Ocorrência de cupins subterrâneos em edificações...
-
Upload
phungtuyen -
Category
Documents
-
view
220 -
download
0
Transcript of Ocorrência de cupins subterrâneos em edificações...
1
André Luis de Oliveira Augusto
Ocorrência de cupins subterrâneos em edificações situadas
em regiões arborizada no bairro da Vila Mariana e não
arborizada no bairro do Campo Belo na Cidade de São
Paulo, SP.
Monografia Apresentada ao
Instituto de Biociências da
Universidade Estadual Paulista
”Julio de Mesquita Filho”, Campus
de Rio Claro, para a obtenção do
Título de Especialista em
Entomologia Urbana no Curso de
Entomologia Urbana - Teórica e
Prática.
Orientadora: Drª. ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS FARINHA
Co- Orientador: PqC. Esp. FRANCISCO JOSÉ ZORZENON
RIO CLARO
2008
2
André Luis de Oliveira Augusto
Ocorrência de cupins subterrâneos em edificações situadas
em regiões arborizada no bairro da Vila Mariana e não
arborizada no bairro do Campo Belo na Cidade de São
Paulo, SP.
Monografia Apresentada ao
Instituto de Biociências da
Universidade Estadual Paulista
”Julio de Mesquita Filho”, Campus
de Rio Claro, para a obtenção do
Título de Especialista em
Entomologia Urbana no Curso de
Entomologia Urbana - Teórica e
Prática.
Comissão Examinadora
Ana Eugênia de Carvalho Campos Farinha
Odair Correa Bueno
Osmar Malaspina
Rio Claro, 08 de agosto de 2008
3
Resumo:
A vegetação presente nas cidades tem numerosos usos e
funções no ambiente urbano. Pode-se perceber nas cidades as
diferenças entre as regiões arborizadas e aquelas desprovidas de
arborização. Os locais arborizados geralmente se apresentam mais
agradáveis aos sentidos humanos. É comum ocorrer infestações de
cupins subterrâneos em árvores vivas e ou raízes inclusive com ninhos
suplementares, pois a eliminação de competição e predadores pelo
homem facilitaram a dispersão dos cupins em áreas urbanizadas. As
árvores infestadas por cupins subterrâneos são focos de dispersão a
outras árvores sadias e construções adjacentes. As reinfestações de
edificações podem ser oriundas de árvores infestadas, sendo que a
ocorrência inversa edificação-árvore também é verdadeira. O objetivo
do trabalho foi determinar a ocorrência de cupins subterrâneos em
edificações situadas em regiões arborizadas do bairro da Vila Mariana
e não arborizadas do bairro do Campo Belo, na Cidade de São Paulo,
através de questionário, e comparar as duas áreas quanto à presença
ou ausência de cupins e elucidar a população quanto à diferenciação
dos diversos tipos de cupins, formigas e brocas, bem como aos danos
que elas causam. Realizou-se pesquisa com perguntas direcionadas a
um dos habitantes de cada uma das edificações e avaliou-se a
ocorrência de cupins subterrâneos na região arborizada do bairro da
Vila Mariana em torno de 49%. Diferente da região não arborizada do
bairro do Campo Belo a ocorrência foi de 17%, confirmando que as
infestações nas edificações provavelmente são oriundas das
arborizações. Conclui-se que devido ao mau planejamento da
arborização urbana, escolha errônea de espécies botânicas,
diagnóstico tardio de infestações por cupins, árvores agredidas ou mal
podadas (podas drásticas) e estrangulamento da raiz pela calçada
4
foram os principais motivos pelos quais, o bairro arborizado da Vila
Mariana tornou-se foco de dispersão de cupins subterrâneos.
Palavras-chave: Cupins subterrâneos. Arborização urbana.
Edificações.
5
Abstract
The present vegetation in the cities has numerous uses and
functions in the urban atmosphere. It can be noticed in the cities the
differences between the arboreous areas and those without forestation.
The arboreous places usually come more pleasant to the human
senses. It is common to happen infestations of underground termites in
alive trees and or roots besides with supplemental nests, because the
competition elimination and predators for the man facilitated the
dispersion of the termites in urbanized areas. The trees infested by
termites undergrounds are dispersion focuses to other healthy trees
and adjacent constructions. The reinfestações of constructions can be
originating from of infested trees, and the occurrence inverse
construction-tree is also true. The objective of the work was to
determine the occurrence of underground termites in located
constructions in arboreous areas of Vila Mariana's neighborhood and
no arboreous of the neighborhood of the Beautiful Field, in the
Municipal district of São Paulo, through questionnaire. To compare the
two areas as for the presence or absence of termites and to elucidate
the population as for the differentiation of the several types of termites,
ants and drills, as well as to the damages that they cause. He/she took
place researches with questions addressed one of the inhabitants of
each one of the constructions and the occurrence of underground
termites was evaluated in the arboreous area of Vila Mariana's
neighborhood around 49%. Different from the area no arboreous of the
neighborhood of the Beautiful Field the occurrence was of 17%,
confirming that the infestations in the constructions are probably
originating from of the forestations. It is ended that due to the bad
planning of the urban forestation, choose erroneous of botanical
species, late diagnosis of infestations for termites, attacked trees or
6
badly pruned (drastic prunings) and estrangulamento of the root for the
sidewalk were the main reasons for the which, Vila Mariana's
arboreous neighborhood became focus of dispersion of underground
termites.
Word-key: Underground termites. Urban forestation.
Constructions.
7
1-Introdução
Os cupins estão reunidos na Ordem Isoptera (do grego, isos =
igual, ptera = asas), pois os alados apresentam dois pares de asas
quase iguais. Todos os isopteras são insetos eussociais, pois são
formadores de colônias devido à cooperação mútua entre os
indivíduos (ARAÚJO, 1977 e KRISHINA, 1989).
Esses insetos são conhecidos mundialmente por térmitas ou
térmites (terme = verme), sendo que o nome “cupim” provém do tupi-
guarani. São invertebrados dominantes nos ambientes terrestres
tropicais e estão espalhados desde as florestas úmidas até as savanas,
sendo encontrados também em regiões áridas (LEE & WOOD, 1971).
Sua extraordinária abundância deve–se a simbiose com
microrganismos e em conjunto com uma organização social bastante
desenvolvida podendo apresentar um número de indivíduos por
colônia, variando entre gêneros de algumas centenas a milhares (em
espécies em madeira seca), até poucos milhões em ninhos
subterrâneos, arborícolas ou em montículos (COSTA-LEONARDO,
2002 e GALLO et al. 2002).
Por serem insetos sociais, há completa interdependência entre
os indivíduos. As comunidades possuem indivíduos de diferentes
morfologias, diferenciando-se em castas, como a dos reprodutores
formado basicamente pelo rei e rainha e reprodutores alados (siriris e
aleluias) e reprodutores de substituição, a casta dos operários e a
casta dos soldados, entre outras sendo cada uma adaptada ao
trabalho que desempenha (BARNES, 1996; ZORZENON & POTENZA,
2006).
