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1. INTRODUÇÃO A doença de von Hippel-Lindau (VHL) – OMIM 193300 (Online Mendelian Inheritance in Man) - é caracterizada pela predisposição hereditária a diversos tipos de neoplasias benignas e malignas em múltiplos órgãos e sistemas, principalmente o sistema nervoso central (SNC), a retina, os rins, pâncreas e as supra-renais. É uma doença genética herdada de modo autossômico dominante, causada por mutações germinativas e somáticas no gene supressor tumoral VHL, localizado na região terminal do braço curto do cromossomo 3 (3p26-25) (figura1). Figura 1. Lócus do gene VHL (Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov) A doença foi primeiramente descrita na literatura médica em 1894 por Treacher Collins, que detalhou suas observações histo-patológicas em dois irmãos com crescimentos vasculares em ambas as retinas (COLLINS, 1894). Uma década depois, Eugene von Hippel, oftalmologista alemão, descreveu outra família com tumores semelhantes na retina, os quais foram denominados angiomatosis retinae (VON HIPPEL, 1904). Em 1927, o patologista sueco Arvid Lindau, enquanto escrevia uma tese sobre lesões císticas do cerebelo, notou que estas lesões na retina eram associadas a um maior risco de desenvolver hemangioblastomas no cérebro e na medula espinhal (LINDAU, 1927). Embora referida inicialmente como “doença de Lindau”, o termo “doença de von Hippel-Lindau” foi designado em 1936 por Charles Davison. Em 1964, Melmon e Rosen estabeleceram os critérios 13

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1. INTRODUÇÃO

A doença de von Hippel-Lindau (VHL) – OMIM 193300 (Online Mendelian

Inheritance in Man) - é caracterizada pela predisposição hereditária a diversos tipos

de neoplasias benignas e malignas em múltiplos órgãos e sistemas, principalmente

o sistema nervoso central (SNC), a retina, os rins, pâncreas e as supra-renais. É

uma doença genética herdada de modo autossômico dominante, causada por

mutações germinativas e somáticas no gene supressor tumoral VHL, localizado na

região terminal do braço curto do cromossomo 3 (3p26-25) (figura1).

Figura 1. Lócus do gene VHL (Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov)

A doença foi primeiramente descrita na literatura médica em 1894 por

Treacher Collins, que detalhou suas observações histo-patológicas em dois irmãos

com crescimentos vasculares em ambas as retinas (COLLINS, 1894). Uma década

depois, Eugene von Hippel, oftalmologista alemão, descreveu outra família com

tumores semelhantes na retina, os quais foram denominados angiomatosis retinae

(VON HIPPEL, 1904). Em 1927, o patologista sueco Arvid Lindau, enquanto

escrevia uma tese sobre lesões císticas do cerebelo, notou que estas lesões na

retina eram associadas a um maior risco de desenvolver hemangioblastomas no

cérebro e na medula espinhal (LINDAU, 1927). Embora referida inicialmente como

“doença de Lindau”, o termo “doença de von Hippel-Lindau” foi designado em 1936

por Charles Davison. Em 1964, Melmon e Rosen estabeleceram os critérios

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diagnósticos da doença, conhecidos até hoje, numa clássica revisão da literatura

(MELMON; ROSEN, 1964).

Desde então, uma variedade de outras lesões foram também associadas à

doença de VHL, como cistos viscerais, particularmente do pâncreas e dos rins, e

outros tumores como carcinoma renal de células claras, feocromocitoma, tumor do

saco endolinfático do ouvido interno, cistoadenoma do epidídimo e do ligamento

largo, e tumores da ilhota pancreática (MAHER; KAELIN, 1997) (figura 2).

A doença de VHL está presente em todas as etnias e ambos os sexos são

afetados igualmente. Tem uma incidência mínima aproximada de um em cada

36.000 nascidos vivos. A penetrância clínica é idade-dependente, estimada em 80 a

90% aos 65 anos, e a expressividade é altamente variável (MAHER et al., 1991).

Figura 2. Principais órgãos afetados pela doença de VHL (Fonte: www.mdanderson.org)

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1.1. Características clínicas

As principais características da doença de VHL são: (1) hemangioblastomas

de SNC, principalmente do cerebelo e medula espinhal; (2) angiomas de retina e (3)

carcinoma renal de células claras (CRCC). A probabilidade de se manifestar cada

uma dessas neoplasias ao longo da vida é estimada em maior que 70%, sendo a

penetrância quase completa aos 65 anos (MAHER et al., 1990). A doença de VHL

pode manifestar-se desde a infância até a 7ª década de vida, mas geralmente

apresenta-se entre a 2ª e 3ª décadas (tabelas 1 e 2).

Tabela 1 - Idade de manifestação e freqüência dos principais tumores na doença de VHL (Maher et al, 1990).

Idade média (anos) Variação (anos) Casos

Angioma de retina 25 1-67 45-59 %Hemangioblastoma do cerebelo 30 11-78 44-72%CRCC 37 16-67 40-70%Feocromocitoma 30 5-58 10-20%

Tabela 2 – Idade ao diagnóstico e freqüência das lesões em pacientes brasileiros (Rocha et al., 2003)

Idade média ao

diagnóstico (anos)

Pacientes

afetados(%)

Angioma de retina 24 30,7 %Hemangioblastoma 30 62,5%CRCC 44 27,5%Feocromocitoma 27 15,0%

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1.1.1 Hemangioblastoma de SNC

Os hemangioblastomas do SNC (figura 3) são as lesões mais comuns e a

principal causa de morbidade na doença de VHL. Ocorrem principalmente no

cerebelo (60% dos casos), na medula espinhal (13-44%) e no tronco cerebral (18%),

sendo que as lesões supra-tentoriais são incomuns. Os principais sintomas são:

cefaléia, vômitos, distúrbios da marcha ou ataxia; dores ou perdas motoras e

sensitivas, caso haja compressão medular (WANEBO et al., 2003).

Aproximadamente 30% de todos os pacientes com hemangioblastoma cerebelar tem

a doença de VHL, e cerca de 4% dos pacientes com hemangioblastomas

aparentemente esporádicos têm mutações germinativas no gene VHL (HES et al.,

2000). São tumores benignos, em 20% dos casos são múltiplos e recorrentes, e se

manifestam numa idade mais precoce do que nos casos esporádicos, em média aos

29 anos (MAHER et al., 1990). O método de detecção preferível é a ressonância

magnética (RM) com gadolínio. Embora muitas lesões sejam assintomáticas, a

detecção é útil para identificar os portadores da doença. Os resultados cirúrgicos

são excelentes para aquelas lesões sintomáticas únicas e periféricas. Entretanto, o

tratamento dos tumores multicêntricos – particularmente envolvendo o tronco

cerebral e a medula espinhal – pode ser deletério. A radioterapia estereotáxica pode

ser útil para pequenos tumores em regiões inoperáveis (PATRICE et al., 1996).

Recomenda-se que as lesões espinhais sintomáticas sejam removidas, e embora o

prognóstico seja bom, se o diagnóstico for protelado ou a cirurgia for difícil, pode

ocorrer paraplegia. O tratamento com agentes anti-angiogênicos deve ser

considerado quando a cirurgia convencional não for possível.

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1.1.2 Angioma de retina

O angioma da retina (figura 4) é histologicamente idêntico ao

hemangioblastoma do SNC. É uma das lesões mais comuns, presente em quase

70% dos casos, e freqüentemente é a manifestação inicial da doença, diagnosticada

em média aos 25 anos. Geralmente os angiomas são múltiplos e podem ser

assintomáticos, mas o risco de perda visual é de 55% aos 50 anos, principalmente

devido ao descolamento da retina, exsudação ou hemorragia (WEBSTER et al.,

1999). Por isso, a detecção e o tratamento precoces reduzem o risco de perda

visual. A maioria dos oftalmologistas concorda com o tratamento dos angiomas da

retina para evitar a cegueira, embora possa haver regressão espontânea dos

mesmos (LUBINSKI et al., 2003). O tratamento inclui diatermia, fotocoagulação a

laser e criocoagulação.

1.1.3 Lesões renais

Cistos renais múltiplos são comuns e relacionados à idade. Geralmente, não

comprometem a função renal, mas podem desenvolver-se em CRCC, principalmente

se os cistos complexos tornarem-se sólidos (figura 5). Entretanto, a maioria dos

CRCC não se desenvolve a partir de cistos, e um exame cuidadoso do parênquima

renal demonstra vários microfocos de CRCC (WALTHER et al., 1995). Embora o

risco de CRCC seja influenciado pela heterogeneidade alélica, na maioria dos casos

o risco ao longo da vida é alto (mais que 70%). A apresentação clínica e o risco de

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metástase na doença de VHL são semelhantes àqueles tumores esporádicos,

embora sejam diagnosticados mais cedo na doença de VHL (em média aos 44

anos). Freqüentemente são múltiplos e bilaterais, sendo a maior causa de morbi-

mortalidade (POSTON et al.,1995). As lesões renais devem ser monitoradas com

ultrassonografia iniciando-se aos 16 anos, mas, quando há múltiplos cistos, a

tomografia é mais sensível. Entretanto, a RM é preferível para o seguimento de

rotina, pois evita-se a exposição repetida à radiação. A cirurgia precoce é a melhor

opção para o tratamento do CRCC e, dependendo do tamanho e localização do

tumor, a nefrectomia parcial pode ser possível visando preservar a função renal e a

sobrevida. O transplante renal é bem sucedido naqueles casos em que a

nefrectomia bilateral seja necessária e o prognóstico é semelhante a outros grupos

comparáveis (GOLDFARB et al., 1998).

1.1.4 Feocromocitoma

Ocorre em cerca de 10% dos casos, mas apresenta uma grande variabilidade

inter-familiar. Em muitas famílias não há feocromocitoma, mas em algumas é a

principal complicação da doença de VHL (GREEN et al., 1986). Por isso, há uma

correlação genótipo-fenótipo conforme a presença ou ausência dessa neoplasia

(discutida adiante). Em um estudo, 11% dos pacientes com feocromocitoma

aparentemente esporádico tiveram mutações germinativas no gene VHL

(NEUMANN et al., 2002). Além disso, cerca de 40% dos casos de feocromocitoma

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familial apresentam mutações no gene VHL (WOODWARD et al., 1997). A média da

idade ao diagnóstico dessa neoplasia é de 29 anos, pode ser intra ou extra-adrenal

(paraganglioma) e tem um risco de 5% de malignidade (CHEN et al., 2001). Podem

causar hipertensão episódica ou serem totalmente assintomáticos. Esta neoplasia

deve ser tratada cirurgicamente e os bloqueadores alfa-adrenérgicos durante 7 a 10

dias de pré-operatório são apropriados (figura 6).

1.1.5 Lesões pancreáticas

A maioria são cistos simples e múltiplos e raramente apresentam significância

clínica. Tumores de ilhotas pancreáticas (figura 7) ocorrem em 5 a 10% dos casos e

são geralmente não-secretores. Porém, um comportamento maligno foi observado

particularmente em tumores maiores que 3 cm (MARCOS et al., 2002).

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1.1.6 Tumores do saco endolinfático

O saco e ducto endolinfáticos são extensões ectodérmicas do labirinto

membranoso do ouvido interno. Tumores nestes locais podem causar surdez de

graus variados, geralmente severa a profunda e de início súbito, além de vertigem e

zumbido (CHOO et al., 2004). Os tumores do saco endolinfático somente foram

reconhecidos como componentes da doença de VHL na última década. Estão

presentes em cerca de 10% dos pacientes e podem ser detectados por ressonância

magnética (MANSKI, et al.,1997) (figura 8). Devem ser considerados naqueles

pacientes que se queixam de perda auditiva. A consideração do tratamento cirúrgico

destes tumores deve incluir a possível complicação de surdez total.

1.1.7 Tumores do epidídimo e ligamento largo

Cistoadenomas do epidídimo são relativamente comuns em homens com a

doença de VHL, mas raramente causam problemas, exceto se forem bilaterais,

podendo causar infertilidade (WITTEN et al., 1985). O equivalente em mulheres,

embora bem menos comum, é o cistoadenoma papilar do ligamento largo (Korn et

al., 1990). Geralmente estes tumores não requerem tratamento cirúrgico.

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1.1.8 Outros tumores

Embora os meningiomas não ocorram freqüentemente em pacientes com a

doença de VHL, vários relatos têm incluído o meningioma como uma manifestação

rara da doença. Enquanto alguns estudos verificaram a perda de heterozigosidade

do gene VHL no tumor (KANNO et al., 2003), outros encontraram uma perda de

heterozigosidade apenas no gene NF2, a causa mais comum dos meningiomas

esporádicos (GOVERNALE et al., 2001). Considerando a alta freqüência de exames

de neuroimagem nos pacientes com a doença de VHL, algumas lesões supra-

tentoriais que têm sido diagnosticadas como hemangioblastomas podem ser, no

entanto, meningiomas incidentais.

1.2 Critérios diagnósticos

Os critérios convencionais para o diagnóstico clínico da doença de VHL são:

1.2.1 No indivíduo com história familial

Presença de somente uma manifestação da doença: hemangioblastoma

cerebelar ou da medula espinhal, angioma da retina, feocromocitoma, CRCC antes

dos 60 anos ou tumor do saco endolinfático (MAHER et al., 1990). A presença de

poucos cistos viscerais não são considerados no diagnóstico dos casos familiais por

serem comuns na população geral.

