NÚMERO 3 JANEIRO MARÇO 2015 BOLETIM INFORMATIVO … · Já a nível organizacional é ......
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Dizem os Manuais que a
prevenção da Síndrome de
Burnout, a nível individual,
passa, entre outras, por perío-
dos de férias frequentes, por
ter apoio social e dos colegas,
por ser otimista e flexível, por
realizar pausas no trabalho e
por viver sem excessivas preo-
cupações . Nada que não te-
nhamos no nosso dia a dia
(veja-se o exemplo paradigmá-
tico das férias a partir de 2015
e nos aumentos salariais para
a função pública).
Já a nível organizacional é
desejável proporcionar refor-
ços positivos, promover locais
de trabalho agradáveis, reco-
nhecer o trabalho realizado e
envolver os profissionais nas
tomadas de decisão bem como
encorajá-los a exprimir as
suas dificuldades.
A quem aproveita tudo isto?
Pois bem. Sabemos todos
quem nos “trata” da saúde.
Resta a pergunta. A quem
cabe cuidar da saúde dos tra-
balhadores da saúde?
EDITORIAL DO COORDENADOR
Nos últimos dias, os mass
media têm dado conta (alguns
da forma mais interesseira e
perversa) da crescente onda de
violência contra os Profissio-
nais de Saúde.
Segundo um documento da
DGS (Observatório Nacional
da Violência Contra os Profis-
sionais de Saúde no Local de
Trabalho) foi registado um
número record de situações de
violência (531) a qual repre-
sentou um acréscimo de 160%
relativamente ao ano anterior
e, segundo dados deste ano, a
situação tende a piorar.
Independentemente das cau-
sas a montante
(organizacionais, socio-
económicas, profissionais ou
pessoais, quer dos técnicos de
saúde quer dos utentes) a rea-
lidade existe e as repercussões
sobre cada um de nós afetam o
nosso bem estar e até as nos-
sas convicções (por exemplo,
vale a pena dar o nosso máxi-
mo quando o outro lado revela
incompreensão e ingratidão?)
Pois, existe sempre Fernando
Pessoa para nos dar a mão
com o “Vale sempre a pena...”
Estas notícias fizeram-me
lembrar de uma estudo condu-
zido na Finlândia, financiado
pelo Ministério de Assuntos
Sociais e Saúde, onde era
questionado como poderia ser
evitado o stress causado no
local de trabalho e os modos de
o controlar entre os profissio-
nais de saúde.
A realidade é esta: o Bur-
nout, descrito pela primeira
vez em 1974, existe e atinge
mais frequentemente aqueles
que, pela sua profissão, man-
têm uma relação direta ou
prolongada com pessoas. E
que, depois de um período
instável, acabam por sofrer
um grande desgaste profis-
sional.
Quais são as consequências
do Burnout? Esgotamento
emocional com o sentimento
de não conseguir dar mais de
si aos outros; Despersonali-
zação ou Desumanização com
afetação das relações inter-
pessoais e distanciação para
com os outros chegando ao
cinismo e ao humor negro e
Baixa Produtividade tradu-
zindo-se por respostas desa-
dequadas ao que é pedido
(frustração, fuga ao trabalho,
baixa rentabilidade).
Segundo o tal estudo, o qual
incluía perto de 8.000 partici-
pantes, as repercussões pode-
riam ser minimizadas com
terapia cognitivo-
comportamental e relaxa-
mento mental e físico e que a
modificação dos dias e horá-
rios de trabalho poderiam
coadjuvar a reduzir o stress.
E que, qualquer uma delas,
isolada ou associadamente,
contribuíria de forma ade-
quada e consistente para o
alívio do stress ocupacional,
de uma forma superior até à
de frequentar um curso de
análise teórica dos proble-
mas.
Estamos em perigo?
JANEIRO — MARÇO 2015 NÚMERO 3
BOLETIM INFORMATIVO Nº3
USF GLOBAL
Pontos de interesse especiais:
Estamos em Perigo?