Os insetos pertencentes a cada casta são morfologicamente
distintos, apresentando sobreposição de gerações dentro da mesma
colônia, de modo que a descendência ajuda os pais nas tarefas
8
coloniais. Têm membros que cooperam no cuidado com os jovens e
apresentam uma divisão da tarefa reprodutiva, com indivíduos estéreis
trabalhando em benefício dos reprodutores férteis (WILSON, 1976 e
LELIS et al., 2001).
Os soldados são morfologicamente diferentes dos operários e
são os responsáveis pela defesa da colônia e proteção dos operários
durante a coleta de alimentos, havendo muitas adaptações para esta
função. As “armas” de defesa dos soldados são de natureza mecânica,
químicas ou ambas. A defesa mecânica compõe-se de mandíbulas
muito desenvolvidas e de formas variadas, simétricas ou assimétricas,
que segundo a espécie de cupim podem esmagar, cortar ou golpear
com notável força, e também da própria cabeça, que pode ser muito
dura e volumosa, servindo para ocluir, como uma couraça, as
passagens mais estreitas do ninho.
Como “arma” defensiva química há secreções, principalmente
as produzidas pela glândula frontal da cabeça, com princípios ativos
de natureza tóxica ou viscosa e muito pegajosa. Soldados de alguns
gêneros de cupins, além da defesa, podem também realizar o
forrageamento (Nasutitermes). Eles são alimentados pelos operários
tendo em algumas espécies dois ou três tipos morfologicamente
diferentes, como nos gêneros Velocitermes (Termitidae,
Nasutitermitinae) e Rhinotermes (Rhinotermitidae).
Os operários são morfologicamente uniformes dentro de cada
grupo e geralmente formam a casta mais numerosa. Realizam o
trabalho da colônia: obtenção de alimento; construção, reparação,
expansão e limpeza do ninho e túneis a ele associados; eliminação de
indivíduos adoecidos ou mortos; cuidados com os indivíduos de outras
castas, além dos ovos, jovens e com o par real, incluindo fornecimento
de alimento a todos. Nas espécies em que não ocorre a casta de
9
soldados, os operários também defendem a colônia (FONTES &
MILANO, 2002; ZORZENON & POTENZA, 2006).
Há diversos grupos distintos, tanto em termos morfológicos
como em termos de desenvolvimento, que desempenham a função de
operários em colônias de cupins. Assim, em Termopsidae,
Kalotermitidae (cupins de madeira seca) e alguns Rhinotermitidae,
“larvas” de estádios avançados realizam todas as funções de operários
e são chamados de “pseudergates”, pseudo-operários ou falso
operários (THOMPSON, et al., 2003; ZORZENON & POTENZA, 2006).
Os operários compõem um elo importante no complexo
fenômeno da regulagem social da comunidade, através do processo
de trofalaxia: ao serem requisitados, eles regurgitam alimento
(alimento estomodeal), oferecem secreção salivar, ou fornecem uma
gota de fluido fecalóide (alimento proctodeal), processo chamado de
analaxia. Essas substâncias, além do valor nutritivo, transportam
feromônios reguladores do desenvolvimento social da colônia, e no
fluido proctodeal, contém protozoários, nos cupins que deles
necessitam para a digestão da celulose (COSTA LEONARDO, 2002;
FONTES & MILANO, 2002).
Os reprodutores primários são os alados ou imagos também
chamados de aleluias ou siriris, possuidores de boa pigmentação e
esquerotinização, com olhos compostos perfeitamente desenvolvidos,
incapazes de sofrer novas mudas. Estes indivíduos depois de voarem
e perderem as asas, são os fundadores de novas colônias e recebem
os nomes de reis e rainhas. As rainhas passam por um processo
chamado fisogastria, onde há um grande crescimento dos ovaríolos
refletindo enormemente no tamanho do abdome. Normalmente, ocorre
um rei e uma rainha, mas há casos de poliginia onde há varias rainhas
primárias com um só rei ou com muitos reis (ZORZENON &
POTENZA, 2006).
10
1.1-Importância ecológica e econômica dos cupins.
O papel ecológico dos cupins é primordial para a natureza,
eles participam ativamente da decomposição e reciclagem de
nutrientes nos ecossistemas naturais. Uma minoria é considerada
praga, cerca de 10%. Nos ecossistemas naturais, os cupins ocupam a
posição de consumidores primários, atuando na trituração,
decomposição, humificação e mineralização de uma variedade de
materiais celulósicos. Mantêm um papel importante na ciclagem de
nutrientes e contribuem na disseminação de bactérias e fungos que
também atuam na quebra da celulose (COSTA-LEONARDO, 2002).
A fonte alimentar básica dos cupins é constituída de materiais
celulósicos e lignocelulósicos sob diferentes formas: madeira viva ou
morta (em diferentes estágios de decomposição), gramíneas, raízes,
sementes, fezes de herbívoros, húmus, manufaturados, entre outros
(BORROR & DELONG, 1969, FONTES & ARAUJO, 1999,
ZORZENON & POTENZA, 2006).
Apenas uns poucos gêneros de cupins são considerados
pragas do ecossistema e em áreas urbanizadas, causando elevados
prejuízos, atacando árvores vivas (urbanas, florestas nativas,
reflorestamentos e ornamentação), plantas cultivadas e residências,
infestando edificações e patrimônios históricos ocorrendo em altas
densidades populacionais, coabitando com o homem a procura de
alimento (madeiras e derivados celulósicos) (GOLD, et al., 1999; LELIS
et al., 2001; COSTA-LEONARDO, 2002 e ZORZENON & POTENZA,
2006). Dos cupins considerados pragas urbanas, três categorias têm
grande importância no país. São conhecidos por cupins subterrâneos,
os cupins de madeira seca e cupins arborícolas. Cupins subterrâneos
atacam madeira e derivados, mas vivem em ninhos construídos fora do
alimento e em locais ocultos, bem protegidos. Cupins de madeira seca
11
atacam apenas peças de madeira e seus derivados (componentes
estruturais de construções, mobílias, papéis), e vivem diretamente
dentro das peças que consomem como alimento. Cupins arborícolas
constróem ninhos em suportes elevados, tanto em locais visíveis como
bem ocultos (FONTES & MILANO, 2002).
1.2-Cupins Subterrâneos
Os cupins subterrâneos causam sérios problemas em áreas
urbanas. Eles são comumente vorazes e endógenos na estrutura
edificada e em árvores urbanas, mostrando pouco ou nenhum sinal de
sua presença, exceto quando a infestação é severa e túneis externos
são evidentes (FONTES & MILANO, 2002).
