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O PAPEL DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR- ALUNO...
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O PAPEL DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR- ALUNO
Brasília, DF
JULHO - 2013
Diretoria Geral Diretoria Acadêmica
Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Coordenação Geral de Trabalho de Conclusão de Curso
O PAPEL DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO Trabalho apresentado para Conclusão de Curso - TCC do Programa do Curso de Graduação em Pedagogia das Faculdades Integradas PROMOVE de Brasília e do Instituto Superior de Educação do ICESP. Orientador (a) Sônia Regina Basili Amoroso. Avaliador (a) Elizabeth Maria Silveira de Melo Franco Avaliador (a) Marluce Freire Lima de Araújo
BRASÍLIA, DF JULHO – 2013
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O PAPEL DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO
Jussara da Silva Barros 1 Samara da Cruz Alves 2
Resumo Este trabalho busca apresentar uma discussão sobre a aprendizagem infantil, lançando um olhar sobre a importância do docente na construção de uma relação afetiva, na parceria que se estabelece no ensinar e aprender, colocando em destaque que a afetividade e a cognição são parceiras inseparáveis desta aprendizagem. Para isso realizou-se uma pesquisa qualitativa, de cunho comparativo e exploratório, em que se buscou ouvir docentes de duas instituições de educação básica, sendo uma pública e outra privada, com o objetivo de identificar a real a importância da afetividade para a aprendizagem na compreensão dos docentes. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumento o questionário e da análise dos mesmos concluiu-se que há uma boa compreensão da relevância da afetividade por parte de docentes, mas não obstante a isso, desvela-se que nem todos estão dispostos a envolver-se, pois pode-se refletir que vivam em seus próprios mundos e envoltos com suas próprias dificuldades e, portanto, não percebam como são atores indispensáveis para o desenvolvimento das crianças
Palavras-chave: aprendizagem; afetividade; cognição e relação professor aluno.
Abstract This work aims to introduce a discussion on children's learning, looking about the importance of teaching in building an affective relationship, partnership established in the teaching and learning by placing highlighted that the affection and cognition are inseparable partners in this learning. For this, there was a qualitative research, comparative and exploratory nature, sought to hear teachers of institutions of basic education, being a public and another private, with the goal of identifying the real importance of affection for learning in the understanding of teachers. For the collection of data was used as an instrument in the questionnaire and the analysis of them concluded that there is a good understanding of the importance of affection on the part of teachers, but despite this, reveals that not all are willing to get involved, because it can reflect that live in their own worlds and wrapped with their own difficulties and, therefore, may not realize how are indispensable actors for the development of children.
Keywords: learning; affectivity; cognition and student teacher ratio
1 Jussara da Silva Barros, 6º semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia da faculdade
Promove de Brasília- ICESP; 2 Samara da Cruz Alves, 6º semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia da faculdade
Promove de Brasília- ICESP;
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INTRODUÇÃO
A atual formatação da educação oferecida no Brasil já foi modificada ao longo dos
últimos anos e, atualmente pode-se dizer que mesmo não atingindo seu maior grau
de eficiência desempenha papel preponderante na vida das crianças.
Pensar na educação de forma mais ampla nos remete a refletir sobre o papel
desempenhado pelo docente, que de uma forma ou de outra, findado sendo o centro
da ação educativa, pois chama para si a atenção e a responsabilidade sobre o fazer
pedagógico e o processo ensino aprendizagem de forma mais direta.
Assim sendo, por meio desta pesquisa buscou-se compreender melhor a
seguinte temática: A relevância da relação professor-aluno baseada na afetividade.
Uma vez que se compreende que a relação professor/aluno deve ser permeada pelo
diálogo e afetividade, pois a criança deseja ser ouvida e se sentir amada. Se esta
não tem o carinho e o diálogo em casa, espera-se que a escola possa de alguma
maneira, suprir parte desta necessidade. Porque este vínculo vai além de apenas
ensinar e aprender, trata-se de uma relação humanizada, em que tanto professor
quanto aluno se respeitam e aprendem mutuamente.
O (a) aluno (a) precisa ter o professor como uma pessoa de confiança, que
está ali não apenas para transmitir conteúdos, mas sim para apoiar, auxiliar e
orientá-lo em suas necessidades. Uma vez que o aluno vivencia em sua realidade
inúmeras situações umas que podem ser consideradas boas e outras nem tanto. Isto
influenciará diretamente a sua autoestima, seu psicológico e no seu comportamento.
Capelatto (2002, p.8) aponta que, “a afetividade é a mistura de todos esses
sentimentos, e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções é que
vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada”.
Observa-se ainda que, quando uma criança é motivada, ela se sente amada,
acolhida, a autoestima da mesma aumenta e pode haver a potencialização da
aprendizagem. É como se este aprender passasse a ter significado, ou seja,
facilitando o conhecimento e estimulando o interesse do (a) aluno (a) pelo
aprendizado.
Cabe ainda lembrar que por meio da afetividade pode-se obter uma maior
interação social, com vistas a integrar este educando na sociedade permitindo-lhe
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desenvolver seu senso crítico e a capacidade criativa, que muito auxiliarão na vida
cotidiana. Conforme Wallon (1951, p.8 apud GALVÃO, 2004, p. 52) aponta que,
“jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si,
mas porque, eles me parecem tão estreitamente complementares, desde o
nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações
recíprocas.”
Neste sentido, a pesquisa se organizou por meio de duas vertentes essências
fundamentadas na pesquisa qualitativa de cunho exploratório e explicativo que para
Minayo (2003 p. 16-18). “É o caminho do pensamento a ser seguido”. E por meio de
pesquisa de campo, com base na análise de dados coletados. Que De acordo com
Ruiz (2002, p.50), a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal como
ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis
presumivelmente relevantes para ulteriores análises. Esta pesquisa foi realizada em
uma Escola Pública da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, situada em
Samambaia – Norte DF e em uma Escola da Rede Privada de Ensino do Distrito
Federal situada na Asa Norte - DF.
