Noções de Aspecto Na Língua Tcheca e Portuguesa - Veronika Ženatá
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7/23/2019 Noções de Aspecto Na Língua Tcheca e Portuguesa - Veronika Ženatá
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Masarykova univerzita Brno
Filozofická fakulta
Katedra romanistiky
A noção de aspecto
nas línguas checa e portuguesa
Magisterská diplomová práce
Vypracoval: Veronika Ženatá BrnoVedoucí práce: Mgr. va !vo"odová #$$%
7/23/2019 Noções de Aspecto Na Língua Tcheca e Portuguesa - Veronika Ženatá
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&eclaro' (ue escrevi esta tese de diploma )* no+,o de aspecto nas línguas c-eca e
portuguesa sozin-a e unicamente com o apoio nos te/tos mencionados no capítulo de
"i"liografia.
Veronika Ženatá
#
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Agradecimento
*grade+o 0 min-a orientadora Mgr. va !vo"odová 1-.& pelos seus consel-os e
apoio tanto pessoal como profissional e tam"2m agrade+o a 1-&r. Mo3mír &o4ekal 1-.&
pelos manuscritos (ue me ofereceu e pelo seu apoio.
5
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Conteúdo
6 ntrodu+,o..........................................................................................................................7 # !ím"olos' conven+8es e a"revia+8es usadas......................................................................9 5 nforma+8es "ásicas...........................................................................................................%
;ipologia aspectual..........................................................................................................6# .6 *specto vs. *ktionsart..............................................................................................6# .# ;ipologia "ásica de aspecto......................................................................................65 .5 <utras defini+8es de telicidade.................................................................................67 . =>cleo aspectual.......................................................................................................69 .? @specificidades do aspecto portuguAs......................................................................6%
.?.6 Valor aspectual pontual.....................................................................................#6 .?.# Valor aspectual durativo...................................................................................## .?.5 Valor aspectual aca"adoinaca"ado..................................................................#
.7 ;ipologia aspectual de ver"os..................................................................................#? .7.6 *rgumentos ver"ais..........................................................................................#?
.7.# =atureza aspectual de ver"os e a sua estrutura argumental..............................#9 ? @specificidades do aspecto c-eco....................................................................................5# ?.6 &iferen+as entre o ver"o portuguAs e ver"o c-eco. .................................................55 ?.# !ufi/os......................................................................................................................5C ?.#.6 Vogais temáticas....................................................................................................5% ?.#.# *ltera+8es de perfectivo imperfectivo.................................................................6 ?.#.5 mperfectivos secundários.....................................................................................# ?.5 1refi/os.....................................................................................................................5
7 Valor aspectual dos tempos ver"ais portugueses.............................................................7 7.6 1resente....................................................................................................................7 7.# 1ret2rito 1erfeito !imples' mperfeito e MaisDEueD1erfeito....................................%
7.#.6 1ret2rito 1erfeito !imples.................................................................................?$ 7.#.# mperfeito.........................................................................................................?6 7.#.5 1ret2rito MaisD(ueD1erfeito .............................................................................?#
7.5 1ret2rito 1erfeito omposto.....................................................................................? 7. Futuro omposto......................................................................................................?7
9 Variedades aspectuais de oposi+,o ser / estar .................................................................?C 9.6 Variantes aspectuais de ver"os ser e estar................................................................7$
C Ver"os de opera+,o aspectual ..........................................................................................7# C.6 1rogressivo...............................................................................................................7# C.# <utras constru+8es com capacidade de alterar o valor aspectual "ásico dos
predicados........................................................................................................................7? C.#.6 ome+ar a G =F..............................................................................................7? C.#.# ontinuar a G =F.............................................................................................7? C.#.5 &ei/ar de G =F................................................................................................77 C.#. 1arar de G =F..................................................................................................79 C.#.? *ca"ar de G =F...............................................................................................79 C.#.7 *ndar a G =F...................................................................................................7C
C.5 Hista de ver"os de opera+,o aspectual.....................................................................7% C. mpacto da oposi+,o ser / estar nos valores aspectuais de predicados derivados...7% C.? ontri"ui+,o da a"ordagem aspectual "rasileira......................................................96
C.?.6 &ura+,o da ac+,o..............................................................................................96
C.?.# Iepeti+,o da ac+,o...........................................................................................96
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C.?.5 onclus,o da ac+,o...........................................................................................9# C.?. Iesultado da ac+,o...........................................................................................95 C.?.? Vis,o da ac+,o..................................................................................................9 C.?.7 Fases da ac+,o...................................................................................................9?
% Valor aspectual dos adver"iais de tempo.........................................................................9C %.6 *dver"iais de localiza+,o temporal..........................................................................9%
%.# *dver"iais de fre(uAncia..........................................................................................C6 %.5 *dver"iais de dura+,o..............................................................................................C6
6$ Valor aspectual dos complementos ver"ais....................................................................C 6$.6 1redicados nominais...............................................................................................C 6$.# 1redicados ver"ais..................................................................................................C 6$.5 1redicados incrementais........................................................................................C?
66 Valor aspectual de preposi+8es.......................................................................................CC 66.6 * divis,o de preposi+8es........................................................................................CC 66.# !emJntica vectorial................................................................................................%$ 66.5 umulatividade.......................................................................................................%# 66. 1reposi+8es t2licas..................................................................................................%# 66.? 1reposi+8es at2licas................................................................................................%? 66.7 1reposi+8es am"íguas.............................................................................................%7
6# onclus,o.......................................................................................................................%C 65 Bi"liografia..................................................................................................................6$$
?
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1 Introdução
< presente tra"al-o tem como o"3ectivo comparar a no+,o de aspecto na língua
c-eca e na língua portuguesa tendo em vista tanto a metodologia da linguística portuguesa
como a da linguística geral. < o"3ectivo fundamental consistirá na tentativa da aplica+,o da
teoria geral na investiga+,o da dita pro"lemática em linguística portuguesa. omo as
teorias da linguística geral se "aseiam no estudo profundo e na compara+,o de vários
sistemas gramaticais e fazem conclus8es gerais da compara+,o destes sistemas
gramaticais' tam"2m neste tra"al-o pretendemos introduzir e comparar as a"ordagens
variáveis do aspecto em línguas c-eca e portuguesa. * teoria "ase será a teoria portuguesa
0 (ual aumentaremos alguns aspectos das teorias (ue tra"al-am com a língua c-eca.
omo pressupomos (ue a maioria dos leitores do nosso tra"al-o tem pelo menos
os con-ecimentos "ásicos do sistema ver"al portuguAs' omitiremos as e/plica+8es de
factos "ásicos e acessíveis em todas as gramáticas portuguesas e concentrarDnosDemos
apenas em pro"lemática da aspectualidade. <postamente' supomos (ue a estrutura interna
do ver"o c-eco 2 mais complicada' motivo (ue nos levou a e/plicar alguns pormenores'
mas sempre seguindo a lin-a da pro"lemática (ue constitui o tema do presente tra"al-o.
*o longo do te/to' apresentaremos e/emplos das línguas portuguesa e c-eca.Marginalmente' para ilustrarmos a universalidade de asser+8es apresentadas e por(ue 0s
vezes n,o encontramos o e/emplo c-eco apropriado' ilustraremos as afirma+8es com
e/emplos de outras línguas eslavas. @stes e/emplos' analogamente aos e/emplos de c-eco'
ser,o sempre e/plicados e traduzidos para o portuguAs em seguida. * lista das a"revia+8es
usadas nas análises e nas defini+8es segue no pr/imo capítulo.
=o presente tra"al-o partiremos das opini8es representadas no livro )Lramática
da Híngua 1ortuguesa' da sua segunda e se/ta edi+,o. @m"ora se trate de duas edi+8es demesmo livro' estas diferem entre si. &iferem na maneira de tra"al-ar a dada pro"lemática e
tam"2m nos temas. *l2m das o"ras mencionadas seguiremos ao longo do te/to os artigos
de Mo3mír &o4ekal e 1eter !venonius' o livro )ntrodu+,o 0 linguística Leral e
1ortuguesa e a )Moderna gramática 1ortuguesa de @vanildo Bec-arra.
7
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2 Símbolos, convenções e abreviações usadas
p' (... D proposi+8es lgicas
D nega+,o lgica∼
D precede' anterior aN menor do (ue
O D sucede' posterior aN maior do (ue
∈ D pertence a
P/ D / 2 uma forma agramatical
Q/ R a gramaticalidade de / 2 incerta
t D dado intervalo de tempo
a R intervalo de tempo anterior ao tempo da enuncia+,o
e R tempo da enuncia+,o
p R intervalo de tempo posterior ao tempo da enuncia+,o
R imperfectivo
1 R perfectivo
1I@! R morfema com valor do 1resente
1@IF R morfema perfectivo
M1F R morfema imperfectivo
1!; R particípio do passado
L@I R ger>ndio
=F D infinitivo
=<M R sufi/o nominal
*&S R sufi/o ad3ectival
v R vogal temática
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=<M= R nominativo
L@= R genitivo
* R acusativo
=!; D istrumental
C
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3 Informações bsicas
*specto 2 uma característica linguística universal presente em todas as línguas do
mundo. @m geral' podemos dizer' (ue o *specto a3uda a descrever especificidades da
predica+,o do enunciado e/pressa pelo ver"o da frase' a sua perspectiva+,o ou focaliza+,o.
*s línguas usam diferentes mecanismos de produ+,o do *specto e estes processos
geralmente est,o "aseados na semJntica do ver"o' nos ;empos ver"ais' nos ad3ectivos
temporais ou at2 na natureza semJntica dos complementos ver"ais e preposi+8es. &esta
forma' o *specto final da frase pode ser composto de vários elementos gramaticais' cu3a
-ierar(uia 2 dada pelas peculiaridades de cada língua.
=o livro )ntrodu+,o 0 Hinguística Leral e portuguesa' 2' no título de todas as
línguas' acentuada a teoria de -arles Hi e seu colegas' (ue sugerem a análise de línguas
segundo as trAs categorias "ásicas: o 1erfectivo' o mperfectivo e o 1erfeito. “O Perfectivo
encara a situação como um todo, enquanto o Imperfectivo presta particular atenção à
estrutura interna de uma situação. O Perfeito, em contrapartida, é um aspecto relacional,
a sua função é relacionar eventos ou estados com um outro momento (tempo de
referência).6 =este mesmo te/to tam"2m se salienta (ue “se queremos compreender o
aspecto numa perspectiva interlin!u"stica, o importante não é a etiqueta, o nome que se d#
a uma dada cate!oria, mas sim verificar até que ponto o espaço sem$ntico que ela ocupa
numa dada l"n!ua coincide, de maneira si!nificativa, com o espaço ocupado numa
outra.# < mesmo pode ser dito do"re o seu espa+o gramatical.
&a compara+,o de sistemas gramaticais de várias línguas naturais' podemos
concluir (ue -á línguas (ue privilegiam a oposi+,o 1erfectivo / mperfectivo en(uanto (ue
outras privilegiam a oposi+,o 1erfeito / =,oD1erfeito.
1or e/emplo no Tra"e encontramos a primeira oposi+,o t,o forte (ue se e/prime por vogais diferentes' semJnticamente relevantes' dentro do le/ema' sendo o sistema
ver"al "aseado nesta oposi+,o
. *s Hínguas @slavas d,oDnos um e/emplo ainda mais específico da oposi+,o de
1erfectivo / mperfectivo R implicando os ver"os os )semas de perfectividade ou de
imperfectividade.. @m geral' os ver"os formam pares aspectuais (ue “são constru"dos
6 H1L U6%%7:9C# H1L U6%%7:9C
%
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so%re uma mesma %ase e marcados em relação um ao outro pela presença num dos dois,
ou em am%os, de afi&os derivativos.5
1or outro lado' as Hínguas LermJnicas n,o possuem' ao nível da forma ver"al'
mecanismos especiais (ue assegurem sistematicamente algum dos trAs tipos aspectuais.
@m algumas delas' como por e/emplo nas línguas sueca' dinamar(uesa ou norueguesa' 2 o
;empo (ue tem o papel mais importante na marca+,o morfolgica do ver"o. * língua
alem, possui o c-amado )1erfect marcado pela simplicidade da ac+,o e o )1raeteritum
(ue 2 o >nico tempo do passado (ue n,o apresenta nen-um valor aspectual. “O In!lês que,
como se sa%e, assenta o seu sistema em formas de Perfect e de Pro!ressive, não disp'e de
uma forma simples (como o Praeteritum alemão) de modo a esta%elecer oposiç'es no
tempo passado.
omo uma curiosidade neste ponto poderiam servir as línguas sinoDti"etanas'
como por e/emplo o -inAs' (ue apresentam um ri(uíssimo sistema aspectual. -inAs 2
uma língua isolante' o (ue significa (ue n,o disp8e de desinAncias ver"ais ou afi/os' sendo
todos os processos morfolgicos realizados atrav2s de palavras au/iliares com valor
gramático' por isso' esta língua apresenta uma enorme rigidez na ordem de palavras.
“Para além de muitas outras part"culas, que podem ter o valor de acção aca%ada,
pro!ressão, duração, totalidade etc. o inês disp'e de um sufi&o ver%al que marca uma
acção perfectiva. *ma dessas part"culas, sempre li!ada à +ltima palavra da frase, não
necessariamente um ver%o, marca, pelo menos se!undo al!uns !ram#ticos, o aspecto
perfeito.? Wm deles 2 o autor 3á mencionado' -arles Hii.
omo mostra 3á este pe(ueno n>mero de línguas' podemos apresentar uma
-ierar(uia "aseada na importJncia da oposi+,o 1erfectivo / mperfectivo. “la iria das
-"n!uas slavas às -"n!uas erm$nicas do /orte, passando pelo 0ra%e, pelo inês ...
l"n!uas s1 de lon!e se!uidas pelo In!lês e pelo 2lemão. ntre estes dois !randes !rupos
ficariam as -"n!uas 3om$nicas.7 @ neste grupo podemos encontrar o 1ortuguAs.
=o 1ortuguAs' a oposi+,o 1erfectivo / mperfectivo e/primeDse' no passado' pelo
par de tempos ver"ais 1ret2rito 1erfeito e 1ret2rito mperfeito. < primeiro destes dois
tempos 2' sem contar as e/cep+8es representadas por perífrases imperfectivizantes'
perfectivo e o segundo 2 imperfectivo' por(ue n,o marca delimita+8es da ac+,o e/pressa
5 H1L U6%%7:9% H1L U6%%7:9%? H1L U6%%7:9%7 H1L U6%%7:9%
6$
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pelo ver"o.
< seguinte e/emplo ilustra a varia+,o do *specto em portuguAs conforme
diferentes ;empos ver"ais:
U6* *na c-egou de man-,.
U#* *na c-egava de man-,.
* >nica diferen+a entre as duas frases consiste no ;empo ver"al. @n(uanto (ue na
primeira frase a predica+,o e/prime uma ac+,o >nica' a predica+,o na segunda frase
e/prime uma ac+,o repetitiva.
*nalogamente ao (ue ocorre nos tempos ver"ais' tam"2m nos adver"iais
temporais9 e/istem am"iguidades Ue/emplo segue este parágrafo' podendo o mesmo
adv2r"io figurar nas frases com diferentes valores aspectuais:
U5)O 3ui tra%alhou durante (toda) a manã.
U O 3ui ce gou durante a manã.4
@n(uanto (ue na primeira frase trataDse de uma ac+,o decorrente ao longo de toda
a man-,' na segunda frase trata se de uma ac+,o decorrida num s instante' mas o tempo
ver"al 2 igual nas am"as as frases.
1elos motivos de comple/idade de toda a pro"lemática' ilustrados nos e/emplos
antecedentes' podemos concluir (ue toda a natureza da ac+,o e/pressa pela predica+,o 2
descrita tanto pelo ;empo ver"al como pelo *specto' “as duas cate!orias não podem
distin!uir5se fundamentalmente, mas, se o 6empo é conce%ido como como uma ordenação
linear de unidades temporais at1micas (instantes) ou densas (intervalos) que se podem
suceder ou so%repor, 7# o 2specto permite olar para a sua estrutura interna
perspectivando as situaç'es a partir do seu interior, sendo portanto su%at1mico.%
Basicamente podemos dizer (ue o ;empo linguístico relaciona os diferentes
acontecimentos sendo (ue o *specto vA a sua estrutura interna.
9 1ara ver o (ue consideramos )adver"iais temporais ve3aDse o capítulo C.C LH17 U#$$5:65$% LH17 U#$$5:6#%
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! "ipologia aspectual
!#1 Aspecto vs# A$tionsart
Wma das diferencia+8es tradicionais consiste na distin+,o entre o *specto e o
*ktionsart. apresentando o *specto um conceito puramente gramatical' e/presso por
morfemas fle/ionais' e implicando o *ktionsart os semas R sememas (ue contri"uem para
toda a aspectualidade. Xs vezes o *ktionsart 2 denominado como o )aspecto le/ical.
* diferen+a entre o *specto e o *ktionsart foi introduzida no s2culo YY pelos
=eogramáticos para conseguirem captar a especificidade de diferencia+,o aspectual nas
línguas eslavas' nas (uais a leitura aspectual de ver"os Uperfectiva / imperfectiva pode serfacilmente modificada pelos afi/os6$ ver"ais sem serem afectados os tempos gramaticais.
@m portuguAs podemos e/primir uma informa+,o aspectual muito semel-ante
atrav2s de vários mecanismos' como mostram os seguintes e/emplos:
U6 * *na lA livros de autores alem,es.
U# * *na lia livros de autores alem,es.
U5 * *na costuma ler livros de autores alem,es.
U * *na leu livros de autores alem,es ao longo de muitos anos.
=as primeiras duas frases' a -a"itualidade resulta de tempos ver"ais' na terceira
de uso de locu+,o ver"al costumar de 8 9 e na >ltima de uso do adver"ial ao lon!o de
muitos anos. =estes (uatro frases anteriores' o valor aspectual 2 dado pela da natureza
semJntica das e/press8es usadas' mas para al2m desse mecanismo podemos e/primir o
*specto atrav2s de afi/os carregados tam"2m de informa+,o aspectual Uo (ue acontece nas
línguas eslavas' pelas constru+8es com au/iliares e semiDau/iliares Utem lido' come+ou aler' está a ler e pela estrutura dos argumentos do ver"o.
* pro"lemática de aktionsart será desenvolvida mais pormenorizadamente no
capítulo (ue tratará das especificidades do aspecto c-eco.
6$ *fi/os s,o os morfemas aditivos (ue fazem parte de estrutura morfolgica de palavras. “/o portu!uês,
os afi&os dispon"veis são prefi&os, quando ocorrem na periferia esquerda da forma de %ase, e sufi&os,quando se encontram à direita da forma de %ase. ULH17 U#$$5:%6
6#
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!#2 "ipologia bsica de aspecto
* primeira diferen+a consiste na distin+,o entre eventos e estados. * no+,o do
evento representa as situa+8es (ue s,o dinJmicas e a no+,o do estado as (ue n,o o s,o.
@ste tra+o de dinamicidade implica (ue “pelo menos uma das entidades envolvidas reali:a
ou sofre um dado ;fa:er< (de nature:a f"sica, fisiol1!ica ou ps"quica), mudando
eventualmente de lu!ar.66
<s eventos divergem em eventos télicos e eventos atélicos. <s t2licos tendem para
um fim e os at2licos n,o. Zá um teste simples para verificar' se se trata de um evento t2lico
ou at2lico. <s t2licos podem ser com"inados com adver"ial em & tempo e os at2licos com
o adver"ial durante & tempo.
U? * *na c-egou de Berlim em trAs -oras. D t2lico
U7 * *na esteve em Berlim durante dois anos. D at2lico
<s eventos t2licos divergem em processos culminados e culminaç'es, cu3a
diferen+a 2 determinada pela dura+,o da situa+,o. <s processos culminados tAm dura+,o
“ra:oavelmente lon!a6# e a dura+,o de culmina+8es 2 “muito %reve (ou nenuma)65.
<utra característica do processo culminado 2 a sua comple/idade' por(ue este 2 composto
de 6. processo' #. sua culmina+,o e 5. o estado resultante. Ve3aDse a seguinte frase:
U9 * *na escreveu uma pe+a teatral
@sta cont2m 6. o processo de )a *na escrever uma pe+a teatral' #. uma
culmina+,o de )a *na aca"ar de escrever uma pe+a teatral e 5. um estado resultante )Zá
uma pe+a teatral escrita pela *na.
< segundo tipo de eventos' os eventos at2licos' 2 tam"2m denominado como
) processo e podemos definiDlo como “evento com duração em que cada porção dessa
actividade é o mesmo tipo que a actividade em si. ... um processo é não delimitado pornature:a e tam%ém omo!éneo.6
< >ltimo tipo aspectual a considerar s,o os pontos, (ue s,o caracterizados pelo
facto de serem temporalmente indivisíveis em partes e n,o admitirem nen-um estado
resultante. =este caso as (uest8es de telicidade n,o s,o relevantes e n,o fazem parte da
66 LH17 U#$$5:6%66# LH17 U#$$5:6565 LH17 U#$$5:656 LH17 U#$$5:65?
65
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defini+,o.
* diferen+a entre os pontos e as culmina+8es leva tam"2m a conse(uAncias outras
(ue a simples diferencia+,o semJntica de ver"os. ;anto os pontos como as culmina+8es'
(uando postos na locu+,o ver"al progressiva estar 8 9 ' d,o origem a valores aspectuais
diferentes.
*s culmina+8es podem ser transformadas nos processos devido a perda de ponto
final e de estado resultante' e por isso podemos caracterizar a frase
UC “le est# a morrer.6?
como um processo apesar de o ver"o )morrer ser uma culmina+,o.
1or outro lado' como os pontos n,o apresentam nen-uma dura+,o ou ponto final
(ue poderiam perder' uma vez (ue postos na locu+,o ver"al estar 8 9 gan-aremos frases
com leitura de iteratividade em vez de processos. 1ara ilustráDlo ve3amos a frase seguinte:
U% “le est# a espirrar.=>
Wm dos aspectos semel-antes aos eventos s,o os estados le/icais. @stes “têm al!o em
comum com os processos, pois são tam%ém atélicos, não delimitados por nature:a e
omo!éneos “=? mas distin!uem5se dos processos por não serem din$micos.6C <utra
diferen+a entre os estados e processos 2 a de os estados n,o admitirem nen-um intervalo nadura+,o opostamente aos processos (ue o admitem' o (ue 2 facilmente visível nas
seguintes frases.
U6$ * *na escreveu a sua tese um ano inteiro.
U66 * *na esteve na *leman-a um ano inteiro.
@n(uanto a primeira frase n,o significa (ue a *na passou um ano inteiro sentada 0
mesa' a escrever' a segunda frase significa (ue ela passou um ano inteiro dentro das
fronteiras da *leman-a e nunca' ao longo da(uele ano' dei/ou o país.