A família Rhinotermitidae compreende os cupins conhecidos
como cupins subterrâneos, porque geralmente constroem ninhos sob o
solo. Esses cupins são caracterizados por seus hábitos crípticos e por
construírem túneis conectados ao alimento. Todos os alados dessa
família possuem fontanela. Infestam madeira e até plantas cultivadas,
como a cana-de-açúcar e árvores ornamentais. Eles são também
encontrados em residências, danificando forros, móveis, batentes e
livros (COSTA-LEONARDO, 2002). No sudeste do Brasil foi
introduzida uma espécie de cupim subterrâneo, que está causando
enormes danos nas residências e edificações, é o mais destrutivo
cupim subterrâneo urbano, seu nome científico é Coptotermes gestroi
(= C. havilandi) (CONSTANTINO, 1998; FERRAZ, 2000).
12
1.3-Coptotermes gestroi
Na posição taxonômica, pertence à família Rhinotermitidae,
subfamília Coptotermitinae, gênero Coptotermes, espécie gestroi
(WASMANN 1896) segundo Kirton & Brown (2003).
Essa espécie introduzida no Brasil é originária do Oriente,
sendo nativa do sudeste da Ásia e Indonésia. Atualmente é encontrada
na Malásia, Java, Tailândia, Sri Lanka, Brasil, Cuba, Jamaica, Ilha
Turke, Ilhas Caicos, Antigua, Barbados, Estados Unidos (Flórida),
Porto Rico, México, Paraguai, Tahiti, África do Sul, Gana, Madagascar,
Ilhas Maurício, La Reunion e Seychelles (SU et al., 1997). No Brasil, é
encontrada na região sudeste, mas existem registros em Pernambuco,
Ceará, Bahia, Pará e Paraná (FERRAZ, 2000). Supõe-se que esse
cupim tenha chegado às cidades costeiras da região sudeste via navio,
uma vez que os primeiros registros estão no Rio de Janeiro no ano de
1923 e em Santos no ano de 1934 (ARAÚJO, 1958).
Há uma ampla variedade de materiais que têm sido
danificados por C. gestroi, como madeira das estruturas, papel,
papelão, cabos elétricos e telefônicos, plásticos, reboco, couro,
tecidos, isopor, metal, borracha, betume, gesso e árvores vivas.
Materiais não celulósicos, como plástico, borracha, metais entre
outros, não são usados para alimentação dos cupins, e sim são
danificados quando o inseto está à procura de madeira ou de produtos
celulósicos (FONTES, 1995, ZORZENON & JUSTI JUNIOR, 2006).
1.4-Formação da colônia
Não se sabe ainda quais as condições necessárias para que o
casal de cupins subterrâneos possa fundar uma nova colônia, podendo
não ser imprescindível a presença de solo no local. Talvez madeira
13
num lugar escuro, quente e úmido (como nos chamados caixões
perdidos, por exemplo) seja suficiente para que um casal possa iniciar
uma colônia (ZORZENON & POTENZA, 2006).
A colônia de cupins de C. gestroi pode ser policálica, ou seja,
ocupar vários ninhos (estruturas independentes). Alguns deles são
desprovidos de reprodutores, sendo chamados de ninhos secundários
ou subsidiários. É freqüente encontrar esses ninhos nas construções,
inclusive com presença de jovens, porem, não é fácil encontrar o ninho
central, com o par de reprodutores primários. Esse aspecto da biologia
dessa espécie torna ainda mais problemática a sua irradiação do local
infestado, pois é possível que sejam eliminados os ninhos subsidiários
e não o ninho central. Neste caso haveria a possibilidade de ocorrer
rapidamente uma nova infestação (ZORZENON & POTENZA, 2006;
ZORZENON & JUSTI JUNIOR, 2006).
É comum ocorrer infestações desses cupins em árvores vivas
e ou raízes inclusive com ninhos suplementares (ZORZENON &
POTENZA, 2006).
1.5-Árvores urbanas.
Segundo Miller (1997) e Nowak et al. (2001) as florestas
urbanas são ecossistemas compostos pela integração entre sistemas
naturais e sistemas antrogênicos, definindo-as como a soma de toda a
vegetação lenhosa que circunda e envolve os aglomerados urbanos,
desde pequenas comunidades a grandes metrópoles (ZORZENON,
2004).
A vegetação presente nas cidades tem numerosos usos e
funções no ambiente urbano. Pode-se perceber nas cidades as
diferenças entre as regiões arborizadas e aquelas desprovidas de
arborização (SILVA, 1998). Os locais arborizados geralmente se
14
apresentam mais agradáveis aos sentidos humanos. Segundo
Sanchotene (1994) e Vidal & Gonçalves (1999), a presença de
arbustos e árvores no ambiente urbano tende a melhorar o microclima
através da diminuição da amplitude térmica, principalmente por meio
da evapotranspiração, da interferência na velocidade e direção dos
ventos, sombreamento, embelezamento das cidades, diminuição das
poluições atmosférica, sonora e visual e contribuição para a melhoria
física e mental do ser humano na cidade.
As árvores em vias públicas e nas demais áreas livres de
edificações são constituintes da floresta urbana, atuando sobre o
conforto humano no ambiente, por meio das características naturais da
vegetação arbórea, proporcionando sombra para pedestre e veículos,
redução da poluição sonora, melhoria da qualidade do ar, redução da
amplitude térmica, abrigo para pássaros e harmonia estética,
amenizando a diferença entre a escala humana e outros componentes
arquitetônicos como prédios, muros e grandes avenidas (SILVA
FILHO, 2007).
Muitas árvores exóticas e nativas são utilizadas para fins de
ornamentação de parques, jardins, ruas e na formação de aléias ao
longo de caminhos e estradas. Locais arborizados de uma maneira
geral traduzem bem estar e aconchego, além de proporcionarem um
ambiente menos artificial e mais ameno a um grande número de
espécies adaptadas ao ambiente urbano, inclusive o homem
(LORENZI, 2002a, 2002b e LORENZI et al., 2002).
Segundo Waller & La Fage (1986), citado por Eleotéro (2000),
a eliminação de competição e predadores pelo homem facilitaram a
dispersão dos cupins em áreas urbanizadas. A mesma autoria cita
Fontes (1999) em seu trabalho, afirmando que a infestação termítica
em árvores normalmente inicia-se subterraneamente por raízes, tanto
em árvores saudáveis ou não, não sendo muitas vezes aparentes os
15
sinais de infestação externa, podendo ter cernes consumidos pelos
mesmos.
Principalmente o mau planejamento e a escolha errônea de
espécies botânicas junto a um diagnóstico tardio de infestações por
cupins, prejudicam sobremaneira a arborização urbana (LAERA 1998).
Segundo Amaral (2002), não existem publicações brasileiras
referentes aos prejuízos causados por infestações termíticas na
arborização urbana. Entretanto a autora citou estudos realizados por
Freutag & Cink (2001), onde no estado da Lusiana (EUA),
Coptotermes formosanus SHIRAK, é responsável por danos anuais à
arborização em torno de seis milhões de dólares.