1.2.2 No indivíduo sem história familial

Presença de dois ou mais tumores: dois hemangioblastomas (SNC ou retina)

ou um hemangioblastoma e um tumor visceral (feocromocitoma, CRCC antes dos 60

anos) ou do saco endolinfático (MELMON; ROSEN,1964; HORTON et al.,1976;

GLENN et al.,1990; MAHER et al.,1997).

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Embora cerca de 80% dos indivíduos diagnosticados com a doença de VHL

tenha um dos pais afetado, a história familiar pode parecer ausente: ou pela falha de

reconhecer a doença nos membros da família; ou pela penetrância reduzida; ou pela

morte precoce antes do aparecimento dos sintomas; ou pelo início tardio da doença.

Os indivíduos sem história familial correspondem a 20% dos casos e, geralmente,

deve-se a mutações de novo no gene VHL. O diagnóstico clínico desses casos pode

ser retardado, e um teste genético lhes possibilitaria um diagnóstico precoce. Por

outro lado, naqueles pacientes com manifestações da doença de VHL, mas que não

preenchem os critérios convencionais ou não apresentam mutações germinativas

detectáveis, deve-se considerar o mosaicismo somático de uma mutação patogênica

de novo no gene VHL (SGAMBATI et al., 2000).

Portanto, o diagnóstico da doença de VHL também deve ser considerado em

todos os casos com: hemangioblastoma de SNC e de retina isolados,

feocromocitoma e CRCC familial, multicêntrico, bilateral ou de início precoce (HES et

al., 2001).

1.3 Manejo clínico e monitorização

Atualmente, o aspecto mais importante do manejo da doença de VHL é

promover aos indivíduos afetados, bem como a todos os familiares em risco, uma

monitorização clínica de acordo com protocolos padronizados que foram

desenvolvidos por vários grupos. O protocolo típico de rastreamento utilizado segue

na tabela 3.

Tabela 3 - Manejo clínico para rastreamento de neoplasias (continua)

Paciente afetado ou portador da mutação:

• Exame físico e neurológico (anualmente)

• Oftalmoscopia direta e indireta (anualmente)

• RM de encéfalo (a cada 3 anos) até os 50 anos e após os 50 anos (a cada 5 anos)

• RM ou ultrassom de abdômen (tomografia pode ser pedida se houver múltiplos cistos renais)

(anualmente)

• Urinálise de 24horas para dosagem de VMA e catecolaminas plasmáticas (anualmente)

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Tabela 3 - Manejo clínico para rastreamento de neoplasias (conclusão)

Familiar em risco:

• Exame físico e neurológico (anualmente)

• Oftalmoscopia direta e indireta desde os 5 anos até os 60 anos (anualmente)

• RM de encéfalo (a cada 3 anos) desde os 15 anos até os 40 anos e dos 40 anos até os 60

anos (a cada 5 anos)

• RM ou ultrassom renal desde os 16 anos até os 65 anos (anualmente)

• Urinálise de 24horas para dosagem de VMA e catecolaminas plasmáticas (anualmente)

(adaptada de A practical guide to human cancer genetics, Cambridge University Press, 2007)

A detecção precoce das manifestações da doença de VHL permite uma

intervenção oportuna para atingirem-se os melhores resultados. Por isso, a

monitorização clínica dos indivíduos assintomáticos em risco, inclusive de crianças,

para manifestações patológicas precoces é adequada. A aderência a estes

protocolos reduz a morbidade e a mortalidade, e melhora a expectativa de vida dos

pacientes. Enquanto a sobrevida média era estimada em 49 anos em 1990,

aumentou para aproximadamente 60 anos na década posterior (MAHER et al., 1990

e dados não publicados).

O manejo efetivo dos pacientes com a doença de VHL e de suas famílias

requer uma abordagem multidisciplinar. Embora as complicações específicas

possam requerer a investigação e o tratamento com especialistas (oftalmologistas,

neurocirurgiões, urologistas, etc.), é essencial que a responsabilidade da

monitorização da família seja assumida.

1.4 Gene VHL

O gene VHL foi mapeado por análise de linkage no braço curto do

cromossomo 3 em 1988 por Seizinger et al. Foi isolado em 1993, utilizando uma

estratégia de clonagem posicional através de uma colaboração internacional

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liderada por Eamonn Maher, Michael Lerman, Marston Linehan e Berton Zbar

(LATIF et al., 1993).

A seqüência codificadora do gene VHL é formada por três éxons, sendo que

dois transcritos com splicing alternativo foram detectados, revelando a presença

(isoforma I) ou ausência (isoforma II) do éxon 2 (RICHARDS et al., 1994) (figura 9).

A isoforma II parece não codificar um produto funcional, tendo sua atividade

supressora tumoral afetada (GNARRA et al., 1994).

O gene VHL codifica um RNA mensageiro (RNAm) de 4,7kb que é

amplamente expresso tanto em tecidos fetais quanto em tecidos adultos, sendo que

a expressão não está restrita aos órgãos envolvidos na doença de VHL (LATIF et al.,

1993; CORLESS et al., 1997). A expressão do gene VHL é necessária para a

embriogênese, como foi demonstrado por experimentos com gene knock-out em

camundongos (GNARRA et al., 1997). Ele possui dois produtos de tradução: uma

proteína de 213 aminoácidos, e uma proteína menor, de 160 aminoácidos, que é

traduzida a partir de um códon iniciador (ATG) na posição 54 (ILIOPOULOS et al.,

1998). Uma pequena região promotora de 106 pb foi identificada por Kuzmin et al.

(1995).

Figura 9. Gene VHL com as duas isoformas. (Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov)

1.4.1 Mutações germinativas e somáticas

O gene VHL é considerado um gene supressor tumoral de acordo com o

modelo two-hit (duplo evento) de Knudson. A inativação de ambas as cópias do

gene VHL – devido a uma mutação ou inativação - é necessária para uma célula

normal se desenvolver em uma célula tumoral (KNUDSON, 1971). Embora a doença

de VHL seja herdada de forma autossômica dominante, ela possui uma

característica recessiva a nível celular, isto é, no genótipo de cada tumor típico da

doença de VHL deve haver a perda do alelo selvagem, enquanto mantém o outro

alelo mutado (LEVINE, 1993). Nos tumores esporádicos, ambos first e second hit

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ocorrem somaticamente. Nas famílias com a doença de VHL, os indivíduos afetados

herdam uma cópia mutada do gene VHL na linhagem germinativa de um dos pais

(first-hit) sendo, assim, heterozigotos para a mutação. A outra cópia normal do gene

VHL pode ser afetada por um evento inativador a nível somático, levando a célula a

um processo de tumorigênese (second-hit).

Atualmente, mais de 350 mutações germinativas diferentes no gene VHL já

foram identificadas em mais de 500 famílias (The Human Gene Mutation Database).

Estas mutações podem ser divididas em três grupos: (1) grandes deleções, que

contam com cerca de 15 a 20% de todas as mutações; (2) mutações de sentido

trocado (missense), presentes em 27% dos pacientes; e (3) mutações que levam a

uma proteína truncada (nonsense, frameshift, inserções, pequenas deleções e

mutações em regiões de splicing) em cerca de 30% dos casos (CROSSEY et al.,

1994; CHEN et al., 1995; MAHER et al., 1996; ZBAR et al., 1996).

De modo geral, as mutações germinativas distribuem-se pelos três éxons do

gene VHL, mas tendem a se concentrar nos éxons 1 e 3, principalmente as

mutações pontuais (figura 11). Uma grande proporção de mutações patogênicas

situa-se no domínio α da proteína VHL (figura 10). A região entre os dois códons

iniciadores do gene VHL, que corresponde aos primeiros 53 códons, geralmente é

poupada, embora haja descrição de oito mutações nesta região até o momento

(CROSSEY et al., 1994; BÉROUD et al., 1998; GALLOU et al., 2004).

Figura 10. Proteína VHL com seus domínios β (verde) e α (amarelo); RNAm com os três éxons (azuis) e a distribuição de famílias afetadas em relação à posição das mutações (Fonte: www.vhl.org).

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Figura 11. Distribuição dos tipos de mutações no gene VHL (exceto mutações de splicing) Fonte:www.uwcm.ac.uk ( Human Gene Mutation Database )

A relação completa das mutações no gene VHL já descritas na literatura pode

ser acessada nos seguintes endereços eletrônicos: http://www.umd.be (Universal

Mutation Database©) e http://www.uwcm.ac.uk (Human Gene Mutation

Database©).

Desde 1993, os tumores associados à doença de VHL são estudados a nível

molecular. A perda de heterozigosidade causada por deleções, não-disjunções e

recombinações somáticas, além de mutações pontuais e hipermetilação de regiões

promotoras do gene VHL, têm sido demonstrados em: hemangioblastoma de

cerebelo e retina (VORTMEYER et al., 1997; CHAN et al., 1999); CRCC (ZBAR et

al., 1987); feocromocitoma (ZEIGER et al., 1995); adenoma e insulinoma

pancreáticos (LUBENSKY et al., 1998) e tumores de saco endolinfático

(KAWAHARA et al., 1999). O gene VHL parece estar mutado somaticamente em

cerca de 50%, e hipermetilado em 10 a 20% dos CRCC esporádicos, e em

aproximadamente 30% dos hemangioblastomas esporádicos (HES et al., 2000).

Cerca de 11% dos pacientes com feocromocitoma aparentemente esporádico

tiveram mutações somáticas no gene VHL (NEUMANN et al., 2002). Os mecanismos

pelos quais tais mutações levam às neoplasias na doença de VHL serão discutidos

mais adiante.

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1.4.1.1 Prevalência das mutações germinativas

Zbar et al. (1996) realizaram a análise de mutações germinativas no gene

VHL em 469 famílias da América do Norte, Europa e Japão e identificaram 137

mutações intragênicas em 63% delas. A maioria das mutações ocorreu em uma ou

duas famílias e poucas em quatro ou mais famílias. As mutações germinativas mais

freqüentes foram: delPhe76, Asn78Ser, Arg161X, Arg167Gln, Arg167Trp e

Leu178Pro. Foram comparados os efeitos de mutações idênticas nas diferentes

populações, sendo que em caucasianos e japoneses verificaram-se fenótipos

similares.

Em 55 de 94 famílias com doença de VHL, Crossey et al.(1994) identificaram

40 mutações diferentes, sendo as duas mais freqüentes, Arg→Gln e Arg→Trp,

detectadas em cinco e quatro famílias, respectivamente. Tais famílias provinham da

Ásia, Europa e América do Norte e não eram relacionadas.

Chen et al.(1995) detectaram mutações germinativas em 85 das 114 famílias,

sendo que a mais comum ocorreu nos nucleotídeos 712 e 713 (códon 167), em 12

famílias não relacionadas de origem inglesa, franco-canadense, alemã, portuguesa e

espanhola.

Glavac et al. (1996) identificaram 28 mutações em 53 das 65 famílias com

doença de VHL, sendo 18 mutações consideradas únicas à população da Europa

central. A mutação mais comum foi uma substituição T para C no códon 98 (Tyr→

His) encontrada em 16 famílias. Esta mutação missense conferiu um maior risco de

desenvolver feocromocitoma em famílias alemãs descendentes da região da

Floresta Negra, provavelmente devido a um efeito fundador (BRAUCH et al., 1995).

Rocha et al. (2003) relataram, pela primeira vez, famílias latino-americanas

com a doença de VHL, a maioria brasileira de várias regiões do país. Todas as

mutações detectadas foram diferentes, revelando a grande heterogeneidade da

população brasileira.

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1.4.1.2 Detecção das mutações germinativas

Historicamente, a detecção de mutações germinativas no gene VHL variava

de 36 a 82%, dependendo das técnicas utilizadas. Com os avanços na análise de

mutações, utilizando a combinação de técnicas como o seqüenciamento, o

Southern-blotting quantitativo e a hibridização fluorescente in situ (FISH), tem sido

possível detectar mutações em 73 a 100% dos indivíduos (STOLLE et al., 1998;

PACK et al., 1999; YOSHIDA et al., 2000). A análise por seqüenciamento dos três

éxons pode ser usada para detectar mutações pontuais no gene VHL (72% das

mutações), assim como a análise por Southern-blotting pode ser usada para

detectar deleções parciais ou completas do gene VHL – neste caso a técnica

quantitativa é necessária –, o que corresponde a 28% das mutações (STOLLE et al.

1998).

Alguns métodos de triagem de mutações pontuais têm sido propostos antes

do seqüenciamento, como o single strand conformational polymorphism (SSCP) e o

denaturing high performance liquid chromatography (DHPLC), principalmente para a

detecção de portadores assintomáticos, uma vez caracterizada a mutação em uma

família (KLEIN et al., 2001).

Métodos mais simples e baratos, como o restriction fragment length

polymorphism (RFLP) já foram utilizados para a detecção de algumas mutações

germinativas no gene VHL (RICHARDS et al., 1993; PAYNE et al., 1994; GEIL et al,

1998). Chen et al. (1995) utilizaram a endonuclease de restrição MspI para detectar

prontamente mutações específicas nos nucleotídios 712 (C>T) e 713 (G>A),

responsável por 43% das mutações associadas ao feocromocitoma. Glavac et al.

(1996) detectaram a mutação mais prevalente nos descendentes da região da

Floresta Negra da Alemanha (505 T>C) através da enzima de restrição FokI.