<s estados s,o divididos em' pelo menos' duas su"categorias (ue s,o os estados
fase#veis e os estados não fase#veis. !egue um teste simples' (ue nos a3udará a interpretar
a natureza de cada um dos estados. <s estados faseáveis podem ocorrer em constru+8es
progressivas e os n,o faseáveis n,o o podem' o (ue ilustraDse pelos seguintes e/emplos.
6? LH17 U#$$5:65?67 LH17 U#$$5:65?69 LH17 U#$$5:6576C LH17 U#$$5:657
6
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U6#
U6#.6 * *na 2 simpática.
U6#.# * *na está a ser simpática.
U6#.5 * *na vive em Berlim.
U6#. * *na está a viver em Berlim.
U6#.? * *na 2 3ovem.
U6#.7 P* *na está a ser 3ovem.
U6#.9 * *na 2 feliz.
U6#.C P* *na está a estar feliz.
*l2m destes dois tipos "ásicos de estados Uos faseáveis e os n,oDfaseáveis
e/istem ainda outros' derivados' (ue s,o atri"uídos por outros constituintes frásicos. *
pro"lemática da atri"ui+,o de leituras aspectuais possíveis e de valores aspectuais variáveis
por constituintes frásicos será a"ordada nos seguintes capítulos deste tra"al-o.
* ta"ela seguinte apresenta o resumo dos tipos aspectuais "ásicos com as suas
características.
&inJmico ;2lico &ura+,o @stadoonse(uente
Zomog2neo@ v e n t o s
*t2licos 1rocessos G D G D G
;2licos 1rocessosculminados
G G G G D
ulmina+8es G G D G D@ s t a d o s
Faseáveis D D G D G
=,o
faseáveis
D D G D G
1ontos G UD D D D
6?
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!#3 %utras definições de telicidade
Vimos (ue os eventos s,o divididos em eventos t2licos e at2licos e dissemos (ue
os t2licos tendem para um fim en(uanto (ue os at2licos n,o. @/istem' por2m' outras
possi"ilidades de definir a diferen+a entre os predicados t2licos e at2licos.
* telicidade n,o se o"serva somente no domínio de tipos aspectuais' mas tam"2m
no domínio de vários elementos frásicos (ue contri"uem para a leitura aspectual final de
frase. Udos complementos ver"ais' de preposi+8es e sintagmas preposicionais como
veremos mais adiante.
1ara interpretar correctamente a natureza semJntica de um predicado' será >til
distinguir entre os ) predicados cumulativos U-omog2neos e ) predicados quantificados=@
< conceito destes dois tipos de predicados ilustraremos no domínio dos nomes' (ueatri"uem para a leitura aspectual (uando figuram como argumentos ver"ais.
<s )predicados cumulativos s,o os predicados (ue' caso se3am válidos para o
indivíduo / e ao mesmo tempo para o indivíduo y' necessariamente valem para a suma de /
e y. 1aralelamente' o predicado cumulativo tem de valer para pelo menos dois indivíduos.
omo e/emplo de predicados cumulativos podem servirDnos os nomes massivos#$' meros
plurais e nomes n,o contáveis' por(ue vemos (ue' se o / for o c# e o y for tam"2m o c#'
ent,o a suma de / e y será com certeza o c#.
<s )predicados (uantificados s,o os predicados (ue' caso se3am válidos para
dois indivíduos / e y' o y n,o pode fazer parte de /. 1or isso' no grupo dos )predicados
(uantificados encontramos os plurais (uantificados Uduas ma+,s' os nomes massivos e
n,o contáveis determinados (uantificados Uum litro de c-á e nomes contáveis' por(ue
nen-uma parte destes indivíduos n,o pode ser idAntica ao indivíduo em si.
Wma d>vida (ue poderá surgir e contrariar esta divis,o consiste no encai/amento
de classifica+,o de nomes massivos c-ás' dois c-ás' leite / dois leites..... omo o c#
pertence aos nomes massivos' cu3a defini+,o diz (ue n,o podem designar partes singulares
de o"3ectos' vemos (ue o predicado c#s apresenta uma anomalia. =o entanto este
fenmeno n,o 2 t,o difícil de e/plicar' por(ue os c#s e/primem o significado le/ical de
[certos volumes de c#[ e 3á estamos perante o )predicado (uantificado.
<s )predicados cumulativos podem ser facilmente transformados em )predicados
6% Kumulativní U-omogenní a kvantizovan2 predikáty. &o4ekal U#$$C tradu+,o prpria#$ )estes nomes n,o podem designar partes singulares de o"3ectos ULH17 #$$5:#6%
67
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(uantificados pela adi+,o de determina+,o. *ssim facilmente tornaremos o nome
massivo o c# Upredicado cumulativo no predicado (uantificado uma &"cara de c#' ou no
predicado (uantificado os c#s.
;endo feito esta diferencia+,o' faltaDnos e/plicar a a rela+,o e/istente entre a
cumulatividade e a telicidade (ue 2 a seguinte: os predicados cumulativos s,o t2licos e os
predicados (uantificados s,o at2licos.
lustraremos esta rela+,o aplicando a cumulatividade para a divis,o de tipos
aspectuais apresentada acima. =o campo de eventos' os predicados at2licos s,o
representados pelos processos e vale (ue se o predicado / 2 correr e o predicado y 2
tam"2m correr a suma de / e y 2 igualmente correr. *nalogamente podemos dizer (ue o
processo de correr 2 composto de pelo menos dois processos su"ordinados (ue s,o iguais 0
sua suma Ucorrer 8 correr8... A correr).
=o domínio de eventos at2licos temos os processos culminados Uler o 7ornal e
culmina+8es U !anar a corrida e podemos dizer (ue caso o predicado / se3a ler o 7ornal
ou !anar a corrida e o predicado y se3a tam"2m ler o 7ornal ou !anar a corrida' estes
predicados nunca podem fazer parte um de outro. =este caso um todo n,o pode ser
composto pelas partes iguais ao todo Uler livro G ler livro \ ler dois livros e n,o ler livro.
&issemos (ue os eventos t2licos tendem para um fim#6
e esta afirma+,o n,o secontradiz a teoria de cumulatividade' mas am"as estas concep+8es de telicidade podem
integrarDse uma noutra atrav2s de no+,o de =>cleo *spectual. * e/plica+,o está na parte
seguinte deste capítulo.
!#! &'cleo aspectual
Wm conceito (ue contri"ui para uma mel-or descri+,o da aspectualidade e para
relacionar os dois conceitos de telicidade Uo de cumulatividade com o primeiro (ue diz (ueo evento t2lico tende para um fim en(uanto (ue o at2lico n,o 2 a no+,o do =>cleo
*spectual (ue 2 “constitu"do por processo preparat1rio, culminação e estado
consequente, que a se!uir se representaB
#6 apítulo .5 deste tra"al-o
69
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Processo preparat1rio stado consequente
CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC D CCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCCC
ulminação##
* maior vantagem da possi"ilidade de descrever a aspectualidade dos predicados
atrav2s do =>cleo *spectual consiste numa mel-or perspectiva+,o das suas partes
individuais. *ssim podemos dizer (ue o =>cleo *spectual dos processos contAm apenas o
processo preparatrio' os pontos contAm apenas a culmina+,o e os processos culminados
apresentam todas as trAs partes do =>cleo.#5
@ como se relaciona o =>cleo com a pro"lemática da telicidadeQ &issemos (ue os
eventos t2licos' e tam"2m os predicados t2licos tendem para um fim e o =>cleo *spectual
ofereceDnos a concretiza+,o desta vaga no+,o de fim. 1ensamos (ue a culmina+,o do
=>cleo pode ser comparada com este fim.
<"servando o =>cleo *spectual podemos tam"2m concluir (ue podemos
relacionáDlo com os )predicados cumulativos e )predicados (uantificados' por(ue os
predicados cu3o =>cleo *spectual n,o contAm a culmina+,o e estado conse(uente s,o os
)predicados cumulativos e os predicados cu3o =>cleo *spectual contem a culmina+,o s,o
os )predicados (uantificados. @sta culmina+,o 2 a causa de (ue 2 impossível fazer suma
dos predicados (ue a contAm.
Ve3aDse o seguinte e/emplo (ue poderia ilustrar a possi"ilidade da síntese de
conceitos da cumulatividade e do =>cleo *spectual:
U65 * *na leu o livro. D processo culminado' )predicado (uantificado
U6 * *na esteve doente. D estado2!, )predicado cumulativo
=a primeira frase estamos perante um processo culminado' por(ue o =>cleo
*spectual deste predicado ofereceDnos todas as suas trAs partes: o processo preparatrio' a
culmina+,o e o estado conse(uente. *o mesmo tempo vale (ue se um predicado for ler o
livro nen-uma parte deste predicado 2 igual ao todo do predicado' o (ue 2 característica de
## LH17 U#$$5:65C#5 Mesmo (ue algumas partes do =>cleo *spectual n,o este3am presentes' num predicado' continuamos a
c-amáDlo o =>cleo *spectual.# =este caso n,o se trata de processo culminado por(ue 6. o predicado n,o implica um estado resultante e
#. n,o tende para um fim U2 at2lico. * segunda característica prov2m do facto de o 1ret2rito 1erfeito!imples portuguAs ser apenas terminativo e n,o perfectivo. UVe3aDse o capítulo 7.#.6
6C
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)predicados (uantificados.
=a segunda frase estamos perante um estado' por(ue o =>cleo *spectual deste
predicado n,o dinJmico n,o cont2m a culmina+,o e analogamente vale (ue cada parte do
predicado estava doente 2 igual ao seu todo Uestava doente G estava doente \ estava
doente.
!#( )specificidades do aspecto portugu*s
1ara descrever a pro"lemática do *specto em todos os seus pormenores
precisaremos de e/plica+,o dos valores aspectuais oferecida na segunda edi+,o da
)Lramática da língua 1ortuguesa ULH1#. 1or isso come+aremos com a defini+,o do
*specto da LH1# e desenvolveremos a teoria de maneira (ue possamos tratar de valores
aspectuais do ver"o na língua portuguesa..
* &efini+,o do *specto segundo a LH1# 2 a seguinte:
“...cate!oria que e&prime o modo de ser interno de um estado de coisas descrito
através de e&press'es de uma l"n!ua natural,
Ui por selecção de um predicador pertencente a uma dada classeE
Uii por quantificação do intervalo de tempo em que o estado de coisas
descrito est# locali:ado, eFou
Uiii por referência à fronteira inicial ou final desse intervalo, ou a intervalos
ad7acentesGHG>
=a teoria apresentada em dita o"ra' a distin+,o entre os predicadores estativos e
não estativos consiste na presen+a dos semas da dinamicidade tendo os estativos tra+o ]D
&=^M<_ e os n,o estativos o ]G &=^M<_. omo nas frases imperativas podem
ocorrer apenas os predicadores n,o estativos' usamDse as ordens como teste para decidir seo predicado 2 estativo ou n,o estativo.
Ve3amos os seguintes e/emplos para a ilustra+,o:
U6? )@screve lá`
U67 P@stá deitado`#9
#? ntervalos ad3acentes s,o definidos como “intervalos de tempo imediatamente anteriores e imediatamente posteriores a o intervalo de tempo relevante. ULH1# 6%C%:%$
#7 LH1# U6%C%:%$#9 LH17 U#$$5:6%6
6%
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=a classe de n,o estativos distinguemDse ainda as duas su"classes seguintes: a de
predicadores de processo e a de predicadores de evento. 1ara a compara+,o com a teoria
moderna e para aplica+,o das teorias mais antigas na distri"ui+,o moderna de tipos
aspectuais' apresentaremos a tipologia de estados de coisas proposta na segunda edi+,o da
)Lramática da Híngua 1ortuguesa e' em seguida' e/plicaremos a rela+,o de sistema antigocom o mais novo para podermos depois adaptar as defini+8es antigas 0s teorias modernas.
1recisamos desta opera+,o para a seguinte e/plica+,o de valores aspectuais.
<"servando a seguinte tipologia antiga#C de estados de coisas' 2 importante
enfatizar a rela+,o dos estados' processos e eventos e na sua posi+,o no sistema.
ontrolado
G&inJmico D @stados 1osi+8es
G ventos Processos
*c+8es*ctividades
omo podemos ver' na categoria de ]G &=^M<_ encontramos duas entidades
diferentes' sendo uma delas o processo e a segunda o evento' e na teoria moderna
encontramos o evento como um termo superior (ue 2 distinguido' segundo a telicidade' em
duas su"categorias R os processos at2licos e os processos culminados e culmina+8es'
am"os t2licos#%.
ventos *t2licos Processos
;2licos 1rocessos culminadosulmina+8es
omparando as duas diferencia+8es' podemos concluir (ue 2 possível transformar
a classifica+,o mais antiga na mais moderna e conse(uentemente aplicar as teorias da
antiga classifica+,o para as tipologias actuais.
1ara os fins da transforma+,o' definamos os termos usados. omo o termo
)evento passou a ser uma caracteriza+,o geral de tipos aspectuais dinJmicos e tam"2m
um termo superior ao processo' e foi adiada a diferencia+,o segundo a dura+,o Uprocesso
#C LH1# U6%C%#% * seguinte ta"ela apresenta um ental-e da ta"ela do capítulo .#.
#$
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culminado / culmina+,o podemos concluir (ue o sentido do antigo termo )evento pode
ser modificado em seguintes no+8es' apresentadas na teoria moderna: a de processo
culminado ou a de culmina+,o Ua diferen+a consiste na dura+,o da ac+,o. Ve3aDse as
seguintes frases:
U69 “2 2na escreveu um romance.
U6C O vento partiu o vidro da 7anela5$
@stas frases s,o' na segunda edi+,o da )Lramática da Híngua 1ortuguesa'
caracterizadas como eventos' mas segundo a nossa teoria moderna podem ser
caracterizadas como processo culminado Uno caso da primeira frase (ue apresenta uma
certa dura+,o' estado resultante e telicidade e culmina+,o Uapresenta estado resultante e
telicidade' mas n,o a dura+,o.nfiraDse com "ase de todos estes factores (ue 2 possível“a caracteri:ação de um
ver%o como estativo ou não estativo, e, dentro da classe dos não estativos, como ver%o que
e&prime processos, processos culminados, culminaç'es ou pontos56.
!#(#1 +alor aspectual pontual
@ste valor 2 tra+o característico dos enunciados (ue descrevem processos
culminados e culmina+8es (ue apresentam alguma rela+,o para com a dura+,o doacontecimento descrito. @ntre os valores aspectuais pertencem os seguintes valores:
!#(#1#1 +alor aspectual incoativo - p " p.∼
<corre em situa+8es em (ue -á “passa!em de um dado estado ( p) para outro∼
estado (p)5#. Leralmente 2 representado pelos ver"os incoativos como por e/emplo
tornar D se, anoitecer e virar entre outros.
!#(#1#1 +alor aspectual causativo -ou resultativo. -/ causa - p "∼
p..
<corre em situa+8es em (ue “uma dada entidade & determina a passa!em de uma
entidade de um estado ( p) para outro estado (p).∼55 Leralmente 2 e/presso pelos
5$ LH1# U6%C%:5C56 LH17 U#$$5:6%55# LH1# U6%C%:%955 LH1# U6%C%:%9
#6
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ver"os causativos.
!#(#1#1 +alor aspectual inceptivo - p 0p∼ .
<corre em situa+8es em (ue “estado de coisas (p) locali:ado num dado I t e
diferente do que ocorrera no I tJ anterior ad7acente a I t ( p∼ ) é apresentado como começado
a ocorrer em I t .5 @ntre os ver"os (ue apresentam este valor aspectual contamDse' por
e/emplo' o começar, partir, iniciar e outros' (ue em si e/primem o come+o de um estado
novo.
!#(#1#1 +alor aspectual conclusivo -p p∼ .
<corre em situa+8es em (ue “um estado de coisas (p) locali:ado num dado I t e
diferente do que ocorrer# no I tJ
posterior ad7acente a I t (Kp) é apresentado de ponto de
vista do termo da sua ocorrência em I t .5? @ntre ver"os (ue apresentam este valor
pertencem ver"os como aca%ar, concluir, ce!ar e outros (ue em si e/primem fim de uma
ac+,o.
!#(#1#1 +alor aspectual cessativo -p T p∼ .
<corre em situa+8es em (ue -á “passa!em de um estado de coisas (p) que
ocorrera no I tJ anterior ad7acente a I t para outro estado (Kp) que não ocorre em I t .57 @ste
valor aspectual apresentam as constru+8es como dei&ar de I/L e 7# não p em (ue p ten-a
um valor aspectual fre(uentativo ou -a"itual.
!#(#2 +alor aspectual durativo
@ste valor pode ser encontrado nos enunciados (ue s,o caracterizados comoestados e processos e apresenta as seguintes formas:
!#(#2#1 +alor aspectual cursivo -### p ###.
Ocorre em situaç'es em que “um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t , é
5 LH1# U6%C%:%95? LH1# U6%C%:%957 LH1# U6%C%:%9
##
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apresentado como estando em curso em I t .M? Wm típico e/emplo deste valor aspectual
s,o as constru+8es estar a I/L .
!#(#2#1 +alor aspectual permansivo -p " p.
<corre em situa+8es em (ue “um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t ,
ocorrera tam%ém no I tJ anterior ad7acente a I
t .M4 <s ver"os (ue aparecem nestas
constru+8es s,o por e/emplo manter, conservar, continuar a I/L e muitos outros' (ue em
si contAm a informa+,o de permanAncia da ac+,o e/pressa pelo enunciado.
!#(#2#1 +alor aspectual iterativo -0p## p## p## ])
<corre em situa+8es em (ue “um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t ,ocorre n ve:es nesse I
t.“5%. Wm típico e/emplo desse valor aspectual apresentam os ver"os
com sufi/o 5itar (dormitar).
!#(#2#1 +alor aspectual fre4uentativo - pn em Item 4ue n=n'mero
significativo de ocorr*ncias.
<corre em situa+8es em (ue )um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t ,
ocorre um n+mero si!nificativo de ve:es em I t e em intervalos anteriores a I
t .N Para
estas constru+8es 2 típico o uso do tempo presente e e/press,o adver"ial fre(uentativa'
como por e/emplo muitas ve:es' com frequência e outros.
!#(#2#1 +alor aspectual habitual -a propriedade e/pressa por p 5
característica do individual / em It.
<corre em situa+8es em (ue “ um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t ,
ocorre em I t em intervalos ad7acentes a I
t e, presumivelmente, em intervalos posteriores
ad7acentes a I t , sendo apresentado como um comportamento ou caracter"stica a%itual de
um dos participantes no estado de coisas descrito, nos intervalos em questão.6
59 LH1# U6%C%:%95C LH1# U6%C%:%95% LH1# U6%C%:%9$ LH1# U6%C%:%96 LH1# U6%C%:%C
#5
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Leralmente' este valor aspectual 2 e/primido pelo tempo presente simples' e tam"2m pelas
constru+8es costumar I/L ' ser a%itual e outros.
!#(#2#1 +alor aspectual gn6mico -ou universal. -∀ It , p ocorre em
It.
<corre em situa+8es em (ue “um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t ,
ocorre em todos os su%intervalos de I t E na versão e&trema, um estado de coisas (p) ocorre
em todos os su%intervalos de I a , I e e I p .NG Wm e/emplo de enunciados com este valor
aspectual pode ser a(uele (ue contem o presente simples 3unto com adver"iais como
sempre, ou (uantificadores como todos os, todas as.
!#(#3 +alor aspectual acabado7inacabado
@stes valores aspectuais diferem entre si e tomam em conta o facto de a ac+,o
e/pressa pelo ver"o ser ainda em curso ou n,o.
!#(#3#1 +alor aspectual acabado
“2 descrição de um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t
, tem como ponto
de referência a fronteira final de I t.5 Wm típico e/emplo s,o os enunciados no pret2rito
prefeito com adver"iais 7# e 7# não.
!#(#3#1 +alor aspectual inacabado
“2 descrição de um estado de coisas (p), locali:ado num dado I t , tem como ponto
de referência um mt , interno a It “.NN omo representantes deste valor aspectual servem
tipicamente os tempos passado imperfeito e pretérito perfeito composto' "em como os
adver"iais ainda e ainda não.
# LH1# U6%C%:%C5 LH1# U6%C%:%C LH1# U6%C%:%C
#
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!#8 "ipologia aspectual de verbos
* tipologia aspectual de ver"os inclui tanto diferencia+,o em estados' processos'
processos culminados' culmina+8es e pontos' como a no+,o de estrutura argumental de
ver"o. 1ara podermos prosseguir nesta tipologia temos primeiro de esclarecer a no+,o de
ar!umento.
!#8#1 Argumentos verbais
<s argumentos fazem' 3unto com os predicadores' a parte de predica+,o e esta n,o
a"range apenas a rela+,o entre o su3eito e predicado da ora+,o' mas 2 tam"2m esta"elecida
entre um n>cleo le/ical e os seus argumentos?.
< argumento 2 um complemento o"rigatrio de certas palavras na frase. * suafun+,o pode ser ilustrada na seguinte frase' na (ual os diferentes argumentos est,o
separados pelas parAntesis rectas:
U6% ]* *na_ emprestou ]o livro_ ]ao 1edro_.
aso ns tirarmos (ual(uer um dos argumentos Upor e/emplo o livro' gan-amos
uma frase incompleta' agramatical
U#$ P]* *na_ emprestou ]ao 1edro_.
por(ue' no momento da enuncia+,o' com certeza ocorreDnos a pergunta O que é
que emprestou ao Pedro .
!,o estes os complementos o"rigatrios (ue fazem parte de dada )estrutura
ar!umental ou !rela tem#ticaN> de palavras predicativas' mas estas n,o s,o s os ver"os'
pois podem ser encontradas no domínio dos nomes' dos ad3ectivos' das preposi+8es e at2
dos adv2r"ios.
=este ponto' temos de salientar a diferen+a entre os argumentos e os ad7untos, (ue
“fa:em parte da interpretação situacional, mas não dependem de nenum item le&ical
presente na frase9 o (ue acontece com e/press8es temporais e espaciais como as
? onsideramos importante salientar a diferen+a entre as duas concep+8es diferentes de [predicado[. < primeiro conceito refereDse ao predicado sintáctico (ue e/iste em fun+,o de su3eito no domínio da ora+,o.< segundo caso em (ue encontramos a palavra [predicado[ refere a ideia de predicado' predicador ou
palavra predicativa D )qualquer palavra que tena ar!umentos, lu!ares va:ios ou valência pr1priaULH17 #$$5:6C5.
7 LH17 U#$$5:6C59 LH17 U#$$5:6C
#?
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e/press8es su"lin-adas em
U#6 ]* *na_ emprestou ]o livro_ ]ao 1edro_ ]ontem_ ]na escola_.