Devido à urbanização crescente e a ocupação desordenada de
espaços naturais em áreas antes dominadas pelos cupins nativos,
bem como pela introdução e dispersão humana de espécies exóticas
como o Coptotermes, Houve o agravamento das infestações tanto em
árvores, quanto em edificações e jardins. Os cupins passaram a
infestar construções, madeiramentos manufaturados, árvores e
culturas agrícolas em substituição ao alimento outrora encontrado
naturalmente.
As árvores infestadas por cupins subterrâneos são focos de
dispersão a outras árvores sadias e construções adjacentes. As
reinfestações de edificações podem ser oriundas de árvores
infestadas, sendo que a ocorrência inversa edificação-árvore também
é verdadeira (FONTES, 1999 apud AMARAL, 2002).
No Brasil faltam trabalhos de levantamento de infestação e
danos causados por cupins em arborização no ambiente urbano.
Distúrbios ambientais reduzem a diversidade selecionando espécies
mais aptas, causando a diminuição de predadores e competidores, e,
aliado à falta de um manejo adequado para controle de cupins,
tornando o ambiente urbano um ecossistema ideal para instalação e
16
disseminação de várias espécies de térmitas (JUSTI JUNIOR et al.,
2004).
A ocorrência de cupins em edificações situadas em áreas
arborizadas é considerada mais alta do que em regiões desprovidas
de arborizações, tendo em vista trabalhos executados por empresas
controladoras nestas regiões e observações de campo (observações
de Zorzenon e Augusto, não publicadas).
17
2-Objetivos
Determinar a ocorrência de cupins subterrâneos em
edificações situadas em regiões arborizadas do bairro da Vila Mariana
e não arborizadas do bairro do Campo Belo na Cidade de São Paulo
através de questionário.
Comparar as duas áreas quanto à presença ou ausência de
cupins.
Elucidar a população quanto à diferenciação dos diversos tipos
de cupins, formigas e brocas, bem como aos danos que elas causam.
18
3-Material e Métodos
O trabalho foi realizado nos bairros da Vila Mariana e do
Campo Belo sob orientação de pesquisadores do Laboratório de
Entomologia Geral do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Sanidade Vegetal do Instituto Biológico.
Para a escolha da região de pesquisa nos bairros arborizado e
não arborizado foram considerados que para uma arborização urbana
adequada, em média, a cada 10 m de calçada deva existir um
indivíduo arbustivo ou arbóreo, tendo como base a avaliação da
arborização em Volta Redonda, RJ, realizada por Milano e Dalcin
(2000).
As edificações pesquisadas foram escolhidas aleatoriamente
nos bairros arborizado e não arborizado no total de 100 casas em cada
região.
Realizou-se pesquisa com perguntas direcionadas a um dos
habitantes da edificação (Figura 1) com a instrução das pessoas
entrevistadas para o emprego do questionário caracterizando e
diferenciando os diferentes tipos de pragas (Cupins subterrâneos,
cupins de madeira seca, brocas de madeira e formigas) e os danos
provocados, sanando dúvidas e levando o entrevistado a respostas
mais elaboradas (Figura 2, 3 e 4).
Utilizou-se material didático demonstrativo contendo:
• Fotos de ataques de cupins e túneis de forrageamento (Figura
2, 3 e 4).
• Vidro com grânulos fecais de cupins de madeira seca (Figura 5).
• Vidro com excrementos (pó) de coleobrocas (Figura 5).
• Vidro com álcool contendo o inseto praga, C. gestroi (Figura 5).
• Entrega de folder explicativo (Figura 6).
19
Questionário
• O Sr.(a) sabe o que são cupins, brocas ou formigas?
• O Sr.(a) possui cupins em sua residência? De que tipo?
• Há presença de pozinho fino ou granulado? (amostra)
• Há túneis de terra nas paredes e danos em madeiras ou em
outros objetos (livros, etc)? (fotos)
• O local infestado fica próximo da alvenaria (construção) e existe
umidade?
• O Sr.(a) já viu os insetos ou não?
• Os insetos vistos são esbranquiçados e se parecem com
vermes? (amostra)
• Já observou siriris ou aleluias no interior do imóvel? E na árvore
em frente?
• Procurou informações? Onde?
• Usou inseticida no local ou na residência? Qual?
• Pediu ajuda profissional?
20
4-Resultados e Discussão
A pesquisa foi realizada no período de 25/03/2008 à
14/05/2008 nas ruas compreendidas dos bairros da Vila Mariana e
Campo Belo na Cidade de São Paulo.
As ruas pesquisadas do bairro da Vila Mariana foram
escolhidas próximo ao Instituto Biológico sendo as ruas: Morgado de
Mateus, Áurea, França Pinto, Albino Rodrigues da Costa, São Paulino,
Praça. Dr. Carvalho Franco, Prof. Murtinho, Uruana e Gassipós (Figura
7).
As ruas pesquisadas do bairro do Campo Belo foram
escolhidas próximo ao Aeroporto de Congonhas sendo as ruas:
Monsenhor António Pepe, Almeida Ferraz, Cornélio Schimidt, Coronel
Tobias Coelho, Dom Otávio de Miranda, Haroldo Paranhas e Mário
Mourão (Figura 8).
Pelas imagens de satélite é possível observar a diferenciação
da arborização nos locais pesquisados (Figura 7 e 8).
Conforme as respostas das perguntas realizadas a um dos
habitantes das edificações, contabilizado as respostas positivas,
obteve–se as seguintes porcentagens mostradas na tabela 1.1.
21
Tabela 1.1 Porcentagem das respostas positivas dos entrevistados segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado %
Não arborizado
% Conhecimento sobre Cupins 100 97 Conhecimento sobre Brocas 63 56 Conhecimento sobre Formigas 100 100 Conhecimento se tem cupins na residência 53 38 Não tem 47 62 Broca 1 4 Cupins de madeira seca (CMS) 9 11 Subterrâneos (Solo) 11 11 Solo + Broca + CMS 1 - Broca + CMS 1 - CMS + Solo 4 - Não Sabe 27 15 Presença de pó fino na residência 29 33 Presença de pó granulado na residência 41 18 Presença de túneis de terra na residência 21 15 Presença de danos ao madeiramento 56 41 Presença de danos á outros objetos 15 7 Local de ataque é próximo à alvenaria 45 17 Umidade 29 12 Viu os insetos 30 16 Não viu os insetos 70 84 São esbranquiçados e parecem com vermes
30 16
Observaram siriris ou aleluias na residência 50 31 Observaram siriris ou aleluias fora da casa ou nas árvores
74 61
Procuraram informações 26 17 Usaram inseticidas por conta própria 60 59 Pediram ajuda a profissionais 41 15
Observando a tabela 1.1 verifica-se que no bairro arborizado
as porcentagens são mais altas do que no bairro não arborizado
referente à maioria das perguntas realizadas.
