuo, emancipatório e que garante o acesso ao conhecimento,
provoca interesse e estimulo a sua aprendizagem. Nestes termos, o processo
avaliativo a ser adotado se apresenta de forma diagnóstica, contínua e
formativa.
A atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico como deveria
ser constitutivamente. Ou seja, o julgamento do valor que teria função de, possibilitar uma nova tomada de decisão sobre o objeto avaliado, passa a ter a função estática de classificar um objeto ou um ser humano histórico num padrão definitivamente determinado (LUCKESI,1995, p.34).
Desta forma, o professor descaracteriza a função da avaliação,
tornando-a classificatória, e dificultando a revelação de uma possível evolução
do aluno baseando nos resultados apresentados. Para muitos professores a
avaliação tem como objetivo manter a disciplina na sala de aula, utilizando-a
como forma de punição ou castigo. No entanto, a avaliação mediadora aponta
para uma ação pedagógica reflexiva, permitindo ao professor investigar sua
prática, considerando o erro ou acerto do aluno e, possibilitando, assim,
promover e melhorar o conhecimento do educando.
Em relação à aprendizagem, uma avaliação a serviço da ação não tem por objetivo a verificação e o registro de dados do desempenho escolar, mas a observação permanente das manifestações de aprendizagem para proceder a uma ação educativa que otimize os percursos individuais. (HOFFMANN, 1997, p. 17)
A avaliação escolar é iniciada, a partir do planejamento das aulas, no
qual se orienta de acordo com os objetivos desejados sobre o que os alunos
precisam aprender. Durante o planejamento, o professor considera
informações sobre o seu aluno, sua experiência, currículo, materiais didáticos,
dentre outros fatores. O importante é buscar o sucesso do aluno e este ocorre
durante processo educacional, que envolve tomada de decisão e interpretação
do professor, ou seja, a avaliação (RUSSEL; AIRASIAN, 2014). Assim, o
docente ao planejar seu trabalho, planeja ao mesmo tempo, a forma como
poderá observar o aprendizado do seu aluno, criando critérios, recursos e
atividades diferenciadas de avaliação.
Nestes termos, este estudo propôs a abordagem de instrumentos
efetivos de avaliação para o ensino de Ciências, promovendo a avaliação
qualitativa ao processo de ensino-aprendizagem e favorecendo um trabalho
docente à qualificação educacional e à emancipação do aluno.
1 INVESTIGANDO A MERENDA ESCOLAR
Não é difícil encontrar no dia a dia, pessoas que por algum motivo se
alimentam de forma inadequada e não se dão conta do prejuízo que este mau
hábito pode trazer para a própria saúde. Esta problemática tem sido,
frequentemente, apresentada pela mídia, por médicos e especialistas,
enfatizando a importância de uma alimentação saudável.
Assim, na disciplina de ciências, considerando a proposta curricular e os
conteúdos estruturantes encontrados nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná (PARANÁ, 2008), são trabalhados no oitavo ano, os sistemas
biológicos e características específicas de funcionamento. Neste caso, cada
sistema é trabalhado de forma a conhecer os níveis de organização, morfologia
e fisiologia do ser humano.
Partindo dos conhecimentos citados acima, destacam-se os conteúdos
relacionados aos hábitos alimentares, integrando-os às condições de vida;
avaliando e associando-os às dietas, doenças, carência de nutrientes, dentre
outros. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais,
Nestes estudos, um importante foco está nos hábitos alimentares dos próprios estudantes, para que possam identificá-los e avaliá-los. Parece óbvia a recomendação de uma boa alimentação para a saúde, mas, para que tenha real significado e não seja mais uma regra ideal prescrita aos estudantes, é necessário que seja vinculada à reflexão sobre as suas condições de vida e as de outras pessoas, bem como sobre o equilíbrio dinâmico dos processos de saúde-doença que todos vivemos (BRASIL, 1998, p. 74).
