ONZ
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Índice
Identificação do Problema
Questões/Reflexão
Levantamento Fotográfico
Conceito
Nós, o Objecto, o Espaço, o Tempo
Forma (Ergonomia)
Dimensões (Antropometria)
Materiais
Contacto Visual e Verbal
Inserção no Espaço
Instalação e Fixação
Posições Possíveis
Modularidade
Soluções de Inserção no Espaço
Desportos Radicais Urbanos
Sustentabilidade
Inclusão
Dimensão Simbólica
Maqueta (Processo de execução)
Maqueta (Fotografias)
Renders Solidworks
Desenhos Analógicos de Estudo
Bibliografia e Fontes Digitais
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Indíce
Identificação do Problema
Uma escola é, mais que um conjunto de infra-
estruturas, um local priveligiado de troca de saberes,
de conversas, de apredizagens e de sorrisos.
A centenária Escola Artística de Soares dos Reis,
recém-nascida num novo edifício, mais espaçoso
e ainda despido de história, é a prova viva de que
são os que habitam os espaços que carregam a
atmosfera dos edifícios.
Ainda assim existem soluções de design que podem
contribuir para o cultivar de uma postura, de uma
nova forma de entender-mo-nos a nós e ao outro.
Começei então por identificar alguns problemas
associados às deficiências dos espaços colectivos
da escola como locais de interação.
Constatei neste percurso a ausência de espaços
de reunião, de repouso e de contemplação,
sacrificados em prole de largos corredores e
espaços de circulação que acabam por ser
habitados pelos alunos por falta desses mesmos
locais de convívio.
À semelhança do interior da escola, o exterior não
oferece soluções confortáveis de repouso ou lazer.
Os bancos que se estendem pelo recreio não se
adoçam à paisagem nem convidam à utilização e
fruição.
A sobriedade austera que carregam é tudo menos
um convite ao exterior e ao outro, num espaço
que é normalmente associado à diversão - o recreio.
A prova da ineficácia desta solução é a número
de alunos que a utiliza e, consequentemente, o
número de alunos que prefere, ainda assim, sentar-
se na relva.
Concluo que estes equipamentos forçam uma
postura, não se mostram versáteis no modo de
utilização, nem convidam ao exterior por não se
integrarem na paisagem do recreio e por não se
encaixarem na vontade de um ser-humano de
contemplar, partilhar e divertir-se.
Proponho por isso neste dossier uma solução de
substituição destes bancos por um outro
equipamento que simboliza por síntese o que é,
na minha opinião, o espírito da Soares dos Reis.
A proposta, desenvolvida durante as aulas da
disciplina de Projecto e Tecnologias (Design de
Equipamento) consistia em desenvolver um objecto
simbólico que desse resposta a um problema da
Escola e maquetizá-lo nas tecnologias de Madeiras
e Metais.
Página 1
Questões/Reflexão
O que é que diferencia a Soares dos Reis de
qualquer outra escola?
O que é que pode traduzir o espírito da Soares?
Quais os problemas da escola a nível de infra-
estruturas?
Como convidar a uma discussão, a uma fotografia,
a um desenho, através de um objecto?
Qual é a relação dos alunos com o mobiliário?
Como suscitar emoções através de um objecto?
O que define a escola como estrutura de ensino?
Qual é o espaço e o papel do aluno na escola?
Que objecto pode durar mais 125 anos?
Quanto de nós pode ser inserido num objecto?
Qual o valor de promover um ambiente eclético?
Como criar um objecto que pode ser discutido?
Como incentivar uma postura crítica na escola?
Qual o sentido da palavra sentar?
Página 2
Conceito ONZ
O projecto ONZ surgiu da necessidade de criação
de um equipamento de mobiliário urbano versátil
tanto no que diz respeito à sua utilização como
no que se prende com a sua instalação.
Outra preocupação que tive no desenho da peça
foi a sua componente interactiva e apelativa.
Uma vez que um equipamento destes tem como
público todo o tipo de pessoas, deve conseguir
responder eficazmente a vários tipos de posturas
e formas de utilização.
Por respeitar várias opções de utilização não
poderia ser mais inclusivo, versátil e habitável.
Deitar, sentar, skatar, desenhar, contemplar,
conversar, sentir, são palavras indissocíaveis do
conceito de utilização do ONZ.
