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MANUAL DEIRRIGAÇÃO

BRASÍLIA - DF2002

Classificação de terrasPara Irrigação2

BUREAU OF RECLAMATIONBRASIL

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Todos os Direitos ReservadosCopyright © 2002 Bureau of ReclamationOs dados desse Manual estão sendo atualizados por técnicos do Bureau of Reclamation.Estamos receptivos a sugestões técnicas e possíveis erros encontrados nessa versão. Favorfazer a remessa de suas sugestões para o nosso endereço abaixo, ou se preferir por e-mail.1ª Edição: Outubro de 19932ª Edição: Dezembro de 2002Meio EletrônicoEditor:BUREAU OF RECLAMATIONSGA/Norte - Quadra 601 - Lote I - Sala 410Edifício Sede da CODEVASFBrasília - DFCEP - 70830-901Fone: (061) 226-8466

226-4536Fax: 225-9564E-mail: [email protected]

AutorVal H. Carter – Engº Agrônomo – “Bureau of Reclamation”Equipe Técnica do Bureau of Reclamation no BrasilCatarino Esquivel - Chefe da EquipeRicardo Rodrigues Lage - Especialista AdministrativoEvani F. Souza - Assistente AdministrativoTradutoresAmir Gomes de Souza - Pedólogo - DNOSMario Guilherme Garcia Nacinovic - Engº Agrônomo - DNOSRevisão TécnicaCODEVASF / DNOCS / DNOS – Vários EspecialistasComposição e Diagramação:Print Laser - Assessoria Editorial Ltda

Ficha Catalográfica:

Carter, Val H.Classificação de terras para irrigação / Val H. Carter. —Brasília: Bureau of Reclamation, 2002143 p. : il. (Manual de Irrigação, v.2)Trabalho elaborado pelo Bureau of Reclamation, do Depar-

tamento de Interior, dos Estados Unidos, por solicitação do Mi-nistério da Integração Nacional do governo brasileiro.

1. Solo – classificação. 2. Irrigação – Solo. I. Título. II.Série.

CDU 631.47:626.81/84

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Classificação de Terras para Irrigação

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APRESENTAÇÃO

Em maio de 1986, o Banco Mundial aprovou um Contrato de Empréstimo para aelaboração de estudos e projetos de irrigação no Nordeste do Brasil. O Contrato incluirecursos para assistência técnica à Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica e, para isto, foiassinado - em novembro de 1986 - um acordo com o “Bureau of Reclamation”, do Depar-tamento do Interior, dos Estados Unidos.

A assistência abrange a revisão de termos de referência, estudos básicos, setoriaise de pré-viabilidade; projetos básicos e executivos; especificações técnicas para constru-ção de projetos de irrigação; critérios, normas e procedimentos de operação e manuten-ção de projetos de irrigação; apresentação de seminários técnicos; acompanhamento daconstrução de projetos; formulação de recomendações de políticas relativas ao desen-volvimento da agricultura irrigada.

O trabalho de assistência é realizado por uma equipe residente no Brasil, e porpessoal temporário do Bureau, do Centro de Engenharia e Pesquisa de Denver, Colorado,Estados Unidos. A equipe residente conta com especialistas em planejamento, projetosde irrigação, barragens, hidrologia, sensoriamento remoto e operação e manutenção.

O Bureau vem prestando estes serviços há mais de dezesseis anos. Neste período,obteve um conhecimento bastante amplo sobre a agricultura irrigada, no Brasil. Devidoa este conhecimento e à grande experiência do Bureau, em assuntos de irrigação, oMinistério da Integração Nacional, solicitou que fossem elaborados manuais técnicos,para utilização por órgãos governamentais (federais, estaduais e municipais), entidadesprivadas ligadas ao desenvolvimento da agricultura irrigada, empresas de consultoria,empreiteiras e técnicos da área de irrigação.

A coleção que ora é entregue a esse público é um dos resultados do Contratomencionado. Ela é composta dos seguintes Manuais:

Planejamento Geral de Projetos de IrrigaçãoClassificação de Terras para IrrigaçãoAvaliação Econômica e Financeira de Projetos de IrrigaçãoOperação e Manutenção de Projetos de IrrigaçãoEspecificações Técnicas PadronizadasStandard Technical SpecificationsAvaliação de Pequenas BarragensElaboração de Projetos de IrrigaçãoConstrução de Projetos de Irrigação

Para sua elaboração contou com o trabalho de uma equipe de engenheiros e espe-cialistas do “Bureau of Reclamation”, por solicitação do governo brasileiro.

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O objetivo dos Manuais é apresentar procedimentos simples e eficazes para seremutilizados na elaboração, execução, operação e manutenção de projetos de irrigação.

Os anexos 10, 11 e 12 do “Manual de Operação e Manutenção de Projetos de Irri-gação” foram redigidos por técnicos do Instituto Interamericano de Cooperação para aAgricultura - IICA. O anexo do “Manual de Avaliação de Pequenas Barragens” foi elabo-rado pelo Grupo de Hidrometeorologia da Superintendência de Desenvolvimento do Nor-deste - SUDENE, em convênio com o “Institut Français de Recherche Scientifique pour leDevelopement en Cooperation” - ORSTOM.

Foram publicadas, separadamente, pelo IBAMA / SENIR / PNUD / OMM (InstitutoBrasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, Secretaria Nacional de Irrigação,Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Organização Meteorológica Mun-dial), as “Diretrizes Ambientais para o Setor de Irrigação”. Estas diretrizes devem serseguidas em todas as etapas de planejamento, implantação e operação de projetos deirrigação.

O Bureau of Reclamation agradece a gentil colaboração da CODEVASF (Compa-nhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) e do DNOCS (Departamento Nacio-nal de Obras Contra as Secas) pela disponibilização de informações sobre Leis e NormasTécnicas Brasileiras.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 31 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

1.1 Objetivo do MANUAL ..................................................................................... 81.2 Finalidade e Teoria da Classificação de Terras .................................................... 81.3 Definições ................................................................................................... 10

2 PRINCÍPIOS ......................................................................................................... 142.1 Previsão ...................................................................................................... 142.2 Correlação Econômica................................................................................... 152.3 Fatores Permanentes e Mutáveis .................................................................... 162.4 Clima e seus Efeitos na Irrigação .................................................................... 16

3 PROCEDIMENTOS ........................................................................................ 183.1 Correlação dos Fatores Econômicos e Físicos ................................................... 18

3.1.1 Determinação do Plano de Cultivo e do Método de Irrigação.................. 193.1.2 Relação entre os Níveis de Produtividade e o Planejamento

para o Desenvolvimento da Terra ....................................................... 213.1.3 Relação entre os Custos de Desenvolvimento da Terra e

Outros Custos de Produção .............................................................. 213.2 Formulação das Especificações ...................................................................... 22

3.2.1 Limites Críticos para Deficiências em Relação ao Retorno Econômico ..... 223.2.2 Limites Críticos para Fatores Relacionados à

Permanência da Agricultura Irrigada Produtiva ..................................... 273.3 Considerações no Desenvolvimento do Projeto ................................................. 27

3.3.1 Níveis de Detalhes Necessários aos Objetivos do Estudo....................... 28

4 DESCRIÇÃO DAS CLASSES DE TERRAS ................................................................. 364.1 Classes Básicas ........................................................................................... 36

4.1.1 Classes Aráveis ............................................................................... 364.1.2 Classes de Uso Especial ................................................................... 384.1.3 Classes Irrigáveis ............................................................................. 394.1.4 Subclasses Básicas .......................................................................... 39

4.2 Representação Cartográfica (Símbolos) ........................................................... 39Símbolos para Terras Aráveis ......................................................................... 40Símbolos para Uso Especial ou de Arabilidade com Limitações ........................... 43Símbolos Provisórios..................................................................................... 43Não Aráveis ................................................................................................ 43

4.3 Avaliações Informativas ................................................................................ 434.3.1 Uso da Terra ................................................................................... 434.3.2 Produtividade .................................................................................. 444.3.3 Requerimentos para Desenvolvimento da Terra .................................... 444.3.4 Exigências de Água do Lote .............................................................. 44

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4.3.5 Permeabilidade do Substrato ............................................................. 444.3.6 Avaliações Adicionais ...................................................................... 45

Deficiências de Solo ........................................................................ 45Deficiências de Topografia ................................................................ 47Deficiências de Drenagem ................................................................ 48

5 FATORES DE SOLO A SEREM CONSIDERADOS NA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS ....... 495.1. Fatores do Solo ............................................................................................ 49

5.1.1 Profundidade Efetiva ........................................................................ 495.1.2 Estrutura ........................................................................................ 505.1.3 Textura (Proporção das Frações Granulométricas) ................................ 505.1.4 Coeficiente de Contração Linear - COLE ............................................. 505.1.5 Matéria Orgânica ............................................................................. 515.1.6 Permeabilidade ao Ar e à Água .......................................................... 515.1.7 Condição Física (Capacidade de Cultivo) ............................................. 515.1.8 Concentração de Íon Hidrogênio ........................................................ 515.1.9 Características da Permuta de Cátions ............................................... 525.1.10 Mineralogia ..................................................................................... 535.1.11 Substâncias Tóxicas ........................................................................ 555.1.12 Morfologia do Solo .......................................................................... 555.1.13 Erodibilidade ................................................................................... 565.1.14 Salinidade e Sodicidade .................................................................... 565.1.15 Necessidade de Lixiviação ................................................................ 575.1.16 Equação de Lixiviação ...................................................................... 58

5.2 Relações Solo - Água .................................................................................... 595.2.1 Taxa de Infiltração ........................................................................... 595.2.2 Condutividade Hidráulica (Permeabilidade) .......................................... 595.2.3 Disponibilidade da Água nos Solos ..................................................... 60

6 ATIVIDADES DE CAMPO ....................................................................................... 616.1 Introdução ................................................................................................... 616.2 Orientação dos Trabalhos de Campo ............................................................... 626.3 Trabalhos de Classificação de Campo ............................................................. 62

6.3.1 Avaliação dos Solos ......................................................................... 636.3.2 Avaliação Topográfica ...................................................................... 636.3.3 Avaliação da Drenagem .................................................................... 686.3.4 Avaliação da Qualidade da Água ....................................................... 706.3.5 Anotações de Campo e Mapeamento ................................................. 716.3.6 Designações das Classes de Terra ..................................................... 72

6.4 Revisão do Trabalho de Campo ...................................................................... 76

7 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DOS CUSTOS DE DESENVOLVIMENTO DA TERRA ...... 797.1 Preparação da Terra...................................................................................... 79

7.1.1 Desmatamento ................................................................................ 797.1.2 Remoção de Pedras ......................................................................... 797.1.3 Nivelamento ................................................................................... 807.1.4 Escarificação e Aplainamento ............................................................ 807.1.5 Terraceamento ................................................................................ 81

7.2 Sistema de Distribuição no Lote ..................................................................... 817.2.1 Canalização ou Canais Laterais do Lote .............................................. 817.2.2 Bueiros .......................................................................................... 817.2.3 Bombas.......................................................................................... 817.2.4 Tubulação ...................................................................................... 817.2.5 Revestimento de Canais ................................................................... 82

7.3 Drenagem do Lote ........................................................................................ 827.3.1 Drenos Abertos Superficiais .............................................................. 82

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7.3.2 Drenos Abertos Profundos no Lote .................................................... 827.3.3 Dreno de Manilhas ........................................................................... 827.3.4 Proteção contra Inundação ............................................................... 827.3.5 Poços Artesianos............................................................................. 837.3.6 Poços Invertidos .............................................................................. 83

7.4 Melhoramento do Solo .................................................................................. 837.4.1 Lixiviação ....................................................................................... 837.4.2 Corretivos ...................................................................................... 837.4.3 Subsolagem (Periódica) .................................................................... 837.4.4 Cultivo Especial ............................................................................... 847.4.5 Fertilizante...................................................................................... 84

8 INVESTIGAÇÕES ESPECIAIS E DADOS DE LABORATÓRIO NECESSÁRIOS .................. 858.1 Introdução ................................................................................................... 85

8.1.1 Solos Representativos (Locais Principais de Estudos) ............................ 868.2 Tipos de Investigações Especiais .................................................................... 87

8.2.1 Solos Salinos e Sódicos.................................................................... 878.2.2 Horizontes Endurecidos .................................................................... 898.2.3 Lençol Freático................................................................................ 898.2.4 Qualidade da Água .......................................................................... 898.2.5 Água Disponível .............................................................................. 908.2.6 Calcário ......................................................................................... 918.2.7 Gesso ............................................................................................ 918.2.8 Formação de Crostas ....................................................................... 918.2.9 Baixa Densidade .............................................................................. 918.2.10 Leiaute do Lote ............................................................................... 91

8.3 Apoio de Laboratório .................................................................................... 92

9 DETERMINAÇÃO E LEVANTAMENTO DA ÁREA IRRIGÁVEL....................................... 95

10 COMPILAÇÃO DE DADOS E PREPARAÇÃO DO RELATÓRIO ...................................... 9710.1 Compilação de Dados ................................................................................... 9710.2 Preparação do Relatório ................................................................................ 97

11 NECESSIDADES DE CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS NOS PROJETOS EM OPERAÇÃO ..... 9811.1 Introdução ................................................................................................... 9811.2 Alterações na Produtividade .......................................................................... 9811.3 Alterações no Plano Cultural ou Método de Irrigação ......................................... 9911.4 Avanços Tecnológicos .................................................................................. 99

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 100

ANEXOS .................................................................................................................... 101ANEXO 1 - ESBOÇO GERAL DO RELATÓRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS

LEVANTAMENTOS SEMIDETALHADOS E DETALHADOS ................................ 102ANEXO 2 - COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO ....................................................... 114ANEXO 3 - CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DE TERRAS........................................... 117ANEXO 4 - TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A LICITAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A

CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO ........................................... 129ANEXO 5 - MAPA DE RECLASSIFICAÇÃO DETALHADA DAS TERRAS ...................... 142

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INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo do MANUAL

Este MANUAL foi preparado para servir de guia prático de referências a pedólogosna execução de estudos de classificação de terras, com o objetivo de subsidiar o desen-volvimento da irrigação nos Estados Unidos e em outros países. A finalidade deste docu-mento é auxiliar o estabelecimento de uma uniformização da classificação de terras parairrigação e demonstrar a adaptabilidade do sistema de classificação de terras utilizadopelo “Bureau of Reclamation”.

Embora este guia seja mais útil para pedólogos, poderá ser também uma boa refe-rência para qualquer pessoa envolvida com os métodos e objetivos da classificação deterras.

O documento intitulado “Reclamation Instructions, Series 510 - Land ClassificationTechniques and Standards”, publicado em setembro de 1982, detalha as políticas e pa-drões de classificação de terras utilizados pelo Bureau of Reclamation. Embora abranjaalgumas das informações incluídas na série 510, este documento se concentra mais nodetalhamento de operações de campo e na adaptação de princípios e técnicas às situa-ções específicas encontradas globalmente.

1.2 Finalidade e Teoria da Classificação de Terras

A classificação de terras é feita primordialmente para obter informações necessá-rias à delimitação das terras em áreas de classes aptas para irrigação, eliminando asáreas inaptas nas condições econômicas prevalecentes.

Existem outras importantes utilizações para os dados obtidos na classificação deterras. A área total irrigável, identificada mediante a classificação, serve como base parase determinar a capacidade dos canais principais e secundários, estruturas e outros as-pectos da engenharia relacionados à atividade da irrigação. Os dados da classificaçãodas terras também são usados para estabelecer as necessidades de água para os dife-rentes tipos de solos, as perdas através da percolação, a eficiência da irrigação e paradefinir o método de irrigação e o padrão de cultivo mais adaptado à área específica. Asnecessidades de drenagem são definidas também pela classificação de terras.

A classificação de terras exige análise e avaliação das suas características físicas equímicas, incluindo as características do solo e os aspectos topográficos e de drenagem.

Um grande volume de dados adicionais relativos a agronomia, economia e enge-nharia é obtido e correlacionado com as características físicas e químicas das terras nasdiferentes designações de classes de terra. Avaliações informativas referentes ao uso daterra, ao nível da produtividade mais recente e às variações dos custos de desenvolvi-

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mento das terras são realizadas em todos os levantamentos para suplementar e susten-tar as designações das classes e subclasses de terras. Avaliações informativas adicionaisde aspectos físicos e químicos específicos e de considerações econômicas são proporcio-nadas conforme as necessidades. Outros dados relativos a solos, topografia, drenagem,uso atual da terra, cobertura vegetal e demais fatores são coletados e apresentados nasobservações dos perfis incluídos em cada ficha de campo de classificação de terras. Osresultados da classificação são utilizados em estudos econômicos e na análise dos bene-fícios do projeto, a fim de se determinar a justificativa econômica para a sua implanta-ção. Portanto, uma classificação de terras é fundamental para o sucesso técnico e econô-mico de qualquer projeto de irrigação.

Conforme definida neste documento, a classificação de terras é uma avaliaçãoeconômica dos recursos das terras, relativa à sua aptidão para agricultura sob irrigação.Uma classificação econômica precisa levar em conta os fatores relacionados a produtivi-dade, custos do desenvolvimento da terra e produção. Desenvolvimento agrícola sobirrigação significa que a área a ser irrigada precisa continuar produzindo satisfatoria-mente em bases permanentes. Esta interpretação exige que as condições de drenagemsejam adequadas para manter as terras agricultáveis, a estrutura do solo e o balanço desais num nível tal que mantenham a produtividade da área e assegurem o sucesso doprojeto.

Análises orçamentárias das atividades agrícolas, que demonstram as condiçõescom e sem projeto, proporcionam os dados básicos necessários à definição dasespecificações adequadas para a realização da avaliação da classificação das terras. Pelomenos nos Estados Unidos, as classes econômicas de terras representam um meio de seindicar a capacidade relativa das terras irrigadas de reembolsarem os custos alocadosno projeto ou de produzirem benefícios. A capacidade de pagamento é definida como oresíduo calculado pela dedução, na análise orçamentária da atividade agrícola, dos re-cursos suficientes para o sustento adequado da família, pagamento dos custos de pro-dução (excluindo as despesas com a água de irrigação) e dos juros sobre o investimentoe de uma remuneração adequada. Em outros países, a análise financeira poderá ser feitabaseada na renda líquida parcelar, ao invés de na capacidade de pagamento. Ao mesmotempo, o parâmetro NIIB (Benefício Adicional Líquido da Irrigação) já foi proposto, poralguns órgãos internacionais, como instrumento para a determinação da aptidão dasterras para irrigação por meio de uma análise econômica que ilustra os benefícios gera-dos pela irrigação da área específica, em comparação com os custos do projeto de irriga-ção. O parâmetro NIIB tem caráter conceitual, especialmente quando o governo federalou estadual é o responsável pelo pagamento dos custos do desenvolvimento parcelar.Entretanto, é necessário se certificar de que a análise financeira comprova a viabilidadedas operações agrícolas individuais, e se assegurar da precisão da classificação feita nocampo, mediante o conhecimento antecipado e definitivo de detalhes específicos dosaspectos do projeto.

Cada área escolhida para suportar um projeto de irrigação precisa ser estudadacomo uma entidade independente, e as especificações para a sua classificação devemser desenvolvidas de tal forma que reflitam os níveis esperados de produção, os efeitosdos fatores químicos e físicos, a infra-estrutura de comercialização, o uso atual e futurodas terras e os tipos de empreendimentos. As especificações para a classificação dasterras, estabelecidas com base nestes fatores, permitem a separação das terras em cate-gorias relativamente apropriadas, independentemente das análises de capacidade depagamento ou da renda líquida do lote. Assim, é possível que diversos cenários econô-micos de atividade agrícola numa mesma área geográfica apresentem capacidades eco-nômicas e especificações para classificações diferentes. As diferenças entre asespecificações para classificação entre os Estados Unidos e outros países podem ser tãograndes a ponto de terras semelhantes, consideradas adequadas para irrigação em umaárea, serem inadequadas numa outra.

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Entre os fatores que contribuem para a aptidão ou inaptidão de uma área, incluem-se a duração do ciclo da cultura, as lavouras que podem ser cultivadas e os métodos deirrigação adotados. Este princípio aplica-se particularmente às diferenças de classifica-ção relativas aos custos permissíveis para o desenvolvimento das terras. Diferenças si-milares podem existir num mesmo cenário econômico de atividade agrícola, quandohouver grandes variações nos custos de OM&R (operação, manutenção e reposição)dentro do projeto.

Os fatores básicos das terras que integram uma classe de terra, e que determinama sua capacidade para gerar rendimentos ou benefícios, são: capacidade produtiva (in-cluindo os custos de produção), custos de desenvolvimento da terra e custos de drena-gem. Com base nesses itens, as terras são separadas em categorias apropriadas queindicam a sua aptidão para irrigação.

Nos procedimentos normais do “Bureau of Reclamation”, as terras classificadascomo aptas para irrigação são denominadas terras aráveis. Na classificação dessas ter-ras, normalmente supõe-se que a água possa ser entregue a cada área arável de formaviável. Entretanto, é mais fácil se distribuir água para algumas áreas do que para outras.Os custos de distribuição de água às diversas parcelas na área do projeto só podem serdeterminados, com precisão, após a complementação do estudo do leiaute da rede decanais do projeto e da determinação da viabilidade da entrega de água de irrigação paracada principal incremento de área. Além disso, os custos de drenagem, quando esta éconsiderada um custo de projeto, necessários para manter a produtividade da área, de-vem ser considerados da mesma forma que os custos com a rede de distribuição deágua.

Os procedimentos para a formulação dos planos são normalmente utilizados apósa identificação das áreas aráveis, para que sejam determinadas as terras a serem irrigadas(área irrigável). Na determinação da área irrigável, cada setor do projeto (incremento)deve ser estudado e incluído somente quando for considerado um benefício para o pro-jeto como um todo (maximização dos benefícios do projeto). Na formulação do plano doprojeto, é necessário que haja cooperação entre os engenheiros, hidrólogos e economis-tas. Freqüentemente, os estudos mostram que algumas áreas de terras aráveis não po-dem ser supridas de água pelo projeto, devido aos custos excessivos. Embora, na maio-ria dos casos, uma alta percentagem de terras aráveis possa ser suprida de água, a áreairrigável é quase sempre menor do que a área arável, quando os procedimentos anterior-mente descritos são utilizados. A aplicação do parâmetro NIIB, já citado, resulta numaaproximação da área irrigável concomitantemente com a conclusão dos estudos iniciaisde campo. Entretanto, mudanças nos aspectos do projeto, durante o processo de plane-jamento, ou estimativas mais precisas dos custos do projeto, na medida em que maisdados são obtidos, podem produzir alterações nas especificações das classes de terras ea conseqüente necessidade de sua reclassificação.

A concepção de área produtiva, embora menos importante para a classificação, éfator relevante no arranjo do sistema de irrigação. Trata-se de terras que estão sendoexploradas, porém em áreas menores do que as áreas irrigáveis, em conseqüência dasperdas de terreno com estradas, drenos, edificações diversas, etc. A área produtiva é abase para a determinação da renda líquida do lote e para o dimensionamento do canalprincipal e lateral.

1.3 Definições

Para se entender este sistema bastante especializado, é necessário definir algunstermos. As definições a seguir são bastante especializadas, e algumas palavras ou frasesnão têm os mesmos significados encontrados em dicionários, ou mesmo em outras áre-as de estudo relacionadas com solos.

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Solo - Definido como : (a) o material mineral inconsolidado na superfície da terra,que serve de meio natural para o desenvolvimento das plantas; e (b) o materialmineral consolidado na superfície da terra que tem sido submetido e modificadopor fatores genéticos e ambientais da rocha matriz, do clima, de seres vivos e datopografia, todos atuando ao longo do tempo, resultando num produto diferentedo material de origem, em relação a muitas propriedades e características físicas,químicas, biológicas e morfológicas. Este é apenas um dos componentes da terra.Nas regiões áridas, onde o solo não é bem desenvolvido, prefere-se a definição (a).Levantamento do Solo - Compreende a análise, a descrição, a classificação e omapeamento sistemático dos solos, numa área específica. Em geral, a classifica-ção genética e morfológica baseia-se no sistema proposto pela “Soil Taxonomy”[1]1, e é realizada normalmente nos Estados Unidos por órgãos vinculados ao NCSS(Cooperativa Nacional de Levantamento de Solos).Classificação de Solos - É o agrupamento sistemático dos solos em classes, emuma ou mais categorias, com um objetivo específico.Terra - Todo o meio ambiente natural e cultural que sustenta a produção. É umtermo mais abrangente do que solo. Além do solo, abrange vários atributos domeio físico, tais como: propriedades do substrato, drenabilidade, clima, abasteci-mento de água, topografia, cobertura vegetal; localização em relação aos centrosde comercialização, povoados e outras terras ocupadas; tamanho dos lotes e daárea; e benfeitorias.Classificação de Terras - Um termo generalizado que se refere à avaliação siste-mática das terras e à sua designação por categorias, com base em característicassimilares para um objetivo específico. Este termo é usado, em geral, pelo “Bureauof Reclamation” para se referir ao conceito definido mais especificamente como“avaliação da aptidão das terras para agricultura sob irrigação ou classificação deterras para irrigação”.Classificação de Terras para Irrigação - É a avaliação sistemática das terras esua designação por categorias ou classes, com base em características físicas, quí-micas e econômicas similares, em relação à sua aptidão para agricultura irrigada,a nível de imóvel rural e do projeto de irrigação, de acordo com um plano de de-senvolvimento dos recursos hídricos e da terra.

A aptidão agrícola das terras para irrigação implica na expectativa de obtenção deuma produção razoável, permanente e lucrativa (sujeita a intempéries), sob irrigação. Émedida em termos da estimativa dos custos da mão-de-obra, gerenciamento e capital,incluindo os custos do desenvolvimento das terras do imóvel rural. Representa umaidentificação econômica e física das terras em categorias, isto é, as classes de terras sãodefinidas em termos econômicos (normalmente referem-se à renda líquida do imóvelrural ou a sua capacidade de pagamento).

Terra Arável - É a terra que, quando cultivada em unidades de tamanho adequa-das às condições climáticas e ao cenário econômico prevalecente e suprida comas benfeitorias essenciais a um imóvel rural, como desmatamento, nivelamento,recuperação e melhoramento dos solos, drenagem e instalação do sistema de irri-gação, produzirá renda suficiente, com a utilização da irrigação, para custear todasas despesas de produção; proporcionará um retorno razoável para mão-de-obra,gerenciamento e capital; e normalmente pagará os custos de operação, manuten-ção e reposição dos equipamentos de irrigação e drenagem do projeto.Área Arável - Engloba todas as áreas delineadas na classificação de terras, asquais proporcionarão renda suficiente para se levar em consideração o desenvol-vimento da irrigação.

1 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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Classificação de Terras para Irrigação

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Terra Irrigável - É a área sob um plano específico, onde a água está ou poderátornar-se disponível, e que possua ou planeja-se prover com irrigação, drenagem,proteção contra enchentes e outras instalações necessárias a um projeto de irriga-ção. O plano, que visa a proporcionar serviços de irrigação à área, precisa ser viá-vel em termos de engenharia e atender os requisitos estabelecidos pela autorida-de responsável pelo desenvolvimento dos recursos hídricos e de terra da área emestudo ou pela instituição financeira responsável pelo financiamento do projeto.Área Irrigável - Compreende a porção da área arável, que possui ou possuirá ummanancial e um sistema de drenagem, quando necessário, pertinentes à fase finalde desenvolvimento do projeto em questão. Á delineada dentro de uma área ará-vel, mediante a análise de quaisquer limitações impostas pelo abastecimentod’água, pelos custos das instalações e do fornecimento dos serviços a áreas espe-cíficas e das terras necessárias para faixas de domínio e outras finalidades nãoprodutivas.Renda Líquida - É a renda obtida após a dedução, da receita bruta da venda deprodutos agropecuários, de todos os custos de produção, incluindo os juros sobreo capital tomado como empréstimo e a depreciação. Representa o retorno recebi-do pelo agricultor sobre o capital investido, o gerenciamento e a mão-de-obra,bem como sobre a água de irrigação fornecida pelo projeto. Pode ser tambémconsiderada como o retorno não diferenciado de todos os fatores de produção nãocotados, incluindo a água de irrigação e outros serviços fornecidos ao produtor,pelo projeto, quando analisados de um ponto de vista da economia global.Capacidade de Pagamento - Conforme utilizado nos Estados Unidos, este ter-mo significa a renda remanescente disponível para o pagamento das tarifas deágua, após a dedução da renda líquida do agricultor, do seu capital de investimen-to, gerenciamento, mão-de-obra e mão-de-obra familiar. É a renda líquida que ex-cede o valor necessário para proporcionar um padrão de vida adequado à famíliado agricultor.Terra Produtiva - É a porção máxima da área irrigável sob cultivo irrigado, a qualfornece os subsídios para a determinação das necessidades de água, das capaci-dades dos canais e das capacidades de pagamento. Esta área será menor do que aárea irrigável do projeto ou unidade. A diferença entre elas depende dos sistemasde irrigação individualizados, da intensidade de cultivo e das outras necessidadesespecíficas da atividade agrícola. Esta diferença precisa ser determinada para cadaprojeto em questão.Terras com Irrigação Completa - É a terra irrigável que recebe ou receberá umfornecimento individualizado, e em geral adequado, de irrigação através de obrasou instalações a serem construídas.Terras com Irrigação Suplementar - É a terra irrigável que recebe ou receberáum fornecimento adicional ou reorganizado de água de irrigação, através de obrasou instalações a serem construídas.Área Bruta Classificada - Abrange todas as terras mapeadas e classificadasnum dado levantamento.Classe de Terra - É a designação de uma mancha de terra, num projeto específi-co, que possui características de solo, topografia e drenagem tais que resultamnum nível econômico similar em sua aptidão para irrigação. As classes de terrassão mutuamente excluentes, isto é, os fatores pertinentes a cada classe são arran-jados em grupos discretos, distintos e definidos na classificação, e representamníveis de capacidade de pagamento e de renda líquida.Subclasse - É uma subdivisão de uma classe de terra que identifica os tipos dedeficiências, quando ocorrem.Avaliação Informativa - É uma avaliação de parâmetros selecionados e relacio-nados com a terra, visando a fornecer informações adicionais para fins de planeja-mento, desenvolvimento e operação de projetos de irrigação.

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Precisão - Refere-se ao grau de erro permitido na identificação das classes esubclasses de terras, e na localização dos limites destas em fotografias aéreas e/oumapas-base adequados. Não é necessariamente expressa em termos percentuais.Considera-se que uma classificação de terras a nível detalhado tenha uma preci-são de 100%, que é utilizada por todos os outros níveis de levantamento para clas-sificação de terras como referência de precisão.

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PRINCÍPIOS

Existem três princípios básicos que regem o caráter da classificação de terras, tor-nando-a diferente do levantamento comum de solos ou de outros sistemas taxonômicos(é importante recordar que a classificação de terras considera todos os princípios relaci-onados com a “terra” e não apenas aqueles relacionados com os “solos”). Estes princí-pios e suas inter-relações estão descritos a seguir. Embora não seja um dos três princípi-os básicos, as influências climáticas têm efeito bastante significativo na aplicação destes(especialmente pelas aplicações em outros países) e, por isso, serão discutidas separa-damente neste capítulo.

2.1 Previsão

A classificação deve resultar em classes discriminadas que expressem as interaçõesterra-água-cultura, bem como as interações econômicas que existirão após o desenvol-vimento do projeto, independentemente de o mesmo ser um empreendimento de irriga-ção em larga escala, que inclua milhares de hectares, ou um projeto muito menor envol-vendo uma pequena comunidade ou vila, servindo-se de um pequeno reservatório oupoço. Isto envolve a identificação e a avaliação das mudanças que ocorrem num sistemade irrigação, e que, normalmente, produzem alterações no equilíbrio ecológico entreágua, terra, vegetação, fauna e homem.

As terras selecionadas para irrigação devem ser permanentemente produtivas nosistema de irrigação preestabelecido. As pressupostas mudanças físicas e químicas de-vem ser identificadas e avaliadas, cuidadosamente, em relação à capacidade produtivadas terras e às implicações econômicas relacionadas aos níveis de renda para os agricul-tores e/ou para a comunidade.

A avaliação mencionada deve ser feita considerando-se as previsões relativas aosseguintes itens:

Fatores químicos e físicos do solo e subsolo;Características e condições do substrato;Drenagem superficial e, especialmente, drenagem interna;Qualidade da água de retorno;Uso e manejo da terra;Necessidades de água;Produtividade do solo após o preparo com possíveis modificações do perfil;Risco de enchentes;Erosão;Necessidade de adubação ou correção dos solos;Produtividade do solo após a lixiviação.

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2.2 Correlação Econômica

A correlação econômica relaciona, num determinado cenário, fatores físicos e quí-micos dos solos, topografia e drenagem aos fatores econômicos associados.

Os padrões de cultivo, os níveis de produtividade, os métodos ou práticas deirrigação, as necessidades de água, os insumos necessários à produção e os custos dedesenvolvimento da terra, previamente estabelecidos, são fatores que podem ser ex-pressos em termos econômicos e que influenciam a real aptidão das terras para irriga-ção.

A classificação de terras deve basear-se em alguns parâmetros, especificados demodo a medir a sua produtividade. O padrão de medida para a produtividade da terra éa renda líquida do lote, composta da renda bruta menos todos os custos de produção.Um aperfeiçoamento subseqüente utilizado nos estudos de classificação das terras nosEstados Unidos é a utilização da capacidade de pagamento como medida de produtivi-dade. Nos países em desenvolvimento, pode ser mais apropriado se enfatizar, de início,a eliminação das terras que não contribuirão para justificar economicamente o projeto,com uma demonstração posterior de que o cultivo das terras selecionadas será financei-ramente viável (conceito NIIB já mencionado).

É necessário cuidado no emprego do conceito NIIB, visto que este engloba a de-signação da maioria dos custos do “projeto”, como função da classe de terra, pois, basi-camente, supera a fase de determinação da arabilidade, no procedimento normal do“Bureau of Reclamation”, e no mapeamento das terras irrigáveis no campo, no início doprocesso de classificação. Este processo será efetivo ou eficiente, somente quando hou-ver um plano de projeto bem elaborado e detalhado, já formulado, porquanto quaisquermudanças significativas nos aspectos do projeto, e nos custos relacionados a esses as-pectos, podem resultar em necessidades significativas de reclassificação. Estareclassificação poderá resultar na necessidade de reformulação do projeto. Em conseqü-ência, o “Bureau of Reclamation” considera importante, pelo menos em termosconceituais, se determinarem, primeiramente, a natureza e a extensão do recurso deterras aráveis, o que exige uma determinação inicial do plano cultural e de irrigação, bemcomo um nível mínimo de conhecimento geral antecipado dos aspectos do projeto. Esteé um passo distinto que permite aos projetistas operarem com maior flexibilidade e ve-locidade na determinação do plano mais desejável. O plano do projeto determina a áreairrigável.

Portanto, a decisão mais importante para a classificação das terras é, em geral, ademarcação das terras aráveis e não aráveis. Nos Estados Unidos, o nível mínimo deprodutividade necessário para classificar as terras como aráveis é aquele em que a pro-dução proporciona recursos suficientes para pagar os custos médios anuais de manu-tenção e operação do projeto. Porém, a escolha deste critério é meramente um reflexoda política de participação nos custos para projetos federais nos Estados Unidos, quenecessitam do pagamento da água de irrigação do projeto, para cobrir os custos anuaisde operação e manutenção e, mais ainda, o máximo dos custos de construção possível.A escolha de parâmetros para a produtividade da terra, e do nível mínimo aceitável deprodutividade para terras aráveis, varia de um país para outro, dependendo de que quantiados custos do projeto deverá ser repassada aos agricultores, e também do que é consi-derado um nível mínimo adequado de retorno por hectare para os agricultores, pelo seutrabalho, gerenciamento e investimento.

O termo “renda líquida parcelar” é usado neste MANUAL para expressar a medidade produtividade da terra por ser, talvez, o de maior utilidade, internacionalmente.

A capacidade definitiva da terra, no contexto de um sistema de irrigação, de pro-duzir renda, é uma medida da adequação relativa das terras para a irrigação. Uma vez

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que as classes de terras estão definidas como entidades econômicas, desenvolve-se umasérie de especificações que correlacionam os fatores econômicos com as característicasdas terras da área. Os intervalos admitidos para estas características variam de acordocom a natureza da área em estudo. Essas características são discutidas, com maiordetalhamento, nas seções seguintes deste MANUAL.

2.3 Fatores Permanentes e Mutáveis

Este princípio admite a existência, no âmbito de um projeto ou área de desenvolvi-mento, de aspectos ou características sujeitos à modificação sob irrigação, bem como deoutros que não sofrerão tal influência. É necessário se identificarem o tipo e a abrangênciadas alterações esperadas, e se determinar o impacto econômico dessas alterações, emrelação aos níveis de produtividade, custos de desenvolvimento, necessidades de mão-de-obra, necessidades de adubações e melhoramentos de solos, etc. Os fatores essenci-ais, normalmente considerados como permanentes, incluem: textura; profundidades atéa camada arenosa, cascalho, calhau ou rocha-matriz; profundidades até a camada decarbonato de cálcio, argipã, duripan; e macrorrelevo.

Muitos fatores da terra são mutáveis a um custo específico, incluindo a profundi-dade do solo, a salinidade, a sodicidade, a acidez titulável, o alumínio trocável, a profun-didade do lençol freático e o microrrelevo. Entretanto, tais mudanças podem ser econo-micamente inviáveis, quando seus custos são analisados em relação ao tipo e à escalade produção esperada das culturas, e aos benefícios decorrentes e/ou ao nível de rendalíquida do lote. Portanto, é necessária uma comparação entre os resultados econômicosobtidos e as medidas corretivas e a decisão de não se efetuarem as correções das defici-ências e de se aceitar o conseqüente decréscimo nos níveis de produtividade e/ou au-mentos nos custos de produção.

2.4 Clima e seus Efeitos na Irrigação

O clima exerce influência significativa na aptidão das terras para irrigação. As ca-racterísticas do solo, as condições de drenagem, a distribuição da vegetação nativa e aadaptação das culturas são fatores relacionados ao clima. Em menor vulto, o clima tam-bém influencia o relevo da superfície da terra. Esses fatores afetam as necessidades daárea, o tipo de plano formulado, o desenho das instalações e os impactos econômicosrelativos à irrigação. Sendo assim, as terras consideradas irrigáveis poderão ter caracte-rísticas e qualidades diferentes, em relação a cenários climáticos diversos.

Clima, terra, economia e fatores sociais interagem ao longo do tempo, expressan-do-se em vários modelos de parcelas irrigadas. Enquanto o clima e a terra, numa propor-ção menor, contribuem dando estabilidade a estes modelos, os fatores econômicos esociais provocam mudanças dinâmicas nos modelos, ao longo do tempo. Assim, os fa-tores físicos ambientais, incluindo o clima, determinam as culturas aptas, enquanto osfatores econômicos e sociais determinam o que é cultivado. Portanto, uma série de su-posições, apropriadamente formuladas, relacionadas aos padrões de cultivo e sistemasde manejo, são consideradas fundamentais no planejamento de um projeto de irrigação.

A escolha deve considerar: (a) qualidade das terras aptas para irrigação; (b) neces-sidade de água e eficiência da irrigação; (c) desenho e capacidade do sistema de distri-buição de água do projeto; (d) desenho e capacidade do sistema de irrigação do lote; (e)necessidade de drenagem superficial e subsuperficial; (f) profundidade mínima de ma-nutenção do lençol freático; (g) necessidade de lixiviação de sais e o seu ponto de equi-líbrio; (h) insumos necessários e produção na parcela; e (i) viabilidade e justificativa doprojeto. É necessário se obterem muitos dados, se fazerem análises e se ter bom sensopara adequar o projeto ao clima e ao cenário econômico.

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Onde ocorre uma ampla faixa de adaptação de culturas, deve-se ter bastante folgano projeto do sistema de distribuição e drenagem, para permitir qualquer mudança noplano cultural.

As condições climáticas também podem variar de uma estação para outra. Dessaforma, a alteração do clima, de um ano para outro, é de suma importância na definiçãodo plano cultural e do projeto do sistema.

Os fatores climáticos não estão entre os itens das especificações para a classifica-ção das terras, embora sejam uma consideração importante no valor das terras parairrigação. Normalmente, as condições climáticas não apresentam diferenças significati-vas dentro da área de um projeto, e podem ser perfeitamente definidas por um conjuntode especificações. Entretanto, poderão ocorrer exceções, como no caso de projetos comelevações extremas, tendo como conseqüência variações climáticas apreciáveis, quepoderão influenciar a aptidão das terras, tornando-se necessária a preparação de doisgrupos de especificações, ou um só grupo, que reflita as variações climáticas.

Existem casos isolados onde o microclima poderá ser significativo; nestas circuns-tâncias, poderão ser incluídos itens referentes às situações microclimáticas nasespecificações. O exemplo mais comum, em que um fator microclimático é relevante,está no efeito da drenagem do ar no fenômeno da geada em culturas sensíveis. Podemexistir situações de terras em altitudes elevadas ou em declive, onde o efeito da geada émenos intenso, pelo fato de o ar mais frio permanecer nas terras mais baixas e planas.

Apesar de o clima ter efeitos definidos nas características das terras, a sua maisimportante influência na aptidão das terras para irrigação reside na variabilidade dasculturas permitidas pelos fatores climáticos num certo projeto, a qual, por sua vez, influ-encia bastante o retorno econômico da terra sob um regime de irrigação. As classes dasterras e o limite mínimo permissível para ser arável dependem destes retornos econômi-cos.

Alguns dos aspectos climáticos mais importantes que influenciam a aptidão dasterras para irrigação são: (a) duração da época de cultivo; (b) temperatura; (c) quantida-de, intensidade e distribuição da precipitação; (d) velocidade dos ventos; (e) tempesta-des de granizo e/ou de vento; (f) umidade; e (g) duração do dia.

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PROCEDIMENTOS

Os princípios abordados no Capítulo 2 e suas adequadas aplicações resultarãonuma classificação de terras consistente e fundamentada, de acordo com sua aptidãopara irrigação; entretanto, é nesta aplicação “adequada” que a ocorrência de erros émais provável. É importante que os procedimentos usados na aplicação destes princípi-os sejam amplamente examinados.

Este capítulo aborda como os princípios são aplicados nas situações de campo.

3.1 Correlação dos Fatores Econômicos e Físicos

Este processo, brevemente citado no Item 2.2, envolve a relação existente entre osfatores físicos e químicos da terra e os retornos econômicos previstos em um projeto.

Existem várias características físicas (textura, estrutura, etc.) e químicas (salinidade,sodicidade, etc.) do solo que influenciam a adaptabilidade e a produtividade das cultu-ras, como também os custos de produção. Além destas, há outras características físicase químicas das terras, as quais não são exclusivamente relacionadas ao perfil do solo.Estas características físicas (declive, permeabilidade do subsolo, etc.) e químicas (asodicidade afetando a drenagem interna, etc.) podem também influenciar a produtivida-de, o custo de desenvolvimento da terra para irrigação e os custos de produção. Estaspropriedades e seus efeitos, quando forem identificados e suas dimensões avaliadas emtermos econômicos relacionados às mudanças que acarretam na renda líquida do lote,tornar-se-ão a base da classificação das terras para irrigação.

Por conseguinte, será feito um prognóstico. As interações entre solo e água, de-senvolvimento da terra e práticas culturais intensivas acarretarão, com o tempo, mudan-ças que devem ser previstas e cuidadosamente avaliadas, para que a classificação finaltenha alguma validade e utilidade. A avaliação destas mudanças requer uma abordagemrazoavelmente precisa do tipo de desenvolvimento que irá ocorrer, como, por exemplo,o plano de cultivo a ser adotado, o tipo do sistema de abastecimento de água do projeto,o sistema de distribuição de água às parcelas e a dimensão do sistema de drenagemnecessário.