Torna-se, assim, relevante trabalhar a temática sobre alimentação
escolar. Diante disso, neste trabalho são desenvolvidos os conteúdos
relacionados à higiene e aos hábitos alimentares, bem como sua importância
para a saúde e ao combate às doenças, carências de vitaminas e às dietas
utilizadas.
A alimentação saudável é essencial para o crescimento,
desenvolvimento e manutenção da saúde. Os hábitos alimentares inadequados
acarretam problemas de saúde imediatos e também em longo prazo.
Um dos principais caminhos para estimular a autonomia das pessoas frente às escolhas alimentares mais saudáveis é a educação em saúde e a disponibilização de informação. Assim sendo, seriam incorporadas a toda dinâmica sócio- espacial e as novas relações espaço-tempo (amplamente discutidas nesse artigo) produtos e serviços que atendessem a necessidade de se cumprir os princípios básicos da “boa alimentação”, ou seja, o da variedade, da moderação e do equilíbrio. (ORTIGOZA, 2008, p. 92)
Dessa forma, o estudo sobre os componentes dos alimentos, seu
armazenamento e a forma correta de ser utilizado pelas pessoas passa a ser
relevante ao aluno, para a compreensão dos aspectos científicos relacionados
a temática A merenda escolar é resultado de um trabalho nutricional em que é
feito um cardápio referente a cada dia da semana.
Atualmente, o aumento da obesidade tem sido observado em diferentes
áreas e segmentos sociais, mais precisamente em adolescentes. Assim, este
é um assunto que vem preocupando os especialistas, pois se observa um
número relevante de jovens que estão buscando tratamento para a obesidade.
Considerando que a má alimentação é um problema que vem com freqüência
atingindo a população, seja por desnutrição ou por obesidade, é importante que
a educação alimentar seja orientada às pessoas desde a infância, a fim de que
cresçam com hábitos alimentares saudáveis. Nestes termos, a escola seria um
espaço adequado para auxiliá-las com essas informações, ensinando-as sobre
saúde, não só na teoria, mas também na prática, por meio da merenda escolar.
Portanto, a partir deste estudo, o aluno começa a aprender mais sobre seu
próprio corpo e como atuar perante a sua condição de vida. Conforme
Gambardela; Frutuoso; Franch (1999) é importante reconhecer como ocorre o
consumo alimentar entre as três principais refeições e sua importância na dieta
dos adolescentes.
Neste sentido, a pesquisa investigativa desenvolvida com os alunos
apresenta os fatores que atuam na formação dos hábitos alimentares dos
alunos da disciplina de Ciências.
2 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DO PROJETO DE INTERVENÇAO ESCOLAR
O Projeto de Intervenção Pedagógica foi realizado na escola Estadual
Princesa Izabel - Ensino Fundamental, do município de Paiçandu- PR, com
alunos do 8º (oitavo) ano do período matutino, compreendendo 25
participantes. A pesquisa segue a análise quantitativa e qualitativa dos dados
obtidos.
O primeiro passo, para que o projeto fosse posto em prática, foi a sua
divulgação com a direção, equipe pedagógica, professores e funcionários da
escola. Como instrumentos de pesquisa, foram aplicados dois questionários,
considerando seus conhecimentos prévios, para investigar:
O entendimento do aluno a respeito da avaliação escolar;
Os componentes alimentares da merenda escolar e da sua
alimentação diária. Foi distribuída uma tabela de consumo de alimentos
por uma semana, para os alunos preencherem em relação às suas
refeições.
O segundo passo ocorreu após a introdução sobre os conceitos de
alimentos, nutrientes e sua importância para o nosso organismo, solicitando a
realização de uma pesquisa com sorteio de algumas palavras norteadoras à
temática de “Os Alimentos”. Para tanto, formaram grupos com até 5 (cinco)
alunos. Desenvolveu-se, ainda, uma atividade complementar com a utilização
de vídeos quanto à importância dos alimentos e de seus nutrientes,
provocando uma discussão, após a projeção e com o resgate das informações
apresentadas na pesquisa. Finalmente, elaboraram um relatório, o qual serviu,
também, de instrumento para esta pesquisa.