Sendo assim, o presente trabalho se justifica por acreditar-se que a
afetividade desempenha um papel fundamental na aprendizagem, principalmente
nos anos iniciais quando a criança está sendo inserida numa nova realidade, saindo
do seio familiar, em que se acredita que receba toda a atenção e carinho e entrando
num universo que, diferentemente pode ser ou não acolhedor.
Compreende-se assim que, a interação que deve ocorrer na relação
professa/aluno é um aspecto fundamental da organização didática, devendo
participar de forma preponderante da aprendizagem tendo em vista ser uma forma
de alcançar os objetivos relacionados e vivenciados no cotidiano escolar.
Esta pesquisa possui cunho qualitativo, pois investiga a importância das
relações afetivas oriundas das salas de aula e as prováveis influências que esta
afetividade tem para a aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo dos
alunos.
A busca por desvelar a real importância da humanização nas relações entre
professor/aluno e compreender seu papel como facilitador da aprendizagem torna-se
a mola mestra que faz desta pesquisa um tema de interesse para a comunidade
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acadêmica e para todos que se preocupam com a educação de forma geral.
Trabalhar a afetividade é um exercício de humanização social e pessoal,
buscando a melhoria nas relações interpessoais, pois atualmente todos que
trabalham com seres humanos, principalmente crianças, sejam profissionais da
saúde, cuidadores, policiais, educadores e etc., precisam compreender que lidam
com sentimentos, emoções e percepções que, se não forem atendidas de forma
adequada, podem se transformar em fonte de sofrimento e fracasso.
Assim, como objetivo geral, esta pesquisa buscou identificar a real a
importância da afetividade para a aprendizagem. Também, ampliaram-se as
possibilidades de compreensão por meio dos objetivos específicos que são
conhecer as prováveis influências da relação entre professor/aluno como facilitador
da aprendizagem; identificar os fatores que dificultam o relacionamento entre
professor/aluno; compreender fatores que, na opinião dos educadores, são
preponderantes como facilitadores de sua aprendizagem e refletir sobre a
importância e o papel do professor e do seu relacionamento com os educandos.
REFERENCIAL TEÓRICO
A relação professor/ aluno no processo de ensino aprendizagem
Mesmo que ainda não se possa afirmar que afetividade seja a grande
propulsora da aprendizagem, pensar nesta e na relação que ela pode estabelecer
entre o docente e o aluno parece-nos imprescindível.
Este é, quem sabe, um paradigma, que muitos não consideram como tal, mas que
quando observado de perto demonstra traduzir uma efetiva realidade que está
posta. Assim, acredita-se que seja essencial quebra-lo, pois o tempo em que se
propunha a dicotomia nos papéis de professores e alunos, quase que os colocando
como antagônicos ficou desacreditado por não produzir bons frutos e tampouco ser
uma provável forma de obter sucesso educacional. Pois mantendo o docente como
detentor único do conhecimento e, como tal, ser supremo e bastante distante do
aluno, que como o termo designa “é um ser sem luz” nem de longe poderia ter um
nível de assertividade. Para Ranghetti (2002, p.87-88), vivenciar as diferenças “é
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viver a própria afetividade sendo presença, acolhendo o outro para um renascer
com-junto em meio à diversidade das singularidades.”
Por outro lado observa-se que não seja ideal limitar este estudo em relação
ao comportamento do professor, deterministicamente como preponderantemente
ocasionador do sucesso ou do fracasso do aluno, mas pensar sobre como a ação do
docente atualmente ganha contorno mais variados e neles, pode-se destacar que o
papel construtivo desempenhado por ele como mediador entre os saberes e os
alunos pode nos remeter a uma compreensão melhor sobre as diferentes dimensões
que a docência pode vivenciar. Segundo (Dell’ Agli e Brenelli, 2006, p.32). “Tais
interações podem resultar para a criança sentimentos como de competência ou de
frustração, inferioridade, fracasso e incompetência”.
O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através
da transmissão de informações, mas também pelo processo de construção da
cidadania do aluno. Pensar no aluno como ser em formação e que na sua
incompletude cabem mais do que conhecimentos formais. Cabem os relacionais e
os afetivos.
Para que haja reflexão sobre a prática ministrada, é fundamental a
conscientização do professor no sentido de que sua função é estar acessível para
seus alunos. No intuito de esclarecer dúvidas e de que esteja totalmente disponível
e interessado em sanar as dificuldades de seus alunos. O professor juntamente
com os alunos deve propiciar harmonia em sala de aula e trabalhar em conjunto com
os mesmos, afim de, proporcionar a interação em sala e facilitar a convivência.
O professor deve trabalhar o coletivo, sem deixar o individual de lado pois,
muitas crianças nem sempre vão estar abertas para compreender um novo assunto
ou participar das atividades coletivas. Sendo assim, cabe ao professor buscar
entender e ter a sensibilidade de dialogar em particular com esta criança e
questioná-la de forma indireta o que se passa em seu meio de convivência.
“O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas". (Freire1996 p. 96),
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O professor, no papel de educador se incumbe de educar para as a
construção da autonomia, para a formação de cidadão conscientes de seus direitos
e deveres e conscientes de seus atos e atitudes. Prepara o aluno para o futuro, para
o novo e não para o retrógrado. Cunha (2010, p.44) afirma que, "quando as
emoções que pairam sobre o aprendente são positivas, a escola, se não o afetar,
poderá representar o tédio e o desperdício de tempo".
A relação de alguns professores com seus alunos tende a ser repetitivo e
mecânico ás vezes. Pois, quando o professor somente joga conteúdos e não se
atenta a ouvir as dúvidas de seus alunos e, a saber, os motivos do insucesso de um
ou mais alunos, este não trabalha de modo afetivo e tão pouco humanitário. Assim,
Carvalho (2008, p.39 apud TEIXEIRA 2004, p.70) aponta que, "ao promover a
memorização mecânica de conceitos, princípios e técnicas, este modelo de ensino-
aprendizagem visa mais os resultados que o processo". Ocorrendo assim,
insatisfação e frustração tanto por parte do professor quanto por parte do aluno.