<s argumentos s,o divididos em trAs tipos. <s primeiros s,o os verdadeiros
ar!umentos cu3a presen+a na frase 2 e/igida pelos processos de sinta/e. < segundo tipo s,o
os ar!umentos por defeito cu3a presen+a 3á n,o 2 o"rigatria e seu significado participa no
significado do ver"o como em
U## * *na pintou as un-as ]em "ranco_.
< terceiro tipo s,o os ar!umentos de som%raN4 e estes tam"2m n,o s,o
o"rigatrios e s,o “semanticamente incorporados na palavra predicativa, mas podem
aparecer autonomi:ados.%
U#5 “ovia Quma cova miudinaR.
U# 2 v"tima corou Ql#!rimas de raivaR.?$
1ara podermos avaliar a estrutura argumental de um ver"o' temos de respeitar os
seguintes trAs pontos de vista. !e n,o o fizermos' gan-aremos sempre uma frase
sintacticamente incorrecta e' por isso' tam"2m agramatical.
< primeiro factor a considerar 2 o n>mero de verdadeiros argumentos e/igidos
pelo ver"o' por(ue' segundo este crit2rio' e/istem os seguintes tipos de ver"os
– ver"os com zero argumentos
;rataDse de ver"os meteorolgicos como cover, nevar e perífrases meteorolgicas
perifrásticas como fa:erFestar frio.
– ver"os de um argumento Upredicados unários
=a tradi+,o gramatical lusoD"rasileira' trataDse de ver"os intransitivos' nos (uais
encontramos dois tipos de ver"os R os inergativos verdadeiros intransitivos como cantar,correr, tossir e inacusativos como dormir, nascer e desmaiar. * diferen+a entre estes dois
tipos de ver"os "aseiaDse no “facto de o ar!umento dos ver%os iner!ativos ter
propriedades t"picas de su7eito, enquanto o ar!umento dos inacusativos e&i%ir tanto
propriedades de o%7ecto directo como de su7eito.?6
C LH17 U#$$5:6C% LH17 U#$$5:6C?$ LH17 U#$$5:6C??6 LH17 U#$$5:5$$D5$6
#7
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– ver"os com dois argumentos Upredicados "inários
=esta categoria encontramDse os ver"os transitivos como a%rir, escrever e di:er.
– ver"os com trAs argumentos Upredicados ternários
=este caso' trataDse de ver"os ditrasnsitivos como emprestar, persuadir e colocar.
< segundo factor a considerar 2 “a reali:ação cate!orial que o ver%o especifica
para cada um dos seus ar!umentos.?# !e o ver"o re(uer um sintagma preposicional' n,o
podemos usar um sintagma nominal' como ilustra o seguinte e/emplo:
U#? ]!=
< So,o_ acredita ]!1
em fantasmas_.
U#7 P]!=
< So,o_ acredita ]!=
fantasmas_.
< terceiro e >ltimo aspecto 2 o papel temáticopapel semJntico dos argumentos
seleccionados pelo ver"o. <s papeis temáticos "ásicos s,o *gente' Fonte' @/perienciador'
Hocativo' *lvo e ;ema?5 e n,o podem ser trocados entre si' por(ue desta maneira
o"teríamos uma frase agramatical.
U#9 ]!=
* trovoada_ espantou ]!=
as meninas_.
2s meninas apresentam papel temático de @/perienciador (ue “é a sede
psicol1!ica... de uma dada propriedade? o (ue a porta, de frase seguinte' n,o pode ser.
U#C P]!=
* trovoada_ espantou ]!=
a porta_.
!#8#2 &ature9a aspectual de verbos e a sua estrutura argumental
!#8#2#1 )stados e verbos estativos
* constru+,o das frases estativas apresenta uma grande variedade sendo possívelencontrar nelas tanto os predicados unários como os predicados "inários' ver"os
transitivos' intransitivos' copulativos e at2 o ver"o impessoal aver . Muitas constru+8es
estativas “são inacusativas ou, pelo menos, têm al!uns traços de inacusatividade.??
!egundo a LH1?7 <s estados podem e/primirDse por meio das seguintes
?# LH17 U#$$5:6C7?5 Mais so"re a temática de papeis temáticos em LH17 U#$$5:6CCD6%$? LH17 U#$$5:6C%?? LH17 U#$$5:6%??7 LH17 U#$$5:6%D6%?
#9
7/23/2019 Noções de Aspecto Na Língua Tcheca e Portuguesa - Veronika Ženatá
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su"classes de ver"os:
6. ver"os e/istenciais como aver, e&istir e ser Uno sentido e/istencial. @stes
ver"os s,o unários e seleccionam o argumento ;ema?9.
U#% ]<s lo"isomens_;ema
n,o e/istem.
#. ver"os locativos de dois lugares (ue seleccionam os argumentos ;ema e
Hocativo?C. =esta su"classe s,o incluídos tam"2m os ver"os de posse cu3o argumento (ue
designa o possuidor pode encararDse como um Hocativo no sentido a"stracto.
U5$
U5$.6 ]* *na_;ema
mora ]em Berlim_Hocativo.
U5$.# ]* *na_;ema tem ]uma grande "i"lioteca_Hocativo.
5. ver"os "inários aos (uais pertencem os ver"os epist2micos como sa%er ' os
ver"os perceptivos como ver ' e os ver"os psicolgicos n,o causativos como !ostar e
selecciona os argumentos @/perienciador e ;ema.
U56
U56.6 ]* *na_@/perienciador
sa"e ]alem,o_;ema
.
U56.# ]* *na_@/perienciador
n,o viu ]a sua amiga_;ema.
U56.5 ]* *na_@/perienciador
gosta de ]vin-o_;ema.
. ver"os copulativos (ue tam"2m podem ser considerados predicados unários.
U5# “QO PedroR;ema
é dono de uma coudelaria de cavalos -usitanos.?%
!#8#2#2 :rocessos e verbos de processo
@/primem processos7$' geralmente' os ver"os meteorolgicos' ver"os inergativos
de actividade física e ver"os de movimento. *s modifica+8es adver"iais' marcadas em
itálico' tam"2m contri"uem para a e/press,o de processos.
?9 ;ema designa “a entidade que muda de lu!ar, de posse ou de estado, em frases que descrevem situaç'esdin$micasULH17 U#$$5:6%$.
?C Hocativo e/prime “a locali:ação espacial de uma dada entidadeULH17 U#$$5:6C%.?% LH17 U#$$5:6%?7$ 1ara relem"rar o (ue e/actamente s,o os processos dizemos (ue estes diferem de processos culminados e
culmina+8es por serem at2licos e n,o apresentarem nen-um estado conse(uente.
#C
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U55
U55.6 Ielampe3ou toda a noite.
U55.# * *na c-orou oras.
U55.5 * *na correu toda a manã.
Zá processos nos (uais podemos encontrar os ver"os transitivos caso se3am
respeitadas as seguintes condi+8es: “a incorporação do o%7ecto Ucomo em U59.6 e
“plurais simples U59.# ou massivos U59.5 como o%7ectos.76
U5
U5.6 “le 7# comeu.
U5.# 2 3ita pinta QquadrosR.
U5.5 2 3ita %e%e Q#!uaR quando tem sede.7#
!#8#2#3 :rocessos culminados e verbos de processos culminados
“São tipicamente ver%os de processo culminado ver%os %in#rios ou tern#rios, de
tipo causativo ou a!entivo, !eralmente num tempo do passado que contri%ua para a
leitura de perfectividade, e em que o ar!umento interno, com a relação de 6ema ou outra,
e&prime o resultado ou a entidade criada ou afectada pelo processo.75
U5? * *na comprou o livro.
!#8#2#! ;ulminações e verbos de culminações
;ipicamente processuais s,o os “predicados un#rios de movimento, de
aparecimnto ou desaparecimento em cena, de mudança de estado.7 omo e/emplos
destes predicados podem servirDnos os seguintes ver"os: ce!ar, sair, nascer, morrer,
falecer ' murcar, ene!recer e re7uvenescer . =este caso' geralmente' trataDse de ver"os
inacusativos e o argumento e/terno seleccionado 2 com fre(uAncia o ;ema.
U57 ]* *na_;ema
c-egou ao emprego.
76 LH17 U#$$5:6%77# LH17 U#$$5:6%775 LH17 U#$$5:6%77 LH17 U#$$5:6%7
#%
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Zá ver"os "inários com um argumento e/terno *gente7? ou Fonte77 e um
argumento interno ;ema (ue e/primem processos culminados e (ue' (uando o argumento
;ema seleccionaDse para o su3eito' passam a ter uma leitura de culmina+,o o (ue 2 ilustrado
pelas seguintes duas frases.
U59
U59.6 )]< vento_Fonnte
partiu ]a 3anela_;ema
)79 D processo culminado
U59.# ]* 3anela_;ema
partiuDse.)7C D culmina+,o
1ara um falante c-eco pode ser pro"lemático perce"er a diferen+a e por isso
apresentamos a seguinte situa+,o:
Zá muito vento e uma 3anela da casa n,o está fec-ada. <s sopros do vento a"reme fec-am a 3anela a"re com muita for+a e passados alguns minutos parteDse o vidro da
3anela. * frase U59.6 descreve toda esta situa+,o e por isso apresenta uma dura+,o'
en(uanto (ue a frase U59.# apresenta apenas o momento em (ue a 3anela se partiu e por
isso' como n,o apresenta nen-uma dura+,o' estamos perante um ponto.
“I!ualmente se inserem na classe dos ver%os que e&primem culminaç'es al!uns
predicadores %in#rios ou mesmo tern#rios, com um 2!ente ou uma Lonte como ar!umento
e&terno e um 6ema como ar!umento interno, mas que, pelo seu si!nificado le&ical,denotam um processo pontual, como !anar (a corrida), conse!uir (o prémio), pedir
(al!o), desco%rir (a solução).7%
U5C ]* *na_Fonte
desco"riu ]a solu+,o do pro"lema_;ema .
!#8#2#( :ontos e verbos pontuais
< valor aspectual de pontos e/primeDse tipicamente pelos ver"os unários com um
argumento ;ema ou @/perienciador e na tradi+,o anglfona c-amamoDlos de
semelfactivos9$.
7? *gente designa “a entidade controladora, tipicamente umana, de uma dada situação ULH17U#$$5:6CC.
77 Fonte 2 “a entidade que est# na ori!em de uma dada situação, em%ora sem a controlar ULH17U#$$5:6C%.
79 LH17 U#$$5:6%97C LH17 U#$$5:6%97% LH17 U#$$5:6%99$ 1odemos o"serváDlo por e/emplo no !venonius U#$$ e tam"2m na gramática de @.Bec-arra Uneste
tra"al-o está mencionado no capítulo C.?. =o c-eco temos um sufi/o semelfactivo (ue cria os predicados
5$
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U5% ]* *na_@/perienciador
espirrou.
pontuais. Ve3aDse o capítulo ?.#.#
56
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( )specificidades do aspecto checo
* língua c-eca pertence 0s línguas eslavas cu3o aspecto 2 caracterizado pelo facto
de rigidamente distinguir entre o perfectivo e o imperfectivo. ;odos os ver"os c-ecos s,o
ou perfectivos ou imperfectivos e -á pou(uíssimas e/cep+8es96.
!empre (ue usarmos os e/emplos c-ecos' transcreveremos a estrutura gramatical
de partes (ue ser,o de nosso interesse e traduzirDnosDemos para o portuguAs. aso nas
)transcri+8es estarem as palavras portuguesas 3untadas pelo travess,o' isto significa (ue
3untas e/primem o significado de uma palavra c-eca. 1ara os ver"os imperfectivos
utilizaremos a a"revia+,o e para os ver"os perfectivos utilizaremos a a"revia+,o 1. * lista
de a"revia+8es usadas na transcri+,o está no capítulo # deste tra"al-o.
omo encontramos pro"lemas relativos a -eterog2nea terminologia e decidimoD
nos a prosseguir de seguinte maneira9#.
– radical R os radicais s,o “unidades le&icais portadoras de informação
idiossincr#tica de nature:a morfol1!ica, sint#ctica e sem$ntica.95
– afi/o R elemento (ue se 3unta 0 "ase Upode ser radical' tema ou at2 uma
palavra e s,o divididos em:
– prefi&os (ue “ocorrem na periferia esquerda da forma de %ase9
– sufi&os (ue “se encontram à direita da forma %ase9?. @/istem várias
possi"ilidades de distin+,o de sufi/os Usufi/os em sufi/os le/icais' sufi/os
fle/ionais e outros tipos' mas todos s,o indiscutivelmente sufi/os e' como a
morfologia n,o 2 o tpico central deste tra"al-o' vamos compreender os sufi/os
como um todo' e/cepto os seguintes dois tipos de sufi/os:
96 *s e/cep+8es s,o constituidas pelos )ver"os indeterminados cu3o valor aspectual n,o evoluiu. omoe/emplo pode servirDnos o ver"o %Tat [correr [ como mostra o seguinte e/emplo:
1etr "-al do kni-ovny -odinu. D < 1edro demorava uma -ora para c-egar 0 "i"lioteca a correr Dleitura iterativa
1etr "-al do kni-ovny za -odinu. D < 1edro c-egava em uma -ora a correr 0 "i"lioteca. D leitura-a"itual< ver"o determinado com significado de [correr[ 2 %TUet . Ve3aDse o e/emplo:
1etr "bel do kni-ovny -odinu. D < 1edro correu at2 0 "i"lioteca durante uma -ora.P1etr "bel do kni-ovny za -odinu. D Q< 1edro correu at2 0 "i"lioteca em uma -ora.1ara a e/plica+,o ve3aDse o &o4ekal U#$$C =as nossas e/plica+8es n,o vamos levar estas raras e/cep+8es emconsidera+,o.9# <s termos (ue ser,o e/plicados ao longo do te/to agora omitimos.95 LH17 U#$$5:%#$9 LH17 U#$$5:%69? LH17 U#$$5:%#
5#
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– onstituinte temático R este sufi/o identifica a perten+a de um radical
a uma dada classe temática (ue )2 uma rela+,o le/icalmente determinada e (ue
geralmente 2 tornada visível
– !ufi/os de fle/,o R na fle/,o ver"al estes sufi/os s,o os (ue e/primem
as categoria pessoaDn>mero' na fle/,o nominal os (ue e/primem o n>mero e
g2nero.
(#1 <iferenças entre o verbo portugu*s e verbo checo#
* diferen+a mais importante entre a concep+,o do aspecto nas línguas c-eca e
portuguesa consiste no facto de' na língua c-eca' o aspecto do predicado ser alterado pela
prefi/a+,o' em portuguAs ser alterado atrav2s de ver"os au/iliares. !empre deduzimos o
valor aspectual do ver"o c-eco de seus prefi/os. !e o ver"o aparecer prefi/ado' tratarDseDá
de ver"o perfectivo. UVe3aDse os e/emplos U6DU#. <s prefi/os c-ecos podem mudar ou
apenas o aspecto do ver"o ou tam"2m o seu significado.
* a"ordagem tradicional eslavística diz (ue o aspecto 2 uma categoria ver"al Use3a
gramatical ou le/ical inerente a todos os ver"os eslavos' e por isso tam"2m aos c-ecos' e
(ue estes ver"os s,o divididos segundo o seu valor aspectual em ver%os perfectivos e
ver%os imperfectivos. * diferen+a entre os ver"os perfectivos e imperfectivos o"servaDse
nos seguintes e/emplos97:
U6
U6.6 3ít
U6.# ir I
U6.5 ir' andar
U#
U#.6 doD3ít
U#.# 1@IF5ir P
U#.5 c-egar
< V. milauer ofereceDnos a defini+,o tradicional da diferen+a destes dois ver"os
97 U6.6 apresenta o e/emplo em c-eco Uou nas outras línguas' al2m de portuguAs' U6.# apresentatranscri+,o literal do U6.6 e U6.5 apresenta a tradu+,o para o portuguAs.
55
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dizendo (ue esta consiste na maneira de nossa perspectiva+,o da ac+,o:
– no campo de ver"os imperfectivos o"servamos apenas a (ualidade da ac+,o'
mas 3á n,o a sua limita+,o temporalN
– no campo dos ver"os perfectivos concentramoDnos para uma parte da ac+,o.
1odemos perspectivar as seguintes partes:
– a ac+,o momentJnea
U5
U5.6 stelí' -odí' sko4í
U5.# atirará1 ' 3ogará1' saltará1
U5.5 atirará 3ogará saltará
– o come+o da ac+,o
U
U.6 vyD"-l' rozDplakal se
U.# 1@IF5correu P 1@IFDcorou P
U.5 saiu a correr' desatou a c-orar
– o fim da ac+,o
U?
U?.6 doD"-l vyDplakal se
U?.# 1@IF5correu1
1@IFDcorou P
U?.5 aca"ou de correr' c-orou 0 vontade
– podemos tam"2m englo"ar o come+o e fim da ac+,o numa unidade
U7
U7.6 proD"-l se proDplakala celou noc
5
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U7.# 1@IF5correu P 1@IF5corou P toda noite
U7.5 correu c-orou a noite toda
1or outras palavras podemos dizer (ue o ver"o U6 2 imperfectivo' por(ue n,o
inclui a limita+,o temporal da ac+,o' mas o ver"o U# 2 perfectivo' por(ue este e/prime a
limita+,o temporal' neste caso cessativa.
omo mostram todos os e/emplos em c-eco at2 agora apresentados' os ver"os
perfectivos aparecem prefi/ados' en(uanto (ue os ver"os imperfectivos n,o o fazem.
;rataDse de um fenmeno comum a todas as línguas eslavas' por(ue a prefi/a+,o 2 uma das
possi"ilidades de transforma+,o do ver"o imperfectivo no ver"o perfectivo.
<s prefi/os eslavos desempen-am' ás vezes' a fun+,o semel-ante 0s locu+8es
ver"ais portuguesas' veiculando o valor aspectual do seu ver"o "ase. Mas isso n,o 2 a>nica maneira de alterar o valor aspectual. <s ver"os c-ecos podem e/primir a altera+,o de
valor aspectual tam"2m' por meio de outros processos:
– colocando o ver"o na locu+,o ver"al.
U9
U9.6 1estal psDáDt kni-u.
U9.# Vei&ou de escrev5v5=F o livro.
U9.5 &ei/ou de escrever o livro
– acrescentando um prefi/o ao ver"o
UC
UC.6 &oDpsDaDl kni-u.
UC.# 1@IFDescrevDvD1!;1 o livro
UC.5 *ca"ou de escrever o livro.
– acrescentando ou um sufi/o ao ver"o
U%
U%.6 &oDpisDovaDl kni-u.
U%.# 1@IFDescrevDM1FD1!; o livro.
U%.5 @stava a aca"ar de escrever o livro.
5?
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Ts vezes' estas opera+8es podem at2 ocorrer simultaneamente sem (ue resulte
uma frase de pouco uso:
U6$
U6$.6 1estal doDpisDovaDt kni-u.
U6$.# &ei/ou de 1@IFDescrevDM1FD=F o livro.
U6$.5 &ei/ou de aca"ar o livro.
=a prefi/a+,o dos ver"os c-ecos encontramos a diferen+a muito marcante entre o
aspecto e o aktionsart Uaspecto le/ical. Ve3aDse os seguintes ver"os:
U66
U66.6 mluvit falar falar
U66.# doDmluvit 1@IFDfalar 1 aca"ar de falarN com"inar
U66.5 proDmluvit falar 1 falar' dar uma palestra
U66. zaDmluvit 1@IFDfalar 1 D desconversar
U66.? zaDmluvit 1@IFDfalar 1 reservar
U66.7 peDmluvit 1@IFDfalar 1 convencer' persuadir
U66.9 vyDmluvit se 1@IFDfalar 1 dar uma escapadela para
n,o ter de fazer alguma coisa
U66.C oDmluvit se 1@IFDfalar 1 desculparDse
;odos estes ver"os "aseiam se no ver"o mluvit [falar[ e diferem apenas pelos seus
prefi/os. =este caso falamos so"re o *ktionsart e incluimoDlo na e/plica+,o.
<"servando os ver"os do e/emplo U66 podemos dizer (ue apenas o ver"o U66.6
mluvit 2 at2lico e os outros s,o t2licos. *penas entre os ver"os U66.6 mluvit e U66.#
domluvit encontramos somente a diferen+a aspectual' todos os outros ver"os diferem de
U66.6 tam"2m semanticalmente. * diferen+a entre o ver"o U66.6 e os ver"os U66.5DC
consiste no aktionsart' por(ue os significados destes ver"os n,o resultam apenas de seus
radical mas tam"2m da semJntica dos seus prefi/os.
@m língua c-eca' -á um teste fácil para definir a natureza do ver"o t2lico. *os
ver"os (ue e/primem o aktionsart' por2m' pode ser acrescentado o sufi/o
57
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imperfectivizante DVvaD cu3a aplica+,o para os ver"os (ue e/primem apenas o valor
aspectual resultará agramatical. Ve3aDse o e/emplo:
U6#
U6#.6 doDmluvDiDt D doDmlDouvaDt Umas apenas com o sentido
de com"inar
U6#.# 1@IFDfalDvD=F1 D 1@IFDfalDM1FD=F
U6#.5 peDmluvit D peDmlDouvaDt
U6#. 1@IFDfalDvD=F1 D 1@IFDfalDM1FD=F
U65
U65.6 psDáDt D naDpsDaDt D PnaDpisDovaDt
U65.# escrevDvD=F D1@IFDescrevDvD=F1D1@IFDescrevDM1FD=F
U6
U6.6 psát D doDpsDaDt D doDpisDovaDt
U6.# escrevDvD=F D 1@IFDescrevDvD=F1 D1@IFDescrevDM1FD
=F
< ver"o napsat em U65.6 2 apenas aspectual e o ver"o dopsat em U6.6 3á mostra
as características de aktionsart.
omo 3á foi dito' os ver"os eslavos s,o divididos em dois grupos: pertencendo uns
aos ver"os perfectivos e outros aos ver"os imperfectivos. !erá (ue depende de tipo
aspectual dos ver"os (ue entram nas constru+8es com os ver%os aspectuais?? e (ue -á
algumas restri+8es na possi"ilidade de com"ina+,o dos ver"os perfectivos e imperfectivos
com outros ver"osQ
@m c-eco' na área de ver"os de opera+,o aspectual' podemos encontrar uma
regra simples. *penas os ver"os imperfectivos podem entrar nas constru+8es perifrásticas.
Ve3aDse o e/emplo:
U6?
U6?.6 1etr za4al 4íst Ppe4íst kni-u.
U6?.# O Pedro começou a ler I 1@IF5ler P o livro.
99 LH17 U#$5:56?
59
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U6?.5 < 1edro come+ou a ler o livro.