Página 7
Conceito ONZ
Dada a sua forma, permite diferentes
composições e, consequentemente, várias
soluções de inserção no espaço urbano.
A forma irregular e um tanto bizarra é,
inevitavelmente, um motivo de conversa, um
pretexto para uma discussão, um convite para
um olhar mais atento e curioso.
Como objecto simbólico partilha com a Escola
Artística Soares dos Reis o número 11.
Do mesmo modo que 11 cursos definem o que
se aprende na EASR, 11 arestas definem o ONZ,
em tanto semelhante ao rosto da escola:
Diferente, versátil, carismático e controverso.
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Nós, o Objecto, o Espaço, o Tempo
Ao longo da nossa vida desenvolvemos e
cultivamos diferentes relações com os objectos
que nos rodeiam.
O tempo tem um papel fundamental neste
processo como força catalizadora do sentimento
de pertença e afecto pelos objectos.
Por esse motivo, com o passar dos anos, certos
objectos ganham na nossa vida um valor que
transcende o valor prático, seja pela acção da
natureza (degradação, oxidação, ferrugem), pelas
recordações associadas ao objecto, ou pela
simbologia que adquire numa certa cultura ou
mentalidade.
Outro factor essencial no desenho de um produto
é o seu tempo de vida.
Esta característica depende necessariamente da
Homem ObjectoAcção
Página 9
Homem
Homem
Conversa Objecto
Nós, o Objecto, o Espaço, o Tempo
finalidade do objecto e do espaço onde vai ser
inserido.
Um equipamento de mobiliário urbano deve ser
o mais durável possível para evitar gastos de
manutenção e renovação, por isso opta-se
frequentemente por materiais resistentes à erosão,
humidade, chuva, temperatura e corrosão para
os preservar.
Para além dos aspectos referidos anteriormente,
há que ter em conta a mudança das mentalidades
e gostos ao longo do tempo.
E isto combate-se com formas simples,
intemporáis e carismáticas, que se moldam a
posturas e modas através da versatilidade da
forma e da utilização.
O ONZ como um sólido irregular, dado ao Espaço
Página 10
Nós, o Objecto, o Espaço, o Tempo
Página 12
inserido são parte do seu carisma.
As conjugações provocam necessariamente
interacções diferentes com quem os utiliza.
Existem conjugações modulares pensadas para
a contemplação, outras para a prática de
desportos radicais urbanos e ainda outras
desenhadas para promover conversas e
encontros.
Tanto a dinâmica modular como a particularidade
e durabilidade do ONZ foram pensadas para o
marcar no tempo e em nós como mais que um
equipamento urbano.
Assim, o ONZ é sobretudo uma experiência, um
objecto que é um pretexto e uma nova forma de
encarar o mobiliário urbano.
Dimensões (Antropometria)
As dimensões do ONZ foram pensadas para até
5 pessoas e em função do tipo de utilização de
cada uma das suas partes.
A superfície de topo, indicada para sentar, conta
com 50cm2 de superfície distribuídos ao longo
de um triângulo rectângulo de 2 metros por 0,5
metros.
Esta superfície dá para sentar até 3 pessoas
dadas as características do triângulo.
Já a superfície de frente foi desenhada para
permitir diferentes tipos de postura, todas
condicionadas por um estudo anterior
antropométrico.
Ao longo destes 120,7 cm2 de encosto a
amplitude do plano varia entre 45 e 90 º, entre
a hipotenusa do triângulo e o lado do quadrado.
45º
500m
m
500mm
500mm
500m
m
2000mm
2000mm
707m
m
Área para Sentar Vista de Topo Área para Encosto Vista de Frente
50cm2 120,7cm2
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Materiais
Betão Reciclado (Categoria Nacional 4)
Peso da peça: de cerca de 800kg
Durabilidade: Mais de 100 anos
Propriedades: Resistente à erosão, injecção em
molde (cofragem), skatável, abundante e ecológico.
Aço Inoxidável Recilado (Chapa 22 - 8mm)
Peso da peça: 25kg
Durabilidade: Mais de 100 anos
Propriedades: Resistente a impactos, dobragem
da chapa, relativamente leve, lavável e reciclável.
Aço Inoxidável Folheado de Madeira
Peso da peça: 25kg
Durabilidade: Dependente da madeira e verniz
Propriedades: Conforto, poupança de recursos,
variedade de acabamentos e texturas.