A importância da Afetividade na relação professor/aluno
O que podemos entender por afeto? Conforme Cunha (2010, p.16), “na sua
definição etimológica, o afeto é neutro. Pode exprimir um sentimento de agrado ou
desagrado em diferentes graus de complexão; disposição de alma, que tanto pode
revelar amor ou ira”. Ou seja, tanto o aluno (a) quanto o professor (a) podem vir a
ter sensações diferentes um pelo outro dependendo do modo com que ambos se
relacionam entre si.
No que diz respeito as interações interpessoais entre professor e aluno, o
professor deve se conscientizar de que, ele é a autonomia dentro da sala de aula,
porém não deve agir mecanicamente como se fosse um robô sem sentimentos. Ele
deve ensinar e dialogar com todos os alunos igualitariamente não dispensando ou
menosprezando as ideias e as descobertas de seus alunos. Para que haja uma boa
convivência entre professor e aluno um bom diálogo é fator essencial. Portella &
Franceschini (2011, p 27, apud MELTZER, 1979, p. 50) citam que, “a criança pré-
escolar percebe que, o que a distingue dos adultos não é somente a força e o
tamanho. Nota que o adulto tem habilidades que ela, criança, não tem ainda”.
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Contudo, não é esta realidade que presenciamos no contexto educacional
brasileiro. Ainda, existem professores despreparados e que passam insegurança,
desconforto, desestímulo e descontentamento para seus alunos. Um dos grandes
fatores que encabeçam estas e outras situações é a má remuneração salarial dos
professores e também o comodismo em não fazer cursos preparatórios para exercer
tal função.
Um professor desequilibrado e com problemas pessoais, em momento
algum deve leva-los para a sala e muito menos descontá-los em seus alunos. Uma
vez que, o aluno também vivencia situações de estresse e conflito no seu convívio
familiar. Freire (1996, p.43) afirma que: “pensando criticamente a prática de hoje ou
de ontem é que se pode melhorar a próxima prática”. Sendo assim, o professor deve
estar preparado emocionalmente e psicologicamente para lhe dar com tal situação.
E é nesta hora que a área afetiva deve prevalecer no sentido de que todos somos
seres humanos e estamos suscetíveis a erros e acertos desde que não
prejudiquemos quem não tem nada a ver com determinada situação vivenciada fora
do ambiente escolar. Ou seja, nem o professor prejudicar o aluno e vice-versa.
A afetividade como fator educacional baseia-se assim, no respeito, no
diálogo, no estímulo, na confiança, no ensinar, no aprender, física e
psicologicamente e ainda cognitivamente.
Vygotsky afirma que:
São desejos, necessidades emoções, motivações interesses, impulsos e individuo que dão origem ao pensamento e este, por sua vez, não se encontra dissociado no ser humano pelo contrário, s inter-relacionam e exercem influencia recíproca ao longo de toda historia do desenvolvimento do individuo. Apesar de diferente, formam uma unidade no processo dinâmico do desenvolvimento psíquico, portanto, é impossível compreendê-los separadamente. Justamente por isso que aponta para a necessidade de uma abordagem unificadora dos aspectos intelectuais e afetivos no estudo do e no estudo do funcionamento psicológico. (Vygotsky, 1994, p.86).
O lado afetivo e o lado cognitivo caminham juntos e fazem parte da vida de
todos nós. Esta em nossa maneira de ser. agir, pensar e fazer. Esta também em
nosso falar. Pois, um ser afetivo necessita ser estimulado, elogiado e motivado. E
valorizando todos os tipos de conhecimentos adquiridos através das experiências
famíliares e culturais.
Segundo Silva (2005, apud GADOTTI 1999, p. 2) “o educador para pôr em
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prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes,
colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um
analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida”.
A afetividade está ligada a razão já que o professor e o aluno criam vínculos
afetivos ao decorrer do ano letivo. Mesmo que distantes, em sala de aula deve
prevalecer diálogo fundamentado no consenso e na racionalidade. Visando assim a
solução e não o conflito.
Uma nova visão sobre o perfil docente Os professores assemelham-se com seus alunos de acordo com o relacionamento
interpessoal e o aluno tende a corresponder de forma igualitária. Automaticamente
se um professor age de maneira indiferente ao aluno, este também não fará questão
de tirar suas dúvidas e consequentemente não terá uma aprendizagem significativa
e muito menos criará algum vínculo afetivo com o mesmo. O que ocasionará um
déficit na aprendizagem. Segundo Nóvoa (2002, p. 23), “o aprender contínuo é
essencial, se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola,
como lugar de crescimento profissional permanente”.
Nota-se que quando o professor se mostra interessado na aprendizagem de
seu alunos e não somente em jogar conteúdos, ele passa a ter mais facilidade para
ensinar, logo, os alunos se sentiram mais motivados a aprender. Com isto, o aluno
se sente confiante e não temeroso diante do professor. A relação assim é
harmônica, acontecendo à descontração na aprendizagem; o aluno vai entender
melhor o assunto dado pelo professor, tirando assim suas dúvidas sem dificuldades
na relação, havendo meios e expectativas na construção de um novo saber, em que
o professor e os alunos participarão de uma verdadeira comunicação.
Com isto, Freire ressalta sobre o verdadeiro compromisso como gesto
solidário:
O verdadeiro compromisso que é sempre solidário, não pode reduzir-se jamais a gestos de falsa generosidade, nem tão pouco ser um ato unilateral, no qual quem se compromete é o sujeito ativo do trabalho, comprometido é aquele com quem se comprometeu e a incidência de seu compromisso que sendo encontro dinâmico de homens solidários ao alcançar aqueles com os
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quais se compromete, volta destes para ele, abraçando a todos num único gesto amoroso. (Freire, 1979, p. 58),
É através do pensar e do refletir, que o educador através de seu pensamento
revolucionário e seu modo de agir, constituiu como grupo (aluno) um meio constante
de trocas de aprendizagem, assim como, experiências vivenciadas e aprimoradas
pelo meio, tornando os alunos em verdadeiros sujeitos da história. A educação está
movida não somente pelo intelectual, mas principalmente pelo emocional, através da
alegria, entusiasmo e desejo que o educador deva ter em desejar transforma-se e
mudar seu educando. Assim, com base em Gadotti (2000:8):
“Seja qual for à perspectiva que a educação contemporânea tomar,
uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural”.