22
O conhecimento dos entrevistados referentes aos tipos de
insetos perguntados no bairro arborizado foi de: 100% conhecem
formigas, 100% conhecem cupins e 63% conhecem brocas
(coleopteras). No bairro não arborizado, mostra que 100% dos
entrevistados conhecem formigas, 97% conhecem cupins e 56%
conhecem brocas (coleopteras), sendo este valor abaixo do que os
outros insetos, indicando uma falta de informação da população
referente às brocas (tabela 1.2).
Tabela 1.2 Porcentagem sobre o conhecimento do entrevistado referente às pragas urbanas segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado % Não arborizado % Conhecimento sobre Cupins 100 97 Conhecimento sobre Brocas 63 56 Conhecimento sobre Formigas 100 100
O conhecimento dos entrevistados referentes à presença dos
cupins em sua residência mostra que no bairro arborizado a presença
de cupins é em torno de 53%, maior que no bairro não arborizado em
torno de 38%, mostrando a diferenciação dos bairros (tabela 1.3).
Tabela 1.3 Porcentagem sobre o conhecimento dos entrevistados à existência de cupins em sua residência, segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado % Não arborizado % Conhecimento se tem cupins na residência
53 38
Não tem 47 62
O conhecimento do entrevistado referente ao tipo de cupim em
sua residência mostra que a maioria que confirmou a presença de
cupins em sua residência não sabia o tipo de cupim infestante,
confundindo o cupim de madeira seca e broca com os cupins
23
subterrâneos, vice versa. Mostrando falta de informação ou de fontes
errôneas, assim obtendo diferentes tipos de respostas (tabela 1.4).
Tabela 1.4 Porcentagem sobre o conhecimento dos entrevistados referentes as pragas em sua residência segundo a região arborizada e a não arborizada.
Tipos de pragas Arborizado % Não arborizado % (Brocas de madeira) Broca 1 4 (Cupins de madeira seca) CMS 9 11 (Cupins subterrâneos) Solo 11 11 Solo + Broca + CMS 1 - Broca + CMS 1 - CMS + Solo 4 - Não Sabe 27 15
A presença de pozinhos finos ou de pó granulado nas
residências dos entrevistados, depois de mostrado o vidro com
exemplos e as fotos diferenciando os tipos de vestígios deixados pela
broca (Coleoptera) e cupins de madeira seca (Cryptotermes brevis),
obteve que no bairro arborizado a presença de cupins de madeira seca
nas residências é de 41% e no bairro não arborizado é de 18% e a
presença de broca é de 33% no bairro não arborizado maior do que no
bairro arborizado que é de 29% (tabela 1.5).
Tabela 1.5 Porcentagem da presença de brocas e cupins de madeira seca nas residências segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado %
Não arborizado %
Quanto à presença de pó fino na residência
29 33
Quanto à presença de pó granulado na residência
41 18
Na contabilização de cada entrevista separada, considerando
respostas voltadas à: presença de pozinho fino (brocas), presença de
24
pozinho granulado (CMS) e a de presença de cupins subterrâneos
(Solo), observa-se a ocorrência dos tipos de pragas analisados nas
residências dos entrevistados (tabela 1.6).
Tabela 1.6 Porcentagem sobre os tipos de pragas encontradas nas edificações pesquisadas, segundo a região arborizada e a não arborizada.
Tipos de pragas Arborizado % Não arborizado % Solo 11 6 Solo + Broca 11 5 Solo + CMS 15 3 Solo + Broca +CMS 12 3 Broca 3 22 CMS 11 10 Broca + CMS 4 2 Com pragas 66 51 Sem pragas 34 49
Na tabela 1.6 pode-se verificar que nas residências
pesquisadas no bairro não arborizado encontramos 22% dos
entrevistados com somente danos de brocas de madeiras em sua
edificação, mostrando um predomínio de Coleoptera, já no bairro
arborizado notamos um predomínio de cupins tanto subterrâneos
como de madeira seca. Notamos também a diferenciação dos bairros
na ocorrência de cupins subterrâneos em edificações, sendo nas
regiões arborizadas 49% e não arborizadas 17% e a porcentagem das
residências que tem pragas, 66% nas regiões arborizadas e 51% nas
regiões não arborizadas.
Comparando as Tabelas 1.4 e 1.6 observa-se o que os
entrevistados responderam positivamente sobre a ocorrência de
cupins subterrâneos em sua residência (16% no arborizado e 11% no
não arborizado), diferente da resposta depois do emprego do material
demonstrativo contendo fotos e amostra (49% no arborizado e 17% no
25
não arborizado).Vemos a falta de informação ou o conhecimento
através de fontes errôneas e a carência de uma instrução educativa.
A presença de cupins subterrâneos nas residências dos
entrevistados, depois de mostrado os vidros com exemplos e as fotos
diferenciando os tipos de vestígios e ataques realizados pelos cupins
subterrâneos, obteve que no bairro arborizado a ocorrência de cupins
subterrâneos nas residências é de 49% e que no bairro não arborizado
é de 17% (tabela 1.7).
Tabela 1.7 Porcentagem da ocorrência de cupins subterrâneos nas residências segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado %
Não arborizado %
Quanto à presença de túneis de terra na residência
21 15
Se o local de ataque é próximo à alvenaria
45 17
Tem-se umidade 29 12 Viram-se os insetos 30 16 Não viu os insetos 70 84 Os insetos são esbranquiçados e parecem com vermes
30 16
A presença de danos em madeiramentos e em outros objetos
nas residências dos entrevistados indicou que no bairro arborizado a
ocorrência de danos ao madeiramento é de 56%, maior do que no
bairro não arborizado que é de 41% e os danos a outros objetos no
bairro arborizado é de 15%, maior que no bairro não arborizado que é
de 7% (tabela 1.8).
26
Tabela 1.8 Porcentagem sobre os danos em madeiramentos e outros objetos nas edificações segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado %
Não arborizado %
Quanto à presença de danos ao madeiramento
56 41
Quanto à presença de danos á outros objetos
15 7
A presença de cupins alados dentro da residência ou fora da
residência ou nas árvores obteve que no bairro arborizado a
ocorrência de cupins alados é de 50% e 74%, maior do que no bairro
não arborizado que é 31% e 61%, mesmo assim ocorrendo um índice
bem elevado nos dois bairros. Observado durante pesquisa que a
maioria dos entrevistados salientaram que nos meses do verão são
mais comuns, que sempre estão em busca de luzes acesas e saindo
dos troncos das árvores (tabela 1.9).