Como parte do processo de previsão das futuras condições de operação do proje-to e para se realizar uma avaliação exata de sua viabilidade econômica, deve-se conside-rar o modo pelo qual as deficiências das terras são tratadas, como foi discutido breve-mente no Item 2.3 deste MANUAL. Algumas deficiências das terras podem ser corrigidas.A decisão de corrigir ou não uma deficiência da terra é usualmente econômica, em pri-meira instância. Cada deficiência, caso seja corrigida ou não, requererá uma abordagemorçamentária um pouco diferente. Se as deficiências forem corrigíveis, as condições deprodutividade e a demanda geral de mão-de-obra por hectare para qualquer classe serãosimilares às da Classe 1. A separação das classes de terras sob este prisma resulta das

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variações no investimento para uma produção similar. A experiência nos Estados Uni-dos indica que os agricultores se dispõem a investir considerável soma no desenvolvi-mento de suas terras, para minimizar os custos de mão-de-obra com a irrigação, caso aprodutividade possa alcançar níveis semelhantes aos das terras de Classe 1; porém, estenão é o caso nos países em desenvolvimento. Estudos orçamentários do lote mostramas limitações no investimento com a produtividade dos solos, em detrimento das condi-ções econômicas do projeto. As deficiências sem possibilidades de correção, tais comoas dos solos rasos, reduzem a produtividade e a renda da parcela abaixo dos níveisdefinidos para Classe 1 e, dessa forma, indica-se o enquadramento numa classe de ter-ras inferior. Essencialmente, uma decisão econômica é tomada antes de se fazer uminvestimento inicial alto, para corrigir ou não uma deficiência do solo. Existem duasopções: a primeira seria corrigir a deficiência e, conseqüentemente, obter maior produti-vidade e redução dos custos de produção; a segunda seria não corrigir a deficiência, eassim obter ou menor produtividade e/ou maiores custos de produção. Se a deficiênciafor muito severa, talvez não seja viável aceitar qualquer uma destas alternativas. Portan-to, se nenhuma das alternativas for economicamente aceitável, a terra será consideradainapta para irrigação.

A correlação dos fatores econômicos e físicos é um processo iterativo, que exigeajustes e refinamentos quanto mais disponíveis se tornam os dados de campo. Inicial-mente faz-se uma aproximação, na qual se utilizam dados secundários apropriados, com-parações com áreas similares e estudos de campo de baixa intensidade, para determinaros fatores físicos e químicos mais importantes da terra e relacionar os conseqüentesimpactos econômicos. Neste processo, certas proposições são feitas e testadas, enquan-to se acumula experiência de campo.

Nesta correlação, deve-se considerar certas relações básicas em todos os níveis deestudo. Um tratamento mais detalhado destas relações é apresentado a seguir.

3.1.1 Determinação do Plano de Cultivo e do Método de Irrigação

Esta determinação, ou a apresentação de uma proposta razoavelmente precisa,deve ser feita logo no início do processo de classificação das terras. Este é um métodosimilar àquele descrito pela FAO (Food and Agriculture Organization) das Nações Uni-das, para a seleção do LUT (Tipo de Uso da Terra); porém, o modo como é utilizado pelo“Bureau of Reclamation” requer uma pré-seleção com, relativamente, poucas alternati-vas.

A escolha do plano cultural e do método de irrigação é, às vezes, óbvia; porém, podetornar-se complexa, dependendo das características do projeto e do país em que o mesmoserá localizado. Certas condições físicas e biológicas, como clima, características dos so-los, suprimento de água e topografia, selecionam as culturas com adaptabilidade às condi-ções físicas na área do projeto. Se pudessem escolher, os agricultores plantariam as cultu-ras mais rentáveis entre as pré-selecionadas. Porém, existem inúmeros fatores que afetama rentabilidade das culturas, ou até restringem sua escolha. Por exemplo, a restrição domercado para os produtos agrícolas provenientes dos projetos pode ser, em alguns casos,consideração importante. A fruticultura e a olericultura freqüentemente possuem o maiorpotencial lucrativo. Entretanto, estes produtos são cultivados, em geral, numa pequenapercentagem de área dos projetos, o suficiente para esgotar o mercado disponível. Isto sedeve à falta de transporte, à infra-estrutura de processamento ou à competição com outrasáreas produtoras.

Os agricultores podem diminuir a área destinada ao cultivo de produtos mais no-bres devido aos maiores riscos destas culturas, relativos às flutuações severas de preço,e à maior susceptibilidade às doenças e pragas do que as culturas básicas. Pode haverlimitações também pela falta de capital para investimento e capital de giro. Algumas

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vezes, é necessário promover uma rotação de culturas de menor rendimento para redu-zir a erosão do solo, recuperar sua fertilidade ou controlar doenças e pragas.

Embora todos os fatores citados possam ser importantes em alguma ocasião, aseleção de culturas é geralmente simples. Em geral, a seleção se limitará a uma ou maisculturas de cereais, ou talvez à forragem para a pecuária. O mercado e o risco do cultivopodem não ser fatores preponderantes, e talvez o plano cultural seja apenas uma formade planejar adequadamente uma combinação de culturas de maior rentabilidade, consi-derando-se a rotação de culturas no controle de doenças e pragas. Um país poderá teruma clara vantagem, comparado a outros, para plantar certa cultura para exportação, e éóbvio que as terras do projeto serão utilizadas para aquele propósito.

Deve-se ter segurança na elaboração do plano cultural para se assegurar que nãose destinará uma percentagem das terras cultiváveis a culturas nobres, além do que arealidade de mercado recomenda. Superestimar o potencial da produção agrícola parareforçar a justificativa econômica do projeto e aumentar as chances de obter financia-mento para o projeto pode ser desastroso para o sucesso dos agricultores e para a segu-rança financeira do projeto. Com o objetivo de preparar especificações para classificaçãode terras, os estudos econômicos devem, em geral, assumir o uso da terra e o tamanhodas propriedades ou parcelas como sendo idênticos, para evitar erros ou confusões queestes itens podem causar, se forem adotados valores com grande flutuação.

Contudo, uma vez iniciada a classificação, estudos adicionais baseados em condi-ções variáveis de empreendimentos, uso da terra e tamanho das propriedades podemser necessários para mostrar a expectativa de variação destes, e a sua importância rela-tiva para os benefícios esperados.

Se as condições de projeto são tais que os solos da Classe 3 possuem texturamuito diferente da dos solos das Classes 1 e 2, e a experiência tem mostrado que diferen-tes padrões de cultivo poderão se desenvolver nestas terras. O orçamento elaborado,com objetivo de desenvolver as especificações para classificação de terras, deve repre-sentar, adequadamente, estas variáveis. Se as condições do solo limitarem as produtivi-dades das culturas e, conseqüentemente, os seus rendimentos, isto pode significar queserá indispensável uma parcela maior para produzir a renda líquida necessária para asterras serem consideradas aráveis.

A escolha do método de irrigação é normalmente tarefa simples e direta. O planode cultivo, as características do solo, a topografia e a experiência local normalmenteindicam o método que deverá ser usado e os aspectos específicos do sistema, como ocomprimento dos sulcos e a vazão.

Caso não haja uma escolha evidente, fornecida pelos fatores já citados, deverá sefazer uma análise dos custos anuais de métodos alternativos para se selecionar o méto-do de custo menor. Os custos de investimento para desmatamento, sistematização, cons-trução de valas e diques deverão ser incorporados aos seus juros anuais equivalentes eaos custos de depreciação. Todos os custos anuais que variam entre os métodos deirrigação devem ser estimados e adicionados ao custo anual de capital. Alguns exem-plos de fatores de custos anuais que podem variar entre os sistemas de irrigação são:manutenção, mão-de-obra e vida útil das máquinas. Os custos anuais, independente dométodo de irrigação escolhido subseqüentemente, são usados nas análises econômicasdos rendimentos e benefícios da parcela.

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3.1.2 Relação entre os Níveis de Produtividade e o Planejamento para oDesenvolvimento da Terra

Sempre haverá uma escolha entre melhorar a produtividade, ao custo de um in-vestimento adicional no desenvolvimento da terra, e aceitar produtividades menores eacumular capital para investir em tecnologias mais sofisticadas.

Uma situação muito comum é a de produtividades baixas em função de distribui-ção deficitária de água, em conseqüência de superfícies desniveladas. A sistematizaçãodo terreno incrementará a produtividade, mas tão-somente ela não é suficiente para quetal fato ocorra. A maneira de avaliar se este tipo de investimento compensa ou não seriacomparar o custo anual do investimento do desenvolvimento da terra com o aumento narenda líquida anual proveniente de um aumento na produção. O aumento na renda líqui-da anual é verificado pela diferença entre o valor bruto do incremento de produção (pre-ço x quantidade) e o aumento nos custos de produção acarretado pelo incremento desta.A variação nos custos de produção usualmente inclui apenas os custos variáveis parasementes, fertilizantes e colheita.

Supondo-se que se possa aumentar a produtividade do arroz em 10%, passandode 5.670 kg/ha para 6.237 kg/ha, simplesmente através da sistematização do terreno,pelo custo de US$ 500/ha. O preço do arroz é de US$ 0.22/kg e os custos variáveis deprodução são de US$ 0.088/kg. O aumento potencial do rendimento líquido, devido aonivelamento, é de US$ 75/ha (US$ 0.132 x 567 kg).

Os custos da sistematização são de US$ 500/ha e deverão ser pagos num prazo de30 anos, com juros de 12 por cento. A amortização do débito será de US$ 62/ha/ano, oque é inferior ao aumento do rendimento líquido do lote devido à sistematização. Portan-to, neste exemplo hipotético, o investimento para os custos de desenvolvimento dasterras seria economicamente justificável. Neste exemplo, assumiu-se que o agricultorfinanciou os custos de desenvolvimento da terra. Se o investimento para o desenvolvi-mento da terra fosse considerado um custo de projeto, seriam utilizadas a vida útil donivelamento - supondo que seja 50 anos - e a taxa de juros avaliada para o projeto.Contudo, o critério básico de avaliação é essencialmente o mesmo: o custo anual doinvestimento no desenvolvimento da terra deve ser menor do que o aumento no rendi-mento líquido do lote anual, proveniente da maior produtividade.

3.1.3 Relação entre os Custos de Desenvolvimento da Terra e Outros Custos deProdução

Há casos em que investimentos adicionais no desenvolvimento da terra não terão,como conseqüência, o aumento da produtividade, mas reduzirão outros custos de pro-dução. Suponha-se, por exemplo, que exista a alternativa de revestir ou não os canaisprincipais com concreto. Os canais revestidos de concreto custarão US$ 200 a mais doque os canais de terra. A amortização anual do débito será calculada nos mesmos ter-mos do exemplo anterior e será de US$ 25/ha. A instalação de canais de concreto econo-mizará 400m3 de água/ha anualmente, ao custo de US$ 12/ha, e reduzirá os custos docontrole de ervas daninhas e da mão-de-obra com a irrigação a US$ 10/ha. Neste exem-plo, não compensa investir na construção de canais de concreto, pois o custo anual doinvestimento (US$ 25/ha) é maior do que os US$ 22/ha economizados com os outroscustos de produção.

O investimento no desenvolvimento da terra, em alguns casos, poderá aumentar aprodutividade e reduzir os custos de produção. O processo analítico é o mesmo dos doisexemplos anteriores. O investimento no desenvolvimento da terra deverá ser amortiza-do e comparado ao conseqüente aumento na renda líquida do lote.

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Tanto a economia nos custos de produção quanto a no aumento da produtividadesão contabilizadas pela diferença entre o rendimento líquido do lote total - sem os inves-timentos de desenvolvimento da terra - e o rendimento líquido com os custos de investi-mento, para se obterem as variações causadas pelo investimento.

3.2 Formulação das Especificações

Algum método deve ser elaborado para catalogar os fatores e avaliar seus efeitos,para manter a consistência dos dados ao se abordar o grande número de fatores com-plexos que influenciam a aptidão das terras para irrigação. O desenvolvimento e o regis-tro das “especificações” para as classes de terras evoluiu deste modo. Estasespecificações, como utilizadas pelo “Bureau of Reclamation”, listam as característicasmais importantes das terras, relativas a solo, topografia e drenagem, para um certo ce-nário econômico agrícola, e mostram o nível máximo permitido de deficiência de cadacaracterística, onde todas as demais são ótimas.

As especificações são dinâmicas por definição, e sua finalização faz parte de umprocesso iterativo e contínuo, com a acumulação de dados fornecidos pela experiênciade campo no período de pesquisa. O desenvolvimento das especificações requer a coo-peração de pedólogos, economistas e engenheiros de drenagem, que atuarão como umaequipe de avaliação das terras. Esta cooperação será particularmente relevante se asespecificações iniciais forem “compiladas” de áreas similares e ajustadas (como é co-mum acontecer nos estudos a nível de reconhecimento).

A avaliação da pesquisa de campo deverá basear-se em características físicas dasterras cuidadosamente selecionadas e interpretadas. Isto requer o estabelecimento deespecificações físicas que mostrem o limite inferior do rendimento líquido do lote paracada classe de terra. As especificações organizam as características físicas da terra emconjuntos economicamente similares, segundo sua aptidão para irrigação. As caracterís-ticas físicas das terras são as que podem ser facilmente observadas e avaliadas pelospedólogos através de observações de campo, análises de laboratório e estudos especi-ais. Especificações para avaliações informativas também poderão ser necessárias. To-dos os tipos de estudos para classificação das terras para irrigação requerem um grupode especificações, que deverão se basear na futura economia agrícola sob as condições“com projeto”. As especificações deverão refletir as condições futuras a prevaleceremquando a evolução das terras atingirem um equilíbrio sob irrigação. Particularmente nocaso das nações em desenvolvimento, há necessidade de se fazerem considerações es-pecíficas cuidadosas dos sistemas sociais e dos critérios utilizados no desenvolvimentode recursos.

Existem vários requisitos para o desenvolvimento das especificações, entre os quaisa identificação dos custos da parcela e do projeto, as limitações impostas pelo suprimen-to e qualidade da água, os métodos de irrigação a serem aplicados, as futuras condiçõesda economia agrícola, as características das terras e suas deficiências, as limitações domeio ambiente, e quaisquer outras limitações físicas ou econômicas no rendimento lí-quido do lote peculiar à área, e a estimativa do OM&R. Um exemplo de especificaçõesusado para uma classificação detalhada de terra pode ser encontrado no Anexo 3 desteMANUAL - “Classificação Econômica de Terras” (Tabela A.3-8).

3.2.1 Limites Críticos para Deficiências em Relação ao Retorno Econômico

O conceito básico de uma classificação econômica de terras é determinar a apti-dão das terras baseada nos principais parâmetros físicos que influenciam a produtivida-de da terra - a qual é normalmente avaliada pelo rendimento líquido do lote. Embora oobjetivo do levantamento seja o mesmo, o grau de precisão no qual os parâmetros físi-cos do solo são relacionados às conseqüências econômicas na produtividade varia de

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Classificação de Terras para Irrigação

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acordo com o volume de dados disponíveis e com o esforço dedicado à análise econômi-ca. Os procedimentos aqui relatados, utilizados para relacionar os parâmetros físicos dosolo e a produtividade econômica, diferem somente na quantidade de dados empíricosrelativos às estimativas criteriosas usadas na elaboração das especificações para a clas-sificação das terras.

O nível mínimo de análises econômicas para apoiar as especificações envolve osseguintes passos:

Estimativa da futura utilização agrícola da terra (Plano Cultural). Este processo ésimilar ao LUT - conceito da FAO de tipo de uso da terra-, mas requer um conjuntomenor de alternativas;Estimativa dos efeitos nos índices de produtividade das principais deficiências daterra;Estimativa dos aumentos dos custos de produção ocasionados pelas principaisdeficiências da terra;Determinação do rendimento líquido mínimo do lote aceitável para que as terrasdo projeto sejam consideradas aráveis (pode também envolver a definição do con-ceito NIIB, no qual este procedimento é utilizado.);Determinação do rendimento líquido do lote, ou do NIIB, da melhor e pior terraarável do projeto;Definição do conceito de limite entre as classes das terras.

Após a determinação do padrão de cultivo previsto, o próximo passo será estabe-lecer um índice de produtividade para cada cultura, estimando o efeito na produção dosdiferentes graus de deficiências nos principais parâmetros físicos das terras. A condiçãomais favorável de cada caraterística da terra encontrada no projeto será designada pelovalor 100. Conseqüentemente, os valores inferiores a 100 são atribuídos às condiçõesmenos favoráveis, para espelhar a redução estimada na produção causada por tal condi-ção. Por exemplo, Maas e Hoffman estimam que o nível liminar de danos na produção dearroz causados pela salinidade é de 3,0 mmhos CE (condutividade elétrica)[2]2. A produ-ção ficará reduzida em 12% com o aumento de cada mmho de condutividade elétricaacima do nível liminar. Esta informação poderá ser convertida para um índice de produ-ção, onde os solos com condutividade elétrica igual ou menor a 3,0 mmhos serão avali-ados em 100, 4 mmhos de CE em 88, e 5 mmhos em 76. Índices similares seriam estabe-lecidos para quaisquer outras deficiências de solos encontradas na área do projeto quecausassem reduções na produção.

Quando a utilização agrícola da terra comporta mais de uma cultura, poderá serútil estabelecer um índice global de produtividade para cada cultura, relativo ao rendi-mento líquido total. Conseqüentemente, um índice composto de produtividade para cadaclasse de terra poderá ser calculado a partir do produto dos índices de produtividadeestimados para cada principal fator de deficiência de solo, a fim de se estabelecer oíndice global de produtividade para cada parâmetro de deficiência, baseado na relevân-cia da produtividade de cada cultura e no rendimento líquido total. O índice compostoserá normalmente representado por valores de 0 a 100.

A estimativa do índice composto de produtividade para uma classe de terras ésubjetiva. Muitas vezes não existirá uma base dutividade estimados para cada principalfator de deficiência de solo, a fim de se estabelecer o índice global de produtividade paracada parâmetro de deficiência, baseado na relevância da produtividade de cada cultura eno rendimento líquido total. O índice composto será normalmente representado por va-lores de 0 a 100.

2 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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Classificação de Terras para Irrigação

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A estimativa do índice composto de produtividade para uma classe de terras ésubjetiva. Muitas vezes não existirá uma base usar, também, tantos dados quantos pos-sam ser obtidos, no âmbito das restrições orçamentárias do estudo, para desenvolver everificar os índices.

O próximo passo será identificar as deficiências de solo que provocam aumentosnos custos de produção e estimar o aumento nos custos provenientes do agravamentoda deficiência. Por exemplo, solos com alto teor de sódio trocável freqüentemente re-querem um programa anual de tratamento para manter a sua permeabilidade. A aplica-ção de ácido sulfúrico e matéria orgânica acrescenta aproximadamente US$ 185/ha aocusto anual de produção nestes solos, em comparação com os de Classe 1. Este custoadicional abaixaria a classificação das terras para Classe 2 ou 3, ou talvez até para Classe6 (inapta), se a aptidão das terras fosse somente para culturas de baixo rendimento.

Um outro exemplo de deficiência de solo que acarreta maiores custos de produ-ção é a redução na capacidade de retenção de água.

A necessidade de irrigação para a cultura da alfafa no oeste dos Estados Unidos éde aproximadamente 154cm anuais. Pressuponha-se que as terras de Classe 1 tenham15cm de capacidade de retenção de água na rizosfera, que o ponto de murchamento sejade 5cm; e que o número de irrigações necessárias para um ano de cultivo seja 15. Numairrigação por sulco, o comprimento máximo permissível dos sulcos neste tipo de solopesado seria 610m, e o tempo necessário para colocar os tubos em sifão para uma irriga-ção, aproximadamente 1,25h/ha, resultando numa demanda de mão-de-obra de 18,75h/ha, a um custo de US$ 4,00/ha, totalizando US$ 75/ha.

No exemplo citado, as terras de Classe 3 situadas no mesmo projeto possuemuma capacidade de retenção de água de somente 7,6cm na zona das raízes, dos quaiscerca de 5cm serão utilizáveis entre as irrigações. Portanto, serão necessárias aproxima-damente 31 irrigações por ano de cultivo para produzir alfafa nestas terras. O compri-mento máximo dos sulcos permitido nestes solos de texturas mais grosseiras seria 305m,o que aumentaria a mão-de-obra para 2,5h/ha. A demanda total de mão-de-obra nestasterras de Classe 3 seria 78h/ha, o que custaria US$ 312/ha anualmente. Após a avaliaçãodos efeitos das deficiências das terras na produção e nos custos de produção, esta infor-mação é usada para se desenvolverem os orçamentos do lote, que estimam os níveisgerais de renda correspondentes a cada classe de terra.

Existindo terras irrigadas similares às terras do projeto em estudo, utilizam-se osdados de produção destas áreas no estabelecimento das especificações para a classifica-ção das terras similares em estudo. Estes dados podem mostrar que as tolerâncias paraa profundidade do solo, textura, e as conseqüências da zona de carbonato de cálcio oucalcário devem ser mais maleáveis do que os critérios normalmente adotados. Porém,deve-se tomar cuidado na avaliação dos dados dos projetos existentes, a fim de se tercerteza de que a aparente produtividade alta ou baixa não resulta mais do manejo do quedas condições do solo. Se os dados de produção para cada condição de solo foremobtidos em várias parcelas em vez de em um local específico, a influência do manejonestes dados será reduzida e estes serão mais confiáveis como critérios básicos de solosno estabelecimento das especificações para a classificação das terras.

Na elaboração das especificações, deve ser definido o nível de rendimento mínimopermitido (ou benefícios adicionais) para as terras do projeto serem classificadas comoaráveis. Este nível varia entre projetos e entre países, dependendo das regras do financi-amento, da política de racionalização de custos e dos padrões de renda. Existe uma for-ma de estabelecer este nível de rendimento mínimo mediante um processo orçamentá-rio, que consiste na suposição de que a atividade agrícola, nas piores terras do projeto,seja capaz de produzir, pelo menos, uma renda suficiente para pagar um determinado

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salário específico à mão-de-obra, custear o cultivo e garantir uma taxa mínima de retor-no do investimento do agricultor, e mais a sua tarifa mínima de água.

Deve-se preparar pelo menos dois orçamentos do lote segundo o conceito de umaclassificação econômica das terras. O orçamento mais importante é aquele que repre-senta a produtividade e os custos de produção nas terras marginais, cuja arabilidade foiquestionada pela equipe de pedólogos. Se o estudo orçamentário indicar que estas ter-ras estão praticamente no limite inferior da arabilidade, este orçamento servirá de basepara estabelecer os limites de tolerância permitidos para as deficiências, de modo que asterras sejam consideradas aráveis nas especificações para a classificação de terras. En-tretanto, o orçamento poderá mostrar que estas terras marginais produzem rendimentossignificativamente maiores ou menores do que o esperado pela equipe de classificaçãode terras. Isto mostra que serão indispensáveis algumas mudanças nos limites dosparâmetros físicos, e orçamentos adicionais serão necessários para definir melhor oslimites inferiores da arabilidade.

O segundo orçamento mais importante é aquele que retrata o rendimento espera-do quando todas as deficiências potenciais dos solos se situam nas condições mais favo-ráveis encontradas no projeto. Esse orçamento estabelece o limite máximo no cenáriopotencial de rendimento das terras do projeto, e é usado, subseqüentemente, para deter-minar os limites máximos dos custos de desenvolvimento para corrigir as deficiênciasde solo.

Com estas duas estimativas limitando o rendimento esperado das terras do proje-to, sob as melhores e piores condições pelas quais as terras seriam consideradas ará-veis, para as deficiências principais, é possível selecionar intervalos de rendimento,correlacionados a parâmetros físicos, para definir os limites das classes de terras.

O processo orçamentário descrito baseia-se numa breve análise econômica, asso-ciada intrinsecamente a uma apreciação subjetiva, para definir os parâmetros para aclassificação de terras.

As bases econômicas para a classificação de terras ficarão mais fundamentadascom a elaboração de orçamentos para o maior número e condições significativamentediferentes de solos, topografia e drenagem encontradas na área do projeto. Por exem-plo, se existe mais do que uma classe de terra arável, convém ter pelo menos um orça-mento mostrando o rendimento sob as condições mais comuns ou típicas para aquelaclasse de terra.

Em um caso bastante favorável, onde há dados e tempo suficientes para uma aná-lise econômica detalhada, é útil preparar orçamentos para cada um dos principaisparâmetros físicos, que a equipe de pedólogos identificou como potencialmentedeterminantes de classes de terras. Os resultados dos orçamentos deverão ser usadospara ordenar os parâmetros físicos em classes de terras, baseados nos seus respectivosgraus de influência no rendimento da atividade agrícola. Além disto, as especificaçõesque estabelecem as condições limites para cada parâmetro principal determinante daclasse podem ser mais facilmente desenvolvidas com informações orçamentárias adici-onais. Esta abordagem elimina a necessidade de índices de produtividade e diminui aquantidade de julgamentos na elaboração das especificações. Embora os custos destaanálise orçamentária sejam maiores, devido ao maior tempo e trabalho requeridos nasua elaboração, ela fornecerá uma melhor base empírica para a classificação de terras. Amaioria dos estudos encaixa-se em algum lugar entre os dois extremos aqui apresenta-dos, dependendo da complexidade do projeto, da significância dos prováveis erros nasespecificações para classificação das terras e dos recursos disponíveis para realizar osestudos econômicos. O mais importante é que a classificação das terras deve refletir as

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diferenças na produtividade das terras sob irrigação, a longo prazo, ao invés de se deternas diferenças físicas sem considerar as implicações econômicas.

As especificações para classificação de terras devem incluir alguma orientaçãorelativa ao máximo investimento permitido no desenvolvimento da terra para removerou melhorar as deficiências corrigíveis. O procedimento básico para determinar estelimite máximo de investimento consiste em contabilizar a diferença entre o rendimentolíquido da atividade agrícola com a deficiência corrigida, e o nível mínimo de rendimentoestabelecido para que a terra seja considerada arável. A taxa de juros usada nesta conta-bilidade deverá basear-se no custo do capital para o agricultor, ou para quem irá financi-ar o investimento.

Como ilustração deste método, admita-se que existam dois níveis orçamentáriosde rendimento líquido para as terras do projeto. O melhor solo de Classe 1 requer umcusto de desenvolvimento de US$ 200/ha e produz um rendimento líquido anual de ativi-dade agrícola de US$ 600/ha. O nível mínimo aceitável de rendimento líquido para asterras aráveis de Classe 3 no projeto é de US$ 300/ha. O custo do capital para o fazendei-ro tem juros de 12%, e os melhoramentos potenciais eliminarão, ao longo do tempo, asdeficiências corrigíveis. Portanto, se as terras deficientes forem tão produtivas quanto asmelhores de Classe 1 após a sua correção, o investimento máximo permitido no desen-volvimento da terra será calculado assim: o rendimento líquido anual da atividade agrí-cola das terras de Classe 1 após o melhoramento (US$ 600/ha) menos o rendimentolíquido mínimo das terras aráveis de Classe 3 (US$ 300/ha) mais o custo de desenvolvi-mento das terras de Classe 1 (US$ 200/ha) dividido por uma taxa de juros de 12%. Nesteexemplo, o limite máximo do investimento para todas as deficiências corrigíveis é deUS$ 4.167/ha.

600 - 300 + 200Cálculo:

0,12= US$ 4.167/ha

Esta quantia poderá ser usada para corrigir apenas uma deficiência ou diversasdeficiências; porém, é tudo que pode ser investido por hectare. Investindo-se mais doque US$ 4.167/ha para corrigir deficiências, a renda líquida do lote cai para menos deUS$ 300/ha, que é estabelecido como nível mínimo para a terra ser classificada comoarável.

A aplicação do conceito de determinação dos limites dos custos de desenvolvi-mento na realidade do campo é mais complexa e sujeita a crítica do que a teoria. Porexemplo, se a produtividade da terra de Classe 1 após a correção das deficiências, forinferior à esperada, o limite permitido para o investimento no desenvolvimento da terraserá também inferior. Sendo assim, é necessário estimar o rendimento líquido do lote,após a correção, e substituir este valor pelo rendimento líquido da Classe 1, usado noexemplo anterior. Outra medida será a não inclusão do custo de desenvolvimento paraas terras de Classe 1 na contabilidade dos rendimentos anuais, antes da capitalização.Quando as correções das deficiências não prevalecerem até o tempo de uma vida útileconômica permanente, o cálculo do limite máximo do investimento será mais compli-cado. Quando isto acontece, devem ser usados procedimentos padrões para amortiza-ção e abatimento de custo que ocorram em diferentes pontos no tempo, para determinaros limites permitidos para as deficiências corrigíveis.

Dentre as diretrizes de classificação das terras, o pedólogo deverá ter senso críticopara determinar os limites de danos para as combinações admissíveis de deficiências epreestabelecer o nível de produtividade após a correção parcial ou total das deficiências.O Apêndice 3, “Classificação Econômica de Terras” é um dos capítulos do Manual de“Avaliação Econômica e Financeira dos Projetos de Irrigação”, e trata, em detalhes, das

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considerações econômicas que devem ser incorporadas no estabelecimento dasespecificações para determinar a aptidão das terras de um projeto de irrigação.

3.2.2 Limites Críticos para Fatores Relacionados à Permanência da AgriculturaIrrigada Produtiva

Há certos fatores críticos para a manutenção de uma agricultura irrigada estável eprodutiva sob qualquer plano de cultivo, o que resultará num declínio de produtividade,mesmo sob um sistema de irrigação, se não estiverem em condições favoráveis ou nãoforem corrigidos, ao invés de um nível de rendimento líquido do lote mais baixo, porémestável. Isto significa que o nível de deficiência destes fatores deve estar abaixo do nívelcrítico, ou que a correção destas deficiências deve ser técnica e economicamente possí-vel, para que a agricultura irrigada produtiva possa ser mantida.

Os fatores mais freqüentes, principalmente em regiões áridas, são salinidade esodicidade e aqueles relacionados à drenabilidade do subsolo. Os níveis de salinidade esodicidade devem ser mantidos estáveis e abaixo dos níveis críticos de tolerância paraas culturas selecionadas, sendo também relacionados com a qualidade da água e o mé-todo de irrigação a ser utilizado. Para isto ser viável economicamente, as característicasdo solo e subsolo devem ser tais que a água infiltre pelo perfil em quantidades suficien-tes (dependendo da qualidade da água aplicada) para remover os sais e o sódio emexcesso e mantê-los nos limites admissíveis durante a vida útil do projeto. Se este equi-líbrio não for mantido (por exemplo, se a drenabilidade do subsolo não for adequadapara remover o volume de água necessário), pode-se esperar um depauperamento gra-dual e constante das condições físicas e químicas da terra, o que resultará numa grandequeda de produtividade, ou até numa produção nula.

Provavelmente, o fator mais importante relacionado à manutenção de uma produ-tividade constante sob irrigação é a drenabilidade do subsolo. A condição de drenageminadequada no subsolo tem ocasionado a salinização e a elevação dos teores de sódio aníveis críticos em vastas áreas de terras irrigadas do mundo. A constatação visual deproblemas de drenagem subsuperficiais ocorre, em geral, um tempo significativo após oinício da irrigação; portanto, é muito relevante considerar os fatores que influenciam adrenagem e avaliá-los com precisão durante as etapas de elaboração do projeto. Osníveis atuais de salinidade e sodicidade, textura, taxas de infiltração, taxas de permeabi-lidade subsuperficiais, capacidade de água disponível das camadas significativas, e aprofundidade até a camada impermeável devem ser incluídos nas especificações. Embo-ra os custos relativos a drenagem subsuperficial não sejam determinantes das classesde terras, quando são considerados como custos de projeto devem integrar especificaçõesdo mapeamento, uma vez que o seu efeito é profundo na determinação da irrigabilidadede uma área específica, principalmente quando se utiliza a análise financeira como basepara determinar a arabilidade das terras. Caso não sejam incluídos, produzirão um incre-mento na viabilidade do projeto.

Existem outros fatores que influenciam a estabilidade de uma agricultura irrigadaprodutiva, e as interações podem variar muito em termos mundiais.

O não reconhecimento destes fatores poderá resultar num severo declínio de pro-dutividade e/ou numa deterioração completa e permanente dos recursos da terra.

3.3 Considerações no Desenvolvimento do Projeto

Deve-se considerar o desenvolvimento do plano do projeto antes de se elabora-rem as especificações, a fim de se fazer uma determinação preliminar dos fatores signi-ficativos a serem incluídos nas especificações para classificação das terras. À medidaque o desenvolvimento do plano toma corpo e os dados preliminares relativos a nature-

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za e propriedades dos recursos de solos e água na área do projeto são reunidos, devemser estabelecidas a intensidade dos estudos a serem realizados, as características físicase químicas referentes às diversas classes de terras e as informações a serem incluídas nomapeamento. O tipo e a extensão dos estudos de terras a serem executados poderão serinfluenciados pelas seguintes condições: quantidade e qualidade da água, e a sua dispo-nibilidade legal e institucional; extensão e tipo de irrigação e drenagem existentes; im-pacto ambiental relativo aos recursos de água e solos (particularmente sobre a qualida-de da água percolada); relação custo-benefício exigida; tipos de sistemas de irrigação nolote; e práticas de manejo aplicadas na agricultura regional.

3.3.1 Níveis de Detalhes Necessários aos Objetivos do Estudo

Os tipos de levantamento de classificação das terras , usados na formulação doplano do projeto, normalmente incluem estudos de reconhecimento, semidetalhe e de-talhe. Cada modalidade de levantamento é apropriada a certo nível de estudo de planospara desenvolvimento de recursos hídricos. Nem sempre as três modalidades de levan-tamento serão necessárias para uma área em particular. É possível que a intensidade deobservações para um certo nível de estudos possa satisfazer as necessidades de umnível de levantamento mais detalhado, ou seja, adequada com poucas modificações. Naorganização e execução de um levantamento, as necessidades dos levantamentos se-guintes devem ser consideradas, a fim de que os dados coletados sejam compatíveiscom as necessidades dos estudos futuros. As necessidades mínimas para cada tipo delevantamento variam com as características da terra, o número e os tipos de levanta-mentos anteriores, a qualidade da água, o método de irrigação, o nível da agricultura eos requerimentos mínimos para percolação, e ainda de acordo com outros fatores.

O tipo da classificação das terras executado, o grau de detalhe e a precisãorequerida devem ser coerentes com o propósito da investigação. Isto é subordinado àrelação entre as unidades de mapeamento (classes e subclasses das terras) e aos aspec-tos significantes e úteis usados na formulação do plano do projeto. Somente normasgeneralizadas podem ser apresentadas quanto às exigências mínimas de cada tipo delevantamento. Enquanto o objetivo do levantamento é geralmente o mesmo para toda aárea do projeto, a intensidade do estudo poderá se alterar segundo a variação das carac-terísticas das terras na área do projeto. Padrões muito complexos de solos, topografia oudrenagem normalmente requerem uma gama substancialmente maior de informaçõesna separação de classes de terras, ou na solução de quaisquer outros problemas declassificação; porém, o método de irrigação poderá render também algumas complexi-dades, apesar de menos significantes (isto é, irrigação por aspersão em condições detopografia movimentada).

O “Bureau of Reclamation” estabelece algumas exigências mínimas para se alcan-çar o objetivo de precisão dos vários níveis de detalhe já citados (Tabela 3.1).

Reconhecimento - Este nível de estudo envolve uma demarcação generalizadadas terras com aptidão para irrigação sob um certo plano cultural, com designa-ções das relativas qualidades das terras suficientes para separar, no mínimo, asterras aptas das inaptas. Os fatores considerados num estudo de classificação dasterras a nível de reconhecimento são, geralmente, os mesmos considerados numestudo semidetalhado, mas a quantidade de dados disponíveis é menor, as demar-cações das classes são menos precisas e o grau de precisão admissível também émenor. Um levantamento de reconhecimento deverá ter aproximadamente 75%de precisão na separação das terras aptas das inaptas (em comparação com aprecisão de uma classificação detalhada). Deve ser feita, pelo menos, uma sonda-gem a trado com 1,5m de profundidade para cada 2,6 km2, embora seja convenien-te e muito recomendado fazer sondagens a trado adicionais, com 3m de profundi-dade, e coletar amostras de solos para serem analisadas em laboratório. Levanta-

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* REFERE-SE APENAS A DETERMINAÇÃO ENTRE ARÁVEL E NÃO-ARÁVEL.

Tabela 3.1. Requisitos Mínimos e Médios para os Parâmetros de Classificação de Terras para Irrigação

SORTEMÂRAPOTNEMICEHNOCER ODAHLATEDIMES ODAHLATED

OMINÍM OIDÉM OMINÍM OIDÉM OMINÍM OIDÉM

SADICELEBATSESARRETEDSESSALC LEVÁRA-OÃN/LEVÁRA 6-2-1 6-2-1 6-3-2-1 6-2-1 6-3-2-1

ESAB-SAPAMSODALACSE 00005:1 00052:1 00052:1 00001:1 00005:1 00005:1

)MK(OPMACONSEÕÇESERTNEAICNÂTSID 2 1 8,0 4,0 4,0 2,0

ADATNAVELAERÁAOÃÇALERMESODUTSESODODNATLUSEROÃSICERP %57 %09 %09 %59 %001 %001

)ah(SIEVÁRA-OÃNSAERÁSANADATIMILEDRESA6ESSALCEDAMINÍMAERÁ 61 8 2 1 2,0 1,0

SAERÁSANADATIMILEDRESA6ESSALCADSESSALCBUSSADAMINÍMAERÁ)ah(SIEVÁRA-OÃN AMUHNEN AMUHNEN 031 23 61 61

)ah(ESSALCEDAÇNADUMARAPAMINÍMAERÁ 23 61 01 4 4 2

UOLAUSIV(2mK/OTARTSBUSEOLOSODSEÕÇAVRESBOEDOMINÍM)SNEGADNOS 4,0 1 2 4 4 61

2mKROPEDADIDNUFORPEDM5,1ÉTASNEGADNOSEDOMINÍM

ETNEICIFUSRAZIRETCARAC/PUOOPURGADACOLOSEDEDADINU

1 4 61 61 02

EDADIDNUFORPEDSIAMUOm3ÉTASNEGADNOS AMUHNEN AMUHNEN

AMSEMAUO1EDADITNAUQ

AARAPADIREUQEREDOÃÇAGITSEVNI

MEGANERD

OMINÍMMEDI MEDIODAHLATEDIMES

MEDIODAHLATEDIMES

SARIEHCNIRTMESIFREP 0 0 0 OALAUGIOREMÚN

SIFREPEDSOVITATNESERPER

SODIREUQER

MEDIODAHLATEDIMES

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Classificação de Terras para Irrigação

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mentos deste tipo são normalmente feitos na escala 1:25.000, com base em foto-grafias aéreas. Qualquer ou todas as classes poderão ser delimitadas, se as condi-ções locais específicas o permitirem. Geralmente não é aconselhável usar as Clas-ses 4 e 5 devido à possibilidade de serem reveladas mais terras aráveis do que oslevantamentos posteriores mais detalhados possam registrar.

Às vezes, as especificações de áreas similares mapeadas recentemente poderãoser aproveitadas, com modificações, para o levantamento para classificação das terras anível de reconhecimento. As especificações deverão ser correlacionadas com critérioseconômicos relativos a área específica a ser levantada.

Caso não haja dados disponíveis adequados ao estudo, o levantamento deveráocorrer na base de inventários, ou com especificações preliminares sujeitas a possíveisajustes após a correlação econômica. Porém, a menos que as modificações sejam signi-ficativas, os ajustes dados pela correlação econômica deverão ser os mínimos possíveis.O método de irrigação deverá ser claramente citado para cada grupo de especificações.Quando um dos objetivos do estudo é determinar o método de irrigação mais conveni-ente, uma classe de terras especial ou limitada poderá ser estabelecida para as terrasaptas apenas para métodos de irrigação específicos. A qualidade da água, concomitan-temente à drenagem e aos fatores de percolação, deverão ser correlacionados com asespecificações.

Em geral, é necessário um mínimo de investigações de campo para um estudo dereconhecimento, e um significativo grau de confiança é depositado nos dados secundá-rios existentes, ou em fontes indiretas de informação. As atividades de campo são nor-malmente limitadas à complementação dos dados disponíveis, à verificação dos dados,ou à conversão dos dados para a forma convencional de classificação das terras. Umobjetivo importante do levantamento de reconhecimento é o fornecimento de dadosnecessários para delimitar a área bruta para levantamentos mais detalhados.

Uma classificação taxonômica dos solos poderá ser uma fonte valiosa de dadosbásicos das terras. Poderá haver outras fontes, como estudos geológicos, levantamen-tos de uso da terra, levantamentos utilitários do meio físico, mapas topográficos efotointerpretação executada por outros órgãos. Os dados, não importando sua proce-dência, deverão ser convertidos para uma forma adequada para a designação convenci-onal dos símbolos de classificação das terras, adaptados a uma escala e cobertura uni-formes.

Caso não haja perfis descritos ou análises químicas dos solos na área, provavel-mente será necessário coletar dados adicionais no trabalho de campo. Os dados sobreas terras devem ser adequados, para possibilitar a identificação dos principais tipos deterra da área. A avaliação do substrato para os estudos de drenagem deve ser feitacoordenadamente com os engenheiros de drenagem, para assegurar que está sendodado um enfoque adequado às condições de drenagem. A coleta de informações suple-mentares, incluindo dados do meio ambiente sem utilização direta pela equipe, deve sermínima. Porém, para garantir a máxima eficiência e precisão, o tipo e o nível de detalhedos dados suplementares coletados devem ser correlacionados com a potencialidade daequipe de estudos.

Os estudos de reconhecimento são em geral baseados numa quantidade limitadade informações, que devem ser analisadas e correlacionadas, com uma precisão razoá-vel, às áreas sem informações específicas. Uma classificação a nível de reconhecimentoconfiável é difícil de ser executada e requer um pedólogo de confiança, capacidade emuita experiência, cujo trabalho não necessite de muita supervisão ou revisão.

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Classificação de Terras para Irrigação

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A determinação da área irrigável a nível de reconhecimento deverá ser uma tarefamultidisciplinar. É necessária, normalmente, a determinação geral das áreas a seremservidas pela estrutura do projeto e da porção de terras aráveis que podem ser servidaspelo sistema do lote, para definir a área líquida irrigável. As áreas em geral tidas comopotencialmente aptas para receberem o projeto são selecionadas através dos procedi-mentos de planejamento. A área arável dentro da área bruta proposta para o projetopoderá ser assim reduzida por um fator estimado para quantificar a área inapta parairrigação. Os dados de uma classificação a nível de reconhecimento são úteis nos estu-dos de grandes áreas e na obtenção de informações generalizadas para determinar quaisáreas se apresentam com melhores aptidões para aproveitar os recursos hídricos dispo-níveis. Relatórios básicos preparados para mostrar dados generalizados dos recursosdas terras para vastas áreas freqüentemente utilizam informações do levantamento dereconhecimento para classificação das terras.