É correto afirmar que, e o bom professor tem obtido ideias e consciência de
um relacionamento humano e de clima favorável e necessário a uma educação de
prazer e qualidade de ensino. O professor que se concentra na pessoa total, não
acredita que o desenvolvimento intelectual deva ou possa ser desligado dos outros
aspectos da personalidade humana.
O professor é capaz de reconhecer, analisar e avaliar que a ação do aluno
não é isolada, mas está apoiada na ação dele, deve ser capaz de utilizar os
resultados obtidos pelos alunos. Ou seja, refletir sobre os seus atos a todo o
momento, procurando mudanças. O ato de ensinar não tem uma fórmula pronta e
sim o processo gradativo e uma construção que envolve sempre a reflexão na ação
e que cada dia em sala de aula é diferente. Portanto, a reflexão é um ato político que
contribui para a construção da própria individualidade do aluno e do professor pós-
moderno. Conforme aponta Roberto (2009, p. 02). “A formação continuada se dá de
maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos
contínuos.”,
E ainda, um bom professor deve ter discernimento e complacência para
perceber tudo o que se passa em sala de aula com seus alunos. Uma vez que um
olhar aguçado faz toda diferença em um bom profissional e faz dele um diferencial
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na hora de detectar problemas e dificuldades vivenciados por seus alunos. Quando
o professor percebe o seu aluno não só como um depósito de informações mais
como um ser humano de sentimentos e cognições este estará agindo de forma
humanitária e sócia afetiva.
Por fim, percebe-se que é de grande valia trabalhar a afetividade com os
docentes e com os discentes e fazer com que eles ponham em prática. Para que
estes não sejam seres mecânicos, mas sim, seres racionais e afetivos. Com
convicções e certezas, de que estarão preparando não só seres pensantes mais
sim, seres humanos afetivos.
A afetividade no desenvolvimento infantil
A afetividade na infância dar-se-á primeiramente no contato da criança com
sua família. Após este período dedicado somente aos cuidados familiares, ocorre
uma ruptura, uma vez que, a criança passa a frequentar a escola e a se socializar
com outro ambiente, outras crianças, professores e etc. Espera-se que neste estágio
de transição a criança se sinta amada e segura, para que seja preservado o seu
cognitivo, sócio afetivo, biológico e psicológico. Em decorrência disto a teoria da
psicogenética de Henry Wallon aponta que, "a dimensão afetiva ocupa lugar central,
tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento." (Wallon,
1975 apud LA TAILLE, 1992, p. 85).
Ainda para o mesmo autor as mudanças ocorrem de forma gradual, são
períodos contínuos que se sucedem e se superpõem. Durante a evolução a criança
experimenta avanços e regressos, vivendo seu desenvolvimento de modo particular.
A construção da personalidade da criança deve ser respeita, pois, em cada idade há
um jeito próprio de se manifestar. Para que isto ocorra, cabe a família e a escola
conhecer e respeitar os passos do desenvolvimento infantil.
Baseado em Wallon (1975, p.143 apud FARIA,2010, p. 19) A afetividade
desenvolve-se de acordo com cinco estágios, que ele propõe para descrever o
desenvolvimento humano. Que são:
1. Estágio impulso-emocional: Primeiro estágio de desenvolvimento escrito por Wallon, que vai do nascimento até um ano de idade e estão presentes
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dois momentos: o da impulsividade motora e o emocional. A criança nessa fase está voltada para construção do eu. É uma fase de preponderância afetiva, centrípeta de acúmulo de energia. 2. Estágio sensório-motor e projetivo: O estágio sensório-motor e projetivo inicia-se por volta de um ano e se estende até os três anos de idade, caracterizado pela investigação e exploração da realidade exterior, bem como pela aquisição da aptidão simbólica e pelo início da representação, ou seja, é o momento em que a inteligência humana se dedica à construção relativamente à realidade. 3. Estágio do personalismo: Como o próprio nome sugere, este estágio está voltado para a pessoa, para o enriquecimento do eu e a construção da personalidade, vai de três a seis anos de idade. A afetividade é marcante neste estágio, na verdade, é o fio condutor do desenvolvimento. A criança aprende a perceber o que é de si e o que é do outro. 4. 4. Estágio categorial: Esse estágio inicia-se por volta dos seis anos de idade, ele traz importantes avanços no plano da inteligência. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo as suas relações com o meio, uma maneira preponderância do aspecto cognitivo do ser humano, nesta etapa da vida.
5. Estágio da adolescência: Nesse estágio a crise pubertária rompe a “tranquilidade” afetiva que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma definição dos contornos da personalidade desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal.
Para que haja uma boa motivação afetiva é necessário que a criança esteja
bem cognitivamente, uma vez que, o cognitivo é fundamental para o bem estar geral
e a autoestima da criança. Segundo Piaget (1976, p.36 Apud RIBEIRO 2010 p. 36)
destaca, “que em toda conduta as motivações e o dinamismo energético provém da
afetividade, enquanto que as técnicas e o justamente dos meios empregados
constituem o aspecto cognitivo”
O emocional da criança precisa ser trabalhado para que seja verificado se há
abalo emocional em alguma área de sua vida devido a algum trauma causado
interna ou externamente. Para que este não venha a se punir futuramente.