Hoebeeck et al. (2005) aplicaram um método para a detecção de pequenas

ou grandes deleções no gene VHL - o PCR quantitativo em tempo real (qRT-PCR) -

utilizando o corante SYBRGreen® e curvas de dissociação com o método ΔCt para

a normalização. Todos os indivíduos com deleções foram detectados, estando em

pleno acordo com os resultados determinados previamente por Southern-blotting.

Hattori et al. (2006) também utilizaram o qRT-PCR, porém com o uso de

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sondas TaqMan® para detectar deleções germinativas em pacientes japoneses. Do

mesmo modo, foram obtidos resultados semelhantes, com uma alta sensibilidade e

especificidade, validando o qRT-PCR como uma técnica confiável para detectar

diferenças na dosagem do gene VHL.

Casarin et al. (2006) realizaram uma caracterização molecular detalhada de

grandes deleções no gene VHL. Utilizando uma combinação de Southern-blotting

quantitativo e qRT-PCR , foram detectadas 24 deleções, uma delas de 2,2kb com

ambos os pontos de quebra localizados dentro de seqüências Alu. Isto levou à

conclusão de que um mecanismo Alu mediado possa ser responsável pela

ocorrência comum de grandes alterações no gene VHL.

Um método alternativo, o MLPA (Multiplex ligation-dependent probe

amplification), tem sido recentemente aplicado para a detecção de duplicações e

deleções através da combinação de hibridização com múltiplas sondas ao DNA

genômico, com subseqüente amplificação por PCR das sondas e eletroforese capilar

em gel (CASCON et al., 2007; HES et al., 2007).

1.4.1.3 Outras doenças associadas a mutações germinativas

a) Policitemia de Chuvash

Esta doença autossômica recessiva é endêmica na região do rio Volga na

Rússia central (ANG et al., 2002). Os indivíduos afetados apresentam uma

eritrocitose congênita, onde os níveis de eritropoetina estão elevados. A maioria são

homozigotos para a mutação 598C>T (R200W) do gene VHL. Outros indivíduos

além da região do rio Volga com policitemia congênita, como heterozigotos

compostos para outras mutações no gene VHL, também possuem a mutação

598C>T (PASTORE et al., 2003). Embora ocorram tromboses e/ou hemorragias,

nenhum dos afetados ou heterozigotos desenvolveram tumores relacionados à

doença de VHL (GORDEUK et al., 2004). A mutação Chuvash foi também

encontrada em outros grupos étnicos, de modo que foi postulado um efeito fundador

(LIU et al., 2004). Smith et al. (2006) verificaram que em pacientes com policitemia

de Chuvash ocorre uma aclimatização a um ambiente com hipóxia, características

bem semelhantes às populações que vivem em altas altitudes. Isto se deve à via

29

Page 18: nöÙ w Z

VHL-HIF (hypoxia-inducible factor), onde a pVHL tem um papel central na

homeostase dos sistemas respiratório e cardiovascular através da regulação de HIF.

b) Doença de VHL tipo 2C

Alguns indivíduos com feocromocitoma familial ou feocromocitoma não-

familial bilateral podem ter mutações no gene VHL sem a presença dos outros

tumores característicos da doença. (RITTER et al., 1996).

1.5 Correlação genótipo-fenótipo

Associações complexas entre o genótipo e o fenótipo são características

notáveis da doença de VHL, particularmente quanto à suscetibilidade de

desenvolverem-se certas neoplasias, como o feocromocitoma. Por isso, as famílias

foram divididas em dois tipos, conforme a ausência (tipo 1) ou presença de

feocromocitoma (tipo 2) (CHEN et al.,1995; ZBAR et al., 1996). As famílias do tipo 2

foram então subdivididas baseando-se no baixo risco (2A) ou no alto risco de

desenvolver CRCC (2B), sendo que as famílias que apresentavam somente

feocromocitoma foram classificadas como 2C (BRAUCH et al.,1995; WOODWARD

et al.,1997). Observou-se que as famílias com o tipo 1 freqüentemente

apresentavam grandes deleções e mutações pontuais que causam uma terminação

prematura da transcrição e uma proteína truncada (nonsense, pequenas deleções e

inserções). Entretanto, nos pacientes que apresentavam mutações missense havia

um risco dez vezes maior de desenvolver feocromocitoma (tipo 2), sendo que

algumas dessas mutações eram restritas às famílias que apresentavam

feocromocitoma isolado (tabela 3). As mutações nos nucleotídeos 712 e 713,

afetando o códon 167, foram associadas a um alto risco de desenvolver

feocromocitoma (CROSSEY et al.,1994). A localização destas mutações em um

dinucleotídio CpG seria um hot spot para mutações missense, o que poderia ser útil

para a identificação de portadores pré-sintomáticos em famílias que tenham maior

predisposição ao feocromocitoma (CHEN et al.,1995).

Mais recentemente, dois grupos relataram um risco reduzido para CRCC em

indivíduos com a deleção completa do gene VHL (CYBULSKI et al., 2002;

MARANCHIE et al., 2004). Este grupo de indivíduos define um novo fenótipo da

30

Page 19: nöÙ w Z

doença de VHL, caracterizado por um baixo risco tanto para CRCC quanto para

feocromocitoma. Entretanto, Gallou et al. (2004) observaram uma incidência maior

de lesões renais, inclusive de CRCC, em famílias com mutações que levam a uma

proteína truncada ou grandes rearranjos no gene VHL, quando comparadas com

famílias com mutações missense. Porém, observou-se também um maior risco de

lesões renais e CRCC quando há mutações missense em regiões específicas

(mutation cluster regions), principalmente entre os códons 74 e 90.

A correlação genótipo-fenótipo pode ser útil no manejo clínico da

doença de VHL para determinadas famílias. Além disso, estas complexas

correlações são consistentes com a hipótese de que o produto do gene VHL tem

funções múltiplas e tecido-específicas.

Tabela 4 - Classificação da doença VHL conforme a correlação genótipo-fenótipo

VHL tipo Mutações HB CRCC FEO

1 deleções, nonsense + + -2A missense + - +2B missense + + +2C missense - - +

HB = hemangioblastoma; CRCC = carcinoma renal de células claras; FEO = feocromocitoma

1.6 Proteína VHL

Várias linhas de evidência sugerem que a proteína VHL (pVHL) é uma

proteína multifuncional, devendo-se principalmente à complexidade da correlação

genótipo-fenótipo já mencionada.

Como dito anteriormente, o gene VHL codifica dois produtos protéicos

conforme a posição do códon iniciador: um mais longo (213 aminoácidos e cerca de

28-30kD) e outro mais curto (160 aminoácidos e 18kD), que não contém um domínio

acídico (figura 12). Ambas as isoformas comportam-se semelhantemente na maioria

dos ensaios funcionais (ILIOPOULOS et al., 1995).

A pVHL possui dois domínios principais: um resíduo amino-terminal (domínio

β) e um domínio carboxi-terminal menor (α) que interage com outra proteína, a

Elongin C. Estudos bioquímicos recentes revelaram que a pVHL forma um complexo

multiprotéico que contém proteínas chamadas Elongin B e Elongin C, além de Cul2

31

Page 20: nöÙ w Z

e Rbx1 (figuras 12 e 13). Este complexo possui uma atividade ubiquitina-ligase

sendo, portanto, capaz de selecionar proteínas para a degradação proteassomal

(IWAI et al., 1999; LISZTWAN et al., 1999).

Iliopoulos et al. (1995) identificaram, pela primeira vez, a pVHL em células de

mamíferos, e foram os pioneiros a demonstrar que ela possui uma atividade

supressora tumoral, quando re-introduzida nas células knockout de carcinoma renal.

Entre algumas das outras funções implicadas à pVHL incluem-se: regulação

da transcrição e do ciclo celular (PAUSE et al., 1998); expressão gênica pós-

transcripcional; formação da matriz extra-celular pela ligação com a fibronectina

(OHH et al., 1998); redução da estabilidade do RNAm de genes-alvo (PIOLI; RIGBY,

2001) e ubiquitinização (OKUDA et al., 2001; LI et al., 2002).

Figura 12. Estrutura esquemática da pVHL com seus domínios formando um complexo multiprotéico. (KAELIN, 2007)

32

Page 21: nöÙ w Z

Figura 13. Estrutura tridimensional da pVHL formando um complexo com as proteínas Elongin B e C.

(Fonte: www.vhl.org)

Recentemente, a elucidação do papel da pVHL na regulação de genes

induzidos por hipóxia através da ubiquitinização e degradação de um fator de

transcrição chamado fator induzido por hipóxia (HIF1), tem levado a um modelo de

como a disrupção do gene VHL resulta no desenvolvimento de tumores altamente

vascularizados. Estes tumores produzem excessivamente fatores angiogênicos,

como o fator de crescimento vascular-endotelial (VEGF) e a eritropoetina (Epo)

(FLAMME et al., 1998). O VEGF e a Epo são protótipos de fatores induzidos por

hipóxia, isto é, são normalmente induzidos sob condições de oxigenação

inadequada.

Em 1999, Maxwell et al. demonstraram que as células desprovidas da pVHL

não conseguem degradar as subunidades HIF- α na presença de oxigênio, dado que

são altamente instáveis. Diante dessas observações, foi estabelecido que o

complexo ubiquitina-ligase pVHL direcionava a poliubiquitinização, e portanto a

degradação das subunidades HIF- α na presença de oxigênio (figura 14). Estas

considerações levaram à descoberta de que nas células que faltam a pVHL há uma

superprodução de RNAm induzidos por hipóxia, e que a restauração da função da

pVHL resulta na sub-regulação desses RNAm na presença de oxigênio

(STRATMANN et al., 1997; KRIEG et al., 2000). Isso explica, por exemplo, porque

tumores como hemangioblastomas, CRCC e feocromocitomas estão ocasionalmente

associados com a eritrocitose paraneoplásica (GOLDE et al., 1977).

33

Page 22: nöÙ w Z

Figura 14. Regulação do fator induzido por hipóxia (HIF-α) pela pVHL em condições normais

(normóxia) e de pouco oxigênio (hipóxia) (KIM;KAELIN, 2004).

A interação entre a pVHL e o HIF- α é oxigênio-dependente porque o HIF- α

deve ser hidroxilado em um de dois resíduos conservados prolil- para ligar-se ao

domínio beta da pVHL (IVAN et al., 2001). Esta reação é catalisada por membros da

família EGLN (TAYLOR, 2001). O controle do ciclo celular pela pVHL é

provavelmente multifatorial. Células com a pVHL deficiente são incapazes de sair do

ciclo celular sob certas condições experimentais (PAUSE et al., 1998). Relatos

recentes implicam que pVHL seja um regulador negativo da ciclina D1 (BINDRA et

al., 2002), que é um mitógeno. A pVHL também regula negativamente o TGF

(transforming growth factor), recentemente descrito como um gene-alvo do HIF.

Curiosamente, as células epiteliais tubulares renais são particularmente sensíveis

aos efeitos mitogênicos desta citocina (GUNARATNAM et al., 2003).

1.6.1 pVHL no hemangioblastoma

Estudos imunohistoquímicos de hemangioblastomas do SNC e da retina

indicam que são as células do estroma mais do que os componentes vasculares que

carecem da pVHL e que, conseqüentemente, superproduzem HIF e seus genes-alvo

(ZAGZAG et al., 2000). Provavelmente, a super-expressão desses alvos, como o

34

Page 23: nöÙ w Z

VEGF e o PDGF-B, seja responsável pela hipervascularização destas lesões.

Estudos em modelos com camundongos sugerem que a inativação do gene VHL

seja suficiente para o desenvolvimento de hemangioblastomas do SNC e da retina

(HAASE et al., 2001) (figura 15).

Figura 15. Patogênese do hemangioblastoma induzido pela inativação do gene VHL.

(KIM;KAELIN, 2004)

1.6.2 pVHL no CRCC

Exames dos rins de pacientes com a doença de VHL revelaram tanto a

presença de cistos pré-neoplásicos quanto de CRCC. Avaliações imuno-

histoquímicas e genéticas das células epiteliais destes cistos mostraram uma perda

precoce do gene VHL e uma superexpressão de HIF, de fatores de crescimento

responsivos a HIF e de seus receptores (MANDRIOTA et al., 2002). Sabe-se que o

câncer renal é altamente vascularizado, provavelmente devido à superprodução de

peptídios angiogênicos (VEGF e PDGF-B), assim como de outros genes responsivos

ao HIF, como o TGF-α (ANANTH et al., 1999). Assim, pelo menos para essas

neoplasias, o gene VHL serve como um supressor tumoral precoce, e presume-se

que alterações genéticas adicionais sejam necessárias para a progressão dos cistos

renais pré-neoplásicos para o carcinoma renal (figura 16).

35

Page 24: nöÙ w Z

Figura 16. Patogênese do carcinoma renal de células claras induzido pela inativação do gene VHL.

(KIM;KAELIN, 2004)

1.6.3 pVHL no feocromocitoma

O papel da perda da pVHL na formação do feocromocitoma permanece

enigmático. Estudos demonstram que nas famílias com o tipo 2C (somente

feocromocitoma) parece haver uma habilidade em regular o HIF (CLIFFORD et al.,

2001). Isto pode sugerir que o HIF não seja relevante para o desenvolvimento deste

tumor após a inativação da pVHL. Por que, então, pacientes com mutações nulas

não estão sob risco de adquirir feocromocitoma? Sugere-se que a perda completa

da função da pVHL previna a formação da neoplasia, ou que se deva a um ganho de

função da pVHL. Como foi dito anteriormente, quase todas as mutações associadas

ao feocromocitoma são missense. Os produtos de tais alelos, incluindo alguns que

retêm a habilidade de inibir o HIF-α, comprometem um programa apoptótico utilizado

durante o desenvolvimento para eliminar as células precursoras simpato-adrenais.