Semidetalhado - Uma classificação das terras a nível de semidetalhe deverá for-necer dados de recursos das terras com uma precisão e confiabilidade suficientespara se fazerem os julgamentos relacionados às ações para prosseguir com o de-senvolvimento do projeto. Uma classificação de terras a nível de semidetalhe énormalmente o tipo de levantamento preliminar preferido para se determinar aaptidão geral de uma área para irrigação. Ela deve fornecer uma resposta razoavel-mente precisa para a área global do projeto ou para segmentos específicos deprojetos maiores, resultando em aproximadamente 90% de precisão global dasdelineações das terras aptas e inaptas, em comparação com uma classificaçãodetalhada. Se houver utilidade prática, outros levantamentos mais detalhados de-verão ser efetuados, logo após os estudos a nível de reconhecimento. O grau dedetalhe do levantamento dependerá dos problemas de aptidão para irrigação en-contrados. Áreas uniformes sem maiores problemas, e em geral de alta qualidade,poderão requerer uma quantidade limitada de dados; porém, áreas de terras com-plexas, com deficiências severas, necessitarão de mais detalhe para satisfazer osobjetivos do levantamento. Como nos estudos a nível de reconhecimento, serãonecessários o bom senso e a experiência do pedólogo neste nível de estudos, poisos dados disponíveis são escassos para separar classes pouco distintas. Devemser coletados todos os dados necessários para solucionar problemas específicos egarantir a integridade do planejamento. Toda a informação disponível deverá serusada, porém dados adicionais normalmente serão necessários.

A classificação a nível semidetalhado é feita quando: (1) a complexidade de umadeterminada área é tal que os dados do levantamento de reconhecimento não são sufici-entes para fornecer as informações desejadas; (2) as análises preliminares das fases deengenharia do projeto estão numa base mais detalhada do que os estudos a nível dereconhecimento; (3) um projeto é indicado como inviável, mas necessita-se de informa-ções mais detalhadas do que aquelas encontradas no levantamento de reconhecimento,para apoiar um relatório desfavorável; (4) as áreas aráveis fazem parte do plano definiti-vo do projeto, mas não são contempladas com irrigação pelo planejamento inicial.

As especificações para classificação das terras a nível semidetalhado deverão serelaboradas, com possibilidade de serem aproveitadas em estudos posteriores mais de-talhados na mesma área. A escala normalmente usada pelo “Bureau of Reclamation”para a classificação das terras a nível de semidetalhe é 1:12.000 (1.000 pés por 1 polega-da). A delimitação das subclasses é, em geral, razoavelmente precisa, e normalmentetodas as classes são demarcadas. Podem ser utilizadas, no máximo, quatro classes deterras aráveis, mas apenas três são normalmente usadas. Em áreas onde a renda líquidado lote ou os incrementos de benefícios são baixos, um número menor de classes pode-rá ser usado. Embora a separação das terras aptas das inaptas seja o objetivo principaldo levantamento, a separação entre as classes aptas deverá ser suficientemente precisapara a avaliação generalizada da renda líquida do lote, dos benefícios e das necessida-

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des de água e drenagem. Neste estágio do planejamento, os métodos propostos de irri-gação para o projeto deverão ser estabelecidos, e as especificações baseadas neste(s)método(s).

As classes, subclasses e outras avaliações informativas são normalmente mapeadase simbolizadas para se adequarem aos objetivos do estudo. Uma classificação de terrassemidetalhada poderá ser muito precisa, se bem conduzida. Enquanto as normas esta-belecem, no mínimo, 0,7 sondagem a trado a uma profundidade de 1,5m/km2, em geralas condições da área levantada requerem mais sondagens para alcançar uma precisãode 90%. As avaliações do substrato devem ser feitas pelos engenheiros de drenagem ouverificadas por estes. Existindo a possibilidade de problemas de drenagem em profundi-dade, será aconselhável fazer sondagens a trado até 3m de profundidade e coletar amos-tras de solos para análises de laboratório suficientes para caracterizar adequadamenteas condições variáveis do solo e subsolo. Ocasionalmente, poderá ser necessário ter trêsou mais sondagens a trado para cada km2, de preferência a uma profundidade de 3m.Estas sondagens profundas diminuem o ritmo dos trabalhos, mas a experiência temmostrado que a classificação mais detalhada subseqüente é reforçada, e que existirãomenos diferenças entre as classificações.

Manchas pequenas de terras inaptas, inclusas em áreas aráveis deverão ser deli-mitadas apenas se isto se mostrar prático ou necessário para evitar sua irrigação e culti-vo, em conjunto com o manejo agrícola irrigado de toda a área.

Normalmente são necessários dados de laboratório para sustentar as avaliaçõesde campo. Cada tipo de solo representativo na área estudada deverá ser amostrado eanalisado quanto à sua aptidão para irrigação. O preparo das amostras e o acompanha-mento adequado das análises das amostras coletadas pelo pessoal do campo deveráservir de apoio para uma classificação de terras semidetalhada.

Estudos especiais, no decorrer do levantamento semidetalhado, são necessáriosapenas para separar as áreas aptas das inaptas; portanto, em geral, não serão feitos nadistinção entre classes aptas, ou na caracterização de tipos de terras neste nível dedetalhamento. Poderá haver necessidade de outros tipos de dados sobre as terras, alémdaqueles para avaliação da aptidão das terras para agricultura irrigada. Estes requeri-mentos podem incluir introdução de dados em programas de computador para prever aqualidade da água percolada e as mudanças nos solos, como conseqüência da irrigação.Os requerimentos variam de projeto para projeto. Os dados para alimentação de progra-mas relacionados ao gerenciamento, tal como a programação da irrigação, quase sem-pre não são necessários neste ponto do planejamento.

Haverá necessidade, talvez, de um levantamento da capacidade de uso da terrapara outros fins senão a irrigação, devido à atual corrente mundial de enfatizar planosalternativos ou multiobjetivos. Esses estudos alternativos são apropriados neste níveldo processo de planejamento, mas deverão ser limitados àqueles usos e às áreas espe-cíficas indicadas pela equipe de planejamento. As terras inaptas poderão receber aten-ção especial quanto aos usos alternativos possíveis. Não se deve limitar as considera-ções sobre usos alternativos à área do estudo de aptidão das terras para irrigação. Asconsiderações ambientais freqüentemente fazem parte do programa de classificação dasterras, sendo tais dados coletados pelos pedólogos durante o trabalho de campo.

Os dados do levantamento semidetalhado devem estar disponíveis para toda aequipe de classificação, independente de sua especialização. Mapas do levantamentopara classificação das terras para irrigação devem ser elaborados em bases copiativas,numa escala apropriada à utilização por outros tipos de estudos. A tabulação da áreadeve ser feita logo após a finalização dos trabalhos de campo.

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Durante o estabelecimento do roteiro para os estudos a nível de semidetalhe, háuma grande oportunidade de minimizar a área bruta do levantamento. Devem-se excluirda área a ser levantada as terras inaptas, com base nos dados fornecidos pelo estudo anível de reconhecimento e pelas informações dos engenheiros de irrigação, engenheirosprojetistas, economistas, hidrólogos e de outros membros da equipe de planejamento.As razões para esta exclusão dos estudos seguintes são: (1) custo excessivamente altopara prestar o serviço de irrigação; (2) drenagem inviável, ou área isolada do serviçodevido à distância e à elevação; (3) suprimento de água limitado. Os pedólogos e enge-nheiros de irrigação deverão trabalhar juntos para identificar áreas onde a drenagem éinviável e, assim, reduzir a um mínimo a área para o levantamento mais detalhado.

Uma aproximação da área irrigável para os estudos semidetalhados pode ser feitafreqüentemente pela aplicação de um percentual de redução, relativo à área arável en-contrada nas áreas, em geral selecionadas para irrigação pelos procedimentos de formu-lação do projeto. Esta redução deverá ser adequada para incluir as faixas de domínio doprojeto, as áreas isoladas dentro das parcelas e devidas à construção da infra-estruturaantecipada do projeto, ou áreas economicamente ou fisicamente inviáveis para irriga-ção, tanto do ponto de vista da parcela como do projeto. Deverá haver uma relaçãoestreita entre as áreas aráveis e irrigáveis se a determinação inicial da área bruta dolevantamento for bem correlacionada por toda a equipe.

A classificação semidetalhada é, em geral, adequada aos estudos de viabilidade(pré-autorização do planejamento), mas sob circunstâncias anormais poderão servir aestudos mais detalhados de pré-construção. As circunstâncias atípicas que permitem aaceitação de uma classificação semidetalhada dentro dos propósitos incluem: (1) levan-tamentos extraordinariamente completos e precisos numa área uniforme; (2) levanta-mento semidetalhado completo e preciso abrangendo uma grande área, complementadopor uma classificação detalhada em subáreas amostradas; (3) classificação semidetalhadaprecisa de numerosas sondagens profundas a trado e dados de laboratório para umprojeto de irrigação por aspersão, no qual as características gerais de solos, topografia edrenagem são favoráveis ao desenvolvimento do projeto. Os estudos da classificaçãosemidetalhada, com alguns aperfeiçoamentos, são em geral suficientes para as exigên-cias da etapa de pré-construção de projetos de serviços suplementares.

Detalhado - Uma classificação detalhada envolve uma verificação das caracterís-ticas das terras num nível de detalhe suficiente para fornecer informação sobre aextensão e o caráter dos vários tipos de terras em manchas individuais muito pe-quenas (manchas de 16 ha são comuns nos Estados Unidos). As informações de-vem ser precisas, e os mapas básicos, numa escala de publicação tal que permitailustrar as várias delimitações requeridas. As possibilidades de erros numa classi-ficação detalhada são menores do que num levantamento semidetalhado, e meno-res ainda do que num levantamento de reconhecimento, devido ao maior númerode sondagens e ao maior tempo dispensado no levantamento detalhado.

O levantamento detalhado da aptidão das terras para irrigação é requisitado du-rante a etapa de pré-construção do projeto em terras pioneiras. É muito importante quehaja tempo e capital suficientes para permitir a finalização do levantamento detalhadoem tempo hábil, de modo que outros estudos de planejamento possam ser completadosantes da construção do projeto. A classificação das terras a nível de detalhe geralmentepossui os níveis de precisão e de detalhamento necessários para fornecer uma basesólida para estabelecer as tarifas de água, os benefícios de irrigação, as eficiências deirrigação, os requerimentos de água da parcela, a capacidade do sistema de derivação, otamanho das parcelas, e outras avaliações necessárias para apoiar o leiaute final e aconstrução do projeto de aproveitamento de recursos hídricos. A quantidade de dadoscoletados para determinar a aptidão das terras para irrigação a nível de detalhe depende-rá das características das terras e dos objetivos do planejamento. A coleta de dados

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desnecessários e o mapeamento de áreas de pequena extensão e pouco praticáveis de-vem ser evitados. Somente devem ser obtidos os dados necessários e usados no plane-jamento e na construção, para os propósitos de OM&R, ou pelos proprietários. O tipo e aquantidade de informações necessárias devem ser discutidos e coordenados com osoutros membros da equipe de estudo, para evitar a repetição e a omissão de dados.Outras informações a respeito das terras para objetivos além daqueles requeridos à ap-tidão para irrigação poderão incluir a atual quantificação das características da terra, aprevisão da qualidade da água percolada, a drenagem e os requerimentos de água paraoutros usos da terra.

As especificações dos estudos a nível de semidetalhe, aperfeiçoadas e atualizadas,geralmente são utilizadas no levantamento detalhado. Somente devem ser feitos aper-feiçoamentos adicionais se as mudanças forem significativas e puderem ser avaliadasadequadamente no estudo.

Normalmente, o mapeamento deve ser lançado em mapas-base numa escala mí-nima de 1:5.000. A escala do mapa deve ser apropriada a outros tipos de estudo daequipe do projeto e compatível com a sua utilização. Os mapas-base devem ser selecio-nados em relação ao seu valor para orientação no campo, adequabilidade à identificaçãoe delineação de áreas de terras distintas, custo, disponibilidade e precisão da escala. Omapeamento é normalmente feito com o auxílio de ortofotografias, fotografias aéreas,mapas planialtimétricos ou com uma combinação destes. Um “overlay” com curvas denível sobreposto a ortofotografias aéreas ou fotografias aéreas restituídas, serve comoum excelente mapa-base. O uso de mapas planialtimétricos é vantajoso, mas não é re-quisito para o levantamento detalhado, exceto em áreas de terras complexas, que estãosendo mapeadas para irrigação por gravidade.

Embora uma amostragem menos intensa possa ser suficiente quando as condi-ções das terras forem uniformes e favoráveis, linhas de amostragem cortando a área acerca de 0,4km entre si são em geral consideradas mínimas. A locação das sondagensnão se apóia num sistema rígido de malhas, pois as delimitações das classes de terrasfreqüentemente se baseiam nas mudanças nas propriedades físicas e químicas relacio-nadas com a fisiografia. Seis observações pedológicas por km2 podem ser suficientesem condições muito uniformes; porém, normalmente, tem-se uma média de 7,7 obser-vações pedológicas por km2 áreas com solos complexos e duvidosos devem ter maisobservações e amostragens. Pequenas glebas de terras inclusas em áreas aráveis emgeral e que não satisfazem as exigências mínimas para arabilidade, devem ser delimita-das somente se for necessário e prático manejá-las sob irrigação e condições de cultivoprevalecentes.

Análises detalhadas suficientes devem ser obtidas para caraterizar adequadamen-te cada diferença principal dos solos, confirmar a aptidão para irrigação e fornecer dadospara determinações especiais, como: a previsão das mudanças na qualidade do solo eda água, a avaliação do meio ambiente, os procedimentos para a programação de irriga-ção e outros procedimentos que exigem dados relativos à terra. Estudos especiais re-queridos para determinarem classes de terras específicas e satisfazerem outros objeti-vos de estudos são usualmente feitos durante os estudos detalhados. Os dados disponí-veis de estudos anteriores, a nível de reconhecimento e/ou semidetalhado, devem serutilizados; porém, quantidade considerável de dados adicionais é usualmente requerida.

As classes, as subclasses, os fatores e as avaliações informativas estão compreen-didos em todas as áreas delineadas. As separações nas áreas de Classe 6 são usualmen-te mais genéricas do que nas áreas aráveis.

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Como os levantamentos para classificação de terras são demorados e seus resul-tados são requisitados por outras disciplinas, logo no início do processo de planejamen-to, a programação dos trabalhos de campo e a indicação das áreas prioritárias devempossibilitar um ganho de tempo suficiente para fornecer dados à equipe de planejamen-to para outros estudos preliminares. Durante esta fase de planejamento, é necessárioconhecer, com exatidão, a área irrigável ou a ser servida com irrigação, para dimensionaro sistema de distribuição e estabelecer as tarifas ou cotas de água individualizadas. Aárea irrigável deve ser baseada no leiaute do sistema de irrigação. Após o estabeleci-mento da localização das estruturas para entrega de água, a área a ser servida sob taisestruturas deve ser revista para confirmar a viabilidade física e econômica de servir cadatrecho arável dentro dos limites de cada parcela do perímetro. Algumas áreas aráveispoderão vir a ser designadas como não irrigáveis, caso haja custos extraordinários dosserviços de irrigação para os agricultores.

A intensidade das observações e as análises dos fatores de solo, topografia e dre-nagem, para cada um dos três tipos de levantamentos básicos, variam com a complexi-dade das condições das terras. Esta intensidade poderá ser modificada pelos objetivosdo estudo geral, pelo método de irrigação e pelo tipo de agricultura pressuposta, condi-ções atuais da terra e requerimentos de dados pelos outros membros da equipe de estu-do. Embora o objetivo do estudo seja similar para todo o projeto, a intensidade do estu-do para alcançar o objetivo poderá variar de uma área para outra, dependendo da varia-ção das características das terras. As áreas complexas e as áreas de terras com proble-mas normalmente requerem mais informações para separar as classes de terras, ou pararesolver problemas de classificação.

Investigações pós-construção - Os estudos de pós-construção usualmente en-volvem melhoramentos na área a ser servida, devido às mudanças durante a cons-trução. Estes melhoramentos podem advir das mudanças no sistema de distribui-ção, dos limites jurídicos, do suprimento de água e do uso da terra, os quais impe-diam a irrigação. Além disto, podem ocorrer mudanças após o projeto estar ope-rando por um tempo considerável, em face das condições imprevistas durante oplanejamento. Por exemplo, problemas de drenagem subsuperficial podem resul-tar em salinização, e numa conseqüente severa diminuição de produtividade; ou,então, mudanças nas práticas agrícolas ou nos padrões culturais podem tornarviáveis terras antes consideradas inaptas para irrigação. Quando isto acontece,talvez seja necessário ou desejável modificar a classificação das terras, oureclassificar as terras para ajustá-las às condições atuais. O detalhe requerido paraa modificação ou a reclassificação varia com o problema ou com a mudança ocor-rida. Geralmente estes estudos devem ser realizados a nível detalhado. Quandohouver suficientes dados de campo, e ocorrerem poucas mudanças físicas ou quí-micas, estes estudos podem ser complementados com pouco trabalho adicionalde campo (talvez a única necessidade seja uma reinterpretação de dados conside-rando as condições atuais).

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DESCRIÇÃO DASCLASSES DE TERRAS

4.1 Classes Básicas

As classes de terras do “Bureau of Reclamation” em geral baseiam-se na econo-mia de produção e nos custos de desenvolvimento da terra, supondo serem eles deresponsabilidade do agricultor ou empresário. Baseiam-se também no rendimento líqui-do do lote relativo aos custos de construção de um projeto específico. Porém, este con-ceito pode variar, a fim de representar qualquer nível de retorno econômico aos agricul-tores (ou pode até significar níveis relativos de benefícios de projetos atribuídos a umaespecífica mancha de terras), sem contudo alterar sua essência.

Classes de terras similares de projetos diferentes, podem ter níveis de retorno eco-nômico diversos. Porém, terras da mesma classe, num projeto específico, devem estarcontidas aproximadamente na mesma faixa de retorno econômico, mesmo que as carac-terísticas físicas das terras possam diferir. As classes de terras incluem aquelas que iden-tificam: (1) terras aráveis em grupos relativos a sua aptidão para irrigação, (2) terras nãoaráveis e (3) uma classe provisória.

No “Bureau of Reclamation”, quatro classes de terras (1 a 4) são utilizadas pararepresentar terras com aptidão para irrigação. A Classe 1 tem a maior capacidade depagamento, com retornos econômicos progressivamente menores à medida que os nú-meros de designação das classes aumentam. Geralmente as terras identificadas comoaráveis devem ter uma renda líquida do lote adequada, para cobrir os custos de OM&Rdo projeto. A Classe 5 (classe provisória) indica terras potencialmente aráveis, mas querequerem estudos adicionais para uma classificação definitiva. A Classe 6 - para terrasnão aráveis - representa terras que geram uma renda líquida do lote insuficiente paracobrir os custos de OM&R.

4.1.1 Classes Aráveis

Seis classes de terras estão disponíveis para serem usadas na designação dearabilidade. à exceção da 1, as demais classes são usualmente divididas em subclassespara fornecer dados complementares relativos à aptidão das terras, ou para suprir apre-ciações informativas. A quantidade de classes de terras aráveis mapeadas depende dascaracterísticas das terras, do método de irrigação proposto, das culturas selecionadas,do nível relativo da renda do lote e do tipo de classificação. A separação em duas ou trêsclasses aráveis é a mais comum. A designação apenas em classes aráveis e não aráveis,sem importar-se com as classes de terras, poderá ser usada em terras que geram umafaixa restrita de renda líquida do lote. Devido às limitações dos estudos a nível de reco-nhecimento, em seus objetivos gerais, a designação em arável/não arável, ou apenas emduas classes de terras aráveis, poderá atender as necessidades da classificação. Quatroclasses de terras aráveis podem ser usadas, ocasionalmente, em estudos mais detalha-

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dos, em que as condições das terras são complexas, as variações de terras são vastas e/ou culturas nobres são cultivadas.

Classe 1 - Arável

Estas terras são as mais aptas para irrigação na área específica em estudo. Asterras de Classe 1 são mapeadas, exceto quando somente uma designação de arável enão arável é usada. Em geral, estas terras são bastante adequadas para a agriculturairrigada, sendo capazes (numa área de cultivo diversificado) de fornecer e sustentar pro-duções relativamente altas de ampla faixa de culturas climaticamente adaptadas, a umcusto razoável; ou, em áreas de cultivos específicos, manter as altas produções de umaúnica cultura adaptada. Estas terras podem ser pronta e eficientemente irrigadas pelosistema previsto. O solo deve ser física e quimicamente bem adequado à produção dasculturas propostas para a área geográfica e climática considerada. A capacidade de re-tenção de água do solo deve ser adequada ao sistema de irrigação estimado, para pro-porcionar umidade para o ótimo desenvolvimento das plantas cultivadas. O solo deveestar livre de acumulações nocivas de sais solúveis ou, havendo sais presentes, poderãoser facilmente lixiviados. Os efeitos da erosão devem ser mínimos com a irrigação, e odesenvolvimento da terra pode ser executado a um custo relativamente baixo. Estasterras possuem alta renda líquida do lote.

Classe 2 - Arável

Compreende terras com aptidão moderada para irrigação, sendo inferiores às daClasse 1 em capacidade produtiva e/ou exigindo custos mais altos para preparo, irriga-ção e cultivo. Estas terras não são tão requisitadas ou valiosas quanto as de Classe 1,devido a certas particularidades.

Em comparação ao da Classe 1, o solo pode ter menor capacidade de retenção deumidade, ou permeabilidade menor a ar, água e raízes, podendo ser moderadamentesalino sob irrigação, o que pode limitar a produtividade ou envolver custos moderadosde lavagem. Limitações topográficas podem incluir superfície irregular, que exija custosmoderados para correção, elevações do terreno, resultando em parcelas menores e de-clives, que requerem cuidados e custos maiores, para evitar fenômenos de erosão. Po-dem ser necessários custos moderados de drenagem, remoção de vegetação arbórea oupequena pedregosidade. Qualquer limitação pode ser suficiente para rebaixar as terrasde Classe 1 para Classe 2; porém, às vezes uma combinação de dois ou mais fatorescontribuem para o rebaixamento. Esta classe apresenta capacidade de pagamento inter-mediária, exceto quando há somente duas classes de terras aráveis mapeadas, e algunsdos parâmetros das características destas terras forem considerados como de Classe 3.Então a capacidade de pagamento variará de intermediária a baixa. As terras de Classe 2devem ser mapeadas, exceto quando houver um mapeamento simplificado, baseadonuma classificação de terras designadas de aráveis ou não aráveis.

Classe 3 - Arável

Quando for mapeada, é considerada como a classe das terras aráveis de maisbaixa categoria. As terras desta classe são aptas para desenvolvimento sob irrigação,porém possuem apenas os requerimentos mínimos para irrigação, pois apresentam de-ficiências de solo, topografia ou drenagem, as quais são mais severas individualmenteou combinadas (duas ou mais deficiências menos acentuadas). As terras desta classeapresentam menor capacidade produtiva, maiores custos de produção e de desenvolvi-mento, ou qualquer combinação destes três fatores, do que a anterior. Embora maioresriscos envolvam a sua utilização em agricultura irrigada, quando comparadas às classesde terras anteriores (1 e 2), prevê-se que estas terras possuam adequada capacidade depagamento para atender os custos de operação, manutenção e reposição do projeto, sob

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manejo e em unidades de tamanho adequados. As interações entre as deficiências po-dem ser importantes e devem receber atenção cuidadosa na avaliação desta classe deterras.

Classe 4 - Arável

As terras incluídas nesta classe devem ser limitadas a situações raras ou específi-cas e apenas a projetos que geralmente apresentem alto retorno econômico e rendalíquida do lote com uma ampla faixa de domínio. A Classe 4, se for mapeada, deve repre-sentar a terra arável de mais baixa qualidade. As terras nesta classe podem ter certasdeficiências excessivas, que resultam numa utilização restrita; entretanto, possuem osrequisitos mínimos para uma terra arável, no âmbito do plano proposto. Podem ser simi-lares às terras de outras classes aráveis, mas apresentam deficiências mais severas. Emtodo caso, apresentarão menor produtividade, custo de produção e de desenvolvimentomais altos, ou combinações destes, mais restritivas que as das terras de Classe 3. AClasse 4 deve ser usada somente em raras situações, em que uma quarta clas-se arável for necessária para identificar e caracterizar adequadamente terrascom arabilidade marginal. Normalmente é aplicável apenas em estudos em que sãoconsiderados cultivos especiais ou com alto retorno. Suas propriedades característicasdevem ser logo reconhecidas para permitir uma avaliação adequada no levantamento. AClasse 4, em geral, não é usada no estudo a nível de reconhecimento.

Classe 5 - Não Arável

A arabilidade das terras incluídas nesta classe não pode ser determinada pelosmétodos de classificação de rotina; porém estas terras aparentam possuir valor potenci-al suficiente para serem separadas para estudos especiais. A designação em Classe 5 éprovisória, e normalmente muda para uma classe arável apropriada ou para a 6, apóscompletada a classificação. Se algum problema relacionado com estas terras não forresolvido, deve-se assumir que elas são não aráveis sob as formulações do projeto pro-posto. Estas terras podem ter deficiências de solo específicas, como: excessiva salinidade,topografia desfavorável, drenagem inadequada, excessiva cobertura arbórea ou de ro-chas; ou outras deficiências severas que exijam estudos especiais de agronomia, econo-mia ou engenharia para determinar a sua arabilidade. As terras da Classe 5 são separa-das somente quando as condições existentes na área exigem considerações de tais ter-ras para a competente avaliação das possibilidades do projeto; por exemplo, quandoexistirem recursos hídricos em abundância ou déficit de terras melhores. Esta classetambém serve para delimitar áreas com problemas e encorajar a solução dos mesmos;normalmente, não seria usada num estudo a nível de reconhecimento.

Classe 6 - Não Arável

Inclui as terras que não atingem os requisitos mínimos para pagar os custos deoperação, manutenção e reposição do projeto. Em geral, compreende terras com altodeclive, acidentadas, irregulares, ou gravemente erodidas; com solos de textura muitogrossa ou fina; com solos de pouca profundidade sobre cascalho, camada barreira, duripanou rocha; terras com drenagem inadequada e/ou alta concentração de sais solúveis ousódio. As terras classificadas como de Classe 6 em uma área podem ser aráveis sobcondições climáticas mais favoráveis.

4.1.2 Classes de Uso Especial

Na maioria das vezes, estas terras podem ser aptas apenas para um uso específicosob irrigação. Em tais casos devem ser usadas classes e subclasses de terras normais,mas as especificações devem ser desenvolvidas na base do uso especial indicado. Usoespecial implica na utilização de um certo método de irrigação ou culturas específicas,

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como abacate, arroz ou pastagem. O que se exige para que as terras de mesma classetenham capacidade de pagamento relativamente igual aplica-se, também, às classes deuso especial. Normalmente, cada classificação de uso especial iria requerer um mapadistinto; porém, se a classificação de terras puder ser correlacionada, ambas podem serincluídas no mesmo mapa (entretanto, em geral aparecem dificuldades na correlação declasses de terras indefinidas entre dois tipos de uso). O mapeamento no campo, para umou mais tipos de uso, pode ser feito ao mesmo tempo. Se mais de um tipo de uso forincluído no mesmo mapa, o uso representado por um símbolo deve indicar sua limitação.

Por exemplo, “R1” para rizicultura ou ”F1" para fruticultura. No caso do mapeamentocom, apenas, um tipo de uso, nenhuma designação na representação cartográfica serianecessária; no entanto, uma exposição da limitação de uso deve ser colocada no mapa.

4.1.3 Classes Irrigáveis

A classe de terras irrigáveis refere-se à área irrigável. Geralmente as mesmasclasses são extraídas das designações aráveis. Porém, há ocasiões em que devem serfeitos ajustes na classe de terra arável, para adequá-la ao sistema de irrigação previsto,aos limites legais das propriedades e às mudanças no uso da terra. Por ocasião da de-marcação da área irrigável, dentro dos limites da área arável, haverá situações que influ-enciam apreciavelmente a renda líquida do lote, e que poderão requerer uma mudançana classe de terras. Alguns exemplos de condições que necessitam de ajustes na classede terras aráveis são: (1) redução do tamanho da parcela devido às faixas de domíniopara a infra-estrutura do projeto ou limites de propriedade; (2) custos adicionais do lotepara derivar a água para áreas elevadas; (3) maiores custos de desenvolvimento; (4)custos adicionais de drenagem no lote, provenientes do padrão de desenvolvimento.

Mudanças no uso da terra, no período entre o levantamento das terras aráveis e adeterminação da área irrigável, que impedem o desenvolvimento da irrigação, podemfazer com que certa área arável não seja considerada área irrigável. Devido ao métodousado na determinação da área irrigável e da menor necessidade de detalhamento nosestudos preliminares de planejamento, em geral não são necessários grandes acertosnas classes de terras entre as áreas aráveis e irrigáveis, senão um pouco antes da cons-trução ou durante a revisão, com o projeto definido, da classificação de terras.

4.1.4 Subclasses Básicas

As designações das subclasses devem ser usadas para fornecer informações bási-cas relativas às características das terras e à aptidão para irrigação. As informaçõesfornecidas pelas subclasses são usadas, principalmente, para estudos econômicos, es-tudos sobre a qualidade da água percolada, pelos gerentes dos projetos e outros - osquais necessitam de informações a respeito das terras - e para esboços de relatórios. Assubclasses são usadas para indicar deficiências nos três fatores básicos das terras: solo,topografia e drenagem. As razões para se colocarem áreas em classes mais baixas que aClasse 1 são indicadas, acrescentando-se as letras “s”, “t” e “d” ao número da classe, oque esclarece se a deficiência é de “solo”, “topografia” ou “drenagem”.

4.2 Representação Cartográfica (Símbolos)

Um mapa com demarcações e símbolos de classificação de terras apresenta oresultado do estudo de sua classificação e outros dados úteis acerca de seus aspectos. Éessencial que uma simbologia adequada seja desenvolvida para fornecer uma coletâneade dados precisos e completos à aptidão para irrigação, a avaliações significativas e aoutros fatores. O símbolo, correlacionado às respectivas medidas de áreas, fornece ummeio de resumir a aptidão das terras do projeto e outros dados essenciais ao estudo.

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Classificação de Terras para Irrigação

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Basicamente é utilizado um símbolo em que o numerador inclui a classe e asubclasse de terras e as deficiências dominantes, associadas à aptidão para irrigação(isto é, solo, topografia e drenagem).

O conteúdo do denominador pode variar entre os estudos, mas deve contercaracteres para identificar e quantificar avaliações informativas retratadas no mapa. AFigura 4.1 ilustra uma representação cartográfica típica de classificação de terras, e agrande quantidade relativa de informações que podem estar contidas no símbolo. Oscaracteres do denominador adotados para a representação cartográfica da classificaçãodas terras e seus limites devem ser, quando possível, padronizados e consistentes. Ascaracterísticas mais importantes devem ser enfatizadas, e o número de deficiências apre-sentadas deve ser mantido em limites razoáveis. Não são usados caracteres no denomi-nador para a Classe 1, exceto para fins de avaliações informativas. Um ou dois símbolospara deficiências podem ser usados nas terras de Classe 2. Normalmente, um máximode três símbolos são usados para representar as terras de Classes 3, 4, 5 e 6.

Produtividade e desenvolvimento das terras indicam níveis de classes de terra re-ferentes a esses aspectos, como, por exemplo, o símbolo “22”, no denominador, signifi-ca produtividade ao nível de Classe 2 e custo de desenvolvimento ao nível de Classe 2.Elas são representadas no lado esquerdo do denominador, na ordem mostrada na Figura4.1. Os caracteres que mostram as deficiências das terras e seus graus são representa-dos no lado direito do símbolo, logo após a fração, como ilustrado na Figura 4.1. Pelomenos um caráter de deficiência é necessário para identificar cada subclasse no numera-dor. A informação relativa à água disponível pode ser interpretada pelas avaliações dasdeficiências, mostradas após as avaliações informativas, no denominador.

Outros símbolos podem ser usados para designar características de solos e deterras, peculiares à área geográfica específica do projeto.

Quando se mapeiam áreas de Classe 5, o símbolo padronizado para a designaçãoda terra arável proposta é usado, mas posto entre parênteses, precedido do número 5com sua respectiva subclasse (s, t ou d) para representar o problema não resolvido mo-mentaneamente. Após a determinação da classificação provisória, o número 5, com suarespectiva subclasse (quando houver), e os parênteses são removidos. No caso da com-provação da arabilidade, o símbolo entre parênteses permanece. Se forem definidas comoClasse 6, o símbolo que permaneceu deve ser revisto para espelhar as condições daClasse 6. Se a inclusão das terras de Classe 5 no projeto não for necessária ou se o prazonão permitir sua resolução, o símbolo pode permanecer, mas a terra deve ser considera-da como não arável.

Outros símbolos cartográficos (símbolos exclusivos) podem ser usados para iden-tificar certos fatores físicos das terras, que não são indicativos da classe de terras, masque representam aspectos fisiográficos que podem ter contribuído para definir a classede terras. Estes símbolos são opcionais e usados por conveniência, e não precisam se-guir padrões rígidos; porém, muitos símbolos, mostrados na Figura 4.2, são convencio-nais e mais facilmente interpretados pela maioria dos usuários. Uma legenda com osignificado dos símbolos deve ser incluída no mapa.

Os símbolos de mapeamento padronizados, que podem ser usados em combina-ção semelhante àquela ilustrada na Figura 4.1, incluem os seguintes:

Símbolos para Terras Aráveis

Classe 1 - 1Classe 2 - 2s, 2t, 2d, 2st, 2sd, 2td, 2stdClasse 3 - 3s, 3t, 3d, 3st, 3sd, 3td, 3std

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Figura 4.1 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Padronizados paraClassificação de Terras

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Figura 4.2 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Especiais e Convencionais nosMapas de Classificação das Terras

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Símbolos para Uso Especial ou de Arabilidade com Limitações

Classe 4 - Pastagem - 4Ps, 4Pt, 4Ptd, 4Psd, 4Ptd, 4Pstd.

Subclasses similares para Fruticultura - 4F, Rizicultura - 4R,Olericultura - 4V, Aspersão - 4S

Símbolos Provisórios

Classe 5 - Investigações pendentes - 5s, 5t, 5d, 5st, 5sd, 5td, 5std.

Recuperação pendente - 5(1), 5(2s), 5(2t), etc.Projeto de drenagem - 5(d), 5d(2s), etc.Subclasses similares para inundação - 5f(1).

Não Aráveis

Classe 6 - 6s, 6t, 6d, 6st, 6sd, 6td, 6std.

Posições isoladas - 6i(1), 6i(2s), 6i(2t), etc.Subclasses similares para posições altas - 6HDireito de água - 6W.

4.3 Avaliações Informativas

As avaliações informativas incluem uso da terra, produtividade, limites de custosde desenvolvimento das terras, drenabilidade e exigência de água do imóvel rural, quan-do necessários. Apreciações adicionais podem ser incluídas, quando requeridas especi-ficamente para outras atividades nas investigações do projeto. As avaliações e delineaçõesdevem ficar contidas a um mínimo possível, em termos de economia e eficiência. Oslimites das unidades de mapeamento devem coincidir com aqueles das classes esubclasses de terras. As avaliações devem ser representadas por símbolos apropriadosno denominador do modelo de representação cartográfica para classificação de terras,como mostrado na Figura 4.1.

Outras avaliações informativas podem ser desenvolvidas e usadas com a simbologiade mapeamento, se forem requeridas pelas condições na área de investigação. As avali-ações informativas mais comuns, necessárias aos estudos de irrigabilidade, estão des-critas nos parágrafos que seguem.

4.3.1 Uso da Terra

Símbolos para uso da terra são auto-explicativos e correspondem a um meio dedeterminar as condições atuais de cultivo, anteriores à construção do projeto. Geralmen-te nenhuma tentativa deve ser feita para separar as diversas culturas, senão quandosolicitada especificamente pelo economista; neste caso, as segregações devem ficar nummapa distinto do mapa de classificação de terras. Os seguintes símbolos são convencio-nais no oeste dos Estados Unidos; porém, outros podem ser desenvolvidos paracorresponder às características da área estudada.

C - Cultivada sob irrigação;P - Pastagens permanentes irrigadas;L - Cultivada não irrigada;G - Pastagens permanentes não irrigadas;B - Caatinga, capoeira ou mata;H - Urbano ou imóveis rurais;

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W - Vazadouro;Row - Faixa de domínio.

4.3.2 Produtividade

Produtividade é o efeito combinado da capacidade produtiva de uma parcela deterra específica e dos custos de produção desta. Estimativas do nível de produtividade,associadas às manchas de terras específicas, são feitas pelos pedólogos no campo, en-quanto conduzem o estudo de classificação de terras. Medidas de produtividade 1, 2, 3, 4ou 6 podem ser usadas na simbologia para o nível de classe de terras deste fator.

Produtividade e custos de desenvolvimento das terras são os critérios básicosque regem a classificação de terras. O efeito combinado ou cumulativo destes fatores narenda líquida do lote (não apenas o mais proeminente) é o que determina a classe deterras, exceto se estiverem em limites opostos.

4.3.3 Requerimentos para Desenvolvimento da Terra

Desenvolvimento da terra é a preparação necessária da mesma à irrigação, naforma de melhoramentos relativamente permanentes, financiados pelo proprietário oupela entidade de gerenciamento e especificamente relacionada aos imóveis rurais bene-ficiados. Este desenvolvimento é representado por uma gama de custos ou investimen-tos no melhoramento das terras, necessários à obtenção da produtividade estimada.Custos periódicos e normais de produção (adubos, nivelamento periódico da terra, etc.)são considerados custos operacionais e não custos de desenvolvimento da terra. Prova-velmente os insumos também irão aumentar os níveis de produtividade; assim, a medi-da de produtividade estabelecida deve estar relacionada ao grau de desenvolvimento daterra previsto. Os padrões de cultivo previstos, o método de irrigação e as pertinenteslimitações físicas, relativas às características das terras, devem ser cuidadosamente con-sideradas na estimativa dos custos de desenvolvimento das terras, pois os custos sãodiretamente relacionados a estes (e possivelmente a outros) fatores. Os requerimentospara desenvolvimento de terras, como a produtividade, recebem valores 1, 2, 3, 4 ou 6.

4.3.4 Exigências de Água do Lote

A necessidade de água do lote é representada cartograficamente pelo símbolo Apara baixa, B para média e C para alta necessidade. A capacidade de água disponíveldeve ser estimada para avaliar essas necessidades. A utilidade desta avaliação dependedo padrão de cultivo previsto, do arranjo do sistema de suprimento de água e da unifor-midade das terras.

4.3.5 Permeabilidade do Substrato

A permeabilidade do substrato é uma das mais importantes considerações na clas-sificação de terras. Se um lençol freático se desenvolver e não puder ser economicamen-te controlado, talvez seja impossível manter uma produção agrícola estável. Em quasetodos os projetos desenvolvidos pelo “Bureau of Reclamation”, a maior parte das insta-lações da drenagem subsuperficial é construída com capital de fundo do projeto e não éresponsabilidade do proprietário do imóvel rural. Porém, às vezes o agricultor é respon-sabilizado por problemas de drenagem subsuperficial, os quais poderiam ter sido causa-dos por sua própria irrigação. Como resultado, a drenagem subsuperficial pode ser con-siderada como um custo de desenvolvimento da terra em alguns projetos, de acordocom as decisões tomadas quando as investigações detalhadas do projeto começarem.Devido à importância do controle da drenagem, é necessária uma avaliação das condi-ções do substrato por toda a área do projeto. Em complemento ao estudo dos dadosgeológicos, tal avaliação pode requerer sondagens profundas (6 a 15m) para explorar as

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condições do substrato e certamente necessitar de numerosas tradagens (3m) para ava-liação do substrato a profundidades normais de construção de drenos.

Dados localizados de condutividade hidráulica de camadas de solos, numa faixade 1,5 a 3m ou mais, devem ser assegurados. Usualmente, testes de campo decondutividade hidráulica devem ser feitos, para avaliar as várias camadas do substrato.Todas as fases do trabalho que requerem uma determinação das necessidades de drena-gem devem ser realizadas com a assistência de um engenheiro de drenagem.

4.3.6 Avaliações Adicionais

Outros símbolos para avaliações informativas podem ser necessários à medidaque surgem deficiências de solo, topografia ou drenagem. Estes símbolos devem serpostos no lado direito do símbolo para classe de terras. O uso destes símbolos informa-tivos facilita a análise econômica e a revisão do trabalho de campo e é útil aos estudos deavaliação de escritório. Tais símbolos podem ser expandidos posteriormente pelo usode notações mostrando os graus de deficiência. Alguns dos símbolos usados freqüente-mente são:

Deficiências de Solo

“ k ” Solos rasos sobre areia grossa, cascalho ou pedras. Este símbolo, usualmente,pressupõe que o cascalho esteja livre de partículas finas. Se houver partículas fi-nas em proporções substanciais, deve haver tolerância na determinação da classede terras apropriada. Dados referentes à capacidade de água disponível normal-mente são necessários nestes solos.

“ b ” Pequena profundidade até o substrato relativamente impermeável. Em geral, aocorrência de um substrato impermeável está associada a custos altos de drena-gem; e boa parte destas terras pode ser não arável. A salinidade ou alcalinidade dacamada impermeável são também considerações importantes, pois podem agra-var a salinização dos solos.

“ z ” Pequena profundidade até a camada de concentração de calcário. A zona calcáriaque oferece impedimentos à produção agrícola irrigada é normalmente associadaà ocorrência de caliche. Este pode ser fraturado e permeável, ou relativamentecompacto. Estudos consideráveis, relativos à penetração de raízes e água por estacamada, devem ser feitos para verificar a arabilidade das terras com estes solos.Ocorrências freqüentes de depósitos pouco densos de carbonato de cálcio, tam-bém reduzem a produtividade e devem ser identificadas.

“ h ” Textura muito argilosa. A utilização do símbolo “h” significará que esta caracterís-tica é considerada como uma deficiência. Dados acerca da estrutura e testes depermeabilidade no campo devem ser feitos, quando ocorrerem solos argilosos. Otipo de mineral da argila (isto é, atividade da argila) é importante na avaliação daprodutividade de um solo argiloso.

“ v ” Textura muito grosseira (areia e areia franca). Este símbolo deve ser usado quandoa textura grosseira acarretar o enquadramento do solo em uma classe inferior.Estes tipos de solos possuem deficiência na capacidade de água disponível. Otamanho das partículas de areia deve ser observado.

“ q ” Baixa capacidade de água disponível. Este símbolo deve ser usado quando a ca-mada superior do solo for composta de material de textura leve ou média sobrematerial de textura grosseira, e o perfil do solo tiver menos que 152mm de capaci-dade de água disponível nos primeiros 120cm.

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“ i ” Taxa de infiltração restrita. Este símbolo deve ser usado se a taxa de infiltração forbaixa o suficiente para influir na classe de terras, devido aos maiores custos deprodução resultantes do trabalho extra envolvido na irrigação, ou à menor produ-tividade, conseqüência da escassez de água para o crescimento das culturas. Nãodeve ser confundida com condutividade hidráulica restrita, na camada superior dosubsolo (símbolo “p”), que não afeta a infiltração normal das aplicações de irriga-ção.

“ p ” Condutividade hidráulica restrita. Esta condição não deve ser confundida com in-filtração; está relacionada com limitações na camada superior do subsolo, o quepoderá provocar o aparecimento de um lençol freático suspenso, temporário narizosfera, após a irrigação. Isto se aplica, principalmente, se a taxa de infiltração foralta.

“ x ” Pedregosidade. Refere-se a calhaus e cascalho grosseiro (geralmente com diâme-tro inferior a 13cm) disperso no solo, de onde se supõe que não venha a ser retira-do, e que não é numeroso bastante para ser considerado como um substrato pe-dregoso (composto por cascalho ou calhau). A ocorrência deste material não deveimpedir a aração e o cultivo normais, mas podem aumentar um pouco estes cus-tos e diminuir a produtividade em face do efeito de descontinuidade do solo.