Conforme aponta Wallon na importância do outro para o desenvolvimento humano, e
defende que a emoção é o primeiro e mais forte elo entre os indivíduos:
As primeiras relações utilitárias da criança não são as suas relações com o meio físico, que, quando aparecem, começam por ser lúdicas; são relações humanas, relações de compreensão, que tem como instrumento necessário meios de expressão, e é por isso que a criança, se não é naturalmente um membro consciente da sociedade, também não é um ser primitivo e totalmente orientado para a sociedade. (Wallon, 1975, p. 198)
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Na escola a criança se percebe em um mundo novo. Ambiente diferente e
pessoas diferentes. E precisa estar aberta a socialização e saber quanto ao que é
coletivo e o que é individual. Ensinar que é preciso respeitar o espaço do outro e
outro como ser humano é essencial.
Ainda baseado em Wallon (1975, p.166-167):
A escola é também um meio funcional. As crianças vão lá para se instruir e elas devem familiarizar-se com uma disciplina e relações interindividuais dum novo tipo. Mas a escola é ao mesmo tempo um meio local onde se encontram crianças que podem pertencer a meios sociais diferentes. Também se pode falar do meio familiar como dum meio funcional, onde a criança começa por encontrar meios de satisfazer todas as suas necessidades sob formas que podem ser próprias à sua família e onde a criança conquista as suas primeiras condutas sociais.
É necessário que a escola proporcione a criança uma relação de
amorosidade e acolhimento. Para que esta se sinta protegida e confortável para se
expressar e se relacionar com o meio. Cunha (2008, p.74) “O afeto deveria ser a
primeira matéria a ser ministrada na escola e a paciência sua guardiã”.
METODOLOGIA
O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa qualitativa, de cunho
exploratório e explicativo que tratará da a afetividade em sala de aula como provável
via de acesso à aprendizagem.
Baseado em Santos (1999, p.24) a caracterização da pesquisa se dará por
meio de informação, ou seja, pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica. Pois
acredita-se que por meio da opinião dos diversos autores possa-se analisar de
forma mais apropriada os dados obtidos.
Para a coleta de dados optou-se pelo uso do questionário com questões
subjetivas e que foi aplicado a docentes de duas instituições, uma da rede Pública
de Ensino da Educação Básica, pertencente à Secretaria de Educação do Distrito
Federal e uma da rede Particular de Ensino da Educação Básica que compõe o
quadro da Secretaria de Educação do Distrito Federal.
A partir daqui intitula-se a escola da rede Pública de Ensino em Escola “A” e a
instituição da rede particular de Ensino em Escola “B”.
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A escola “A” localiza-se na Região Administrativa da Samambaia, compõe-se por
turmas de Educação Infantil e Anos iniciais do ensino fundamental, atendidas nos
dois turnos e com um número total de 1200 alunos. A clientela atendida é de classe
média baixa, em que os pais e responsáveis são profissionais liberais, trabalham no
comércio etc.
A escola “B”, que é da rede particular de Ensino localiza-se na Região
Administrativa da Asa Norte, compõe-se de turmas de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Médio. Atende em média, 1500 alunos. A clientela é de classe média
alta, e os pais e responsáveis são servidores públicos, empresários etc.
A opção pelo questionário deu-se por ser um instrumento que possibilita que
os sujeitos da pesquisa apresentem sua opinião sem que as pesquisadoras
interfiram ou intervenham no que emergirá como opinião dos mesmos. Baseando-
nos em Marconi e Lakatos (2003, p. 201) que definem questionário como sendo “um
instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,
que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”.
ANÁLISE e DISCUSSÃO DOS DADOS
DADOS DOS DOCENTES
Apresenta – se a seguir, a caracterização dos respondentes com os dados
coletados em campo, com 5 docentes da escola A e 5 docentes da escola B:
Quanto ao sexo:
Escola A: 100% (Feminino) _______ (Masculino)
Escola B: 100% (Feminino) _______ (Masculino)
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Quanto à idade:
Quadro 1 – Idade dos docentes participantes da pesquisa:
Escolas 26 a 31 32 a 37 38 a 43 44 a cima
Total
A 1 2 2 - 5
B - 2 2 1 5
Total 1 4 4 1 10
Fonte: docentes participantes da pesquisa nas duas instituições de ensino.
Quanto a Formação dos docentes:
Quadro 2 - Quanto à formação dos docentes participantes:
Escolas Graduação
Pós-
Graduação Total
A 5 5 5
B 5 5 5
Total 10
Fonte: docentes participantes da pesquisa nas duas instituições de ensino.
Quadro 3 - Quanto ao tempo de atuação
Escolas Menos de 2
anos
De 3 a 5 anos 5 a 10 anos
Acima de
12 anos Total
A 1 1
1 2 5
B 3 2 5
Total 1 4 10 3 2 10
Fonte: docentes participantes da pesquisa nas duas instituições de ensino.
A partir desta etapa apresentam-se os dados obtidos por meio da aplicação
do questionário com 8 questões subjetivas, quando optou-se por apresentar cada
questão e, como forma de análise, logo abaixo aos dados obtidos, apresentar a
análise e discussão que se pôde fazer dos mesmos.
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Isto, segundo as autoras, se deve ao fato de que se buscou realizar um
encadeamento lógico das ideias, que permitirá imediata compreensão do que
emergiu de mais sensível nas respostas dos participantes.
Inicia-se, desta forma a apresentação dos dados obtidos junto aos docentes:
Como primeira questão foi perguntada quais são os fatores que influenciam a
relação professor aluno como facilitador da aprendizagem.
Na escola A obteve-se que a maioria dos (as) professores (as) acredita que
fatores como: afeto, respeito, reciprocidade, cumplicidade, diálogo e confiança
podem influenciar na relação professor e aluno para a facilitação da aprendizagem.
Isto coincide com o que foi lido em Araújo (1999, p. 42) que aponta que “'esse
professor ou professora consegue estabelecer relações baseadas no diálogo, na
confiança e nutrir uma efetividade que permite que os conflitos cotidianos da escola
sejam solucionados de maneira democrática”.
