O Estilo em Caneta Feliz

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O estilo em Caneta Feliz de João Pedro Mésseder

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Neste powerpoint explorou-se, numa turma de 8º ano, o estilo de João Pedro Mésseder no seu livro CANETA FELIZ

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O estilo em

Caneta Felizde João Pedro Mésseder

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NOTA PRÉVIA

Os alunos do 8º ano exploraram o estilo do texto de João Pedro Mésseder. Foram desafiados a procurar alguns recursos estilísticos do

texto e a explicar a expressividade de cada um dos recursos. A expressividade dos recursos estilísticos foi explorada em conjunto pela

turma e a professora foi registando as interpretações dos alunos.Eis o resultado deste nosso trabalho:

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METÁFORA (cf. p. 50 da gramática)

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As outras [histórias] não param de desfilar no meu «ecrã» privativo.» (p. 12)

as histórias são comparadas a filmes, desfilam no écrã privativo; este écrã é outra forma de referir a imaginação (os tais olhos interiores). As metáforas vão suceder-se neste texto permitindo-nos visualizar melhor tudo o que se diz.

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«As palavras são um arco-íris em movimento,» (p. 12)

O narrador acabou de dizer que gosta de escrever. Ele compara as palavras a um arco-íris em movimento porque elas lhe permitem inventar uma história, dar largas à sua imaginação. O arco-íris em movimento pode ser uma maneira de exprimir que a imaginação nunca acaba.

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«a imagem do jardim fez vibrar uma corda no coração da rapariga.» (p. 24)

O coração da jovem é comparado a um instrumento de corda. Como se o jardim tivesse tocado música no coração da jovem e provocado alegria. A jovem gosta muito de plantas. A comparação que precede esta metáfora comove a rapariga porque ela gosta das plantas. A maneira de mostrar que a jovem não ficou indiferente à imagem do jardim foi criar esta metáfora: o coração ficou a vibrar, daí a imagem da corda. A imagem da corda por sua vez pode levar-nos a pensar num instrumento de música. As plantas são música para a jovem, ie (isto é), algo que ela aprecia muito.

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«E uma nuvem toldou os olhos dela.» «Mas o pintor partiu. Com uma nuvem, também, no coração.» (p. 27)

A jovem ficou triste ao saber que o jovem ia partir. O jovem também ficou triste. A tristeza deles é comparada a uma nuvem que tapa o sol; quando o sol é tapado por uma nuvem o ambiente escurece; quando ficamos tristes, podemos começar a chorar e as lágrimas impedem-nos de ver com nitidez. Esta metáfora surge com a imagem da natureza que serve para descrever o estado de espírito dos jovens, como eles se sentem.

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«os seus dias eram descoloridos, sempre iguais.» (p. 30)

Comparam-se os dias da rapariga a um desenho/quadro sem cor. Em vez de se dizer que os dias eram tristes, diz-se que não tinham cor.

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PERGUNTA RETÓRICA (cf. p. 259 da gramática)

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«A propósito, de que cor serão os meus olhos… interiores?» (p. 12)

Os olhos interiores são uma metáfora para a nossa imaginação e surgem numa pergunta retórica porque, obviamente, são olhos que não existem, logo não podem ter cor. A pergunta não tem resposta porque não há resposta. Mas permite, isso sim, pôr em destaque a ideia metafórica que compara a imaginação a dois olhos que veem para dentro da nossa cabeça. O narrador usa uma pergunta retórica dando assim vivacidade ao seu discurso e chamando a nossa atenção para a expressão metafórica ‘olhos interiores’ (a imaginação).

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«Que outra paisagem veriam eles com os seus olhos interiores?» (p. 33)

A pergunta retórica não espera resposta, ou porque a resposta é óbvia, ou porque quem faz a pergunta fala consigo mesmo e não espera que lhe respondam... Este recurso é uma forma de pôr em destaque a ideia transmitida.O narrador formula esta pergunta retórica e assim chama a atenção do leitor para a sua ideia metafórica que é: a nossa imaginação pode ser comparada a dois olhos interiores. O pintor e a rapariga namoram em Paris, andam muito contentes nessa cidade e o narrador, através da pergunta retórica, interroga o leitor acerca dos sentimentos do casal mesmo se o leitor já percebeu perfeitamente o que se passa. Este recurso estilístico é uma forma de destacar a paixão entre os jovens.

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COMPARAÇÃO (cf. p. 50 da gramática)

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«E um pintor sem a luz da manhã é como um jardim sem flores.» (p. 23)

Estamos perante uma comparação introduzida pela conjunção ‘como’. Compara-se a importância da luz para o pintor com um jardim. A luz é tão importante para o artista como as flores são para um jardim (um jardim sem flores é triste, não tem vida e perde o interesse; o pintor sem luz não pode trabalhar bem).

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«-Sinto-me como num quadro de Chagall! » (p. 33)

Muitos dos quadros de Chagall têm cores vivas; esse pintor ficou conhecido como tendo o traço livre. Assim, esta alusão ao pintor de origem bielorrussa, e naturalizado francês, permite referir aqui a liberdade e a felicidade da jovem junto do seu apaixonado (as cores opõem-se à vida cinzenta da rapariga, desde que o pintor partira para Paris).

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PERSONIFICAÇÃO (cf. p. 251 da gramática)

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«as minhas palavras começaram a viajar.»«Mas esta história é diferente das que viajam» (p.14)

Temos neste exemplo a personificação das palavras escritas pelo narrador nas cartas enviadas aos correspondentes que vivem em França (as cartas é que viajam, o envio destas é que se pode considerar uma viagem). As palavras ganham vida com a personificação. É normal que isso aconteça para os que gostam de escrever como o narrador.