Gravidez e vinculação
Sessão educativa: educação sexual
Doença de Crohn
Nesta edição:
Eventos científicos 10
Palavras de Mestre 11
Licínio Fialho
Página 2
A promoção da saúde é mais do que uma
actividade é uma estratégia, bem definida,
que através de programas educacionais visa a
“melhoria dos estilos de vida individuais, influenci-
ando escolhas pessoais realizadas num contexto
social” (Frank-Stromborg, M et al: 1998). As ses-
sões de educação em saúde realizadas pelos en-
fermeiros visam influenciar de forma positiva o
comportamento dos indivíduos para evitar a doen-
ça.
Sendo que a gravidez é uma fase de mudança
em todo o sistema familiar, onde esta nova vida
se vai integrar esta deve ser encarada de forma
positiva de maneira a desenvolver-se com harmo-
nia, trazendo a todos a felicidade nela subjacente.
A presença do pai é de fundamental importância,
tanto na gestação como no nascimento do bebé,
auxiliando e tranquilizando a mãe (Artigo Pai Pre-
sente: Importância da Presença do Pai na Gesta-
ção e no Nascimento do seu Filho, 2012). Assim,
quando a participação do homem é efectiva na
gravidez e após o parto, criam-se situações de
bem-estar para todos os envolvidos no processo,
de modo a se estabelecerem relações mais iguali-
tárias (Artigo Sentir-se Pai: a vivência masculina
sob o olhar de género, 2007). Sendo assim, o pai
deve conhecer as modificações a que a sua com-
panheira esta sujeita, deve participar na escolha
do ginecologista e acompanhá-la nas consultas,
compartilhar a preparação necessária em casa,
tais como roupa do bebé e quarto.
Pode participar também nos exercícios de prepa-
ração para o parto, ajudá-la com massagens e
sentir com as suas mãos os movimentos do feto
(Artigo Sentir-se Pai: a vivência masculina sob o
olhar de género, 2007).
Enf. Luís Amaro
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
A mother's joy begins when new life is stirring inside… When a tiny heartbeat is heard for the very
first time, and a playful kick reminds her that she is never alone.
Unknown
GRAVIDEZ E VINCULAÇÃO
Página 3
ENQUADRAMENTO
No âmbito do projeto de melhoria contínua da Uni-
dade Saúde Familiar Global da Nazaré foi realizada
uma sessão de educação para a saúde, no dia 16
de janeiro de 2015, relativa à sexualidade na ado-
lescência.
Teve como amostra 10 crianças com idades com-
preendidas entre os 8 e 10 anos de idade da Escola
Básica dos Raposos, pertencente ao Centro Escolar
da Nazaré.
A educação para a saúde e em particular a educa-
ção sexual têm merecido, ultimamente, particular
atenção por parte da sociedade portuguesa, uma
vez que a informação sobre a sexualidade é essen-
cial na educação para a saúde. Neste sentido, a le-
gislação existente visa criar condições favoráveis
entre as escolas, famílias e comunidade, para a sua
concretização. A Lei n.º 60/2009, de 6 de Agosto,
regulamentada pela portaria n.º 196-A/2010, de 9
de Abril vem estabelecer um conjunto de princípios
e regras da concretização da educação sexual em
meio escolar, desde o 1.º CEB até ao ensino secun-
dário, tendo como finalidades, entre outras, a valo-
rização da sexualidade e afectividade entre as pes-
soas no desenvolvimento individual, respeitando o
pluralismo das concepções existentes na sociedade
portuguesa, bem como a promoção da igualdade
entre os sexos.
Esta sessão visava que os alunos conseguissem
identificar as principais áreas de alterações que
ocorrem na adolescência; distinguir as principais
alterações físicas que ocorrem na adolescência nos
dois sexos; conhecer os princípios básicos da con-
cepção e identificar possíveis abordagens, realiza-
das por adultos, que possam comprometer a inte-
gridade física e psicológica.
De forma a avaliar a aquisição e consolidação de
conhecimentos foi aplicado um questionário inicial
às crianças e o mesmo questionário após a sessão
de educação.
O questionário era constituído por seis questões,
cinco de resposta fechada e uma de resposta aber-
ta.
Pergunta 1-Achas que o corpo das raparigas é
igual ao dos rapazes?;
Pergunta 2- Qual é a diferença mais importante
que existe no corpo das raparigas e dos rapazes?;
Pergunta 3- O órgão genital das raparigas é:;
Pergunta 4- O órgão genital dos rapazes é:;
Pergunta 5- Como se fazem os bebés? ;
Pergunta 6- O teu corpo está a mudar, sabes como
se chama esta nova etapa da tua vida?.