Logo, pode-se perceber o quão importante é a boa relação entre professor e
aluno para que haja a aprendizagem, baseada principalmente na afetividade, pois
compreende-se que está ligada diretamente as outras áreas sócio afetivas. Analisa-
se que afetividade e cognição caminham juntas.
Na escola B: A maioria dos professores acredita que os fatores que
influenciam a relação professor-aluno são a reciprocidade, simpatia, o respeito e a
afetividade e acreditam que esses fatores favorecem um trabalho construtivo entre
eles.
Segundo as professoras entrevistadas, é necessário impor limite, e também
procurar manter estreitos os laços de amizade com os alunos, com isso, a relação se
torna mais prazerosa. A reciprocidade, simpatia e respeito entre professor e aluno
proporcionam um trabalho construtivo, em que o educando é tratado como pessoa e
não como número, ou seja, mais um.
Estabelecer uma relação de afetividade positiva entre professor e aluno é um
aspecto importante que deve estar presente no contexto da sala de aula, uma vez
que, como diz Wallon (1986, p.48 apud Nascimento 2004, p.65), “as dimensões
cognitivas e afetivas perpassam-se e influenciam de forma inseparável toda e
qualquer atividade humana”.
18
A comparação possível que se faz oportuna é que há uma semelhança
grande no que emergiu em cada escola, ou seja, os docentes têm sentimentos e
opiniões iguais sobre os principais fatores que influenciam a aprendizagem e a
afetividade é sempre destacada.
Como segunda questão foi perguntada como os docentes avaliam a
questão da relação interpessoal satisfatória entre professor e aluno.
Na escola A: obteve como resultado que a maioria dos (as) professores (as)
acredita que o professor precisa estar aberto, para que o aluno sinta segurança. E
ainda, que é necessário que haja compromisso e respeito de ambas as partes.
Segundo Voli para que se compreenda isso:
A projeção que o professor envia de si mesmo à classe é recebida por seus alunos, que por sua vez vão se sentindo seguros, reforçados em seu próprio autoconceito, partes integrantes do grupo, motivados a aprender e conscientes de sua capacidade de fazê-lo. Sua projeção motiva seus alunos a entrar por si mesmos em uma situação de autoestima e, portanto, de
autodisciplina, auto responsabilidade e auto realização. Voli (1998:147).
Sendo assim, compreende-se que é de fundamental importância que o
professor e o aluno tenham uma relação interpessoal focada no respeito e na
segurança. Para que se tenha êxito profissional e motivação não só pessoal, mas
também profissional.
Na escola B: as professoras acreditam que uma relação interpessoal
satisfatória é essencial, pois ela propicia um diálogo franco em que se ganha
respeito e confiança estreitando laços entre eles, influenciando assim o processo de
ensino aprendizagem. Destacam ainda que buscando um melhor relacionamento, o
professor será tratado com respeito e como educador também deve dar
oportunidade ao diálogo.
Dessa forma, é fator inevitável que o professor tenha consciência de que uma
boa convivência com o alunado deve ser precedida de um bom diálogo.
Ressaltando Freire (1980, p. 23) afirma que “o diálogo é um encontro no qual
a reflexão e a ação, inseparáveis daqueles que dialogam, orienta-se para o mundo
que é preciso transformar e humanizar”.
A ação do professor é imprescindível. É ele quem deve assumir o papel de
mediador e não de condutor, como é comum no âmbito educacional, entre a cultura
19
elaborada, acumulada e em processo de acumulação pela humanidade e pelo
educando.
Assim, o professor fará a mediação entre o coletivo da sociedade, os
resultados da cultura e o individual do aluno. Em outras palavras, ele exerce o papel
de um dos mediadores sociais entre o social e o particular do aluno.
Faz-se oportuno destacar que nas duas escolas há uma compreensão bem
assertiva de que a relação interpessoal é fator preponderante do sucesso escolar,
sem o qual não haverá crescimento e interesse.
Como terceira questão foi questionada de que maneira esta relação
interfere no processo de ensino e aprendizagem.
Na escola A uma grande maiorias dos professores disseram que a relação
deve ser construída na base do afeto, da cooperação e do respeito. Para que haja
harmonia e aprendizado.
Isto está em acordo com Antunes quando afirma que:
“A relação professor e aluno deve ser baseada em afetividade e sinceridade, pois: Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho”. (Antunes, 1996, p. 56):
Logo, o professor passa a ter um papel sócio afetivo com seus alunos,
tornando assim, uma relação cooperativa e sincera. Onde não há adversidades mas
sim, a busca pelo aprendizado.
Na escola B: conclui-se das respostas que esta relação interfere de forma
positiva, pois quando o professor está aberto às novas experiências, sentimentos e
problemas de seus alunos favorecerá assim o processo de ensino e aprendizagem.
Conforme aponta Ferreiro (1982, P.12) “uma boa estruturação é essencial na
carreira do docente. A dinâmica de grupo e os debates constituem-se em eixos
norteadores na resolução de problemas, já que se tratam de ferramentas que
aproximam educador e educando”.
Contudo, é necessário que o professor busque estruturar-se, busque
aproximar-se dos alunos. Para que haja uma boa convivência entre professor e
aluno é necessária certa dose de humildade e um bom diálogo. Este é o primeiro
20
passo para que seja possível iniciar qualquer processo de mudança, pois a
confiança entre professor e aluno é primordial.
Ao comparar os dados percebe-se coincidirem as opiniões sobre a relação
que é essencial no contexto ensino-aprendizagem, pois todos os docentes destacam
sua relevância.
Como quarta questão foi perguntado como estimular os docentes para o
estabelecimento de uma boa relação entre professor e aluno.
Na escola A: observou-se que a grande maioria dos professores acredita que
para estimular uma boa relação é necessária a valorização do profissional professor,
do respeito mútuo entre professor, aluno, família e do diálogo.
Na escola B: obteve-se como resultado que os docentes afirmam que é
importante buscar estimular os docentes a uma mudança de postura e de suas
atitudes.