Tabela 1.9 Porcentagem das revoadas nas edificações e na arborização, segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado %
Não arborizado %
Observaram siriris ou aleluias na residência
50 31
Observaram siriris ou aleluias fora da casa ou nas árvores
74 61
Na contabilização dos entrevistados referentes a busca de
informações sobre as pragas urbanas, no uso de inseticidas na
residência ou nos locais infestados e na contratação de profissional
qualificado mostrou as seguintes porcentagens: 26% dos entrevistados
no bairro arborizado buscaram informações sobre as pragas urbana,
diferente do bairro não arborizado onde 17% buscaram informações,
mas pelas respostas, mostrou ser de fontes errôneas; 60% dos
27
entrevistados utilizaram ou utilizam inseticidas por conta própria nas
residências ou nos locais infestados nos bairros respectivamente,
comprovando o alto índice do uso indiscriminado de inseticidas pela
população; 41% dos entrevistados pediram ajuda de profissionais
qualificados no bairro arborizado e 15% no bairro não arborizado
mostrando um baixo índice de entrevistados que utilizam os
profissionais em controle de pragas nos bairros pesquisados (tabela
2.0).
Tabela 2.0 Porcentagens dos entrevistados que buscaram informações sobre pragas urbanas, usaram inseticidas por conta própria e pediram ajuda de profissionais qualificados segundo a região arborizada e a não arborizada.
PERGUNTA Arborizado % Não arborizado % Procurou informações 26 17 Usou inseticidas por conta própria 60 59 Pediu ajuda profissional 41 15
Na contabilização de cada entrevista separada, considerando
respostas voltadas à: túneis de terra, o local de ataque próximo à
alvenaria, se tinha umidade no local, se viu os insetos e se eram
esbranquiçados e parecidos com vermes (tabela 1.6), obtém-se que no
bairro arborizado foram 49% dos entrevistados e no bairro não
arborizado 17% dos entrevistados tiveram uma ou mais respostas
positivas a cupins subterrâneos em sua residência.
Comparando as observações de Amaral (2002), a má
condução das árvores em ambiente público, com estrangulamentos
das bases de troncos devido ao calçamento muito próximo e
inadequado, corte de raízes superficiais de sustentação, podas
drásticas (figura 11), árvores com “ocos” (figura 12) e raízes
“cimentadas”, facilitam sobremaneira futuras infestações termíticas, o
stress leva a um estado de baixa resistência geral e compromete
28
seriamente o vigor do vegetal acometido, mesmo levando em hipótese
uma espécie botânica resistente ao ataque de insetos xilófagos
(ZORZENON, 2004). Este vegetal acometido está relativamente
associado à ocorrência dos cupins subterrâneos nas edificações sendo
observado na pesquisa realizada que a região arborização foi mais
infestada do que a não arborizada.
Nas pesquisas realizadas, os entrevistados indicaram os erros
na arborização, mostrando locais em frente as suas residências onde a
prefeitura removeu árvores totalmente danificadas (Figura 9), árvores
com danos de cupins evidentes (Figura 10), podas drásticas (Figura
11) e ocos nos troncos (Figura 12), comprovando que estas causaram
a infestação de cupins subterrâneos em suas edificações.
Correlacionando as observações de Zorzenon (2004), onde
60,49% das espécies botânicas analisadas no bairro do Morumbi
(Cidade Jardim) São Paulo em 2001 estavam infestadas por C. gestroi,
com as observações de Amaral (2002), onde o levantamento de
campo sobre a ocorrência de cupins subterrâneos em árvores
urbanas, no bairro de Higienópolis, analisou 49 árvores sendo que
destas, 14 apresentaram evidências de cupins interna ou
externamente (28,60%), tendo em vista que a ocorrência de cupins
subterrâneos em edificações está ligada à arborização urbana,
provavelmente as residências estão mais propensas a infestações por
cupins subterrâneos nestes bairros analisados devido a uma
arborização infestada.
Relacionando-se a ocorrência de árvores infestadas por cupins
subterrâneos, com a provável infestação das edificações, através da
pesquisa realizada, é possível prever que as árvores do bairro da Vila
Mariana podem estar sendo foco de dispersão dos cupins
subterrâneos.
29
No levantamento e identificações de cupins em uma região
não arborizada de Piracicaba, São Paulo realizado por Eleotério (2000)
em 40 edificações residenciais, foi observado somente cupins de
madeira seca em 10 edificações (25%) e nenhum caso de cupins
subterrâneos.
30
5-Conclusões
A avaliação das edificações pesquisadas mostrou uma
ocorrência de cupins subterrâneos na região arborizada do bairro da
Vila Mariana em torno de 49%, confirmando que as infestações nas
edificações provavelmente são oriundas das arborizações e
inversamente também, diferente da região não arborizada do bairro do
Campo Belo onde a ocorrência foi de 17%.
Devido a um mau planejamento da arborização urbana,
escolha errônea de espécies botânicas, diagnóstico tardio de
infestações por cupins, árvores agredidas ou mal podadas (podas
drásticas) e estrangulamento da raiz pela calçada foram os principais
motivos pelos quais, o bairro arborizado da Vila Mariana tornou-se foco
de dispersão de cupins subterrâneos para as edificações analisadas,
visto que as árvores infestadas são focos de dispersão a outras
árvores sadias e construções adjacentes.
Conclui-se que a arborização pode ser foco de dispersão
subterrânea ou de revoadas de cupins ou abrigo de colônias,
propagando o ataque termítico às edificações.
O método de pesquisa mostrou-se eficaz para a avaliação da
ocorrência de cupins nas edificações, o emprego do material
explicativo não deixou dúvidas para o entrevistado, além de ser uma
maneira de instrução e educação social para a população, visto que é
baixa a busca por informações.
É preocupante o índice do uso de inseticidas por conta própria
nos bairros pesquisados, aumentando o perigo de intoxicação e os
danos à saúde.
As respostas dos entrevistados positivamente sobre a
ocorrência de cupins subterrâneos em sua residência, foram inferiores
as respostas depois do emprego do material demonstrativo. Isso
31
revela que ocorre uma falta de informação ou o conhecimento através
de fontes errôneas e uma carência de instrução educativa.
A ocorrência de cupins alados no bairro arborizado foi maior do
que no bairro não arborizado, mostrando a relação que as árvores são
locais de dispersão dos reprodutores formadores de novas colônias,
tornando o bairro mais arborizado propenso a novas infestações.
Necessita-se de mais trabalhos relacionados às ocorrências de
cupins subterrâneos em edificações. Pode-se sugerir que seja
acrescentado o emprego de vistorias internas em residências
sorteadas nos bairros, junto a um diagnóstico da infestação na
arborização urbana (ex. bairros do Morumbi, Higienópolis ou Vila
Mariana).
32
6. Referências bibliográficas
AMARAL, R. D. De. A. M. Diagnóstico da ocorrência de cupins xilófagos em
árvores urbanas no bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo.,
ESALQ, Univ. de São Paulo., 2002. 71p.(Dissertação de mestrado)
ARAÚJO, R. L. 1958. Contribuição a biogeografia dos térmitas de São Paulo,
Brasil ( Insecta, Isoptera). Arq. Inst. Biol. ;25: 185-217.