Todos os alunos mostraram um interesse notório
pelo tema e participaram ativamente durante a ses-
são de educação. Interviram partilhando experiên-
cias e colocando questões às formadoras.
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
SESSÃO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
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“Eu Sou o meu corpo”
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APRESENTAÇÃO/ANÁLISE DOS RESULTADOS
Gráfico 1– Resultados do questionário inicial aplicado
Gráfico 2- Resultados do diagnóstico final aplicado
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BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
SESSÃO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE “Eu Sou o meu corpo”
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Pergunta1
Pergunta2
Pergunta3
Pergunta4
Pergunta5
Pergunta6
Nú
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lun
os
Perguntas do questionário
Diagnóstico Inicial
Resposta correta
Resposta errado
Não respondeu
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Nú
me
ro d
e a
lun
os
Perguntas do questionário
Diagnóstico Final
Resposta correta
Resposta errada
Não respondeu
Analisando os dados acima expostos verifica-se uma
melhoria significativa aquando a avaliação final. Na
pergunta 1 e 2 todos os alunos responderam acerta-
do em ambos os questionários, na pergunta 3, após
a sessão de educação, houve mais um aluno que
respondeu certo e na pergunta 4 não se verificaram
alterações, os mesmo alunos que responderam certo
no questionário inicial responderam no final.
Por outro lado a pergunta 5 foi onde se verificam os
melhores resultados, perante 3 respostas certas ini-
ciais e uma abstenção, no questionário final já 8 res-
ponderam acertadamente e apenas um absteve-se.
Por fim na última pergunta, enquanto que inicial-
mente apenas 5 responderam certo e 1 absteve-se,
no questionário final todos responderam, verificando
-se 8 respostas certas.
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CONCLUSÃO
Tendo em conta os resultados obtidos é possível verificar uma melhoria significativa dos conhecimentos
adquiridos por parte dos alunos, após a sessão de educação realizada. Os objetivos preconizados foram
totalmente atingidos. De todos os resultados ressalvam-se dois que se consideram ser os mais importan-
tes, uma vez que foram as temáticas que os alunos apresentaram, inicialmente, menores conhecimentos.
Isto é, a maioria das crianças abrangidas conseguiu explicar de forma simples como se realiza conceção,
mostrando assim, aquisição de conhecimentos após a sessão de educação, bem como a maioria dos alu-
nos conseguiu igualmente identificar a puberdade como o período de transformações fisiológicas e bioló-
gicas em que eles se encontram.
Uma vez que se considerou esta sessão de educação sobre a sexualidade uma mais valia para aprendi-
zagem das crianças abrangidas, pretende-se que a mesma seja realizada em outras escolas com crianças
que frequentem 3º e 4º anos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lei n.º 60/2009 de 6 de Agosto. Diário da República, 1.ª série, N.º 151.
Enf. Guida Cruz
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
SESSÃO DE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE “Eu Sou o meu corpo”
Afecto
Respeito
Companheirismo
Partilha
Amor
Amizade
Carinho
Confiança
...complete a sua lista
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A doença de Crohn foi descrita pela 1ª vez em
1913 pelo escocês Dazliel e largamente reconheci-
da quando Burrill Crohn e dois colegas descreve-
ram vários casos em 1932. É uma doença intestinal
inflamatória crónica, que atinge mais frequente-
mente o íleon e o cólon, podendo atingir todo o
aparelho digestivo. Verifica-se nos últimos anos um
aumento do número de casos em Portugal, sobre-
tudo em pessoas mais jovens.
Internacionalmente existem várias associações
com o objectivo de apoiar estes doentes. Em Por-
tugal, a APDI – Associação Portuguesa da Doença
Inflamatória do Intestino disponibiliza vários tipos
de ajuda e divulgação de informação, sendo o dia
19 de Maio o dia Mundial da Doença Inflamatória
Intestinal (DII).