“ y ” Fertilidade do solo. Este símbolo não é usado com freqüência, porque é muitodifícil avaliá-lo com precisão. Solos muito arenosos são geralmente deficientes emfertilidade, mas a designação de níveis baixos de produtividade e do símbolo “v”servem para imputar ao solo a característica de baixa fertilidade, tornando desne-cessário, assim, o símbolo “y”. Se existirem dados confiáveis demonstrando queum certo solo tem necessidade de uma quantidade consideravelmente maior defertilizantes do que demais solos similares em outros projetos, e a análise orça-mentária não refletir estes custos, então será apropriado considerar esta quantida-de extra de fertilizante como um custo de desenvolvimento que poderá rebaixar aclasse de terras. Se um nivelamento brusco expuser os subsolos de fertilidadenatural baixa, uma adubação extra é usualmente requerida para aumentar a fertili-dade a um nível compatível à terra sem sistematização. Tal gasto pode ser conside-rado um custo de desenvolvimento e não precisará ser mostrado como uma defi-ciência específica, pois a capacidade de pagamento reflete a necessidade desteinvestimento. Porém, se uma produtividade menor for evidenciada, ou se a neces-sidade de fertilizante for maior do que a normalmente esperada, o uso do símbolo“y” pode ser apropriado.

“ s ” Salinidade. Amostragens e interpretação de dados adequadas são importantes nestaavaliação. A quantidade de sais solúveis pode variar bastante nas camadas super-ficiais, dependendo do microrrelevo. É melhor coletar amostras compostas de vá-rios locais para obter uma amostra representativa para a análise da salinidade. Asalinidade da camada subsuperficial pode mostrar-se mais moderadamente uni-forme na área de estudo do que na camada superficial. A deficiência deve indicaras condições de equilíbrio previstas com o projeto e refletir qualquer custo delixiviação necessário.

“ a ” Sodicidade ou alcalinidade. O uso deste símbolo indica altos teores de sódio trocávelna rizosfera e mostra a necessidade de recuperação do perfil do solo, assim comona lixiviação dos solos salinos tem-se como requisito uma drenagem adequadapara a recuperação destes; porém, inicialmente, a condutividade hidráulica do solodeve ser adequada o suficiente para permitir a saturação da solução do solo comuma fonte de íons de cálcio, para reagir e deslocar os íons de sódio.

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“ t ” Elementos tóxicos. Este símbolo é usado para identificar a presença de elementostóxicos, como arsênio, boro, cádmio e chumbo. Uma análise precisa de laborató-rio é necessária para detectar a presença destes elementos tóxicos e, conseqüen-temente, para adotar este símbolo, pois pequenas porções destes elementos po-dem causar reações tóxicas.

Deficiências de Topografia

“ g ” Deficiência por declividade. Os impactos de “g” variam com a localização, o siste-ma de cultivo, as condições dos solos, o padrão de precipitação e o método deirrigação. A quantificação do efeito desta deficiência deve ser determinada duran-te o desenvolvimento das especificações para classificação de terras. A declividadetem influência na produtividade e nos custos de desenvolvimento. Considerandoque a classe de terra é determinada pela produtividade (incluindo os custos deprodução) e pelos custos de desenvolvimento, é provável que a produtividade sejamais influenciada pela declividade do que os custos de desenvolvimento, particu-larmente no caso de irrigação por gravidade. Os fatores que influenciam a produ-tividade incluem maiores requerimentos de mão-de-obra, menor necessidade deágua, maior erodibilidade e a necessidade de um uso especial para terras comexcessiva declividade. Os fatores que influenciam os custos de desenvolvimentosão a necessidade de mais estruturas e/ou equipamentos de irrigação. Com o in-cremento da declividade, o efeito de estruturas adicionais pode tornar-se de extre-ma importância.

Pode ser indispensável a consideração da posição quando as terras são isoladas,altas ou baixas, resultando no aumento dos custos de operação. O grau deadequabilidade de um trecho pode relacionar-se com sua acessibilidade com res-peito à irrigação e à operação de máquinas agrícolas.

“ u ” Microrrelevo (ou necessidade de sistematização) é uma deficiência topográficacomum em situações de irrigação por gravidade. Existem poucas áreas na terraque não exigem algum nivelamento para a distribuição uniforme da água por sis-temas de gravidade. O método de irrigação é importante na avaliação das necessi-dades de nivelamento. Este fator talvez seja insignificante se forem usados méto-dos de irrigação por aspersão; porém, os custos operacionais e do sistema podemser determinantes da classe de terra e não devem ser ignorados.

“ j ” O tamanho e a forma das áreas precisam ser considerados de maneira tal que aconfiguração e a localização de uma área permitam o uso eficiente de implementosagrícolas, a eficiência de irrigação e a obtenção de retornos compatíveis com aclasse de terras indicada. Além disso, o tamanho e a forma das áreas devem serconsiderados em relação ao tipo de irrigação usado.

Um padrão de campo desordenado ou irregular é difícil de ser cultivado de manei-ra eficiente em áreas onde o sistema de agricultura se volta para relativamentegrandes operações. Nessas áreas, quanto menor o trecho irrigado, maiores os cus-tos com a utilização de máquinas agrícolas pesadas e a obtenção de uma explora-ção agrícola econômica. Onde esta deficiência for significativa, ela será essencial-mente não corrigível e importante na classificação das terras (particularmente nocaso da irrigação por gravidade). Esta deficiência, como no caso da deficiência pordeclividade, usualmente afeta a produtividade, os custos de produção e de desen-volvimento. As considerações referentes a problemas com tamanho e forma deáreas em relação à produtividade incluem: perda de área produtiva devido às áre-as necessárias às manobras das máquinas agrícolas, limitação no uso da terra, emface da dificuldade na utilização de máquinas de grande porte em áreas pequenas,

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e mão-de-obra extra por unidade de área para irrigação, cultivo e colheita. Consi-derações relativas aos custos de desenvolvimento incluem maior custo unitáriopara sistematização, devido ao tamanho restritivo da área para uso de máquinasque movimentam grandes quantidades de terra, maior número de canais secundá-rios e de drenos por unidade de área.

“ c ” A cobertura vegetal superficial que precisa ser removida para possibilitar o cultivoou que, caso não seja removida, reduza a produtividade da terra ou aumente oscustos de produção, deve ser considerada na classificação. A remoção da cobertu-ra requer um custo de desenvolvimento que variará da Classe 1 à Classe 6, depen-dendo do custo do desmatamento, do valor do material removido e das diferençasno valor da terra com mata e desmatada.

“ r ” Remoção de pedras. Algumas vezes pode ser difícil distinguir entre a necessidadede remoção de pedras e a condição de solos com pedregosidade. Tais condiçõesocorrem freqüentemente juntas e é possível ter ambas as deficiências (x e r) namesma terra.

“ i ” Drenagem do ar. Este símbolo é da maior importância quando da classificação deterras aproveitadas com culturas sensíveis à geada. Várias frutas, como as cítricas,o abacate e a pera, são particularmente sensíveis à geada, e o uso deste símbolo éimportante para o planejamento da sua produção.

Topografia e situação no relevo são os fatores principais a serem considerados ao sefazer uma determinação relativa à drenagem do ar. Bacias fechadas e de relevo bai-xo são, em geral, áreas mais aptas a apresentarem problemas de drenagem do ar.

Deficiências de Drenagem

“ f ” Inundação. Esta deficiência é considerada um fator de custo de desenvolvimento,quando há necessidade de diques de proteção, canais escoadouros, ou outras es-truturas que protejam as terras dos danos da inundação. Quando nenhuma prote-ção for planejada, é apropriado usar o símbolo “f” como um fator de produtivida-de, pois as demandas da cultura, erosão ou sedimentação de silte, afetam a capa-cidade produtiva das terras. Sob certas circunstâncias, a inundação pode não cau-sar nenhum prejuízo, e não é considerada uma deficiência. Cada situação deve sercuidadosamente estudada para assegurar a simbolização adequada.

“ w ” Lençol freático elevado. A profundidade em que o lençol freático é prejudicial va-ria, dependendo da cultura, das condições do solo, da salinidade e de outros fato-res. Quando as especificações para classificação de terra estão sendo preparadas,devem-se tomar decisões em relação aos parâmetros para o rebaixamento de ter-ras com lençol freático elevado. As profundidades do lençol freático a serem con-sideradas são aquelas em que ocorre estabilização durante a operação do projeto.Um dos fatores que influenciam na avaliação das condições do lençol freático é alocalização do sistema de drenagem do projeto. Se o lençol freático tem de serrebaixado pelo agricultor para fins agrícolas em geral (drenagem no lote), a opera-ção será um custo de desenvolvimento. Se a futura estabilização do lençol freáticofor prevista e não houver necessidade de rebaixamento pela instalação de drenos,podem ser fixadas, então, as limitações de produção, que devem ser avaliadascomo um fator de produtividade. As anotações de campo devem indicar qual aaproximação utilizada.

“ o ” Requerimentos de drenagem superficial e subsuperficial são, normalmente, fáceisde avaliar, em especial nas classificações a nível detalhado, nas quais dados topo-gráficos confiáveis estão disponíveis. Uma atuação conjunta com os engenheirosde drenagem é necessária na avaliação dos problemas de drenagem do lote.

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FATORES DE SOLO ASEREM CONSIDERADOSNA CLASSIFICAÇÃO DETERRAS

Este capítulo aborda os fatores relacionados aos solos, os quais devem ser consi-derados na execução da classificação de terras para irrigação. Ele não trata, com deta-lhes, de outros fatores principais (topografia e drenagem) igualmente relevantes, masabordados em outros capítulos deste MANUAL. Pretende-se, com ele, sumarizar as ca-racterísticas físicas e químicas, tipicamente importantes, que devem ser consideradas naformulação de especificações e do programa dos trabalhos de campo. Existem fatoresadicionais que não serão discutidos adiante e que podem ser significativos em algumassituações. Embora algumas referências aqui discutidas não sejam aplicáveis mundial-mente, a consideração destes fatores e suas influências na aptidão para irrigação é, demodo usual, de importância crítica no processo de classificação de terras. Estes fatoresinfluenciam o processo de classificação de terras, pelos seus efeitos na aptidão física equímica das terras em questão e pelas conseqüentes implicações econômicas. Estesfatores se relacionam, em geral (direta ou indiretamente), com o nível de produtividade,os custos de produção, o custo de medidas corretivas e/ou uma produtividade estável; etodos se relacionam com o retorno econômico.

A importância desses fatores, e de outros, pode variar segundo as condições pre-valecentes na área de estudo; portanto, não é possível estimá-los precisamente, semconhecer o contexto em que ocorrem. Por isto, é fundamental que as especificações paraclassificação de terras sejam estabelecidas para cada projeto ou área de estudo, ao invésde numa base geral ou mundial.

5.1. Fatores do Solo5.1.1 Profundidade Efetiva

A espessura do material de solo adequado sobre o material com baixa capacidadede água disponível e excessivamente permeável, da camada barreira impermeável, outóxico ou quimicamente inadequado, tem importante papel na aptidão das terras parairrigação. O volume do solo em que as raízes das plantas se desenvolvem e absorvemágua e nutrientes, como também a relativa facilidade com que esta umidade pode serextraída, são significativos à adaptabilidade das culturas, produtividade, qualidade, efici-ência de irrigação, escolha do método de irrigação e aos custos de produção.

A profundidade de 90 a 150cm, em geral, para solos de textura média é considera-da desejável para terras de Classe 1, sob plano cultural diversificado. Porém, o arrozpode ser cultivado com bons rendimentos em solos com 30cm ou menos de profundida-de efetiva. Os fatores relativos são: plano cultural, clima, capacidade de água disponívele método de irrigação previsto.

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5.1.2 Estrutura

Refere-se à natureza e ao grau de agregação das partículas do solo. A porosidade(o tamanho e a quantidade de poros ou lacunas do solo entre ou dentre as partículas) eos fatores relacionados à aeração e à condutividade hidráulica são positivamentecorrelacionados a estruturas fortes e estáveis - particularmente nos solos de textura médiaa pesada. Tais fatores, sob irrigação, são cruciais ao estabelecimento de infiltrações sufi-cientes, para suprir as necessidades hídricas das culturas, e à percolação de água neces-sária, para manter níveis toleráveis de salinidade no perfil do solo.

A penetração e a proliferação das raízes dependem muito da aeração adequada darizosfera em quase todas as culturas, exceto o arroz, e é fortemente influenciada pelograu e pela estabilidade da estrutura do solo. Medidas da densidade aparente e porosidadesão bons indicadores de aeração e da estrutura correspondente.

O grau e a estabilidade da estrutura do solo, particularmente naqueles de texturamédia a pesada, influenciam profundamente a escolha e a aceitabilidade das práticasculturais e o custo das operações agrícolas, pelo efeito nas condições físicas ou capaci-dade de cultivo.

O grau e a estabilidade da estrutura do solo são influenciados por fatores comograu e tipo de desenvolvimento, mineralogia do material da rocha-matriz, composiçãoquímica da água de irrigação, assim como pela água do solo, e por práticas culturais. Ascaracterísticas estruturais “naturais” do solo não são, necessariamente, permanentes, epodem ser radicalmente alteradas num período curto de tempo sob cultivo e irrigação.Tais mudanças (quando previstas e esperadas) devem ser consideradas no processo declassificação de terras.

5.1.3 Textura (Proporção das Frações Granulométricas)

A textura é importante à aptidão para irrigação devido à sua profunda influência nainfiltração, na retenção de umidade, na retenção e disponibilidade de nutrientes às plan-tas, na condutividade hidráulica na zona das raízes e abaixo dela, na aplicabilidade daspráticas culturais, no método de irrigação e na susceptibilidade à erosão.

Dependendo do plano cultural previsto e do clima, uma grande variedade de textu-ras de solo podem ser incluídas nas terras aptas para irrigação. Os avanços tecnológicosnos sistemas de irrigação têm tornado isto verdadeiro, em particular nos anos recentes.Mesmo assim, a textura permanece um dos critérios mais importantes de avaliação dasterras, e sua influência na aptidão para irrigação pelas implicações físicas, químicas eeconômicas deve ser avaliada completamente durante o estabelecimento e a atualizaçãodas especificações para classificação de terras em cada área de estudo.

5.1.4 Coeficiente de Contração Linear - COLE

É a razão entre a diferença de um torrão de terra úmido e outro seco em relação aotorrão de terra seca.

onde:

Lu = amostra úmida (a 1/3 de atmosfera);Ls = amostra seca.

Lu - LsLs

,

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Classificação de Terras para Irrigação

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A medida correlaciona a mudança de volume de um solo após umedecimento esecagem. Pode-se estimar o coeficiente de contração linear pela contração por secagemde uma amostra de solo indeformada e umedecida até a sua capacidade de campo. Se ocoeficiente de contração linear exceder 0,03, isto indica que existe uma quantidade signi-ficativa de mineral de argila tipo montmorilonita. Pode-se esperar que ocorra uma ex-pressiva atividade de contração-expansão, se o coeficiente de contração linear for supe-rior a 0,09.

5.1.5 Matéria Orgânica

Em geral, o conteúdo de matéria orgânica, pelo menos nos solos minerais, não éfator válido para determinar classes de terras. É útil na determinação da gênese dossolos e, conseqüentemente, no agrupamento de certos tipos de solos de propriedadessemelhantes; mas, na maioria das vezes, altera-se rapidamente sob um sistema de irri-gação, como resultado do cultivo e das práticas culturais.

Entretanto, o conteúdo de matéria orgânica pode ser significativo na avaliação defatores correlacionados, como textura, capacidade de água disponível e capacidade detroca catiôntica.

5.1.6 Permeabilidade ao Ar e à Água

Este fator relaciona-se aos itens 5.1.2 e 5.1.3 já citados, bem como às práticas cul-turais e aos fatores químicos do solo e da água a ser aplicada.

O solo deve ter capacidade para receber água suficiente de modo a atender o usoconsuntivo da cultura e os requerimentos de lixiviação, bem como uma aeração suficien-te que permita a penetração e o desenvolvimento de raízes (com exceção do arroz). Tam-bém o substrato abaixo do solum precisa ser capaz de eliminar o excesso de umidadeproveniente de percolação profunda da água de irrigação e precipitação; ao contrário,deve-se providenciar a drenagem artificial subsuperficial.

Os requerimentos reais de permeabilidade dependem do padrão cultural, do tipode cultura, das práticas culturais, do método de irrigação, da química do solo e da quali-dade da água.

5.1.7 Condição Física (Capacidade de Cultivo)

Este fator está intimamente relacionado a estrutura, textura, COLE e fatores depermeabilidade. Embora suas implicações possam ser, em último caso, prioritariamenteeconômicas (facilidade de cultivo, necessidades de mão-de-obra e energéticas e escolhado método de irrigação), são bastante influenciadas pelas condições físicas e químicas.Porém, a capacidade de cultivo do solo é raramente usada como critério de separação declasses de terras, visto que é de certa forma instável e imprecisamente avaliada. De pre-ferência, são usados fatores que influenciam as condições físicas dos solos.

5.1.8 Concentração de Íon Hidrogênio

O pH do solo (logaritmo do inverso da concentração do íon hidrogênio) é umamedida de acidez e alcalinidade do solo e serve, principalmente, como um indicador decondições significativas para a aptidão para irrigação (i.e., sodicidade, hidrogênio oualumínio trocáveis). De modo usual, é medido por meio de uma pasta de solo e águaformando uma solução diluída em água, cloreto de potássio ou cloreto de cálcio; as duasúltimas são usadas, quase sempre, para minimizar o potencial de adsorção e, assim,obter medidas mais precisas em solos ácidos.

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O valor do pH é importante, mas é freqüentemente superenfatizado nas avaliaçõesdos solos. Valores muito altos ou baixos são, ou podem ser, bastante significativos, masvalores médios são bem menos expressivos. Em certos casos, nos quais possa se estabeleruma consistente correlação empírica entre o pH e outros fatores relevantes na área deestudo, o pH pode ser útil no processo seletivo de identificação de amostras de solos querequerem análise mais completa.

Pode-se fazer os seguintes comentários gerais em relação ao pH:

Valores de pH de solos inferiores a 4,8, medidos numa solução 0,01M CaCl2 indi-cam atividade neutra de troca de bases. Porém a quantidade de acidez permutávelenvolvida não pode ser determinada pelo valor do pH inferior a 4,8;Solos carbonáticos e não sódicos possuem um pH em 0,01M CaCl2 de cerca de 7,5,enquanto o pH dos solos sódicos é, normalmente, maior que 7,5;Valores de pH em solução de solo acima de 7,6 indicam, em geral, a presença decarbonatos provenientes de materiais alcalinos;Solos não carbonáticos e não sódicos podem ter um pH com valores até 7,4;Solos com valores de pH menores que 7,5 quase nunca possuem carbonatos demateriais alcalinos, e aquele com valores inferiores a 7,0 possuem quantidadessignificativas de hidrogênio ou alumínio trocáveis;Valores de pH na solução do solo acima de 8,5 comumente indicam saturação comsódio trocável superior a 15%, mas solos com valores abaixo de 8,5 não indicam,necessariamente, valores inferiores a 15% de sódio trocável;A relação entre a ESP (saturação com sódio trocável) e o pH é influenciada pelasalinidade. Em solos de textura fina, estimativas de ESP freqüentemente podemser obtidas correlacionando-se o pH e a condutividade elétrica com a ESP de umaárea específica de estudo;As determinações em laboratório do pH usualmente não são relevantes para ava-liar solos cultivados com arroz, pois é provável que o pH do solo se modifique sobcondições de inundação, devido a reações de redução. O pH pode ser instrumentovalioso nas estimativas gerais dos níveis aproximados das medidas corretivas decertas deficiências (calcário para solos ácidos, gesso ou ácido sulfúrico para - so-los sódicos), para fins de determinação dos impactos econômicos nas classes deterras. Porém, o seu papel mais importante é como indicador de alerta ou “sinalvermelho” (particularmente nos casos em que o pH chega aos limites extremos)para os casos que demandam uma análise mais detalhada.

5.1.9 Características da Permuta de Cátions

CTC (capacidade de troca catiôntica) é a capacidade de absorção de cátions pelomaterial do solo. A permuta de cátions é a reação química que ocorre entre a solução dosolo e o complexo de troca do solo. É uma reação do solo extremamente significativa,que influencia a absorção de nutrientes pelas plantas, bem como as propriedades físicase químicas dos solos (contração e dilatação, lixiviação de sais, etc.). Os cátions permutáveismais comuns incluem {Ca++, Mg++, Na+, K+, NH4+} e, nos solos ácidos, incluem Al3+ eH+. O Ca++, normalmente, é o íon dominante nos solos férteis e permeáveis, enquanto oNa+ o é, em geral, nos solos salino-sódicos impermeáveis.

As variações do CTC em relação ao pH podem ser uma boa indicação da organiza-ção mineralógica da argila, sendo que a variação dos valores do CTC de minerais argilo-sos tipo 2:1 com o pH é bem menor que aquela com os valores de minerais argilosos tipo1:1.

Os valores do CTC são relacionados também ao conteúdo de argila, tendo os solosde textura mais pesada valores de CTC normalmente maiores do que os de textura maisarenosa.

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É difícil correlacionar os valores do CTC diretamente com classes de terras, poisvalores intrinsecamente baixos de CTC podem ser compensados (num certo grau) pelomanejo e planejamento do sistema de irrigação. Na maioria das vezes, solos com CTCmenores que 4meq/100g (3meq/100g para arroz) são considerados muito pobres paraserem aptos para desenvolvimento de irrigação. Entretanto, alguns solos arenosos comvalores de CTC muito baixos são irrigados, com sucesso, por métodos que utilizam apli-cações freqüentes e de baixa taxa de nutrientes na água de irrigação. Porém, nestescasos, os valores dos cultivos precisam ser suficientes para compensar os custos altos eininterruptos de produção.

Solos altamente produtivos normalmente possuem uma dominância de cálcio emagnésio no complexo de troca do solo. Onde houver níveis altos de hidrogênio e alu-mínio trocáveis (em solos muito ácidos), os solos são, usualmente, improdutivos. Altosníveis de sódio trocável estão associados a condições físicas pobres (instabilidade estru-tural e baixa permeabilidade) e, às vezes, a toxidez às plantas.

Geralmente, um nível de pelo menos 6meq/100g de cálcio no complexo de permu-tas do solo é considerado necessário a uma produção agrícola adequada, pois quasetodas as culturas requerem um nível mínimo de cálcio para manter o crescimento. Níveisde alumínio acima de 2meq/100g geralmente são considerados tóxicos. Regra geral, so-los com minerais argilosos expansivos, que contêm um excesso de 15% de sódio trocável,ou com mais de 3meq/100g de sódio trocável, possuem propriedades físicas indesejá-veis. Entretanto, devido às diferenças na resposta dos diversos solos ao teor de sódiotrocável, é aconselhável estabelecer níveis críticos para a área específica em estudo.

É importante lembrar que nos estudos de aptidão para irrigação, se deve conside-rar o grau de permuta de cátions dos solos em equilíbrio sob condições de operação doprojeto, em vez do grau de permuta sob condições atuais. Adicionalmente, as quedasdos níveis ótimos de produtividade, os custos para correções, ou os aumentos nos cus-tos de produção, necessários à correção das deficiências de permuta de cátions, sãoimplicações econômicas que devem ser consideradas na etapa final do desenvolvimen-to das classes de terras.

5.1.10 Mineralogia

Este termo geral refere-se à natureza física da porção mineral do material do solo,bem como às suas relações com a química do solo e a presença de elementos tóxicos.

Os minerais presentes nas frações de areia e silte do solo são indicativos do mate-rial originário e do grau de intemperismo, mas a mineralogia destas frações não é, emgeral, fator relevante na determinação da aptidão para irrigação. Porém, a organizaçãomineralógica da fração argila é elemento importante. A determinação precisa da minera-logia da argila é, em geral, cara e demorada; mas na ausência de equipamentos sofistica-dos de laboratório, podem-se obter pistas quanto ao tipo da argila pela percepção doprofissional, pela determinação da CTC e por testes do coeficiente de contração linear.Geralmente, os solos com quantidades altas de minerais argilosos tipo 1:1, juntamentecom óxidos de ferro e alumínio, possuem melhores características físicas e são maisaptos para irrigação do que solos com altas proporções de minerais argilosos tipo 2:1;porém, esses solos tendem a possuir menor CTC e menor capacidade de água disponí-vel, o que pode anular as vantagens apresentadas. As avaliações das implicações damineralogia da argila na aptidão para irrigação devem ser feitas baseadas na área deestudo.

O carbonato de cálcio (calcário) ocorre, comumente, nos solos desenvolvidos sobclima árido ou semiárido. Também é normal encontrá-lo nos solos desenvolvidos a par-tir de rocha calcária em todas as zonas climáticas. Nas zonas áridas, os solos são, quase

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sempre, carbonáticos por todo o solum, mas possuem uma zona de concentração decalcário na profundidade média de percolação da água de precipitação. Deficiências deferro, fósforo e manganês são associadas, de modo geral, a solos com calcário.

Altas concentrações de calcário implicam, usualmente, numa necessidade de mai-ores quantidades de fertilizantes, e são fator de desequilíbrio para as raízes à procura denutrientes. Portanto, se todos os outros fatores se equivalerem, pode-se esperar quesolos com altas concentrações de calcário sejam menos produtivos do que os com pe-quenas concentrações de calcário. Em geral, camadas com altas concentrações de calcário,expostas por nivelamento ou erosão, demoram mais para recuperar sua plena produtivi-dade, do que subsolos expostos com conteúdo de moderado a baixo calcário. Isto suge-re que, em tais solos, os níveis de cálcio podem ser relacionados à produtividade. Ocálcio é elemento importante para o crescimento das plantas e para a manutenção deuma estrutura do solo favorável. O carbonato de cálcio é uma fonte de cálcio, apesar deser pouco solúvel, e numa proporção moderada é condição favorável à irrigação e àprodução das culturas.

Solos com calcário normalmente têm um pH da solução saturada do solo em tornode 7,6 a 8,4. Nos casos em que o carbonato de magnésio é um constituinte importante, opH poderá alcançar 9,0 ou mais. A zona de carbonato de magnésio situa-se, usualmente,logo abaixo da camada de concentração de carbonato de cálcio, pois aquele é mais solú-vel. De modo geral, excelentes cultivos são associados a solos com concentrações altasde carbonato de magnésio, mesmo com níveis mais altos de pH.

Os efeitos dos carbonatos na diminuição da retenção de umidade, no aumento dadifusão da umidade, na restrição da penetração das raízes e na formação de horizontesendurecidos, que podem gerar restrições à drenagem interna, precisam ser estabeleci-dos, em termos de seus impactos na aptidão para irrigação, tendo em vista o tipo decultura previsto, os planos de desenvolvimento da terra e os insumos para produção.

O gesso (sulfato de cálcio) ocorre em muitos solos áridos, normalmente concen-trado a profundidades abaixo da zona de máxima acumulação de calcário, mas quasesempre disseminado por todo o solum. Embora a eficiência do gesso, como fonte decálcio para substituir o sódio trocável em níveis excessivos, seja usualmente entre 60 e75%, este é importante constituinte em muitos solos irrigados ou irrigáveis. Apesar de osefeitos do gesso serem, na maioria das vezes, favoráveis, podem também ser desfavorá-veis, dependendo da profundidade em que esse material apareça e da quantidade envol-vida.

O gesso é solúvel na proporção de cerca de 2.630ppm, mas a solubilidade varia deacordo com o tipo de outros sais na solução do solo. Portanto, grandes quantidades degesso no solo podem diminuir a produtividade devido à pressão osmótica induzida. Istoé particularmente verdadeiro em solos de textura grosseira com alguns sais solúveisadicionados ao gesso. A pressão osmótica combinada irá exceder aquela induzida porqualquer fonte em particular. Porém, o gesso raramente ocorre em grandes quantidadesna parte superior da zona das raízes e, a menos que a água de irrigação já esteja saturadacom gesso, quantidades normais podem ser removidas, prontamente, por lixiviação.

Em algumas áreas, o gesso pode ocorrer como o principal constituinte do solo,sem interferir com o sucesso da agricultura irrigada; porém, isto depende bastante dotipo da cultura, da profundidade da concentração de gesso e da qualidade da água deirrigação.

Em solos sódicos, qualquer quantidade de gesso, dentro ou acima da camada deconcentração excessiva de sódio trocável, é importante para fins de recuperação. O ges-

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so natural economiza o gasto com a aquisição de gesso ou de quaisquer outras substân-cias corretivas, à base de cálcio, para tais solos. Uma pequena quantidade de gessoajuda na manutenção ou no desenvolvimento de uma estrutura de solo favorável e está-vel. Os efeitos da salinidade, provenientes do gesso a níveis baixos, são pouco significa-tivos para qualquer cultura, e um volume substancial de gesso pode ser tolerado, semuma apreciável redução de produtividade, para muitas culturas tolerantes à salinidade.O gesso tende a reduzir o pH dos solos e, portanto, tem um efeito favorável, nas condi-ções em que uma redução do pH é desejável. Entretanto, pressupõe-se que solos ácidosficariam mais ácidos com adição de gesso.

A subsidência resultante do conteúdo alto de gesso no solo poderá causar impac-to na aptidão para irrigação, por seus efeitos nos custos para restabelecer o nível oupelos danos nas estruturas de irrigação danificadas.

Usualmente, os níveis de gesso não são critérios para o estabelecimento da apti-dão para irrigação. Porém, às vezes, o nível de gesso pode ser determinante da classe deterra. Isto irá envolver avaliações de solos sódicos com ou sem gesso, ou aonde houverquantidades excessivas de gesso.

5.1.11 Substâncias Tóxicas

Complementarmente ao sódio e ao alumínio trocável, existem vários elementosque podem ser tóxicos às plantas. Esses elementos incluem arsênio, boro, cromo, ní-quel, manganês e selênio. O elemento arsênio não é tóxico às plantas, mas quando asso-ciado a outros elementos é tóxico para algumas culturas. No caso do arroz irrigado,sulfetos e ferro (sob certas circunstâncias) podem provocar sintomas de toxidez nas plan-tas.

Níveis de toxicidade variam com o tipo da cultura, bem como com uma complexi-dade de outros fatores; portanto, é muito difícil generalizar seus efeitos na aptidão parairrigação. Conseqüentemente, a equipe de classificação de terras deve ficar alerta paraeventuais problemas potenciais de toxicidade na área específica em estudo e, se neces-sário, iniciar estudos especiais para determinar os efeitos da toxicidade e suas implica-ções econômicas.

5.1.12 Morfologia do Solo

A gênese dos solos, sua morfologia e a classificação taxonômica correspondentenão são, por si só, parte do processo de classificação da aptidão das terras para irriga-ção. Contudo, os elementos da morfologia do solo podem ser críticos para a determina-ção da aptidão para irrigação.

Muitos dos fatores críticos específicos na determinação da arabilidade, bem comoo grau de seus efeitos na capacidade de pagamento ou na renda líquida do lote, sãovisualizados na morfologia dos solos. Portanto, o estudo da morfologia do solo na áreaé “obrigatório” para a compreensão básica dos solos pesquisados e suas relações entresi e com a paisagem. Isto é particularmente verdadeiro nos estágios iniciais das investi-gações do projeto, e com os estudos a níveis menos detalhados, pois um número menorde dados elaborados estão disponíveis para confirmar as avaliações de campo.

As características morfológicas relativas a estrutura, textura, nível de desenvolvi-mento e tipo do material originário podem ter influência direta na aptidão para irrigação,enquanto outros podem ser, apenas, indiretamente relacionados.

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Deve-se tomar cuidado ao se usarem levantamentos de solos baseados em siste-mas de classificação taxonômica, pois é quase impossível converter diretamente unida-des de mapeamento taxonômicas numa correta classificação de terras para irrigação.

5.1.13 Erodibilidade

Raramente a erodibilidade é considerada, por si só, fator determinante da classede terra. Porém, sua relação com textura, declividade, condição física, padrão de cultivo,método de irrigação, clima e outros fatores, a torna um elemento significativo no proces-so de classificação de terras, tanto do ponto de vista técnico como econômico.

Solos e/ou fisiografias altamente erodíveis podem constituir uma justificativa sufi-ciente à determinação de inaptidão. Estas situações devem ser consideradas com basenum cenário específico, e os pedólogos devem estar sempre atentos às implicações daerosão.

5.1.14 Salinidade e Sodicidade

A Salinidade e sodicidade associadas talvez sejam os problemas mais difundidosmundialmente em projetos de irrigação, em especial nas regiões áridas.

Salinidade excessiva aumenta a concentração da solução do solo, com a conse-qüente redução ou reversão do fluxo de água para a planta, tornando impossível, à plan-ta, a assimilação da água suficiente, mesmo que o solo esteja úmido. Em conseqüência,a planta morre ou há diminuição da produtividade. A tolerância aos níveis de salinidadevaria entre plantas; sendo assim, a escolha das lavouras que podem ser cultivadas éimportante na avaliação dos efeitos da salinidade.

Um teor sódio permutável excessivamente alto, no complexo de troca do solo, érelevante devido ao seu efeito deletério na condição física do solo. Solos com alta per-centagem de saturação com sódio trocável tendem a sofrer dispersão, e a percolação daágua pelo perfil do solo pode ser severamente reduzida ou impedida. Suplementarmen-te, alguns íons, em particular sódio, cloretos e sulfatos, podem ser, por si só, tóxicos paracertas culturas.

O problema principal da salinidade e sodicidade na irrigação é que a quantidadede sais acrescentados ao solo pela irrigação, bem como as quantidades adicionais ex-cessivas de sais no material originário, ou aquelas introduzidas no solo pelo fluxo daágua subsuperficial, precisam ser simultaneamente removidas do perfil do solo. Seisto não ocorrer, os níveis de salinidade (e sodicidade associada) se elevarão até umponto em que a produção das culturas se reduz. Em condições de cultivo de arrozirrigado, às vezes é possível manter índices satisfatórios de salinidade a profundidadesno nível da rizosfera por meio de “flushing” (fluxo contínuo superficial), em lugar depor percolação profunda.

É necessário que uma drenagem subsuperficial natural exista, ou seja estabelecidapor meios artificiais, para manter um padrão aceitável de equilíbrio da salinidade. Docontrário, será inevitável a eventual deterioração ou até a destruição quase que irreversíveldos recursos das terras.

Regra geral, a manutenção de níveis toleráveis de salinidade deve ser feita peloprocesso de lixiviação, associado a uma drenagem subsuperficial adequada. Deve-setomar cuidado no processo de lixiviação, para evitar a dispersão do solo, que reduz omovimento da água no solo. Isto é particularmente importante onde houver sódio emexcesso. A qualidade da água utilizada, bem como o possível uso de corretivos (gessoou ácido sulfúrico), para substituir os íons de sódio, devem ser cuidadosamente conside-

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rados. Os efeitos dos corretivos químicos têm implicações econômicas. A consideraçãodos métodos de aplicação da irrigação é importante no que diz respeito à lixiviação ne-cessária à estabilização da salinidade, assim como em relação à textura do solo, à infil-tração e às taxas de percolação profunda. Os métodos de irrigação por gotejamentopodem evitar temporariamente a necessidade de lixiviação; porém, os sais devem ser“lavados” da zona radicular.

5.1.15 Necessidade de Lixiviação

Toda água de irrigação possui alguns sais solúveis, e uma grande parte temuma quantidade apreciável de sais. Se as aplicações da água de irrigação pudessem serlimitadas ao volume necessário para o uso consuntivo, haveria acúmulo de sais, a me-nos que a água de chuva realizasse alguma lixiviação. Porém, a eficiência da irrigaçãopor métodos gravitários é, em geral, inferior a 50%, devido às perdas por percolaçãoprofunda, e raramente ultrapassa 75% nas condições tecnológicas atuais. Perdas porpercolação profunda na irrigação por aspersão normalmente excedem 15 a 20%.

Portanto, a “subirrigação” usualmente não é usada, exceto em solos de baixapermeabilidade com texturas finas, ou em locais em que a água de irrigação utilizada émuito salina. Os níveis de salinidade podem ser controlados pelas perdas por percolação,se as condições de drenagem forem adequadas. A quantidade mínima de perdas porpercolação, necessária para atingir um nível predeterminado e desejável de salinidadeno solo, é denominada necessidade de lixiviação. A equação é a seguinte:

ECiwLR =

ECdwx 100,

onde:

LR = necessidade de lixiviação ou percentagem de água aplicada quedeve passar pela zona radicular;

ECiw = condutividade elétrica da água de irrigação;ECdw= condutividade elétrica projetada ou tolerável na base da zona

radicular.

No cálculo das necessidades de lixiviação, a condutividade da água de irrigaçãodeve refletir a precipitação efetiva. Com o conhecimento do requerimento do usoconsuntivo, a lâmina da água de percolação profunda pode ser calculada assim:

onde:

Dw = lâmina da água de drenagem;Dcw = lâmina da água de uso consuntivo;LR = necessidade de lixiviação.

A tolerância da cultura a ser cultivada à condutividade elétrica, normalmente éusada como o valor da condutividade elétrica da água de drenagem, no cálculo da neces-sidade de lixiviação.

DcwDw =

1 – LRLR,

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5.1.16 Equação de Lixiviação

O conceito de equação de lixiviação, LF, é definido como a fração da água infiltradaque irá passar abaixo da zona radicular. Ela é definida pela seguinte equação:

ou como a relação entre a lâmina da água de drenagem, Dd, e a água de irrigaçãoinfiltrada, Di, mas visto que

onde:

De = lâmina equivalente da água evapotranspirada, e desde que

e

onde I e E são respectivamente as taxas médias de infiltração e evapotranspiração,em milímetros, durante o tempo de infiltração, ti, e o ciclo de irrigação, tc, em dias de 24horas. Portanto, substituindo-se Dd da equação 2 na equação 1, tem-se:

ou

A equação (6) relaciona LF à taxa de evapotranspiração, à taxa de infiltração, aoperíodo de infiltração e ao ciclo de irrigação. Visto que E e I são expressos em mm/dia, etc e ti em dias, o termo Etc/Iti fica reduzido a uma proporção. Se a taxa de drenagem forlimitante, isto é, se Otc < (Iti-Etc)(7), onde O é a taxa média líquida da água de drena-gem em mm/dia que ultrapassa o limite inferior da zona radicular durante o ciclo deirrigação tc (isto é, Dd = Otc), a equação de lixiviação é determinada pela limitação dedrenagem, considerando que a água infiltrada possível, Iti, não pode ultrapassar Etc -volume evapotranspirado - mais Otc - volume drenado -, exceto se existir um lençolfreático elevado. Para este caso limitante, a equação (1) fica assim:

ou

A equação (6) define a fração de lixiviação em que a taxa de drenagem não élimitante, e a equação (8), em que a taxa de drenagem é limitante.

Uma vez que a equação de lixiviação é calculada pela equação (6) ou 8, aadequabilidade de uma água de irrigação para um grupo de condições em particular éestimada pela equação (9):

DdLF =

Di(1)

Dd = Di – De (2)

Di = Iti (3)

De = ETc (4)

Di – DeLF =

Di(5)

DeLF = 1

Iti(6)

OtcLF =

Etc + Otc(7)

OLF =

E + O(8)

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onde:

ECiw = condutividade elétrica da água de irrigação;

ECdw= condutividade elétrica projetada ou tolerada no limite máximoda zona radicular.

5.2 Relações Solo - Água

As relações entre o solo e a água, incluindo taxa de infiltração, condutividade hi-dráulica e disponibilidade de água no solo, são importantes na determinação da adapta-bilidade das culturas, do método de irrigação, da freqüência de irrigação, do arranjo dossistemas de irrigação, da avaliação das condições de drenagem subsuperficial, dapraticabilidade dos programas de lixiviação e, conseqüentemente, são críticas na deter-minação das classes de terras de acordo com o sistema de classificação de terras parairrigação. O item 2.5 do “FAO Soils Bulletin 42” aborda estas relações detalhadamente.

5.2.1 Taxa de Infiltração

A taxa de infiltração precisa ser adequada para permitir a suficiente entrada deágua na rizosfera, de modo a suprir os requisitos de uso consuntivo das culturas, comotambém as perdas por percolação, necessárias à obtenção do balanço de sais.

Taxas de infiltração muito baixas ou muito altas requerem sistemas mais especia-lizados de distribuição de irrigação do que taxas moderadas. Estes sistemas podem re-presentar investimentos adicionais em equipamento, custos operacionais, necessidadesde mão-de-obra e, portanto, são uma importante consideração econômica para a deter-minação da classificação das terras.

A taxa de infiltração é fator importante na determinação da quantidade de perdaspor percolação na estimativa das necessidades de drenagem subsuperficial.

A determinação precisa das taxas de infiltração pode ser realizada somente portestes de campo, visto que as simulações em laboratório podem mostrar-se extrema-mente imprecisas.

5.2.2 Condutividade Hidráulica (Permeabilidade)

A condutividade hidráulica é fator crítico na determinação das necessidades dedrenagem subsuperficial e na estimativa da probabilidade de desenvolvimento de lençolfreático suspenso no perfil do solo.

A condutividade hidráulica deve ser determinada abaixo da profundidade do perfildo solo, para que se avaliem adequadamente as condições de drenagem subsuperficial.A avaliação da drenagem interna não deve ser limitada ao solum, pois as condições decondutividade hidráulica da superfície, passando pelo material do substrato até (e inclu-indo) as camadas barreiras, são fundamentais para avaliações precisas da drenagem.

As anotações da classificação de campo devem conter todas as informações pos-síveis relativas à condutividade hidráulica, tais como textura, estrutura e estabilidadeestrutural, natureza e extensão das camadas impeditivas. Os procedimentos na condu-ção dos testes de campo podem ser encontrados no “U.S. Dept. of the Interior, Bureau ofReclamation Drainage Manual” (Manual de Drenagem do “Bureau of Reclamation” doDepartamento de Interior dos Estados Unidos).

Eciw = LF x ECdw (9)

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O pedólogo e o engenheiro de drenagem devem identificar os fatores que podemser economicamente corrigidos.

5.2.3 Disponibilidade da Água nos Solos

A capacidade do solo de reter água disponível para as plantas tem efeito profundona aptidão das terras para irrigação. Esta capacidade influencia a escolha das culturas, osistema de irrigação usado, a freqüência de irrigação e a lâmina de irrigação. Subse-qüentemente, tais fatores são correlacionados economicamente com a classe de terraspela sua influência na produtividade, no desenvolvimento da terra e nos custos do siste-ma de irrigação e da mão-de-obra ou nos outros custos de produção.

A disponibilidade de água nos solos pode ser precisamente determinada por umacombinação de testes de campo e laboratório.

A influência da retenção da água do solo na classificação das terras pode ser extre-mamente variável em relação à localização do projeto; portanto, deve ser estimada local-mente ou com base em toda a extensão do projeto.

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ATIVIDADES DECAMPO

6.1 Introdução

Na elaboração dos estudos de classificação de terras, é importante que exista umaestreita coordenação e cooperação entre pedólogos, equipes de laboratório de solos,engenheiros de drenagem e economistas.

A coordenação dos estudos em laboratório deve começar antes do início dos tra-balhos de campo. É importante identificar as necessidades de apoio de laboratório, tes-tes específicos previstos, procedimentos de amostragem e análise, proporção deamostragem, prazo permitido para as análises e canais de comunicação entre as equipesde campo e de laboratório.