Com relação a estes dois pontos de vista Freire (1996, p. 32) aponta que:
“pensar o certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso
comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à
capacidade criadora do educando. Implica o compromisso da educadora cuja
promoção da ingenuidade não se faz automaticamente”.
Portanto, é necessário que o professor busque estímulos para que ocorra
uma relação sadia e construtiva. Baseada no respeito e na valorização deste
profissional bem como a valorização do aluno pelo mesmo.
Comparando os sentimentos e opiniões observa-se que ambos convergem
para o fato de que orientar os docentes e acompanhá-los na prática é relevante, mas
que consideram que precisam se sentir valorizados enquanto profissionais e
pessoas.
Como quinta questão foi perguntada se a realidade vivenciada pelo
professor demonstra que os mesmos e os alunos procuram estabelecer este
vínculo afetivo dentro da sala de aula.
Na escola A: a maioria dos professores disse que o vínculo afetivo é
construído a cada dia. E que a escola mostra-se aberta para ouvir sugestões e
questionamentos dos alunos.
21
Na escola B: os docentes afirmaram que todos procuram ao máximo manter
um relacionamento favorável com atitudes de confiança e respeito mútuo.
Com base nisto Mello (2004:18) diz que, “não dá para ensinar pensando
apenas na cabeça do aluno, pois o coração também é importante”.
O fato é que, o professor precisa estar em sintonia com seus alunos para que
todo o resto flua bem. Mantendo o respeito, a confiança e estando aberto para o
diálogo sempre que solicitado.
As falas dos docentes nas duas instituições demonstram que eles se
interessam por estabelecer um vínculo afetivo em que o respeito seja a tônica, mas
depreende-se desta fala, que certamente nem sempre isso é possível, visto que
estão lidando com pessoas e diferentes comportamentos.
Como sexta questão foi questionada quais são os principais
dificultadores para o estabelecimento do diálogo entre docentes e alunos.
Na escola A: a grande maioria dos professores respondeu que a indisciplina e
a falta de respeito são os principais motivos dificultadores para que haja o
estabelecimento do diálogo entre docente e aluno.
Na escola B: os principais dificultadores destacados para o estabelecimento
do diálogo entre docentes e alunos são, sem dúvida, por unanimidade o
autoritarismo por parte de alguns professores e o desrespeito por parte de alguns
alunos são os mais citados como interferência para boa convivência entre professor
e aluno.
Comparativamente coincidem as opiniões e fica muito destacada a falta de
respeito que atualmente é comum no ambiente escolar.
Quanto à influência do professor na história pessoal do aluno Freire enfatiza
que:
“[...] o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixará sua marca”. Freire (1996, p.96)
Logo, o professor deve buscar meios para dialogar com seus alunos e não
ser autoritário quando a situação requerer maior atenção. Pois, todo problema, toda
indisciplina tem sua origem. Cabe ao professor, junto ao aluno e sua família
22
dialogarem sobre as causas de tais atitudes. A busca por uma situação de consenso
e diálogo é essencial para o sucesso escolar e o respeito deve ser recíproco.
Como sétima questão foi questionada se é muito comum que o humor,
tanto de alunos quanto de docentes, varie em função das adversidades do
cotidiano e como o docente pode minimizar o impacto disto em sala de aula.
Na escola A: a grande maioria dos professores disse que ter uma boa equipe
de apoio ajuda bastante na superação das divergências cotidianas. E que
problemas advindos de casa não devem ser levados para dentro da sala de aula.
Na escola B: os docentes dizem que costumam minimizar não deixando que
suas adversidades do cotidiano atrapalhem seu rendimento, não levando problemas
para sala de aula, sendo equilibrados e éticos no ambiente de trabalho.
Conforme Sheiblitz (1999:52) afirma: “Se tiver bom autoconhecimento será
fácil controlar o emocional. O controle emocional irá ajudar a discutir um assunto de
forma equilibrada. Para resolver qualquer problema basta calma, presença de
espírito, honestidade, autenticidade e boa vontade”.
Logo, o professor deve saber lidar com suas emoções e não trazer
problemas de casa para a sala de aula, principalmente não deve deixar que interfira
em seu rendimento, “descontando” em seus alunos. Uma vez que estes não têm
nada a ver com o ocorrido. E ainda, caso ache pertinente ou necessário, deve
buscar apoio em seus superiores e mesmo apoio psicológico.
Como oitava e última questão foi afirmado que é bastante comum ouvir
casos e ler matérias que apresentam situações de conflito, violência e disputa
nas relações entre professor e aluno. Mas é ação precípua do docente
promover a formação do aluno com vistas a torná-lo um cidadão competente,
crítico e consciente de seu papel na sociedade. Assim, questionou-se aos
docentes, o que tem gerado estes casos acima citados.
Na escola A: a grande maioria dos professores alega que a família tem o
dever de educar, dar limites e acompanhar o comportamento dos filhos. E cabe ao
professor dialogar, respeitar e ser respeitado, valorizar e ser valorizado pelos alunos
e vice e versa.
Na escola B: acreditam que o que gera os casos citados é a relação
unidirecional. Tanto a escola, como o aluno e a família precisam estar em sintonia e
23
agir de comum acordo para que o aluno torne-se um cidadão competente e atuante
na sociedade em que vive.
Podemos observar que, para haver uma relação baseada no respeito e para
que casos como o questionado não ocorram, tanto a família quanto a escola devem
ser parceiras na busca ela boa convivência. A família deve fazer sua parte bem
como, a escola deve orientar quanto a disciplina escolar. Assim como, aponta Araújo
(1999:42) Esse professor ou professora consegue estabelecer relações baseadas no
diálogo, na confiança e nutrir uma efetividade que permite que os conflitos cotidianos
da escola sejam solucionados de maneira democrática.