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«As palavras (…) desfiam histórias que batem à minha porta, umas atrás das outras» (p. 12)

As palavras são como pessoas, desfiam, contam histórias. A vida que as palavras ganham através desta personificação torna-as especiais e isso confere-lhes importância – as palavras são muito importantes para quem escreve. A personificação confere-lhes essa importância.

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«ela não se cansou de beber com os olhos.» (p. 30)

Estamos perante a personificação dos olhos que não bebem em sentido literal e sim figurado: a figura de estilo permite acentuar o ar maravilhado da jovem com o espectáculo que contemplava.

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ENUMERAÇÃO (cf. p. 247 da gramática)

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«a escola nem é má, quer dizer, não magoa. Mas às vezes mói. A começar pelo peso dos livros, dos cadernos, do lanche, dos marcadores, das esferográficas, dos lápis-de-cor…» (p.8)

Esta enumeração de tudo o que o narrador tem de levar para a escola permite salientar a quantidade, o peso, o sofrimento do que o aluno-narrador transporta.

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VERBO EXPRESSIVO(quando os verbos se utilizam de uma forma pouco habitual na língua,

conseguem atrair a nossa atenção)

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«a escola nem é má, quer dizer, não magoa. Mas às vezes mói. »(p. 8)

Magoar refere uma dor física. Moer refere uma dor psicológica. Os verbos surgem quase lado a lado, começam ambos pela letra /m/ (aliteração) e não costumam ser usados para descrever a escola, o uso deles neste contexto chama a atenção do leitor. Os verbos tornam-se expressivos. E ao tornarem-se expressivos a descrição da escola fica mais facilmente na mente do leitor.

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«O rosto da rapariga iluminou-se.» (p. 30)

Iluminar é um verbo que se costuma usar noutro contexto; quando se liga uma luz, há um espaço que fica iluminado. A jovem recebe luz (o postal que o pintor lhe envia é a luz), como se fosse um espaço que até ali estivera no escuro. Na realidade, a ideia que se pretende transmitir é que a rapariga ficou alegre. Em vez disso diz-se que o rosto dela se iluminou, ganhou luz, houve uma mudança no estado de espírito da jovem que se reflete na sua cara (os olhos são o espelho da alma). O verbo iluminar ajudou neste exemplo a criar a imagem da jovem que se ilumina.

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ADJETIVO EXPRESSIVODUPLA ADJETIVAÇÃO

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«E a rapariga ficou mais só, naquela repartição cinzenta, no centro da cidade.» (p. 27)

Nesta frase utiliza-se expressivamente o adjetivo ‘cinzenta’: em vez de dizer que a rapariga ficou triste com a partida do pintor, o narrador utiliza o adjetivo ‘cinzenta’ que exprime uma cor escura, portanto triste, para descrever o estado de espírito da rapariga.

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«daquele colega diferente e pensativo» (p. 12)

O adjetivo diferente pode referir tanto uma caraterística física como psicológica; o adjetivo pensativo refere uma caraterística psicológica do rapaz. Os dois adjetivos descrevem o colega chamando a atenção para estas duas caraterísticas.

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DIMINUTIVOS (cf. pp. 260-261 da gramática)

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Igualzinha (p.11)

O diminutivo exprime a semelhança entre a caneta do filho e a do pai, utiliza-se neste caso como uma forma de insistir nessa semelhança.

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caderninho (p. 11)

O diminutivo exprime, neste caso, a pequenez do caderno (também pode exprimir ternura em relação ao pai).

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- Um atrasadinho – diz ela. - Uma atrasadinha – diz ele. (p. 20)

Os diminutivos exprimem uma cumplicidade entre os dois jovens, não interessa o atraso, interessa mais meterem-se e falarem um com o outro.

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«mas também sei que ela tem uma pontinha de razão.» (p. 36)

O diminutivo pode exprimir a pequenez (no sentido de a mãe ter um pouco de razão, ela não tem completamente razão). Contudo, também se pode dizer que o diminutivo, nesta expressão, faz parte do grupo dos diminutivos que integraram a língua portuguesa e que perderam o valor de diminutivo - quando se tem alguma razão usamos a expressão ‘ter uma pontinha de razão’ onde ‘pontinha’ surge como sinónimo de ‘alguma’.

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ruinhas (p. 33)

O diminutivo exprime a pequenez das ruas por onde os jovens passavam. Também podemos ver alguma ternura neste diminutivo: os jovens estão apaixonados e essa paixão transmite-se para o ambiente que os rodeia.

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REPETIÇÃO(cf. p. 262 da gramática)

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«E sonha, sonha com o dia em que possa ter um campo só dela. Há-de cultivar muitas e muitas plantas, » (p. 19)

A repetição do verbo permite insistir no sonho da rapariga (sonha/sonha).A repetição do determinante indefinido permite insistir na quantidade de plantas que a jovem quer um dia cultivar, acentua o desejo dela.

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Referências bibliográficas:• Mésseder, João Pedro (2009): Caneta Feliz, Trampolim.

• Pinto, José Manuel de Castro e Maria do Céu Vieira Lopes (2008): Gramática do Português Moderno (remodelada), Plátano Editora.

Trabalho realizado com aturma de 8º ano

da Secção Portuguesa do LI(2009-2010)