Folheado de Madeira (na face torcida)
Peso da peça: 25kg
Durabilidade: Dependente da madeira e verniz
Propriedades: Conforto, poupança de recursos,
variedade de acabamentos e texturas.
Página 15
Materiais
Tartan
Peso da peça: de 75kg a 150kg
Durabilidade: Até 5 anos no exterior
Propriedades: Conforto, adequado para crianças,
resistente, fácil manutenção.
FoamCoating
Peso da peça: 5kg
Durabilidade: Até 15 anos
Propriedades: Flexibilidade, memória de forma,
lavável, disponível em milhares de cores diferentes.
Poliamida (Oco)
Peso da peça: 10kg
Durabilidade: Mais de 60 anos no interior
Propriedades: Biodegrável, feito a partir de amido,
disponível em milhares de cores diferentes.
Betão Impresso
Peso da peça: de 950kg a 200kg
Durabilidade: Mais de 100 anos
Propriedades: Resistente à erosão, injecção em
molde (cofragem), possibilidade de personalização.
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Contacto Visual e Verbal
O conceito do “ONZ” está fortemente associado
à interação inter-pessoal.
Assim o objecto assume-se como um “palco de
conversas”, um “berço de relações” e um
equipamento desenhado para garantir contacto
visual e verbal com aqueles que o utilizam em
qualquer posição.
A superfície em torção permite que as 4 pessoas
a ela encostadas mantenham contacto visual e
verbal, sem entraves ou dificuldades.
Esta mesma face do objecto torna possível, na
secção de maior inclinação, contacto directo
com qualquer outra pessoa sentada na superfície
de topo do banco, quer dum lado, quer de outro.
Nestas duas páginas são mostrados esquemas
que apresentam diferentes abordagens possíveis.
Página 17
1m
Instalação e Fixação
A Instalação do “ONZ” não requer qualquer tipo
de sistema de fixação ao solo em nenhuma das
suas opções de material ou de inserção no
espaço.
Isto porque quando instalado no exterior o peso
do material indicado para este espaço (betão
massiço) funciona como o sistema de fixação.
Ainda assim prevê-se necessário o uso de
maquinaria de transporte de pesados para
deslocar os módulos até ao espaço de instalação,
uma vez que o seu peso em betão é de cerca
de 800kg.
Quando instalados em interiores o tipo de
utilização já prevê uma mobilidade maior.
Os próprios materias, mais leves e fáceis de
transportar, conferem ao “ONZ” uma nova
dinâmica e mobilidade ajustadas às actividades.
Por isso dispensam também sistemas de fixação
ao solo.
Para movimentar cada módulo é necessário que
o percurso entre o local de descarga e o destino
não tenha espaços que impeçam a rotação da
peça (partindo do eixo de rotação da peça são
necessários até 2,5m para conseguir uma volta
completa) [Fig. 1].
Durante o transporte cada módulo ocupa 0,375
m3, o que o permite o transporte de até 4 “ONZ”s
num contentor com um mínimo de 2m3
(2mx1mx1m) [Fig. 2].
2,5m
2m1m
1m
2m1m
2m0,5m
Fig.1 Fig.2
Página 20
Modularidade
Trapézio
Berço
Triângulo
Losango
Seta
Linha
Ritmo
Ampulheta
Quadrado
Raio
Skate
Página 23
Desportos Radicais Urbanos
Novos objectos enfrentam novos desafios e os
desportos radicais urbanos têm sido
marginalizados e apontados como factores de
vandalização do espaço urbano.
Como desportos, culturas urbanas e estilos de
vida, o Skate, o BMX e o Parkour, merecem uma
atenção especial nos equipamentos de exterior.
Uma vez não existem infra-estruturas próprias
Skate Skate
Skate Skate
Página 29
Desportos Radicais Urbanos
para a prática destes desportos nos centros
citadinos discuti a forma e as diferentes posições
do “ONZ” com praticantes dos vários desportos.
O betão surgiu como o material ideal para a
prática destes desportos, por ser skatável,
grindável, dropável e, sobretudo, resistente às
agressões e impactos provocados pelas bicicletas
e/ou skates.
BMX BMX
Parkour Parkour
Página 30
Inclusão
O conceito de Design Inclusivo é indissociável da
matriz do Design de Produto como solução em
forma de objecto.