Esta doença tem uma alta incidência na Europa e
América do Norte, sendo rara noutros locais com
excepção de Israel, Austrália e África do Sul. É
mais frequente nas comunidades Judaicas e tem
maior prevalência nas áreas urbanas e classes so-
cioeconómicas mais altas. A relação entre homens
e mulheres é de 1.1 a 1.8:1, com picos de incidên-
cia entre os 15 e 30 anos e os 60 e 80 anos. O ris-
co é duplicado nos fumadores, existindo uma pro-
babilidade superior a 10% se um parente em pri-
meiro grau atingido e 36% se ambos os progenito-
res são doentes. O uso de contraceptivos orais au-
menta também em 1.4 a probabilidade de desen-
volver a doença.
A doença apresenta 58% de concordância em
gémeos homozigóticos e 4% para heterozigóticos.
Parece existir uma associação com Síndrome de
Turner, hipogamaglobulinémia, deficiência selecti-
va de IgA e angioedema hereditário.
É uma doença cuja causa continua desconhecida,
parecendo existir interacção entre factores genéti-
cos e ambientais. Actualmente considerada uma
resposta inapropriada à flora microbiana endógena
intestinal com ou sem componente de auto-
imunidade. Estão estudados genes predisponentes
como o CARD15 no cromossoma 16 e polimorfis-
mos em DLG5 e no receptor IL-23. Estudos associ-
am o desenvolvimento desta patologia a uma via
inflamatória emergente da predisposição genética
em que as células T CDA+ activadas na lâmina
própria secretam citocinas inflamatórias.
Pode ter etiologia infecciosa ainda não definida,
associada a espécies de Salmonella, Shigella,
Campylobacter e Clostridiumdifficile. Organismos
anaeróbios como Bacteroides, Clostridia e algumas
espécies de Escherichia podem estar também asso-
ciados à indução da inflamação.
Agentes que alteram a flora intestinal como Me-
tronidazol, Ciprofloxacina e dietas alimentares po-
dem promover a doença e factores psicossociais
contribuem para o seu agravamento.
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
Doença de Crohn
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As manifestações clínicas são maioritariamente
Intestinais: Ileocolite em 90% dos casos
(Anorexia, Diarreia, Febre, Dor QID, Massa palpá-
vel, Leucocitose), Jejunoileíte em 30 a 40%
(Diarreia, Anemia megaloblástica, Coagulopatia,
Hipoalbuminémia, Hipocalcémia, Hipomagnesé-
mia), Colite em 15 a 25% (Mal-estar, Diarreia, Fe-
brícula, Dor abdominal tipo cólica, Obstrução intes-
tinal, Hematoquézia, Hemorragia macroscópica),
D.Perianal em 33% (Incontinência, Dilatações he-
morroidárias, Abcessos, Fístulas) e Gastrodueode-
nais (Náuseas, Vómitos, Dor epigástrica). A doença
de Crohn pode atingir também outros órgãos apre-
sentando manifestações associadas ao seu atingi-
mento: Dermatológicas (Eritema Nodoso , Psorí-
ase, Dermatose neutrofílica, Pioderma gangrenoso,
Piodermite e Piostomatite vegetante, Síndrome de
Sweet, DC metastática, Lesões mucosas orais),
Reumatológicas (Artrite periférica, Espondilite an-
quilosante
Osteoartropatia hipertrófica, Sacroileíte, Os-
teomielite pélvica/femoral, Policondrite recorren-
te), Oculares (Conjuntivite, Uveíte anterior,
Episclerite), Hepatobiliares (Hepatomegália, Estea-
tose hepática, Insuficiência hepática, Colelítiase),
Urológicas (Nefrolitíase, Obstrução ureteral, Fístu-
las), Ósseas/Metabólicas (< densidade óssea,
Fracturas, Osteonecrose), Tromboembólicas (Risco
de TVP e TEP, Vasculites) entre outras tais como:
Miocardite, Endocardite, Pleuropericardite, Doença
pulmonar obstrutiva, Pancreatite e Amiloidose se-
cundária.
Para o diagnóstico diferencial devem ponderar-se
doenças infecciosas, inflamatórias, neoplásicas,
bem como manifestações medicamentosas e subs-
tâncias químicas.