ARAÚJO, R.L. 1977. Catálogo dos Isoptera do Novo Mundo. Academia Brasileira
de Ciências. Rio Janeiro.
BARNES, R.D. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6º ed. Roca. São Paulo.
BORROR, D. J.; DELONG, D. M. Introdução ao estudo dos insetos. Rio de
Janeiro, pp. 97-101. 1969.
COSTA-LEONARDO, A. M. 2002. Cupins-praga Morfologia, biologia e controle.
Editora Divisa. Rio Claro-SP. 128p.
CONSTANTINO, R. Catalog of the living termites of the new world ( Insecta:
Isoptera). Arq. Zool. Vol. 35 (2), 1998.
ELEOTÉRIO, E. S. da R. Levantamento e identificação de cupins (insect:
Isoptera) em área urbana de Piracicaba. SP. ESALQ, Univ. de São Paulo,
2000. 101 p.( Dissertação de Mestrado).
FERRAZ, M. V. Estudo taxônomico e aspectos da biologia de Coptotermes
Wasmann, 1896 (Isoptera, Rhinotermitidae) nas Américas. Tese de
doutorado, IB, USP. São Paulo, 213 p, 2000.
FONTES, L.R..Cupins em áreas urbanas. In.: BERTI FILHO,E. & FONTES, L.R.
Alguns Aspectos Atuais da Biologia e Controle de Cupins. Piracicaba:
FEALQ, 1995.
33
FONTES, L. R. & ARAUJO, R. L. De. OS CUPINS. In.; Insetos e outros invasores
de residências. MARICONI, F. A. M. (Coord.)., Piracicaba, FAALQ, 1999. p.35-
90
FONTES, L. R.; MILANO, S.Cupim e cidade Implicações ecológicas e controle.
São Paulo-SP. 140p, 2002.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G.
C. DE; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.;
VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C.
Entomologia Agrícola. Piracicaba, Fealq. pp. 791-797. 2002.
GOLD, R. E.; HOWELL JR., H. N.; GLENN, G. J. Subterranean termites, Texas
Agric. Ext. Serv. Bulletin B-6080, 1999.
JUSTI JUNIOR, J.; POTENZA, M. R.; SANCHES, A.; GOMES, D.H.P.; SILVESTRE,
D. de F.; SILVA, R. de C.;ROTERMUND, R.M. Levantamento da Infestação de
Cupins em Árvores do Parque do Ibirapuera I – Análise Parcial em
Eucaliptos, Arq.Inst.Biol., São Paulo, v.71, (supl.), 1-749, 2004.
KRISHINA, K. Order Isoptera. In: BORROR, D. J.; TRIPLEHORN, C. A. & JOHNSON,
N. F. (Eds.) Introductions to the Study of Insects. Saunders College
publishing, Philadelphia, pp 234-241. 1989.
KIRTON L. G. & BROWN, V. K., 2003. The taxonomic status of pest species of
Coptotermes in Southeast Asia: resolving the paradox in the pest status of
the termites, Coptotermes gestroi, C. havilandi and C. travians (Isoptera:
Rhinotermitidae). Sociobiology 42(1): 43-63.
LAERA, L. H. N. Cupins na arborização urbana no Município do Rio de Janeiro,
Brasil. In.; FONTES, L.R. & BERTI FILHO, E.(Eds.). Cupins: o desafio do
conhecimento. Piracicaba: FEALQ, 1998. p. 125-132.
LEE, K. E.; WOOD, T. G. 1971. Termites and soils. Academic Press. New York, 251
p.
34
LELIS, A. T. (coord.); BRAZOLIN, S.; FERNANDES, J. L. G.; LOPEZ, G. A. C.;
MONTEIRO, M. B. B. ZENID, G. J. Biodeterioração de madeiras em
edificações. Manual IPT, São Paulo, 2001. 54p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras, manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil,volume 01, 4º ed., Inst. Plantarun, Nova Odessa,
2002a. 384 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras, manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil,volume 02, 2º ed., Inst. Plantarun, Nova Odessa,
2002b. 384 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M. DE, TORRES, M. A. V.; BACHER, L. B. Árvores
exóticas no Brasil – madeireiras, ornamentais e aromáticas. Inst. Plantarun,
Nova Odessa, 2002. 384 p.
MILANO, M. S. & DALCIN, E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro. Light,
2000. 226p.
MILLER, R. W. Urban Forestry: Planning and Managing Urban. Greenspaces. 2º
ed. New Jersey. 1997. 502p.
NOWAK, J. N.; NOBLE, M.H.; SISINNI, S. M.; DWYNER, J. F. People & Tree:
Assessing the US Urban Forest Resourse. J. Of Forestry. v.99 (3), p. 37-42,
2001.
SANCHOTENE, M. C. C. Desenvolvimento e perspectivas da arborização urbana
no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2.,
1994, São Luís. Anais... São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana,
1994. p.15-26.
SILVA, A.G. Importância da vegetação em ambientes urbanos. Viçosa, MG:
UFV,1998, 36p. (Monografia de Graduação).
35
SILVA FILHO, D. F. Silvicultura urbana – o desenho florestal da cidade. ESALQ,
USP http://www.ipef.br/silvicultura/urbana.asp 20/05/2007.
SU, N. Y.; SCHEFFRAHN, R. H.; WEISSLING, T. 1997. A new introduction of a
subterranean termite, Coptotermes havilandi Holmgren ( Isoptera:
Rhinotermitidae) in Miami, Florida. Florida Entomol., 80(3): 408-411.
THOMPSON, G. J.; KITADE, O.; LO, N.; CROZIER, R. H. On the origin of térmite
workers: weighing up the phylogenetic evidence. J. Evol. Biol. doi: 10. 1046/j.
1420 - 9101
www.bio.usyd.edu.au/Social_InsectsLab/GJT/phylogenetics_files/JEB2004.pdf,
2003.
VIDAL, M.; GONÇALVES, W. Curso de paisagismo. Viçosa, MG: UFV, 1999. 76 p.
WILSON, E. O. 1976. The insect societies. Haward University Press. Cambridge,
Massachusetts, 548 p.
ZORZENON, F.J. Levantamento Pré e Pós-Tratamento de Cupins Subterrâneos e
Formigas do Gênero Camponotus em Sibipiruna (Caesalpinia
peltophoroides), Jacarandá Mimoso (Jacarandá mimosafolia), Ipê (Tabebuia
spp.) e Quaresmeira (Tibouchina granulosa) em Área determinada no Bairro
do Morumbi (Cidade Jardim), Município de São Paulo. UNESP Campus de
Rio Claro, São Paulo, 2004. (monografia para obtenção de especialista em
Entomologia Urbana)
ZORZENON,F.J. & POTENZA, M.R.(Coords.). Cupins: Pragas em Áreas Urbanas.