O terceiro passo foi o desenvolvimento de atividades lúdicas, as quais
são consideradas como ações pedagógicas prazerosas, que envolvem e
facilitam a aprendizagem do aluno (SCHWARTZ, 2004). Realizou a aplicação
de um caça palavras, para que individualmente, o aluno ao procurar as
palavras referentes ao assunto, estabelecesse novas ligações. Destaca-se,
ainda, outra a atividade lúdica, representada por um bingo, com a mesma
temática, porém, enfatizando, principalmente, os conceitos relacionados. A
construção coletiva de uma pirâmide alimentar, enquandra-se, também, nesta
relação lúdica, com a intenção de comparar o hábito alimentar inicial e final, a
partir de questionamentos promovidos durante sua confecção, tendo como
sugestão recortes de jornais, revistas e figuras retiradas de sites ou fotos. Esta
produção ficou exposta no mural da escola para a divulgação e apreciação de
toda a comunidade escolar (Fig. 1, 2 e 3).
Desenvolveu-se, ainda, outra ação do projeto, considerada como uma
Produção Textual, a qual foi realizada pelos alunos, registrando as ideias que
tiveram após a exibição de vídeos sobre nutrição. Outro momento de reforço do
conteúdo foi a apresentação e discussão do documentário Obesidade Infantil,
sendo este complementado com um texto “Alimentação saudável na infância e
adolescência”. Ao final das atividades, foi distribuído um questionário como
forma para obter as conclusões dos alunos e suas sugestões em relação à
avaliação submetida durante a intervenção pedagógica, bem como sobre a
merenda escolar e a alimentação de que eles fazem uso no cotidiano.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO DA INTERVENÇÃO
Esta pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública com uma turma
do oitavo ano da disciplina de Ciências em que os dados obtidos contribuíram à
avaliação consistente do professor, favorecendo a construção do conhecimento
referente à temática e à elevação da qualidade do ensino, uma vez que
realizaram tarefas relacionadas as suas realidades.
Desenvolveu-se em parceria com os alunos, aplicando conteúdo
curricular – Os Alimentos, a partir da investigação do processo de elaboração e
distribuição da merenda na escola, buscando também, conhecer sua
classificação, considerando a importância de seus componentes.
A partir do primeiro questionário, respondido por 25 participantes, pode-
se elencar algumas informações a respeito do instrumento avaliativo.
40% consideram a avaliação como um resumo de todo o conteúdo
aplicado para saber o que os alunos aprenderam.
28% consideram a avaliação como uma ferramenta para saber o
que o aluno aprendeu.
20% consideram como um meio para reprovar o aluno ou não.
12% consideram a avaliação como um meio para dar nota aos
alunos.
Sobre o sentimento que tiveram ao serem avaliados:
66,6% sentem-se bem, dentro da normalidade;
13, 5% sentem-se com medo, mesmo estando preparado;
13,3% sentem-se estressados;
6,6% sentem-se preocupados.
A respeito dos tipos de avaliações realizadas na escola, 48% realizam
provas e trabalhos individuais e em grupos; 52% realizam relatórios, pesquisas,
debates, seminários, teatro e provas orais. Quando questionados sobre suas
preferências entre os diversos tipos de avaliação, revelaram-se os seguintes
números:
60% dos alunos preferem teatros, cartazes, teatros (pois podemos
interagir com a turma, porque usarão a criatividade);
24% responderam avaliação ou trabalho em grupo, pois um ajuda o
outro, dividem suas ideias, porque se um está em dúvida o outro pode
ajudá-lo;
16% preferem avaliação ou trabalho individual, por acreditar que
estimula mais o conhecimento.
Quando questionados sobre o hábito de estudar para as avaliações,
40% revelam que não estudam, por prestar atenção na explicação dos
professores; 32% afirmaram que estudam, 28% expõem que estudam apenas
quando se lembram.
Todos os entrevistados, ou seja, 100%, consideraram a avaliação como
uma importante ferramenta para o processo ensino-aprendizagem.