Uma vez que um equipamento urbano tem como
potenciais utilizadores todos os que habitam o
espaço em que está inserido e que, no sentido
lato, esse universo de pessoas inclui
necessariamente um grupo de características
especiais, é imperativo que as soluções sejam
inclusivas e universais.
O conceito do ONZ é uma extensão deste
imperativo de mudança de paradigma. Já que
todos somos diferentes, que vivemos experiências
diferentes e entendemos a vida de forma diferente
os equipamentos do domínio público devem
respeitar essas mesmas diversidades.
O objectivo do ONZ é ser um objecto para todas
as posturas, incluir em vez de descriminar.
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Dimensão Simbólica
O ONZ mais que um equipamento urbano é uma
reflexão sobre a existência de diferentes posturas.
A sua forma foi condicionada pela especificidade
do ser humano e pela sua relação com os
objectos, portanto é necessariamente um símbolo
de diversidade.
A Escola Artística Soares dos Reis partilha com
o ONZ a aceitação de um vasto leque de posturas
no mundo e a certeza de que não existe apenas
um modo de viver a realidade.
Por isso se divide em 11 cursos a gama possível
de aprendizagem na Soares, sendo que cada
um dos cursos nao formata quem aprende ou
impõe ao aluno um modelo de pensamento ou
criação.
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Dimensão Simbólica
Do mesmo modo que 11 cursos definem a EASR,
11 arestas definem o ONZ que, como a escola,
promove posturas, propicia amizades e conversas
e modela-se aos diferentes tipos de utilização.
O número 11, símbolo de imperfeição e igualdade,
traduz o significado do banco de forma concisa
e sintética, mas implícita.
O nome ONZ (baseado no número) distingue-se
da expressão gráfica do algarismo por exclusão
do "e". Uma das vistas laterais aparece-nos, em
síntese, como um N e a vista de topo, pela mesma
análise, como um Z.
Assim, com menos letras, e o mesmo valor
semântico, nasceu o nome da peça: curto, claro
e comum às línguas latinas.
“Para quê um banco quando podemos ter ONZ?”
EASR Página 34
Maqueta
Página 37
Material: Latão (Chapa 3mm).
Escala: 1/10
Dimensões: 200mm x 50mmmx 50mm.
Número de módulos executados: 1 em execução.
Processo de Execução:
1) Numa chapa de latão marcou-se a forma
planificada da peça.
2) Recortou-se a forma com uma serra e limaram-
se os contornos
3) Com uma lixa de meia-cana e com a fresa
desvastaram-se as zonas para dobragem
(opostas às arestas).
4) Dobraram-se as diferentes faces.
5) Aplicaram-se arames de amarrar.
6) Soldaram-se as diferentes faces da peça nas
arestas.
Maqueta
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Material: MDF Hidrófobo.
Escala: 1/10
Dimensões: 200mm x 50mmmx 50mm.
Número de módulos executados: 6
Processo de Execução:
1) De uma porção de MDF hidrófobo cortou-se
um paralelipípedo de 200mmx50mmx50mm em
esquadria.
2) Marcaram-se os limites do desvaste da torção
nas faces.
3) Com instrumentos de desvaste como o formão,
a plaina, o raspador e a lima, retirou-se material
até chegar à torção da face projectada.
4) Com uma lixa procedeu-se ao acabamento
da peça, uniformizando a superfície das faces e
quebrando as arestas.
Bibliografia e Fontes Digitais
DESIGN NOW!
Charlotte & Peter Fiell, Taschen
-
Materiology, The Creative Indrustry’s Guide to
Materials and Technologies
Birkhäuser Frame, Matério
-
Cadernos de Design, Número Dois (Junho 1992)
O Ensino do Design em Portugal, Valorização de
Lisboa, Edifícios Saudáveis.
-
SPOON, Product Design
Phaidon
-
Manual de Diseño Ecológico
Alastair Fuad-Luke, Cartago.
-
Design Plus +
ISH 2001, Frankfurt International Trade Fair
-
Domus, Edição 833
Droog Design
-
Anuário de Decoração, 1995/1996
Aquitectura, Interiores e Design
-
Das coisas nascem coisas
Bruno Munari
Características do Betão
http://www.lrec.pt/files/arlindogoncalves.pdf
Materials Book
Características do Tartan
http://www.sogoplastic.com.my/3m.htm
Características do Poliamida
http://www.sogoplastic.com.my/3m.htm
Página 54