De fato, todos os genes associados ao feocromocitoma (e paraganglioma) familial

(VHL, NF1, RET, SDHA, SDHB e SDHD) parecem afetar este processo (LEE et al.,

2005).

36

Page 25: nöÙ w Z

1.7 Tratamento molecular

Durante a última década, estudos científicos sobre a doença de VHL nos têm

fornecido não somente o conhecimento sobre as bases moleculares dessa

patologia, mas também a descoberta de componentes cruciais das vias de

sensibilidade ao oxigênio em mamíferos. A importância do HIF na formação de

tumores com perda da pVHL, torna-se um fundamento para testar o uso de

inibidores de receptores dos fatores de crescimento responsivos ao HIF, para que se

tornem um potencial tratamento das neoplasias da doença de VHL, principalmente

quando o tratamento cirúrgico não é efetivo ou indicado, como o caso do CRCC e

hemangioblastoma metastáticos (KIM; KAELIN, 2004).

Infelizmente, fatores de transcrição ligados ao DNA, como o HIF, não têm

provado serem bons alvos terapêuticos. Entretanto, algumas drogas têm sido

identificadas as quais, pelo menos indiretamente, inibem os níveis da proteína HIF

(KAELIN, 2004). Estas incluem os inibidores de mTOR, HSP90, VEGF, PDGF e

TGF-α. Células com a pVHL deficiente parecem ser especialmente sensíveis aos

inibidores de mTOR em modelos pré-clínicos (THOMAS et al., 2006). O tratamento

com anticorpos neutralizadores do VEGF (bevacizumab), assim como o uso de

inibidores do receptor tirosina-quinase do VEGF em ensaios clínicos têm

demonstrado atividade significativa contra o CRCC metastático em relação à

estabilização da doença (YANG et al., 2003). Dois destes agentes, sorafenib e

sunitinib, foram recentemente aprovados pelo FDA para esta indicação. Outra droga

inibidora, semaxanib, tem sido usada com algum sucesso, particularmente em

pacientes com hemangioblastomas da retina que não puderam ter sido tratados

localmente (AIELLO et al., 2002). Um paciente com hemangioblastoma cerebelar

metastático foi tratado com a droga erlotinib, um inibidor do receptor tirosina-quinase

do fator de crescimento epidérmico, e teve melhora dos sintomas neurológicos

(ROGERS et al., 2002).

No encontro da ASCO deste ano, realizado há cerca de um mês, foram

apresentados os resultados de um ensaio clínico em fase III com a droga RAD001

(everolimus), um inibidor de mTOR. A sobrevida dos pacientes com CRCC

metastático em fase progressiva com o uso prévio de inibidores de VEGF aumentou

significativamente (fonte: www.asco.org).

37

Page 26: nöÙ w Z

1.8 Teste genético para câncer hereditário

O teste genético para a suscetibilidade ao câncer está continuamente em

progressão, baseando-se em intensos esforços em pesquisa. Tanto nas síndromes

comuns de câncer familial quanto nas menos comuns, o teste genético está, cada

vez mais, fazendo parte do manejo clínico e cirúrgico dos portadores de mutações

identificadas e de suas famílias (ENG; HAMPEL; DE LA CHAPELLE, 2000).

Para muitas síndromes de predisposição ao câncer, o teste genético é

disponibilizado por laboratórios comerciais. Entretanto, antes que tais testes sejam

realizados, o clínico deve fornecer ao paciente uma adequada educação e

informação. Além disso, os testes genéticos são geralmente realizados apenas

quando a história familiar e/ou outra característica clínica sugerem uma alta

probabilidade de predisposição hereditária ao câncer, geralmente maior que 5 a 10%

(DOMCHEK et al., 2003). Embora, em muitos casos, certas mutações podem ser

claramente associadas a uma síndrome, o impacto da detecção da mutação no

manejo médico dos portadores pode ser incerto, devido à complexidade do fenótipo

ou à falta de um rastreamento efetivo ou de medidas redutoras de risco para as

neoplasias específicas. Estudos a longo prazo são necessários para confirmar os

riscos relativos à penetrância das mutações e documentar a eficácia das

intervenções sobre o risco.

Por isso, a ASCO (Sociedade Americana de Oncologistas Clínicos)

recomenda que o teste genético seja oferecido quando:

1) um indivíduo tenha história pessoal ou familiar sugestiva de uma condição

de suscetibilidade genética ao câncer;

2) o teste genético possa ser adequadamente interpretado; e

3) os resultados do teste colaborem com o diagnóstico e influenciem o

manejo clínico e cirúrgico do paciente ou membros da família em risco.

A ASCO também recomenda que o teste genético somente seja feito no

contexto do aconselhamento genético pré e pós-teste, que devem incluir as

discussões dos possíveis riscos e benefícios da detecção precoce e prevenção do

câncer (ASCO, 2003).

38

Page 27: nöÙ w Z

Em geral, o teste genético para as síndromes de câncer hereditário pode ser

classificado em três grandes categorias, de acordo com Eng, Hampel e de la

Chapelle (2000).

A primeira inclui aquelas síndromes cujos testes genéticos têm todas as

características de um teste ideal e cujo manejo clínico está padronizado e

reconhecido. São exemplos as síndromes de neoplasia endócrina múltipla (NEM) 1

e 2, a doença de VHL e a polipose adenomatosa familial.

A segunda categoria compreende aquelas síndromes para as quais o teste

genético é disponível como teste clínico, porém, em uma proporção variável de

casos, sabe-se que há mutações e /ou não está totalmente claro que um resultado

de um teste genético modifique o manejo. Esta categoria inclui a maioria das

síndromes hereditárias, como a de câncer de mama e ovário, a de câncer de cólon

não-polipóide, as síndromes de Li-Fraumeni, Cowden, Peutz-Jeghers e a polipose

juvenil.

Na terceira categoria estão aquelas síndromes cujo teste genético está

estritamente ligado à pesquisa e cuja eficácia clínica ainda não está comprovada.

São exemplos o melanoma familial, o carcinoma gástrico familial, a síndrome de

Gorlin, as neurofibromatoses 1 e 2, e a esclerose tuberosa.

1.8.1 Teste genético para a doença de VHL

O diagnóstico molecular da doença de VHL consiste na aplicação de técnicas

de biologia molecular que visem a detecção das mutações germinativas no gene

VHL. O teste genético está indicado para todos os indivíduos com diagnóstico ou

suspeita diagnóstica da doença de VHL. Nos indivíduos afetados, ele permite avaliar

a amplitude do fenótipo da doença, baseando-se no estudo de outras famílias com a

mesma mutação. Também pode-se utilizar o teste genético como teste preditivo,

principalmente naqueles indivíduos assintomáticos considerados como de alto risco,

para que sejam monitorados clinicamente.

A ASCO classifica a doença de VHL como a do grupo 1, isto é, uma síndrome

hereditária na qual o teste genético é considerado padrão como parte do manejo dos

familiares em risco (ASCO, 2003). Desse modo, melhora-se a certeza do

39

Page 28: nöÙ w Z

diagnóstico, e reduz-se a necessidade de procedimentos de alto custo para o

rastreamento de neoplasias naqueles membros da família que não herdaram a

mutação patogênica. Devido à complexidade dos procedimentos e seu custo

elevado, por serem realizados anualmente, desde a infância até a 7ª década de vida

em todos os indivíduos em risco, o uso do teste genético preditivo facilita o manejo

das famílias, permitindo que aqueles que não carregam a mutação sejam

dispensados dos programas de rastreamento. Por isso, deve-se levar em

consideração que, para aquelas crianças em risco de serem portadoras de uma

mutação patogênica conhecida e previamente detectada numa família, geralmente

indica-se o teste preditivo (ASCO, 2003).

Segundo Hes et al. (2000), os pacientes indicados à análise de mutações

germinativas são aqueles com: hemangioblastoma; feocromocitoma antes dos 50

anos, bilateral ou familial; CRCC antes dos 30 anos, bilateral ou familial; tumor de

saco endolinfático bilateral; tumores/cistos pancreátcos, além daqueles que

preenchem os critérios diagnósticos.

Como a taxa de detecção das mutações é de aproximadamente 100%, o

exame molecular também pode ser utilizado para avaliar aqueles pacientes com um

único tumor associado à doença sem que haja história familiar. Assim, torna-se

possível “descartar” a doença de VHL com um alto grau de certeza naqueles

indivíduos com hemangioblastomas ou CRCC isolados (NEUMANN et al., 2002).

Do mesmo modo, como o feocromocitoma pode ocorrer como uma

manifestação exclusiva da doença de VHL (tipo 2C), o teste molecular deve ser

oferecido aos indivíduos com história familiar desta neoplasia, ou àqueles com

feocromocitoma bilateral ou multifocal (RICHARDS et al., 1998). Mutações

germinativas no gene VHL são raras nos casos esporádicos com esse tumor

unilateral, a menos que o paciente tenha idade inferior a 20 anos.

Por outro lado, o carcinoma renal familial é incomum, e é improvável que os

pacientes com esta neoplasia, sem que haja outras evidências da doença de VHL,

tenham mutações germinativas no gene VHL (RICHARDS et al., 1998).

Naqueles casos não-clássicos, envolvendo um único órgão, e que

preencheram os critérios diagnósticos, Hes et al. (2007) encontraram mutações em

24% dos pacientes, enquanto que taxa foi muito menor (3,3%) naqueles casos não-

clássicos, mas que não preencheram os critérios.

40

Page 29: nöÙ w Z

Portanto, o teste genético para a identificação de mutações no gene VHL é

um procedimento diagnóstico e preditivo acurado, devendo ser considerado parte do

arsenal do aconselhamento genético das famílias com suspeita da doença de VHL.

(ENG; HAMPEL; DE LA CHAPELLE, 2000).

1.8.2 Aconselhamento genético oncológico

O aconselhamento genético é o processo de comunicação, onde são

fornecidas aos indivíduos e famílias informações sobre a história natural, herança e

implicações das doenças genéticas, com o intuito de ajudar esses indivíduos a

tomarem decisões pessoais e informadas. Este processo requer as seguintes

condições: utilização voluntária dos serviços; tomada de decisão informada;

aconselhamento não-diretivo e não coercitivo; proteção à privacidade e

confidencialidade da informação genética; e atenção aos aspectos psico-sociais e

afetivos relacionados ao impacto e manejo da informação genética (American

Society of Human Genetics, 1975). Considerando o câncer como uma doença

complexa, o processo de aconselhamento genético baseia-se na estimativa do risco

e nas estratégias de prevenção, dependendo: (1) dos conhecimentos genéticos do

câncer; (2) da percepção e tolerância do risco; (3) da tecnologia e (4) da “arte” do

manejo (WEITZEL, 1999).

Na avaliação inicial do aconselhamento genético oncológico deve-se obter a

história clínica, realizar o exame físico e construir um heredograma detalhado.

Sempre que possível, devem-se obter evidências diagnósticas das neoplasias

acometidas na família, seja através de laudos anátomo-patológicos, relatórios

médicos ou atestados de óbito, assim como saber a origem étnica da família, dado

que algumas mutações são mais prevalentes em determinadas populações.

O processo de aconselhamento genético envolvendo testes de suscetibilidade

ao câncer compreende geralmente quatro etapas: (1) aconselhamento pré-teste; (2)

coleta do material ; (3) aconselhamento pós-teste e (4) estratégias de seguimento.

O aconselhamento genético pré-teste compreende, basicamente, o termo de

consentimento livre e esclarecido, que deve abranger os seguintes elementos: (1)

informações sobre o teste; (2) implicações de um resultado positivo e negativo; (3)

41

Page 30: nöÙ w Z

possibilidade do teste não ser informativo; (4) estimativas de risco sem o teste; (5)

hereditariedade da mutação; (6) confiabilidade técnica do teste; (7) implicações

psicológicas da investigação; (8) risco de discriminação; (9) confidencialidade; (10)

opções e limitações da monitorização e das estratégias de prevenção após o teste;

(11) compartilhamento dos resultados com familiares em risco (ASCO, 2003).

O aconselhamento genético pós-teste compreende a discussão dos possíveis

riscos e benefícios das estratégias de detecção e prevenção precoces do câncer, e

a discussão das intervenções disponíveis à redução do risco (cirurgias,

quimioprofilaxia, etc) (ASCO, 2003). Um esforço concentrado é necessário por parte

do clínico para garantir que as informações, a partir do resultado de um teste

genético, sejam entendidas adequadamente pelo paciente. Algumas questões de

particular dificuldade incluem: o significado de um teste negativo em uma família

cuja mutação é desconhecida; as implicações ao detectar uma mutação de

significado incerto; e a probabilidade de um resultado positivo. Deve-se frisar que um

suporte psico-social individual e familiar é necessário para avaliar o impacto das

informações obtidas através do processo de aconselhamento genético pré e pós-

teste.