Observou-se que os alunos apontam vários instrumentos avaliativos
aplicados pelo professor durante o processo educacional. Apesar da maioria
afirmar que não estuda, outros apontam que estudam, ou apenas o fazem
quando lembram. Considerando estes dois últimos elementos, pode-se afirmar
que esta turma é aplicada ao processo de ensino-aprendizagem. Os alunos,
consideram suas particularidades, pois indicam a forma mais apropriada para a
sua aprendizagem. Alguns assinalam sua preferência por trabalhos em grupo
e outros por trabalhos individuais, pois acreditam que se apropriam do
conhecimento nestas estratégias de ensino e de avaliação. Apesar da maioria
se sentir bem durante as avaliações, devemos levar em conta aqueles que
possam se atrapalhar e até mesmo, não conseguir realizar uma avaliação, pois
a preocupação de todo docente atende a turma como um todo. Todos os
alunos indicam a avaliação como classificatória, no entanto, a partir das demais
respostas, eles revelam diferentes instrumentos de avaliação, o que indica um
procedimento avaliativo contínuo. Luckesi (2006) afirma a importância de uma
avaliação contínua, buscando as individualidades dos alunos e a aplicação de
instrumentos avaliativos como momento de aprendizagem.
O segundo questionário levantou informações sobre a merenda servida
na escola. Sobre a opinião a respeito da merenda, tem-se os seguintes
números: 60% acreditam que a merenda precisa melhorar, principalmente nos
dias em que são servidos lanches doces, como leite e bolacha; 20% gostam da
merenda nos dias em que é servido arroz temperado e 20% não gostam de se
alimentar na escola.
Os alunos foram questionados sobre onde costumam alimentar-se mais:
60% responderam que se alimentam mais em casa; 20% que comem tanto em
casa como na escola e outros 20% não se alimentam na escola, ou seja, só em
casa.
Entre os entrevistados, 100% afirmaram que há variedade no cardápio
da merenda escolar e 100% tem o café da manhã como a primeira refeição do
dia, comendo em sua maioria pão, bolacha e leite.
Quanto à ingestão de água, 60% afirmaram ingerir 1,5 l/d; 24% 1l/d e
16% 2 l/d.
O tempo gasto em cada refeição também fez parte das questões: 72%
gastam em média 15 minutos; 16% gastam 20 minutos; 4% gastam 30 minutos;
4% uma hora e outros 4% um minuto.
O hábito de realizar compras em supermercados também foi
questionado: 24% disseram que possui o hábito de ajudar a sua família nas
compras do supermercado observando o rótulo e a data de validade dos
alimentos; 76% não possuem o hábito.
Os alunos também foram questionados a respeito da importância de
uma nutrição saudável: 80% concordam que a alimentação saudável fornece
energia para realizar as atividades do dia a dia e 20% consideram importante
para ter uma vida saudável.
Ao observar a tabela de consumo preenchida pelos alunos durante uma
semana, é possível verificar que 80% dos alunos participantes fazem cinco
refeições ao dia e que apenas 20% fazem seis refeições ao dia, sendo essa
sexta refeição a merenda fornecida pela escola, dando preferência aos dias em
que são servidos: arroz, feijão, carne, salada, sopa e polenta.
Após a realização das intervenções, novos questionamentos foram
aplicados, buscando verificar maiores informações referentes ao procedimento
metodológico da pesquisa e às questões relacionadas ao processo de ensino-
aprendizagem. Resgatou-se quanto às avaliações: 24% acharam
interessantes; 28% consideraram divertidos; 20% disseram que aprenderam
muito com as atividades diferenciadas, 20% consideraram ótimas e 8%
julgaram ter se apropriado de maiores informações por meio dessas
avaliações.
Verificou-se ainda, que 100% consideraram a avaliação importante, e
desses, 20% apontaram que assim “é possível conhecer mais o aluno”; 40%
deles consideraram que “a avaliação permite aprender mais” e 40% disseram
que “aprende se divertindo”.