O principal diagnóstico diferencial faz-se com a
colite ulcerosa. Neste ponto deve ter-se em conta
que as manifestações da Doença de Crohn depen-
dem da área acometida, podendo levar a qualquer
sintoma associados ao facto de como anteriormen-
te referido poder atingir qualquer parte do TGI,
sendo que o atingimento extra-intestinal atinge
apenas 25 a 35% dos doentes. Pode apresentar
febre e um início precoce é pouco frequente (< 2
anos). Já no caso da Colite Ulcerosa as manifesta-
ções extra-intestinais podem preceder as referen-
tes ao TGI, sendo a Hepatite auto-imune e Colan-
gite esclerosante as mais comuns. Verificando-se
Eritema Nodoso em 2% dos atingidos.
O diagnóstico da doença é feito através de exa-
mes complementares de diagnóstico. O estudo
analítico que pode revelar leucocitose, PCR e VS
aumentadas, Hipoalbuminemia e/ou Anemia. Exa-
mes radiológicos, TC abdominal, RM abdominal e
enterografiaTC podem ser importantes sobretudo
para avaliar atingimento extra TGI.
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Doença de Crohn (cont.)
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Os Marcadores Serológicos característicos são os
Anticorpos citomplasmáticos antineutrofílicos pe-
rinucleares (pANCA) presentes em 5 a 10% dos
casos, os Anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae
(ASCA) em 60 a 70% dos casos, sendo que cerca
de 55% dos doentes são soropositivos para a pori-
na C (Omp C+) e 50 a 54% positivos em relação
ao anticorpo para I2 (I2+). A Flagelina de Cbirl
(anti-Cbril+) pode estar também presente. A colo-
noscopia é o exame de excelência, pois permite a
visualização directa de ulcerações aftosas e fístulas
entre áreas normais, fazer biópsias de lesões, in-
clusive do íleon e inspeccionar defeitos de enchi-
mento, bem como proceder a dilatação de estreita-
mentos com introdução de balão.
A endoscopia permite verificar a presença de do-
ença gastroduodenal e a endoscopia com cápsula
sem fio (WCE) a visualização directa de todo o in-
testino delgado, com a limitação de não poder ser
utilizada na hipótese de estenose.
As principais complicações da D. de Crohn são
má absorção, obstrução intestinal (40%), abcessos
intra-abdominais e pélvicos (10 a 30%), fístulas,
perfuração (1 a 2%), peritonite, hemorragia maci-
ça e doença perianal grave.
Existe uma escala que permite através de calculo
de vários itens perceber se a doença se encontra
em actividade ou não, denominada CDAI Calculator
-Crohn'sDiseaseActivityIndex (CDAI) calculator,
com possibilidade de calculo online através do link:
http://www.ibdjohn.com/cdai/, quando CDAI >
220 significa que a doença se encontra activa.
Ao alcance dos médicos de família para terapêu-
tica de situações agudas estão os antibióticos co-
mo Metronidazol que pode ser necessário durante
vários meses, na dose de 15 a 20mg/Kg/dia (3 do-
ses) e a Ciprofloxacina na dose 500mg 2 xs/dia,
utilizados sobretudo na terapêutica das fistulas pe-
rianais.
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Doença de Crohn (cont.)
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Página 9
As terapias nutricionais são também extrema-
mente importantes e de fácil utilização. Importante
referir que os doentes respondem ao repouso in-
testinal e a nutrição parenteral total (NPT) e que
estas terapias são consideradas tão eficazes na
indução da remoção de doença activa como os gli-
cocorticóides, mas não tão efectivos na terapia de
manutenção.
Em relação à gravidez é importante referir que
estas doentes apresentam taxas de fertilidade nor-
mais. No entanto verificam-se um maior número
de casos de fibrose uterina, sobretudo lado direito,
dispareunia provocada pelos abcessos e fístulas
perirretais, periniais e rectovaginais, abortos es-
pontâneos, nados mortos e defeitos de desenvolvi-
mento de agravamento com a actividade da doen-
ça.Considera-se que o ideal seria uma remissão de
6 meses antes da concepção e escolher a cesaria-
na como método preferencial para o parto. Em re-
lação às terapêuticas utilizadas nestes doentes sa-
be-se que a Sulfassalazina (que deve ser acompa-
nhada de suplemento de folato), mesalamina, bal-
salazida e agentes 5-ASA tópicos são seguros du-
rante a gestação e amamentação. Os Glucocorti-
cóides em geral também seguros (utilizados em
casos de actividade moderada a grave). De desta-
car que os AB mais seguros utilizados apenas por
curto período são a ampicilina e cefalosporina e
que o Metronidazol deve ser apenas ponderado no
2º e 3º trimestre de gravidez.