&issemos (ue' em c-eco' a diferen+a entre os ver"os t2licos e at2licos provem de
prefi/a+,o en(uanto (ue' em portuguAs' provem de tempos ver"ais e de constru+8es (ue
alteram o valor aspectual. @m portuguAs' por2m' tam"2m encontramos alguns sufi/os de
ver"aliza+,o (ue implicam certo valor aspectual. @ntre estes poderiam pertencer os
seguintes:
Ditar R saltitar D estado iterativo
Decer D aman-ecer D processo culminado
De3ar R gague3ar D estado -a"itual
(#2 Sufi/os
* estrutura de sufi/os eslavos 2 "astante comple/a e' como podemos dizer' mais
complicada do (ue o sistema portuguAs. omo o ver"o eslavo e/prime os tempos ver"ais
a maior parte das vezes apenas pela sufi/a+,o' os sufi/os eslavos veiculam mais
informa+8es do (ue os sufi/os portugueses. 1odemos deduziDlo' por(ue at2 os ver"os
principais' em portuguAs' e/primem algumas das suas categorias gramaticais atrav2s de
au/iliares' en(uanto (ue os ver"os eslavos o fazem com uma fre(uAncia muito menor. !eus
afi/os contAm (uase todas as informa+8es de pessoa' n>mero' g2nero' tempo ver"al'
aspecto' modo' classe e padr,o de con3uga+,o.
@/iste regra "ásica de Sako"son' a regra de “re!ressive 99 simplification9C' (ue
regula possi"ilidades de com"ina+,o de sufi/os eslavos e tam"2m a3usta as mudan+as
morfonolgicas (ue estas com"ina+8es causam: “In a morfolo!icall derived sequence of
tWo voWels, te first deletes9%. Ve3aDse o seguinte e/emplo:
U67
U67.6 ml4DeDt estar calado
U67.# cal5v5=F
U67.5 ml4DeDíD O ml4DíD estás calado
U67. cal5v51Ih!DGpS! O cal51Ih!5GpS!
9C !implifica+,o vocálica regressiva Utradu+,o prpria U!venoniusU#$$:6C$ * sigla VV da cita+,osignifica encontro de dois vogais.
9% =a se(uAncia de duas vogais morfologicamente derivadas' a primeira vogal retiraDse. Utradu+,o prpriaU!venonius U#$$:6C$
5C
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Ve3amos a diferen+a entre estas duas formas do mesmo ver"o. < ver"o U67.6 está
no infinitivo e o ver"o U67.5 está na segunda pessoa do singular do 1resente. =o infinitivo
vemos o sufi/o 5i5 entre o radical e sufi/o infinitivo 5t7 e' como o sufi/o 5e5 e/prime valor
de presente e o sufi/o D X e/prime a segunda pessoa do singular' o sufi/o 5i5 de infinitivo 3á
n,o está presente na segunda pessoa do singular do 1resente.
<utra regra (ue influencia a forma final de sufi/os ver"ais 2 a de “consonant
mutation or softenin!C$. ;rataDse de palataliza+,o (ue geralmente acontece na >ltima
consoante do radical' antes de certos sufi/os. Ve3aDse o e/emplo de c-eco:
U69
U69.6 p2cDt D assar
U69.# pe=DeD D assas
1ara completar digamos (ue o Dt 2 sufi/o de infinitivo' DeD 2 sufi/o de 1resente e D
2 sufi/o de segunda pessoa do singular.C6
(#2#1 +ogais temticas
*s vogais temáticas podem ser encontradas tanto na língua c-eca como na
portuguesa. <postamente ao portuguAs' as vogais temáticas eslavas n,o s,o puramente
vocálicas' 3á (ue no grupo das vogais temáticas eslavas' podemos encontrar tam"2m DovaD'
Dnu e outros. * vogal temática segue o radical e podemos dizer (ue “We can distin!uis
%etWeen te root, namel te innermost part of te Word, and te stem, ere assumed to %e
te root plus te teme voWelC#.
*s vogais temáticas determinam a selec+,o de alomorfos para as categorias
gramáticas. 1or e/emplo os )iDtemas c-ecos e/igem a desinAncia m na primeira pessoa
do singular do 1resente U%' en(uanto (ue os )aDtemas e/igem ou a desinAncia i' no caso
C$ Mudan+a consonJntica ou a"randamento Utradu+,o prpriaU!venonius U#$$:6C$C6 Zá linguistas (ue defendem a teoria segundo a (ual a mudan+a consonJntica do radical pode revelar a
se(uAncia de dois vogais implícita (ue se retira' na superfície: certas implícitas se(uAncias de dois vogaisresultam na palataliza+,o da consoante precedente. Utradu+,o prpriaU!venonius U#$$:6C$:
) pod5sid 5e5t7 K pod5si ž 5Ø 5va5t7a%ai&o5sentar5v5=F1 a%ai&o5sentar5vDM1FD=F
destituir' e/onerar * vogal retirada está' no e/emplo acima' marcada pelo sím"olo .C# ...podemos fazer distin+,o entre o radical' (uer dizer a parte mais interna da palavra' e o tema' a(ui
assumido como o radical mais a vogal temática. Utradu+,o prpria U!venonius U#$$:6C6 =aterminologia portuguesa' diríamos (ue o tema 2 constituido por radical e constituinte temático. < temaestá presente tanto nos ver"os como nos ad3ectivos. < constituinte temático c-amamos vogal temática' naárea de ver"os' e índice temático' na área de nomes e ad3ectivos. ULH17 #$$5
5%
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da língua erudita' ou a desinAncia u' no caso da língua faladaU6$C5:
U6C
U6C.6 prosiDt O prosDíDm
U6C.# pedir D=F pedir D1I@!D=pS!
U6C.5 pedir pe+o
U6%
U6%.6 psáDt O píD$Di píD$Du
U6%.# escrever D=F escrever D1I@!D=pS!
U6%.5 escrever escrevo
ada radical' geralmente pode ser com"inado apenas com uma vogal temática'
mas -á e/cep+8es (ue apontam para a possi"ilidade de altera+,o de significado de ver"os e
de sua leitura aspectual. Wm e/emplo 2 a altera+,o causativoDincoativa "aseada nos
radicais nominais e ad3ectivais.
!egueDse o e/emplo c-eco:
U#$
U#$.6 zD"o-atDnouDt oD"o-atDiDt
U#$.# 1@IFDricDvD=F 1@IFDricDvD=F
U#$.5 ficar rico enri(uecer de a.c.
Zá muitos linguistas interessados na influAncia das vogais temáticas so"re a
estrutura argumental de ver"os e -á' analogamente' muitas opini8es. omo este tema n,o
corresponde ao tema deste tra"al-o' n,o vamos procediDlo e vamos contentarDse com este
es"o+o da pro"lemática de vogais temáticas.C
1or outro lado' o (ue nos interessa 2 a(uest,o de influencia+,o de aspecto ver"al' (ue será tratada na parte seguinte deste
capítulo.
(#2#2 Alterações de perfectivo 7 imperfectivo
Leralmente' as altera+8es de perfectivo e imperfectivo acontecem acrescentandoD
C5 1ara consultar a pro"lemática da vogal temática portuguesa recomendamos o LH17 U#$$5:6$#6D6$56C 1ara mais informa+8es so"re esta temática' recomendamos a pu"lica+,o de =ordlyd' volume 5#' =r.#'
acessível na página -ttp:jjj.u".uit.no"asernordlyd
$
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se ao ver"o imperfectivo os prefi/os perfectivizantes. Mas -á casos de ver"os (ue n,o
apresentam nen-uns prefi/os' seus significados le/icais s,o muito pr/imos um ao outro e
diferem' na verdade' apenas no seu valor aspectual. Wns s,o imperfectivos e outros s,o
perfectivos. Ve3aDse o seguinte e/emploC?:
U#6 skák at sko4it1 [pular[ C7
<"servando os e/emplos apresentados' vemos (ue a >nica diferen+a entre os
ver"os de lado es(uerdo e as de lado direito consiste na vogal temática. * vogal temática
de predicados perfectivos 2 sempre 5i en(uanto (ue a vogal temática de predicados
imperfectivos 2 5a ou Da74? . oncluamos (ue a altera+,o de perfectivo imperfectivo pode
ser feita' nalgumas línguas eslavas' atrav2s de altera+,o de vogais temáticas Di Da' Da7.
<utras possi"ilidades de altera+,o aspectual apresentaDnos o par de vogaistemáticas Da Dnu' Dnou. Ve3amDse os e/emplosCC:
U##
U##.6 klepat klepnout ["ater a porta[ D [dar uma "atida a porta
U##.# ta-at UzaDtá-nout [pu/ar[ R [dar um pu/o[
< sufi/o semelfactivo Dnu Dnou indica os eventos pontuais como vemos nos
ver"os de lado direito. * posi+,o desta oposi+,o n,o 2 t,o forte' em c-eco' por(ue' nestalíngua' encontramos com maior fre(uAncia um dos ver"os' deste par diferenciado pela
vogal temática' prefi/ado. ontudo podemos concluir' (ue esta altera+,o tam"2m está está
presente no c-eco.
@m"ora estas altera+8es de perfectivo imperfectivo operadas pelas vogais
temáticas este3am presentes em várias línguas eslavas' temos de salientar (ue todas estas
altera+8es 3á n,o s,o produtivas' e por isso n,o as podemos usar intencionalmente para
alterarmos os ver"os de perfectivos em imperfectivos e vice versa.C? !eguemDse e/emplos de russo e de servoDcroato tirados de !venonius U#$$:6C5D6C' (ue ilustram o
mesmo fenmeno em outras línguas:kon4at3 kon4it31 [aca"ar[skak ati sko4iti1 [pular[C7 =o caso do e/emplo U#6 e dos seguintes nos (uais a interpreta+,o portuguesa está marcada de seguinte
[maneira[ esta apresenta apenas o n>cleo le/ical' n,o a tradu+,oC9 o 7 desta vogal temática russa podemos ver nos casos em (ue a desinAncia iniciada pela vogal se3a
empregada R YonZ aj ut [aca"am[CC <utros e/emplos de russo Uos primeiros dois e servoDcroato Uo resto seguemDse:kidat kidnut1 [lan+ar[dvigat3 dvinut31 [deslocar[kuc
ati kuc
nuti ["ater a porta[ D [dar uma "atida a porta[
tucati tucnuti [solu+ar[ R [dar um solu+o[
6
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(#2#3 Imperfectivos secundrios
<"servando detel-adametnte os ver"os imperfectivos eslavos' desco"riremos (ue
uma parte deles compartil-a o sufi/o ova em suas representa+8es alomrficas. @ste sufi/o
c-amamos na terminologia c-eca )sufi/o imperfectivo secundário' por(ue ele tem a
capacidade de transformar os ver"os perfectivos em imperfectivos' mesmo (uando os
perfectivos 3á resultem de uma perfectiviza+,o. @ste sufi/o apresenta características tanto
morfolgicas como gramaticais' mas a sua influAncia 2 maior no campo le/icolgico.
1ara esclarecermos esta opera+,o de imperfectiviza+,o secundária' apresentamos
o seguinte e/emplo de c-eco:
U#5
U#5.6 psDáDt D poDpsDaDt D poD pisDovaDt
U#5.# escrever5vD=F D1@IFDescrever5vD=F1 D 1@IFDescrever D
M1D=F
U#5.5 escrever Ddescrever 1 Ddescrever
=o terceiro ver"o deste e/emplo vemos' (ue em"ora na sua estrutura este3a
presente tanto prefi/o perfectivo como o sufi/o imperfectivo secundário' o ver"o pertence
aos ver"os imperfectivosC%
.
(#3 :refi/os
=o domínio das línguas eslavas' distinguimos os dois seguintes tipos de prefi/os:
os prefi&os le&icais e os prefi&os superle&icais@. < significado de prefi/os le/icais "aseiaD
se nas rela+8es espaciais e a3untandoDse estes prefi/os aos ver"os' o"temos os predicados
resultativos. omo 3á dissemos' os prefi/os le/icais podem alterar o significado do ver"o e
C% 1ara ilustrar (ue este processo 2 presente em línguas eslavas em geral' apresentamos os seguintese/emplos tirados de !venonius U#$$:6C7:
pisDaDt3 pisDyvaDt3 UrussoescreverDvD=F esrceverDM1D=F
posDaD pisDyjaD UpolacoescreverDvD=F esrceverDM1D=F
pisDaDti pisDivaDti UservoescreverDvD=F esrceverDM1D=F
pisDa pisDvaDm U">lgaroescreverDv esrceverDM1D6p!g
%$ <s termos s,o tradu+,o de termos le/ical prefi/es e superle/ical prefi/es de !venonius U#$$
#
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mudam a estrutura argumental de ver"os. Ve3aDse o e/emplo:
U#
U#.6 1es lebel Pdeku.
U#.# O5cão 7a:er I [o co%ertor D*
U#.5 < c,o estava deitado no co"ertor.
U#?
U#?.6 1es proDlebel deku.
U#?.# O5cão 1@IF57a:er P o co%ertor D*
U#?.5 < c,o passou tanto tempo so"re o co"ertor (ue o furou.
<s prefi/os le/icais' em c-eco podem tam"2m alterar a transitividade de ver"os.
Ve3aDse as seguintes frases:
U#7
U#7.6 1etr psal.
U#7.# O Pedro escreveu I .
U#7.5 < 1edro estava a escrever.
U#9
U#9.6 P1etr napsal.
U#9.# O Pedro P3L5esreveu P .
U#9.5 P< 1edro escreveu.
U#C
U#C.6 1etr napsal dopis.
U#C.# O Pedro P3L5esreveu P uma5carta5*.
U#C.5 < 1edro escreveu una carta.
=os e/emplos podemos ver (ue a forma prefi/ada de ver"o Uperfectiva e/ige o
o"3ecto directo en(uanto (ue a forma sem prefi/o n,o. Ve3amos as seguintes duas frases
U#% < 1edro estava a escrever.
5
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U5$ < 1edro escreveu uma carta.
=a primeira frase vemos' (ue como o 1rogressivo e/prime processos' n,o
necessita de o"3ecto' mas o 1ret2rito !imples o e/ige.
Ve3amos a lista dos prefi/os le/icais c-ecos%6 com e/emplos%#:
doD [para[ do"-nout P3L5correr P correr at2 algum ponto aca"ar de
correr
sD [com[ stá-nout 1@IFD pu&ar P a3ustar
zaD [atrás[ za3ít 1@IFDir P ir atrás de' sumir atrás de
podD [so"[ pode3ít 1@IFDir P ir de"ai/o de
piD [cerca de[ pi3ít 1@IFDir P vir
odD [fora de[ ode3ít 1@IFDir P partir' afastarDse
vDveD [em[ ve3ít 1@IFDir P entrar
vyD [para fora[ vy3ít 1@IFDir P sair
poD [passando por[ poskákat 1@IFDpular 1 pular so"re
naD [so"re[ napadnout 1@IFDcair 1 atacar
peD [atrav2s de[ pepadnout 1@IFDcair 1 assaltar
proD [atrav2s de[ pro3ít 1@IFDir P passar
rozD [fora[ rozesmát se 1@IFDsorrirDse desatar a rir
uD [de[ u3ít 1@IFDir P percorrer
oD [so"re[ nenapadá Vás prosím prikladQ
o"D [cerca de[ o"e3ít 1@IFDir P
dar uma volta a pedD [antes de[ pede3ít 1@IFDir P adiantarDse a'
<s prefi/os superle/icais c-ecos' poD%5 e naD' podem cumularDse e n,o e/primem
os significados espaciais e idiomáticos como os prefi/os le/icais. <utras diferen+as s,o as
%6 * lista foi tirada de !venonius U#$$:6%%# <s prefi/os podem ser encontrados tam"2m nas e/press8es idiomáticas nas (uais sempre n,o respeitam
estes significados.%5 @ste poD superle/ical tem diferente significado do (ue o poD le/ical.
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seguintes: tAm o escopo atrav2s de prefi/os le/icais' o (ue significa (ue o seu significado 2
su"metido ao significado de prefi/os le/icaisN n,o (ualificam mas (uantificam a ac+,o
e/pressa pelo ver"o' sendo o seu significado geralmente temporal ou de (uantifica+,oN n,o
alteram a estrutura argumental do ver"o. Ve3aDse os e/emplo:
U56
U56.6 poDpiDsko4it k
U56.# po5para5pular 1 para
U56.5 saltar um pouco' uma vez' em direc+,o apara
U5#
U5#.6 poDodDsko4it od
U5#.# po5de5pular 1 od
U5#.5 saltar um pouco' uma vez' afastando se de
=a transcri+,o da estrutura desses ver"os demos a tradu+,o do significado dos
prefi/os le/icais para ilustrarmos (ue o prefi/o poD apenas (uantifica o significado
e/presso pelo ver"o a (ue se acrescenta.
< sistema de prefi/os ver"ais portuguAs 3á n,o 2 produtivo. ;emos os prefi&os
modificadores (ue “não determinam a cate!oria sint#ctica da palavra em que ocorrem,
nem o valor das cate!orias morfol1!icas, morfo5sint#cticas e morfo5sem$nticas
relevantes%
8 +alor aspectual dos tempos verbais portugueses
<"serveDse as seguintes frases.
U6
U6.6 “la correu na pista (durante meia ora).@H D processo
U6.# “la correu os de: mil metros.%7 D processo culminado
% LH17 U#$$5:%75' nesta página encontramDse tam"2m os e/emplos%? LH17 U#$$5:659%7 LH17 U#$$5:659
?
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U6.5 “la corre pelo clu%e de \ra!a.%9 D estado U-a"itual
U6. “la est# a correr na pista do seu clu%e.%C D estado Uprogressivo
* grande variedade aspectual' a (ual dá origem a interpreta+8es poliss2micas de
frases n,o pode ser atri"uida apenas ao ver"o correr e 0 sua am"iguidade. =a verdade' esta
varia"ilidade semJntica resulta da soma dos sememas das componentes frásicas. < ver"o
correr em si 2 um processo e s 3untandoDse a ele outras componentes frásicas gan-ámos
as diferentes características aspectuais' denominadas )derivadas.
Zá vários factores (ue contri"uem para a leitura aspectual final e estes ser,o
tratados nos capítulos sucessivos. =este capítulo trataremos de tempos ver"ais e da sua
atri"ui+,o 0 aspectualidade da frase.
8#1 :resente
* especificidade deste tempo gramatical consiste no facto de este tempo ser pelo menos
parcialmente so"reposto ao tempo da enuncia+,o da frase' no domínio de estados.
ontudo' raramente oferece apenas a informa+,o temporal relativa ao tempo presente' o
(ue 2 possível no domínio de estados' mas no domínio de eventos a pura informa+,o
temporal 2 restringida' em"ora possa ser encontrada nalgumas culmina+8es' processos
culminados e pontos. =a maioria de casos o ;empo 1resente veicula tam"2m a informa+,oaspectual.
*s frases seguintes mostram os e/emplos (ue trazem somente a informa+,o
temporal.
U# * *na está feliz. D estado
U5 “O 7o!ador remata fortemente à %ali:a.%% D evento Uculmina+,o
U Baptizo este "arco com nome de !anta atarina. D frase performativa
=,o o"stante' no caso de processos n,o ocorre apenas a leitura temporal' como
ilustra a seguinte frase:
U? * *na fuma.
* leitura (ue ocorre primeiramente 2 a de -a"itualidade' construída “com %ase
%9 LH17 U#$$5:659%C LH17 U#$$5:659%% LH17 U#$$5:6?
7
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numa ocorrência indeterminada de eventos do mesmo tipo que têm lu!ar num intervalo de
tempo não delimitado, mas que inclui o tempo da enunciação.6$$ =o passado acontece o
mesmo com o mperfeito.
=o caso de processos culminados raramente dei/amos de utilizar os adver"iais de
(uantifica+,o U frequentemente, todos os dias ou os adver"iais de dura+,o do evento Uem &
tempo. aso n,o usarmos os adver"iais' o"temos a mesma leitura de -a"itualidade como
com os processos.
U7
U7.6 “O ]anuel lê um livro.
U7.# O ]anuel fa: o almoço.
U7.5 O ]anuel lê um livro todas as semanas F em duas oras.
U7. O ]anuel fa: o almoço muitas ve:es F em meia ora.6$6
* gramaticalidade de primeiras duas frases pode ser posta em (uest,o' mas
sempre encontramos um conte/to em (ue 2 aceitável. * segunda frase 2 aceitável se for
“entendida como um plano esta%elecido no presente.6$#
*s culmina+8es s,o pouco comuns no 1resente salvo os casos em (ue se trata de
relato directo' como em
U9 =este momento' a *na entra a sala...
ou de casos em (ue ad(uire a iteratividade ou -a"itualidade mediante um
adver"ial de (uantifica+,o' como na frase seguinte:
UC “O 3ui !ana a corrida sempre F todos os anos.6$5
@sta transi+,o de evento para um estado iterativo' ou at2 -a"itual' a3udaDnos a
perce"er a raz,o de as frases gen2ricas aparecerem no 1resente' pois essas frases s,oestativas “em medida em que são construidas na %ase de um certo n+mero de ocorrências
de um evento, permitindo atri%uir propriedades.6$
< 1resente 1rogressivo 2 um caso particular' por(ue em si e/prime o tempo
parcialmente so"reposto ao momento da enuncia+,o de processos e processos culminados.
6$$LH17 U#$$5:66$6LH17 U#$$5:6?6$#LH17 U#$$5:6?6$5LH17 U#$$5:6?6$LH17 U#$$5:6?
9
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=o caso das culmina+8es pode ocorrer fora da mudan+a aspectual tam"2m uma mudan+a
temporal.
U% < com"oio está a c-egar.
@sta frase apresentaDnos duas leituras possíveis conforme a inten+,o do locutor' o
(ual dese3a ora e/primir (ue a ac+,o ocorre num momento preciso da enuncia+,o ora focar
a fase preparatria desta culmina+,o. * primeira possi"ilidade pode ser e/pressa pela
paráfrase O com%oio est# a ce!ar neste momento' en(uanto (ue a segunda leitura pode
ser parafraseada por O com%oio est# quase a ce!ar .
<utros pontos de interesse podemos encontrar no campo dos estados'
su"classificados em estados faseáveis e n,o faseáveis. * diferen+a resultará evidente
colocando os estados nas frases no 1resente as (uais referem para um tempo posterior aomomento da enuncia+,o. < uso de 1resente com o valor de futuro 2 ilustrado pelas frases
sucessivas:
U6$ “2manã a 3ita corre no est#dio universit#rio F apresenta uma
comunicação F ce!a ao topo dos Pirenéus.=H
(ue contAm os seguintes eventos: um processo Ucorrer' um processo culminado
Uapresentar uma comunica+,o e uma culmina+,o Uc-egar ao topo de 1iren2us. Ve3aDse a
situa+,o com emprego de estados:
U66 “Ventro de uma semana a ]aria est# em casa F vive em Paris F é
simp#tica com os cole!as F [é alta F tem um \] .̂6$7
*nalisando os estados faseáveis' c-egaremos 0 conclus,o de (ue' para podermos
usáDlos' teríamos de con-ecer o conte/to de enuncia+,o. * aceita+,o dos estados n,o
faseáveis 2' nessa situa+,o' muito infre(uente ou agramatical.
ontudo' os estados faseáveis' apresentados na forma de 1resente 1rogressivo' permitem a pro3ec+,o para o futuro:
U6# “Ventro de uma semana a ]aria est# a viver em Paris F est# a ser
simp#tica com os cole!as.=?