Ao serem questionados sobre os instrumentos avaliativos utilizados, a
grande maioria deu preferência aos vídeos e paródias, com 60%; 20%
preferiram a atividade do bingo e 20% a atividade de construção da pirâmide
alimentar.
Em relação o sentimento ao ser avaliado durante a execução das
atividades acima citadas, todos afirmaram ter se sentido bem; citando a
atividade do bingo e da pirâmide alimentar como as melhores.
Na última questão, os alunos sugeriram quanto a melhoria na disciplina
e nas atividades que possam ser atribuídas como avaliação. Na totalidade das
respostas, eles demonstraram muita satisfação com os instrumentos avaliativos
utilizados, considerando-os como uma forma simultânea de aprendizado e
diversão; sugerindo que os demais conteúdos sejam trabalhados de maneira
semelhante.
Quanto a merenda escolar, 80% consideraram que houve melhora no
cardápio após a pesquisa, pois começaram a servir mais alimentos salgados,
que é a preferência da maioria dos alunos. Obteve-se a mesma porcentagem
afirmando que tem interferido na elaboração do cardápio, sugerindo que seja
realizado maior uso da agricultura familiar, para que possa ser servido mais
vezes arroz, feijão, carne e salada.
Um número muito importante que deve ser destacado é a quantidade
referente aos alunos que agora participam da compra dos alimentos e
consideram-se mais atentos nesse momento, verificando a validade dos
produtos e os ingredientes neles contidos: 88%.
Em relação aos seus pensamentos a respeito da alimentação saudável,
todos continuaram considerando-a importante, porém, após a intervenção,
utilizaram-se de respostas mais elaboradas, citando “cuidados com a saúde”, a
realização de “atividades do dia a dia” e a “prevenção de doenças”.
Ao final registraram comentários que foi possível perceber a positividade
da intervenção realizada: “Antes não me importava com rótulo de alimentos,
hoje eu olho antes de me alimentar, vejo os ingredientes”; “se alimentava de
muita gordura, hoje percebo que faz muito mal”; “comecei a me preocupar com
minha alimentação e hoje tenho uma alimentação saudável e equilibrada”;
“muito importante aprender isso na escola, o que antes não tinha aprendido”.
Importante salientar que os alunos consomem a merenda quando
estabelecem uma relação de uma refeição completa, típica da sua alimentação
diária.
Os alunos demonstraram, ainda, mudanças de hábitos refletidos
também em suas casas, passando também para a família os novos
aprendizados, como o cuidado com lixo orgânico, lavagem correta dos
alimentos em água corrente, e mudança de condutas na hora das compras.
Observou-se que a atividade sobre a construção coletiva de uma
pirâmide alimentar foi entre a mais citada como prazerosa e apropriada para a
aprendizagem do aluno, conforme as figuras abaixo.
Schwartz (2004) focaliza a importância das atividades lúdicas no
contexto escolar, considerando a possibilidade de melhor aprendizagem.
Figura 01. Montagem do Painel
Figura 02. Exposição do Painel no Mural
Figura 03. Trabalho Exposto no Mural da Escola
4 GRUPO DE TRABALHO EM REDE
Trataremos aqui de uma atividade desenvolvida no decorrer do segundo
semestre de 2015, que diz respeito ao Programa de Desenvolvimento PDE,
uma formação continuada direcionada aos professores da rede pública do
Paraná. O grupo de trabalho em rede, GTR, esteve em atividades e no decurso
de três módulos, por meio de fóruns, diários, biblioteca online, entre outras
ferramentas. O GTR foi composto de 15 elementos, todos professores da rede
estadual de ensino.
As atividades foram desenvolvidas e fundamentadas nos estudos:
Projeto de Intervenção e Unidade Didático-Pedagógica, produzidos no PDE,
com o tema “A Relevância da Avaliação no Processo de Ensino/Aprendizagem
no Ensino das Ciências-Investigando a Merenda Escolar. Este assunto
despertou o interesse dos participantes, que trocaram desenhos e
posteriormente, conhecimentos e experiências e puderam expor suas opiniões.
Alguns comentários realizados pelos cursistas sobre o trabalho em rede.
