O Nascimento de Durga

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O nascimento de Durga Quando Mahi Asura surgiu, conta-se que realizou uma grande disciplina espiritual que resultou em ganhos de força invencíveis. Armado de um poder terrível, ele empenhou em combater alguns dos seres celestiais em numa batalha para testar as suas proezas e saiu facilmente vitorioso. Para a Mahi Asura que agora ele tinha uma oportunidade para estabelecer bases de operações em todas as partes das esferas celestiais. Em seguida, ele liderou o restante dos demônios numa guerra conta as forças celestiais e derrotou um exército conduzido por Indra. Mahi Asura conquistou, um por um, o controle de trabalhos previamente realizados pelos seres celestiais, obtendo o governo da Lua e o controle dos oito ponto cardeais. Forçado a fugir, os seres celestiais acabaram se escondendo no plano terrestre, onde se disfarçaram de ascetas e eremitas e desapareceram nas multidões da humanidade. Secretamente, para que não pudesse ser descoberta pelas forças demoníacas, uma delegação de trinta seres celestiais levou o caso deles, em primeiro lugar, a Vishnu. Indra tomou a palavra: “Ó compassivo, reverenciado por todos, precisamos de sua ajuda”. Indra tinha grande respeito por Vishnu, que cumprira bem suas promessas, em mais de uma ocasião, ajudando Indra em seu trabalho como chefe dos seres celestiais. Outro se celestial. Varuna, prosseguiu: “Esse Mahi Asura adquiriu grande poder de algum lugar. Ele não é mais um sujeito desagradável com maneiras perversas e apetites insaciáveis. Evidentemente, ele tem alguma coisa mais”. Vishnu indagou: “Alguém aqui tem mais informações ?” De início, os seres celestiais ficaram em silêncio. Então, Lakshmi falou: “Muito tempo atrás, quando o universo era tão jovem que a expansão ainda não havia começado, eu encontrei um demônio que apresenta uma notável semelhança com esse Mahi Asura”. “Quando o encontrei pela primeira vez, ele era apenas um desordeiro comum, que me implorou que eu o deixasse viver. Eu

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O nascimento de DurgaQuando Mahi Asura surgiu, conta-se que realizou uma grande disciplina espiritual que resultou em ganhos de fora invencveis. Armado de um poder terrvel, ele empenhou em combater alguns dos seres celestiais em numa batalha para testar as suas proezas e saiu facilmente vitorioso. Para a Mahi Asura que agora ele tinha uma oportunidade para estabelecer bases de operaes em todas as partes das esferas celestiais. Em seguida, ele liderou o restante dos demnios numa guerra conta as foras celestiais e derrotou um exrcito conduzido por Indra.

Mahi Asura conquistou, um por um, o controle de trabalhos previamente realizados pelos seres celestiais, obtendo o governo da Lua e o controle dos oito ponto cardeais. Forado a fugir, os seres celestiais acabaram se escondendo no plano terrestre, onde se disfararam de ascetas e eremitas e desapareceram nas multides da humanidade. Secretamente, para que no pudesse ser descoberta pelas foras demonacas, uma delegao de trinta seres celestiais levou o caso deles, em primeiro lugar, a Vishnu.

Indra tomou a palavra: compassivo, reverenciado por todos, precisamos de sua ajuda. Indra tinha grande respeito por Vishnu, que cumprira bem suas promessas, em mais de uma ocasio, ajudando Indra em seu trabalho como chefe dos seres celestiais.

Outro se celestial. Varuna, prosseguiu: Esse Mahi Asura adquiriu grande poder de algum lugar. Ele no mais um sujeito desagradvel com maneiras perversas e apetites insaciveis. Evidentemente, ele tem alguma coisa mais.

Vishnu indagou: Algum aqui tem mais informaes ?

De incio, os seres celestiais ficaram em silncio. Ento, Lakshmi falou: Muito tempo atrs, quando o universo era to jovem que a expanso ainda no havia comeado, eu encontrei um demnio que apresenta uma notvel semelhana com esse Mahi Asura.

