O MITODADEMOCRACIARACIALE A MESTIÇAGEMEM SÃO … · Assim,o maiormérito de Gilberto...
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O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL E A MESTIÇAGEM EMSÃO PAULO NO PÓS-ABOLIÇÃO (1889-1930)1
PetrôniojoséDomingues*
"[•••] crigiu-se no Brasil o conceito de democracia racial; segundoesta, pretos ebrancos convivem harmoniosamente, desfrutando iguaisoportunidades de existência [...]. A existência dessa pretendidaigualdade racial constitui o 'maior motivo de orgulho nacional'[...]". No entanto, "devemos compreender democracia racial comosignificando a metáfora perfeita para designar o racismo estilobrasileiro: não tão óbvio comoo racismo dos Estados Unidos e nemlegalizado qual o apartheid da África do Sul, mas eficazmenteinstitucionalizado nos níveis oficiais de governo assim como difusono tecido social, psicológico, econômico, político ecultural da sociedadedo país".Nascimento, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro:processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1978, pp.41 e 92.
Resumo: Neste artigo, mostramos que, no planodas idéias, o mito dademocracia racial foiconstruídoprogressivamente no transcursodo BrasilColônia e Império. No alvorecer da República, era senso-comumconsiderar a sociedade brasileira desprovida de qualquer tipo de barreiraracial. Assim,o maior mérito de Gilberto Freyre,ao lançarCasa Grande &Senzala, em 1933, não foi "descobrir" uma suposta igualdade deoportunidades entrenegros e brancos, mastê-latransformado naideologiaracialoficialdo país.Além disso, fazemos um balançoda mestiçagem nosistema racial brasileiro, tendo como palco de nossas preocupações SãoPaulo, no recorte histórico da Primeira República (1889-1930).
Palavras-chave: negro, relações raciais,democracia racial,mestiçagem.
Abstract: In this article, we show that, on the plan of ideas, the racialdemocracy mythwasprogressively builtin the transcourse of the Colony
♦Doutorando cm História Social/USP. Professor de História da Universidade Estadualdo Oeste do Paraná (UNIOESTE). c-mail: [email protected] artigo c a reprodução quase que na íntegra de um dos capítulos da minhapesquisa de mestrado intitulada Uma história não contada. Negro, racismo c trabalhono pós-abolição cm São Paulo (1889-1930), São Paulo, FFLCH/USP, 2001, quecontou com o financiamento do CNPq.
Tempos Históricos - M. C. Rondon - v. 05/06 - p.275-292 - 2003/2004