- Não existe um modelo único de avaliação, pois a avaliação precisa responder
ao projeto educacional, social, político e pedagógico da escola. De todas as
práticas pedagógicas, a avaliação talvez seja a mais desvelada às concepções
de homem/mulher, sociedade, educação, dando o sentido que nos diferencia
dos outros seres vivos e nos faz sujeitos culturais que agem sobre a natureza,
modificando-a e sendo modificados por ação de muitas reflexões abrangentes
ao processo de ensino- aprendizagem, garantindo sua promoção pessoal e
social.
- Segundo Luckesi (1996), é preciso considerar a avaliação qualitativa, que
auxilie o professor fornecendo dados sobre sua prática pedagógica, e garanta
ao educando o acesso ao conhecimento. Sendo assim, o professor observa e
avalia o crescimento constante de seus alunos, caso não atinja seus objetivos
propostos, é possível buscar novos caminhos que proporcione uma
aprendizagem significativa e inovadora.
- A avaliação qualitativa poderia estar mais presente no dia a dia da escola, e
ser uma prática mais constante, podendo-se valer também de aspectos
quantitativos, mas um processo onde o aluno possa ter voz e ser atuante no
seu processo de ensino-aprendizagem e onde professor e aluno caminhem
juntos com um mesmo objetivo.
- Penso que avaliação deverá levar em consideração a capacidade individual,
o desempenho do aluno e sua participação nas atividades desenvolvidas. Os
domínios dos conteúdos deverão ser assegurados neste processo de
avaliação. A avaliação deve ter função diagnóstica e construtiva e ser usada
como subsídio para a revisão do processo ensino-aprendizagem, auxiliando o
professor com elementos para uma reflexão contínua sobre sua prática, sobre
a criação de novos instrumentos de trabalho, assim como da retomada que
devem ser revistos ou ajustados. A avaliação deve ser entendida como um dos
aspectos do ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da
aprendizagem e do seu próprio trabalho com as finalidades de se acompanhar
e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar
seus resultados e atribuir-lhes valores .
- É sabido que a merenda escolar é um fator preponderante para o melhor
desenvolvimento do aprendizado da criança em fase de formação; a depender
das condições de vida a que esteja exposta, a criança ou adolescente terá um
melhor desempenho na escola. Pesquisas realizadas na área de nutrição vêm
mostrar que o desenvolvimento físico e intelectual do aluno depende do mínimo
de vitaminas e nutrientes que compõem uma alimentação saudável,
delimitando-se aí a importância de garantir uma merenda escolar de qualidade.
(BOOG, 1999).
- A merenda escolar tem como finalidade suprir as necessidades nutricionais
do educando, mas isso nem sempre acontece. Quando a merenda é saudável
e nutritiva, ela pode contribui para uma melhora no rendimento escolar.
Trabalho em uma escola do campo, onde tem um projeto ''Horta Escolar'' que
funciona no contra turno, um dia por semana. Os alimentos cultivados são
utilizados para melhorar a qualidade da merenda.
- Uma alimentação como um processo complexo, é sem dúvida importante
também que os alunos tenham conhecimentos que estejam em conformidade
com o assunto que está trabalhando na sala de aula. Estes conteúdos devem
ser significativos para o aluno, e deve fazer com que os alunos verifiquem em
sites, pesquisem sobre a merenda servida na escola, de onde vem, que
investigue a merenda da instituição em que estuda de onde vem, pois desse
modo estará trabalhando com elementos que fazem da sua realidade de
pesquisa e investigação, unindo teoria e prática.
- A alimentação no processo de aprendizagem escolar deve estar vinculada ao
currículo, organizado para orientar, nos diversos níveis de ensino e nas ações
docentes através de seu plano de trabalho docente.
Nessa concepção, o currículo é construído a partir do projeto
pedagógico da escola e viabiliza a sua operacionalização, orientando as
atividades educativas, as formas de executá-las e definindo suas finalidades.