6$?LH17 U#$$5:6?6$7LH17 U#$$5:6??6$9LH17 U#$$5:6??
C
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8#2 :ret5rito :erfeito Simples, Imperfeito e >ais?ue:erfeito
@sta parte de capítulo a"ordará o tema das leituras aspectuais "ásicas dos tempos
de passado em con3unto e por este motivo apresentamos as seguintes frases nas (uais
vamos "asear as nossas e/plica+8es.
U65
U65.6 * *na leu o livro.
U65.# Q* *na lia o livro.
U65.5 Q* *na leratin-a lido o livro.
U6
U6.6 * *na esteve doente.
U6.# Q* *na estava doente.
U6.5 Q* *na estiveratin-a estado doente.
U6?
U6?.6 * *na morreu.
U6?.# Q* *na morria.
U6?.5 Q* *na morreratin-a morrido.
U67
U67.6 * *na tocou piano.
U67.# Q* *na tocava piano.
U67.5 Q* *na tocaratin-a tocado piano.
U69
U69.6 * *na espirrou.
U69.# Q* *na espirrava.
U69.5 Q* *na espirraratin-a espirrado.
*s frases U65.6D69.6 tAm o predicado no 1ret2rito 1erfeito !imples' as frases
U65.#D69.5 tAm todas o predicado no mperfeito e todas as frases U65.5D69.5 apresentam o
1ret2rito MaisD(ueDperfeito omposto.
%
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;odos estes tempos ser,o e/plicados em con3unto num capítulo' sendo (ue todos
apontam para o passado descrevendo ac+8es passadas antes de momento da enuncia+,o.
ontudo cada um destes tempos gramaticais apresenta as suas características específicas e
e/prime diferentes valores aspectuais.
8#2#1 :ret5rito :erfeito Simples
Wma peculiaridade específica de 1ortuguAs consiste no facto de (ue o 1ret2rito
1erfeito !imples “não altera necessitamente o valor aspectual da predicação,
contrariamente ao que tradicionalmente se considera, di:endo que é perfectivo.6$C h (ue'
neste ponto depende' em grande medida' da interpreta+,o da perfectividade. !e esta foi
perce"ida como uma situa+,o terminada' ent,o a conclus,o 2 referida pelo 1ret2rito
1erfeito !imples. <postamente' se a perfectividade implicar uma altera+,o aspectual'
“então teremos de optar por defender que o Perfectivo tem em conta o estado consequente
do /+cleo 2spectual6$% o (ue o 1ret2rito perfeito simples n,o faz necessariamente. =a
verdade' fáDlo somente nos casos em (ue -á culmina+,o e estado conse(uente do =>cleo
*spectual..
@sta afirma+,o pode ser ilustrada pela diferen+a entre as frases U65.6' U6?.6'
U69.6' nas (uais se mantAm as informa+8es aspectuais veiculadas pelo predicado' e entre
as frases U6.6 e U67.6. < processo culminado de frase U65.6 mantem a sua culmina+,o
de mesmo modo como se preserva a culmina+,o e o ponto das frases U6?.6 e U69.6. 1or
outro lado' nas frases U6.6 e U67.6 atri"uiDse um limite a um estado' no caso da frase 2
2na esteve doente Ue 3á n,o está' e atri"uiDse tam"2m limite a um processo' na frase 2 2na
tocou piano Ue 3á n,o toca. onse(uentemente dizemos (ue 2 terminativo' isto 2' “marca
um momento em que um estado ou um evento terminou==. ontinuamos' por2m' a
considerar estas duas frases como um estado e um processo' por(ue continuam a poder ser
aumentadas pelo adver"ial durante & tempo.
U6C * *na tocou piano durante trAs -oras.
U6% * *na esteve doente durante trAs dias.
6$CLH17 U#$$5:65%6$%LH17 U#$$5:65%66$LH17 U#$$5:6?7
?$
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8#2#2 Imperfeito
=os e/emplos "ásicos Uespecificamente nas frases U/.# vimos (ue e aceita+,o
das frases no mperfeito sem nen-um en(uadramento no conte/to' se3a pela ora+,o
temporal ou alguma e/press,o adver"ial de (uantifica+,o Uno caso de processos ou
localiza+,o temporal Uno caso de estados' 2 um pouco du"itável. Ve3aDse as frases
seguintes:
U#$ * *na lia o livro (uando o telefone tocou.
U#6 * *na estava doente na semana passada.
U## * *na morria (uando a levaram para o -ospital.
U#5 * *na tra"al-ava en(uanto a Maria Qesteve estava na casa da av.
U# * *na espirrava (uando P-ouve -avia arDcondicionado.
=estas frases podemos ver como a localiza+,o conte/tual possi"ilita a aceita+,o
das frases' em"ora -a3a umas altera+8es aspectuais' o (ue' por2m' n,o acontece nas frases
U#6 e U#5' visto (ue estas frases apresentam um estado e um processo. =estes casos o
mperfeito e/prime nos vários casos um valor imperfectivo (ue transforma as situa+8es
eventivas em estados. =a frase U#6 -á somente a informa+,o temporal na (ual o
mperfeito n,o atri"ui (ual(uer limite ao processo de “estar doente e por isso podemosafirmar (ue a “2na estava doente na semana passada e ainda est#' o (ue n,o foi possível
com o 1ret2rito 1erfeito !imples' no (ual s podemos dizer “2 2na esteve doente e 7# não
est#' por(ue o 1erfeito atri"ui um limite ao estado' (ue conse(uentemente continua a ser
estado' em"ora o seu percurso 3á se3a terminado no momento da enuncia+,o.
* natureza do processo da frase U#5' (ue tam"2m n,o apresenta nen-umas
delimita+8es internas' causa (ue “parece mais natural quando a se!unda oração est#
tam%ém no Imperfeito666
.
*o contrário das frases U#6 e U#5' nas frases U#$ e U## ocorreu a altera+,o
aspectual. =a frase U#$ a a+,o de “ler o livro simplesmente ainda n,o culminou' e por
isso o processo culminado passou a ser um processo. Wm situa+,o semel-ante encontramos
tam"2m na frase U## onde o ver"o “morrer em si apresenta uma culmina+,o' mas toda a
frase U## apresenta um processo' visto (ue ainda estamos na fase preparatria iminente do
=>cleo *spectual' na (ual a culmina+,o n,o ocorreu ainda.
666LH17 U#$$5:6$
?6
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< >ltimo caso 2 a frase U#' na (ual encontramos uma leitura de -a"itualidade
construída na "ase de ponto' neste caso representado pelo ver"o “espirrar. omo o ponto
n,o apresenta nen-uma estrutura interna' n,oDl-e podemos atri"uir um processo
preparatrio. *ssim teremos de concluir (ue estamos perante uma a+,o repetida no passado
condicionada pelas circunstJncias da segunda frase. 1or isso tam"2m n,o 2 aceitável o1erfeito na ora+,o su"ordinada.
om "ase nos e/emplos anteriores podemos concluir (ue “o Imperfeito, sendo
um tempo do passado, tem tam%ém associados efeitos aspectuais consider#veis na medida
em que, por ser um tempo alar!ado, torna simultaneamente poss"vel transformar eventos
télicos em predicados atélicos, não delimitados, avendo até possi%ilidade de os
transformar em estados (a%ituais ou outros). ssas modificaç'es são por isso mais
evidentes nos predicados atélicos66#. ;am"2m podemos concluir (ue' analogamente ao
1resente' o mperfeito' em muitas constru+8es' n,o apresenta somente a informa+,o
temporal.
8#2#3 :ret5rito >ais4ue:erfeito
&e mesma maneira como nas frases no mperfeito' tam"2m nas frases no 1ret2rito
MaisD(ueDperfeito vemos a necessidade de alguma localiza+,o ou (uantifica+,o temporal.
sto acontece tal no 1ret2rito MaisD(ueDperfeito omposto como no !imples. @ste tempo
gramatical forneceDnos em primeiro lugar a informa+,o temporal de anterioridade do
acontecimento a um outro acontecimento do passado' tipicamente e/primido pelo 1ret2rito
1erfeito (ue serve de ponto de referAncia. h este ponto de referAncia (ue faltou nas frases
(ue servem de "ase a este capítulo. Ve3amos as seguintes frases completadas pelos pontos
de referAncia:
U#? * *na tin-a lido o livro (uando a Maria c-egou.
U#7 * *na tin-a estado doente (uando a Maria c-egou.
U#9 * *na tin-a morrido (uando a Maria c-egou.
U#C * *na tin-a tra"al-ado (uando a Maria c-egou at2 a Maria c-egar.
U#% * *na tin-a espirrado (uando a Maria c-egou.
omo podemos ver' este tempo gramatical esta"elece os estados conse(uentes
66# LH17 U#$$5:6$D66
?#
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para todas as situa+8es (ue incluem culmina+,o. sso podemos ver nas frases U#? e U#9 e
desta maneira temos' para al2m da informa+,o temporal' um estado conse(uente Uo livro
estar lido e a 2na estar morta durante (ual ocorreu a c-egada da Maria. @sta 2 a
característica da perfectividade (ue 3á tratámos na parte (ue falava do 1ret2rito 1erfeito
!imples. =os outros e/emplos encontramos novamente s a característica de terminado e podemos dizer (ue' (uando a Maria c-egou' a *na 3á n,o esteve doente' n,o tra"al-ou e
tam"2m 3á n,o estava a espirrar.
* informa+,o de terminado foi tam"2m atri"uída ao 1ret2rito 1erfeito !imples'
mas temos de salientar (ue em constru+8es paralelas 0s anteriores rece"eremos leituras
diferentes. Ve3aDse as frases:
U5$ * *na esteve doente (uando a Maria c-egou.
U56 * *na tra"al-ou Q(uando a Maria c-egou at2 a Maria c-egar.
U5# * *na espirrou (uando a Maria c-egou.
=a primeira destas trAs frases estamos perante uma se(uAncia de dois
acontecimentos' em (ue estado Uestar doente ocorre depois de a Maria c-egar. =a segunda
frase' aceitando a primeira possi"ilidade' estamos de novo perante mesma leitura' en(uanto
na segunda possi"ilidade o estado Utra"al-ar precede 0 c-egada da Maria. * leitura da
terceira mais conveniente 2 a de so"reposi+,o temporal. *s leituras das frases nas (uais o
predicado 2 no 1ret2rito MaisDEue 1erfeito seriam diferentes.
omparando os e/emplos apresentados neste capítulo e tam"2m nos capítulos
anteriores' podemos concluir (ue a característica de perfectivo pode ser atri"uída somente
aos predicados (ue 3á na sua forma "ásica apresentam uma culmina+,o. sso significa (ue'
no portuguAs' a perfectividade n,o 2 resultado de altera+,o aspectual efectuada pelos
tempos ver"ais' n,o 2 e/primida atrav2s de diferen+a entre o mperfeito e 1ret2rito
1erfeito. =o outro lado' a característica (ue 2 atri"uída pelos tempos gramaticais 2 a de
terminado. Wm dos argumentos (ue falam a favor dessa afirma+,o 2 o facto de (ue -á “os
adver%iais de tempo que são compat"veis com o tipo aspectual %#sico de situação, isto é,
de medição (e delimitação) temporal (em & tempo)“665' para os (ue contAm uma
culmina+,o' “e de mediação temporal (durante & tempo) para os restantes66
665 LH17 U#$$5:67566 LH17 U#$$5:675
?5
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8#3 :ret5rito :erfeito ;omposto
*o contrário de outras línguas e at2 das línguas romJnicas' em portuguAs' este
tempo apresenta características aspectuais diferentes' posto (ue n,o e/prime a
perfectividade' mas e/prime a dura+,o de alguma ac+,o (ue come+ou no passado' continua
ao longo do presente e talvez continue no futuro. < início da ac+,o n,o necessita de
delimita+,o e/plícita na frase. “Se o ponto de perspectiva temporal não for o presente,
então não e&iste continuidade além deste ponto.66?
@ste tempo gramatical tam"2m difere de outros tempos do passado portugueses'
como n,o trata somente de passado' mas a"range tam"2m o momento da enuncia+,o.
&entro das circunstJncias particulares e 0s vezes com apoio das e/press8es
adver"ias' este tempo apresenta o valor aspectual de iteratividade. *s circunstJncias s,o asseguintes:
D o au/iliar tem de estar no ndicativo' por(ue o on3untivo muda a leitura. Ve3aD
se as seguintes frases para a ilustra+,o:
U55 * *na tem visitado a a av. D @la lá foi at2 agora pelo menos duas vezes.
U5 =,o me surpreende (ue a *na ten-a visitado a av. D * *na visitou a av
somente uma vez..
D o ponto de perspectiva temporal tem de ser o momento da enuncia+,o' se n,o' as
frases dei/am a leitura de iteratividade:
U5? “_uando a 2na ce!ar a casa da ]aria, o 3ui 7# a tem visitado.
U57 Sempre que a 2na ce!a a casa da ]aria, 7# o 3ui a tem visitado
U59 Sempre que a 2na ce!a a casa da ]aria, 7# o 3ui a visitou667
=a primeira frase apontamos para o futuro e na segunda frase' em"ora esta aponta para o momento da enuncia+,o' o"temos a iteratividade n,o pelo tempo ver"al mas sim
pela constru+,o sempre que' o (ue 2 demonstrado pela a terceira frase.
D a >ltima condi+,o da leitura aspectual de iteratividade 2 o tipo aspectual do
predicado.
Leralmente n,o encontramos a iteratividade no caso dos estados' “o efeito de
66? LH17 U#$$5:65667 LH17 U#$$5:6#D65
?
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iteratividade não ocorre por não aver, sem o acréscimo de e&press'es adver%iais
quantificacionais (ela tem estado doente muitas vezes todos os meses ), uma delimitação
e por isso nem completude nem terminação. Parece, assim, que se est# perante um
con7unto de eventos tidos como um todo e a sua recorrência condu: à iteratividade,
o%tendo um novo estado iterativo ou até, em al!uns casos, a%itual.669. Zá tam"2m umaoutra restri+,o tal' (ue esta iteratividade pode ocorrer s nos estados faseáveis' por(ue
atrav2s de adver"iais podemos atri"uirDl-es a delimita+,o temporal. Ve3aDse as seguintes
frases para ilustrar a diferen+a:
U5C
U5C.6 “le tem estado doente todas as semanas F frequentemente muitas
ve:es.
U5C.# [le tem sido alto todas as semanas F frequentemente muitas
ve:es.66C
=o caso de certos processos' temos de acrescentar adver"iais de (uantifica+,o
temporal:
U5%
U5%.6 @la tem tra"al-ado. D somente a informa+,o temporal
U5%.# @la tem tra"al-ado todos os dias. D iterativo
<s processos culminados apresentam certas restri+8es com rela+,o 0 natureza
sintácticoDsemJntica do complemento de predicado. Ve3aDse as seguintes duas frases para o
contraste:
U$
U$.6 Q* *na tem lido o livro. D a leitura de iteratividade 2' neste caso'
duvidável
U$.# * *na tem lido um livro Upor semana.
* situa+,o no campo das culmina+8es ilustraDse com a frase sucessiva:
U6 * *na tem gan-o o pr2mio Utodos os anos
aso considerarmos (ue -á várias ocorrAncias de atri"ui+,o dos pr2mios do
669 LH17 U#$$5:666C LH17 U#$$5:67$
??
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mesmo tipo' podemos atri"uir a essa frase a leitura de iteratividade.
“O efeito aspectual de iteratividade parece estar relacionado com o facto de a
duração esta%elecida pelo Pretérito Perfeito omposto ser %astante va!a66% como no seu
início' tanto em rela+,o ao seu fim. @ssa característica 2 tam"2m comum aos estados' e por
isso conseguimos o"ter um certo tipo de estado at2 de situa+8es (ue contAm as
culmina+8es Uprocessos culminados e culmina+8es sem (ue essas situa+8es percam a
culmina+,o.
onsideramos importante advertir (ue se n,o misturem os seguintes dois tipos de
constru+8es:
U#
U#.6 * professora tem corrigido os testes. D constru+,o no 1ret2rito1erfeito omposto com leitura temporal.
U#.# * professora tem os testes corrigidos. D constru+,o puramente
perfectiva
oncluaDse (ue a leitura de iteratividade ocorre somente no ndicativo e com
predicados (ue apresentem a culmina+,o. aso os predicados n,o apresentem aculmina+,o' temos de utilizar adver"iais (uantificadores.
8#! @uturo ;omposto
@m"ora este tempo com mais fre(uAncia apresenta leituras modais' pode tam"2m
apresentar umas leituras aspectuais' o (ue mostram os seguintes e/emplos:
U5
U5.6 Euando c-egares de tra"al-o' a *na 3á terá feito o 3antar.
U5.# Euando c-egares de tra"al-o' o 1orto 3á terá gan-o o campeonato.
U5.5 Q Euando c-egares de tra"al-o' 3á a *na terá estado doente.
U5. Q Euando c-egares de tra"al-o' 3á a *na terá tra"al-ado "em.
U5.? Euando c-egares de tra"al-o' 3á a *na terá tossido.
66% LH17 U#$$5:65
?7
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Zá umas restri+8es para a leitura aspectual. *ntes de tudo' o ponto de perspectiva
temporal tem de ser futuro em rela+,o ao momento da enuncia+,o' “constituindo a forma
composta a marcação de uma anterioridade em relação a esse tempo, mas que é tam%ém
futuro6#$.
=as primeiras duas frases estamos ainda por cima perante uma perfectividade ' a
ora+,o temporal incluiDse no estado resultante do processo culminado “fa:er 7antar e da
culmina+,o “!anar campeonato' nas restantes frases encontramos o valor terminado.
6#$ LH17 U#$$5:67
?9
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+ariedades aspectuais de oposição ser / estar
<"servemos os seguintes enunciados:
U6
U6.6 * *na 2 c-eca.
U6.# P* *na está c-eca.
U#
U#.6 “sse erro é comum.
U#.# [sse erro est# comum.6#6
U5
U5.6 P* *na 2 adoentada.
U5.# * *na está adoentada.
U
U.6 “[ssa flor é murca.
U.# ssa flor est# murca.6##
=estes enunciados podemos o"servar (ue os predicadores ad3ectivais (ue ocorrem
nos enunciados U6 e U# n,o admitem a presen+a de ver"o estar' opostamente aos
predicadores das frases U5 e U. @sta diferen+a poderia ser e/plicada atrav2s da -iptese
(ue tra"al-a com a categoriza+,o do real e considera dois tipos de o"3ectos a (ue s,o
atri"uíveis várias rela+8es ou propriedades. @stes tipos s,o os seguintes:
6. “individuais6#5
#. “manifestaç'es ou fases temporalmente limitadas de individuais6#
*nalogamente 0 divis,o de o"3ectos a (ue s,o atri"uíveis certas propriedades
distinguemDse tam"2m dois tipos de predicadores:
6. “os que e&primem propriedades de individuais e
6#6 LH1# U6%C%:%C6## LH1# U6%C%:%C6#5 LH1# U6%C%:%%6# LH1# U6%C%:%%
?C
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#. os que e&primem propriedades de manifestaç'es temporalmente limitadas
de individuais. 6#?
1ara esclarecermos o significado de cada uma das defini+8es destes dois tipos de
predicados podemos dizer (ue os primeiros atri"uem aos o"3ectos as propriedades
permanentes ou estáveis' como por e/emplo a ra+a' nacionalidade' idade' características
psicolgicas' físicas e fisiolgicas' en(uanto (ue os segundos e/primem propriedades
passageiras' como por e/emplo estado de sa>de' “estados su%sequentes a uma alteração
ou transição sofrida por uma dada entidade6#7.
h importante notarmos (ue am"os estes predicados e/igem diferente estrutura
sintáctica. “Predicadores de individuais, de nature:a não ver%al, ocorrem no conte&to F
ser6#9' o (ue 2 ilustrado pelas frases U6 e U#' e os “predicadores de manifestaç'es
temporalmente limitadas de individuais não ver%ais, ocorrem no conte&to F estar6#C' o (ue
2 ilustrado pelas frases U5 e U.
* grande variedade de predicados pode ser usado tanto nas constru+8es com estar
como nas constru+8es com ser dependendo de significado da frase. Ve3aDse a seguinte
frase:
U?
U?.6 * árvore 2 alta
U?.# * árvore está alta.
=a frase U?.6 e/prime alta propriedade de individual' de característica
permanente' en(uanto (ue na frase U?.# e/prime a mesma palavra propriedade de
manifesta+,o temporalmente limitada de individual' o (ue podemos ver mel-or se a
colocarmos noutra frase (ue claramente a diferen+a entre a característica temporária e permanente:
U7 &a(uele Jngulo' a árvore estava alta em"ora n,o o fosse.
6#? LH1# U6%C%:%%6#7 LH1# U6%C%:%%6#9 LH1# U6%C%:%%6#C LH1# U6%C%:%%
?%
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#1 +ariantes aspectuais de verbos ser e estar
omo mostrámos nos e/emplos anteriores' a ocorrAncia de ser e estar n,o 2 livre'
e por isso estes ver"os n,o s,o considerados meros elementos de liga+,o Uver"os
copulativos ver"os de liga+,o' mas sim' “nestas construç'es, ver%os predicativos6#%.
<utro argumento a favor desta afirma+,o encontramos no comportamento das
variantes aspectuais derivadas destes dois ver"os (ue ocorrem no conte/to 5 predicador
não ver%al .
Ve3amDse os seguintes e/emplos:
U9
U9.6 P* *na anda c-eca.
U9.# * *na anda adoentada. D iterativo de U5
UC
UC.6 * *na continua c-eca. D permansivo de U6
UC.# * *na continua adoentada. D permansivo de U5
U%
U%.6 P* *na ficou c-eca.
U%.# * *na ficou adoentada. D incoativo de U5
U6$
U6$.6 * *na tornouDse c-eca.
U6$.# P* *na tornouDse adoentada.
*s frases U9 e U% ilustram (ue os ver"os andar e ficar podem ocorrer somente
com os predicadores de propriedades de manifesta+8es temporalmente limitadas de
individuais e por isso podemos concluir (ue estes dois ver"os s,o variantes aspectuais de
ver"o estar .
*o contrário dos ver"os andar e ficar ' o ver"o continuar pode ser variante
aspectual tanto de ver"o ser como de ver"o estar como mostra o e/emplo UC.