Nos doentes com D. de Crohn há uma maior pre-
ocupação em relação ao risco de neoplasia. Acon-
tece mais frequentemente em casos de doença
extensa e de longa duração, Bypass e estenoses
cólon, bem como nos casos em que há história fa-
miliar de neoplasia do cólon.
É importante destacar que 22% desenvolvem
displasia ou neoplasia a partir do 4º ECD de vigi-
lância e que existe também um risco aumentado
de Linfoma não-Hodgkin, leucemia e síndromes
mielodisplásicas A doença perianal grave, crónica e
complicada está também associada a maior risco e
o risco absoluto de Adenocarcinoma do intestino
delgado é de 2.2% aos 25 anos.
A determinação da qualidade de vida desempe-
nha um papel importante na avaliação e tratamen-
to. Pode ser uma patologia muito debilitante e na
maioria dos casos é controlada pela terapêutica
clínica e cirúrgica.
As principais preocupações são a necessidade de
bolsa de ostomia, o surgimento de neoplasia, os
efeitos da terapêutica e a avaliação das necessida-
des cirúrgicas.
A Mortalidade é de 15% em 30 anos com a do-
ença.
Raquel Osório
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Doença de Crohn (cont.)
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EVENTOS CIENTÍFICOS 2015
Evento Científico DATA Local/Organização
32º Encontro Nacional - Associação Portuguesa
de Medicina Geral e Familiar 5 a 7 de Março Centro de Congressos do Estoril,
VI Jornadas de Fatores de Risco e Orientações
em Cuidados de Saúde Primários 19 a 20 de Março Porto
11º Encontro de Saúde Ocupacional em Hospi-
tais e outros Estabelecimentos de Saúde -
"Exposição a radiações ionizantes em profissio-
nais de saúde"
11 de Abril Carcavelos
XIII Jornadas de Urologia do CH Médio Tejo
para MGF 17 e 18 de Abril Tomar
IV Curso de Geriatria e Gerontologia 17 e 18 de Abril Monte de Caparica, Almada
XIV Simpósio - Sociedade Portuguesa de Suici-
dologia - "Suicídio e comportamentos autolesi-
vos: Novas perspetivas"
17 e 18 de Abril Hotel Villa Batalha
2º Encontro de Primavera da Associação Portu-
guesa de Grupos Balint 18 de Abril ICBAS, Porto
VI Congresso Internacional de Psicologia da
Criança e do Adolescente 22 e 23 de Abril Universidade Lusíada de Lisboa
Seminário—Educação de Adultos e Métodos
inovadores de Intervenção 6 de Maio Universidade do Minho, Braga
XIV Congresso de Nutrição e Alimentação 21 a 22 de Maio Centro de Congressos de Lisboa
IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros 10 a 12 de Maio Centro de Congressos de Lisboa
19th International Association for Adolescent
Health European Meeting 24 a 26 de Junho
Faculdade de Medicina da Universidade
de Lisboa
9ª Conferência Internacional sobre a Vida Noc-
turna, Uso de Substâncias e Questões de Saúde
relacionadas
17 e 19 de Julho Ordem dos Médicos no Porto
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3
Página 11
PALAVRAS DE MESTRE
Colaboradores nesta Edição: Guida Cruz, Luís
Amaro, Raquel Osório, Licínio Fialho, Susana
Santos.
FICHA TE CNICA
Publicação trimestral
Caixins
2450-125 Nazaré
Telefone: 262 569 120
Fax: 262 561 938
www.usfglobal.net
USF Global
“O único homem que se forma é aquele que aprendeu como aprender; que aprendeu como
se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum conhecimento é seguro, que nenhum
processo de buscar o conhecimento oferece uma base de segurança.”
Carl Rogers
BOLETIM INFORMATIVO USF GLOBAL Nº3