Como as pesquisas de classificação de terras e as de drenagem são inter-relacio-nadas e às vezes se superpõem, especificações dos trabalhos de campo para a coorde-nação da classificação de terras e das investigações de drenagem precisam serestabelecidas previamente, para assegurar maior precisão e eficiência em ambos os es-tudos. Isto é aplicável mesmo que as duas investigações sejam conduzidas por umaequipe de classificação de terras, ou que sejam divididas entre pedólogos e engenheirosde drenagem. O desenvolvimento das diretrizes para a avaliação e o mapeamento daspermeabilidades do substrato, e a identificação de responsabilidades para a conduçãodos trabalhos devem ser feitos antes do início dos trabalhos de campo. Normalmente, aclassificação de terras e os estudos de drenagem devem progredir de forma conjunta;porém, em áreas com problemas sérios de drenagem, a área total a ser classificada podeser bem reduzida pela condução, em primeiro lugar, da investigação da drenagem eidentificação das terras sem possibilidade de drenagem. Quando os outros problemasdas terras forem mais severos, as investigações da drenagem podem ser reduzidas, fa-zendo-se primeiramente a classificação das terras.

A coordenação necessária à classificação das terras e às investigações de drena-gem podem incluir decisões a respeito da profundidade permitida do lençol freático, daprofundidade mínima da camada barreira, dos dados específicos a serem coletados porcada disciplina, dos prazos para cada estudo, da definição das terras drenáveis, do esbo-ço da área bruta levantada para cada estudo e dos métodos de condução do estudo.

Embora o papel das disciplinas envolvidas no estudo dos recursos de terra e dedrenagem seja usualmente bem definido, poderá ser útil revisá-lo, quando se referir aalgo em particular. As atividades de apoio, como as dos laboratórios de análise de águae solos, devem ser coordenadas para cada campo de ação. Ambas as disciplinas devemusar as classes texturais dos solos do USDA (Departamento de Agricultura dos EstadosUnidos). Apesar de ser responsabilidade de toda a equipe de estudo, é especialmenteimportante que os pedólogos e engenheiros de drenagem cooperem na delimitação daárea bruta a ser estudada e que façam ajustes razoáveis à medida que os estudos avan-

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Classificação de Terras para Irrigação

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cem. Deve ser mantida uma intercomunicação durante os estudos. É também responsa-bilidade do pedólogo e do engenheiro de drenagem a identificação dos problemas dedrenagem existentes e potenciais.

A participação de economistas é fundamental, não somente no desenvolvimentodas especificações para o estudo de classificação de terras mas também para a inevitá-vel revisão e aperfeiçoamento das especificações com o acúmulo de conhecimento eexperiência de campo na área.

As atividades de campo geralmente recaem em cinco categorias: (1) inspeção ini-cial para orientação; (2) classificação de campo e mapeamento; (3) condução dos estu-dos especiais necessários; (4) correlação de dados de laboratório de estudos especiaiscom os dados do mapeamento de campo, para se chegar à definitiva classificação dasterras; e (5) revisão por autoridades superiores. Estas atividades transcorrem,freqüentemente, na ordem apresentada, mas pode e deve ocorrer superposição entreelas.

6.2 Orientação dos Trabalhos de Campo

Em geral, a classificação das terras começa com uma inspeção no local da áreaproposta para estudo, após compilação e revisão dos dados de recursos de terras dispo-níveis. A adequação e a eficiência do estudo de classificação de terras dependem muitoda inspeção inicial de campo. Esta inspeção deve ser feita pelo chefe da equipe de estu-dos e pelos responsáveis pelas atividades dos pedólogos, engenheiros de drenagem eeconomistas agrícolas.

Os objetivos primários da orientação dos trabalhos de campo são: definir a área deestudo; estabelecer prioridades para mapeamento de áreas específicas; familiarizar-secom a tomada de decisões no campo relativas a necessidades de estudos suplementa-res, de situação geral da área e locação das observações, etc.; avaliar as especificaçõespreliminares de análise do potencial econômico; determinar o tipo de equipamento a serutilizado; avaliar as necessidades de apoio de laboratório e definir se são necessárioslevantamentos exploratórios para resolver problemas pertinentes ao estudo, antes domapeamento rotineiro de campo.

A primeira viagem para orientação dos trabalhos de campo consiste, primaria-mente, numa travessia por terra, se houver acesso, das áreas principais. As observaçõesdos solos geralmente são limitadas. Amostras de solos, para análise em laboratório, sãocoletadas, se tais dados não estiverem disponíveis para a área em estudo. Normalmente,locais para estudos suplementares são indicados na área geral. Qualquer área que ne-cessite de investigações de drenagem, antes dos estudos de classificação das terras,deve ser também identificada, para que se delimitem mais precisamente as terras poten-cialmente aráveis.

6.3 Trabalhos de Classificação de Campo

Em um mapeamento mais detalhado, após a primeira fase dos trabalhos no campo,descrita no item anterior, a área em estudo é percorrida sistematicamente, tendo comomarco inicial o limite de mapeamento, o limite fisiográfico ou qualquer outro ponto dereferência facilmente identificado. Estas seções são feitas, em geral, perpendicularmenteao padrão de drenagem natural, para enfrentar as mudanças decorrentes das formas derelevo e as variações de posição. Percorrendo estas seções a pé, particularmente nos estu-dos mais detalhados, tem-se melhor oportunidade para uma observação mais precisa dascondições das terras, o que facilita a identificação de problemas potenciais. O acesso podeser difícil, às vezes, tornando quase impossíveis as seções sistemáticas, resultando emcondições variadas dos meios de acesso, locais estudados e métodos de observação.

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As características de superfície que influenciam a aptidão para irrigação variamcom o local e o meio ambiente. O reconhecimento e a avaliação destas característicasdevem ser desenvolvidos pela experiência, e a confirmação pode ser obtida por estudosou observações relativas à própria área ou em áreas similares correlacionáveis. As con-dições de solo, topografia e drenagem e suas interações, precisam ser observadas eavaliadas durante a inspeção de campo. As seções no campo devem ser bastanteabrangentes, para possibilitarem o estabelecimento de limites entre classes e subclassesde terra e quaisquer outros parâmetros necessários às avaliações informativas. A avalia-ção dos fatores de superfície, as sondagens para estabelecer condições de solosignificantes, a seleção e a avaliação de locais para descrição dos perfis de solos e acoleta de amostras para análise em laboratório, devem ser parte do percurso de campoinicial. Os limites necessários, a localização e a identificação dos perfis de solos, asimbolização completa da classificação das terras e qualquer outra simbologia demapeamento adotado no estudo devem ser lançados no mapa, antes de se deixar a áreade estudo. Normalmente, poucas correções significativas são feitas no mapeamento decampo, a menos que estas correções sejam indicadas pelos resultados das análises delaboratório, ou por estudos suplementares, que erros sejam descobertos, ou que o crité-rio de mapeamento seja mudado. Observações completas e relevantes, correlacionadasà aptidão para irrigação, devem ser feitas durante as atividades iniciais de campo.

6.3.1 Avaliação dos Solos

Embora as avaliações dos solos comecem pela revisão e interpretação da informa-ção disponível, a avaliação real dos solos de uma certa área começa com a sua inspeçãode campo. A inspeção de campo, dos solos, deve consistir na observação das caracterís-ticas de superfície, para se acharem evidências das suas propriedades, em sondagenssuperficiais e profundas dos solos, para se identificarem áreas com características simi-lares, na seleção de locais para perfis representativos, com base na observação do solo edo substrato a profundidades adequadas e na delineação de manchas de terras similarese sua identificação por símbolos apropriados. A seleção de locais representativos, paradescrição de perfis e coleta de amostras, para análise de laboratório, usualmente é pos-terior à inspeção visual e à sondagem da área. A escolha dos locais representativos émuito importante. As condições incomuns de solos devem ser observadas; porém, aprincipal amostragem deve ser feita em áreas que melhor representem a área global.Entretanto, quando há pouco conhecimento preliminar em relação aos solos da área,pode ser necessária a seleção de locais específicos para observação pedológica e coletade amostras para análise em laboratório, redundando em abordagem mais demorada,antes de se examinarem as seções no campo.

Como a avaliação da classificação das terras é um prognóstico, a avaliação dossolos das áreas em estudo deve-se basear no seu comportamento previsto sob um dadoregime de irrigação. Portanto, as características de solos que provavelmente sofrerãoalterações - melhoramentos ou danos - pela aplicação da irrigação, constituem-se damaior importância nestes estudos.

6.3.2 Avaliação Topográfica

A topografia de uma área influencia a escolha do método de irrigação, por seuefeito na necessidade de mão-de-obra, na eficiência da irrigação, na necessidade de dre-nagem, nos danos de erosão, na relação de culturas possíveis, no custo de desenvolvi-mento da terra e nos prováveis tamanhos e formas das parcelas. Existem quatro aspec-tos topográficos que possuem significância especial na aptidão para irrigação: (1)declividade, (2) microrrelevo, (3) macrorrelevo e (4) cobertura. A posição relativa à dis-tância e cota da área, em relação ao manancial, é outro aspecto relacionado ao estudo deirrigabilidade e não deve receber uma consideração maior no estudo de arabilidade.

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A avaliação da topografia deve ser feita em conjunto com as observações das ou-tras características das terras no decorrer dos trabalhos de campo. Exceto quando osmapas topográficos estão disponíveis, a avaliação dos fatores topográficos baseia-sequase inteiramente nas observações de campo. Os mapas topográficos, freqüentemente,não fornecem detalhes necessários para avaliar plenamente os requerimentos denivelamento das terras para irrigação de superfície. É indispensável a habilidade para seconseguir distinguir e avaliar as feições topográficas significativas à aptidão das terraspara irrigação. Uma considerável experiência é necessária, para se obter uma precisãoaceitável na estimativa dos custos de nivelamento e em outras práticas de desenvolvi-mento pelas observações de campo. Orientação e treinamento podem ser fornecidospor um engenheiro agrícola com experiência e envolvido com estudos de leiautes deta-lhados. Leiautes detalhados das parcelas em áreas representativas, mostrando custosde desmatamento, nivelamento, estruturas do lote e localização do sistema de drena-gem superficial, limites das áreas e áreas residuais, fornecem excelentes subsídios eexemplos na avaliação da topografia do projeto. Uma estimativa apenas razoável doscustos reais pode ser esperada, pois o desenvolvimento final pode depender das deci-sões de gerenciamento; além disso, a superfície da terra pode estar obliterada pela vege-tação; ou não há informação disponível suficiente para determinar precisamente os limi-tes preliminares da área, e os limites das propriedades podem mudar. A avaliação datopografia, baseada na experiência, e estudos de leiaute de campo, usualmente são ade-quados à maioria dos trabalhos de planejamento.

Declividade - O grau de declividade aceitável para o desenvolvimento da irriga-ção depende de: (1) método de irrigação previsto, (2) intensidade e quantidade daprecipitação, (3) susceptibilidade do solo à erosão e (4) padrão cultural planejado.Declives com 50% ou mais têm sido irrigados com êxito por sistemas degotejamento e microaspersão; porém, irrigação por gravidade, em declives superi-ores a 12%, é raramente favorável. Com sistemas por gotejamento e aspersão, aslimitações por declividade são relacionadas aos possíveis danos por erosão, pro-venientes da precipitação, operacionalidade das máquinas agrícolas e outras ope-rações de cultivo e colheita. Declividades com cerca de 20% são consideradas, nomomento, como o valor máximo permitido aos cultivos irrigados por aspersão, nooeste dos Estados Unidos. Em áreas sujeitas a fortes tempestades, a declividademáxima utilizada pode ser menor. Certas frutas podem ser cultivadas em algumasáreas com declividade de até 35%, com apropriada cobertura do solo.

Terras destinadas a pastagens ou a culturas de cobertura densa, podem permitirirrigação em declives superiores àquelas destinadas a outras culturas, com menor co-bertura. Declividades muito íngremes necessitam de uma cobertura do solo adensada epermanente, para o controle da erosão, e a ocorrência de tempestades precisa ser poucofreqüente. Devido ao alto investimento necessário e aos onerosos custos operacionaisdos sistemas por gotejamento ou microaspersão em declividades íngremes, somenteculturas nobres podem produzir o retorno necessário, para que estes sistemas sejameconomicamente viáveis.

Embora a declividade excessiva seja o problema mais freqüente, a ausência dedeclividade pode também limitar o valor da terra para irrigação. Um relevo excessiva-mente plano pode requerer custos altos de sistematização para aumentar a declividade econseguir uma superfície com um gradiente constante necessário à distribuição unifor-me da água de irrigação. Gradientes extremamente suaves podem tornar difícil a irriga-ção de solos com baixa permeabilidade, em virtude dos possíveis efeitos de queimadurae encharcamento associados à água parada. A topografia extremamente plana podeimpedir a irrigação uniforme em solos muito permeáveis, sem que ocorra uma excessivaperda por percolação. As terras muito planas, às vezes, proporcionam uma oportunida-de ao uso de métodos de irrigação superficial muito eficientes, como bacias niveladas ou“polders”. Considerando que declividades adequadas podem ser obtidas, em geral, den-

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tro dos limites impostos pelos custos de desenvolvimento permitidos, as terras não são,normalmente, eliminadas, apenas com base numa declividade inadequada.

Existem poucos meios bastante difundidos, ou viáveis em geral, para modificardeclives íngremes, de modo a se obterem uma irrigação e um controle de erosão maiseficientes. Os cordões de contorno têm sido usados com algum sucesso no controle daerosão. Porém, com o incremento da declividade, os custos de construção aumentam, ea área improdutiva usada na confecção do talude fica relativamente extensa em compa-ração à área agricultável.

A declividade é mais bem estimada mediante a observação visual no campo. Coma experiência resultante de observações de muitas áreas, e confirmando os resultadoscom um clinômetro, o pedólogo poderá estimar declividades dentro de faixas adequa-das à maioria dos estudos de planejamento.

Desenvolvimento da terra - O custo de desenvolvimento da terra, associado àscaracterísticas topográficas, pode ser fator primordial no processo de determina-ção das classes de terras. O microrrelevo (pequenas ondulações e irregularidadesna superfície da terra) influencia enormemente o volume de recursos para o de-senvolvimento da irrigação superficial. Entretanto, possui efeito mínimo nos cus-tos de sistemas por aspersão ou gotejamento, que requerem apenas um relevofavorável à mobilidade destes ou às práticas de cultivo necessárias.

Algum tipo de nivelamento, para assegurar uma adequada distribuição de água, énecessário em praticamente todas as terras desenvolvidas para irrigação superficial. Omáximo custo de desenvolvimento permitido deve ser estabelecido antes do início dostrabalhos de campo. O custo do nivelamento é determinado, principalmente, pelomicrorrelevo. Na estimativa dos custos de nivelamento, deve-se estabelecer, em primei-ro lugar, o limite da área, e é indispensável que se determinem as limitações impostaspela profundidade do solo. Existe uma relação entre o tamanho da parcela irrigada e ovolume de sistematização da terra. Deve ser considerado o tamanho da parcela maispróximo do ideal, dentro dos limites impostos para o nivelamento das terras pelos cus-tos de desenvolvimento permitidos. Se uma intensidade de nivelamento reduz a quali-dade ou a profundidade do solo abaixo de um nível aceitável, ou ocasiona mudançasextremas das suas características, outras opções de desenvolvimento devem ser consi-deradas.

A estimativa da sistematização das terras é parte essencial do estudo de classifica-ção das terras. Não há métodos específicos ou abordagem que devam ser usados. Aintuição para estimar o movimento de terra necessário é conseguida, primariamente,através da experiência. Mapas topográficos e leiautes parcelares detalhados de áreasrepresentativas são valiosos para correlacionar a estimativa do pedólogo para áreas si-milares. A estimativa do nivelamento médio necessário em um campo, e sua conversãopara um volume estimado de material a ser movimentado, é um método. A estimativapode ser feita pela avaliação da diferença entre os altos e baixos do microrrelevo e pelaobtenção de uma média para o campo. Isto é quase sempre expressão em termos denecessidade de corte e aterro. Este cálculo implica numa média de corte sobre metadede uma área, sendo a porção restante usada como aterro. Podem-se desenvolver tabelasque mostrem o volume representado pelas diversas diferenças de altura. Se houver dis-ponibilidade de mapas topográficos com o registro das cotas, estes podem fornecer umbom indicador para os altos e baixos do microrrelevo.

O grau de uniformidade que a superfície deve possuir, para uma irrigação efici-ente, pode variar com o gradiente, o método de irrigação por gravidade pressuposto, aqualidade da água, a profundidade prevista do lençol freático e a rotação das culturas.Usualmente, uma sistematização menos rigorosa é utilizada, em face dos seguintes

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fatores: aumento da declividade, métodos de irrigação menos eficientes, boa qualida-de da água, lençol freático bem abaixo da zona radicular e cultivos menos nobres.Também o volume de terra a ser movimentado para construção dos canais laterais,drenos e locação das estruturas do lote devem ser incluídos na estimativa dos custostotais de sistematização da área. Apesar de os custos de sistematização da terra sebasearem, principalmente, no volume total de terra a ser movimentado, outros fatorespodem influenciar o custo total. Os custos unitários para nivelamento variam com aprofundidade dos cortes, a quantidade de terra movimentada, o grau de suavidadeesperado para o declive, a textura do solo (que influência a plasticidade e a faixa decondição de umidade em que pode ser manejado) e o tamanho da parcela (onde estafica mais difícil para manobrar equipamentos pesados).

Tamanho e forma da parcela - O tamanho e a forma da parcela podem serimportantes no processo de classificação das terras, dependendo da natureza dosistema agrícola e das práticas de cultivo previstas para a área de estudo. O textoa seguir refere-se, principalmente, às áreas em que a agricultura irrigada é extensi-va, ao invés de intensiva, e nas quais as práticas de cultivo são altamente mecani-zadas.

O tamanho e a forma do campo para irrigação por superfície são determinados,primariamente, pelo macrorrelevo. Outros fatores que podem limitar o comprimentodos sulcos de irrigação são solos com taxas de infiltração muito altas e terras íngremes,nos quais os comprimentos dos sulcos devem ser reduzidos para evitar erosão. Estaabordagem relaciona-se, em especial, aos métodos de irrigação por superfície, visto queas características das terras, normalmente, não influenciam muito o custo e o projetodos sistemas por aspersão ou gotejamento. Em topografias complexas, nas quais o rele-vo muda freqüentemente em ambas as direções, lateral e transversal, a irrigação porsuperfície fica difícil e, muitas vezes, impraticável. À medida que o campo se torna me-nor e os sulcos para irrigação se apresentam mais curtos, aumenta a necessidade demão-de-obra, é necessário um sistema de irrigação do lote mais complexo, elevam-se oscustos com a mecanização agrícola, cresce a proporção de terras improdutivas e diminuia eficiência de irrigação. O tamanho e o comprimento mínimos da parcela, do ponto devista econômico, estabelecidos nas especificações, são baseados principalmente nestesfatores.

Na avaliação da topografia no campo, a estimativa do tamanho do lote deve ante-ceder a dos custos de sistematização das terras. Um fator principal na estimativa dotamanho e da forma do lote é a presença de aspectos fisiográficos, como valas ou drenos,que não podem ser removidos, pois são essenciais à remoção da água superficial ou dosexcessos da irrigação. Os limites dos lotes, normalmente, são condicionados pelos as-pectos topográficos mais proeminentes, e o relevo menos proeminente contido nesteslimites topográficos pode ser nivelado, para permitir o fluxo de água por gravidade. Ou-tros aspectos, como limites de propriedades, manchas de terras inaptas e limites deterras, cujo uso atual impossibilita a irrigação, podem definir os limites do campo. Oslimites de propriedade não devem ser assumidos como limites das terras até que a deter-minação da área irrigável seja feita.

Na avaliação de campo, os aspectos que determinam o tamanho dos lotes preci-sam ser definidos por observação. Isto requer experiência e capacidade de julgamentoconsideráveis. Nos estudos de classificação das terras mais generalizados, não é práticodelimitar cada lote. Em tais situações, a estimativa do tamanho do lote é conseguida pelaassociação da fisiografia do terreno, com áreas similares em que leiautes detalhados dolote estejam concluídos, ou com áreas irrigadas com topografia similar. No caso de defi-ciências de solos e topografia, pode-se associar o tamanho de lote adequado para cada

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classe de solo ou faixa de declive. Devem-se tomar cuidados extras em situações em quehá uma inter-relação entre deficiências.

Cobertura - Uma cobertura que interfere com práticas de cultivo normais podeocorrer em terras propostas para irrigação. Essa categoria inclui cobertura vegetalcom árvores e arbustos altos e pedregosidade na superfície ou nas camadas su-perficiais, que interferem com as práticas de cultivo ou limitam a área que pode sercultivada. É indispensável que o custo de desmatamento seja considerado na ava-liação das terras para desenvolvimento sob irrigação, porque muitas culturas ne-cessitam da limpeza do terreno.

Posição - A posição da mancha de terra em relação à diferença de nível, ao isola-mento ou à distância do manancial não é, normalmente, um fator na determinaçãode terras aráveis, apesar de ser bastante significativa na determinação dairrigabilidade. Em geral, a cota exata e o local de distribuição de água são desco-nhecidos, até que a área arável é mapeada. Portanto, dados suficientes para classi-ficação das terras em relação a sua posição não estão freqüentemente disponíveisdurante o estudo de arabilidade. Áreas inaptas pela sua posição são excluídas,muitas vezes, da área de estudo, antes do início dos trabalhos de campo.

Método de irrigação e topografia - A influência da topografia na aptidão dasterras para irrigação varia enormemente com o método proposto para irrigação. Atopografia influencia bastante a aptidão das terras para métodos de irrigação porsuperfície. As pesquisas para irrigação por superfície requerem observação maisdetalhada da topografia, do que outros métodos de irrigação para determinar asnecessidades de nivelamento, o tamanho dos lotes e os custos do sistema de irri-gação no lote.

A maioria das terras irrigadas pela primeira vez, com métodos por superfície, re-quer alguma sistematização, para que haja uma distribuição satisfatória da água.Freqüentemente, a topografia determina a formação de lotes menores que o de tamanhoótimo, os quais apresentam forma irregular, ou com pequeno comprimento dos sulcospara irrigação. A declividade da terra pode ser fator importante na aptidão para irrigação,pois é inerente ao método por superfície um menor controle da aplicação de água. Aocontrário, o relevo estabelece muito menos limitações ao uso de sistemas por aspersãoou gotejamento. O requerimento primordial da irrigação por aspersão é que as práticasde cultivo, necessárias ao tipo de agricultura preconizada, possam ser realizadas ou, nocaso de aspersão móvel, a topografia não impossibilite a mobilidade do sistema. Emsistemas de irrigação que aplicam água com “runoff” muito pequeno, os limites dedeclividade relacionados ao controle da erosão são determinados, principalmente, pelospadrões climáticos e pelos fatores dos solos que influenciam a erosão.

O tamanho da parcela para sistemas por aspersão e gotejamento é, em geral, de-terminado pelos limites de propriedade, pelas áreas inaptas e pelo suprimento de água,e não pelos aspectos topográficos. A topografia, exceto para desmatamento, impõe res-trições menores e menos severas aos métodos de irrigação por aspersão do que àquelespor superfície. Usualmente, uma porção maior de terras estudadas para irrigação poraspersão será considerada arável.

Os custos de desmatamento para uma certa área variam pouco com o método deirrigação proposto. Contudo, como os custos de desenvolvimento permissíveis são, usu-almente, menores para irrigação por aspersão, um menor desmatamento é viável emterras desenvolvidas para este tipo de irrigação. Onde os custos de desmatamento fo-rem fator primordial, uma parte maior da área levantada poderá ser mais adequada parairrigação por superfície do que por aspersão.

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6.3.3 Avaliação da Drenagem

Drenagem é a remoção do excesso de água superficial e subsuperficial e de saissolúveis que podem prejudicar a produtividade das terras ou a integridade e o desempe-nho da infra-estrutura e instalações. Alguma drenagem é fornecida pelas condições na-turais do terreno; porém, quando houver irrigação, precisam ser consideradas as neces-sidades adicionais de canais abertos, manilhas subterrâneas ou poços artesianos. Umadrenagem adequada é essencial, para assegurar a estabilidade da produtividade e parapermitir eficiência nas práticas agrícolas. Devido a sua influência na estabilidade da pro-dutividade, nos custos de produção e das medidas de controle, a drenagem é fator im-portante na classificação das terras. O excesso de água precisa ser removido da zonaradicular, para evitar acumulações de sais, que são tóxicos às culturas e que deterioramas características físicas dos solos, pela dispersão e saturação, visto que diversas cultu-ras necessitam de uma rizosfera com aeração. Drenagem natural ou artificial satisfatóriaenvolve a rápida remoção do excesso de água superficial do solo, para evitar a restriçãoà qualidade, adaptabilidade e produtividade de culturas diversificadas; a manutenção dolençol freático abaixo da zona radicular; e a lixiviação dos solos, para manter as concen-trações de sais solúveis, em uma faixa favorável ao crescimento de diversas culturas.Medidas para o controle do excesso de água, como proteção contra cheias e revestimen-to de canais, devem ser também consideradas.

A previsão da necessidade de drenagem é elemento crítico na seleção de terraspara irrigação, particularmente se relacionado à produção de diversas culturas. A ade-quação desta previsão e sua implementação estão entre os determinantes físicos primá-rios do sucesso do empreendimento de irrigação.

Na seleção de terras para irrigação, variadas condições de drenagem, freqüen-temente inseparáveis, devem ser consideradas. Entre elas estão a drenagem superficialpara canais escoadouros, a drenagem de depressões, as inundações provenientes deriachos e terras altas circunvizinhas e a drenagem subsuperficial. Os fatores considera-dos de responsabilidade do agricultor (do proprietário ou, em alguns países, do usuáriodo lote) são, usualmente, determinantes da classe de terra e precisam estar consoantescom os limites impostos pelas especificações. Sistemas de drenagem subsuperficiais ouprofundos são, na maioria das vezes, considerados “custos de projeto”, devido à dificul-dade em definir a responsabilidade destas obras, aos custos geralmente altos e à neces-sidade de coordenar os sistemas com a operação e construção do projeto.

É indispensável que a terra arável tenha condições de ser drenada. A seleção dasterras aráveis deve incluir os seguintes critérios para avaliar as necessidades existentese potenciais de drenagem: solo, subsolo e condutividade hidráulica do substrato; pro-fundidade até a camada barreira; topografia, incluindo relevo e declividade da superfíciee das formações subsuperficiais; posição da área; profundidade, flutuação e direção domovimento do lençol freático; qualidade da água; salinidade e alcalinidade; vegetação; etipo e localização das linhas de drenagem existentes. A condutividade hidráulica é a taxade percolação da água nos solos. Ela está relacionada, principalmente, à porosidade,que é função da estrutura, textura e composição do solo, sendo que qualquer um destespode exercer domínio sobre os outros. A variação destes fatores, ao longo do perfil,influencia significativamente a percolação da água, como por exemplo, qualquercimentação, duripan ou camada de permeabilidade lenta que dificulta a livre percolaçãoda água. Substratos com permeabilidade lenta ou impermeáveis têm de ser considera-dos com relação a:

Profundidade;Espessura, relevo e declividade;Existência de diques ou escolhos que podem causar elevação do lençol freático,mesmo em bancos ou declives;

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Possibilidade de que esta camada tenha moldes para formar um lago subterrâneocom a água percolada, resultando em um lençol freático elevado;Características químicas.

A drenagem superficial e a interna são influenciadas pela declividade, pelo relevoe pela posição. A taxa de “runoff” tende a aumentar com o incremento da declividade.Uma superfície irregular interfere na drenagem uniforme e na eficiência do uso da água.Terras localizadas em depressões ou fundo de vales podem não ter escoamento de dre-nagem tanto para a água superficial como para a interna; aquelas situadas logo abaixodo pé de uma elevação ou de um trecho em declive, com material menos permeável,podem ficar encharcadas, devido a uma mudança significativa na taxa de permeabilidade;e as terras imediatamente adjacentes aos canais podem ser influenciadas pela percolaçãolenta, através do material poroso das seções sem revestimento. A fim de determinar asvariações de profundidade do lençol freático numa área irrigada, as observações devemser conduzidas, pelo menos, durante uma temporada completa com e sem irrigação.

Precipitação e “runoff”, perdas por percolação em reservatórios ou canais e per-das por percolação e “runoff” pela irrigação contribuem para problemas de drenagem.Várias práticas de manejo de terras são efetivas na redução ou no desvio de perdas por“runoff” e percolação profunda. O revestimento de canais e a aplicação eficiente de águaem terras altas irrigadas podem reduzir as perdas por percolação e a necessidade dedrenagem das terras mais baixas. O transbordamento de rios ou canais de drenagemnatural constitui fonte importante de excesso de água. Portanto, as medidas de controlede cheias para proteção contra inundação referem-se à drenagem. Como estes fatoresinfluenciam as necessidades de drenagem, conseqüentemente afetam a classificaçãodas terras e sua aptidão para irrigação. Melhoramentos previstos, como o revestimentode canais, a proteção contra cheias e práticas conservacionistas do solo e da umidade,precisam ser reconhecidos pelos pedólogos. Algumas terras podem ter uma drenagemnatural adequada para sustentar uma irrigação intensiva. Tal condição deve ser verificadapelas investigações. Infelizmente, áreas naturalmente drenadas são raras; portanto, re-des de drenagem artificial, para retirar o excesso de água e sais, são necessárias namaioria das áreas irrigadas. É de responsabilidade do pedólogo e do engenheiro de dre-nagem a determinação das necessidades de drenagem.

Custos de drenagem - Os custos de drenagem podem ser considerados custosdo lote, em que os custos são contabilizados no desenvolvimento e o agricultor ouproprietário é o responsável, ou custos de projeto, quando o sistema de drenagemé construído como parte dos trabalhos do projeto. No procedimento normal declassificação das terras do “Bureau of Reclamation” (análise de áreas aráveisirrigáveis), os custos do lote são determinantes de classes de terras, visto que taisinvestimentos influem diretamente na renda líquida do lote. Embora os custos deprojeto não sejam determinantes de classes de terras, pode haver benefícios insu-ficientes pelos incrementos do projeto, o que torna a drenagem ou os serviços deirrigação de uma área inviáveis economicamente, resultando na sua inclusão emClasse 6. Portanto, é importante saber quais os tipos de drenagem, se houver,serão considerados responsabilidades do “projeto”, antes que se iniciem os estu-dos de classificação das terras.

Quando todos ou a maioria dos custos de desenvolvimento do lote são pagos poruma entidade que não seja o proprietário ou o agricultor (país, estado, etc.), o procedi-mento para o manuseio destes custos torna-se mais complexo. Todos os custos podemser considerados custos de “projeto” e também determinantes de classes de terras combase no benefício adicional líquido da irrigação, eliminando-se, na prática, a etapa deavaliação pelos conceitos de arabilidade. De outro modo, os custos podem ser credita-dos a uma prática agrícola existente ou prevista, ou como uma função do projeto, e oprocedimento de avaliação da arabilidade-irrigabilidade é mantido. Este último procedi-

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mento é o recomendado, pois resulta em um cenário mais preciso e estável do recursopotencial da terra. Neste caso, a atribuição dos custos de drenagem (exceto para instala-ções de superfície no lote) para a categoria de custos de “projeto” é usualmente adequa-da.

6.3.4 Avaliação da Qualidade da Água

A avaliação da adequabilidade da água é feita normalmente antes das atividadesde campo e devem ser consideradas no desenvolvimento das especificações para classi-ficação das terras. Em geral, a avaliação da qualidade da água pode ser abordada pelaanálise do cenário ambiental do projeto, considerando o uso futuro previsto da água.Algumas considerações comuns e significativas a respeito da qualidade da água sãofeitas a seguir:

Salinidade - Deve-se fazer uma determinação inicial relativa aos níveis em que,supostamente, um solo em particular poderá manter sua salinidade em equilíbriocom uma certa quantidade de água de irrigação aplicada. Tal avaliação requer apre-ciações da tolerância aos sais das culturas a serem cultivadas; características depermeabilidade e infiltração do solo; condições climáticas, particularmente aque-las relacionadas à evapotranspiração; qualidade prevista da água do lençol freático;profundidade de controle do nível do lençol freático; e propriedades fundamentaisdos solos, particularmente aquelas que influenciam a percolação da água sob con-dições de saturação e insaturação.

A salinidade é importante na determinação da adequabilidade da água para irriga-ção numa situação específica. Até mesmo com o uso de água da melhor qualidade, énecessária alguma lixiviação de sais além da zona radicular, para manter a produtivida-de. A condutividade elétrica é normalmente usada como meio de indicar o conteúdo desais ou salinidade da água. A salinidade total e os íons específicos na água de irrigaçãopodem influenciar a qualidade da água percolada, as culturas, o desenvolvimento dasterras, as práticas de irrigação, a permeabilidade do solo e a absorção de solutos pelosolo. As condições climáticas, como precipitação, umidade e temperatura, influenciamna definição dos limites de salinidade que podem ser tolerados na água para irrigação.As características das terras, tais como drenagem superficial e subsuperficial, permea-bilidade do solo, disponibilidade de água, infiltração, declividade, relevo e cobertura ve-getal, também influenciam a avaliação da água em relação à salinidade.

Sodicidade - Os níveis em que o sódio trocável irá equilibrar-se com a água deirrigação aplicada devem ser previstos. Isto envolve avaliar mudanças na qualida-de da água com o tempo; características dos solos, particularmente a mineralogiadas argilas; possibilidade de precipitação do carbonato de cálcio no solo; ascensãodos sais na solução do solo por capilaridade; e outros fatores essenciais, comoclima, sistemas de cultivo e práticas de manejo previstas.

O equilíbrio iônico na solução da água de irrigação é, também, importante àadequabilidade do uso da água para irrigação numa área específica de terras. Outro fatorsignificativo é o equilíbrio entre os íons de sódio, cálcio e magnésio. A taxa de absorçãode sódio fornece uma indicação útil dos riscos de danos por sódio envolvidos no uso deuma água de irrigação em particular. A influência primária do sódio na água de irrigaçãoé o seu possível efeito na permeabilidade do solo. Além disso, o sódio é tóxico paraalgumas culturas.

Solutos fitotóxicos - Deve ser feita uma determinação das influências de íonstóxicos nas culturas. Isto envolverá determinações destes elementos no solo e naágua. Esta avaliação irá requerer uma relação dos níveis tóxicos destes íons comos níveis de tolerância das culturas a serem desenvolvidas na área do projeto.

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Sólidos em suspensão - Os sólidos em suspensão podem influenciar o uso daágua para irrigação. A maior parte dos suprimentos de água para irrigação é rela-tivamente baixa em sedimentos, visto que são usualmente captados de reservató-rios onde os sedimentos ficam retidos. Porém, onde o suprimento for derivado oubombeado diretamente de riachos, ou contiver “runoff” natural, o excesso de se-dimentos deve ser levado em consideração. Os efeitos dos sedimentos normal-mente são prejudiciais, apesar de poderem ter efeito favorável. Os sedimentos naágua podem causar desgaste excessivo nas bombas e sistemas de aspersão, entu-pimento no sistema de gotejamento, de canais e de laterais e formar depósitos nasuperfície do solo. Em geral, a deposição de sedimentos na terra causa danos pordiminuição da infiltração, cobertura das plantas pequenas, aumento no conteúdode argila no solo e entupimento de canais e sulcos. Em áreas arenosas, a reduçãoda infiltração e o aumento de argila no solo poderia ser benéfico. A redução dapercolação nos canais pode provocar, também, efeito benéfico dos sedimentos naágua. Portanto, a determinação da adequabilidade da terra e da água para irriga-ção envolve a integração dos fatores pertinentes a ambos.

Levantamentos para classificação de terras são utilizados para delimitar as classesde terra que irão responder positivamente ao suprimento de uma água de certa qualida-de. Esta seleção de terras, como parte potencial do desenvolvimento da irrigação, é en-tão testada quanto à sua viabilidade, mediante a aplicação de critérios para formulaçãode planos.

Padrões de qualidade da água não são aplicados usualmente por si, na avaliaçãoda adequabilidade da água para irrigação. Esta adequabilidade depende do que pode serfeito com a água, se esta for aplicada em um certo solo sob uma série de circunstânciasparticulares. O uso bem sucedido, ao longo do tempo, de qualquer água de irrigaçãodepende profundamente da precipitação, da lixiviação, do manejo da água de irrigação,da tolerância da cultura à salinidade e das práticas de manejo das terras.

6.3.5 Anotações de Campo e Mapeamento

Anotações claras e sucintas, compreendendo observações, sugestões para estu-dos especiais, outras informações pertinentes e um mapa preliminar com símbolos paraclassificação das terras e suas delimitações, devem ser obtidas antes que o pedólogodeixe a área.

As descrições dos perfis dos solos são essenciais ao pedólogo na classificação deterras e como fonte primária de informações sobre as terras, após a conclusão da classi-ficação. Estas anotações podem ser usadas para relacionar uma área de qualidades co-nhecidas com terras recém-examinadas; para correlacionar os dados de laboratório paraa designação final das classes, sem ter que voltar ao campo; para selecionar locais repre-sentativos para estudos especiais; e para projetar os resultados para outras áreas e for-necer informações adicionais que não podem ser prontamente incorporadas nos símbo-los para classe de terras.

As anotações de campo não devem se limitar a uma lista específica de itens, masserem usadas para descrever quaisquer condições das terras, que possuam significadoespecial à aptidão das terras para irrigação. As anotações podem referir-se às condiçõesou atividades durante o planejamento, construção e operação do projeto; e podem serúteis no ajuste da classificação de terras durante os períodos de construção e pós-cons-trução, na identificação das condições das terras anteriores à irrigação e para os geren-tes agrícolas. Embora a maioria das anotações deva se referir às deficiências das terras,as características proeminentes das mesmas devem ser também anotadas, o que aindadeve ser feito em relação às características genéticas dos solos e fenômenos físicos liga-dos à irrigação, tal como a relação solo/umidade. As anotações devem auxiliar a classifi-

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cação das terras e podem ser usadas para elucidar dados conflitantes. Exceto se os resul-tados do laboratório ou estudos especiais forem significativamente diferentes das ob-servações de campo, ou se os critérios de mapeamento forem mudados, não será neces-sário fazer acréscimos ou revisões extensivas nas anotações de campo e mapas. Porém,como o espaço para as anotações é limitado, devem-se usar abreviações. As anotaçõesoriginais devem ser preservadas no mapa ou na caderneta de campo. Deve-se tomarcuidado para que as anotações não repitam informações que podem ser interpretadaspelo símbolo para classificação das terras ou pelo diagrama do perfil. Fichas com umadescrição geral do perfil e seus principais parâmetros podem ser reproduzidas para usono campo. Após as anotações terem sido esquematizadas em uma forma final, as cader-netas de campo devem ser preenchidas com os dados adicionais de suporte. Podem serusados diagramas e comentários por escrito. “The Soil Survey Manual (AgricultureHandbook nº 18)” ou “Soil Taxonomy (Agriculture Handbook nº 436)” fornecem umareferência útil para os termos apropriados, abreviações e descrições de aspectosfisiográficos. As Figuras 6.1, 6.2 e 6.3 mostram exemplos de abreviações e formatos quepodem ser usados para expor estas informações.

Os mapas de campo devem conter, no mínimo, delimitações separando terras quepossuem diferenças significativas em relação a aptidão para irrigação e avaliações infor-mativas. Isto requer, usualmente, a separação de todas as subclasses e a subdivisão dassubclasses que possuem deficiências diferentes. As avaliações informativas podem re-querer delineações adicionais; porém, estas podem ser mantidas em um mínimo. É in-dispensável que um símbolo adequado, para caracterizar a área, esteja em cada delimi-tação. As descrições nas fichas correspondentes e outras informações adicionais devemser incluídas. Esta informação adicional pode incluir aspectos fisiográficos especiais, onome do pedólogo, o tipo de levantamento, a data da classificação e o projeto. Delineaçõestemporárias e símbolos podem ser apropriados até quando a decisão final estiver de-pendente de resultados do laboratório ou de estudos especiais, ou de outro tipo de con-sulta. Exemplos do esboço final de mapas de classificação das terras são mostrados nasFiguras 6.4 e 6.5 e na Figura A.3.1 (Anexo 3).

6.3.6 Designações das Classes de Terra

Após a conclusão dos trabalhos de campo, incluindo observações visuais dos fa-tores pertinentes, localização, descrição e amostragem de locais de solos representati-vos e separação das áreas com características diferenciadas, todos os fatores, para umaárea individualizada, devem ser avaliados, e as delineações feitas, de tal forma que sepa-rem as terras em classes distintas.

As melhores terras devem ser colocadas na Classe 1. Estas terras não possuemdeficiências significativas quando relacionadas às especificações estabelecidas. Qual-quer terra com uma única deficiência de magnitude maior do que a permitida para asclasses aráveis deve ser colocada na Classe 6. Terras com uma única deficiência, com-preendida entre os limites permitidos para arabilidade, devem ser colocadas na classede terras indicada pela severidade da deficiência. Quando ocorrerem combinações dedeficiências relativamente menos intensas, o estabelecimento da classe de terra torna-se mais complexo. Regra geral, quando três classes aráveis são mapeadas, as terras deClasse 2 possuem ou uma única deficiência de Classe 2 ou duas deficiências menosseveras. É impossível haver uma terra de Classe 2 com três deficiências de Classe 2. Asterras de Classe 3 podem ter uma deficiência de severidade a nível de Classe 3, duasdeficiências de Classe 2, ou possivelmente uma combinação de três deficiências de Clas-se 2, ou uma deficiência de Classe 3 com uma deficiência de Classe 2. Duas deficiênciasa nível de Classe 3 normalmente resultam numa Classe 6 (classe não arável). Se estive-rem na faixa de maior severidade dos seus limites, a combinação de duas deficiências deClasse 2 e 3 provavelmente irão resultar numa designação de Classe 6. Porém, por ra-zões práticas e para se ter uniformidade, é melhor limitar a terra de Classe 2 a um máxi-

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mo de duas deficiências, e a terra de Classe 3 a três limitações de severidade a nível deClasse 2, ou uma combinação de duas, das quais uma é de Classe 3 e a outra é de seve-ridade a nível de Classe 2. As terras podem ter um número considerável de pequenasdeficiências e ainda assim serem consideradas adequadas para uma classe arável. Por-tanto, somente as deficiências mais significativas ou mais severas devem aparecer nosímbolo para classificação das terras, a fim de evitar confusão na interpretação.

Figura 6.1 Abreviaturas para Perfis de Solos

adahloM

EDADISOJAGEP EDADICITSALP

os - osojagep-oãn op - ocitsálp-oãn

ss - osojagepetnemariegil sp - ocitsálpetnemariegil

s - osojagep p - ocitsálp

sv - osojagepotium pv - ocitsálpotium

SIARUTXETSESSALCBUSESESSALCSADSEÕÇANGISED

ts - )ynotsdnasenots(seõcatam ls - asonera-ocnarf

bc - )ylbbocdnaselbboc(suahlac lsf - anifasonera-ocnarf

rg - ohlacsac lsfv - anifotiumasonera-ocnarf

socv - assorgotiumaiera l - acnarf

soc - assorgaiera is - etlis

s - aiera lis - asotlis-ocnarf

af - anifaiera lcs - asoneraoligra-ocnarf

s - aiera lc - asoligra-ocnarf

sf - anifaiera lcis - asotlisoligra-ocnarf

sfv - anifotiumaiera cs - asonera-oligra

socl - ariessorgacnarfaiera cis - asotlis-oligra

sl - acnarfaiera c - aligra

sfl - anifacnarfaiera

lsoc - .ariessorgasonera-ocnarf

SOLOSEDARUTURTSEEDOPIT

rg - ralunarg rc - selpmissoãrg lp - ranimal

rpc - ranuloc rp - acitámsirp kba - seralugnasocolb

rbs - seralugnabussocolbAICNÊTSISNOC

aceS

ol - otlos hs - orudetnemariegil hv - orudotium

os - oicam h - orud he - arudetnemamertxeadimÚ

ol - otlos rf - leváirf ifv - emrifotium

riv - leváirfotium if - emrif ife - emrifetnemamertxe

OÃÇATNEMIC

wc - odatnemicetnemacarf

sc - odatnemicetnemetrof

ic - odicerudneAICNÊCSEVREFE-ODÍULIDlCHMOCOÃÇAER

+ - ariegilotium

++ - ariegil

+++ - etrof

++++ - atneloivEDADIMUEDOÃÇNETER

sarefsomta51a

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Figura 6.2 Exemplo de Representações Padronizadas de PerfisExemplo 1

LOCALIZAÇÃO: 100’N, 300’E da esquina SulVEGETAÇÃO: ArbóreaTOPOGRAFIA: Suave Ondulado, com Pendentes MédiasOBSERVAÇÕES: Superfície do solo sujeita a erosão; a vegetação indica

condições de déficit hídrico; o turno de rego será curto devidoà alta taxa de infiltração

– 1,6; 2,8; 2,6 correspondem à condutividade elétrica(mmhos/cm) a 25oC;

– 7,6; 7,8; 8,0 são os valores de pH;– 6,9; 8,6; 15 definem a condutividade hidráulica das amostras

deformadas em cm/h;– 19; 18; 15 referem-se ao grau de floculação;– (1) é o número do perfil no mapa;– fsl, sl e lfs são as texturas de solo determinadas pelo tato ou

por análise física;– +; ++ referem-se à reação com HCl diluído.