Instituto Biológico, Boletim Téc. Nº 18, São Paulo, p.1-66, 2006.
ZORZENON, F.J. & JUSTI JUNIOR, J. Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e
Outros Animais Sinatrópicos. Instituto Biológico. São Paulo, 151 p. 2006.
36
7-APÊNDICES
37
Nº__________
Data:____________________Arborizado______
Nome____________________________________
End.
_________________________________________
1) O Sr(a) sabe o que são cupins______,
brocas______ formigas?______
2) O Sr(a) sabe da existência de cupins
em sua residência?______
De que tipo?_____________________________
3) Há presença de pozinho fino______
Granulado?_________ (amostra)
Há túneis de terra nas
paredes?______(foto)
4) Danos em
madeiras?_______________________________
Em outros objetos (livros,
etc)?______________________________
5) O local infestado fica próximo da
alvenaria?________Umidade ?_____
6) O Sr (a) já viu os insetos? ______
7) São esbranquiçados e se parecem com
vermes? _______ (amostra)
8) Já observou siriris ou aleluias no interior
do imóvel? ______
E na árvore em frente?_____
9) Procurou informações? ______,
Onde?___________________________________
________________________________________
Usou inseticidas no local?
_________Qual?______________________
Pediu ajuda profissional ? ____________
Nº__________
Data:____________________Arborizado______
Nome____________________________________
End.
_________________________________________
1) O Sr(a) sabe o que são cupins______,
brocas______ formigas?______
2) O Sr(a) sabe da existência de cupins
em sua residência?______
De que tipo?_____________________________
3) Há presença de pozinho fino______
Granulado?____________ (amostra)
Há túneis de terra nas
paredes?______(foto)
4) Danos em
madeiras?_______________________________
Em outros objetos (livros,
etc)?______________________________
5) O local infestado fica próximo da
alvenaria?________Umidade ?_____
6) O Sr (a) já viu os insetos? ______
7) São esbranquiçados e se parecem com
vermes? _______ (amostra)
8) Já observou siriris ou aleluias no interior
do imóvel? ______
E na árvore em frente?_____
9) Procurou informações? ______,
Onde?___________________________________
_________________________________________
Usou inseticidas no local?
_________Qual?______________________
Pediu ajuda profissional ? ____________
Figura 1- Folha de questionário utilizada na pesquisa.
38
CUPIM SUBTERRÂNEO
CUPIM DE MADEIRA SECA
BROCA
Figura 2 – Fotos de cupins, brocas e seus vestígios utilizados para demonstração. Fonte: ZORZENON, F.J. & JUSTI JUNIOR, J. Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e Outros Animais Sinatrópicos. Instituto Biológico. São Paulo, 151 p. 2006.
39
DIFERENÇA CUPIM E FORMIGA
FORMIGA
CUPIM
1 mm
Figura 3 – Foto da diferença dos cupins e das formigas utilizado para demonstração. Fonte: ZORZENON, F.J. & JUSTI JUNIOR, J. Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e Outros Animais Sinatrópicos. Instituto Biológico. São Paulo, 151 p. 2006.
40
Danos em Madeiramentos
Danos em objetos, livros, papéis, etc.
Figura 4 – Fotos dos danos causados por cupins subterrâneos utilizados para demonstração.
Foto: A.L.O.Augusto
Foto: A.L.O.Augusto
Foto: A.L.O.Augusto Foto: A.L.O.Augusto
41
Figura 5 – Frascos contendo excrementos de brocas, fezes de cupins de madeira seca e cupins subterrâneos utilizados para demonstração.
Foto: A.L.O.Augusto
42
COMO RECONHECER OS CAUSADORES E OS DANOS EM SUA
RESIDÊNCIA E NA ARBORIZAÇÃO.
• CUPINS SUBTERRÂNEOS OU DE SOLO: deixam túneis de
terra presa em paredes ou armários, batentes, etc. São
brancos (leitosos) e ficam escondidos dentro da madeira ou
a procura da mesma sempre em contato com a estrutura.
(necessita tratamento especializado)
• CUPINS DE MADEIRA SECA: deixam pozinhos granulados
saindo de orifícios e são menos destrutivos quando
comparados aos subterrâneos.
• SIRIRIS OU ALELUIAS: são os reprodutores dos cupins,
formadores de novas colônias. (possuem asas para
dispersão e morrem rápido)
• BROCAS DE MADEIRA: (pequenos besouros) deixam
pozinhos finos saindo de orifícios.
• FORMIGAS: são insetos pequenos e geralmente escuros e
deixam normalmente terra solta, não comem madeira, mas
podem atacá-la para fazer ninhos.
ALGUNS FATORES FAVORECEDORES AO ATAQUE DE CUPINS
SUBTERRÂNEOS EM EDIFICAÇÕES.
Cuidados com o imóvel.
• Enterrar entulhos (restos de madeiras, sacos de papel, etc.) na
construção.
• Os cupins subterrâneos preferem solos orgânicos com restos
vegetais (raízes, troncos, etc.).
• Escolha de madeiramentos pouco resistentes aos cupins.
43
• Áreas mal drenadas, com grande umidade.
• Espaços existentes na construção (caixões perdidos), vãos
estruturais, forros rebaixados.
Cuidados com a arborização.
• Escolha correta de plantas menos suscetíveis ao ataque de
cupins.
• Árvores agredidas ou mal podadas (podas drásticas) são mais
propensas a infestações.
• Estrangulamento das árvores pela calçada.
Cuidados para o controle de cupins.
• Diagnóstico tardio da infestação.
• Tratamentos não especializados.
• Subestimar a infestação (tempo, dinâmica, etc.).
• Falta do hábito preventivo da população.
• Uso indiscriminado de pesticidas (“venenos”). Os cupins de solo
possuem colônias muito numerosas (milhões de insetos), não
resolvendo o tratamento localizado (apenas regiões ou partes
do imóvel, ou regiões atacadas em móveis).
Instituto Biológico – Tel. 5087-1718
Figura 6 – Folder explicativo distribuído aos entrevistados.
44
Figura 7 – Imagem da região arborizada do Bairro da Vila Mariana pesquisada. (Fonte Google Earth)
45
Figura 8 – Imagem da região não arborizada do Bairro do Campo Belo pesquisada. (Fonte Google Earth)
46
Figura 9 – Árvore removida com dano causado por cupins subterrâneos no bairro da Vila Mariana.
Foto: A.L.O.Augusto
47
Figura 10 – Tronco de árvore com cupins subterrâneos ativos no bairro da Vila Mariana.
Foto: A.L.O.Augusto
48
Figura 11 – Poda drástica em árvore no bairro da Vila Mariana.
Foto: A.L.O.Augusto
49
Figura 12 – Tronco de árvore com oco causado por cupins subterrâneos no bairro da Vila Mariana.
Foto: A.L.O.Augusto