Assim, pode ser visto como um guia sugerido sobre o que, quando e como
ensinar; o que, como e quando avaliar. Portanto, o objetivo é abordar de que
forma é trabalhada a alimentação escolar no processo educativo e de que
maneira se constrói os hábitos alimentares. Segundo Parreira (apud
CAVALCANTI, 2009, p. 25), a escola se destaca como espaço privilegiado,
uma vez que o indivíduo a frequenta por longo período de sua vida. É nesse
ambiente que ocorrem experiências favoráveis à construção de valores, hábitos
e atitudes com intuito intrinsecamente pedagógico, porém, tendo em vista
também, o desenvolvimento e a aprendizagem para formação social do
cidadão.
No tocante aos depoimentos, observa-se que são bem elaborados e
muitas vezes, próximos à escrita de autores renomados no âmbito científico, o
que permite avaliar como uma forma de provocar nos professores reflexões,
conexões e ações na prática pedagógica. Neste sentido, a formação dos
professores participantes do GTR passam de um movimento pedagógico para
um momento político e emancipatório, com possibilidades de promover um
profissional do ensino preocupado com o atendimento pessoal de cada aluno
no que tange ao processo ensino-aprendizagem e em especial ao processo
avaliativo.
CONCLUSÃO
O trabalho mostrou que a avaliação é um processo tanto para o aluno
quanto para o professor identificarem a construção do saber. É necessário que
o professor tenha competência, coragem, criatividade, criticidade, compromisso
e coerência em todo o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que a
avaliação é parte da formação do ser humano.
O professor deve repensar acerca dos seus critérios elencados ao
processo de avaliação, acerca da necessidade de construir políticas e práticas
que considerem essa diversidade e que sejam comprometidas com o sucesso
e não o fracasso escolar.
Durante o desenvolvimento do trabalho PDE, em que foi avaliada a
merenda escolar, por ser um assunto que requer uma atenção especial por
parte dos alunos da faixa etária do 8º ano, pois nesta fase é que eles não
possuem maiores preocupações e cuidados com a saúde, estando
acostumados a consumir alimentos que não fazem parte do grupo de alimentos
que são ricos em vitaminas e minerais e fibras.
Acredita-se que o objetivo tenha sido atingido, pois por meio do trabalho
realizado foi possível trabalhar com os alunos sobre a alimentação e ao mesmo
tempo obter respostas sobre os métodos de avaliação utilizados até então.
O trabalho desenvolvido contribuiu para que os alunos percebessem que
a alimentação adequada é fator primordial para a saúde, prevenindo doenças e
permitindo uma rotina de trabalho, pois o corpo estará preparado para tal.
Durante a realização e execução do trabalho foi possível avaliar o
desempenho do grupo, mostrando que a avaliação não deve ser apenas de
forma escrita, podendo esta, também, acontecer de forma lúdica, chamando a
atenção do aluno, levando-o a aprender a todo momento. Importante despertar
no aluno a vontade de aprender e o entendimento do porquê é importante
aprender, como ele pode utilizar aquele conhecimento no seu dia a dia. Após a
intervenção, esse último item pôde ser bem identificado na fala dos alunos, que
revelaram que agora também passaram o conhecimento adquirido para suas
famílias, cobrando das mães a forma correta de cuidar da higiene e
alimentação, observando os alimentos no momento da compra.
REFERÊNCIAS
CALDEIRA, A. M. S. Avaliação e processo de ensino aprendizagem. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 3, p.122, set./out. 2000. ESTEBAN, M. T. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 2.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
GAMBARDELLA, A. M. D.; FRUTUOSO, M. F. P.; FRANCH, C. Prática Alimentar de Adolescentes. Revista Nutrição, Campinas, v.12, n.1, p. 5 -19, abril, 1999. HOFFMANN, J. M. L. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva
construtivista. 22. ed. Porto Alegre: Mediação, 1997. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, v. 20, n. 101,
p. 82-86, jul./ago. 1995. ORTIGOZA S. A. G.. Alimentação e saúde: as novas relações espaço-tempo e suas implicações nos hábitos de consumo de alimentos. Revista Ra’e GA,
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