Quando o encontrei pela primeira vez, ele era apenas um desordeiro comum, que me implorou que eu o deixasse viver. Eu no pude recusar. De uma certa forma, eu temo ser de algum modo responsvel pelo atual estado das coisas.

De maneira alguma, Vs, a mais rgia disse Indra e continuou: Sua natureza compassiva em grau supremo no permitiria que voc agisse de outra forma. Alm disso, como voc poderia saber que, de algum modo, ele ganharia um tal poder ?

Lakshmi responde: Sua f em mim nobre e comovente. Eu posso dizer isto com a autoridade de que Narayana me investiu. Esta crise ser superada e voc prevalecer. Cabe a voc determinar como ela ser consumada.Uma vez que o Senhor Shiva sempre imparcial em tais assuntos, eu sugiro que ns o procuremos, disse Vishnu. Enquanto conscincia quintessencial de tudo, ele certamente ser capaz de nos aconselhar corretamente.

Todos os seres celestiais prontamente concordaram e, sem nenhuma demora, montaram nos seus respectivos veculos e se dirigiram para o Monte Kailas, no Himalaia, onde Shiva e Parvati moravam. Chegando l em apenas alguns minutos, eles ficaram admirados ao ver Parvati arranjando a mesa com uma ampla variedade de chs e doces.

Me digam, como posso ajuda-los?, disse Shiva.

Vishnu falou por todos. Nada sabemos que Mahi Asura acumulou um estoque significativo de poder espiritual. Mas no estamos certos de onde ele conseguiu isso ou como. Desse modo, estamos indecisos, sem saber qual o melhor meio de priv-lo desse poder ou de neutraliz-lo. Ns pedidos o seu conselho.Voltando-se para o seu interior por um segundo, Shiva falou: Foi um favor, recebido de uma fonte muito poderosa em conseqncia de uma monumental disciplina espiritual que ele completou. Seu poder foi uma recompensa (...) e prosseguiu: Brahma que vocs devem procurar. Shiva ergueu o queixo e com profunda ressonncia entoou: Om Sat Chid Ekam Brahma e, imediatamente, Brahma se fez presente.

Depois de exposta a questo, Brahma disse: Mahi Asura completou uma das disciplinas espirituais mais rduas que eu j vi. Todos vocs sabem que qualquer um que pratique tais disciplinas e austeridades ganhar grande poder por intermdio do meu favor. parte do prprio tecido das leis que governam o cosmo. Eu avaliei vrios esforos e distribui recompensa imparcialmente. Portanto, no me culpem pelo atual estado das coisas. Eu no vejo nenhum de vocs praticando grandes disciplinas espirituais. Poderia ter sido igualmente um de vocs. Mas no foi.

No obstante, prosseguiu Brahma, compassivamente, eu darei a vocs alguma assistncia. O favor que dei a Mahi Asura foi o de que ningum a no ser uma mulher poderia derrota-loi. Mahi Asura achou isso ilrio, mas, de qualquer modo, ficou satisfeito.

Vishnu, sempre em comunho com Lakshmi, percebeu que a natureza feminina das coisas que fornece todo poder, em qualquer lugar do cosmo. Talvez isso pudesse proporcionar uma chave. ela que tece o tecido desta criao em todos os nveis. Por isso, para Ela que ns devemos dirigir a nossa splica.

Ns precisamos realizar a mais poderosa cerimnia do fogo j vista neste Universo, exclamou Indra. E, foi assim que 30 dos seres celestiais mais poderosos e influentes criaram uma imensa cerimnia do fogo para recuperarem seus lugares legtimos no cosmos. Eles recorreram a todos os princpios relacionados com a energia e com o som, assim como com o conhecimento profundo da natureza dos rituais sagrados para todos os poderes.Eles empenharam o Vishatkare o princpio das observncias dos sacrifcios.

Eles empregaram o Swara o princpio governante do som, tanto o denso como o sutil.