=a >ltima frase podemos o"servar' (ue o ver"o tornar5se, como a sua com"ina+,o
6#% LH1# U6%C%: 6$6
7$
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com o predicador de manifesta+,o temporalmente limitada resulta agramatical' 2 variante
aspectual derivada de ver"o ser . *t2 estes ver"os s, c-amados de ver"os predicativos.
<"servemos as seguintes frases para vermos o comportamento de predicados
ver"ais relativamente 0 dicotomia individuais manifesta+8es temporalmente limitadas de
individuais.
U66
U66.6 P@st,o a e/istir espíritos.
U66.# @/istem espíritos.
U6#
U6#.6 * *na está a c-egar de Berlim.
U6#.# * *na c-ega de Berlim.
=o enunciado U66.6 podemos ver' (ue os predicadores de individuais (ue s,o
ver"ais n,o podem ocorrer com a constru+,o progressiva' mas estes podem ocorrer no
1resente !imples U66.# atri"uindoDl-es at2 uma interpreta+,o gnmica.
<s predicadores de manifesta+8es temporalmente limitadas de individuais 3á
admitem o 1resente da constru+,o estar a G=F U6#.6' mas no outro lado n,o admitem a
leitura gnmica no 1resente !imples U6#.#.
<s predicadores ver"ais' analogamente aos ver"os predicativos' podem ser usados
para e/primir am"as as constru+8es como ilustra o seguinte e/emplo:
U65 * *na escreve.
U6 * *na está a escrever.
76
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B +erbos de operação aspectual
Wma das maneiras possíveis de contri"uir para a leitura aspectual final' al2m de
significado le/ical de predicado e de tempo ver"al usado' consiste no uso das c-amadas
formas perifrásticas construídas com ver"os de opera+,o aspectual' c-amados ver%os
aspectuais65$ Uestar a, andar a, começar a, continuar a 8 I/L .
* opera+,o aspectual necessita de operadores aspectuais e “di:er que estas
construç'es são operadores si!nifica que se assume uma perspectiva din$mica em que
ocorre uma conversão de um determinado tipo de situação num outro, através de uma
operação de transição (ou de transformação)656. < (ue importa 2 desco"rir (ual 2 a parte
do =>cleo *spectual (ue será alterada “sem provocar anomalia sem$ntica65# e (ual será o
resultado dessa opera+,o.
onsideramos importante lem"rar de (ue' na língua c-eca' n,o podemos
com"inar os ver"os de opera+,o aspectual com os ver"os t2licos mas apenas at2licos655.
B#1 :rogressivo
* no+,o mais discutida desse tpico 2 o 1rogressivo' (ue 2 perspectivado “como
estando a decorrer65' apresentando uma dura+,o e tam"2m como inaca"ado' por(uegeralmente ou n,o tem atingido o seu ponto final ou a ac+,o por ele e/pressa n,o está
completa ainda.
=o capítulo so"re o 1resente falámos de (ue o tempo gramatical raramente
coincide com o momento da enuncia+,o e (ue' (uando o faz' 2 por uso de 1resente
1rogressivo. * >nica e/cep+,o dessa afirma+,o 2 constituída pelos estados le/icais. =os
casos (ue apresentam a culmina+,o Unos processos culminados' culmina+8es e pontos
operamDse outros efeitos tam"2m. Ve3amos as seguintes frases:
U6 * *na está a ler o 3ornal.
U# *na está a correr.
U5 * *na está a gan-ar a corrida.
65$ LH17 U#$$5:56?656 LH17 U#$$5:6?65# LH17 U#$$5:67655 * análise foi dada no capítulo ?.#65 LH17 U#$$5:67
7#
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U * *na está a espirrar.
U? * *na está a viver em Berlim.
U7 P* *na está a ser alta.
1rimeiramente temos de dizer (ue somente os estados n,o faseáveis n,o podemocorrer nestas constru+8es apresentando as frases agramaticais. *o contrário' os estados
faseáveis' representados neste caso pelo viver em Berlim' podemos aplicar no 1resente
1rogressivo. =a primeiras duas frases U6 e U# n,o 2 nada difícil designar (ue o tempo
gramatical 2 so"reposto so"re o momento da enuncia+,o' mas 3á nas frases U5 e U isso
n,o 2 t,o "vio e' em"ora essa informa+,o tam"2m se3a contida' encontramos outras
informa+8es aspectuais. =a frase U5 vemos (ue a corrida ainda n,o está gan-a' ou se
(uiser' (ue esta culmina+,o n,o ocorreu ainda' de maneira semel-ante ao (ue' na verdade'acontece na frase U6' na (ual o processo culminado perde a sua culmina+,o' (ue tam"2m
n,o ocorreu ainda. =a frase U estamos perante uma iteratividade o"tida pela coloca+,o de
pontos nesta constru+,o progressiva' o (ue tam"2m acontece nas constru+8es com 1ret2rito
1erfeito omposto.
*t2 na frase U# 2 2na est# a correr ' (ue apresenta um processo' podemos
encontrar algumas altera+8es aspectuais. “om efeito, pode ar!umentar5se que as
construç'es pro!ressivas apresentam al!umas propriedades que podem fundamentarconsider#5las como estruturas estativas.65? Wm dos argumentos a favor dessa afirma+,o 2
o facto de (ue os estados n,o faseáveis n,o podem ocorrer nesta constru+,o “constituindo
assim um ar!umento a favor da estatividade dessa construção. Por outro lado podemos
tam%ém constatar que o Pro!ressivo não ocorre nas construç'es pro!ressivas 657' o (ue 2
ilustrado nos e/emplos seguintes:
U9
U9.6 P* *na está a estar a comer sopa.
U9.# P* *na está a estar a tra"al-ar.
*s frases com 1rogressivo “admitem uma leitura de “presente real no caso dos
eventos.
UC
65? LH17 U#$$5:69657 LH17 U#$$5:69
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UC.6 2 ]aria est# neste momento a ler o livro.
UC.# 2 ]aria est# neste momento a telefonar.
UC.5 2 ]aria est# neste momento a li!ar o computador.659
&o modo de uso dos tempos gramaticais do passado nas frases temporais podemos deduzir “as frases no Pro!ressivo incluem as oraç'es temporais pontuais e são
mais naturais com o Imperfeito, enquanto os eventos ocorrem com Pretérito Perfeito.65C
@m rela+,o a frase su"ordinada encontramos so"reposi+,o ou sucess,o. 1ara os e/emplos
ve3amDse as seguintes frases:
U% * *na estava Q esteve a ler o 3ornal (uando a sua fil-a c-egou.
U6$ * *na estava Q esteve a tra"al-ar (uando o avi,o caiu.
U66 * *na estava P esteve a ligar o computador (uando ouviu o tiro.
“stas o%servaç'es permitem admitir que as construç'es pro!ressivas se
comportam de forma paralela aos estados “65% @les s,o tam"2m apro/imados aos estados
(uando usando certos adver"iais.
U6#
U6#.6 Q * *na esteve a tra"al-ar Q comer sopa 0s dez -oras.
U6#.# * *na esteve a tra"al-ar comer sopa durante uma -ora.
U6#.5 P * *na esteve a tra"al-ar P comer sopa numa -ora.
&e mesma maneira como os estativos' as constru+8es progressivas n,o
apresentam nen-umas restri+8es na liga+,o com os durativos' representados pelo e/emplo
U6#.#' mas 3á n,o aprovam rigorosamente os adver"iais (ue e/primem um certo intervalo
de tempo U6#.5. “S1 aceitam adver%iais de locali:ação temporal numa leitura em que
estes estão inclu"dos na situação descrita6$ U6#.6.
oncluindo' podemos dizer (ue o progressivo tem os seguintes efeitos:
6. “2s situaç'es comportam5se %asicamente como estadosE
#. 2s situaç'es télicas no Pro!ressivo perdem a sua culminaçãoE
659 LH17 U#$$5:6965C LH17 U#$$5:6965% LH17 U#$$5:696$ LH17 U#$$5:6C
7
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5. as culminaç'es perdem tam%ém a sua não duraçãoE
. com “ver%os de criação, as formas pro!ressivas sup'em em !eral
“o%7ectos incompletos (estar a construir uma casa).66
B#2 %utras construções com capacidade de alterar o valor
aspectual bsico dos predicados
B#2#1 ;omeçar a C I&@
@sta constru+,o pode ocorrer com eventos U processos culminados e processos e
estados faseáveis e a leitura final (ue se o"tem 2 a de “um evento pontual marcado pelo
operador6#. Ve3amDse as seguintes frases:
U65 * *na come+ou a ler o 3ornal U 0s dez -oras. D processo culminado D
ponto
U6 * *na come+ou a tra"al-ar Uem Maio. D processo D ponto
U6? Q * *na come+ou a sair U0s dez -oras. D culmina+,o D Q ponto65
U67 * *na come+ou a viver em Berlim Uem #$$$. D estado faseável D D
ponto
U69 P * *na come+ou a ser alta. D estado n,o faseável D P ponto
<s e/emplos apresentados confirmam a afirma+,o anterior' por(ue as frases U65'
U6 e U67 s,o perfeitamente aceitáveis mesmo com os adver"iais de localiza+,o temporal
precisa' o (ue aponta para a leitura final pontual. < e/emplo U6? n,o 2 t,o aceitável'
por(ue 2 difícil atri"uir uma estrutura interna 0 uma culmina+,o Uas culmina+8es foram
e/cluidas da lista de eventos aceitáveis para essa constru+,o. 1or >ltimo' como se trata de
um estado n,o faseável' 2 a frase U69 n,o aceitável.
B#2#2 ;ontinuar a C I&@
@sta constru+,o pode' sem apresentar nen-uma altera+,o aspectual' empregar os
66 LH17 U#$$5:6C6# LH17 U#$$5:6C65 * aceita+,o de toda a frase 2 du"itável' mas pensamos (ue' uma vez (ue a frase se3a aceitada' pode
apresentar a leitura pontual. * verdade 2 (ue come+ou um estado iterativo' (ue ocorre ao longo da lin-ade tempo imaginária' mas o [come+ar de sair[ aconteceu num ponto' sem (ue este acontecimento apresenteuma dura+,o.
7?
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estados n,o faseáveis. om os estados faseáveis e eventos pode ocorrer tam"2m' mas 3á
apresenta a leitura final de processo. *plicada aos processos (ue pertencem entre os
eventos' n,o apresenta altera+,o aspectual tam"2m' o"tendo a leitura final de processo de
novo. 1ara a ilustra+,o ve3amos os seguintes e/emplos:
U6C * *na continua a ser alta. D estado n,o faseável D estado
U6% * *na continua a tra"al-ar. D processo D processo
U#$ * *na continua a ser simpática. D estado faseável D estado
U#6 < 1edro continua a gan-ar a corrida. D culmina+,o D processo
U## * *na continua a ler o 3ornal. D processo culminado D processo
* >ltima o"serva+,o (ue podemos adiar 2 (ue em todas as situa+8es (ue
apresentam a culmina+,o no predicado "ase' esta perdeDse' como nas frases U#6 e U##.
B#2#3 <ei/ar de C I&@
=o caso dos estados' opera esta constru+,o a mudan+a de um estado para outro
estado' estado cessativo. =a área de eventos' pode esta constru+,o ocorrer com processos e
processos culminados. om as culmina+8es a aceita+,o 2' de novo' duvidável.
“/estes casos, os processos culminados perdem a sua culminação e a leitura final apresenta uma caracter"stica dupla. Por um lado, marca um evento pontual e, por
outro, associa5le um estado cessativo.6
Ve3amos as seguintes frases:
U#5 * *na dei/ou de ser c-eca. D estado n,o faseável D estado cessativo
U# * *na dei/ou de ser simpática. D estado faseável D estado cessativo
U#? * *na dei/ou de ler o 3ornal. D processo culminado D ponto' estadocessativo
U#7 * *na dei/ou de tra"al-ar. D processo D estado cessativo
U#9 Q * *na dei/ou de gan-ar a corrida. D culmina+,o D Q estado cessativo
U#C * fil-a da *na dei/ou de c-orar 0s trAs -oras. D processo D estado
pontual
6 LH17 U#$$5:6%
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U#% * fil-a da *na dei/ou de c-orar durante dez minutos. D processo D
estado cessativo
<s dois >ltimos e/emplos “evidenciam a possi%ilidade de se considerar s1 o
evento pontual6?'' na frase U#C' “ou o estado cessativo67' apresentado na frase U#%.
B#2#! :arar de C I&@
@sta constru+,o 2' nalgumas características' paralela a dei&ar de 8 I/L . *
diferen+a consiste no facto de este operar “so%re eventos e não so%re estados, marcando
uma para!em ou uma interrupção do evento69 1or isso apresenta a leitura final de evento
pontual' (ue teoria 2 apoiada pela possi"ilidade de acrescentar os adver"iais de localiza+,o
temporal precisa 0s frases U5# e U55. Ve3amos os seguintes e/emplos:
U5$ P* *na parou de ser c-eca. D estado n,o faseável D P ponto
U56 Q * *na parou de ser simpática. D estado faseável D Q ponto
U5# * *na parou de tra"al-ar U0s cinco da tarde. D processo D ponto
U55 * fil-a da *na parou de comer sopa U0s dez -oras. D processo
culminado D ponto
B#2#( Acabar de C I&@
@sta constru+,o' igualmente 0s duas anteriores' tam"2m marca um fim' mas de
novo apresenta diferentes características. <pera so"re eventos' concretamente processos e
processos culminados' o"tendo a leitura final de culmina+,o ou' 0s vezes' de processo
culminado' o (ue 2 aprovado pela possi"ilidade de emprego de adver"iais de localiza+,o
U5 e de medi+,o temporal U5?. Ve3amos as frases:
U5 * *na aca"ou de almo+ar 0s trAs -oras. D processo D culmina+,o U5? * *na aca"ou de almo+ar em dois minutos. D processo D processo
culminado
U57 * fil-a de *na aca"ou de comer a sopa 0s trAs -oras. D processo
culminado D culmina+,o
6? LH17 U#$$5:6%67 LH17 U#$$5:6%69 LH17 U#$$5:6%
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U59 * fil-a da *na aca"ou de comer a sopa em dois minutos. D processo
culminado D processo culminado
U5C Q < 1edro aca"ou de gan-ar a corrida 0s cinco -oras. D culmina+,o D
culmina+,o
U5% Q < 1edro aca"ou de gan-ar a corrida em trAs minutos. D culmina+,o D
processo culminado
* defini+,o de leitura final pode ser difícil em certos casos' como vemos na frase
U59' onde' na verdade' n,o encontrámos nen-uma mudan+a de aspecto. !omente a por+,o
da ac+,o e/pressa pelo predicado mudou. @n(uanto na frase ) 2 fila da 2na comeu a sopa
em dois minutos. perspectivaríamos toda a ac+,o de comer sopa desde (ue o su3eito
comesse a primeira col-er de sopa at2 a >ltima' na frase U59 vimos somente uma partedessa ac+,o' a >ltima' em (ue o su3eito 3á (uis comer a >ltima parte de so"a (ue so"rava no
prato. @ foi este aca%ar de comer sopa (ue demorou os dois minutos' (ue 3á podem ser
considerados como )razoavelmente longas e por isso foi 0 frase atri"uída a leitura de
processo culminado.
< caso da frase U59 mostraDnos (ue a constru+,o aca%ar de 8 I/L pode'
operando so"re os processos culminados' apresentar de novo a leitura de processo
culminado' somente (ue esse novo processo culminado 3á perspectiva menor parte daac+,o do (ue o predicado "ase em si.
B#2#8 Andar a C I&@
* >ltima das constru+8es' (ue trataremos pormenorizadamente' será andar a 8
I/L ' apresenta umas semel-an+as com o estar a 8 I/L ' por(ue opera tam"2m so"re os
eventos e estados faseáveis. < (ue 2 diferente 2 a leitura final (ue o"temos' pois' nas frases
com esta constru+,o' encontramos estados -a"ituais ou fre(uentativos' como apresentamos seguintes e/emplos.
U$ * *na anda a ser simpática. D estado faseável D estado -a"itual
U6 P * *na anda a ser alta. D estado n,o faseável D P estado -a"itual
U# * *na anda a ler livro de linguística. D processo culminado R estado
fre(uentativo
U5 * *na anda a sair 0 noite. D culmina+,o Destado fre(uentativo
7C
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U * *na anda a via3ar. D processo D estado fre(uentativo
B#3 Dista de verbos de operação aspectual1!B
@sta ta"ela apresenta as altera+8es aspectuais mais importantes mesmo como os
seus operadores.
+erbos de operação
aspectual
"ipo aspectual base Deitura final
@star a @stados faseáveis@ventos
@stado 1rogressivo
*ndar a @stados faseáveis
@ventos
@stado -a"itual ou fre(uentativo
ome+ar a @stados faseáveis@ventos
@stado pontual
ontinuar a @stados@ventos
@stado n,o faseável1rocesso
&ei/ar de @stados@ventos
@stado n,o faseável@vento pontual G estado cessativo
1arar de 1rocessos1rocessos culminados
@vento pontual Uestado cessativo
*ca"ar de 1rocessos1rocessos culminados ulmina+,o Uprocesso culminado
B#! Impacto da oposição ser / estar nos valores aspectuais de
predicados derivados
Ve3amos como a dicotomia predicador de individual predicador de manifesta+,otemporalmente limitada de individuais Ue/plicada no capítulo 7 influencia a possi"ilidade
de opera+8es aspectuais.
*s frasesD"ase ser,o as seguintes:
(NH)
U?.6 “O -u"s pinta.=N@ D predicado ver"al de individuais
6C ;oda a ta"ela foi tirada de LH17 U#$$5:6?66% LH1# U6%C%:6$#
7%
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U?.# “O -u"s est# a pintar=H. D predicado ver"al de manifesta+,o
temporalmente individual
<s e/emplos U7 R U?$ mostramDnos o estado resultante depois de aplica+,o de
certos ver"os de opera+,o aspectual. * nossa tarefa será de estipular (ual foi o predicado
"ase' se o foi predicador de individual ou predicador de manifesta+,o temporalmente
individual.
U7 “O -u"s aca%a de pintar.=H=
@sta frase resulta impossível como leitura final conclusiva de opera+,o aspectual
de U?.6' mas 2 possível como resultado de opera+,o aspectual de U?.#.
U9 “O -u"s anda a pintar.=HG
@sta frase resulta impossível como leitura final iterativa de opera+,o aspectual de
U?.6' mas 2 possível como resultado de opera+,o aspectual de U?.#.
UC “O -u"s começa a pintar.=HM
@sta frase resulta possível como leitura final inceptiva de opera+,o aspectual tanto
de U?.6 como de U?.#.
U% “O -u"s continua a pintar.=HN
@sta frase resulta possível como leitura final permansiva de opera+,o aspectual
tanto de U?.6 como de U?.#.
U?$ “O -u"s dei&a de pintar.=HH
@sta frase resulta possível como leitura cessativa de opera+,o aspectual de U?.6'
mas 2 impossível como resultado de opera+,o aspectual de U?.#.
;endo e/aminado os e/emplos anteriores' podemos concluir (ue “os
predicadores ver%ais de individuais e&cluem os valores aspectuais conclusivo e iterativo, eos predicadores ver%ais de manifestaç'es temporalmente limitadas de individuais o valor
aspectual cessativo.6?7
6?$ LH1# U6%C%:6$#6?6 LH1# U6%C%:6$#6?# LH1# U6%C%:6$#6?5 LH1# U6%C%:6$#6? LH1# U6%C%:6$#6?? LH1# U6%C%:6$#6?7 LH1# U6%C%:6$#
9$
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B#( ;ontribuição da abordagem aspectual brasileira
< ponto de vista "rasileiro será representado pelo livro )Moderna Lramática
1ortuguesa de @vanildo Bec-arra. =este livro' a pro"lemática de aspectualidade vADse
para as teorias de Ioman Saco"son e @ugenio oseriu. @m"ora esta divis,o n,o estar
integrada no presente tra"al-o' pode a3udar a perce"er a comple/idade de pro"lemática
aspectual.
* a"ordagem aspectual de Bec-arra conta com as seguintes su"categorias de
;empo e *specto: nível Ude tempo' perspectiva primária' perspectiva secundária' dura+,o'
repeti+,o' conclus,o' resultado' vis,o e fase. Ve3amos as (ue contri"uem para a leitura
aspectual e podem aprofundar o nosso con-ecimento desta pro"lemática. *s su"categorias
(ue tratam apenas de tempo ver"al s,o igualmente interessantes mas n,o dizem nada a
respeito de aspectualidade de frase.
B#(#1 <uração da acção
@ste conceito a3uda a descrever o percurso de ac+,o e/pressa pelo ver"o da frase e
divide as ac+8es de seguinte maneira:
● a acção durativa R esta ac+,o descreve os processos (ue est,o a decorrer
no momento da enuncia+,o.
● a acção moment$nea ` esta ac+,o e/prime o valor aspectual de pontos'
(ue n,o apresentam nen-uma dura+,o' e 2 oposta 0 ac+,o durativa.
● a acção intermitente R esta ac+,o' como 2 composta pelos actos "reves'
apresenta uma intersec+,o dos dois tipos de ac+8es antecedentes e corresponde ao
valor aspectual iterativo.
B#(#2 Eepetição da acção
1rimeiro 2 necessário distinguir entre as acç'es semelfactivas' (ue se caracterizam
por e/primir um acontecimento >nico' e entre as acç'es frequentativas (ue s,o repetidas.
@stas ac+8es repetidas depois podemos dividir em acç'es repetidas sin!ulares' nas (uais
encontramos apenas uma repeti+,o de acontecimento' e nas acç'es repetidas
indeterminadas (ue apresentam pelo menos trAs ocorrAncias.
&o ponto de vista gramatical podem interessarDnos especialmente as ac+8es
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repetidas singulares (ue' como s,o as >nicas (ue ocorrem nas e/press8es perifrásticas
U?6.6 e sofrem o processo de forma+,o de palavras U?6.#' s,o as >nicas gramaticalizadas.
Ve3aDse as seguintes enunciados:
U?6
U?6.6 Volto a fazer o ;1. R [ faço o 6P pela se!unda ve:[
U?6.# Iefa+o R [ faço o 6P de novo A pela uma certa
ve:[
!e ns (uisermos e/primir uma ac+,o repetida indeterminada' 3á temos de usar
outras possi"ilidades como' por e/emplo' os adver"iais de tempo ou de (uantifica+,o. =o
predicado U?6.# podemos ver uma certa semel-an+a com os prefi/os c-ecos (ue alteram o
valor aspectual de ver"os. &esta maneira' na língua c-eca' encontramos o seguinte ver"o:
U?#
U?#.6 peDdlat
U?#.# 1@IFD fa:er 1
U?#.5 reDfazer
1ara ilustra+,o se seguem os predicados portugueses usados nas frases:
U?#. Fiz o ;1 muitas vezes.