1.8.3 Aspectos psicológicos, éticos e sociais

Os indivíduos com uma predisposição hereditária a tumores, como a doença

de VHL, potencialmente se beneficiariam de uma detecção e tratamento precoces

das neoplasias, através de uma monitorização clínica que comprovadamente

melhorasse o prognóstico e a expectativa de vida. Entretanto, uma abordagem ativa

em detectar indivíduos sob risco levanta o problema de invadir a privacidade e

provocar sentimentos de ameaça. Por outro lado, há a questão da responsabilidade

médica, quando se realizam investigações e tratamentos insuficientes das pessoas

com um alto risco de desenvolverem câncer. Não é permitido contactar membros da

família diretamente. Por meio de cartilhas informativas, as pessoas em risco podem

ser informadas a procurar por elas mesmas um serviço de aconselhamento

genético, pois assim elas teriam a escolha de querer ou não querer ser testadas

(HES et al., 2001).

42

Page 31: nöÙ w Z

Dados de estudos de pacientes com NEM2A sugerem que alguns pacientes

com a doença de VHL, quando submetidos a um teste preditivo, experimentam

níveis aumentados de estresse psicológico. Particularmente a ansiedade pré-teste

elevada, o baixo nível sócio-econômico, a falta de informações, a idade jovem, a

tendência à ansiedade e depressão, e um estilo defensivo de colaboração são

fatores de risco para queixas psicológicas (GROSFELD et al., 1997).

Paralelamente, existe um potencial risco de discriminação por parte das

companhias de seguros de saúde, que podem exigir um aumento da contribuição ou

até negar o seguro às pessoas com predisposição hereditária ao câncer. Existem

também receios de discriminação por parte de empresas. Infelizmente, alguns

pacientes com a doença de VHL têm dificuldade não somente em obter seguro de

saúde, mas em conseguir um emprego ou uma hipoteca (HES et al., 2001).

Existem grupos de suporte para pacientes com a doença de VHL, sendo o

mais conhecido o VHL Family Alliance, dos Estados Unidos, cujo endereço

eletrônico é www.vhl.org.

43

Page 32: nöÙ w Z

2. OBJETIVOS

O presente trabalho pretende cumprir com os seus objetivos, realizando o

diagnóstico clínico e molecular eficazes, e detectando de modo precoce os

indivíduos afetados pela doença de VHL e seus familiares em maior risco, a fim de

lhes assegurar o manejo e a vigilância clínica adequada para o rastreamento das

neoplasias pertinentes à doença.

Os objetivos do presente estudo foram:

1) Diagnosticar clinicamente os pacientes com a suspeita da doença de

VHL;

2) Identificar e caracterizar as mutações germinativas pontuais no gene

VHL nos pacientes com a doença de VHL e em seus familiares sob maior

risco (parentes de 1º grau); e

3) Fornecer o aconselhamento genético pré e pós-teste aos indivíduos

indicados para o teste genético.

44

Page 33: nöÙ w Z

3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

3.1 Sujeitos de pesquisa

O presente estudo incluiu pacientes com a hipótese diagnóstica da doença de

VHL, que haviam sido encaminhados ao ambulatório de aconselhamento genético

do câncer (AGC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). Este ambulatório foi criado

em abril de 2004, junto ao serviço de Genética Médica do HCFMRP-USP, com o

intuito de fornecer um aconselhamento genético oncológico, incluindo a realização

de testes genéticos, aos indivíduos com história pessoal e familial de câncer, através

de uma equipe multi-profissional.

Para cada indivíduo atendido com suspeita da doença de VHL foi preenchida

uma ficha clínica específica (anexo A) constando: (1) anamnese (história da doença

atual, antecedentes pessoais, condições e hábitos de vida e história familiar

detalhada, através de heredograma com pelo menos três gerações); (2) exame

físico e neurológico; e (3) exames complementares. Sempre que possível, foram

solicitados os exames comprobatórios das neoplasias acometidas pela família,

principalmente, laudos anátomo-patológicos de biópsias ou, eventualmente,

atestados de óbito.

Foram atendidos um total de 37 indivíduos de 10 famílias diferentes com a

suspeita da doença de VHL. Entretanto, duas famílias foram excluídas do estudo,

pois verificou-se que o diagnóstico não era doença de VHL, mas sim, angioma

cavernoso familial (OMIM 116860). Sendo assim, 22 indivíduos foram incluídos no

estudo, destes, 15 pacientes eram sintomáticos e sete não manifestaram as

neoplasias associadas à doença de VHL até o momento da pesquisa. Aos pacientes

diagnosticados com a doença de VHL e aos seus respectivos familiares em maior

risco (parentes de 1º grau) ofereceu-se o aconselhamento genético pré-teste, onde

lhes foram entregues um termo de consentimento livre e esclarecido (anexo B). Os

indivíduos que, após devidamente informados, consentiram com a realização da

pesquisa, foram submetidos à coleta das amostras, as quais foram numeradas para

garantir o sigilo, e armazenadas num banco de amostras chamado “Aconselhamento

Genético do Câncer”. Após a realização dos testes genéticos e a interpretação dos

45

Page 34: nöÙ w Z

resultados, foi fornecido o aconselhamento genético pós-teste, sendo que aqueles

indivíduos portadores de uma mutação patogênica estão sendo submetidos a uma

monitorização clínica para a detecção precoce das neoplasias associadas à doença

de VHL.

A presente pesquisa, bem como o termo de consentimento livre e esclarecido

e o banco de amostras foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

HCFMRP-USP sob os processos de números 7341/2005 e 11747/2005 .

3.2 Métodos

Todos os procedimentos e técnicas utilizados na presente pequisa foram

realizados no Laboratório de Genética Molecular do Departamento de Genética da

FMRP-USP, junto ao Centro Regional de Hemoterapia de Ribeirão Preto.

3.2.1 Extração do DNA

O DNA genômico foi extraído de uma amostra de 10 mL de sangue periférico,

utilizando-se o kit super Quick-Gene DNA isolation – AGTC® e seguindo as

especificações do fabricante.

3.2.2 Amplificação do gene VHL por PCR

• Éxon 1

Para a amplificação do éxon 1, utilizaram-se previamente os primers 1F (sense)

e 1R (antisense), que geraram um produto amplificado com 522pb. Entretanto, na

maioria das amostras testadas, tal amplificação não foi bem suscedida, tanto com a

enzima TAQ DNA polimerase (Biotools), quanto com a TAQ DNA polimerase-

Platinum (Invitrogen). Desse modo, padronizou-se uma nova reação de PCR,

utilizando-se os primers 1Z (sense) e 1R (antisense), descritos por Rocha et al.

(2003), os quais geraram um produto menor (378pb) com boa amplificação (figura

17). A reação foi padronizada com as seguintes condições: 2,5 μM de cada primer;

2,5 mM de dNTPs; tampão 1X (Biotools); 1 U/μL de TAQ polimerase (Biotools) e 200

46

Page 35: nöÙ w Z

ng de DNA da amostra (volume final de 25 μL). A temperatura de anelamento foi de

64ºC (tabela 5).

• Éxon 2

A amplificação do éxon 2 com os primers 2F e 2R gerou um produto com 232pb

(figura 18) e foi padronizada com as seguintes condições: 2,5 μM de cada primer;

2,5 mM de dNTPs; tampão 1X (Tween); 1 U/μL de TAQ polimerase (Biotools) e 200

ng de DNA da amostra (volume final de 25 μL). A temperatura de anelamento foi de

60ºC (tabela 5).

47

Page 36: nöÙ w Z

• Éxon 3

Foram utilizados os primers 3F e 3R, gerando um produto amplificado de 383pb

(figura 19) com as seguintes condições: 2,5 μL de cada primer; 2,5 mM de dNTPs;

tampão 1X (Biotools); 1U/μL de TAQ polimerase (Biotools); 200 ng de DNA da

amostra (volume final = 25 μL). A temperatura de anelamento foi de 66ºC (tabela 5).

Tabela 5 – Seqüências dos primers e especificações das reações de PCR

Éxon Nucleotídios Fragmento Temperatura de anelamento

Seqüências dos primers*

1 1-553 522pb 65ºC F: 5´CCATCCTCTACCGAGCGCGCG3´R: 5´GGGCTTCAGACCGTGCTATCG3´

300-553 378pb 64ºC Z:5´ACTGGGACGAGGCCGAGGT3´

2 554-676 232pb 60ºC F:5´TGCCCAGCCACCGGTGTG3´R:5´GTCTATCCTGTACTTACCACAACA3

3 693-855 383pb 66ºC F:5´CACACTGCCACATACATGCACTC3´

R:5´ACTCATCAGTACCATCAAAAGCTG3

*descritos por Rocha et al. (2003).

Todas as amplificações foram realizadas em termocicladores GeneAmp®

PCR System 9700 (Applied Biosystems).

48

Page 37: nöÙ w Z

3.2.3 Seqüenciamento do DNA

Os produtos de PCR amplificados dos éxons 1, 2 e 3 foram submetidos a

seqüenciamento direto em seqüenciador capilar automático MegaBace 1000 DNA

Sequencing System® (Molecular Dynamics&Amersham Life Science), utilizando-se

o kit DYEnamic ET Terminator (MegaBACE) Sequencing System®, conforme a

padronização do fabricante. O seqüenciamento do gene VHL foi obtido sob as

seguintes condições: desnaturação à 95ºC por 12 segundos; anelamento à 51ºC por

15 segundos; e extensão à 60ºC por 1 minuto, em 30 ciclos. Inicialmente, nas

reações de seqüenciamento utilizaram-se os primers 1F, 1R, 2F, 2R, 3F e 3R.

Porém, a qualidade das seqüências do éxon 1 não estavam satisfatórias, pois o

fragmento amplificado era muito extenso (522pb). Com a utilização de um outro

primer sense para o éxon 1 (1Z), geraram-se seqüências de qualidade satisfatória,

conforme Rocha et al. (2003).

Uma vez selecionadas as seqüências de alta qualidade, as regiões de

anelamento dos primers foram localizadas, bem como as regiões de splicing. Para a

identificação de mutações pontuais, as seqüências foram analisadas em ambos os

sentidos (sense e anti-sense) tanto manualmente como através de software de

análise eletrônica (POLYPHRED®, FinchTV®-Geospiza), sempre comparando os

cromatogramas e as seqüências obtidas com a seqüência de referência do

GenBank (NM_000551).

Para verificar as mutações do tipo deleção ou inserção in-frame ou frame-

shift, foi realizada a técnica de clonagem seguida de seqüenciamento dos clones.

Para tal, os fragmentos gerados por PCR foram clonados em bactérias

quimicamente competentes com a utilização do kit TOPO TA Cloning® (Invitrogen)

de acordo com as especificações do fabricante.

49

Page 38: nöÙ w Z

3.2.4 RFLP (restriction fragment length polymorphism)

Esta técnica foi aplicada no estudo para detectar aquelas mutações que criam

ou abolem sítios de restrição para determinadas endonucleases. Após a

amplificação do éxon específico, foi adicionada ao produto de PCR 5U/μL da enzima

específica para a determinada mutação, e em seguida deixados overnight em

banho-maria à 37ºC para a digestão. Após a digestão, o produto foi aplicado em gel

de acrilamida à 6% para verificar o tamanho dos fragmentos digeridos.

50

Page 39: nöÙ w Z

4. RESULTADOS

Dos 22 indivíduos incluídos no estudo, 14 pacientes, representando sete

famílias diferentes, preencheram os critérios diagnósticos da doença de VHL, e um

paciente apresentou hemangioblastoma cerebelar isolado. Das sete famílias, três

(famílias 1, 4 e 8) haviam sido estudadas anteriormente (ROCHA et al., 2003). Os

outros sete indivíduos são parentes de 1º grau dos pacientes e não apresentaram as

manifestações da doença de VHL durante o curso da pesquisa. No entanto, os

parentes foram incluídos no estudo após consentirem em realizar o diagnóstico

preditivo. Treze pacientes foram classificados com a doença de VHL tipo 1 e um

paciente com o tipo 2B.

4.1 FAMÍLIA 1

Esta família, natural e procedente de Guará e Ituverava, interior de São Paulo,

foi encaminhada ao AGC do HCFMRP-USP pelo serviço de Neurocirurgia do mesmo

hospital. Em sete indivíduos foi diagnosticada a doença de VHL do tipo 1 (figura 20).

Entre as manifestações clínicas: seis pacientes apresentaram hemangioblastomas

de SNC (cerebelo e/ou medula espinhal); quatro apresentaram angiomas de retina;

todos apresentaram cistos e/ou nódulos renais e/ou pancreáticos, sendo que três

pacientes apresentaram carcinoma de células renais do tipo células claras

(estadiamento histo-patológico: grau nuclear 1 e 2 de Fuhrman), no qual o paciente

mais jovem manifestou CRCC aos 21 anos. Os mesmos foram submetidos à

nefrectomia parcial bilateral, nefrectomia total unilateral e nefrectomia parcial

unilateral. Nenhum paciente apresentou feocromocitoma até o momento da

pesquisa, cujas dosagens de ácido vanil-mandélico e outras metanefrinas urinárias e

catecolaminas plasmáticas foram normais (apêndice). Exames de audição foram

realizados somente nos indivíduos que referiram sintomas, cujos resultados foram

normais. Não foram pesquisados tumores do sistema reprodutivo devido à ausência

de sintomas. Além da doença de VHL, vários membros desta familia apresentam

história de epilepsia e migrânea, sendo que uma paciente apresentou aneurisma de

artéria carótida e acidente vascular cerebral isquêmico. Dois parentes de 1º. grau

desta família concordaram em realizar o diagnóstico preditivo.