Eles invocaram o Swadha o princpio governante do poder dos mantras.

Eles praticaram o Swaha o poder de invocao e de splica para os mantras.

Conta-se que durante muitos dias e noites o fogo se enfureceu, com cada um dos seres celestiais adicionando alguma coisa de sua prpria essncia ao fogo. Da boca de cada um dos 30 seres celestiais emergiu uma grande rajada de energia, e todas se misturavam e combinavam, at que, dessa combinao, uma forma feminina emergiu das chamas que saltavam. Imediatamente, a forma se tornou consciente e descobriu seu prprio poder.

O poder de Shiva estava em seu rosto, o poder de Vishnu se dirigiu para os seus muitos braos, o poder de Brahma irrompeu em seus ps, e todos os outros seres celestiais foram representados como poder nas outras partes Dela. Ela era, a um s tempo, maravilhosa, linda e terrvel de se contemplar. No Markandeya Purana se diz que o total investido de poderes nela precisa de centenas de paginas apenas para ser descrito nos termos mais simples.

Agora que seu magnifico poder fora despertado e tomara forma, os sbios, rishis e munis ofereceram preces de splica, pedindo a ela por proteo contra os demnios que haviam dominado o reino etrico.

Sorrindo beatificamente e brandindo armas de destruio em suas numerosas mos, ela apresentava uma imagem de contrastes poderosos. Quando sorria, uma radiancia luminosa e cativante emanava dela, embora suas feies tambm encerrassem o brilho inconfundvel de um apetite voraz pela batalha.

No obstante, os seres celestiais continuavam com seus mantras trovejantes, e as poderosas ervas de Parvati eram jogadas no fogo enfurecido. Ento, um tigre apareceu sob a figura, balanando sua cabea macia para trs e para frente. O tigre a sustentava facilmente em suas costas, sem demonstras sequer a mnima obstruo em sua capacidade de desfechar em sua presena um golpe violento com a pata ou para arrancar um grande pedao do inimigo com os dentes.

INDRA, chefe das milcias celestes, em atitude mstica suplica a DURGA: "- FAA-NOS VITORIOSOS, DEVI, DIVINO FEMININO, FONTE DE TODO PODER, DURGA, QUE, EM SUA CAPACIDADE PARA ILUDIR, SER DIFICIL DE SER VISTA QUANDO ESTIVER PRONTA PARA A BATALHA ! ...

Olhando ao seu redor para os seres celestiais reunidos, ela falou pela primeira vez: Embora eu tenha sido criada pelos poderes de vocs, por combinao dos seus esforos conjuntos, saibam que eu sou completamente independente. Eu no pertencerei a ningum. Eu no sou esposa de nenhum de vocs. Pensar que eu sou um instrumento dos seus comandos seria o mais grave dos erros.

Indra prosseguiu: DURGA, CHAMUNDI, A MAIS PODEROSA DE TODAS, NS HONRAMOS A SUA PRESEN ENTRE NS E NOS OFERECEMOS COMO SEUS DEVOTOS. SABENDO QUE VOC VAI AONDE QUISER E QUE AGE CONFORME A SUA VONTADE, SEJA MISERICORDIOSA CONOSCO. EM NOSSA DIFCIL SITUAO, DESDE QUE VOC EMERGIU DE CADA UM DE NS DE ALGUMA MANEIRA, VOC CONHECE A TERRVEL SITUAO EXISTENTE. POR FAVOR, AJUDE-NOS A DERROTAR OS DEMNIOS QUE INJUSTAMENTE CONQUISTARAM O PODER NOS REINOS ETRICOS !"

Concordando com um curto e rpido movimento de cabea dirigido aos seres presentes, ela a quem eles chamaram de Durga ou Chamundi, decolou rumo ao cu a procura dos demnios. Nenhuma explicao adicional foi necessria. O que os seres celestiais sabiam, ela tambm sabia. noite, quando os demnios estavam se deitando para dormir, eles viram uma luz intensa no cu. Suspeitando de alguma forma de contra-ataque dos seres celestiais, os demnios rapidamente se reuniram para a batalha. Assim que Durga, montada em seu tigre, se aproximou mais, os demnios reconheceram os vrios poderes dos seres celestiais que a compunham. Eles haviam triunfado sobre esses poderes antes, e presumiram que sairiam vitoriosos novamente.