A Figura 6.2 representa um perfil com 150cm de profundidade, com demarcaçõesde 30 em 30cm, e linhas divisórias horizontais entre camadas de solos. (No caso derepresentação de perfis com contato lítico ou paralítico a menos de 150cm, coloca-se um“X” a partir da linha de contato).

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Nota: A diluição da amostra para análise da condutividade elétrica do extrato e dopH deverá ser citada na legenda do mapa.

Os componentes essenciais da anotação incluem: localização do perfil; cultura oucobertura vegetal (condições gerais de desenvolvimento); condições do relevo e/ou ne-cessidades de desenvolvimento da terra. Anotações mais detalhadas deverão incluir dadosrelativos a cada camada significante do solo, subsolo e substrato referentes aos seguin-tes parâmetros: condutividade elétrica, pH, condutividade hidráulica, grau de floculação,retenção de umidade a 15 atm, acidez trocável, etc.

Figura 6.3 Exemplo de Representações Padronizadas de PerfisExemplo 2

2,45 e 3,3 = C.E. a 25.C (mmhos/cm)5,3 e 5,0 = pH4 = número do perfil1/L = reação com HCI diluído - ligeiraReação com HCI Diluído1/L - ligeira 2/L - forte 3/L - violenta

Na determinação da classe de terras com combinação de deficiências, a interaçãodestas, o tamanho da área afetada, sua localização em relação a outras terras aráveis eoutras considerações precisam ser ponderadas em relação à severidade da deficiência.Duas deficiências diferentes podem ter um efeito interativo que pode suavizar suas seve-ridades. Por exemplo, solos muito permeáveis e um tamanho pequeno de lote (ambosrequerendo pequenos comprimentos de sulco) podem reduzir o retorno econômico numaproporção menor quando ocorrem em conjunto do que quando ocorrem com outrasdeficiências. Num outro exemplo, a ocorrência de um solo facilmente erodível em com-binação com uma declividade acentuada tem o efeito oposto de enfatizar ambas as defi-ciências.

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6.4 Revisão do Trabalho de Campo

O pedólogo-chefe deve estar atento ao estágio do trabalho de classificação dasterras em todas as fases de investigação. Nas etapas iniciais devem ser feitas conferên-cias com outras disciplinas de tal forma que haja concordância nas especificações. Du-rante o curso do levantamento, o pedólogo-chefe deve revisar os trabalhos no campo.Quando o projeto for de grandes proporções ou tiver problemas incomuns ou difíceis, éaconselhável uma revisão prévia, por pessoal competente, para assegurar a aceitação daclassificação.

O volume de revisões efetuadas depende da experiência da equipe participante.Geralmente, cada ficha de descrição preenchida deve ser revisada pelo chefe da equipe.Com pedólogos menos experientes, pode ser necessário revisar a classificação antes dopreenchimento de cada ficha.

Quando se faz uma revisão no campo, é aconselhável ter as fichas de descriçãoprontamente acessíveis, as fotografias aéreas ou cartas planialtimétricas disponíveis parareferência e os dados dos estudos específicos compilados para uma interpretação ade-quada dos resultados.

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Figura 6.4 Mapa Detalhado de Terras Aráveis

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Figura 6.5 Mapa de Terras Irrigáveis

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CRITÉRIOS PARAAVALIAÇÃO DOSCUSTOS DEDESENVOLVIMENTODA TERRA

Os impactos dos custos de desenvolvimento da terra em uma classificação deterras, variam largamente com a área geográfica, o padrão de cultivo e o método deirrigação. Os itens a seguir referem-se à classificação das terras no oeste dos EstadosUnidos, e não seriam, necessariamente, adequados para estudos em outros países. Po-rém, estas discussões apontam inter-relacionamentos que podem existir e mostram ainfluência dos múltiplos fatores de desenvolvimento da terra na classificação das terras.

7.1 Preparação da Terra

7.1.1 Desmatamento

Os custos de desmatamento dependem do tipo das árvores, tamanho, sistema radicular enúmero de árvores por hectare. A artemísia (Artemisia tridentata), o “greasewood”(Sarcobatus sp.)3 ou arbustos de tamanhos similares são facilmente removidos com equi-pamento moderno. Árvores grandes são difíceis de remover e, após o corte, precisam serqueimadas ou retiradas.

7.1.2 Remoção de Pedras

É difícil determinar a quantidade de pedras a serem removidas e os custos envolvi-dos, porque as pedras podem estar completa ou parcialmente dentro do solo. Quando seexamina o solo quanto a produtividade, fica evidente a influência da presença ou não depedras. Sondagens profundas indicarão a intensidade relativa das ocorrências de pedrasno substrato. Calhaus com 5 a 8cm de diâmetro podem ser tão numerosos que se tornaimpraticável sua remoção, mas é possível cultivar terras com quantidades apreciáveis defragmentos grosseiros desse tamanho; porém, sua presença pode influenciar as neces-sidades de água, o uso da terra e a produtividade. Os custos de remoção das pedras sãodifíceis de avaliar. Estima-se que, em geral, pedras muito grandes não possam ser remo-vidas e que sua ocorrência possa aumentar os custos de produção, influenciar o uso daterra e diminuir a produtividade de acordo com o tipo, o tamanho e a distribuição dematacões grandes. Cada situação deve ser avaliada segundo as condições atuais e o usoda terra previsto.

3 O “greasewood” (Sarcobatus sp.) é um pequeno arbusto comum em solos alcalinos no oeste dos Estados Unidos.

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7.1.3 Nivelamento

O método de irrigação projetado para a área que está sendo classificada tem influ-ência considerável na quantidade e no custo dos nivelamentos necessários. Na maioriadas vezes, o sistema por aspersão pode reduzir significativamente os requerimentos denivelamento. Os métodos comentados adiante, aplicam-se, principalmente, a áreas comculturas diversificadas a serem irrigadas por métodos gravitários. Em geral, o nivelamentoé menos intenso em terras com um curto ciclo agrícola e um sistema de cultivo propostomenos intenso. Também, geralmente, quanto maior a declividade, menos intensa a sis-tematização. O desenvolvimento das terras para agricultura irrigada tem se tornado maissofisticado, para reduzir os custos com a mão-de-obra. Na avaliação do desenvolvimen-to de terras com relevo relativamente plano, deve-se assumir que o nivelamento seráfeito para condicionar as terras para a irrigação por inundação, com algum declive per-missível. Declividades acima de 4% são avaliadas, quase sempre, para a sistematizaçãonecessária ao uso de irrigação por corrugação e diques de contorno; porém, costumeslocais e condições de cultivo podem alterar estes critérios gerais.

As avaliações do custo de desenvolvimento da terra devem ser feitas por enge-nheiros agrícolas experientes, antes de se iniciar a classificação. Neste tipo de avaliação,áreas com topografias típicas, mas variadas, devem ser pesquisadas para que se deter-minem os custos médios de desenvolvimento. É aconselhável obter dados pelo menos acada 16ha, para se conseguir a interação dos leiautes de campo sobre os custos de de-senvolvimento. Dados relativos a uma única parcela podem ser enganadores devido aosrequerimentos do sistema integrado de distribuição e drenagem, que correspondem àsnecessidades de várias parcelas. O pedólogo deve selecionar, com cuidado, as áreaspara avaliação dos custos de desenvolvimento e depois passar em cada parcela onde oestudo mostrar que pode ser desenvolvido. Após avaliar a topografia, como ela é mos-trada na carta topográfica normal, e estudar o leiaute das parcelas e os custos de desen-volvimento, podem-se projetar os custos e o nivelamento geral para áreas onde somen-te o levantamento topográfico está disponível.

Em complemento ao estudo da cartografia atualizada, pode-se conseguir identifi-car as necessidades de nivelamento pela observação cuidadosa das ondulações no cam-po. Isto é necessário porque as condições de campo são geralmente mais onduladas doque é mostrado nos mapas topográficos. Este desvio, entre as condições reais e a topo-grafia mapeada, aumenta com o incremento do intervalo entre as curvas de nível. Por-tanto, é desejável usar curvas de nível com eqüidistância de 30cm em terras relativamen-te planas, a fim de evitar erros grosseiros na estimativa dos custos de desenvolvimento.

Os custos associados à sistematização da terra variam de acordo com a extensãodo nivelamento, a quantidade de movimentação, o tipo de solo e o tamanho e as dimen-sões do lote. Nivelamentos leves, trajetos extensos e lotes pequenos com dimensõesirregulares acarretam custos maiores por m3 do que sistematizações pesadas com traje-tos curtos em lotes grandes.

7.1.4 Escarificação e Aplainamento

Muitos solos ficam compactados durante a sistematização, tornando-se necessá-ria sua escarificação. Sob certas condições de solos, a sistematização poderá exporduripans ou outro material que deva ser desagregado, antes de se efetuar a irrigação.Após as operações de sistematização com maquinaria pesada, um aplainamento final éfeito para eliminar pequenas irregularidades.

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7.1.5 Terraceamento

São usados terraços de base larga para irrigação em algumas áreas com solosaltamente erodíveis. Geralmente, o custo da preparação desses terraços é similar ao dediques de bordas largas e amplamente espaçados. Os custos de desenvolvimento relati-vos ao terraceamento não devem ser considerados, a menos que as condições dos solosou as práticas locais indiquem, claramente, que o desenvolvimento da irrigação deveincluir o terraceamento. Se forem planejados terraços de base larga, a perda de áreas deprodução com a construção deve ser avaliada.

7.2 Sistema de Distribuição no Lote

7.2.1 Canalização ou Canais Laterais do Lote

Quando se considera a quantidade de canais laterais do lote, em princípio necessá-rios para um leiaute final, assume-se que a água será levada através de uma tomada deágua localizada no ponto mais elevado, para a distribuição em toda a parcela. Usualmente,o agricultor responsabiliza-se pelos custos adicionais de distribuição para mais de umatomada de água; contudo, duas derivações podem ser feitas, se ocorrerem impedimentostopográficos significativos.

A dimensão do canal necessário à distribuição pode depender de vários fatores.Em alguns projetos, a água é distribuída numa taxa uniforme durante todo o período deirrigação necessário. Em outros projetos, o agricultor recebe seu turno de água em for-ma rotativa. Quase sempre, maiores volumes são necessários para irrigação por inunda-ção ou por cordões de contorno do que para irrigação por corrugação. O tipo de sistemade distribuição planejado deve ser conhecido quando se faz a classificação das terras.

7.2.2 Bueiros

Necessita-se, com freqüência, de uma estrutura de drenagem apropriada quandoum canal lateral do lote corta a linha de drenagem, natural ou não. Este é, normalmente,um custo do lote, e os custos desta estrutura devem ser estimados em relação à áreaatingida.

Se a drenagem de uma área considerável for servida por um bueiro, sifão, estrutu-ra de retorno ou similar, o custo por hectare para fins de desenvolvimento deve ser ava-liado como um custo básico e estimado em relação à área arável envolvida.

7.2.3 Bombas

Podem ser necessárias bombas como um custo de desenvolvimento da terra paraterras posicionadas acima dos canais principais. Essas terras são normalmente conside-radas como não irrigáveis, se não forem servidas pelas instalações do projeto. Se o agri-cultor desejar bombear água para terras aráveis que não são servidas pelo sistema doprojeto, o custo do investimento com a bomba, mais a operação, manutenção e reposi-ção desta, deve ser considerado na classe de terras. Cada situação deve ser avaliadapelos seus próprios méritos já que os custos variam segundo a elevação, a área total, otipo da bomba e a força disponível.

7.2.4 Tubulação

A tubulação enterrada é freqüentemente usada no sistema de distribuição. Embo-ra a tubulação enterrada apresente muitas vantagens, sua instalação pode ser cara. Emtopografias comuns, o custo de um canal aberto é muito menor do que o da tubulaçãoenterrada. Entretanto, na canalização em declives acentuados, a necessidade de

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dissipadores de energia aumenta significativamente os custos dos canais abertos emdeclives maiores que 8%, quando poderá ser mais barato instalar tubulações enterradas.

7.2.5 Revestimento de Canais

Pode ser necessário o revestimento de canais, se a irrigação for proposta parasolos muito arenosos com altas taxas de infiltração. Se houver argila ou outros materiaissimilares de baixa permeabilidade, o revestimento mais razoável pode ser conseguidoprovavelmente usando-se esses materiais. Isto requer a escavação superficial da seçãodo canal e a colocação do material de revestimento. Canais laterais construídos de mate-riais que requerem revestimento são pelo menos três vezes mais caros do que o normal,dependendo do tipo de revestimento necessário e dos materiais disponíveis.

7.3 Drenagem do Lote

7.3.1 Drenos Abertos Superficiais

São necessários drenos abertos superficiais, em geral, para conduzir a água resi-dual para canais escoadouros adjacentes maiores. Tubos de descarga ou estruturasdissipadoras de energiapara controlar a erosão são necessários nos locais de descargados drenos superficiais nos drenos profundos. Os tubos de descarga possuem, normal-mente, diâmetros de 45cm e podem ter 300cm de comprimento. Os canais de drenagemdevem ser gramados e podem requerer estruturas dissipadoras, se passarem por terrascom declividade acentuada. Os custos variam consideravelmente se estas estruturasforem necessárias.

7.3.2 Drenos Abertos Profundos no Lote

Podem ser necessários drenos abertos profundos no lote se o nível do lençol freáticofor alto e o sistema do projeto não for adequado. Nenhum dreno aberto profundo deveser projetado como um custo do lote até que o engenheiro de drenagem determine a suanecessidade e que o plano do projeto tenha-se desenvolvido o suficiente para se saberse a drenagem do projeto não pode controlar o nível do lençol freático.

7.3.3 Dreno de Manilhas

Pode ser requerida drenagem por manilhas sob circunstâncias similares às neces-sidades por drenos abertos profundos. É necessária, em todo o trabalho de classificaçãouma estreita colaboração com o engenheiro de drenagem, envolvendo a consideraçãoda drenagem profunda como um custo de desenvolvimento do lote. Os custos variarãonestas instalações em relação à condutividade hidráulica do material do substrato, àdimensão da manilha e à profundidade. Os dados de custo devem ser desenvolvidoslocalmente.

7.3.4 Proteção contra Inundação

Pode ser necessária uma proteção contra inundação em depressões onde o riotransborda periodicamente. O dimensionamento dos diques protetores necessários àprevenção contra a inundação depende da previsão das cheias. O hidrólogo regional oudo projeto normalmente possui dados a respeito dos riscos de inundação em todos osrios. Estes dados são úteis no planejamento de proteção contra inundação e na determi-nação dos custos envolvidos. Podem ser necessárias a retificação do rio ou a limpezadas margens, para aumentar a capacidade do rio como uma medida de proteção contrainundação. Os custos de construção dos diques por metro cúbico são similares a outrostrabalhos de movimentação de terra. Às vezes, a inundação e a produtividade podem serinfluenciadas pela sedimentação ou erosão, necessitando de nivelamentos periódicos.

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7.3.5 Poços Artesianos

Algumas vezes, podem ser usados poços artesianos com bombeamento para con-trole profundo de drenagem, como uma alternativa para drenos abertos ou fechados.Freqüentemente, as condições são desfavoráveis para um efetivo rebaixamento do len-çol freático, por poços bombeados. Portanto, deve-se ter uma clara evidência de que umpoço artesiano com bombeamento é uma solução efetiva para um problema com o len-çol freático, antes de ele ser usado. Os custos variam segundo as condições locais. Emcomplemento ao investimento inicial com um poço artesiano com bombeamento, de-vem-se considerar os custos anuais de OM&R na determinação das classes de terras.

7.3.6 Poços Invertidos

Poços invertidos são furos feitos para receber a água de drenagem em excesso.Estes podem penetrar algum material de baixa permeabilidade e vazar a profundidadecom material cascalhento permeável. O seu uso é limitado a condições específicas, nemsempre encontradas. Os custos relativos são baixos, mas variam segundo o diâmetro ea profundidade. Poços deste tipo são, usualmente, custos de projeto, em lugar de custosde desenvolvimento individuais ou particulares.

7.4 Melhoramento do Solo

7.4.1 Lixiviação

Pode ser necessária a lixiviação de sais em excesso antes que uma produção agrí-cola bem sucedida seja possível. Se as condições são favoráveis à lixiviação, e se ossolos que têm atualmente salinidade suficiente para reduzir ou impossibilitar a produçãoagrícola forem considerados aráveis, deve ser feita alguma compensação pelos custosde lixiviação. O custo dessa lixiviação depende da taxa de infiltração, do tipo de drena-gem subsuperficial, da declividade da terra, do grau de nivelamento e da quantidade deágua disponível para lixiviação. Uma boa drenagem subsuperficial é necessária parauma lixiviação de sais bem sucedida. Uma sistematização complementar pode ser ne-cessária após a lixiviação, para corrigir a sedimentação desuniforme.

7.4.2 Corretivos

A remoção do excesso de sódio trocável em solos aráveis pode ser difícil, excetose houver uma fonte natural de cálcio em forma de gesso no solo ou na água de irriga-ção. Se uma quantidade apreciável de cálcio não estiver disponível nessas fontes, o ges-so pode ser adicionado ao solo ou à água de irrigação. O enxofre também pode ser umadequado corretivo de solo quando houver calcário, já que o enxofre reage com o calcárioe produz sulfato de cálcio (gesso).

Se os corretivos fizerem parte dos custos de desenvolvimento, convém usar omenos dispendioso. Os custos variam em relação à distância da fonte produtora.

7.4.3 Subsolagem (Periódica)

Alguns solos possuem uma estrutura fraca, encharcam facilmente e desenvolvemcamadas endurecidas ou duripans, altamente restritivas à penetração de raízes. Em taissolos, a subsolagem periódica ou escarificação desagrega o solo e, geralmente, aumen-ta a produção agrícola. Se houver indicações de que o solo a ser irrigado irá requerereste tratamento, deverão ser feitas compensações adequadas no orçamento do lote paraeste custo. Este incremento nos custos de produção diminui a capacidade de pagamen-to. A subsolagem periódica não é um custo de desenvolvimento, mas um custo recor-rente de produção, similar ao uso periódico de fertilizantes.

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7.4.4 Cultivo Especial

Um cultivo especial pode ser necessário em alguns solos devido a uma adapta-ção específica para certas culturas ou à necessidade de culturas especiais para incorpo-ração de matéria orgânica, melhoramento da estrutura ou aumento da condutividadehidráulica. A avaliação dos solos deveria considerar necessidades de tratamentos espe-ciais ou não usuais, na medida em que estas influem na classe de terras. Do mesmomodo que a subsolagem, isto deve ser tratado como um custo do lote e não como umcusto de desenvolvimento. O custo do cultivo especial deve ser identificado como umcusto do lote no seu orçamento, o que diminuirá a capacidade de pagamento.

7.4.5 Fertilizante

A aplicação de fertilizantes pode ser considerada um custo de desenvolvimentose, por exemplo, uma expressiva sistematização for feita e uma quantidade substancialde fertilizante for necessária para se conseguirem as projeções iniciais de produtividadecomparáveis aos solos de Classe 1. As aplicações subseqüentes de fertilizantes deverãoser consideradas custos normais de produção e não custos de desenvolvimento.

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INVESTIGAÇÕESESPECIAIS EDADOS DELABORATÓRIONECESSÁRIOS

8.1 Introdução

A opinião e a experiência do pedólogo na avaliação do significado agronômico eeconômico dos aspectos físicos observados são fatores críticos que determinam a vali-dade e a precisão da classificação das terras. A experiência e o conhecimento em áreassimilares são a base principal usada no julgamento, no desenvolvimento e naimplementação das especificações de mapeamento. Porém, na classificação de terras, opedólogo irá provavelmente deparar-se com condições de solo, subsolo e substrato difí-ceis de avaliar quanto à aptidão para a irrigação, utilizando-se apenas de técnicas decampo. Quando isto ocorrer, devem ser feitas investigações especiais de campo e labo-ratório para uma avaliação adequada. Estudos especiais podem fornecer dados e ajudarnas avaliações em três áreas gerais: 1) registro e interpretação de condições de terrasespecíficas; 2) seleção, descrição, amostragem e análise detalhada de laboratório de so-los representativos; e 3) problemas específicos que não podem ser resolvidos medianteprocedimentos rotineiros e observações de campo, e podem requerer procedimentosespeciais para sua resolução. Os problemas específicos podem incluir necessidades dedrenagem, envolvendo as seguintes características de solos: infiltração, permeabilidade,presença de horizontes endurecidos, profundidade do lençol freático, qualidade da águapara irrigação, textura do solo e pedregosidade. Outras características relacionadas aossolos que podem requisitar investigações especiais incluem: capacidade de água dispo-nível, salinidade, sodicidade, potencial de endurecimento da superfície dos solos, pre-sença de teores altos de calcário ou gesso, ou solos apresentando alta ou baixa densida-de. Complementarmente, outros membros da equipe de estudo podem solicitar dados arespeito das terras, obtidos somente por meio de estudos especiais, que podem ser re-queridos para investigação da água percolada, da drenagem subsuperficial, do uso daterra, da aptidão das terras para usos além da irrigação e de programas de manejo dairrigação.

Os estudos especiais devem ser programados concomitantemente a outros estu-dos de campo, de maneira que os dados estejam disponíveis para a equipe de campoantes da conclusão da classificação final da área. Alguns dados referentes ao parâmetroem questão precisam estar disponíveis antes que um planejamento razoável possa serformulado. Normalmente, existem dados disponíveis adequados para organizar um pro-grama de estudo especial, com a possível exceção dos estudos a nível de reconhecimen-to; porém, a seleção de locais específicos pode depender de um mapeamento de campoadicional.

Se os dados são inadequados para a organização de um programa de estudo eforem requeridos antes da execução do mapeamento, talvez seja necessário realizar tes-tes em locais selecionados ao acaso ou com informações pouco seguras. Se isto ocorrer,torna-se necessário um programa de estudo suplementar, a fim de que sejam preenchi-das as falhas no programa original. A programação o tipo de procedimentos adotados e

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o número de estudos especiais, devem estar estreitamente coordenados com os estudosrotineiros de campo e laboratório. Equipes distintas podem ser utilizadas para conduziros estudos, mas a equipe condutora das atividades de rotina deve participar da identifi-cação dos problemas, da seleção dos locais dos testes e dos procedimentos e da proje-ção dos resultados para outras áreas.

A escolha dos locais para os testes de campo dos estudos especiais é de importân-cia fundamental. Os locais devem ser representativos com relação ao problema a serestudado e deve haver meios pelos quais possam ser correlacionados às áreas similaresnão testadas. Normalmente, podem ser escolhidos locais aptos após o mapeamento daárea. Uma projeção razoável de dados, além dos locais dos testes, depende muito daadequação da escolha destes locais.

Apesar de haver muitos procedimentos úteis para testes especiais na solução deproblemas de classificação de terras, em geral nenhum deles simula exatamente o pro-cesso natural em estudo. Portanto, os resultados dos estudos devem ser consideradoscomo aproximações ou dados representativos de uma série de valores.

Existem procedimentos estabelecidos para muitos tipos de estudos especiais rela-tivos a fatores que necessitam, com maior freqüência, de uma avaliação especial. Sãoexemplos de tais estudos, verificados pelo “Bureau of Reclamation” como muito úteisna zona árida do oeste dos Estados Unidos: perfis representativos (locais principais),taxa de infiltração, condutividade hidráulica, água disponível, recuperação de solos sali-nos e sódicos e leiautes detalhados das parcelas. As instruções para procedimentos es-pecíficos podem ser encontradas em várias referências, incluindo o “Methods of SoilAnalysis” (Métodos de Análise de Solos), Volume 2, “American Society of Agronomy”(Sociedade Americana de Agronomia) e o “Drainage Manual” (Manual de Drenagem),do “Bureau of Reclamation”. Embora possam ser aplicados em outras partes do mundopara uma investigação especial, é necessário que se utilizem (ou se planejem) estudosadicionais requeridos para problemas específicos e adequados para áreas específicas.

8.1.1 Solos Representativos (Locais Principais de Estudos)

São necessários, para uma investigação de classificação de terras a nível desemidetalhe ou detalhe, o estudo e a identificação de cada solo ou tipo de terra quepossui diferenças significativas em relação à aptidão para irrigação. Tais dados são úteisna caracterização dos solos no projeto, auxiliam na correlação dos resultados da classi-ficação de terras com os levantamentos de solos e outros tipos de estudos de solos e sãorepresentativos da qualidade atual dos solos. Devem ser descritos perfis de solos paracada tipo de solo dominante, arável ou não arável. Em grandes áreas, pode ser preferíveldispor-se de mais de um perfil para cada tipo. Geralmente, deve ser analisada uma pro-fundidade de, no mínimo, 3 metros. O perfil pode ser melhor descrito em uma trincheiraescavada a mão ou mecanicamente. Se uma trincheira abaixo de 1,5m não for possívelde ser obtida, pode-se usar um trado. Topografia, condições de drenagem, vegetação eoutras informações pertinentes à área circundante devem ser incluídas na descrição doperfil. Em complemento à descrição do perfil, cada horizonte significativo deve seramostrado e analisado. Registros dos resultados das análises de laboratório devem es-tar à mão, para uso na correlação com as observações de campo. A Figura 8.1 exemplificaum tipo de ficha comumente usada pelo “Bureau of Reclamation” no oeste dos EstadosUnidos. Para adaptá-los à área de estudo, serão, logicamente, convenientes formatosmodificados.

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8.2 Tipos de Investigações Especiais

Existem muitos estudos especiais que auxiliam na determinação adequada do mé-todo de irrigação, arranjo do sistema de irrigação, necessidade de água, produtividade,erodibilidade e necessidade de drenagem sob irrigação.

8.2.1 Solos Salinos e Sódicos

Os solos nas regiões áridas e semiáridas geralmente contêm sais solúveis numaconcentração variada. As quantidades podem exceder os limites toleráveis pelas cultu-ras e, portanto, restringir a sua produtividade e qualidade. A água de irrigação tambémtransporta sólidos solúveis que podem-se acumular nos solos como resultado daevapotranspiração ou de condições de drenagem pobre. Portanto, a lixiviação é essenci-al em muitas situações de irrigação. Em algumas áreas, a qualidade da água de irrigação,a drenagem natural da terra, as práticas de irrigação previstas e a precipitação efetivamantêm o balanço dos sais sem práticas especiais. Entretanto, existem muitas áreascujos solos contêm uma concentração excessiva de sais solúveis, ou que são altamentealcalinos antes da irrigação que necessitam de uma lixiviação especial. Concentraçõesde sais podem ter sido desenvolvidas ou podem desenvolver-se por percolação, drena-gem inadequada, ou uso de água de irrigação salina ou sódica. Quase sempre é fisica-mente possível realizar a lixiviação, mas os custos podem exceder os benefícios. Portan-to, é indispensável que a terra e a água de cada projeto sejam avaliadas com relação àsnecessidades de recuperação, balanço de sais e influência na qualidade da água percolada.

Quando a análise dos dados e as observações de campo não indicarem claramen-te se a recuperação das terras é possível e viável, a resposta dos solos à lixiviação e aqualidade da água necessária à recuperação devem ser determinadas pelos testes decampo e laboratório, com água de qualidade similar àquela prevista para suprimento dairrigação. Os métodos de laboratório são provavelmente adequados quando apermeabilidade e a drenagem são avaliadas como adequadas. Os resultados da lixiviaçãopodem ser obtidos em combinação com a condutividade hidráulica, infiltração e testesde campo para disponibilidade de água.

Os estudos que irão auxiliar a classificação das terras relativa a salinidade esodicidade são: (1) lixiviação dos sais solúveis e (2) deslocamento de sódio trocável.

Solos Salinos

A salinidade pode estar presente com ou sem sodicidade. Se a sodicidade estiverassociada à salinidade, devem-se conseguir dados referentes a solos alcalinos. Os dadosnecessários para a salinidade isolada são: (a) qualidade da água disponível para irriga-ção, (b) testes de lixiviação no local e dados “in loco” da condutividade hidráulica, (c)dados quanto ao tipo de sais presentes (cátions e anions), (d) mudanças nas relaçõesentre cátions após a lixiviação, (e) localização dos sais no perfil do solo, (f) custos delixiviação e sua influência na capacidade de pagamento.

A lixiviação de um solo salino requer uma permeabilidade adequada do solo, parapermitir o movimento da água pela zona radicular, e uma drenagem adequada, paraevitar a elevação do lençol freático até a mesma. Os estudos de lixiviação devem simularo método de irrigação previsto.

Solos Sódicos

Solos sódicos são os que contêm sódio trocável o suficiente para interferir nocrescimento da maioria das culturas. A presença de conteúdos altos de sódio nos solospode ser marcada por manchas lustrosas (álcali negro), ou pode ser indicada por testes

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Figura 8.1 Ficha de Descrição do Perfil com Análise de Laboratório

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de laboratório ou de campo, que confirmam que os solos possuem pH alto ou altosvalores de sódio trocável. O objetivo dos estudos para recuperação de solos sódicos édeterminar a viabilidade de substituição do sódio trocável e de melhoramento dapermeabilidade do solo a um nível adequado para irrigação. As análises sugeridas e ostestes específicos que podem ser úteis no estudo desta condição são: análises mecâni-cas, capacidade de troca catiôntica, saturação de bases, conteúdo de gesso, estabilidadeestrutural, condutividade hidráulica determinada no campo, permeabilidade ao ar emrelação à da água e tipo de mineral da argila. As questões básicas a serem respondidasantes de se tomar uma decisão quanto à arabilidade são:

Em que ponto ocorre a deterioração estrutural?Será que a água percolará pelo solo em volume suficiente para recuperá-lo, se aestrutura estiver degradada?Existe gesso no solo ou será necessário adicioná-lo para fins de recuperação?Qual será a produtividade se as condições dos solos permanecerem iguais?As chances para recuperação são boas?Como os custos de recuperação afetarão a renda líquida do lote?

Do mesmo modo que na lixiviação de solos salinos, uma drenagem adequada érequisito para recuperação. Porém, inicialmente, a permeabilidade do solo precisa serapenas adequada, para permitir a sua saturação com uma fonte de íons de cálcio paradeslocar os íons de sódio.

Amostragens e análises do solo são indispensáveis no início, em intervalos duran-te o teste e no final do teste, para fornecer uma indicação da movimentação dos sais.Resultados relativamente completos são necessários no início e no final do teste, paraidentificar a relação dos íons na solução do solo e no complexo de troca.

8.2.2 Horizontes Endurecidos

Os horizontes endurecidos são quase sempre difíceis de avaliar, devido aos efeitosimprevisíveis causados pela água com o passar do tempo. Os vários testes que podemser úteis são o teste Winger de condutividade hidráulica no campo; densidade aparentedo horizonte endurecido; dados referentes à causa do endurecimento, incluindo percen-tagem de calcário; observação da penetração das raízes; dados relativos à continuidadedos horizontes endurecidos; estabilidade dos agregados; análises de custo de escarificaçãoou de desagregação do horizonte endurecido; e análises mecânicas.

8.2.3 Lençol Freático

As condições do lençol freático indicam que as condições de descarga são pobres,ou que a permeabilidade do substrato é lenta, ou que a recarga é maior do que a capaci-dade de descarga. Testes sugeridos para a avaliação das condições locais incluem per-centagem de sódio trocável e salinidade da camada acima do lençol freático, qualidadeda água do solo, testes “pump-out” para determinar a condutividade hidráulica, pres-sões piezométricas, flutuações e gradientes de declive geral do lençol freático e varia-ções no conteúdo de água livre no solo.

8.2.4 Qualidade da Água

A qualidade da água pode ser um item importante na classificação das terras, eantes de se iniciar o levantamento deve-se conhecer a qualidade da suposta fonte deágua. Se a qualidade da água é reconhecidamente pobre, devem-se fazer testes nossolos para determinar a estabilidade estrutural, a salinidade presente, a condutividadehidráulica no local, o equilíbrio de sódio trocável, a necessidade de lixiviação, as condi-ções de drenagem e o tipo de mineral da argila. A qualidade da água deve ser avaliada

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quanto a sua aptidão, considerando-se as culturas a serem plantadas, as possibilidadesde assegurar as necessidades de lixiviação, a percentagem de sódio trocável previstapara condições de equilíbrio e a presença de boro.

8.2.5 Água Disponível

Água disponível é a porção retida pelo solo após a irrigação e que está prontamen-te disponível para ser utilizada pela cultura. A quantidade de água disponível influenciaas práticas de irrigação e determina as necessidades de água.

São feitas medições de retenção de umidade no campo para se obterem estimati-vas da água disponível e correlações com outras propriedades dos solos. Estes testesdeterminam o limite entre a capacidade de campo (percentagem de água que permane-ce no solo 24 a 48 horas após ser umedecido e com a drenagem completa assegurada) eo ponto de murchamento permanente, definido como o conteúdo de água em um soloem que plantas indicadoras, nele cultivadas, murcham e não conseguem restabelecer aturgidez quando colocadas numa câmara úmida. Normalmente, o ponto de murchamentopermanente ocorre em percentagens de umidade nas tensões de aproximadamente 15atm. A determinação da umidade disponível pode ser feita pela amostragem direta epela medição do conteúdo de umidade a intervalos definidos, após a saturação e drena-gem do perfil e a determinação da umidade do solo na tensão de 15 atm.

O conteúdo de umidade, na capacidade de campo é melhor determinado pelos pro-cedimentos de campo. O local escolhido deve possuir um nível de lençol freático bemabaixo daquele a ser testado. Deve-se saturar o perfil do solo, até uma profundidade bemabaixo da zona a ser testada e depois permitir sua drenagem. O tempo para uma drena-gem adequada varia de acordo com a permeabilidade; porém, uma amostragem pode serusualmente feita entre 24 a 72 horas após a saturação do solo. A hora para se coletaremamostras em que a água do solo se aproxima da capacidade de campo pode ser estimadacom base na experiência e no conhecimento do solo, ou por sucessivas amostragens parase determinar o tempo aproximado da estabilização do movimento da água.

As amostras de solos retiradas após a saturação e drenagem devem ser pesadasimediatamente, para se determinar a percentagem de umidade, ou vedadas, para seevitar a perda de água, e, em seguida, pesadas no laboratório. Após a pesagem, a per-centagem de água do solo sob tensão de 15 atm, determinada por métodos de laborató-rio, estabelece o conteúdo de umidade no ponto de murchamento permanente. A fórmu-la para calcular a umidade disponível requer o conhecimento da densidade aparente dosolo, que pode ser estimada, normalmente, pelo seu inter-relacionamento com as textu-ras dos solos; entretanto, é indispensável que se avalie a presença de cascalho ou ca-lhaus na amostra. A água disponível deve ser determinada, em centímetros totais, paracada horizonte significativo.

Se a umidade disponível for um fator crítico, os valores obtidos pelos estudosespeciais devem ser correlacionados a outras propriedades dos solos mais prontamenteobserváveis ou a medidas (como a textura do solo), para extrapolar as constatações paraoutras áreas.

O objetivo da irrigação é fornecer umidade ao solo até a capacidade de campo,com uma freqüência suficiente para manter um nível de umidade prontamente disponí-vel. Se o sistema proposto não puder satisfazer esta necessidade sob o tipo de agricultu-ra previsto, é importante que se identifiquem alternativas práticas, ou as terras terão deser excluídas da área arável. Os dados dos testes podem ser usados para estimar a fre-qüência de irrigação na avaliação da capacidade de um sistema para satisfazer as neces-sidades de irrigação. Isto requer uma estimativa da umidade disponível na zona radicularda cultura proposta e da taxa média das evapotranspirações máximas diárias. Na práti-

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ca, a depleção da umidade do solo não é uniforme ao longo do perfil e, freqüentemente,as camadas superiores atingem o ponto de murchamento permanente com maior rapi-dez. Em tais condições, a freqüência de irrigação é determinada pela taxa de depleçãonos horizontes superficiais, tempo de irrigação, quantidade de depleção e eficiência deirrigação.

8.2.6 Calcário

O calcário é um constituinte comum nos solos irrigados nas áreas áridas. Em pe-quenas quantidades, possui, em geral, efeito deletério pequeno e é útil na manutençãode uma boa estrutura. Com o acréscimo da quantidade de calcário, o solo poderá requi-sitar fósforo e ferro. Em concentrações altas, ocorre um efeito de diluição que afeta aprodutividade. Conteúdos de calcário que excedam 45 a 50% podem reduzir a produção,dependendo do outro material do solo. Devem-se obter informações a respeito da per-centagem de calcário e realizar algumas análises mecânicas do calcário removido, ondeocorram grandes concentrações do mesmo. Se o calcário aparece na forma de caliche,deve-se examinar a ocorrência de horizontes endurecidos.

8.2.7 Gesso

O gesso pode ocorrer em volume tão grande que se torna prejudicial à produçãodas culturas, devido ao fator de dispersão do solo. O gesso pode estar presente nosubstrato em quantidades suficientes para que a lixiviação cause subsidência no terre-no, tornando a irrigação difícil. Geralmente, o gesso ocorre em pequenas quantidades eé benéfico ao solo.

Se o gesso estiver presente em grandes quantidades, deve-se determinar o volu-me atual e fazer uma avaliação dos efeitos provocados pela solubilização eventual destematerial no melhoramento dos solos. Dados relativos à condutividade hidráulica e infor-mações gerais a respeito da drenabilidade do substrato são também pertinentes a estaanálise. A lixiviação ao longo do tempo pode fornecer dados úteis.

8.2.8 Formação de Crostas

A formação de crostas é uma situação raramente avaliada na classificação. Umasevera formação de crostas que ocorra a cada precipitação ou irrigação é um sintomadeste problema. Uma crosta superficial deste tipo deve-se à instabilidade estrutural epode impedir a plântula de germinar, diminuir a taxa de infiltração e, muitas vezes, redu-zir a capacidade produtiva do solo. Em complemento à observação visual, testes sobremódulos de ruptura, percentual de sódio trocável e distribuição do tamanho dos agrega-dos podem ser usados para avaliar a severidade desta ocorrência.

8.2.9 Baixa Densidade

Se as amostras indeformadas tiverem densidade aparente específica menor que1,30 para a profundidade de irrigação, há uma possibilidade de haver subsidência doterreno com a irrigação, particularmente se a precipitação natural for a 254mm/ano e osubstrato tiver baixa densidade. Em casos duvidosos, deve-se reservar água para estasáreas em teste, até que a questão seja resolvida.

8.2.10 Leiaute do Lote

É indispensável que se faça, com freqüência, a avaliação dos aspectos topográfi-cos sem o uso de mapas topográficos ou de qualquer outro auxílio. A importância relati-va da topografia varia enormemente com o método de irrigação previsto. A topografiaprovoca maiores restrições aos sistemas de irrigação por superfície do que aos sistemas

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por aspersão ou gotejamento, em relação ao tamanho do lote, aos custos de desenvolvi-mento da terra e à declividade. Conseqüentemente, estudos detalhados de leiaute dolote para os vários tipos de topografia e solos comuns à área em estudo auxiliam opedólogo na avaliação da topografia e na estimativa aproximada dos custos de desen-volvimento relativos à irrigação.

Os leiautes detalhados devem fornecer uma estimativa razoavelmente precisa dalocalização dos limites dos lotes, custo e volume de terra movimentado na sistematiza-ção, declividade, volume e custo do desmatamento e remoção de pedras, localização ecusto da infra-estrutura do sistema de irrigação, custos e volume de terra movimentadona construção de canais laterais e drenos, e outros fatores específicos à área em estudo.O tamanho, o número e a localização dos leiautes dependem da natureza da topografia,do tipo de levantamento e dos padrões operacionais do lote. O tamanho e o formato daárea de estudo devem ser representativos das parcelas previstas no projeto. A área deestudo pode ser menor do que as unidades previstas, mas deve ser suficientementegrande para que possam ser estabelecidos lotes de tamanhos ótimos e obtida economiano nivelamento de grandes áreas. Deve ser dada ênfase às situações complexas, difíceisde se avaliarem.

Como não existem duas áreas exatamente iguais, os resultados do leiaute detalha-do do lote não devem ser projetados para outras áreas com aspectos similares. Pelocontrário, devem ser usados pelos pedólogos para aperfeiçoar sua capacidade de avali-ação dos fatores específicos que contribuem para os custos de desenvolvimento, produ-tividade e custos de produção. Os leiautes de campo podem ser úteis na estimativa doslimites da área pela identificação de altos e baixos do relevo, corte e aterro médio neces-sários à sistematização em cada parcela para uma distribuição adequada da água, rela-ção entre a infra-estrutura e o tamanho dos lotes, custo da drenagem superficial de áreasabaciadas, custo e volume da remoção da pedregosidade superficial, custos de desmata-mento relativos ao número e tamanho das árvores.

8.3 Apoio de Laboratório

Apesar de os estudos de campo poderem representar melhor os processos natu-rais e serem preferidos na caracterização das terras, freqüentemente os estudos de labo-ratório proporcionam respostas adequadas a um custo mais baixo. Os estudos de labo-ratório fornecem dados precisos das características físicas e químicas críticas na previ-são do futuro comportamento sob irrigação, e que não foram prontamente discernidosno campo ou apenas grosseiramente estimados.

Os estudos de laboratório são indispensáveis à confirmação das análises de cam-po e à solução de muitas dúvidas relativas à aptidão, surgidas durante os estudos declassificação de terras. A nível de reconhecimento, estes estudos de laboratório prova-velmente irão ficar restritos àqueles necessários à caracterização dos solos dominantesna área ou tipos de terra. Porém, em um nível mais detalhado de investigação, são ne-cessárias análises de laboratório de uma forma mais intensiva, para filtrar os dados, demodo a detectar problemas químicos ou físicos que poderiam passar despercebidos, epara permitir estudos detalhados especiais requisitados pela presença de condições ad-versas e duvidosas.

Em geral, deve-se fazer um planejamento relativo ao fornecimento de serviços delaboratório para solo e água bem antes do início dos estudos de classificação de terras. Osserviços de laboratório devem estar disponíveis preferencialmente no local de estudo, poisisto facilita a interação entre o pessoal de campo e o de laboratório. Isto é em especialverdadeiro quando se espera que o estudo de terras a ser realizado se depare com áreasproblemáticas ou raras em relação às características físicas e químicas das terras.

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Classificação de Terras para Irrigação

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A seguinte lista de dados comuns de laboratório para estudos de classificação dasterras é um exemplo de procedimentos normalmente vitais para um estudo de classifica-ção das terras.