Dentre as respostas coletadas na escola A, destaca-se a fala da professora
X:
Professora X (sic) “Atualmente é muito comum conviver com a violência e
conflitos dentro de sala de aula. O professor deve incentivar os alunos a manterem o
respeito e considerar cada aluno como sujeito ativo no processo de construção de
seus conhecimentos. É importante também trabalhar valores que já estão
esquecidos como: respeito, diferenças, amor, fraternidade...”
Diante disto Libâneo (2006, p. 310). Afirma que: “o docente, necessita de
preparo profissional específico para ensinar conteúdos, dar acompanhamento
individual aos alunos e proceder à avaliação da aprendizagem, gerir a sala de aula,
ensinar valores, atitudes e normas de convivência social e coletiva.”
Sendo assim, compreende-se que o profissional professor muita das vezes
tenta ensinar valores que, algumas famílias esquecem ou não ensinam para os
filhos, por não serem coincidentes com os que têm. Assumindo assim uma inversão
de papéis, pois, ainda existem famílias que pensam que a escola deve ensinar o
amor, o respeito, a afetividade, a educação pessoal particular de cada aluno.
Quando na verdade os pais é quem devem ter esta preocupação. E não só tentar
agradar os filhos com presentes caros e educação barata. Ao custo da criança
crescer sabendo o valor dos objetos, mas não valorizando as pessoas.
Dentre as respostas coletadas na escola B, destaca-se a fala da professora
C:
Professora C (sic): “São muitos os fatores que influenciam esta relação,
professores que amam a educação, família parceira, crianças com limites e
24
comportamentos adequados, salário justo, material adequado para ministração das
aulas e o preparo do profissional”.
Ou seja, são muitos os fatores que influenciam a relação do professor com a
educação. Lógico que um profissional bem remunerado, provavelmente trabalhará
mais satisfeito, porém, um profissional não depende só do seu salário, mas sim de
um conjunto de fatores que conjuntamente produzirão as realizações. Se este se
sente bem com sua profissão e acredita em sua capacidade de realizar mudanças,
logo, desempenhará melhor suas funções.
Considerações Finais
Sobre o presente tema aqui abordado foi possível obter uma nova visão
sobre a importância da relação afetiva entre professor e aluno. A vivência em sala
de aula pode variar muito no que diz respeito a questões afetivas pois, a afetividade
está ligada diretamente a humanização. Trabalhar com os alunos afetivamente
significa respeitar e ser, respeitando-o tanto no seu espaço (professor) quanto no
seu espaço (aluno), levando em consideração suas características, hábitos,
problemas e desafios, que se pode afirmar não são pequenos, principalmente no
contexto de vida que a sociedade contemporânea atravessa.
Quando se tem uma sala de aula afetiva logo, se obtém resultados mais
qualitativos, ou seja, há um resultado maior por parte não só dos alunos, mas
também do professor. O que gera vínculos mais saudáveis e menos traumatizantes.
É necessário entender que quando falamos de afetividade entre professor e
aluno, não estamos querendo dizer que somente a escola deva exercer este papel,
mas também a família juntamente com a escola, deve ser aliada que contribuam
para exercício da afetividade, no que se refere ao respeito, diálogo e limites.
Compreende-se que cognição e afetividade devam caminhar juntas, pois é
notório que sempre aprendemos mais quando há emoção positiva relacionada a
esta aprendizagem, assim como, quando há uma emoção negativa costumamos
bloquear o que vem do contexto ou guardar memórias inadequadas sobre estas
vivências.
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A afetividade está ligada diretamente ao cognitivo, todo ser humano é
afetivo, pois tem sentimentos e de uma forma ou de outra expõe os mesmos. Um
professor em sala deve ter sensibilidade afetiva ao lidar com as diversas situações
enfrentadas por seus alunos no convívio familiar e social.
Se um aluno não está bem emocionalmente e psicologicamente logo,
precisará de maior atenção por parte não só do professor, mas dos colegas e de
todos que o cercam. O mesmo ocorre com o professor que, vivencia inúmeras
situações não só na escola, mas também em casa e em sua vida fora da escola.
Isso significa que se espera do docente que esteja equilibrado emocionalmente para
não permitir que as adversidades vividas interfiram em seu humor, emoção e
afetividade. Ou seja, manter-se bem e não deve deixar transparecer seu estado
emocional em sala.
Um professor motivado, feliz e seguro terá um melhor relacionamento com
seus alunos, e tem mais chances de elevar a autoestima dos alunos, o que
certamente aumentará as chances de obter o sucesso escolar de seus muito mais
eficaz.
A pesquisa de campo nos proporcionou uma visão até então desconhecida,
pois, na prática é mais perceptível o que se passa no ciclo escolar e como se
desvelam as relações interpessoais.
Concluiu-se com a pesquisa que há uma boa compreensão da relevância da
afetividade por parte de docentes, mas não obstante a isso, desvela-se que nem
todos estão dispostos a envolver-se, pois pode-se refletir que vivam em seus
próprios mundos e envoltos com suas próprias dificuldades, não percebam como
são atores indispensáveis para o desenvolvimento das crianças.
A escola de hoje já não pode mais sobreviver de autoritarismo, precisa
caminhar para uma relação dialógica, em que os envolvidos se concebam como
parte de um processo que não começa nos conteúdos a serem ministrados, mas no
aprender a conviver e a ser. “Ser” melhores pessoas, o que implica envolvimento e
doação. Um docente que quer que seus alunos sejam melhores pessoas, precisa
ser espelho de uma pessoa melhor, seus exemplos ensinarão mais que sua fala.
A criança é um ser astuto e observador, se convive com pessoas bem
resolvidas, afetivas, que saibam o momento de dar atenção e de impor limites,
26
certamente tenderá a ser um bom produto desta formação e, portanto mais
equilibrada e afetiva também.
Não são apenas questões, exercícios e provas que nutrem um aluno e muito
menos um professor, mas, as relações, as amizades e a harmonia que se
estabelecem no cotidiano escolar. Antes de pensarmos em lidar com burocracias,
deveres e direitos, devemos saber lidar com o humano, o afetivo e o cognitivo.
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