Quando Indra pergunta a Durga a respeito dos detalhes, Ela lhe responde: "- EU POUPAREI A VOCS OS DETALHES DA GUERRA, UMA VEZ QUE SO SEMPRE OS MESMOS EM QUALQUER POCA. MASSACRE MASSACRE !"

A vitria de Durga foi consumada com uma desenvoltura raramente vista nos conflitos mortais. Ela retornou ento aos celestiais que a louvaram vigorosamente, por meio de um hino.

A diversidade de atributos com que esse hino se refere a Durga-Chamundi transmite o que os seres celestiais entendiam a respeito da extenso do poder dessa Deusa. No apenas para a batalha, mas para toda fora que anima a conscincia, ela louvada como o Grande Feminino.

DEVI MAHATMYAM

"Saudaes ao Grande Feminino, que a morada de todas as benos. Saudaes a Ela que a energia primordial do cosmo e o princpio que o sustenta. Ns oferecemos adorao com a mais profunda devoo.

Adoraes a Ela que terrvel e eterna. Ela a resplandecente que sustenta o cosmo com uma forma suavizante da Luz com o seu frescor, graa e encanto. Muitas saudaes fonte da felicidade.

Adoraes para Ela que a fonte de todas as bnos. Ela a prosperidade, sucesso e todas as formas de riqueza. Ela tambm o infortnio dos arrogantes bem como a Deusa da Fortuna para os seus devotos. A prpria consorte da conscincia, ns a saudamos muitas e muitas vezes.

Eu fao minhas reverncias mais profundas e ofereo minha homenagem interior ao Grande Feminino que conduz o seu rebanho atravs do oceano das tribulaes. Ela a originadora de tudo e a essncia de tudo. A ela, que com freqncia aparece num profundo azul espiritual, eu ofereo canes de louvor.

Saudaes a Ela que pode ser terrvel quando for necessrio, mas que gentil por natureza e sustenta o Universo. Ela a fonte de toda criatividade. A ela ns nos curvamos vezes e mais vezes.

Saudaes ao Grande Feminino, poder do prprio Vishnu, que habita em todos os seres. Saudaes e mais saudaes. Eis aqui alguma de suas qualidades inefveis.

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de conscincia infinita (cheteneya).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de inteligncia (buddhi).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de sono (nidra).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de fome (kshudhi).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de reflexo (chaya).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de poder (shakti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de sede (thrishna).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de perdo (kshanti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de gnio (jati).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de modstia (laja).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de paz (shanti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de f (shraddha).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de beleza (kanti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma atividade (vritti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma memria (smritti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de compaixo (daya).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de contentamento (tusti).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de Me (Matri).

Eu me curvo ao Grande Feminino que habita em todos os seres sob a forma de iluso (bhranti).

Eu me curvo repetida vezes s regras de todos os elementos e sentidos. Saudaes ao Grande Feminino.

O Grande Feminino reside em todos os seres sob a forma de conscincia e permeia todas as partes do Universo. Adoraes a Ela vezes e mais vezes."

DURGA, agradecida com a devoo de INDRA e dos demais seres celestes,"pairou sobre os carves ardentes do que havia sido uma grande fogueira"e, finalmente ela disse:"- NO FUTURO, SEMPRE QUE O MAL SE TORNAR PODEROSO A PONTO DE DOMINAR VOCS, ENTOEM OS MEUS MANTRAS E HINOS E EU VIREI PARA VENCER AQUELES QUE SE OPE A VOCS".

(SHAKTI. OS MANTRAS DA ENERGIA FEMININA. Thomas Ashley-Ferrand. PENSAMENTO pgs., 88/98)