Reação do solo (pH);Capacidade de troca catiôntica;Natureza dos cátions trocáveis;Salinidade (condutividade elétrica do extrato saturado);Total de carbonatos;Conteúdo de gesso;Necessidade de gesso;Percentagem de sódio trocável;Substâncias tóxicas - arsênio, boro, níquel, cromo, sulfetos e ferro (arroz irrigadopor inundação), etc;Composição granulométrica (análise física);Densidade aparente;Coeficiente de contração linear;Conteúdo de matéria orgânica;Estudos sobre a mineralogia da argila.

Os resultados de certas análises de laboratório não retratam, necessariamente, ocenário real e global do que está ocorrendo ou do que irá ocorrer no campo; portanto, écrítico que os resultados das análises individuais sejam comparados com outras análi-ses inter-relacionadas, e que todas as análises sejam correlacionadas com as informa-ções de campo. Esta coordenação com as observações de campo, ajuda, também, naidentificação de erros nos procedimentos e de falhas nos equipamentos, ou erros decálculo. Deve haver cooperação entre os pedólogos de campo e a equipe de laboratório.Na verdade, é recomendado que um pedólogo com experiência de campo supervisioneas operações de laboratório.

As interpretações dos resultados de laboratório, em relação às suas implicaçõesna conseqüente aptidão das terras para irrigação, que estão sendo investigadas, deveser um processo contínuo e não apenas baseado em limites arbitrários. Todos os fatoresque influenciam a aptidão para irrigação, precisam ser considerados simultaneamenteno estabelecimento dos impactos nas características físicas e químicas dos solos. Asrelações entre estes fatores e certas considerações, como a característica da água a seraplicada, a topografia, as características de drenagem subsuperficial, o regime climáticoe o padrão de cultivo, devem ser cuidadosamente avaliadas, de modo que se preveja,precisamente, a aptidão das terras em condições de projeto.

O processo de classificação de terras é uma pressuposição, e a interpretação dosdados gerados pelo laboratório deve ser feita segundo este aspecto. Por exemplo: osresultados do laboratório podem mostrar que os níveis atuais de salinidade e/ou sódiotrocável são muito altos para uma produção adequada das culturas previstas; porém,quando examinados em face da textura do solo, estrutura e permeabilidade, podem indi-car que, sob condições de operação do projeto, tais situações adversas estão a níveismoderados para aceitáveis.

À medida que os resultados das análises rotineiras de laboratório se tornam dis-poníveis, devem ser comparados com a classificação de campo preliminar. Se o pedólogoestiver familiarizado com a área em estudo, deve haver poucas diferenças significativasentre a classificação de campo inicial e as análises de laboratório. Onde houver diferençassignificativas, o pedólogo deve reexaminar os dados de campo para uma possível explica-ção sobre as diferenças. Às vezes, pode ser necessário voltar ao campo para rever condi-ções ou características que, possivelmente, passaram despercebidas durante os estudosiniciais de campo e que podem estar consistentes com os resultados de laboratório.

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Durante o processo de correlação entre os dados de laboratório e os de campo, e asolução de divergências, é importante que se mantenha estreita comunicação entre opedólogo e a equipe de laboratório. Isto garante a realização de ajustes no mapeamentode campo e nos procedimentos de laboratório, de modo a economizar tempo e assegu-rar a precisão do estudo de classificação de terras.

Laboratórios de solos podem ser indispensáveis à realização de procedimentos detestes específicos, para situações especiais, ou de análises rotineiras, que apóiam estu-dos de campo especiais. Normalmente são necessários dados a respeito de elementos,traços ou tóxicos, análise da mineralogia da argila, relações de troca catiôntica e qualida-de da água. Além disto, precisa-se freqüentemente de apoio de laboratório nos estudosdas condições de drenagem subsuperficial, capacidade de água disponível, outras rela-ções entre solo-água-planta, necessidade e métodos de lixiviação.

Deve-se ficar alerta em relação à projeção de dados ou às conclusões referentes aestudos especiais na área de estudo para outras áreas. Embora este seja o propósitobásico da maioria dos estudos especiais, é imperativo que se reúnam dados de camposuficientes para assegurar a precisão e a validade das projeções, e que haja similaridadeentre as terras submetidas aos estudos especiais e aquelas para as quais estas conclu-sões serão projetadas.

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DETERMINAÇÃO ELEVANTAMENTO DAÁREA IRRIGÁVEL

A área irrigável de um projeto é geralmente determinada pelos engenheiros e eco-nomistas, com base nos dados de classificação das terras, desenvolvidos pelo pedólogo.São feitos os leiautes, e as terras aráveis que podem ser economicamente servidas pelasinstalações do projeto se convertem na área irrigável.

As faixas de domínio das estradas de ferro ou rodovias públicas, que não sãoirrigáveis, devem ser excluídas da área arável. A área necessária para os canais princi-pais e laterais, drenos ou canais escoadouros do projeto também é deduzida na determi-nação da área irrigável.

Em geral, não se deduzem da área irrigável as superfícies com instalações rurais,estábulos e estradas vicinais; entretanto, as áreas com estas finalidades devem ser consi-deradas na determinação da área produtiva, que é normalmente deduzida pela redução deuma porção considerável da área irrigável, de modo que se descontem aquelas terras sempossibilidade de aproveitamento com irrigação. Esta porção, em geral, chega a aproxima-damente 6%; contudo, a percentagem de área dependerá do projeto. A medida da áreaprodutiva é utilizada pelos hidrólogos e engenheiros, na determinação das necessidadesde água e da capacidade dos canais.

A quantidade de área irrigável em qualquer projeto varia segundo os objetivos dedesenvolvimento do projeto. O objetivo fundamental na formulação de um projeto nosEstados Unidos, é maximizar os benefícios econômicos líquidos nacionais. Entretanto,um país pode ter outros objetivos, como aumentar a oferta de emprego ou a renda líqui-da na economia regional. O procedimento para determinar a área irrigável é semelhante,independente dos objetivos, mas o tamanho e a composição final da área variam comouma conseqüência das especificações para objetivos diferentes. Neste capítulo, admite-se que o objetivo seja maximizar os benefícios econômicos líquidos nacionais através doprojeto, e a abordagem ficará limitada aos princípios de formulação do projeto aplicadosna determinação da área irrigável.

O benefício econômico de um projeto de irrigação é normalmente definido como oaumento na renda líquida do lote, em virtude do projeto.

Uma boa regulamentação acerca dos princípios de formulação de planos paramaximizar os rendimentos líquidos pode ser encontrada no “U.S. Senate Document 97”(Documento no. 97 do Senado dos EUA):

“Os rendimentos líquidos são maximizados quando a meta de desenvolvimentochegar a um ponto tal que os rendimentos adicionados pelo último incremento de escala(i.e., um aumento no tamanho de uma parcela, um propósito individual num plano demúltiplos propósitos, ou uma unidade num planejamento global) sejam iguais ao seu

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custo de adição. Os incrementos a serem assim considerados são aqueles mínimos quepodem ser, na prática, omitidos do plano.” [3]4*

Na prática, o procedimento para a escolha da área irrigável requer uma apreciaçãopara se selecionar inicialmente uma área prioritária em que os benefícios excedam oscustos, para cada segmento do projeto incluído na mesma. Densidades relativamentealtas de terras aráveis contíguas com produtividades razoáveis indicam uma área quepode satisfazer este critério. A seleção desta área prioritária delimita um bloco de terrasdo projeto, as quais seriam as mais eficientemente servidas (menores custos) e que iri-am produzir benefícios razoavelmente altos.

Se o suprimento de água para o projeto não for fator limitante, podem-se adicio-nar blocos de terras aráveis, separadamente, à área irrigável, desde que os custos deadição de tais blocos de terras sejam inferiores aos benefícios conseguidos. Os custosde adição são a variação nos custos totais, causada pelo acréscimo do bloco de terra,normalmente expresso numa base anual. Os custos totais compreendem a amortizaçãodo investimento com a construção das instalações do projeto, incluindo os sistemas dedrenagem e os custos anuais de OM&R.

Algumas características a serem observadas na identificação de áreas que devemser submetidas à análise de custos e benefícios da adição dos blocos, ao invés de seremincluídas no plano prioritário, são:

Bombas elevatórias adicionais;Isolamento pela distância;Áreas de serviço irregulares e estreitas;Áreas de serviço descontínuas, com manchas de terras inaptas intercaladas;Custos altos de drenagem;Áreas de produtividade baixa (blocos com terras de aptidão predominantementemarginal);Pequenos reservatórios ou outras obras de drenagem que não integram o sistemaprincipal;Combinações destes fatores.

Se o suprimento de água for insuficiente para servir todas as terras aráveis poten-cialmente irrigáveis, os blocos de terras devem ser ordenados de acordo com seus bene-fícios líquidos por hectare. Após esta ordenação, os blocos com os maiores benefícioslíquidos por hectare são adicionados à área essencial até que o suprimento de água seesgote. Isto assegurará que o máximo de benefícios será obtido dos recursos de águalimitados.

Na prática, o processo de definição da área irrigável é mais complicado do queesta explanação simplificada. O arranjo e os custos do armazenamento de água, do sis-tema de drenagem, dos sistemas de transporte e de distribuição variam, ao passo que asparcelas de terras são adicionadas ou combinadas em diversas configurações. Os custosde OM&R também mudam. O processo de seleção da área irrigável envolve extensosestudos de leiaute do projeto e de estimativas de custos e análises econômicas, para sefazerem as comparações dos custos e benefícios da adição.

4 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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COMPILAÇÃO DEDADOSE PREPARAÇÃO DORELATÓRIO

10.1 Compilação de Dados

Após as fichas de campo serem preenchidas, checadas pelo pedólogo e revisadaspor pessoal competente, estarão prontas para a compilação final. Este processo consti-tui-se de:

Rever os limites das manchas de terras, para assegurar que não há mais de umsímbolo para cada delimitação;Desenhar os mapas de forma definitiva, delimitar as classes de terras resultantesem material recopiativo;Medir a área para a classificação detalhada;Relacionar no mapa, em hectare, as áreas de cada delimitação, de forma sumária eadequada;Apresentar tabelas com classes e subclasses de terra e subfatores;Preparar mapa de classes de terras aráveis e irrigáveis;Preparar quaisquer outros mapas ou resumos necessários.

10.2 Preparação do Relatório

Após a finalização da classificação e da compilação de resultados, é indispensávelque se prepare um relatório de classificação de terras, a fim de que os resultados sejamapresentados de forma padronizada e sistemática. O pedólogo encarregado da classifi-cação é responsável pela preparação do relatório; entretanto, a maior parte da redaçãodeve ser feita pelo pedólogo de campo. O esboço geral do relatório é apresentado noAnexo 1 deste MANUAL. No programa do “Bureau of Reclamation” para os EstadosUnidos, este relatório de classificação de terras serve como relatório adicional (apêndi-ce) e constitui-se no suporte técnico para quaisquer considerações acerca de classes deterra. Uma versão resumida é preparada para ser incluída em relatórios de planejamentode projeto, para autorização de estudos subseqüentes. Esta versão resumida deve estarem consonância técnica com o relatório adicional.

Os formatos do relatório podem variar para os estudos de classificação de terrasrealizados para programas internacionais. Entretanto, o esboço do relatório, no Anexo 1,deve ser seguido o mais fielmente possível, para assegurar uma abordagem adequadados tópicos pertinentes.

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NECESSIDADES DECLASSIFICAÇÃO DETERRAS NOSPROJETOS EMOPERAÇÃO

11.1 Introdução

Uma vez que a área irrigável esteja determinada, o arranjo final estabelecido e aconstrução iniciada, pode-se concluir que a fase de planejamento do processo de classi-ficação de terras está essencialmente finalizado. Contudo, as responsabilidades da equi-pe de classificação de terras não terminam aí, visto que as condições de operação deprojeto são dinâmicas e que a avaliação das mudanças são, normalmente, necessárias.

As reclassificações de terras são feitas mediante procedimentos similares aos es-tudos originais, descritos neste MANUAL. As especificações podem mudar, quando ospadrões culturais e os métodos de irrigação forem alterados. As reclassificações sãofeitas, em geral, em um nível de detalhe relativamente alto, com uma precisão maior doque os estudos de planejamento normais, pois as condições específicas sob o projetoem operação são mais bem conhecidas, e os dados originais da classificação estão dis-poníveis.

11.2 Alterações na Produtividade

Freqüentemente ocorrem alterações na produtividade das terras durante a opera-ção do projeto, as quais não foram avaliadas, de modo adequado, durante as fases deplanejamento. Em geral, tais alterações incluem decréscimos de produtividade, devido àsalinidade ou sodicidade causadas por drenagem subsuperficial inadequada; ou mudan-ças na qualidade da água de irrigação; ou aumentos de produtividade provenientes dodesenvolvimento e recuperação das terras; ou técnicas de manejo melhoradas. Altera-ções na produtividade ocorrem, de modo geral, especificamente em áreas agrícolas re-centes e/ou não desenvolvidas, porque uma determinação precisa do desempenhooperacional de um projeto é impossível.

Quando a produtividade das terras se altera, as terras afetadas por esta mudançadevem ser reclassificadas, para se avaliar sua capacidade de pagamento ou a renda líqui-da do lote, sob as condições presentes.

A correlação de deficiências imprevistas pode ser um custo do lote ou um custo deprojeto, o que, de qualquer modo, afetará a irrigabilidade das terras.

O desenvolvimento do lote previsto na classificação original pode melhorar a pro-dutividade ao longo do tempo; sendo assim, este melhoramento não irá necessitar dereclassificação.

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11.3 Alterações no Plano Cultural ou Método de Irrigação

O plano cultural ou método de irrigação altera-se, usualmente, durante a vida útildo projeto. A experiência obtida pelos agricultores, bem como as mudanças nas condi-ções econômicas e de mercado, podem conduzir a práticas mais modernas e eficientesde irrigação e à introdução de culturas que não foram previstas durante o estudo originalde classificação de terras. Onde isto ocorrer, poderá haver aumento das produtividades erendimentos, acréscimo ou decréscimo dos custos de desenvolvimento, mudanças nosrequerimentos de quantidade e/ou qualidade, tanto da mão-de-obra quanto da água.Nestes casos, é necessária uma reorganização da classificação das terras que possibiliteavaliar, precisamente, o valor presente ou recentemente previsto, das classes de terra daárea. Onde tais mudanças podem ser esperadas, uma classificação de terras, simples ouduplicada, pode ser feita durante a fase de planejamento, baseada em condições dinâmi-cas.

11.4 Avanços Tecnológicos

Nos últimos anos, a tecnologia relativa ao manejo de plantas e aos sistemas deirrigação tem avançado de forma rápida, e provavelmente isto continuará ocorrendo nofuturo. Além disto, persiste a transferência de tecnologia existente, para os países emdesenvolvimento, e tal fato pode acelerar-se. Estes avanços são difíceis de serem previs-tos, e podem não ser considerados durante a fase de planejamento dos estudos de clas-sificação de terras.

Os impactos desses avanços tecnológicos podem ser similares àqueles abordadosnas seções anteriores deste capítulo. Conseqüentemente, os propósitos e necessidadespara uma reclassificação são similares. Contudo, a influência desses avanços é normal-mente positiva, em termos de renda líquida do lote ou capacidade de pagamento, en-quanto as mudanças na produtividade, no sistema de cultivo e no método de irrigaçãopodem ser positivas ou negativas. Portanto, uma reclassificação devida a avançostecnológicos iria, usualmente, aumentar a capacidade de repagamento do projeto oureavaliaria os seus benefícios, ao invés de servir como compensação legal para os em-presários ou agricultores das parcelas do projeto, como seria o caso de reclassificaçõesmotivadas por alterações que provocaram um decréscimo de produtividade.

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BIBLIOGRAFIA

[1] U.S. Department of Agriculture, Soil Conservation Service, Agriculture Handbook nº 436,dezembro de 1975.

[2] Maas, E.V., and G.J. Hoffman, “Crop Salt Tolerance - Current Assessment”, Journal of theIrrigation and Drainage Division, pp.115-117, junho de 1977.

[3] “Policies, Standards and Procedures in the Formulation, Evaluation, and Review of Plans forUse and Development of Water and Related Land Resources”, U.S. Senate Document 97, 29de maio de 1962.

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ANEXOS

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ANEXO

ESBOÇO GERAL DO RELATÓRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE TERRASLEVANTAMENTOS SEMIDETALHADOS E DETALHADOS

I. Introdução

A. Propósito, natureza, extensão e data das investigações dos recursos da terra.

B. Sumário dos dados e conclusões.

C. Recomendações.

D. Ficha de Resumo dos Dados (Figura A-1.1).

E. Nomes dos pedólogos participantes do levantamento.

II. Descrição Geral

A. Localização e Extensão da Área de Levantamento

1. Incluir região, bacia hidrográfica principal, estados, municípios e cidades.

2. Qualquer divisão da área do projeto em unidades.

3. Fisiografia da área.

B. Geologia e Geomorfologia da Área

1. Breve histórico geológico da área, apresentando, se possível, perfis de for-mações geológicas importantes e suas distribuições na área.

2. Descrição da geologia superficial em relação às formas de terreno que ocor-rem na área.a. Formas de terrenos proeminentes que ocorrem na área e a natureza

do substrato imediatamente abaixo dos solos.

3. Origem do soloa. Sedimentação: “Loess”, “Eólica”, “Lacustre”, “Residual”, etc.

C. Clima Relacionado à Agricultura Irrigada

1. Fonte de dados climatológicos (incluindo localização da estação, série dedados registrados, anos usados no cálculo dos valores médios e relaçãoentre o clima na estação meteorológica e na área de estudo).

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Figura A.1.1 Ficha de Resumo dos Dados de Classificação das Terras

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2. Características da Temperatura

a. Número médio de dias com temperatura acima de 0o C.b. Danos causados por geada, influenciados pela drenagem do ar.c. Número médio de dias com temperatura média anual igual ou superi-

or a 0o C.d. Temperatura média anual.e. Temperaturas médias mínimas e máximas históricas e normais.

3. Características da Precipitação

a. Precipitação média anual e flutuações registradas.b. Precipitação média na época de cultivo.

4. Outras Características Climáticas

a. Velocidade do vento.b. Umidade.c. Freqüência de ocorrência de granizo.

4.1. Efeito do clima nos solos e na vegetação nativa.

5. Efeitos do clima nas práticas de irrigação, cultivos e outras práticas de manejo.

D. Desenvolvimento da Agricultura

1. Histórico.

2. Uso Atual da Terra.

3. Vegetação Nativa.

4. Agricultura de Sequeiroa. Culturas.b. Produtividade.

5. Desenvolvimento de Irrigaçãoa. Culturas.b. Produtividade.c. Práticas culturais.d. Suprimento de água.e. Adequabilidade da água.f. Drenagem.g. Problemas.h. Extensão.

III. Principais Manchas de Terras Naturais (repetir os itens para cada manchaprincipal)

A. Solos

1. Identificar a ordem, subordem, grande grupo, subgrupo, família e séries,como descrito no “Agriculture Handbook nº 436, Soil Taxonomy” (Livro deAgricultura no. 436, Taxonomia de Solos).

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2. Material.

3. Gênese de Origem.

4. Fisiografia Associada.

5. Descrição de Perfis Típicosa. Cor.b. Textura.c. Pedregosidade.d. Cascalho.e. Profundidade.f. Estrutura.g. Consistência.h. Mosqueamento.i. Densidade.j. Duripans e fragipans.

6. Relações Solo-Umidadea. Entrada de água.b. Permeabilidade.c. Retenção de água.

7. Características Químicasa. Reação do solo (pH).b. Salinidade.c. Sodicidade.d. Acidez.e. Capacidade de troca catiôntica.f. Mineralogia.g. Constituintes tóxicos.h. Fertilidade.

8. Localização e extensão

9. Variabilidade

10. Aptidão para irrigação.

11. Perfis representativos ou locais principais registrados em fichas do “Bureauof Reclamation” no formato 7-2006A (3-82), ilustrado na Figura 6.3 desteMANUAL.

B. Topografia

1. Descrição Geral dos Principais Aspectos Topográficosa. Posição e extensão (relevo local em relação ao regional).b. Declividade.c. Superfície - macro e microrrelevo.d. Elevações.e. Tamanho e formas das parcelas.f. Cobertura, i.e., árvores ou arbustos e necessidade de remoção de pe-

dras.

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2. Aptidão da Topografia para Métodos de Irrigação por Gravidade, Aspersão eGotejamentoa. Declividade.b. Configuração do campo.c. Sistematização.d. Cobertura.e. Drenagem do ar.

3. Problemas específicos associados à topografia em relação ao(s) método(s)de irrigação proposto(s).

C. Drenagem

1. Discussão Geral das Condições de Drenagema. Descrição da condição do lençol freático, do gradiente do lençol freático

e de condições do substrato, tidos como causadores dos problemasde drenagem presentes ou mesmo futuros.

b. Localização de áreas onde a drenagem superficial e subsuperficial sãonecessárias com maior urgência.

c. Natureza geral dos problemas de inundação, caso ocorra.d. Necessidades de construção com desenvolvimento.e. Discussão de responsabilidades para a construção da drenagem (pro-

jeto versus parcela).

2. Aptidão geral da área para irrigação relacionada à drenagem superficial esubsuperficial.

3. Efeito dos métodos de irrigação nos problemas de drenagem previstos.

D. Salinidade e Sodicidade

1. Discussão Geral da Salinidade Presente.

2. Áreas Específicas Afetadas.a. Extensão.b. Tipo, distribuição e quantidade de sais.c. Fonte de acúmulos de sais.d. Possibilidade de melhoramento.

3. Aptidão geral da área para irrigação relativa a salinidade ou sodicidade.

4. Impacto do desenvolvimento da irrigação ou de outros usos das terras, enecessidade de investigações especiais.

5. Descrição geral dos efeitos da salinidade das terras na qualidade da água deretorno.

IV. Água

A. Fontes: Derivação, Reservatórios ou Água do Solo.

B. Características

1. Qualidade da água prevista - incluir totais de sólidos solúveis (mg/litro), pH,condutividade elétrica, cátions (meq/l), ânions (meq/l), SAR e boro (meq/l).

2. Variações previstas na composição química.

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Classificação de Terras para Irrigação

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C. Necessidades de Lixiviação

1. Necessidades de lixiviação prevista para culturas específicas.

2. Salinidade prevista em condições de equilíbrio.

3. Equação de lixiviação prevista para atender a necessidade de lixiviação.

4. Considerações sobre o manejo de água.

D. Aptidão para Irrigação

1. Resumo da adequabilidade da água para irrigação em relação a terras, culti-vos e manejo.

2. Percentagem de saturação com sódio trocável prevista e níveis de salinidadeem condições de equilíbrio (citar as bases para estas previsões).

E. Qualidade da Água de Retorno

1. Características incluindo os aspectos físicos, químicos e biológicos ao longodo tempo.

2. Impactos.

V. Classificação de Terras

A. Descrição Geral do Levantamento para Classificação de Terras

1. Objetivo.2. Fatores Considerados.3. Segregações Envolvidas.4. Tipo de Levantamentos.5. Levantamentos de Solos e Classificação de Terras Anteriores, Incluindo Da-

tas e Avaliação.6. Cooperação com Outros Órgãos.

B. Especificações para Classificação das Terras

1. Método de Irrigação Previsto e Fatores que Influenciam a sua Seleção.2. Correlação com Fatores Econômicos, de Drenagem e de Qualidade da Água.3. Classes de Terra com Uso Especial.4. Tabela de Especificações.

C. Métodos

1. Pessoal e Equipamentos.

2. Mapas-base.

3. Procedimentos de Campo para Estabelecimento e Identificação dasDelineaçõesa. Detalhe de recobrimento.

(1) Seções transversais da área.(2) Tipo e intensidade de sondagens.

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4. Fatores de Drenagem.

5. Fatores Econômicos.

6. Apoio de Laboratórioa. Procedimentos para determinar as análises a serem conduzidas.b. Análises de perfis representativos.c. Fonte dos procedimentos de laboratório (pode ser incluída no anexo).

7. Investigações Especiaisa. Desenvolvimento da terra.b. Estudos de solo, tais como capacidade de água disponível, lixiviação,

infiltração, condutividade hidraúlica e outros.c. Qualidade da água de retorno.d. Seleção dos perfis representativos.

D. Resultados dos Estudos de Classificação de Terras

1. Descrições Detalhadas de Classes e Subclasses de Terra.

a. Terras aráveis - Classe 1, Classes 2 e 3, com subclasses(1) Localização e extensão.(2) Designações do levantamento pedológico.(3) Formação do solo.(4) Perfil típico com os seguintes parâmetros:

(a) Profundidade (solo, subsolo, material parental, lençolfreático).

(b) Cor.(c) Textura.(d) Estrutura.(e) Permeabilidade.(f) Capacidade de água disponível.(g) Conteúdo da matéria orgânica.(h) Grau de intemperismo do calcário.(i) Fertilidade.(j) Drenagem.(k) Salinidade e alcalinidade.(l) Pedregosidade.(m) Variações principais.(n) Sumário dos dados físicos e químicos de laboratório em

ficha adequada.(o) Fichas de descrição de perfil padronizada.

(5) Topografia generalizada.(6) Drenagem do lote.(7) Cobertura vegetal.(8) Práticas de irrigação.(9) Aptidão para irrigação e capacidade de pagamento.(10) Uso da terra e produtividade sob irrigação.

b. Classe 2s (Mesmas discriminações da Classe 1).c. Classe 2st (idem).d. Classe 3s (idem).e. Classe 3st (idem).f. Classes 4P, 4F, 5, quando necessárias.g. Disposição das terras de Classe 5.h. Classe 6w, quando houver aplicação.

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Classificação de Terras para Irrigação

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i. Classe 6(1) Localização e extensão.(2) Designação do levantamento pedológico.(3) Vegetação nativa.(4) Aptidão para irrigação.

A Figura A-1.2 mostra quão descritivos devem ser apresentados os dados acercado uso atual das terras e do manejo, nas classes de terra e suas subclasses, e no relatóriode classificação de terras. Este exemplo deve conter várias páginas.

2. Resultados da Arabilidadea. Exemplo de uma ficha típica de classificação de terras.b. Mapa generalizado de terras aráveis.c. Tabulação das classes e subclasses de terras aráveis e suas deficiências.

VI. Determinação da Área Irrigável

A. Bases para a Área Irrigável

B. Fatores que Afetam a Seleção de Áreas Gerais de Terras ou Subáreasdo Projeto

1. Viabilidade do serviço de água.2. Adequabilidade do suprimento de água para servir terra arável.3. Viabilidade do serviço de drenagem.4. Efeitos da qualidade da água de retorno.5. Limites do Distrito (perímetro).

C. Fatores que Afetam a Aptidão para Irrigação do Lote

1. Cota e localização.2. Barreiras naturais ou topográficas.3. Faixa de domínio.4. Limites das propriedades.5. Outros.

D. Tabulação da Área de Terras Irrigáveis

1. Unidade ou subdivisão do projeto.2. Classes de terra.3. Terras irrigadas e não irrigadas.4. Método de irrigação a ser utilizado.

E. Mapa de Área Irrigável (caso seja significativamente diferente daÁrea arável).

F. Área Produtiva e Derivação.

VII. Problemas Especiais

Discutir, resumidamente, problemas relacionados à classificação de terras, os quaispoderão afetar a aptidão final da área para o desenvolvimento da irrigação. Devem serdadas sugestões para as soluções destes problemas, juntamente com a determinaçãodo efeito destes problemas nas classes de terra e na área arável total. Os itens típicos,incluídos nesta parte, são manchas lustrosas (álcali negro); baixa capacidade de trocacatiôntica; taxas de infiltração altas ou baixas; baixa capacidade de água disponível; ne-

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Figura A.1.2 Relação das Classes e Subclasses de Terras para a Adaptabilidade eManejo das Culturas Irrigadas

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sasadotedovitlucolevíssoP.sadatpadaetnemacitamilcsarutluc

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.)laicifrepus(ralecrapmeganerd

cessidades de insumos; necessidades altas de nivelamento; desmatamento; custos altosde remoção de pedras; afloramento de rochas matrizes; posições isoladas numerosas;falta de escoamento para a drenagem; ou condições de drenagem superficial pobres. Setodos os fatores forem favoráveis, este capítulo poderá ser omitido. Sugere-se que estadiscussão seja estabelecida como mostrado a seguir.

(Anular os itens não pertinentes)

A. Problemas de Solo

1. Fertilidade.2. Salinidade.3. Sodicidade.4. Acidez.5. Toxicidade (por exemplo, boro e selênio).6. Duripans e fragipans.7. Retenção de água.

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B. Topografia.

C. Drenagem.

D. Qualidade da Água.

E. Desenvolvimento da Terra.

VIII. Conclusões e Recomendações

A. Sumário da Aptidão da Área sob Condições de Irrigação comÊnfase Específica a:

1. Solos.2. Topografia.3. Drenagem.4. Outros aspectos.

B. Sumário dos Principais Problemas

C. Recomendações, tais como métodos de irrigação, nível de desenvolvi-mento da terra, uso da terra, derivação da água, práticas de fertilização,desenvolvimento da parcela, investigações adicionais, ou outras consi-derações pertinentes, relativas a um projeto de irrigação com sucesso.

IX. Material Anexado e Dados de Apoio

A. Descrições de Locais dos Perfis Representativos e Método de Localiza-ção

A Figura A-1.3 mostra os dados necessários para caracterização física e química deum perfil de solo.

B. Descrições de Procedimentos Analíticos (podem ser preenchidos com osDados de Apoio)

1. Tamanho da partícula.2. Classe textural (laboratório).3. Condutividade hidráulica.4. Estabilidade de estrutura.5. Retenção da umidade.6. Reação do solo.7. Carbono orgânico.8. Fósforo disponível.9. Extrato de saturação com os constituintes.10. Acidez trocável.11. Acidez total.12. Bases permutáveis.13. Capacidade de troca catiôntica.14. Gesso.15. Necessidade de gesso.16. Carbonatos insolúveis.17. Outros.

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C. Dados de Apoio (uma descrição dos dados usados é necessária em todosos casos, mas os dados atuais necessitam ser preenchidos somente noprojeto, área ou escritório do Distrito)

1. Exemplosa. Tabulações das áreas em hectare.b. Relatório detalhado das análises físicas e químicas.c. Descrição detalhada dos procedimentos e estudos especiais.d. Diagrama das sondagens profundas.e. Mapas de classificação de terras.f. Nomenclatura vulgar e científica das culturas.g. Glossário de termos.h. Símbolos e abreviações.i. Fatores e fórmulas de conversão.j. Bibliografia.

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Figura A.1.3 Esquema gráfico de descrição de um perfil de solo

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ANEXO

COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO

1. Introdução

Os estudos de laboratório devem ser precedidos e acompanhados por estudos decampo. A interpretação de praticamente todos os dados de laboratório requerem umaconsideração plena dos dados obtidos no estudo de campo. Portanto, é necessário co-nhecer morfologia dos solos, classificação de solos e classificação de terras, para coletaramostras de solos adequadas para estudos de laboratório. A amostragem do solo e acoleta de amostras, para análise, devem ser feitas de acordo com o propósito específicoda amostragem e dos tipos de análises envolvidas. As considerações essenciais incluemescolha do local, obtenção de amostras representativas necessárias e manuseio dasamostras para análise. A confiabilidade dos dados analíticos de solos deve-se, principal-mente, à precisão da amostragem. A diversidade do material do solo e dos tipos deanálises, impossibilita a obtenção de um método de amostragem completamentesatisfatório. Portanto, a amostragem a ser realizada depende do tipo de análise contem-plado.

Um número suficiente de amostras deve ser coletado em qualquer trecho em quese desejam realizar análises especiais, para assegurar resultados representativos. Usual-mente, é necessária uma amostra para cada horizonte significativo no perfil. O númerode amostras a serem coletadas no campo, é estabelecido pela consideração física ouquímica que requer a maior intensidade de amostragem.

Em geral, a precisão dos procedimentos de laboratório ultrapassa em muito aque-la da amostragem; deve ser feito todo o esforço possível para que se obtenham amos-tras representativas e para que se melhorem as técnicas de amostragem. Uma descriçãocompleta do local amostrado e do perfil será sempre necessária.

2. Escolha do Local de Amostragem

A escolha de locais de amostragem, representativos de um conjunto específico decondições, é consideração importante na coleta de amostras de solos. A localização datrincheira ou sondagem, para teste, depende da extensão e da natureza do trecho ondese desejam identificar as características do solo. A locação arbitrária de sondagens, pró-xima a marcos geográficos, é raramente adequada para uma amostragem representati-va, exceto no estabelecimento de características para áreas grandes, com solos e classesde terras uniformes. Locais muito próximos a limites de campo, diques, estradas e áreassimilares, onde possa haver dúvida quanto ao caráter representativo do solo, devem serevitados. Em áreas heterogêneas, em que as condições dos solos variam enormemente,a pequenas distâncias, é necessária uma seleção muito cuidadosa de um local adequadopara amostragem.

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Solos de baixadas, situados na margem de rios ou riachos, e em áreas heterogêne-as similares, devem ser examinados a intervalos curtos e bem escolhidos, e devem sercoletadas amostras com uma freqüência relativa à ocorrência de mudanças significati-vas nas características do perfil. Áreas com salinidade freqüentemente apresentam umaspecto de manchas descontínuas; desse modo, é aconselhável se fazer uma amostragemdupla, coletando amostras dos trechos afetados e não afetados adjacentes. Estas amos-tras irão representar as variações nas condições encontradas e fornecer dados relativosà intensidade do respectivo problema. Não se devem coletar amostras em quintais, jar-dins, passagens, próximo à faixa de domínio das estradas, ou em áreas similares, nasquais é possível haver alteração ou contaminação do perfil do solo.

As amostras não devem ser coletadas a profundidades arbitrárias, sem uma consi-deração das diferenças na morfologia dos solos ou na estratificação. Toda amostra desolo, ou conjunto de amostras de solo, deve ser representativa, de modo que a informa-ção proveniente deste estudo possa ser aplicada além da área amostrada.

Uma vez definido o local da amostragem, deve-se identificá-lo por um número nafotografia aérea apropriada. Este número deve ser usado tanto para o local da amostraquanto para o perfil do solo.

3. Procedimento para Amostra Deformada

Muitos testes de laboratório são feitos com amostras fragmentadas. Uma varieda-de de equipamentos para coleta de amostras pode ser usada; contudo, ferramentas maiscomuns, como trado, pá quadrada ou reta e escavadeira, são geralmente utilizadas.

A quantidade mínima necessária de solo coletada varia com o tipo de análise a serrealizada. Na maioria das vezes, uma amostra de um litro é suficiente para análises derotina de campo e laboratório. No local escolhido para a amostragem, devem-se remo-ver toda a vegetação e o material vegetativo em decomposição. O perfil em trincheira oua sondagem é aberto até a profundidade desejada - geralmente 3m para amostragem derotina e mais profunda para amostragem do substrato, exceto se houver impedimentosdevidos a areia grossa, cascalho, calhau, rocha-matriz ou outros materiais similares. Aocorrência de água do solo dentro do limite de 3m de profundidade não justifica a inter-rupção da amostragem, e este perfil deve ser examinado por inteiro, quando possível.

A coleta de amostras para análise é feita na camada arável e no substrato do solo,pela amostragem de cada horizonte significativo, evitando-se contaminação pelas cama-das superficiais e superiores. Apesar de as amostragens em trincheiras serem preferí-veis, podem-se obter amostras satisfatórias por meio de tradagens. Prefere-se o tradocaneco ao trado de rosca, devido ao menor risco de contaminação. Um número mínimode cinco amostras para uma profundidade uniforme de 3m é aconselhado; porém, de-vem ser coletadas mais amostras, quando necessárias. Uma crosta superficial de saissolúveis ou a camada superior de alguns centímetros, na qual ocorra acúmulo de sais,devem ser amostradas para análise e consideração especial. Para evitar a contaminaçãodas amostras com esterco, sais superficiais ou quaisquer outros materiais, deve-se colo-car cada amostra num pedaço de pano ou em outro material deixado ao lado do perfil.As amostras coletadas são então postas em sacos apropriados, colocando-se uma eti-queta preenchida em duas vias, com dados de identificação (número do perfil, solo,horizonte, profundidade da camada amostrada, etc.), uma para acompanhar a amostra eoutra para servir de referência após o retorno dos dados de laboratório.

4. Procedimento para Amostra Indeformada

Para a determinação de propriedades físicas, como densidade aparente eporosidade, podem ser obtidas amostras de solos ou blocos de solos, mantendo a sua

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estrutura natural como no perfil, utilizando-se equipamentos de amostragem improvisa-dos ou existentes no mercado. A escolha do procedimento de amostragem deve levarem consideração: sua utilidade e durabilidade relativa a diferentes tipos de solos; a quan-tidade e natureza das modificações estruturais geradas; e a adequação das amostrasindeformadas aos equipamentos e processos de laboratório.

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ANEXO

CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DE TERRAS

A classificação econômica de terras é um sistema de classificação que foi desen-volvido para a implementação e a operação de projetos de irrigação. Este método con-siste em agrupar terras com características físicas distintas, em classes semelhantes decapacidade de reembolso dos custos dos projetos ou classes econômicas. Ao contrário,outros métodos de classificação de solos e terras concentram-se em agrupar terras ousolos, com caraterísticas físicas similares, na mesma classe física. Esses dois tipos declassificação são válidos, dependendo da utilização pretendida. A classificação econômi-ca adapta-se melhor ao desenvolvimento de projetos de irrigação, porque relaciona opotencial de produção das terras, não apenas às características físicas dos solos, como,também, aos custos de melhoramento das terras e à capacidade de pagamento da águade irrigação.

1 Objetivo da Classificação de Terras

O objetivo da classificação de terras, na fase de planejamento de projetos de irriga-ção, é verificar se as terras selecionadas para os projetos são aptas à irrigação continuativa,e testar sua capacidade de pagar os custos parcelares de operação, inclusive a água doprojeto, ainda fornecendo retornos razoáveis aos fatores de produção da família agríco-la, tais como o gerenciamento, a mão-de-obra e o capital. As informações trabalhadasdurante os estudos de classificação de terras, também são utilizadas no dimensionamentode canais, estações de bombeamento e outras estruturas de irrigação, assim como noassentamento de irrigantes nos projetos e na operação das parcelas.

2 Especificações para Classificação de Terras

As especificações para classificação de terras são elaboradas para cada área a serclassificada, com o intuito de auxiliar o classificador (pedólogo) a catalogar e estimar osefeitos dos muitos fatores que afetam a classe de terra. Essas especificações devemrefletir as características da terra, peculiares à área em estudo.

As especificações são de natureza evolutiva, sendo sua finalização um processoiterativo que acontece à medida que são acumulados experiência de campo e dadosadicionais, no decorrer do período de estudos. A elaboração das especificações requer acooperação de pedólogos, economistas e engenheiros especializados em drenagem,funcionando como uma equipe de avaliação de terra. Esse processo é apresentado maisdetalhadamente no Item 3.2 deste MANUAL.

Uma lista detalhada das características de terras, que devem ser consideradas nasespecificações para classificação de terras, encontra-se indicada a seguir. Para cada ca-racterística, há uma possibilidade de deficiência.

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Solo

ProfundidadeTexturaEstruturaPedregosidadeCapacidade de retenção de águaTaxa de infiltraçãoFertilidadeAlcalinidadeSalinidadeAcidezElementos Tóxicos

Topografia

DecliveOndulação da superfície (ou necessidade de nivelamento)Tamanho e forma da parcela ou loteCobertura vegetal da superfícieRemoção de pedrasVentos

Drenagem

Encharcamento da superfícieLençol freático elevadoNecessidades de drenagem

As deficiências listadas, podem ser classificadas como corrigíveis ou não corrigíveis.Cada deficiência deve ser examinada para se determinar se é ou não corrigível. As defici-ências não corrigíveis são as que não podem ser economicamente corrigidas. Algunsexemplos são:

Profundidade;Textura do solo;Declive.

As deficiências corrigíveis, que podem ser economicamente corrigidas, são princi-palmente associadas aos custos de abertura e separação. Exemplos dessas deficiências:

Ondulação da superfície;Desmatamento;Fertilidade;Salinidade.

Deve-se fazer uma análise econômica de cada projeto para se determinar o mon-tante a ser investido, pelo agricultor, nos custos de desenvolvimento de terras. Essaanálise fornece dados para a parte econômica das especificações referentes à classifica-ção econômica de terras.

3 Custos de Desenvolvimento de Terras

Os custos de desenvolvimento representam a quantia que pode ser economica-mente despendida, por hectare, para correção das deficiências corrigíveis. Os itens con-siderados nesses custos variam de projeto para projeto. Alguns deles são:

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1. Sistematização decorrente de ondulações na superfície;2. Desmatamento, inclusive remoção de pedras;3. Estruturas parcelares de irrigação.

Em alguns casos, os custos de itens - como a aplicação de calcário em solos ácidose a aplicação inicial de fertilizantes em terras não férteis - também são incluídos noscustos de desenvolvimento. Note-se que todos esses itens são custos parcelares, pelosquais o próprio explorador da parcela deve ser responsável.

Os efeitos do custo de desenvolvimento de terras sobre a análise de renda parcelarlíquida, são estimados com orçamentos parcelares e os resultados são usados para de-senvolver parâmetros para especificações de classificação de terras.

4 Procedimentos Orçamentários para Estabelecimento de ParâmetrosEconômicos Referentes às Deficiências Corrigíveis (Custos deDesenvolvimento)

Um nível mínimo de análise econômica para apoiar as especificações requer asseguintes etapas:

1. Estimativa do uso futuro da terra, tanto “com” como “sem” irrigação;2. Estimativa dos índices de produtividade para as deficiências mais graves de terra;3. Estimativa do aumento dos custos de produção causados pelas deficiências mais

graves de terra;4. Definição da renda líquida parcelar mínima aceitável, para que a terra do projeto

possa ser classificada como arável;5. Determinação da renda parcelar líquida da melhor e da pior terra do projeto;6. Definição de limites entre as classes de terra.

Os itens listados devem ser usados na análise de orçamento parcelar, para deter-minar os parâmetros econômicos referentes aos custos de desenvolvimento de terras, aserem utilizados nas especificações para classificação de terras. É preferível orçar todasas principais deficiências físicas, em estudos detalhados de classificação de terras. Se osíndices de produtividade agrícola tiverem sido estimados com precisão, podem-se obterbons resultados, baseando-se os orçamentos nas deficiências de solos e aplicando-se osresultados a outras deficiências físicas da mesma classe.

Parâmetros econômicos devem ser identificados em valores monetários disponí-veis, por hectare para desenvolvimento de terras, ou, em outras palavras, a quantidadede recursos financeiros disponíveis para corrigir deficiências corrigíveis. Estes parâmetrosdevem ser estabelecidos em quatro níveis:

1. O ponto máximo das terras da Classe 1;2. O limite entre as terras das Classes 1 e 2;3. O limite entre as terras das Classes 2 e 3;4. O ponto mínimo das terras da Classe 3.

A seguir, apresenta-se uma demonstração gráfica desses níveis:

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O ponto máximo da Classe 1 representa as melhores terras do projeto. É de seesperar que estas tenham apenas pequenas deficiências ou não possuam nenhuma, re-querendo, assim, um custo mínimo para desenvolvimento.

O ponto mínimo da Classe 3 representa as piores terras que poderiam receberirrigação no projeto. Esse ponto é identificado, através do processo de orçamento, comoa terra mais pobre que produziria, pelo menos, um rendimento parcelar suficiente parafornecer um determinado retorno à família agrícola e pagar a mínima tarifa de águacobrada do irrigante.