51

Page 40: nöÙ w Z

O seqüenciamento direto não revelou mutações pontuais no gene VHL.

Figura 20. Heredograma da família 1.

4.2 FAMÍLIA 2

Esta família, natural e procedente de Ribeirão Preto-SP, foi encaminhada pelo

serviço de neurocirurgia do HCFMRP-USP. Em um único paciente diagnosticou-se a

doença de VHL. As manifestações clínicas foram: hemangioblastomas cerebelares;

angioma de retina e cistos pancreáticos (apêndice). A investigação clínica dos pais

do probando não foi possível, porém os mesmos concordaram em realizar o teste

genético preditivo. Não foi diagnosticado feocromocitoma até o momento da

pesquisa (tipo 1) (figura 21). O seqüenciamento direto não revelou mutações

pontuais no gene VHL.

52

Page 41: nöÙ w Z

Figura 21. Heredograma da família 2.

4.3 FAMÍLIA 3

A única paciente desta família, natural de Bandeirantes-PR e procedente de

Sertãozinho-SP foi encaminhada pelo serviço de Neurocirurgia do HCFMRP-USP

por ter apresentado hemangioblastoma único em cerebelo, sem que houvesse

história familiar. A investigação clínica não revelou outras neoplasias associadas à

doença de VHL até o momento da pesquisa (apêndice A). Mesmo assim, esta

paciente foi incluída no estudo, pois cerca de 4% dos indivíduos com

hemangioblastoma isolado de SNC sem história familiar têm mutações germinativas

no gene VHL (HES et al., 2000).

O seqüenciamento direto não revelou mutações germinativas no gene VHL.

4.4 FAMÍLIA 4

Esta família, de Ribeirão Preto-SP, foi encaminhada do serviço de

Neurocirurgia do HCFMRP-USP devido a um paciente ter apresentado aos 14 anos,

hemangioblastomas cerebelares e cistos pancreáticos, cujo o pai havia manifestado

as mesmas neoplasias (figura22).

Ambos preencheram os critérios diagnósticos para a doença de VHL, porém

não foi possível incluí-los no estudo molecular devido ao óbito do pai. Entretanto,

uma tia paterna havia sido operada devido a um meningioma em região frontal e

53

Page 42: nöÙ w Z

que, posteriormente, apresentou lesões expansivas em cerebelo, as quais foram

ressecadas, cujo diagnóstico anátomo-patológico mostrou hemangioblastomas

capilares. Além disso, a paciente apresentou cistos renais, o que corroborou para o

diagnóstico de doença de VHL tipo 1, pois não houve manifestação de

feocromocitoma (apêndice). Além disso, ela havia sido submetida à pan-

histerectomia devido a um cistoadenoma ovariano e à leiomiomatose uterina.

O seqüenciamento direto não revelou mutações no gene VHL.

Figura 22. Heredograma da família 4.

4.5 FAMÍLIA 5

A única paciente desta família é natural de Santa Maria Madalena-RJ e

procedente de Campinas-SP. Ela foi encaminhada pelo serviço de Genética Clínica

do departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da

UNICAMP com o diagnóstico de doença de VHL do tipo 1. As manifestações clínicas

(apêndice) foram: hemangioblastoma de cerebelo e de medula espinhal (cervical);

cistos pancreáticos e renais. Não foi possível investigar clinicamente ou

54

Page 43: nöÙ w Z

molecularmente os pais do probando, embora não houvesse relato de lesões

associadas à doença de VHL.

Figura 23. Heredograma da família 5.

O seqüenciamento direto revelou uma mutação do tipo deleção in-frame do

códon 76 do éxon 1 (c.226_228delTTC), deletando o aminoácido fenilalanina

(p.F76del), mas não provocando mudança na matriz de leitura da tradução protéica.

Confirmou-se a mutação seqüenciando-se os clones com e sem a deleção (figura

24). Esta mutação foi primeiramente descrita por Chen et al. (1995).

55

Page 44: nöÙ w Z

4.6 FAMÍLIA 6

Esta família (figura 25) foi encaminhada pelo departamento de oncogenética

do Hospital do Câncer de São Paulo AC Camargo, devido a uma paciente ter

apresentado múltiplas neoplasias. Natural de Jaú-SP e procedente de São Paulo,

aos onze anos ela manifestou um quadro de perda auditiva unilateral. Foi

investigada com tomografia computadorizada que suspeitou de uma neoplasia do

ouvido interno. Foi submetida à exérese da lesão cujo exame anátomo-patológico

revelou “adenocarcinoma papilífero bem diferenciado”. Aos 25 anos apresentou

recidiva do tumor, que foi parcialmente ressecado e cujo anátomo-patológico

mostrou ser um “adenocarcinoma de baixo grau originário em saco endolinfático”.

Aos 16 anos havia apresentado um quadro de déficit visual unilateral, em que o

exame oftalmológico revelou angioma de retina, sendo então submetida a

tratamento com laser. Dois anos após, foi submetida à cirurgia por descolamento da

56

Page 45: nöÙ w Z

retina. O exame oftalmológico contralateral revelou-se normal. Além disso, a

paciente apresenta hemangioblastomas em cerebelo e medula espinhal (cervical,

torácica e lombar), nódulos em ambos os rins, cistos pancreáticos e um cisto

hepático. Foi detectado também um pequeno sangramento no córtex do lobo

temporal direito. Até o momento não houve manifestação de feocromocitoma (tipo

1). Ambos os pais e irmãos não manifestaram a doença e consentiram em realizar o

teste genético preditivo (apêndice).

Figura 25. Heredograma da família 6.

O seqüenciamento revelou uma mutação do tipo sem sentido (nonsense)

devido a uma transição C para T no códon 73 do éxon 1 (c.217C>T), que

introduzindo um códon de parada prematuro no lugar do aminoácido glutamina

(CAG), ou seja, Gln73X ou p.Q73X (figura 26). Esta mutação foi primeiramente

descrita por Chen et al. (1995).

57

Page 46: nöÙ w Z

A mutação foi confirmada pela técnica de RFLP, pois a mesma criou um sítio

de restrição para a enzima BfaI. Após a digestão com BfaI, os dois fragmentos

amplificados (198pb e 180pb) revelaram o alelo mutado, enquanto que o fragmento

único é o alelo normal (378 pb) . Tanto o seqüenciamento quanto o RFLP dos pais e

do irmão do probando foram normais, caracterizando, portanto, uma mutação de

novo (figura 27).

4.7 FAMÍLIA 7

Uma paciente de 25 anos, natural de São Carlos-SP e procedente de Baté-

SP, foi encaminhada do serviço de Neurocirurgia do HCFMRP-USP devido a

apresentar múltiplas lesões em medula espinhal, ponte, bulbo e cerebelo. Foi

submetida à ressecção cirúrgica das lesões em nível torácico, que foram

compatíveis com hemangioblastomas. A paciente evoluiu com paraparesia

espástica, necessitando de cadeira de rodas para locomover-se. No ultrassom

abdominal detectou-se um cisto pancreático e um cisto exofítico no rim esquerdo. A

58

Page 47: nöÙ w Z

fundoscopia ocular foi normal até o momento, assim como a dosagem urinária de

ácido vanil-mandélico (tipo 1). Não há história familiar de lesões associadas à

doença de VHL (apêndice). Como esta família foi recentemente identificada, ainda

não foi possível investigar molecularmente os pais da paciente. Sabe-se que o pai

da mesma teve um câncer na garganta aos 38 anos, sendo que era fumante (figura

28).

Figura 28. Heredograma da família 7.

Detectou-se, preliminarmente, na região receptora de splicing do íntron 1, uma

mutação de transição G para A (IVS1-1 G>A) . Porém, tal mutação ainda necessita

ser confirmada por um novo seqüenciamento (figura 29).

59

Page 48: nöÙ w Z

4.8 FAMÍLIA 8

O probando desta família, natural e procedente de Santa Isabel do Ivaí-PR, foi

encaminhado aos 21 anos do ambulatório de Neurogenética do HCFMRP-USP. A

manifestação havia começado aos 15 anos, quando foi diagnosticado angioma

retiniano em ambos os olhos, por meio de um exame oftalmológico de rotina. A

paciente foi submetida à cirurgia à laser e à injeção com contraste em ambos os

olhos, porém evoluiu com descolamento de retina no olho direito, sendo necessário

realizar vitrectomia. Aos 16 anos, havia sido detectada uma imagem hipodensa em

pâncreas que corresponde a cistos. Aos 21 anos foram detectados na RNM de

encéfalo dois pequenos hemangioblastomas cerebelares assintomáticos.

Recentemente detectou-se um cisto renal simples. Não houve manifestação de

lesões supra-renais até o momento da pesquisa.

Na família (figura 30), uma tia paterna faleceu na terceira década de vida por

“tumor na cabeça e nos olhos”, e havia sido submetida à enucleação. Esta teve um

filho que faleceu na segunda década de vida por “câncer no pulmão e na cabeça”.

O outro filho, atualmente com 25 anos, apresentou hemangioblastoma cerebelar,

carcinoma renal de células claras em ambos os rins, angioma de retina bilateral,

além de feocromocitoma unilateral, corroborando, assim, para o diagnóstico da

doença de VHL do tipo 2B (apêndice).

60

Page 49: nöÙ w Z

Figura 30. Heredograma da família 8.

Foi detectada uma mutação de transversão G>C na região receptora de

splicing do íntron 2 (IVS2-1 G>C) (figura 31). Esta mutação havia sido detectada em

um primo paterno desta paciente (ROCHA, comunicação pessoal), portanto, o pai da

mesma é portador obrigatório da mutação, porém, não foi possível investigá-lo.

Não há descrição na literatura desta mutação, segundo os dados do The

Human Gene Mutation Database©.

61

Page 50: nöÙ w Z

5. DISCUSSÃO

5.1 Identificação das mutações

A identificação de mutações no gene VHL vem sendo descrita na literatura

desde que o gene foi clonado, em 1993. Na mais completa base eletrônica de dados

de mutações no gene VHL, Universal Mutation Database (http://www.umd.be),

estão registradas 912 mutações. Destas, 473 foram catalogadas de famílias com a

doença de VHL, 388 são mutações de tumores esporádicos e 51, mutações de

linhagens celulares. Do total, poucas mutações foram descritas repetidamente,

sendo que, até o momento, 502 mutações diferentes foram relatadas no gene VHL.

Estudos iniciais em diferentes laboratórios relataram a detecção de mutações

germinativas no gene VHL em 39-80% das famílias com a doença de VHL

(WHALEY et al., 1994; CHEN et al., 1995; CROSSEY et al., 1994; MAHER et al.,

1996; ZBAR et al., 1996; GLAVAC et al., 1996; GALLOU et al. 2004). Os

pesquisadores haviam sugerido que, nas famílias onde as mutações não haviam

sido detectadas, deveriam haver mutações na região promotora ou na região 3'UTR

do gene VHL. Entretanto, segundo Stolle et al. (1998), mutações nas regiões 3'UTR,

5'UTR e intercalantes são improváveis, pois atingiu-se, pela primeira vez, uma

detecção de 100% das mutações sem que tais regiões fossem pesquisadas. Entre

as famílias estudadas, 72% delas tiveram mutações pontuais e 28% apresentaram

grandes deleções ou rearranjos no gene VHL.

Os métodos utilizados nesses estudos foram variados e incluíram o Southern

blotting quantitativo para detectar deleções de todo o gene, o Southern blotting para

detectar rearranjos, o FISH para confirmar as deleções e o seqüenciamento

completo do gene.

Rocha et al. (2003) avaliaram 83 indivíduos de 20 famílias com a doença de

VHL. A taxa de 100% de detecção de mutações também foi alcançada através da

combinação das técnicas de seqüenciamento direto, Southern-blotting quantitativo e

FISH.

Hoebeeck et al. (2005) identificaram todos os indivíduos com deleções no

gene VHL utilizando o qRT-PCR e, comparando-o com o Southern blotting,

62

Page 51: nöÙ w Z

concluíram que o qRT-PCR é o método de escolha para o rastreamento de deleções

devido à rapidez, sensibilidade e especificidade.

Hattori et al.(2006) utilizaram o qRT-PCR com sondas TaqMan® e atingiram

os mesmos resultados que o estudo anterior, porém de um modo mais específico e

ideal do que no método que utiliza o corante SYBRGreen® com curvas de

dissociação e Δct. Os autores concluíram que o método qRT-PCR com sondas

TaqMan® pode ser utilizado confiavelmente antes do emprego de métodos mais

demorados e complexos para detectar grandes deleções, como a eletroforese em

gel, o Southern quantitativo e o FISH.

Hes et al. (2007) utilizaram a técnica de MLPA e, comparando-a com o

Southern blotting, validaram-na como um método confiável e rápido para a detecção

de deleções no gene VHL, que representaram cerca de 27% do total de mutações

identificadas no estudo. Comparando-o com o qRT-PCR, este tem a vantagem de

obter os resultados com uma maior rapidez e usando menores quantidades de DNA

do que no método de MLPA (HOEBEECK et al., 2005).

No presente estudo, foram detectadas mutações pontuais em quatro das oito

famílias. Nas demais famílias, é provável que haja grandes deleções no gene VHL,

as quais não são detectáveis pelo seqüenciamento. No intuito de identificá-las,

tentou-se padronizar o método qRT-PCR, tanto com a técnica de curvas de

dissociação e Δct (HOEBEECK et al., 2005), quanto com o uso de sondas

TAQMan® (HATTORI et al., 2006). Entretanto, foi difícil obter resultados satisfatórios

e seguros o suficiente para afirmar ou descartar a presença de uma deleção.