U?#.? Iefa+o o ;1 pela terceira vez.
<utra o"serva+,o interessante 2 (ue' como o ver"o refazer )copia a constru+,o
do ver"o c-eco prefi/ado' pode este tam"2m sofrer uma imperfectiviza+,o secundária'
analgica 0 fun+,o do sufi/o imperfectivizante c-eco DVvaD. @m vez de sufi/o' o portuguAs
empregaria o progressivo:
U?5 @star a reDfazer
U? 1e DdlDávaDt
U?.6 1@IFD fa:5VvaDer
U?.# estar a refazer
B#(#3 ;onclusão da acção
!e descrevermos a conclus,o da ac+,o' podemos distinguir os seus seguintes
9#
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tipos:
● a acção conclusa
● a acção inconclusa
● a acção sem traço de conclusão
on-ecemos dois tipos de conclus,o: a primeira 2 su"3ectiva e a segunda 2
o"3ectiva “na dependência de ter o su7eito levado a acção para um fim o%7ectivo ou
não6?9. <"servemos os seguintes e/emplos6?C:
U?? @screvi muito. D agora n,o escrevo' uma conclus,o su"3ectiva (ue n,o
resultou num fim o"3ectivo
U?7 @screvi o livro. D cumpri a tarefa' o livro está escrito o (ue apresenta
fim o"3ectivo.
oseriu define as conclus8es su"3ectivas como terminativas e o"3ectivas como
completivas.
/o portu!uês s1 a conclusão su%7ectiva é e&pressa por formas ver%aisE a
o%7ectiva fica assinalada pelo conte&to e #s ve:es pode ser e&pressa 7unto à vo: ver%al.6?%
B#(#! Eesultado da acção
omo neste tra"al-o contamos com o conceito de =>cleo *spectual e uma das
parte do =>cleo *spectual 2 o estado resultante' a categoria de resultado da ac+,o pode
interessarDnos tam"2m. &istinguemDse dois tipos de ac+,o segundo o resultado: o primeiro
2 a acção resultativa e o segundo 2 a acção não resultativa. * >nica diferen+a entre estas
duas consiste no facto de a ac+,o resultativa apresentar o resultado e a ac+,o n,oD
resultativa n,o o apresentar.
@. Bec-arra tam"2m distingue dois tipos de resultado: o primeiro 2 o resultado
su%7ectivo e o segundo 2 o resultado o%7ectivo.
< resultado su"3ectivo afecta o su3eitoDagente e representa uma reac+,o efectiva
Uresultado \ efeito en(uanto (ue o resultado o"3ectivo afecta o o"3ecto e apresenta a
reac+,o produtiva Uresultado \ produto. * diferen+a entre estes dois conceitos de resultado
6?9 Bec-arra U#$$6:#6?6?C <s e/emplos s,o tirados de Bec-arra U#$$6:#6?6?% Bec-arra U#$$6:#67
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2 captada tam"2m no campo da gramática por(ue' segundo @vanildo Bec-arra' o resultado
o"3ectivo e/primeDse atrav2s de estar 8 partic"pio e o resultado o"3ectivo atrav2s de ter G
particípio U1ret2rito 1erfeito omposto.
B#(#( +isão da acção
!egundo esta categoria podemos considerar a ac+,o “em seu todo ou
parcialmente, em fra!mentos entre dois pontos de seu curso67$. 1ara podermos
perspectivar a ac+,o de maneira fácil e transparente apresentámos o seguinte es(uema
triangular 676:
U?9
=o es(uema podem ver (ue a ac+,o desenvolvida tem de passar pelo trAs pontos
*' B a . <s pontos * e B representam passado U* e presente UB e o ponto representa o
seu encontro em (ue am"os podem coincidir R o presente U. * classifica+,o das
e/press8es ver"ais (ue s,o afiguradas no es(uema segueDse.
6. star a I/L F estar 8 !er+ndio D segundo a norma do portuguAs encontramos na
língua estas duas constru+8es ver"ais progressivas. * primeira 2 de padr,o portuguAs e a
segunda de padr,o "rasileiro' mas am"as e/primem o mesmo conceito. @/primem o
67$ Bec-arra U#$$6:#67676 < es(uema triangular foi tirado de Bec-arra U#$$6:#67. omo esta o"ra 2 escrita no portuguAs padr,o
"rasileiro' no es(uema encontramos algumas e/press8es de pouco uso em 1ortugal' mas com mesmovalor aspectual. aso o @.Bec-arra contar nas suas defini+8es apenas com as constru+8es com o ger>ndio'completámoDlo com as constru+8es com o infinitivo.
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encontro de presente com o passado e' no es(uema' situamDse no ponto .
#. 9isão comitativa ` andar 8 I/L F andar 8 !er+ndio R trataDse de
acompan-amento da ac+,o ver"al em diversos momentos do seu curso entre * e B. Ts
vezes essa ac+,o pode ser assinalada pelo uso de ad3ectivo Uandar cansado e particípio.
5. 9isão prospectiva ` ir 8 !er+ndio ` =este ponto' a ac+,o desenvolve em
direc+,o de Upresente para o B Ufuturo n,o limitado.
. 9isão restorspectiva ` vir 8 !er+ndio ` * ac+,o neste caso' come+ou num
passado indeterminado U* e procede em direc+,o do ponto Upresente. < presente
coincide com o momento em (ue o"servamos a ac+,o.
?. 9isão continuativa ` se!uir 8 !er+ndio , continuar I/L F continuar 8
!er+ndio ` @sta vis,o apresenta uma com"ina+,o de vis8es prospectiva e retrospectiva' por(ue come+ou no passado indefinido e vai seguir para o futuro.
7. Vis,o glo"al R esta vis,o acentua todo o con3unto da ac+,o e assinalaDa como
parcializante. omo parcializante funciona a constru+,o progressiva estar G ger>ndio
estar G =F. Mesmo assim' “esta função poderia ser dispensada, 7# que pode ser
desempenada por mem%ros neutros da oposição67#. omo as formas neutra funcionam
as formas ver"ais simples Un,o as constru+8es ver"ais:
U?C fa+o D neutral
U?% estou a fazer D parcializante
B#(#8 @ases da acção
*s fases da ac+,o descrevem a rela+,o entre o momento da enuncia+,o e grau de
desenvolvimento da ac+,o. <"servemos o seguinte es(uema:
67# Bec-arra U#$$6:#69
9?
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U7$
@m seguida trataremos de cada fase da ac+,o ver"al separadamente.
=. Lase iminente (in!ressiva) R =esta fase' trataDse de ac+,o ver"al no seu
come+o. * perífrase (ue a e/prime 2 a seguinte: estar para 8I/L . !egueDse o e/emplo:
U76 @stou para ir 0s f2rias.
G. Lase inceptiva ` esta fase marca o ponto inicial da ac+,o ver"al e pode ser
e/pressa de várias maneiras. * primeira constru+,o 2 começar a I/L ' mas n,o 2 a >nica.
*s constru+8es pr5se a I/L, meter5se a I/L, pe!ar a I/L, sair 8 !er+ndio, desatar a I/L
tam"2m e/primem o come+o da ac+,o al2m de dar Anfase ora na velocidade ora na
su"taneidade da ac+,o. @sta fase 2 a mais rica nas suas apresenta+8es.
M. Lase pro!ressiva R @sta fase considera o desenvolvimento da ac+,o e e/primeD
se atrav2s de constru+,o ir 8 !er+ndio.
N. Lase continuativa R @sta fase considera a ac+,o ver"al na “:ona medial do seu
desenvolvimento675
e e/primeDse por se!uir 8 !er+ndio, continuar a I/L ' ou pelae/press,o de vis,o estar a I/L F estar 8 !er+ndio.
H. Lase re!ressiva e fase conclusiva ` @. Bec-arra 3unta estas duas fases' por(ue
segundo ele am"as consideram a ac+,o “no seu término ou em sua fase final67 1odem
e/primirDse com as constru+8es dei&ar de I/L, parar de I/L, voltar a I/L, terminar de
I/L .
675 Bec-arra U#$$6:#6C67 Bec-arra U#$$6:#6C
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?. Lase e!ressiva R @sta fase considera a ac+,o imediatamente depois de seu fim e
podemos e/primiDla usando a constru+,o aca"ar de =F.
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F +alor aspectual dos adverbiais de tempo
=os capítulos anteriores' apontámos com maior fre(uAncia para a importJncia da
presen+a de e/press8es (ue remetem para localiza+,o temporal' dura+,o ou fre(uAncia.
@stes adver"iais temporais tAm papel importante na semJntica aspectual da frase em"ora
raramente apresentem algum valor aspectual em si. 1or e/emplo' no domínio das frases
com predicado no mperfeito ou 1ret2rito 1erfeito !imples' vimos (ue a aceita+,o das
frases' sem (ue se3am acompan-adas de adver"iais temporais' 2 du"itável. <s adver"iais
temporais tam"2m serviram de teste para identificar a telicidade ou atelicidade de
predicados' a3udando a interpretar correctamente' a natureza de leituras finais de
constru+8es de opera+,o aspectual como mostra a diferen+a entre as seguintes duas frases:
U6
U6.6 * *na aca"ou de comer a sopa em dois minutos. D processo
culminado
U6.# * *na aca"ou de comer a sopa 0s trAs -oras. D culmina+,o
1or motivos de relevJncia aspectual dos adver"iais de tempo tra"al-emos na sua
divis,o.
1rimeiro temos de esclarecer a e/press,o )adver"ial de tempo usada ao longo
deste tra"al-o. “2 e&pressão dos adver%iais de tempo é e&tremamente variada, podendo
ser e&plicitada através de advér%ios de tempo, de sinta!mas preposicionais e tam%ém de
sinta!mas nominais67? em"ora -a3a autores (ue consideram (ue “os sinta!mas nominais
de locali:ação temporal são sempre sinta!mas preposicionais (nomeadamente com a
preposição em) em que a preposição se encontra a um n"vel mais a%stracto de
representação677
<s n>cleos de sintagmas preposicionais (ue fazem parte de adver"iais temporais
s,o os seguintes: em, a, por, para, de, desde, durante e até. Ve3aDse os e/emplos
ilustrativos:
U# =asci em /ovem%ro.
U5 * *na c-egou às on:e oras.
67? LH17 U#$$5:677D679677 LH17 U#$$5:679
9C
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U * *na escreve um livro por ano.
U? * festa foi adiada para a pr1&ima semana.
U7 * *na c-egou de manã.
U9 * *na esteve doente durante dois meses.
UC * *na dá aulas desde G>.
U% * *na tra"al-ou até as três oras.
<s nomes (ue fazem parte (uer de sintagmas preposicionais (uer de sintagmas
nominais dos adver"iais temporais variam em tipos' mas podemos reuniDlos em dois
grupos "ásicos:
6. “os nomes de referência cronol1!ica (ora, mês, manã, ]aio, G=...) e
#. os nomes que podem funcionar como nomes de informação temporal (ve:,
momento, per"odo...)679
<s nomes de referAncia cronolgica su"dividemDse em nomes de unidades de
tempo Uano, mês, dia, ora e nomes que desi!nam essas unidades de tempo. “Os
se!undos não se enquadram numa métrica temporal e podem incluir nomes como in"cio,
fim (da manã), ve: (duas ve:es F certa ve:), tempo (nesse tempo), altura (nessa altura),
ocasião, instante (num instante) e momento.67C
< agrupamento de adver"iais de tempo varia segundo várias escolas linguísticas'
mas geralmente -á consenso (uanto á e/istAncia de adver"iais de localiza+,o temporal' de
fre(uAncia e de dura+,o (ue vamos tratar nas seguintes partes deste capítulo.
*lternativamente' -á tam"2m uma rela+,o dos adver"iais com o tempo' segundo a (ual
restringemDse em adver"iais dAiticos e anafricos. omo essa diferencia+,o n,o 2 feita de
ponto de vista aspectual' n,o a vamos tra"al-ar 67%.
F#1 Adverbiais de locali9ação temporal
@stes adver"iais s,o construídos pelos adver"iais “capa:es de fornecer as
coordenadas temporais69$ das situa+8es e/pressas pelos enunciados e desta maneira
permitem situar temporalmente os eventos descritos nestes enunciados.
679 LH17 U#$$5:67C67C LH17 U#$$5:67C67% 1ara esta pro"lemática pode consultarDse LH17 U#$$5:696D69#69$ LH17 U#$$5:67C
9%
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Wm teste fácil para identificar os adver"iais temporais num enunciado 2 a
pergunta )_uando teve lu!ar.
on-ecemos dois tipos de localiza+,o: relativa e a"soluta.
“/o primeiro caso, podemos fa:ê5lo recorrendo a datas ou a eventos que
funcionam como datas. /o se!undo caso, a locali:ação depende de outra referência
esta%elecida pelo momento de enunciação (dêitica) ou então por al!uma e&pressão na
frase (ou te&to )(anaf1rica).696.
Ve3amos os e/emplos de localiza+,o temporal a"soluta:
U6$ * *na nasceu a 6$ de =ovem"ro de 6%C$.
U66 < 1edro nasceu a dia no (ue foi morto o S. F. Kennedy.
=a frase U6$' a localiza+,o temporal 2 feita recorrendo a uma data' en(uanto (ue
na frase U66 recorrendo a um evento concreto.
Ve3amos as frases seguintes para ilustrarmos os e/emplos de localiza+,o temporal
relativa:
U6# * *na c-egou neste momento.
U65 *na foi ao cinema com certas d>vidas so"re o filme' mas duas oras
depois saiu contentíssima.
U6 * *na c-egou -á pouco tempo.
U6? “Partimos na terça5feira, mas no domin!o t"namos estado em casa do
bor!e.69#
=a frase U6# estamos perante de uma localiza+,o temporal relativa dAitica. *
e/press,o adver"ial duas oras depois da frase U65 2 um clássico e/emplo de localiza+,o
temporal relativa anafrica. <s e/emplos U6 e U6? apresentam uma duplicidade' “dadoque podem ser dêiticos ou anaf1ricos, dependendo do conte&to em que sur!em695' por isso
podem ser c-amados de )relativos duplos.
696 LH17 U#$$5:67%69# LH17 U#$$5:67%695 LH17 U#$$5:67%
C$
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F#2 Adverbiais de fre4u*ncia
=este grupo podemos incluir os adver"iais de “frequência propriamente ditos69
e adver"iais (ue “envolvem quantificação fora do quadro de uma unidade temporal69?.
Ve3amos os e/emplos seguintes:
U67 Wltimamente' eles tAm visto um filme por semana.
U69 Wltimamente' eles tAm visto um filme todas as semanas.
1odemos concluir (ue am"as as frases apresentam leituras semel-antes' mas
encontramos diferen+as nos tipos de adver"iais fre(uentativos empregados. * frase U67
apresentaDnos uma fre(uAncia cíclica' (ue se repete ao longo de uma unidade temporal
Usemana' en(uanto (ue a frase U69 mostraDnos caso em (ue se esta"elece uma rela+,o
entre eventualidades Uver um filme e intervalos de tempo Usemana. =a primeira frase
estamos perante “uma situação verdadeira num intervalo de tempo verific#vel697' neste
caso ' uma vez durante este intervalo Usemana' en(uanto na segunda defineDse “uma
situação verdadeira para um intervalo de tempo verific#vel em & intervalo de tempo699'
neste caso' todas as semanas.
Zá alguns adver"iais fre(uentativos (ue' em certos casos' contri"uem para uma
leitura gen2rica de frases sendo com"inados com outros factores de genericidade como por
e/emplo tempo presente Ucom maior fre(uAncia o 1resente !imples
U6C * *na geralmente empresta livros nessa "i"lioteca.
F#3 Adverbiais de duração
<"servemos os seguintes e/emplos:
U6% * *na tra"al-ou durante trAs -oras.
U#$ * *na aca"ou o tra"al-o em uma -ora.
U#6 * *na foi a Berlim por duas semanas.
“stes adver%iais parecem independentes do ei&o temporal, esta%elecendo a
duração de intervalos de tempo ou de eventualidades através de uma relação entre a
69 LH17 U#$$5:67%69? LH17 U#$$5:67%697 LH17 U#$$5:69$699 LH17 U#$$5:69$
C6
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entidade medida e porç'es de tempo quantificadas.69C
< adver"ial com a preposi+,o durante da frase U6% 2 um caso típico de adver"iais
de dura+,o' en(uanto (ue no caso do adver"ial da frase U#$ vemos dura+,o 3unto com a
delimita+,o e na frase U#6 estamos perante do adver"ial (ue “marca duração associada a
uma fronteira final (mesmo que provis1ria)69%.
Ve3amos a seguinte frase:
U## * *na tra"al-a da segundaDfeira 0 (uartaDfeira.
@sta frase mostraDnos um caso mais comple/o ainda por(ue podemos caracterizar
o seu operador de...a ou como localizador temporal ou como parcialmente durativo com
limites e/plicitados sendo (ue delimita dura+,o de alguma ac+,o Uneste caso de tra%alar .
omo 3á foi dito antes' as características durativas do adver"ial em & tempo
constituem um caso particular entre os adver"iais de dura+,o' por(ue este ocorre somente
com os predicados t2licos' “por este adver%ial ser tam%ém delimitativo6C$. Ve3amDse as
seguintes frases:
U#5
U#5.6 * *na camin-ou no par(ue durante por duas -oras. D processo
U#5.# * *na viveu em Berlim durante por dois anos. D estado
U#5.5 P* *na nasceu durante por dez minutos. D culmina+,o
U#5. P* *na atravessou o cruzamento durante por dez minutos. D
processo culminado
1odemos ver (ue os adver"iais durativos tAm em comum (ue n,o 2 possível
com"ináDlos com predicados t2licos o"tendo uma frase gramatical. Mas como o adver"ial
em & tempo 2 tam"2m delimitativo' as suas possi"ilidades de com"ina+,o s,o diferentes deoutros adver"iais durativos. Ve3amDse as seguintes frases do e/emplo U#' nas (uais vemos
os mesmos predicados' (ue foram com"inados com adver"iais de dura+,o no e/emplo
U#5:
U#
U#.6 P* *na camin-ou no par(ue em duas -oras. D processo
69C LH17 U#$$5:69$69% LH17 U#$$5:6966C$ LH17 U#$$5:696
C#
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U#.# P* *na viveu em Berlim em doi anos. D estado
U#.5 Q* *na nasceu em dez minutos. D culmina+,o
U#. * *na atravessou o cruzamento em dez minutos. D processo
culminado
;odos os predicados cu3o =>cleo *spectual n,o contAm a culmina+,o resultam'
nas frases com adver"ial em & tempo' agramaticais.
C5
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1G +alor aspectual dos complementos verbais
=este capítulo estudaremos a possível influAncia dos sintagmas nominais na
posi+,o de complementos ver"ais para a aspectualidade da frase.6C6 *ntes de come+armos'
temos de esclarecer alguns conceitos necessários para a percep+,o da pro"lemática.
omo mostrámos no capítulo .5' todos os )predicados cumulativos s,o at2licos
e todos os )predicados (uantificados s,o at2licos.
1G#1 :redicados nominais
<s predicados nominais6C# podemos' segundo a sua cumulatividade' distinguir em
)predicados nominais cumulativos e )predicados nominais (uantificados.
<s )predicados nominais cumulativos s,o os predicados cu3a suma preserva
todas as possíveis aplica+8es do predicado U2 o caso de c# 8 c# A c# e os )predicados
nominais (uantificados s,o os (ue n,o apresentam nen-uma sua parte (ue se3a igual ao
predicado em si o (ue podemos ilustrar pelo seguinte e/emplo:
U6 Vois litros de c# U)predicado nominal (uantificado n,o contAm
nen-uma parte (ue se3a tam"2m dois litros c#' en(uanto (ue o c# U)predicado
nominal cumulativo contAm partes (ue s,o tam"2m denominadas como o c#=4M.
1G#2 :redicados verbais
<s predicados ver"ais tam"2m podem ser divididos segundo a cumulatividade em
)predicados ver"ais cumulativos e )predicados ver"ais (uantificados.
=o campo dos )predicados ver"ais cumulativos vale (ue a suma de dois
predicados e/prime o mesmo acontecimento como os predicados em si Ucorrer 8 correr Acorrer ' en(uanto (ue' no campo de )predicados ver"ais (uantificados' constatámos (ue
nen-uma parte do predicado e/prime o mesmo acontecimento como o predicado em si
Unen-uma parte de aca"ar de correr 2 igual ao aca"ar de correr.
6C6 1artiremos dos dados c-ecos de &o4ekal U#$$9 (ue remete para as teorias de Krifka.6C# 1ara a teoria ficar clara' vamos e/plicar a terminologia (ue se seguirá. * e/press,o [predicado[ será' ao
longo deste capítulo' usada no seu sentido lgico. @m vez &@ [predicado[ sintáctico usaremos o sintagmaver"al.
6C5 Ve3aDse o capítulo .. para as e/plica+8es pormenorizadas de pro"lemática da cumulatividade
C
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1G#3 :redicados incrementais
<s )predicados incrementais6C s,o os predicados (ue sistematicamente
e/primem a rela+,o entre a estrutura dos o"3ectos e a estrutura dos eventos. < ver"o
prototípico 2 ["e"er[ e o o"3ecto incremental tAm de ser cumulativo Upor e/emplo [vin-o[ e
depois podemos dizer (ue “cada parte do o%7ecto (vino) é traçada so%re o evento (%e%er
o vino) e, simultaneamente, cada parte de evento é traçada so%re uma parte do
o%7ecto6C?. Ve3amos o seguinte es(uema6C7:
U# U#.6 U#.#
< es(uema mostra a diferen+a entre as duas frases (ue diferem entre si por
conterem diferentes sintagmas nominais na fun+,o de o"3ecto directo. =o primeiro caso' o
o"3ecto 2 )cumulativo e' no segundo caso' o o"3ecto 2 )(uantificado.
Ve3amos as tradu+8es c-eca e portuguesa para compararmos a situa+,o nestas
duas línguas. < caso do portuguAs pode ser interessante' por(ue esta língua' ao contrário
do c-eco' emprega dois tempos ver"ais para referir aos acontecimentos anteriores ao
momento da enuncia+,o.
U5 *s possíveis tradu+8es do es(uema com )o"3ecto cumulativo
Uincremental U#.6:
U5.6 1etr pil víno U-odinu Pza -odinu.
U5.6.6 O Pedro %e%eu I vino (durante5uma5ora F [em uma ora).
U5.# < 1edro "e"eu vin-o Udurante uma -ora Pem uma -ora.6C9
6C < termo 2' igualmente 0 sua defini+,o' deduzido de )inkrementálni predikáty de &o4ekal U#$$96C? ...3e kabdá 4ást o"3ektu Uvíno mapována na událost Upití vína a zárov 3e kabdá 4ást události
mapována na 4ást o"3ektu. &o4ekal U#$$9:##5 Utradu+,o prpria6C7 &o4ekal U#$$9:##6C9 * aceita"ilidade das leituras temporais das frases portuguesas com o sintagma ver"al no 1ret2rito
1erfeito !imples foi consultada com LH17 U#$$5:6?6
C?