Devem ser feitos orçamentos parcelares pelo menos para esses dois pontos. Nosestudos de reconhecimento e nos estágios iniciais dos estudos semidetalhados e deta-lhados, estes serão freqüentemente os únicos pontos orçados. Os outros dois pontos (olimite entre as Classes 1 e 2 e o limite entre as Classes 2 e 3) devem ser estabelecidos porinterpolação. Por exemplo, se o valor (montante de recursos disponíveis para corrigirdeficiências corrigíveis) do ponto máximo da Classe 1 for US$ 3.700,00 por hectare (videTabelas A-3.1 a A-3.4) e o ponto mínimo da Classe 3 for zero (vide Tabela A.3-5), os outrosdois pontos podem ser calculados partindo-se da premissa de que o limite entre as Clas-ses 1 e 2 equivale a 66,66% de US$ 3.700,00, e o limite entre as Classes 2 e 3, a 33,33%.Este procedimento é graficamente ilustrado a seguir.

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Tabela A3.1. Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 1:Classe da Terra = Ponto Máximo da Classe 1 de 6,3 ha

(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

ARUTLUC EDADINU ah ahDORP LATOTDORP )$R(ROLAVEDADINU

)$R(ROLAVLATOT

)$R(OÃÇISOPSID

ETOL )1( ASAC )2( ADNEV

OÃDOGLA t 0,4 0,3 0,21 00,033 00,069.3 00,069.3

ARUONEC t 3,2 0,53 0,08 00,081 00,004.41 00,004.41

OÃJIEF t 0,3 5,2 5,7 00,024 00,051.3 00,051.3

LATOTBUS 00,015.12 00,015.12

SIAMINASOTUDORPESIAMINA

ENRAC ABORRA

ETIEL SORTIL

SOVO AIZÚD

LATOTBUS

SASEPSED

METI $R

ROTART/AROH 00,895

AID-MEMOH 00,939

OÃDOGLAETNEMES 00,89

ARUONECETNEMES 00,052

OÃJIEFETNEMES 00,67

OINEGORTIN 00,003

OROFSÓF 00,056

OISSÁTOP 00,001

SOVISNEFED 00,006

SETNEIRTUNORCIM 00,071

OCRETSE 00,005

OÃÇAICERPED 00,507

OTNEMITSEVNIODSORUJ 00,087

AUGÁEDAFIRAT 00,454.3

%71OÃÇUDORPAERBOSSOTSOPMI 00,756.3LATOT 00,778.21

OTNEMITSEVNI $R

OTNEMALEVINEOTNEMATAMSED 00,009.4

OÃÇAGIRRIEDAMETSIS 00,009.4

OTNEMAPIUQE

ACREC

AIGRENE

AIDAROM

OÃPLAG 00,000.1

SATNEMARREF 00,053LATOT 00,051.11

ORIECNANIFOMUSER $R

OTNEMIDNER 00,015.12

OMUSNOCOTUA

ATURBADNER 00,015.12

SASEPSED 00,778.21

ADIUQÍLADNER 00,336.8

RAILIMAFADASEM 00,047.5

ARRETADOTNEMIVLOVNESEDARAPODLAS 00,398.2

3,6:ahrep 00,954

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Tabela A3.2. Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 2:Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 1 e Ponto Máximo daClasse 2 de 6,3 ha

(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

ARUTLUC EDADINU ah ahDORP LATOTDORP )$R(ROLAVEDADINU

)$R(ROLAVLATOT

)$R(OÃÇISOPSID

ETOL )1( ASAC )2( ADNEV

OÃDOGLA t 0,4 7,2 8,01 00,033 00,465.3 00,465.3

ARUONEC t 3,2 0,33 9,57 00,081 00,266.31 00,266.31

OÃJIEF t 0,3 2,2 6,6 00,024 00,277.2 00,277.2

LATOTBUS 00,899.91 00,899.91

SIAMINASOTUDORPESIAMINA

ENRAC ABORRA

ETIEL SORTIL

SOVO AIZÚD

LATOTBUS

SASEPSED

METI $R

ROTART/AROH 00,895

AID-MEMOH 00,068

OÃDOGLAETNEMES 00,89

ARUONECETNEMES 00,052

OÃJIEFETNEMES 00,67

OINEGORTIN 00,052

OROFSÓF 00,865

OISSÁTOP 00,38

SOVISNEFED 00,006

SETNEIRTUNORCIM 00,031

OCRETSE 00,083

OÃÇAICERPED 00,507

OTNEMITSEVNIODSORUJ 00,087

AUGÁEDAFIRAT 00,454.3

%71OÃÇUDORPAERBOSSOTSOPMI 00,004.3LATOT 00,232.21

ORIECNANIFOMUSER $R

OTNEMIDNER 00,899.91

OMUSNOCOTUA 00,0

ATURBADNER 00,899.91

SASEPSED 00,232.21

ADIUQÍLADNER 00,667.7

RAILIMAFADASEM 00,047.5

ARRETADOTNEMIVLOVNESEDARAPODLAS 00,620.2

3,6:ahrep 00,223

OTNEMITSEVNI $R

OTNEMALEVINEOTNEMATAMSED 00,009.4

OÃÇAGIRRIEDAMETSIS 00,009.4

OTNEMAPIUQE

ACREC

AIGRENE

AIDAROM

OÃPLAG 00,000.1

SATNEMARREF 00,053LATOT 00,051.11

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Classificação de Terras para Irrigação

123Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

Tabela A3.3 Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 3:Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 2 e Ponto Máximo daClasse 3 de 6,3 ha

(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

ARUTLUC EDADINU ah ahDORP LATOTDORP )$R(ROLAVEDADINU

)$R(ROLAVLATOT

)$R(OÃÇISOPSID

ETOL )1( ASAC )2( ADNEV

OÃDOGLA t 0,4 5,2 0,01 0,033 00,003.3 00,003.3

ARUONEC t 3,2 0,03 0,96 0,081 00,024.21 00,024.21

OÃJIEF t 0,3 8,1 4,5 0,024 00,862.2 00,862.2

LATOTBUS 00,889.71 00,889.71

SIAMINASOTUDORPESIAMINA

ENRAC ABORRA

ETIEL SORTIL

SOVO AIZÚD

LATOTBUS

SASEPSED

METI $R

ROTART/AROH 00,895

AID-MEMOH 00,087

OÃDOGLAETNEMES 00,89

ARUONECETNEMES 00,052

OÃJIEFETNEMES 00,67

OINEGORTIN 00,002

OROFSÓF 00,384

OISSÁTOP 00,66

SOVISNEFED 00,006

SETNEIRTUNORCIM 00,09

OCRETSE 00,062

OÃÇAICERPED 00,507

OTNEMITSEVNIODSORUJ 00,087

AUGÁEDAFIRAT 00,454.3

%71OÃÇUDORPAERBOSSOTSOPMI 00,850.3LATOT 00,894.11

OTNEMITSEVNI $R

OTNEMALEVINEOTNEMATAMSED 00,009.4

OÃÇAGIRRIEDAMETSIS 00,009.4

OTNEMAPIUQE

ACREC

AIGRENE

AIDAROM

OÃPLAG 00,000.1

SATNEMARREF 00,053LATOT 00,051.11

ORIECNANIFOMUSER $R

OTNEMIDNER 00,889.71

OMUSNOCOTUA 00,0

ATURBADNER 00,889.71

SASEPSED

ADIUQÍLADNER 00,894.11

RAILIMAFADASEM 00,094.6

ARRETADOTNEMIVLOVNESEDARAPODLAS 00,057

3,6:ahrep 00,911

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Classificação de Terras para Irrigação

124Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

Tabela A3.4 Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 4:Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 3 de 6,3 ha

(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

Tabela A3.5 Resultado do Orçamento Parcelar

SESSALCSADSOTNOP

ETNECSENAMERADIUQÍLRALECRAPADNERERATCEHROPARRETADOTNEMIVLOVNESEDO

LAUNA ODAZILATIPAC

1ESSALCADOMIXÁMOTNOP 954 0073

2ESSALCADOMIXÁMOTNOP=1ESSALCADOMINÍMOTNOP 223 0052

3ESSALCADOMIXÁMOTNOP=2ESSALCADOMINÍMOTNOP 911 059

3ESSALCADOMINÍMOTNOP 0 0

ARUTLUC EDADINU ah ahDORP LATOTDORP )$R(ROLAVEDADINU

)$R(ROLAVLATOT

)$R(OÃÇISOPSID

ETOL )1( ASAC )2( ADNEV

OÃDOGLA t 0,4 2,2 8,8 00,033 00,409.2 00,409.2

ARUONEC t 3,2 0,82 4,46 00,081 00,295.11 00,295.11

OÃJIEF t 0,3 5,1 5,4 00,024 00,098.1 00,098.1

LATOTBUS 00,683.61 00,683.61

SIAMINASOTUDORPESIAMINA

ENRAC ABORRA

ETIEL SORTIL

SOVO AIZÚD

LATOTBUS

SASEPSED

METI $R

ROTART/AROH 00,895

AID-MEMOH 00,007

OÃDOGLAETNEMES 00,89

ARUONECETNEMES 00,052

OÃJIEFETNEMES 00,67

OINEGORTIN 00,051

OROFSÓF 00,004

OISSÁTOP 00,05

SOVISNEFED 00,006

SETNEIRTUNORCIM 00,05

OCRETSE 00,041

OÃÇAICERPED 00,507

OTNEMITSEVNIODSORUJ 00,087

AUGÁEDAFIRAT 00,454.3

%71OÃÇUDORPAERBOSSOTSOPMI 00,687.2LATOT 00,738.01

OTNEMITSEVNI $R

OTNEMALEVINEOTNEMATAMSED 00,009.4

OÃÇAGIRRIEDAMETSIS 00,009.4

OTNEMAPIUQE

ACREC

AIGRENE

AIDAROM

OÃPLAG 00,000.1

SATNEMARREF 00,053LATOT 00,051.11

ORIECNANIFOMUSER $R

OTNEMIDNER 83.61 00,6

OMUSNOCOTUA 00,0

ATURBADNER 83.61 00,6

SASEPSED

ADIUQÍLADNER 00,738.01

RAILIMAFADASEM 00,945.5

ARRETADOTNEMIVLOVNESEDARAPODLAS 00,0

3,6:ahrep 00,0

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Classificação de Terras para Irrigação

125Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

As produtividades referentes a esses quatro níveis seriam calculadas por econo-mistas e agrônomos, com a utilização de dados coletados no campo na área do projeto,ou em áreas correlatas quando novas áreas estão em desenvolvimento e não há experi-ência local em irrigação. Os rendimentos estimados devem ser cuidadosamente adapta-dos às caraterísticas de solo descritas para cada um desses pontos (ponto máximo daclasse 1, limite entre as Classes 1 e 2, limite entre as Classes 2 e 3, e o ponto máximo daClasse 3) nas especificações para classificação de terras.

Os orçamentos devem considerar todas as receitas, os custos anuais e os investi-mentos associados à operação das parcelas.

Os custos e os investimentos devem incluir os seguintes itens:

Valor da terra nua;Custos mínimos de desenvolvimento da terra;Investimentos em construções;Investimentos em maquinaria;Depreciação e reparos nas construções e na maquinaria;Sementes;Fertilizantes;Inseticidas;Pesticidas;Mão-de-obra;Retorno à família agrícola pelo trabalho, gerenciamento e capital;Tarifas de água estimadas para o projeto.

São incluídos custos mínimos de desenvolvimento da terra nos orçamentos, por-que tais orçamentos se baseiam em terras com deficiências de solos, mas sem deficiên-cias de desenvolvimento. Isso significa que os custos com desmatamento e nivelamentoserão mínimos e que a inclinação percentual é inferior a 2%. Esses custos mínimos sãoincluídos nos orçamentos porque é necessário um certo grau de desenvolvimento emtodas as terras. Esses custos referem-se ao desmatamento de arbustos, além de umnivelamento leve. Os orçamentos para classificação de terras identificarão o montantede custos de desenvolvimento, que poderia ser gasto, além dos custos mínimos de de-senvolvimento.

O valor restante após a dedução de todos os custos descritos acima é denominado“Saldo para Desenvolvimento de Terras”. Este valor representa a quantia anual, disponí-vel para desenvolvimento de terras que requerem mais do que o mínimo utilizado nosorçamentos parcelares. Esse valor anual será capitalizado em 30 anos, à taxa de juros de12%, para se chegar ao capital que poderia ser usado para desenvolvimento (vide TabelaA-3.6).

Tabela A3.6 Especificações Econômicas da Terra

O VALOR $1.200 É CALCULADO COMO $3.700 MENOS $2.500. O VALOR $2750 É CALCULADO COMO $3.700 MENOS$950 E O VALOR $1.550 É CALCULADO COMO $2.500 MENOS $950. N/A = NÃO APLICÁVEL.

ARRETEDLANIFESSALC

EDLAICNETOPORIGNITAARRETADOTNEMIVLOVNESEDOARAPETIMILEDADIVITUDORP

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$SU1ESSALC $SU2ESSALC $SU3ESSALC

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3 0073-1572 0052-1551 059-0

LEVÁRAOÃN 0073EDAMICA 0052EDAMICA 059EDAMICA

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Classificação de Terras para Irrigação

126Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

5 Exemplo de Estimativas de Parâmetros para Classificação Econômica deTerras

Neste exemplo, os orçamentos parcelares para cada um dos pontos serão basea-dos nas deficiências de solo, com todos os outros fatores permanecendo nos níveis óti-mos. As Tabelas A-3.1 a A-3.4 apresentam exemplos deste processo de orçamento. Osorçamentos são utilizados como meio de se calcular o valor restante, após a deduçãodas despesas com a produção parcelar (inclusive as tarifas de água) e dos retornos àfamília agrícola pela mão-de-obra, gerenciamento e capital. Neste exemplo, admitiu-seum retorno à família agrícola de sete salários mínimos. Esses orçamentos são baseadosnos preços de janeiro de 1989, quando R$ 1,00 equivalia a US$ 1,00.

Os valores resultantes do processo de orçamento são denominados “Saldo paraDesenvolvimento da Terra”, sendo expressos em valores anuais por parcela, assim comoem um valor anual por hectare. Os valores anuais por hectare da Tabela A-3.5, são capi-talizados em 30 anos, à taxa de 12% de juros. Esse valor capitalizado é a base para adeterminação dos parâmetros econômicos.

Utilizando-se esses valores capitalizados, são calculados os intervalos dos custosde habilitação, por classe de terra (também demonstrados na Tabela A-3.6). Esses são osvalores a serem incluídos nas especificações para classificação de terras, como parâmetroseconômicos, em conjunto com os parâmetros físicos, para determinar a classe geral dasterras.

O pedólogo, no processo de classificação de terras para irrigação, utiliza essesparâmetros para classificar e reclassificar a terra para um grau inferior quando os custosde habilitação estimados excedem os intervalos determinados por classe de terra. Porexemplo, as terras com um potencial de rendimento Classe 1 (terras sem deficiênciasnão corrigíveis ou com deficiências mínimas, isto é, textura do solo, profundidade, quí-mica, etc.) permanecem como Classe 1 se os custos estimados para desenvolvimentoestiverem dentro do intervalo 0 - 1.200 dólares por hectare. Se os custos de desenvolvi-mento de terras com um potencial de rendimento de Classe 1 encontrarem-se entre 1.201e 2.750 dólares por hectare, estas devem ser classificadas como Classe 2 e, caso taiscustos estejam na faixa de 2.500 a 3.700 dólares por hectare, estas terras serão classifica-das como Classe 3. As terras com um potencial de rendimento de Classe 1, para as quaisos custos de habilitação excedam 3.700 dólares, seriam classificadas como não aráveis.Isso significa que, quando as deficiências corrigíveis tiverem sido corrigidas, estas terrasterão produtividade de Classe 1, mas quando os custos dessas correções excederem osparâmetros estabelecidos para a Classe 1, tais terras devem ser rebaixadas a uma classeinferior. Essa reclassificação descendente ocorre porque o custo para se atingir a produ-tividade de Classe 1, resulta em retornos econômicos ao irrigante no mesmo nível dasterras com deficiências de solos de Classe 2 ou 3 e baixos custos de desenvolvimento.

Os mesmos princípios são aplicáveis às terras que possuem deficiências nãocorrigíveis ou potencial para produtividade de Classe 2 e 3. Quando os custos de desen-volvimento excedem o intervalo de Classe 2, de 0 - 1.550 dólares por hectare, estas terrasdevem ser classificadas como Classe 3 ou então classificadas como não aráveis, quandoos custos de habilitação excederem o intervalo da Classe 3 de 1.551 a 2.500 dólares porhectare. Quando os custos de desenvolvimento de terras, com potencial de rendimentode Classe 3, excederem o intervalo da Classe 3, de 0 a 950 dólares por hectare, tais terrasdevem ser classificadas como não aráveis.

Os parâmetros econômicos apresentados na Tabela A-3.5 devem ser incluídos nasEspecificações de Classificação de Terra, mostradas nas Tabelas A-3.7 e A-3.8. Essasespecificações devem ser usadas pelos pedólogos no campo.

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Classificação de Terras para Irrigação

127Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

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Classificação de Terras para Irrigação

128Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

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Classificação de Terras para Irrigação

129Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

ANEXO

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A LICITAÇÃO DE PROPOSTAS PARA ACLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO

Introdução

Este anexo é um modelo para ser usado na preparação dos termos de referênciapara licitar propostas de consultores para classificar terras para irrigação. Cada projetotem suas particularidades que exigem algumas modificações.

É muito importante que o contratante defina bem o que é esperado do contratadoe atente para que os termos do contrato sejam cumpridos. A preparação de bons termosde referência reduz o custo da classificação de terra e torna os resultados confiáveis.

SEÇÃO I PROJETO E PLANO

A. Objetivo do Contrato

O objetivo deste contrato é a realização de uma classificação (detalhada,semidetalhada ou de reconhecimento) para determinar a aptidão das terras no Projetode (nome do projeto). O prazo de execução é de (número) meses, a partir da data daassinatura do contrato.

B. Finalidade do Projeto

O projeto de (nome) tem como finalidade irrigar terras aptas para irrigação nosmunicípios de (nomes dos municípios), no sudoeste do Estado de (nome do estado).Este projeto proverá abastecimento de água para os municípios, as indústrias e a pisci-cultura, criando oportunidades de lazer e mantendo a flora e a fauna. A água será bom-beada do rio (nome do rio) e transportada às terras irrigáveis através de um sistemaapropriado de irrigação.

Antes da construção do projeto, os estudos de viabilidade deverão estar concluí-dos. As informações obtidas da classificação de terras serão elementos essenciais paratal fim.

C. Resultados Finais

Ao término do contrato, serão fornecidos um conjunto de mapas reproduzíveisdas classes de terra e um texto relativo à descrição das terras, para serem incorporadosao relatório geral do estudo de viabilidade, dele constando, num capítulo à parte, refe-rências às leis de irrigação vigentes.

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Classificação de Terras para Irrigação

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SEÇÃO II DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área bruta do levantamento corresponde a (número) hectares. A área é constitu-ída de parcelas não contíguas, cada uma com, aproximadamente, (número) hectares.

SEÇÃO III EXIGÊNCIAS DO TRABALHO

A. Introdução e Requisitos Gerais

O contratado deverá realizar a classificação (grau da classificação) da aptidão dasterras para irrigação de cada área do projeto, conforme especificado pelo contratante.

O contratado deverá ter um conhecimento satisfatório do sistema de classificaçãode terras para irrigação usado pelo “Bureau of Reclamation” e adotá-lo nos estudosrealizados sob este contrato, com as adaptações necessárias à área.

Todas as investigações serão feitas de acordo com as instruções estabelecidas noMANUAL de “Classificação das Terras para Irrigação”, disponível nos arquivos do con-tratante.

B. Procedimentos Anteriores e Assinatura do Contrato

Antes de se iniciarem as investigações de campo, os seguintes itens devem seratendidos:

1. Apresentação de Planilha

(Número) dias após a assinatura do contrato, o contratado deve apresentar umaplanilha detalhada sobre as diversas fases a serem cumpridas. Essa planilha deve indicaras etapas necessárias ao cumprimento de cada item, englobando pequena bibliografia,investigações de campo, estudos de laboratório, preparação de mapas, determinação daárea irrigável e elaboração do relatório.

Essa planilha será avaliada pelo contratante, que irá aprová-la ou devolvê-la comcomentários no prazo de (número) dias. O contratado não poderá proceder às investiga-ções de campo até a aprovação da planilha. Essa planilha será anexada ao contrato etornar-se-á parte integrante do mesmo, visando ao monitoramento e controle do traba-lho durante o contrato.

2. Estabelecimento da Área Bruta do Levantamento

O contratante apresentará ao contratado as áreas que deverão ser classificadas, nadata de início da vigência do contrato.

3. Desenvolvimento das Especificações para Classificar as Terras

a. As especificações preliminares para o Projeto de (nome) encontram-se na Tabela 1deste contrato.

b. Serão fornecidos, pelo contratante, todos os fatores econômicos relacionados àsespecificações. Qualquer modificação, revisão ou adição sugerida pelo contratadoserá considerada pelo contratante no prazo de 10 dias, após o recebimento dasolicitação de alteração.

c. O contratado deverá estar familiarizado com todos os aspectos destasespecificações, antes de iniciar as investigações de campo.

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Classificação de Terras para Irrigação

131Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

d. Estas especificações serão revisadas e poderão ser modificadas, quando necessá-rio, pelo contratante (depois de entendimentos com o contratado), durante a in-vestigação.

4. Reunião de Dados Disponíveis Sobre a Terra

a. Fontes de informações relativas a este projeto estão especificamente abordadasna seção (número) deste contrato.

b. A classificação das terras para irrigação terá como base o levantamento pedológicoexecutado na área. A partir deste trabalho serão estabelecidos critérios quenortearão a classificação de terras, com as adaptações necessárias, e será elabora-da a tabela de especificações.

5. Mapas Básicos e Equipamento

a. O contratado deverá obter fotografias aéreas mais recentes, na escala de (a escaladesejada). Fotografias em preto e branco são aceitáveis. Em cada foto, o contrata-do colocará as seguintes informações, no canto direito inferior: nome do projeto,nome do município, nome do estado, local abrangido pela foto, nome do pedólogoe data (dia/mês/ano).

b. O mapeamento no campo poderá ser realizado na própria foto ou no “overlay”sobreposto às fotos aéreas. O uso de “overlay” é preferível, porque facilita a trans-ferência dos dados de campo para as folhas permanentes de classificação de terra.Caso seja usado “overlay”, as folhas deverão ser identificadas da mesma maneiraque as fotos . (vide item 5.a.).

c. Devem ser obtidos mapas topográficos, preferivelmente na escala de 1:25000, paraservirem como referência durante o levantamento.

d. Faixas de domínio existentes devem ser registradas nas fotos ou “overlays” usa-das no campo e nas folhas finais da classificação de terra.

e. O progresso do mapeamento no campo pode variar muito, dependendo do tipo deequipamento usado. É importante que esse equipamento esteja em boas condi-ções e apto para o estudo específico. Normalmente, as seguintes ferramentas pa-drões fazem parte do equipamento usado nos estudos do campo:

Uma pá reta para inspecionar os horizontes próximos à superfície;Trados de caneco de 3 ou 4 polegadas para examinar os solos e colher amos-tras em solos arenosos, texturas médias e argilosos;Extensões suficientes para os trados que permitam a observação e coleta deamostras do subsolo;Um martelo de borracha;Um pedaço de lona ou plástico, para a exposição das amostras de solo;Materiais didáticos (papel, cadernos, lápis, pincéis atômicos, etc);Sacos para as amostras de solos;Um prancha para os mapas;Uma fita métrica.

Existem trados e escavadores mecânicos que reduzem o tempo necessário paracolher amostras e explorar o substrato, mas esses equipamentos normalmente não pos-sibilitam a coleta de amostras intactas. Entretanto, o uso de uma retroescavadeira é umaboa maneira de abrir trincheiras rapidamente e permite examinar os perfis representati-vos. Em muitos casos, há dependência de mão-de-obra para abrir estas trincheiras.

O contratado deverá fornecer todo o equipamento para as investigações de cam-po.

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6. Coordenação do Laboratório

a. O contratado será responsável pela indicação do laboratório antes do início e du-rante as investigações de campo. Os laboratórios deverão ser aprovados pelo con-tratante, desde que constem do Cadastro de Laboratórios de Análises de Solos,aprovado pela EMBRAPA.

b. As análises específicas de laboratório são descritas na Seção III.C.7 (e e f).

C. Investigações de Campo

1. Objetivo das Investigações de Campo

O contratado deverá separar as terras aráveis das terras não aráveis, de acordocom as especificações descritas na Seção III.B.3.a. Três classes aráveis, 1, 2 e 3, - e umanão arável, Classe 6, serão delineadas, com base na interação das condições de solo,topográficas e de drenagem, e numa investigação até a profundidade de 3 metros.

2. Orientação de Campo

O contratado deverá começar as investigações da classificação de terras com umavisita à área, acompanhado por um representante da (nome do contratante). Durante avisita, o contratado e o representante do contratante deverão familiarizar-se com a área,verificar a aplicabilidade dos dados disponíveis dos recursos da terra que estão sendoestudados, concordar com a aplicabilidade das especificações preliminares para classifi-car as terras e aceitar o plano de mapeamento para a área do projeto.

3. Direito de Entrada na Área

O direito de entrada nas propriedades, para investigações de campo, será provi-denciado pelo contratante do projeto, antes do início do estudo. O contratado deveránotificar cada proprietário de sua presença, antes do início das investigações, para deter-minar se há alguma condição restritiva.

4. Metodologia para o Levantamento de Campo

a. Após o período de orientação de campo, as investigações deverão começar siste-maticamente de um limite do mapa, de um limite de uma propriedade, ou de umoutro ponto de referência facilmente identificável.

b. As transversais deverão ser feitas perpendicularmente aos drenos naturais, com oobjetivo de se verificarem as variações da posição e das formas geomórficas.

c. As transversais deverão ser feitas nos locais onde isto seja possível, para facilitaras observações das condições da terra e para identificar problemas potenciais.

d. Deverão ser avaliadas as condições de solo, a topografia, a drenagem e suasinterações, e as sondagens adequadas para se estabelecerem os limites entre asclasses e subclasses.

e. Deverão ser colhidas amostras de áreas representativas .f. Os limites entre classes e subclasses, a localização e a descrição dos perfis, a

simbolização completa das classes e subclasses de terra e quaisquer outras carac-terísticas da área deverão ser registrados nos mapas, antes da conclusão do servi-ço de campo.

g. Notas e observações concernentes à aptidão das terras para irrigação deverão serfeitas durante as atividades de campo.

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Classificação de Terras para Irrigação

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Classificação de Terras para Irrigação

134Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

5. Simbolização Uniforme

O modelo da simbolização que deverá ser usada durante os estudos é apresentadona Figura1.

a. O numerador do símbolo deverá apresentar a Classe (1, 2, 3 ou 6); se o método deirrigação for somente por aspersão, deverá ser utilizado S1, S2, S3 ou 6. Quando asterras forem aptas a uma cultura específica, será usada uma simbologia especialpara indicá-la. Por exemplo: para Figura 1 rizicultura, será usado R1, R2 ou R3; parafruticultura ou hortaliças, F1, F2, ou F3; e para pastagens, os símbolos serão P1, P2,ou P3.

Se a classe for 2, 3 ou 6, usar-se-á uma ou mais subclasses “s” - solos; “t” - topo-grafia; e/ou “d” - drenagem. Não se deve usar uma subclasse no numerador quan-do a classe for “1”. Os símbolos usados no denominador são, em ordem, Produti-vidade Relativa (1, 2, 3 ou 6); e Custo de Desenvolvimento (1, 2, 3 ou 6). As deficiên-cias específicas que correspondem às subclasses encontram-se na Tabela 2.

b. Outros símbolos de deficiências poderão ser acrescentados durante a fase de es-tudo, se forem encontrados fatores significantes de solo, topografia ou drenagem.

c. O símbolo “g”, que indica uma deficiência de topografia, está sempre associadoao fator “t” no numerador e à “Produtividade Relativa”, no denominador do sím-bolo de mapeamento.

d. Para manter uniformidade na simbolização, as combinações de “ProdutividadeRelativa” e de “Custo de Desenvolvimento”, no denominador, aceitarão somenteas seguintes combinações: para classe 1, somente “11”; para classe 2, ”12" e “21”;e para classe 3, ”22", “13” e ”31".

6. Avaliação dos Solos

a. Um mínimo de (número) tradagens até 150cm em cada (número) hectaresserão requeridas para apoiar as determinações finais das classes de terra.

b. As tradagens deverão ser feitas nos locais considerados “representativos”para a mancha de terra (a classe) que está sendo delineada. Onde existiremcomplexidades físicas, químicas ou topográficas, serão necessárias sonda-gens adicionais, para delineação adequada das classes de terra. Deverão serevitados locais próximos de cercas, canais, estradas, cantos de parcelas eáreas similares, cuja amostragem poderá ser mais onerosa.

c. As características principais dos perfis de 150cm e de 3m de solo e de topo-grafia, deverão ser registradas em um livro ou ficha, aprovados no local daobservação. As seguintes informações são as mínimas necessárias ao regis-tro: (1) textura do solo; (2) profundidade de cada mudança em textura; (3)estrutura; (4) profundidade até uma acumulação de calcário, sais, fragipans,lateritas, etc. (se estiver presente); (5) declividade; (6) relevo; (7) coberturavegetal ou pedras; (8) número de amostras coletadas; e (9) qualquer outrainformação importante como mosqueamento, lençol freático, condições demá drenagem, sinais de deficiências na vegetação natural, etc. Cada sonda-gem (perfil) será identificada por um número que corresponderá ao númerocolocado no mapa (foto ou “overlay”) e na folha final que contém as classesde terras.

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Classificação de Terras para Irrigação

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Figura 1 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Padronizados paraClassificação de Terras

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Classificação de Terras para Irrigação

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d. A seguir, apresenta-se um exemplo de como registrar e descrever a informa-ção que se encontra no perfil do solo:

Tabela 2 Deficiências Específicas que Correspodem às Subclasses

Projeto: ______________________________________________________Número do Perfil: _____________________________________________Localização: __________________________________________________Classe de Terra Provisória: ____________________________________Declividade: __________________________________________________Relevo: ______________________________________________________Litologia e Formação Geológica: _______________________________Material Originário: ___________________________________________Erosão: ______________________________________________________Drenagem: ___________________________________________________Pedregosidade: _______________________________________________Vegetação: ___________________________________________________Uso Atual: ___________________________________________________Nome do Pedólogo: __________________________________________Numeração das Amostras: ____________________________________

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d. Explicações:

(1) O número da sondagem (tradagem ou trincheira, etc.).0,20, 2,64 e 6,35 são a condutividade elétrica do extrato de saturação(CE em mmhos/cm).5,3 e 8,0; 5,2 e 4,3; e 4,6 e 4,2 são os valores de pH em água e KCL (1:2,5suspensão de solo e água).15, 20, e 35 são os valores em milímetros da capacidade de retençãode água disponível, usando-se 1/3 e 15 atm em cada camada no perfil;1,1 e o teor de Ca + Mg (Me/100 g de solo) 0 - 30 cm.4,7 e a capacidade de troca de cátions (CTC) 0 - 30 cm.sil, cl e c são as texturas determinadas no campo (Franco Siltoso, Fran-co Argilosa, e Argila).+ e ++ são os graus de reação dos solos, quando se aplica HCL.

O perfil normalmente tem 150cm de profundidade, com divisões entre camadas detexturas diferentes. Se o perfil estiver representando uma profundidade inferior a 300cm,coloque na ficha um “X” entre o fim da escavação e o fundo do perfil.

e. Os fatores relacionados com os solos são determinantes, através de seusefeitos na classe “Produtividade Relativa” (vide Seção III.C.5.)

7. Amostragem e Caracterização do Laboratório

a. As amostras deverão ser obtidas nos locais onde se encontrar uma diferen-ça em textura, estrutura ou uma zona distinta, na qual exista uma diferençaaparente (física ou química), em intervalos de não menos de 15cm e normal-mente não mais de 60cm.

b. Um mínimo de cinco amostras de cada perfil de 300cm deve ser colhido paraanálises de laboratório. Um mínimo de três amostras de 150cm de profundi-dade, por cada 60 ha, deve ser colhido. Uma amostragem de perfis até 150cmserá necessária em áreas complexas, a fim de apoiar adequadamente asdeterminações finais das classes de terra.

c. As amostras deverão ser identificadas sistematicamente, para evitar confu-são. Um método sugerido consiste em designar cada pedólogo com umaletra, que somente ele/ela pode usar como prefixo dos números (A-1 para opedólogo Amaral; B-1 para o pedólogo Bueno; e C-1 para o pedólogo Cabral;etc.). Cuidados especiais devem ser dispensados durante a coleta, transpor-te e a preparação das amostras no laboratório, para evitar contaminação.

d. Amostras em duplicata deverão ser coletadas aleatoriamente e analisadasem um laboratório de escolha do contratante, para fins comparativos e paracontrole da qualidade. Dessa forma, garantir-se-á a consistência das infor-mações do laboratório em toda área estudada.

e. Cada amostra colhida deverá ser analisada sob os seguintes aspectos:condutividade elétrica (CE) do extrato de saturação (mmhos/cm); pH (1:2,5)em água e KCl; complexo de permutas (me/100g. de solo); densidade real eaparente; granulometria (%); porosidade; argila dispersa em água (%); graude floculação (%); relação silte/argila; umidade (%) usando-se 1/3 e 15 atm;valor V (% saturação das bases); carbono orgânico (%); CaCo3 equivalente(%); Fósforo assimilável (ppm); enxofre (%); S na T.F.S.A.; saturação com Al(100 x Al/S + Al), saturação com Na (100 x Na/T) e outras análises necessárias

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Classificação de Terras para Irrigação

138Manual de Irrigação Copyright © Bureau of Reclamation

para caraterizar os solos para irrigação. Onde houver suspeita de Na, deveráser determinada a Relação da Absorção de Sódio (SAR).

f. As seguintes referências deverão ser consultadas quando se efetuarem asanálises de solos:

1. Manual de Métodos de Análise de Solos; EMBRAPA (Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária), Rio de Janeiro, 1979

2. “Reclamation Instructions Series 510” (Instruções do ”Bureau ofReclamation”) - “Land Classification Techniques and Standards, Part514 - Laboratory Procedures”.

g. Os resultados do laboratório deverão ser recebidos no escritório do contra-tante, no prazo de (número) dias após a entrega das amostras ao laborató-rio, para que os dados possam ser correlacionados com as observações decampo, com objetivo de definir as classes de terra.

8. Avaliação Topográficas

A avaliação das seguintes caraterísticas topográficas deverão ser feitas durante oestudos de campo: gradiente, relevo, tamanho e forma das parcelas, sistematização, co-bertura (vegetação e pedras).

O gradiente e forma das parcelas influenciam a “Produtividade Relativa” da clas-se, enquanto a sistematização, o desmatamento e a remoção de pedras influenciam ocusto de desenvolvimento (vide Seção III.C.5.).

As observações destas características topográficas devem ser registradas nas fi-chas do campo e, depois, transferidas para os mapas ou folhas finais.

9. Avaliação da Drenagem

a. Para os propósitos deste contrato, a avaliação da drenagem deverá conside-rar os seguintes fatores: (1) superfície (na parcela); requerimentos de drena-gem (tipo e custo) e (2) caracterização do subsolo (textura, estrutura,permeabilidade até 3m). Estes fatores podem influenciar a “ProdutividadeRelativa” da classe e o custo de desenvolvimento (vide Seção III.C.5.) e as-sim poderá ser um determinante de classe.

b. A avaliação da drenagem do subsolo será baseada nos dados e análisesfeitos no campo e no laboratório. A permeabilidade será determinada comensaios de “pump-in” ou “pump-out” nas camadas restritas do perfil. A taxade infiltração será obtida com a utilização de anéis e feita através de ensaiossecos e ensaios úmidos. Assim, o ensaio feito no primeiro dia será conside-rado o ensaio seco e dois dias depois, um outro ensaio será efetuado nomesmo local: o ensaio úmido.

10. Coleta de Dados

a. A determinação final das classes de terra dependerá, entre outras coisas, dacorrelação das observações no campo com os dados de laboratório. Se apa-recerem diferenças significativas durante a correlação, será necessário pro-gramar investigações adicionais no campo e/ou de laboratório para apoiaradequadamente as determinações finais das classes de terra.

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b. A determinação final das classes de terra dependerá também da correlaçãodos dados físicos e químicos com os impactos econômicos referentes aorendimento líquido da parcela ou à capacidade de pagamento. Esta correla-ção será da responsabilidade do contratado, de comum acordo com o con-tratante.

11. Revisões no Campo

a. O contratante (CODEVASF, DNOCS ou os Estados) fará visitas periódicas àárea de estudo para acompanhar o progresso e garantir a adequação técnicado trabalho, e dar assistência técnica ao contratado. Essas visitas ou revi-sões poderão incluir também a presença de assessores técnicos ou especia-listas internacionais.

b. Após o término das investigações de campo, e antes de finalizar os mapasde classificação de terra, o contratante e os demais interessados farão umarevisão final de campo. Baseada nesta revisão, poderá surgir a necessidadede o contratado efetuar estudos adicionais para determinar a classe final daárea em questão.

12. Relatórios e Reuniões de Acompanhamento

a. O contratado terá de informar o contratante, através de relatório, no final decada trimestre, acerca do andamento das investigações durante o tempo emque o contrato estiver em vigor. Cada relatório deverá incluir: (1) um resumodo trabalho desenvolvido durante o período (indicando as áreas específicasclassificadas); (2) uma lista de todas as áreas classificadas, desde o início dotrabalho até a data do relatório; (3) uma lista de qualquer problema necessi-tando de solução; e (4) uma previsão e o programa de trabalho para o próxi-mo período e o restante do contrato.

b. O contratante poderá marcar reuniões para inteirar-se do andamento dasinvestigações ou dos problemas encontrados no campo. As reuniões deve-rão ser realizadas o mais próximo possível da área investigada. Se houverconflitos que não possam ser resolvidos no campo, será necessário estabe-lecer reuniões especiais na sede do contratante. Representantes de ambosos interessados deverão participar das reuniões, a fim de decidirem comosolucionar da melhor forma, os problemas existentes.

SEÇÃO IV DADOS EXISTENTES

A. Investigações da Classificação de Terra Efetuada pelo Contratante

Dados de uma investigação anterior, que talvez só abranjam parte da área a serclassificada, deverão ser colocados à disposição do contratado. Ainda que estes dadosapresentem informações anteriores, será necessário obter dados adicionais que satisfa-çam as especificações que serão desenvolvidas para o levantamento.

B. Informações de um Levantamento Pedológico

Relatórios sobre levantamento pedológico estão disponíveis no Projeto RADAM ena EMBRAPA, etc. (Citar os nomes dos levantamentos e onde é possível conseguir cópi-as dos relatórios).

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SEÇÃO V APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E RELATÓRIOS

A.1 Depois que as revisões do campo forem completadas e aprovadas pelo contratan-te, o contratado deverá transferir as classes de terra para folhas permanentes ereproduzíveis. Todas as informações serão registradas nas folhas (indicar as di-mensões das folhas) com tinta preta e permanente. Os seguintes itens deverão serregistrados em cada folha: (1) delineação das classes de terra; (2) descrição dosperfis, incluindo alguns dados de laboratório, (vide Seção III.C.6.d. - “Explicações”);(3) hectares por classe; (4) resumo dos hectares por classe; (5) legenda e blococom o nome do projeto, data da classificação e nome do pedólogo que fez a clas-sificação.

a. Os dados nos mapas usados no campo serão transferidos para folhas per-manentes. Estas folhas deverão incluir todas as delineações, umasimbolização completa de cada classe delineada, os hectares de cada áreasegregada, os números das sondagens e todas as faixas de domínio. Osmapas deverão ser similares ao que se encontra no Anexo 3 deste MANUAL.

b. As descrições dos perfis e os dados de laboratório serão transferidos dasnotas de campo e da ficha de laboratório. (vide o exemplo, que se encontrano Anexo 3 deste MANUAL).

c. Os hectares aráveis/irrigáveis serão calculados e arredondados até o maispróximo de 0,1 de hectare, e serão registrados dentro de cada classe esubclasse. Um resumo dos hectares, por classe e subclasse, poderia ser in-cluído também no rodapé da folha (vide o exemplo do mapa, que se encon-tra no Anexo 3 deste MANUAL, apresentando um exemplo de como essepode ser feito).

d. Uma legenda completa, com explicação, deverá ser incluída em cada folha,(vide o exemplo do Anexo 3 deste MANUAL).

e. O bloco titular, similar ao mapa do Anexo 3 deste MANUAL, deverá aparecerno canto inferior direito de cada folha.

f. Todas as folhas permanentes (ou reproduzíveis) serão entregues ao contra-tante, junto com o apêndice final e com o capítulo “Recursos de Terra”, dorelatório final.

B. Índice dos Mapas/das Folhas das Classes de Terra

1. O contratado fornecerá um índice permanente que identificará sistematica-mente a localização das folhas permanentes das classes de terra.

2. Os índices deverão ser preparados utilizando-se tinta permanente e materi-ais reproduzíveis. A escala deve ser (indique a escala desejada).

3. Uma legenda deve descrever a maneira como o índice foi desenvolvido, acom-panhada de um bloco titular em cada índice. (vide Seção V.A.1.e.)

4. Os índices permanentes devem ser enviados ao contratante junto com oapêndice final e o capítulo “Recursos da Terra”.

C. Relatórios

1. O contratado preparará um capítulo sobre “Recursos de Terra”. O capítuloserá incorporado ao relatório geral do projeto de viabilidade ou executivo.Deverá ser obedecido esboço similar àquele em anexo.

2. O apêndice e o capítulo deverão ser preparados em três fases: rascunho,minuta e documento definitivo.

a. O rascunho será datilografado em espaços duplos e enviado ao con-tratante pelo menos (número) dias antes do vencimento do contrato.

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O contratante fará uma revisão e o devolverá no prazo de (número)dias, com uma lista de correções a serem feitas.

b. O contratado fará todas as mudanças solicitadas pelo contratante noprazo de (número) dias e enviará o apêndice datilografado em espa-ços simples, em forma de minuta, ao contratante. O contratante faráoutra revisão dentro de (número) dias e a devolverá ao contratadocom uma lista de correções, se necessárias.

c. No prazo de (número) dias, o contratado fará as últimas revisões eenviará dez (número) cópias datilografadas em espaços simples doapêndice e do capítulo, já em edição final.

3. O contratado será solicitado a se reunir com o contratante, em local escolhi-do por ambos, e deverá participar das revisões.

4. Os materiais usados para desenvolver as folhas permanentes das classes deterra, o apêndice e o capítulo tornar-se-ão propriedade do contratante. Estesmateriais, incluindo as fotos aéreas, os “overlays” das fotos (se foram usa-dos), outros mapas básicos, as notas de campo, os dados de laboratório, asminutas, as ilustrações e qualquer outro dado de apoio deverão ser envia-dos ao contratante, juntamente com o apêndice e o capítulo final.

SEÇÃO VI SUBCONTRATOS E RESPONSABILIDADES LEGAIS

A. O contratado deve comunicar ao representante do contratante se os requisitosdeste contrato requererem subcontratos. O representante do contratante poderápedir informações de “background”, em detalhe, a respeito de cada subcontratadoantes de aprová-lo. A falta de aviso ao representante do contratante das necessi-dades de subcontratação será considerada uma violação deste contrato.

B. O contratado e/ou o subcontratado deverão estar disponíveis para apresentar umdepoimento no tribunal, como um “testemunho técnico”, a qualquer tempo, du-rante ou depois de uma classificação de terra para agricultura irrigada.

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ANEXO

Mapa deReclassificaçãoDetalhada das Terras

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Figura A.5.1