Atribuiu-se a isto o fato de haver uma pequena margem de erro entre uma cópia

normal e outra com uma deleção parcial ou total do gene. Mesmo assim, sugere-se

otimizar estas técnicas progressivamente, para que então possam ser empregadas

como um método padrão para a pesquisa de deleções no gene VHL.

5.2 Correlação genótipo-fenótipo

Uma evidente correlação genótipo-fenótipo tem sido verificada na literatura

entre várias famílias norte-americanas, européias e japonesas com a doença de

VHL (CROSSEY et al.,1994; CHEN et al.,1995; BRAUCH et al.,1995; ZBAR et al.,

63

Page 52: nöÙ w Z

1996; WOODWARD et al.,1997; CYBULSKI et al., 2002; MARANCHIE et al., 2004;

GALLOU et al., 2004).

No Brasil, verificou-se uma correlação genótipo-fenótipo compatível com a

literatura (ROCHA et al., 2003). Especificamente, a mutação no códon 167 do gene

VHL, encontrada em duas famílias, correlacionou-se a um alto risco de desenvolver

feocromocitoma. O perfil clínico da doença de VHL no Brasil mostrou semelhanças

quanto à incidência e idade de apresentação de tumores em relação aos outros

países. No entanto, 12 famílias (60%) foram caracterizadas como de alto risco para

o desenvolvimento de CRCC, baseando-se nos tipos de mutações. Três das quatro

famílias com grandes deleções apresentaram alta incidência de hemangioblastoma

do SNC. Além disso, observou-se uma concentração de mutações nos éxons 1 e 2

do gene VHL.

No presente estudo, foram encontradas quatro mutações pontuais: uma

mutação nonsense, uma deleção inframe, ambas no éxon 1; e duas em regiões

receptoras de splicing, uma do íntron 1 e outra do íntron 2 (figura 32).

A mutação nonsense (p.Q73X) foi encontrada no paciente 1948 (família 6),

que apresentou o fenótipo da doença de VHL tipo 1, ou seja, sem feocromocitoma

(apêndice). Houve correlação com os estudos que descreveram previamente esta

mutação (CHEN et al., 1995; ZBAR et al., 1996; STOLLE et al., 1998; GALLOU et

al., 2004). Entretanto, em nenhuma das famílias estudadas houve associação desta

mutação com o desenvolvimento de tumor do saco endolinfático, como houve neste

estudo.

64

Page 53: nöÙ w Z

O paciente 1925 (família 5) apresentou a deleção in-frame (p.F76del), não

manifestando feocromocitoma até o momento (tipo 1), assim como todas as famílias

relatadas com esta mutação (CHEN et al., 1995; ZBAR et al., 1996; STOLLE et al.,

1998; ROCHA et al., 2003; GALLOU et al., 2004).

No paciente 2289 (família 7), em que foi detectada uma mutação em região

de splicing do íntron 1 (IVS1-1 G>A), será necessário confirmá-la e validá-la através

de um novo seqüenciamento. Se assim o for, será uma mutação nova, não descrita

na literatura, segundo os dados do HGMD®.

Do mesmo modo, a mutação situada na região de splicing do íntron 2 (IVS2-1

G>C) não foi descrita na literatura. Detectou-se, primeiramente, em um parente do

probando, que manifestou, além de CRCC bilateral, feocromocitoma, corroborando

para o diagnóstico da doença de VHL tipo 2B. Por isso, o paciente 2290 (família 8)

está sendo monitorado de acordo com os protocolos para rastreamento de

feocromocitoma e CRCC.

Todas as famílias relatadas na literatura com mutações em regiões de

splicing não apresentaram feocromocitoma (tipo 1) (CROSSEY et al., 1994; ZBAR et

al., 1996; GLAVAC et al., 1996; YOSHIDA et al., 2000), exceto uma, que foi

diagnosticada como tipo 2B, devido a uma mutação em região doadora de splicing

(IVS1+1G>A) (OLSCHWANG et al., 1998).

O paciente 1932 (família 4) apresentou meningioma supra-tentorial, um tumor

pouco encontrado na doença de VHL. Há relatos que consideram o meningioma

como uma manifestação rara associada à doença de VHL. Governale et al. (2001)

encontraram apenas três casos na literatura (BLEGGI-TORRES et al, 1995) e

sugeriram que muitos destes tumores são, de fato, meningiomas incidentais,

descobertos pelos exames seriados em que os pacientes com a doença de VHL são

submetidos. Os autores propuseram a pesquisa da perda de heterozigosidade do

gene VHL nas ocasiões onde forem detectadas neoplasias incomuns à doença de

VHL. Neste caso não encontramos nenhuma mutação pontual, o que sugere que

sejam pesquisadas deleções germinativas e/ou somáticas no gene VHL.

65

Page 54: nöÙ w Z

5.3 Análise de expressão

Para avaliar a expressão das mutações em regiões de splicing, é necessário

analisar seu efeito transcricional, isto é, no RNAm. Para tal, é preferível analisá-lo

nos tecidos em que ele está mais expresso. No caso do gene VHL, há maior

expressão nos rins, supra-renais, cerebelo, etc. Como o gene sofre splicing

alternativo, há dois transcritos que podem ser processados – as isoformas I e II -, na

última faltando-lhe o éxon 2. A presença deste transcrito alternativo (isoforma II), que

produz uma proteína com 41 aminoácidos a menos, levanta questões sobre sua

funcionalidade, principalmente quanto à sua atividade supressora tumoral (WHALEY

et al., 1994). A identificação de pacientes com deleções germinativas do éxon 2,

assim como a presença de tumores renais com defeitos no splicing do éxon 2

(GNARRA et al., 1994), causando a ausência do mesmo, sugere que a isoforma II

provavelmente não codifica um produto funcional.

No paciente 2289 (família 7), caso a mutação IVS1-1 G>A seja confirmada, é

provável que o transcrito não contenha o éxon 2 (exon skipping), ou seja, expresse

somente a isoforma II. A técnica de RT-PCR, com o uso de primers específicos,

confirmaria ou não a presença da isoforma II neste paciente.

Já o paciente 2290 (família 8), que apresenta a mutação IVS2-1 G>C,

provavelmente o transcrito não contém o éxon 3. Da mesma forma, o RT-PCR seria

útil neste caso para confirmar ou não a presença do éxon 3.

66

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6. CONCLUSÃO

Atualmente, mutações germinativas no gene VHL foram identificadas em mais

de 500 familias de diversas populações mundiais.

No Brasil, em torno de 50 famílias, provenientes de várias regiões do país, já

foram estudadas e cerca de 30 mutações diferentes já foram identificadas até o

momento(ROCHA; BARRETO, comunicação pessoal). Dado a grande miscigenação

da população brasileira, é provável que haja um amplo espectro de mutações e uma

grande variabilidade de fenótipos. Entretanto, ainda não foi realizado um estudo

completo da correlação genótípo-fenótipo entre as famílias brasileiras.

O presente estudo diagnosticou sete famílias com a doença de VHL, e uma

com hemangioblastoma esporádico, nas quais foram identificadas e caracterizadas

quatro mutações diferentes (p.F76del, p.Q73X, IVS1-1 G>A e IVS2-1 G>C), sendo

que duas não foram publicadas na literatura até o momento (IVS1-1 G>A e IVS2-1

G>C). As demais famílias, nas quais não foram identificadas mutações pontuais, é

provável que sejam portadoras de deleções na região do gene VHL.

O estudo focalizou-se na detecção de mutações germinativas do tipo

pontuais, de modo que se faz necessário complementá-lo com o emprego de

métodos mais simples e eficazes para a detecção de macrodeleções no gene VHL.

Deste modo, será possível fornecer às famílias um aconselhamento genético mais

preciso e um manejo clínico mais adequado.

Um teste genético acurado para a doença de VHL está se tornando essencial

para o assessoramento das famílias. Por isso, claramente há uma necessidade

crescente de métodos mais simples, fáceis e confiáveis para a detecção das

mutações (HATTORI et al, 2006).

Atualmente, o aspecto mais importante no manejo das famílias com a doença

de VHL é a abordagem de todos os parentes em risco, conforme os protocolos

padronizados (HODGSON; MAHER, 2007). A adesão a estes protocolos de

rastreamento reduz a morbidade e mortalidade da doença de VHL, melhorando

assim, a expectativa de vida dos pacientes. Enquanto que em 1990, a sobrevida era

em média de 49 anos, uma década após estava aproximadamente nos 60 anos

(MAHER et al., 1990 e dados observacionais não publicados).

67

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O teste genético permite a vigilância clínica somente daqueles portadores da

mutação, o que melhora o custo-benefício do rastreamento.

O manejo efetivo dos pacientes e familiares requer uma abordagem

multidisciplinar, em um contexto hospitalar de referência, de modo que o

encaminhamento e seguimento dos mesmos sejam coordenados por uma equipe

capacitada em câncer familial.

Este estudo foi inserido dentro de um ambulatório de aconselhamento

genético do câncer (AGC), que tem se tornado referência de várias especialidades

médicas de um hospital público terciário. Além disso, o AGC do HCFMRP-USP,

junto com o laboratório de Genética Molecular do Hemocentro de Ribeirão Preto,

são um dos centros participantes de um projeto de implementação de uma Rede de

Câncer Familial, coordenada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Espera-se que, num futuro breve, esta rede esteja implementada no nosso

país, facilitando não só a inter-relação dos diversos centros de referência em câncer

familial, mas também estimulando a pesquisa e promovendo a assistência das

famílias com câncer.

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83

Page 72: nöÙ w Z

APÊNDICE – Manifestações clínicas e história familial

Família 1Paciente 1422

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 48 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 38 anos ( )( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 38 anos ( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( ) ( x ) ( ) 19 anos ( )

( x ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( x ) 45 anos ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 45 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 45 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outro tumor: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1422 VHL TIPO 1

1453 1º VHL TIPO 1

1812 1º VHL TIPO 1

1924 1º VHL TIPO 1

1815 1º VHL TIPO 1

1933 2º VHL TIPO 1

1940 2º VHL TIPO 1

84

Page 73: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1453

Sexo ( x ) M ( ) FIdade 21 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( ) Hemangioblastoma ( ) cerebelo ( ) ( ) ( ) ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( ) ( x ) ( x ) 17 anos

( x ) Carcinoma renal de células claras ( x ) ( ) ( ) 21 anos

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 20 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 17 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) (x)( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outro tumor: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1453 VHL TIPO 1

1422 1º VHL TIPO 1

1812 1º VHL TIPO 1

1924 2º VHL TIPO 1

1815 2º VHL TIPO 1

1933 3º VHL TIPO 1

1940 3º VHL TIPO 1

85

Page 74: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1812

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 17 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 16 anos ( )( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 16 anos( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( x ) ( ) 16 anos ( )( x ) rim ( x ) ( ) ( ) 18 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outro tumor: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1812 VHL TIPO 1

1422 1º VHL TIPO 1

1453 1º VHL TIPO 1

1924 2º VHL TIPO 1

1815 2º VHL TIPO 1

1933 3º VHL TIPO 1

1940 3º VHL TIPO 1

86

Page 75: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1815

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 52 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 51 anos ( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 51 anos( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( ) ( ) ( x ) 22 anos ( )

( x ) Carcinoma renal de células claras ( x ) ( ) ( ) 52 anos ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 49 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 49 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outro tumor: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1815 VHL TIPO 1

1422 1º VHL TIPO 1

1924 1º VHL TIPO 1

1933 1º VHL TIPO 1

1940 1º VHL TIPO 1

1453 2º VHL TIPO 1

1812 2º VHL TIPO 1

87

Page 76: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1924

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 50 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 21 anos ( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) ( ) 43 anos ( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 43 anos

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( x ) Outro tumor::Cisto mucinoso e seroso ovário direito ( ) ( x ) ( ) 23 anos

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1924 VHL TIPO 1

1422 1º VHL TIPO 1

1815 1º VHL TIPO 1

1933 2º VHL TIPO 1

1940 2º VHL TIPO 1

1453 2º VHL TIPO 1

1812 2º VHL TIPO 1

88

Page 77: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1933

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 32 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 21 anos ( x ) espinhal ( x ) ( ) ( ) 31 anos( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 25 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 25 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1933 VHL TIPO 1

1815 1º VHL TIPO 1

1940 1º VHL TIPO 1

1422 2º VHL TIPO 1

1924 2º VHL TIPO 1

1453 3º VHL TIPO 1

1812 3º VHL TIPO 1

89

Page 78: nöÙ w Z

Família 1Paciente 1940

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 24 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 23 anos ( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 23 anos ( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( ) ( x ) ( ) 23 anos

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 23 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 23 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1940 VHL TIPO 1

1815 1º VHL TIPO 1

1933 1º VHL TIPO 1

1422 2º VHL TIPO 1

1924 2º VHL TIPO 1

1453 3º VHL TIPO 1

1812 3º VHL TIPO 1

90

Page 79: nöÙ w Z

Família 2Paciente 1423

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 27 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 23 anos ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( x ) ( ) ( ) 24 anos ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 24 anos ( )( ) rim ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) (x)

( ) Outros tumores ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( ) Sim ( x ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1423 VHL TIPO 1

