NOVEMBRO INTERPRETAÇÃO apresenta€¦ · TEATRO CLÁSSICO PORTUGUÊS Um repertório a descobrir O...
Transcript of NOVEMBRO INTERPRETAÇÃO apresenta€¦ · TEATRO CLÁSSICO PORTUGUÊS Um repertório a descobrir O...
apresenta
{ 2.ª EDIÇÃO }
LIVRARIA SÁ DA COSTARUA GARRETT, 100 (CHIADO)
25 NOVEMBRO ― 2 DEZEMBRO 2017
Projecto e direcção de Silvina Pereira
TEATRO CLÁSSICO PORTUGUÊSUm repertório a descobrir
O TEATRO DENTRO DO TEATRO
A trilogia de peças que ora se apresentam, o Auto da Natural Invenção, o Auto dos Sátiros e o El-Rei Seleuco, constituem um repertório muito particular, quer pela sua riquíssima intertextualidade a vários níveis, integrando e revisitando a tradição teatral greco-latino, quer por ser pródigo em informações sobre a representação cénica e as práticas teatrais quinhentistas portuguesas.
À intenção crítica e paródica destas obras, acrescente-se a eficácia muitíssimo teatral conferida pela estrutura de «teatro no teatro», de «representação dentro da representação», antecipando-se este repertório a Shakespeare (Hamlet ou o Sonho duma Noite de Verão), Calderón (O Grande Teatro do Mundo), ou Pirandello.
As peças aí estão para serem conhecidas e representadas, para nos deliciarmos com elas e reconhecermos o seu valor e contributo para a herança teatral portuguesa.
Vos valete et plaudite.
SILVINA PEREIRA
2 5 N O V E M B R O
18h30 · Inauguração da Exposição Jorge Ferreira de Vasconcelos – Um Homem do Renascimento Curadoria de Silvina Pereira, com a presença de Guilherme d’Oliveira Martins
2 6 N O V E M B R O
16h00 · Lançamento do livro Dramas Imperfeitos, de Silvina Pereira, com a presença de José Augusto Cardoso Bernardes
2 7 N O V E M B R O
18h30 · Leitura encenada do Auto da Natural Invenção, de António Ribeiro Chiado
19h30 · Conversa em torno da obra e do autor com José Camões
2 9 N O V E M B R O
18h30 · Leitura encenada do Auto dos Sátiros (anónimo)
19h30h · Conversa em torno da obra com Armando Nascimento Rosa
0 1 D E Z E M B R O
18h30 · Leitura encenada da Comédia d’El-Rei Seleuco, de Luís de Camões
19h30 · Conversa em torno da obra e do autor com Vanda Anastácio
0 2 D E Z E M B R O
FESTA DOS CLÁSSICOS APRESENTAÇÃO DA TRILOGIA
16h00 · Auto da Natural Invenção
17h30 · Auto dos Sátiros
19h00 · Comédia d’El-Rei Seleuco
20h30 · Convívio e iguarias
INTERPRETAÇÃO
Ana Sofia Santos · Augusto Portela Cristina Boucho · Eduardo FrazãoEduardo Molina · Diogo Dória Filipa Marcos · Isabel Fernandes João D’Ávila · João Ferrador · Júlio Martín Luís Lucas · Margarida Rosa Rodrigues Mauro Hermínio · Miguel VasquesRui Pedro Cardoso · Sofia Rodrigues Susana Sá · Tiago Amaral
PRÓXIMAS PRODUÇÕES_2018
Dezembro ― A Patente e A Bilha,de Luigi PirandelloCML – SALA DO ARQUIVO – PAÇOS DO CONCELHO
Janeiro ― Metamorfoses de OvídioMUSEU DE LISBOA – PALÁCIO PIMENTA
Março ― Clássicos em cena (3.ª edição)LIVRARIA SÁ DA COSTA
Julho ― A Comédia dos Burros, de Plauto MUSEU DE LISBOA – TEATRO ROMANO
Setembro ― Auto da Alma, de Gil VicentePALÁCIO FRONTEIRA
Novembro ― Comédia Ulysippo, de Jorge Ferreira de Vasconcelos
Actriz, encenadora e dramaturgista. Fundou e é directora artística do Teatro Maizum, onde tem desenvolvido um projecto centrado na pesquisa, dramatização e divulgação de textos de autores portugueses. Doutorada em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a tese Tras a nevoa vem o sol – as comédias de Jorge Ferreira de Vasconcelos. Integra como investigadora o Centro de Estudos Clássicos da mesma Faculdade, onde desenvolve, com uma bolsa da FCT, um Pós-Doutoramento na área do teatro clássico português.
