Nos caminhos do pão
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Carlos Paixão
Nos Caminhos do Pão
Nos Caminhos do Pão
“Nos caminhos do Pão” é uma viagem
ilustrada que nos conduz pelas searas, em
direção ao moinho e daí a casa da senhora
Maria e ao forno do Zé, até que nos sentemos
à mesa e saboreemos o delicioso pão que
mãos habilidosas amassaram a tenderam.
“Nos Caminhos do Pão” é uma chama
acesa na memória, num tempo que se apaga.
As mós irão girando enquanto estes homens e
mulheres o forem, enquanto houver gente
que saiba do bom governo do pão, enquanto
o rodoiro girar e da boca enegrecida do forno
sair o pão nosso de todos os dias.
Carlos Afonso Paixão Lopes nasceu em Carapito,
Aguiar da beira, em 25 de julho de 1959 e reside em
Sátão, onde exerce funções docentes.
É diplomado pela Escola do Magistério Primário de
Viseu e Licenciado em História pela Universidade de
Coimbra. Fez o curso de património Histórico- Artístico,
Natural e Etnográfico do Centro Nacional de Cultura e
Formação Pedagógica em Didática de Educação Física
do 1º ciclo do Ensino Básico.
É coautor, com o seu irmão, Tó-Zé Paixão, Contos, e
“Aguiar da beira – Roteiro Turístico”.
Recebeu o 2º Prémio do SPRC Coimbra, 2001, com o
conto: “A Cerca”; o 2º Prémio do Concurso Literário Dr.
João Isabel 2002, com o Conto: “Santo António” e em
2003 com o Conto: “O Rei da Feira”.
Carlos Paixão
Nos Caminhos do Pão
desenhos de Joaquim Lopes
A Imagem e A Palavra
Palimage Editores
- Olá, bom dia!O sol brilhante já começa a despertar a aldeia de
Moinhos do Rio.
O tio Manuel da moleira já carregou o burro com o cereal que vai moer hoje.
E na seara, lá está, madurinha, a colheita para este ano.
O trigo, o centeio e, mais tarde, o milho serão colhidos, malhados e arrumados…
…até que o grão encha as taleigas e carregue o burro do tio Manuel.
- Que delícia! – vai provando o jerico.
- Então lá vamos até ao moinho!- Água ainda vai havendo no rio das Bouças, pois sem
ela não há farinha.
- Entrem, meninos, entrem!... As taleigas ponho-asaqui no chão e agora vou encher a moega com o grão.
1- CUBO2- CANELO3- RODÍZIO4- MÓS
1- MOEGA2- QUELHA3- CHAMADOURO4- REGULADOR5- FARINHA
Começa a ouvir-se o barulho das mós no seu rodopiar constante e a farinha vai-se amontoando no soalho.
- Esta já dá para uma carrada. Agora é preciso ir fazer a entrega.
Não faltará pão em Moinhos do Rio, no Castelo, no casal e na casa da comadre Maria.
No dia seguinte, logo de manhãzinha, o Quim corre a pegar na peneira e dá uma ajuda à mãe a troco de um bolito.
A D.ª Maria caldeia a farinha com a água a ferver, a que vai juntar o fermento.
O Tareco espreita….e espera…
Toc…Toc… - Então, não sobra nada para mim?- Ainda tens de esperar porque a minha mãe ainda
demora a amassar.
Fez-se a reza e agora já a massa repousa bem agasalhada para que finte mais depressa.
Mas a D.ª Maria não descansa muito. É tempo de tender, dar forma ao pão.
No forno, já o Zé Parafuso prepara a lenha a que vai chegar o lume.
1- CARUMA2- VIDES3- RAMOS DE MIMOSA4- RODOURO5- VASSOURO6- PÁ7- FORNO
O rodoiro gira nas mãos do forneiro que não se cansa de aliviar a lenha. O forno quer-se bem quente e sem fumo.
Com o vassouro faz-se a limpeza. A D.ª Maria já chegou com os pães no tabuleiro e agora é um ver se te avias a meter no forno.
Cá fora cresce a água na boca do Zé.- Que cheirinho!
E à hora do almoço toda a gente vai provar da fornada.
O tio Manuel da moleira, a D.ª Maria, o Zé e as vizinhas deliciam-se com o pão de Moinhos do Rio. O Quim devora o seu bolito…e o gato?
- Não viram o Tareco?Debaixo da mesa não se perdem as migalhas.