91

Page 80: nöÙ w Z

Família 3Paciente 1824

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 26 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( x ) ( ) ( ) 23 anos ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Cisto/nódulo ( ) pâncreas ( ) ( ) ( ) ( )( ) rim ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( ) Sim ( x ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1824 Hemangioblastoma SNC isolado

92

Page 81: nöÙ w Z

Família 4Paciente 1932

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 50 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 47 anos ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/ nódulo ( ) pâncreas ( ) ( ) ( )( x ) rim ( x ) ( ) ( x ) 48 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( x ) Outros tumores: Meningioma menigotelial ( x ) ( ) ( ) 46 anos Cistoadenoma ovário direito Cistos foliculares ovário esquerdo Leiomiomatose uterina com pólipo endometrial Tuba uterina direita com ninhos de Walthard

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

1932 VHL TIPO 1

1º VHL TIPO 1*

2º VHL TIPO 1*

*OBS: não foi possível investigar os parentes

93

Page 82: nöÙ w Z

Família 4Paciente*

Sexo ( x ) M ( ) FIdade 23anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 14 anos ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/ nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 14 anos ( )( ) rim ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( x )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação

* 1º DOENÇA VHL TIPO 1*

1932 2º DOENÇA VHL TIPO 1

*OBS: paciente não consentiu em realizar o teste genético

94

Page 83: nöÙ w Z

Família 5Paciente 1925

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 27 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( x ) ( ) ( ) 23 anos ( )( x ) espinhal ( x ) ( ) ( ) 23 anos ( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 24 anos ( )( x ) rim ( ) ( ) ( x ) 24 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( ) Sim ( x ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação*

1925 VHL TIPO 1 *c.226-228 delTTC ou p.F76del

(Chen et al., 1995)

*OBS: não foi possível investigar os pais

95

Page 84: nöÙ w Z

Família 6Paciente 1948

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 30 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( ) ( ) 29 anos ( )( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 29 anos( x ) cerebral (parietal) ( x ) ( ) ( ) 29 anos

( x ) Angioma de retina ( ) ( x ) ( ) 16 anos ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/ nódulo ( x ) pâncreas ( ) ( x ) 29 anos ( )( x ) rim ( ) ( x ) ( x ) 29 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( x ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( x ) ( ) 11 anos ( )25 anos

( x ) Outros tumores: Cisto hepático (hemangioma?) ( x ) ( ) ( ) 29 anos

HISTÓRIA FAMILIAL ( ) Sim ( x) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação*

1948 VHL TIPO 1 * 217C>T (p.Q73X ou Gln73X)(Chen et al ., 1995)

1949 1 Sem mutação1950 1 Sem mutação1951 1 Sem mutação

96

Page 85: nöÙ w Z

Família 7Paciente 2289

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 25 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( x ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 23 anos ( )( x ) espinhal ( ) ( x ) ( ) 23 anos( x ) cerebral (tronco) ( ) ( x ) ( ) 23 anos

( ) Angioma de retina ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/ nódulo ( x ) pâncreas ( x ) ( ) 24 anos ( )( x ) rim ( x ) ( ) ( ) 24 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( ) Sim ( x ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação*

2289 VHL TIPO 1 IVS1-1 G>A ou c.341-1 G>A

* não foi possível investigar os pais; necessita confirmação

97

Page 86: nöÙ w Z

Família 8Paciente 2290

Sexo ( ) M ( x ) FIdade 21 anos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Único Múltiplo Bilateral Idade Não avaliado

( ) Hemangioblastoma ( x ) cerebelo ( ) ( x ) ( ) 21 anos ( )( ) espinhal ( ) ( ) ( )

( ) cerebral ( ) ( ) ( )

( x ) Angioma de retina ( ) ( x ) ( x ) 15 anos ( )

( ) Carcinoma renal de células claras ( ) ( ) ( ) ( )

( ) Feocromocitoma ( ) ( ) ( ) ( )

( x ) Cisto/ nódulo ( x ) pâncreas ( x ) ( ) 16 anos ( )( x ) rim ( x ) ( ) ( ) 21 anos ( )

( ) Cistoadenoma ( ) epidídimo ( ) ( ) ( ) ( )( ) ligamento largo ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Tumor do saco endolinfático ( ) ( ) ( ) ( x )

( ) Outros tumores: ( ) ( ) ( )

HISTÓRIA FAMILIAL ( x ) Sim ( ) Não

Identificação Grau de parentesco Manifestação Mutação*

2290 VHL TIPO 2B IVS2-1 G>C ou c.464-1 G>C

2º “TUMOR NA CABEÇA E OLHOS”

3º “CÂNCER NA CABEÇA E PULMÃO”

3º VHL TIPO 2B IVS2-1 G>C__________________________________________________________________________________________*não foi possível investigar os pais

98

Page 87: nöÙ w Z

ANEXO A – Ficha de avaliação clínica

Paciente

( ) Síndrome hereditária ( ) Agrupamento familial ( ) Aparentemente esporádico( ) Câncer secundário ( ) Avaliação de risco ( ) Screening

Pais e Avós

Grupo étnico:

Avô Pat.: Avó Pat.:

Avô Mat.: Avó Mat.:

Local Nasc.:

Avô Pat.: Avó Pat.:

Avô Mat.: Avó Mat.:

Local Nasc.:

Avô Pat.: Avó Pat.:

Avô Mat.: Avó Mat.:

Pai: Mãe:

Data

Resumo do seguimento

99

Page 88: nöÙ w Z

Paciente:

OG: RGH:

Diagnóstico:

Exames Datas

Colpocitologia

Mamografia

USG mamas

USG ginecológico

USG abdômen

USG próstata

USG vias urinárias

USG tireóide

USG bolsa escrotal

TC/RM coluna cervical

TC/RM coluna torácica

TC/RM coluna lombo-sacra

TC tórax

TC abdômen

TC/RM pelve

EDA

Colonoscopia

RX esqueleto

Marcadores tumorais

VMA/catecolaminas

Dermatoscopia/exame dermatológicoToque retal/exame urológico

Exame ginecológico/mamas

Exame oftalmológico

RM encéfalo

100

Page 89: nöÙ w Z

Resumo da anamnese

História gineco-obstétrica

Menarca DUM:Cliclos: G: P: A:Menopausa: ACO: S N Qual: Duração:

Idade ao nascimento 1o filho: TRH: S N Qual: Duração:

Displasia: S N ? Atípica: S N ? No Biópsias/PAAF:Histerectomia: S N ? Ooforectomia: S N ? Endometriose: S N ?Observações:

História patológica pregressa

Obesidade: S N Diabetes: S N HAS: S N Alterações do hábito intestinal: S NExposição ambiental:

Hábitos

Tabaco: S N No cig/dia: Duração:

Álcool: S N No dose/freq: Duração:

Outro: S N

História Familial (menos oncológica)

101

Page 90: nöÙ w Z

História oncológica pessoal

Tipo primário: Idade ao diagnóstico:Tipo histológico: T N M Estadio:Confirmação: Hospital:Tratamento: Curativo: S N Paliativo: S NSeguimento: Obs:Tipo primário: Idade ao diagnóstico:Tipo histológico: Estádio:Confirmação: Hospital:Tratamento: Curativo: S N Paliativo: S NSeguimento: Obs:Tipo primário: Idade ao diagnóstico:Tipo histológico: Estádio:Confirmação: Hospital:Tratamento: Curativo: S N Paliativo: S NSeguimento: Hospital:

Outros tumores benigno ou maligno:

Localização:

Tipo histológico;

História oncológica Familial

Familiar Grau Tumor primário Id diag Confirmação Status atual Idade Obs:

Confirmação: AP= anatomia patológica, AO=atestado de óbito, AM=atestado médico, RV=relato verbal, SC=sem confirmação,Status atual: VSED=vivo sem doença, VSCD=vivo com doença, Oca=óbito por câncer, OOC=óbito outras causas, PS=perdeu seguimento.

102

Page 91: nöÙ w Z

Heredograma

Descrição:

OG: Pasta:

Exame físico

Medidas antropométricas:

Peso: Estatura: PC: PT:DLL: Envergadura: DII: DIE:DAP: Fenda palpebral: D E Orelhas: D EMãos: D E Dedo médio: D E Pés: D E

DIM: Esterno:Descrição fenótipo:

103

Page 92: nöÙ w Z

ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA REALIZAÇÃO DE TESTE

GENÉTICO

A análise genética é realizada a partir do exame do DNA humano, seus cromossomos, suas proteínas ou outros produtos genéticos com o objetivo de detectar alterações no patrimônio genético que podem predispor ao desenvolvimento de algumas doenças.

Todos os resultados obtidos desta análise genética, assim como outros atos médicos, são considerados extremamente confidenciais e vinculados ao segredo profissional.

Nome do paciente:____________________________________________________________

Local de Nascimento:__________________________________________ Data: ___/___/___Endereço: __________________________________________________________________Cidade: _________________________Estado:__________________ Fone: ______________

Declaro ter recebido informações detalhadas em relação aos aspectos genéticos e clínicos da doença que  apresento  ou   está   presente  em minha   família,   entendo  os  benefícios   e   limitações  da  análise genética proposta e compreendo os objetivos da presente pesquisa. Assim sendo, autorizo a retirada de 10ml de sangue periférico para realização de: __TESTE GENÉTICO PARA A DOENÇA DE VON HIPPEL­LINDAU _____________________________________________________A retirada do sangue será feita por uma punção de uma veia do braço. O local da punção pode apresentar leve dor ou inchaço que regridem espontaneamente.

(   ) Concordo     (   ) Não  concordo Em participar da presente pesquisa. (   ) Concordo     (   ) Não  concordo  Em receber o resultado do teste.

(   ) Concordo     (   ) Não  concordo Em revelar o resultado do teste para meusfamiliares(exceções e comentários)      

(   ) Concordo     (   ) Não  concordo                      Em revelar o resultado do teste para o médico,Dr.(s):   __ISRAEL 

GOMY________________________Data: ___/___/___

Assinatura do paciente ou responsável:______________________________________________ 

Declaro que:(   ) Concordo      (   ) Não concordo Que o DNA extraído do meu material 

biológico   seja   estocado   e     possa   ser   utilizado,   de maneira   confidencial,   para   futuros   estudos   e   ou pesquisas científicas.

(   ) Concordo      (   ) Não concordo Ser informado caso haja o desenvolvimento de novos exames derivados de estudo ou pesquisa.

Estou ciente de que tenho o direito de:

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1) Mudar de opinião em relação as declarações contidas neste consentimento;

2) Receber esclarecimentos adicionais a qualquer momento do estudo sobre quaisquer aspectos relativos ao mesmo;

3) Retirar meu consentimento de participar em qualquer fase da pesquisa, não prejudicando meu atendimento e/ou seguimento no HCFMRP­USP;

4) Solicitar indenização, nos termos da lei vigente, caso eu julgue que minha participação neste estudo tenha prejudicado a mim ou à minha família;

5) Solicitar ressarcimento de eventuais despesas decorrentes da participação na pesquisa (item não previsto na presente pesquisa).    

Data ___/___/___ 

Assinatura do paciente ou responsável:______________________________________

Assinatura   do   médico   responsável   pelo   esclarecimento   das   informações   contidas   neste consentimento:_____________________________________________________________

Pesquisador responsável: Dr. Israel GomyFone para contato: (16) 3602­2598 ou 2101­9300

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INFOMAÇÕES SOBRE A PESQUISA DA DOENÇA DE VON HIPPEL­LINDAU

A   doença   de   Von   Hippel­Lindau   (VHL)   é   uma   síndrome   hereditária   que 

predispõe  ao  desenvolvimento  de  alguns   tipos  de   tumores.  É   causada  por  mutações 

(alterações   no   DNA)   num   gene   supressor   tumoral   denominado   VHL   e   tem   uma 

incidência aproximada de 1:36.000 nascimentos.  As três  principais características da 

doença   são:   (1)   hemangioblastoma   do   sistema   nervoso   central,   principalmente   de 

cerebelo; (2) angioma de retina e (3) carcinoma renal de células claras. A probabilidade 

de desenvolver cada um desses tumores ao longo da vida é estimada em maior que 70% 

(Maher et al., 1990).   A doença de VHL pode se manifestar desde a infância até a fase 

adulta, geralmente entre os 20 e 40 anos. Há  possibilidade de se realizar testes genéticos 

para   saber   se   determinada   pessoa   numa   família   herdou   ou   não   essa   predisposição 

genética. Sabendo­se que a pessoa tem a mutação (erro no DNA), existem protocolos de 

seguimento   por   meio   de   exames   complementares   que   permitem   uma   detecção   e 

tratamento mais precoce dos tumores mais comuns dessa doença. Estes testes permitem 

a detecção  de mutações em até  100% dos casos (Pack et al.,1999). Os objetivos desta 

pesquisa são:(1) diagnosticar clinicamente os pacientes com suspeita da doença de VHL; 

(2) detectar a presença de mutações pontuais no gene VHL nos pacientes afetados e nos 

familiares de maior risco; (3) realizar consultas de aconselhamento genético pré e pós­

teste. Os pacientes com suspeita da doença de VHL serão atendidos no ambulatório de 

aconselhamento genético do câncer do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina 

de   Ribeirão   Preto   da   USP.   Os   testes   genéticos   serão   realizados   no   laboratório   de 

Genética Molecular no Hemocentro de Ribeirão  Preto. A cada paciente será  entregue 

um termo de consentimento livre e esclarecido que, após assinado, permitirá  a coleta do 

material a ser pesquisado.

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