PROGRAMA
Teatro MaizumRua das Chagas, 29 – 6.º · 1200-106 LisboaTel. [+351] 21 347 7735 · e-mail: [email protected] · www.maizum.pt
ENTRADA LIVRE
O Auto da Natural Invenção dá-nos valiosas notícias acerca da praxis teatral na sociedade portuguesa na segunda metade de quinhentos. Por ela «ficamos a saber da existência de companhias ambulantes que, transportando em canastras os seus adereços e guarda-roupa, representavam em casas particulares as comédias do seu repertório, a troco de alguns cruzados».
A situação dramática desenvolvida no auto permite respigar informações diversas sobre as condições de representação, lugar, duração, horário, públicos, figuras, adereços e actores, como lembra Luciana Stegagno Picchio, assinalando que este auto nos põe «em contacto directo com a menosprezada e pitoresca chusma de comediantes que em Portugal no século XVI já tinha assumido uma fisionomia própria bem definida» e ganhado, pouco a pouco, o seu espaço na cidade. [S.P.]
No frontispício da obra lê-se que a representação se vai desenrolar dentro de uma casa particular, e, logo nas primeiras falas, o Mordomo, agastado pela invasão da casa por espectadores, lamenta-se da excessiva afluência do público, enquanto o Moço não parece preocupado, já «Que há casa para mil autos». São aqui retratadas as condições concretas da apresentação do auto, o esforço em arrumar, sentar
e manter na ordem a assistência. O público, que ia expressamente de Lisboa até Vila Franca para ver este auto, é protagonizado aqui pela dupla de escudeiros praguentos, cujo hábito era o de escarnecer e parodiar estas representações. A conversa destes inicia-se com a questão dos géneros em voga, auto vicentino versus comédia terenciana. Os apartes jocosos como «Torna a entrar a senhora;/queiramos ver ao que vem», vão pontuando continuamente o desenrolar da acção central desta «peça de teatro dentro do teatro», que diz muito sobre a recepção e os hábitos de zombaria do público. [S.P.]
A um dado momento, a personagem do Mordomo pergunta pelas figuras/actores! O Moço informa sobre as dificuldades de alojamento do público, posto serem muitos, e se encontrarem muito apertados e em grande confusão. Com a entrada forçada de uns embuçadetes, inicia-se nova confusão e nova luta, pondo em perigo o desenrolar do próprio espectáculo, dado que as figuras sofreram «ũa pedrada na cabeça do anjo», e quanto aos figurinos «rasgaram ũa meia
calça ao Ermitão». A exasperação aumenta com a fala do Moço sobre a indignação do actor e o seu pedido de reparação: «e agora diz o Anjo que não há-de entrar até lhe não darem ũa cabeça nova, nem o Ermitão até lhe não porem ũa estopada na calça». Este «amuo» das personagens parece retratar, em certa medida, a resposta a um tipo de comportamento menos conveniente do público em relação aos actores. Por fim, até sapatos ficam perdidos num salve-se quem puder protagonizado por uma turba multa animada. Fica a sensação de que não é nada fácil manter as coisas nos eixos dentro da casa onde se realiza a representação. [S.P.]
AUTO NATURAL DA INVENÇÃOANTÓNIO RIBEIRO CHIADO
27 NOVEMBRO ― 18H30
2 DE DEZEMBRO ― 16H00
AUTO DOS SÁTIROSANÓNIMO
29 NOVEMBRO ― 18H30
2 DE DEZEMBRO ― 17H30
COMÉDIA D’EL REI SELEUCOLUÍS DE CAMÕES
1 DEZEMBRO ― 18H30
2 DE DEZEMBRO ― 19H00