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U5.5 < 1edro "e"ia vin-o Udurante uma -ora Pem uma -ora.
omparando as frases U5.# e U5.# podemos ver (ue' como na língua c-eca neste
caso encontramos o ver"o )incremental e o o"3ecto )incremental (ue s,o am"os
)cumulativos Ue por isso tam"2m at2licos' n,o podemos aceitar a leitura t2lica' mas
apenas a leitura at2lica' e o mesmo acontece em portuguAs.
*gora ve3amos o caso da frase U5.5 cu3o sintagma ver"al está no mperfeito. @sta
frase apresenta tam"2m apenas uma leitura possível: a leitura at2lica.
<s dados portugueses at2 agora apresentados parecem apoiar a afirma+,o (ue a
telicidade das frases com ver"os )incrementais depende de o"3ectos.
U < es(uema com )o"3ecto (uantificado Un,oDincrementalU#.#:
U.6 1etr vyDpil litr vína UP-odinu za -odinu.
U.6.6 O Pedro P3L5%e%eu P um litro de vino [durante5uma5
ora F em uma ora.
U.# < 1edro "e"eu um litro de vin-o Pdurante uma -ora em uma -ora.
U.5 < 1edro "e"ia um litro de vin-o Pdurante uma -ora em uma -ora.
=a frase c-eca U.6 encontramos o ver"o do sintagma ver"al prefi/ado' o (ue
mostra (ue o ver"o 2 perfectivo. &esta maneira podemos ver (ue o o"3ecto (uantificado
e/ige (ue a frase se3a t2lica.
=a frase U.# vemos (ue (uando o o"3ecto posposto ao predicado incremental 2
(uantificado' tam"2m em portuguAs encontramos a altera+,o da leitura aspectual da frase'
(ue muda de leitura at2lica da frase U5.# para a leitura t2lica da frase U.#.
=o caso da frase U.5' (ue emprega o mperfeito' o"servamos (ue a >nica possi"ilidade de considerar a frase gramatical 2 atri"uindoDl-e a leitura -a"itual' (ue 2
at2lica' e prov2m de valor aspectual do tempo ver"al.
1arece (ue comprovamos (ue' no caso dos predicados incrementais' o valor
aspectual da frase pode depender de o"3ecto da frase e podemos generalizáDlo de seguinte
maneira:
C7
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U?
U?.6 1redicado incremental G <"3ecto incremental \ leitura at2lica
U?.# 1redicado incremental G <"3ecto n,oDincremental \ leitura t2lica
&issemos (ue todos os )predicados cumulativos s,o incrementais' ve3amos poresta raz,o o (ue acontece caso ns empregarmos como o"3ecto o mero plural copos de
vino. Ve3aDse a frase:
U7 < 1edro "e"eu copos de vin-o durante uma -ora Pem uma -ora.6CC
=este caso' vemos (ue' apresentando esta frase a leitura at2lica' o efeito 2 igual 0
e(ua+,o U?.6. sto 2 possível por(ue os meros plurais tAm semanticamente “um efeito
paralelo ao de um não cont#vel nestas construç'es por darem am%os ori!em a e&press'es
não delimitadas6C%
6CC * aceita"ilidade das leituras aspectuais foi consultada com LH17 U#$$5:6?66C% LH17 U#$$5:6?#
C9
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11 +alor aspectual de preposições
omo 3á salientámos' todos os elementos frásicos contri"uem para a leitura
aspectual final da frase' e como as preposi+8es fazem parte de sintagmas preposicionais
(ue' em seguida' fazem parte da estrutura sintáctica de frase' as preposi+8es deveriam
contri"uir para a leitura aspectual. < significado das preposi+8es fre(uentemente
corresponde aos significados de certos prefi/os e por isso podemos encontrar certas
paralelas entre os sistemas preposicionais e sistemas de prefi/os6%$.
Wma das diferen+as entre os prefi/os e as preposi+8es consiste no facto de os
prefi/os poderem acumularDse' especialmente em c-eco' en(uanto (ue as preposi+8es n,o.
11#1 A divisão de preposições
*s preposi+8es podem dividirDse nas preposi+8es locacionais' (ue s,o estáticas' e
direccionais' (ue s,o dinJmicas. *s preposi+8es direccionais s,o divididas em
) preposiç'es de fonte e ) preposiç'es de meta6%6.
*s preposi+8es locacionais localizam um o"3ecto em rela+,o espacial para com
um outro o"3ecto (ue serve de referAncia.6%# omo e/emplo pode servirDnos a preposi+,o
:a [atrás de[:
U6
U6.6 1etr 3e 9a domem.
U6.# < 1edro está atrs de casa.
*m"as as frases tAm o mesmo significado e a [casa[ serveDnos de referAncia para o
su3eito da frase U1etr < 1edro.
6%$ 1or e/emplo' em c-eco' tanto os prefi/os como as preposi+8es causam a mesma assimila+,o fonolgica:a consoante vo:eada Utradicionalmente c-amada de sonora sofre uma uma neutraliza+,o antes de umaconsoante não5vo:eada Utradicionalmente c-amada de surda e' analogamente' uma consoante n,oDvozeada estando antes de uma consoante vozeada passa a ser vozeada' ou preserva a sua característica devozeada. @/emplo segueDse:
preposi+,o pod [em "ai/o de[ pod stolem D potstolem D em "ai/o da mesa pod "ytem D pod "ytem D em "ai/o de um apartamento
prefi/o pod5 podkova D potkova D a ferradura podnos D podnos D a "ande3a6%6 <s termos usados vAm da tradu+,o de termos c-ecos: l oYaZn" pedloUYa, direYcionon#ln" pedloUYa,
:dro7ové pedloUY e
c"lové pedloUY (ue s,o usadas em &o4ekal #$$9' #$$C e iková #$$9
6%# &o4ekal U#$$C:5
CC
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*s preposi+8es direccionais especificamDnos a direc+,o de movimento e/ecutado
pelo su3eito.
U#
U#.6 1etr 3de do domu.
U#.# < 1edro vai para casa.
=a língua c-eca' podemos distinguir entre estes dois tipos de predicado usando o
seguinte teste: empregamos a preposi+,o na frase com ver"o predicativo pois estas frases
podem resultar gramaticais apenas com preposi+8es locacionais. Ve3aDse o seguinte
e/emplo:
U5
U5.6 1etr 3e v dom.
U5.# < 1edro está em casa.
U
U.6 P1etr 3e do domu.
U.# P< 1edro está para casa. Uno seu significado literal
omo vemos nas tradu+8es' podemos concluir (ue o (ue vale para as preposi+8esc-ecas' vale tam"2m para as portuguesas' por(ue tudo o (ue dissemos at2 este ponto so"re
as preposi+8es c-ecas era aprovado tam"2m para as preposi+8es portuguesas.
=as frases c-ecas podemos o"servar mais um fenmeno ausente nas frases
portuguesas. * polissemia das preposi+8es locacionais e direccionais 2 e/pressa tam"2m
pelos diferentes casos de nomes usados nos sintagmas preposicionais. Ve3aDse as seguintes
frases c-ecas:
U?
U?.6 1etr leze na strom
U?.# O Pedro so%e à #rvore5*.
U7
U7.6 1etr 3e na strom..
U7.# O Pedro est# em-cima-da #rvore5H<.
C%
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omo podemos ver' nas am"as as frases' temos a mesma preposi+,o' mas o caso
de nomes 2 diferente. aso o sintagma preposicional nos sirva de resposta á pergunta
aonde' respondemos' neste caso' com sintagma cu3o nome está no acusativo e o n>cleo 2
formado pela preposi+,o direccional' caso (ueiramos a resposta para a pergunta onde'
encontramos o nome do sintagma preposicional no instrumental e o n>cleo do sintagma preposicional 2 formado pela preposi+,o locacional. <s nomes (ue fazem parte de
sintagmas preposicionais locacionais est,o sempre no acusativo' en(uanto (ue os nomes de
sintagmas direccionais variam entre o locativo e intrumental6%5.
*s preposi+8es locacionais n,o influenciam a leitura aspectual da frase' mas as
direccionais o fazem' por(ue estas tam"2m apresentam um certo valor aspectual sendo
possível classificáDlos como t2licas' at2licas ou at2 am"íguas entre as t2licas e at2licas. M.
&o4ekal refere para S. jarts (ue afirma (ue as preposi+8es direccionais podem
influenciar a telicidade de predicados at2licos.
11#2 SemHntica vectorial
1ara e/plicar como 2 (ue uma preposi+,o pode ser ou t2lica ou at2lica
precisaremos de semJntica vectorial (ue 2 o mel-or para e/primir a natureza semJntica de
preposi+8es' por(ue o vector “é um o%7eto !eométrico que possui uma ma!nitude e uma
direção6%. * magnitude 2 o comprimento do segmento e a direc+,o calculaDse de um
certo ponto * a um certo ponto B. < vector interessaDnos' por(ue pela sua tra3etria
podemos e/primir o significado e/acto de preposi+8es.
Ve3amos o es(uema de um vector:
U9
Euanto 0 e/press,o de significado de uma certa preposi+,o podemos dizer (ue “o
sinta!ma preposicional é denotado como um con7unto estruturado que est# traçado so%re
6%5 Mesmo neste caso -á e/cep+8es' por(ue algumas preposi+8es c-ecas e/igem casos diferentes. 1ore/emplo a preposil+,o okolo Ua volta de e/ige o genitivo Uokolo 3ezera a5volta5de la!o5L@=
6% ...2 um o"3ecto geom2trico (ue possui uma magnitude e uma direc+,o.U-ttp:pt.jikipedia.orgjikiVectorUespacial
%$
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a mereolo!ia de eventos6%?
=esta a"ordagem de preposi+8es' 2 importante diferenciar as seguintes no+8es6%7:
– o Lround R o"3ecto referente' o o"3ecto (ue serve de referAncia para a possível
deslocaliza+,o do o"3ecto localizado
– o Figure R o o"3ecto localizado' o o"3ecto (ue sofre a possível mudan+a de
posi+,o
– o tra3ecto R a tra3etria do vector (ue e/prime a possível mudan+a de posi+,o
sofrida pelo o"3ecto.
*s preposi+8es direccionais tra+am o o"3ecto referente Uo Lround so"re o
con3unto de vectores' nos (uais a tra3etria defina a mudan+a possível da posi+,o do
o"3ecto localizado Uo Figure6%9. < e/emplo segueDse:
UC =o sintagma preposicional para a casa vemos o Lround a casa (ue está
tra+ado so"re o con3unto de vectores (ue aca"am dentro do o"3ecto a casa.
<s vectores (ue aca"am dentro do o"3ecto casa podemos e/primir pelos seguintes
es(uemas6%C:
U%
U%.6 GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
U%.# DDDDDDDDDDDDDDDGGGGGGGGGGGGDDDDDDDDDDDDDDGGGGGGGGGGGGGGGG
U%.5 GGGGGGGGGGGGGDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDGGGGGGGGGGGGGG
U%. DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDGGGGGGGGGGGGGGGGGGG
<s sinais de mais e menos dos es(uemas e/primem a posi+,o do o"3ecto
localizado para com o o"3ecto referente Uo Lround casa), a so"reposi+,o do Figure e do
Lround 2 e/pressa pelo mais e os casos nos (uais o Figure e o Lround n,o se so"rep8em
e/primeDse atrav2s de menos.
6%? &enotací direkcionální 11 Upedlobkov2 fráze 3e alge"raicky strukturovaná mnobina vektorUtra3ektorií' která 3e mapována na mereologii událostí. U&o4ekal #$$9:##? R os eventos dessa cita+,ocorrespondem 0 e/press,o acontecimento (ue usámos ao longo de todo o tra"al-o e n,o apenas a um tipoaspectual.
6%7 *s no+8es s,o tiradas de &o4ekal U#$$9:##?6%9 &o4ekal U#$$9:##?6%C &o4ekal U#$$9:##7
%6
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=o caso de U6?.6' o Figure nunca dei/ou o Lround casaN no U6?.# estava
primeiro fora de casa' entrou' saiu e entrou de novoN no U6?.5 estava em casa' saiu de casa
e depois voltou para dentro da casaN no U6?. estava fora de casa e entrou.
< >nico es(uema (ue e/prime o verdadeiro significado de preposi+,o para 2 o
es(uema U6?. e por isso o jarts define as preposi+8es direccionais como as preposi+8es
“cu7a tra7et1ria contém no m#&imo duas fases (que se comp'e de um intervalo de pontos
de quais a primeira parte se encontra fora do round e a se!unda encontra5se dentro do
round).6%%
11#3 ;umulatividade
* telicidade de preposi+8es 2 dada pela sua cumulatividade. 1odemos dizer (ue a
cumulatividade 2' no domínio de preposi+8es' definida como a possi"ilidade de concatenar
os vectores de sintagmas preposicionais. =esta concatena+,o' digamos (ue (ueremos
concatenar dois vectores p e (' o vector p tem de come+ar e/actamente no ponto onde
aca"ou o vector p.
*s )preposi+8es cumulativas' e por isso tam"2m at2licas' s,o apenas as
preposi+8es direccionais do tipo ao lon!o de. maginemos a preposi+,o ao lon!o de da
e/press,o ao lon!o do rio. !e ns tomarmos duas diferentes tra3ectrias de fora de casa'
poderíamos concatenáDlas' mas no caso da preposi+,o para U(ue 2 uma preposi+,o
direccional de meta 3á n,o o podemos fazer.
11#! :reposições t5licas
Ve3aDse os seguintes e/emplos#$$ :
U6$
U6$.6 < *le/ camin-ou at2 0 plataforma em dez minutos.
U6$.# Q< *le/ camin-ou at2 0 plataforma durante dez minutos.
U6$.5 < *le/ saiu do -otel em dez minutos.
U6$. P< *le/ saiu do -otel durante dez minutos.
6%% ...3ako ma/imáln dvoufázov2 tra3ektorie Usestáva3ící z intervalu "od' kter2 3sou mimo Lround' a zintervalu "od' kter2 3sou unvit Lroundu. U&o4ekal U#$$9:##9Utradu+,o prpria 1ara a defini+,olgica ve3am o &o4ekal U#$$9:##9
#$$ @/emplos "aseiamDse nos seguintes e/emplos (ue foram tirados de &o4ekal U#$$9:##5:*le/ jalked onto t-e platform out of t-e -otel in Pfor ten minutes.
%#
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U6$.? *le/ doDel na nástupit za deset minut
U6$.?.6 O 2le& 1@IFD foi1 até à plataforma em de: minutos.
U6$.7 P*le/ doDel na nástupit deset minut.
U6$.7.6 O 2le& P3L5foi1 até à plataforma de: minutos
U6$.9 *le/ vyDel z -otelu za deset minut.
U6$.9.6 O 2le& 1@IF5foi1 do otel em de: minutos.
U6$.C P*le/ vyDel z -otelu deset minut
U6$.C.6 O 2le& 1@IF5foi1 do otel de: minutos
* leitura aspectual final t2lica 2 comprovada' pela possi"ilidade de adi+,o de
ad3untos de tipo em & tempo Uem de: minutos, :a deset minut tanto 0s frases portuguesas
como 0s frases c-ecas. @ncontrámos portugueses (ue disseram' (ue a frase U9.# 2 tam"2m
aceitável' e por isso n,o afirmamos (ue 2 agramatical' mas apenas duvidamos a sua
gramaticalidade.
< (ue acontece' caso ns alterarmos o 1ret2rito !imples para o mperfeito#$6Q
Ve3amos as frases:
U66 < *le/ camin-ava at2 0 plataforma em dez minutos. D leitura -a"itual
Uat2lica
U6# Q< *le/ camin-ava at2 0 plataforma durante muitos anos.
U65 < *le/ saía do -otel em dez minutos. D leitura -a"itual Uat2lica
U6 Q< *le/ saía do -otel durante muitos anos.
&as frases com leitura t2lica o"tivemos as frases com leitura de -a"itualidade UC
e U6$' en(uanto (ue das frases agramaticais ou de aceita"ilidade duvidável o"tivemos
frases (ue podem ser aceitadas' mas faltaDl-es mais um en(uadramento conte/tual#$#' no
caso da frase U66' e a altera+,o da ordem de palavras' no caso da frase U% e U66. *ssim' as
seguintes frases 3á resultam gramaticais e' sem d>vidas' aceitáveis:
U6? &urante muitos anos' o *le/ camin-ava at2 0 plataforma.
U67 &urante muitos anos' o *le/ saía do -otel sempre 0s trAs da tarde.
#$6 @stas frases 3á n,o correspondem com as frases inglesas (ue serviram de "ase de este análise.#$# < mesmo aconteceu com as frases (ue serviram de "ase para o capítulo 7.# (ue trata de tempos ver"ais
do passado.
%5
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1odemos concluir (ue de todas as frases (ue eram gramaticais apenas nas suas
leituras at2licas gan-ámos' alterando o tempo ver"al' as frases com leituras at2licas' o (ue
foi possível devido ao facto de (ue' tanto em portuguAs como em c-eco' a telicidade 2 dada
mais pelo ver"o do (ue pelos outros elementos frásicos Uo (ue n,o e/clui a sua influAncia'
apenas a delimita.
<"servemos agora as frases c-ecas' nas (uais alteramos o ver"o perfectivo U6.6
para o ver"o imperfectivo Uo resto dos e/emplos:
U69 *le/ doDel na nástupit vyDel z -otelu Uza deset minut Pdeset
minut.
U69.6 O 2le& 1@IF5foi P para a plataforma F 1@IF5foi P de otel (em de:
minutosF de: minutos). U6C P*le/ el na nástupit za deset minut. D t2lica
U6C.6 O 2le& ir para a plataforma em de: minutos.
U6% *le/ el na nástupit deset minut. D at2lica
U6%.6 O 2le& ir para a plataforma de: minutos.
U6%.# < *le/ demorou dez minutos para c-egar 0 plataforma.
U#$ P*le/ el z -otelu za deset minut. D t2lica#$5
U#$.6 O 2le& ir de otel de: minutos.
U#$.# < *le/ demorou dez minutos para sair do -otel.
U#6 *le/ el z -otelu deset minut. D at2lica
U#6.6 O 2le& ir de otel em de: minutos.
U#6.# O 2le& foi para a plataforma foi de otel Uem dez minutos dez
minutos.
<"servando as frases c-ecas' podemos ver (ue as leituras aspectuais mudaram
completamente' por(ue toda a aspectualidade das frases tin-a de se su"meter ao valor
aspectual do predicado' e por estes motivos encontramos diferen+as nas mudan+as
aspectuais e/ecutadas em c-eco e em portuguAs. < mperfeito portuguAs pode e/primir
tam"2m os valores aspectuais como a -a"itualidade e fre(uentatividade' o (ue os ver"os
#$5 =este caso -á polissemia entre :a deset minut
R pode ser pece"ido ou comoem de: minutos
ou passadosde: minutos. =a segunda leitura 2 gramatical' mas esta n,o 2 de nosso interesse.
%
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imperfectivos c-ecos n,o podem fazer.
* seguinte ta"ela apresenta o sumário dos e/emplos cu3a análise foi "aseada nas
preposi+8es t2licas.
1ortuguAs -eco1erfeito !imples mperfeito V. 1erfectivos V. mperfectivos
1reposi+8esde meta
;2lico U6$.6 *t2lico U66 ;2lico U6$.? P;2lico U6%
Q*t2lico U6$.# Q*t2lico U6# P*t2lico U6$.7 *t2lico U6%
1reposi+8esde fonte
;2lico U6$.5 *t2lico U65 ;2lico U6$.9 Q;2lico U#$
P*t2lico U6$. Q*t2lico U6 P*t2lico U6$.C *t2lico U#6
* ta"ela e/prime os valores aspectuais finais das frases (ue nos serviram de
e/emplos e mostra como difere a situa+,o em portuguAs e em c-eco. Ve3amos (ue' em
c-eco' mudando o valor aspectual de ver"o Ualterando os ver"os imperfectivos para os
perfectivos' alteramos sempre o valor aspectual final da frase' o (ue n,o acontece com o
mperfeito portuguAs.
11#( :reposições at5licas
!eguemDse os e/emplos de preposi+8es at2licas#$' (ue figuram nas frases com
leitura at2lica:
U## P< *le/ conduziu para com as montan-as em dez minutos.
U#5 < *le/ conduziu para com as montan-as durante dez minutos.
U# P< *le/ conduziu ao longo do rio em dez minutos.
U#? < *le/ conduziu ao longo do rio durante dez minutos. U#7 P*le/ 3el k -orám za -odinu.
U#7.6 O 2le& avançar para montanas em uma5ora.
U#9 *le/ 3el k -orám -odinu.
U#9.6 O 2le& avançar para montanas uma5ora.
#$ @/emplos "aseiamDse nos seguintes e/emplos (ue foram tirados de &o4ekal U#$$9:##5:*le/ drove tojards t-e mountains along t-e river Pin for ten minutes.
%?
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U#C P*le/ 3el pod2l eky za -odinu
U#C.6 O 2le& avançar ao5lon!o5do rio em uma5ora.
U#% *le/ 3el pod2l eky -odinu.
U#%.6 O 2le& avançar ao5lon!o5do rio uma5ora.
=estas frases encontramos sempre a leitura at2lica. aso ns e/igirmos (ue nas
frases este3a o predicado no mperfeito Uno caso de portuguAs ou o predicado perfectivo
Uno caso de c-eco' -averá a altera+,o de valor aspectual for+ada pelo ver"o e o significado
das frases será alterado segundo as características aspectuais de predicados.
11#8 :reposições ambíguas
!eguemDse os e/emplos de preposi+8es am"íguas entre t2licas e at2licas#$?' (ue
figuram nas frases com leitura at2lica
U5$ P< *le/ correu a volta do lago em uma -ora.
U56 < *le/ correu a volta do lago durante uma -ora.
U5# P< *le/ correu pela relva em uma -ora.
U55 < *le/ correu pela relva durante uma -ora.
@stas frases mostram' (ue as preposi+8es a volta de e por' (ue s,o am"íguas no
inglAs n,o s,o am"íguas no portuguAs e (ue e/igem a leitura at2lica. aso ns
empregarmos o mperfeito' no caso de portuguAs' gan-aremos os estados -a"ituais' (ue 3á
n,o correspondem com as frases (ue nos serviram de "ase para esta análise. Vamos ver a
situa+,o na língua c-eca.
U5 *le/ "-al okolo 3ezera za -odinu.
U5.6 O 2le& correu a5volta5do la!o em uma5ora.
U5? *le/ "-al okolo 3ezera -odinu.
U5?.6 O 2le& correu a5volta5do la!o uma5ora.
U57 *le/ "-al trávouU=! za -odinu.
U57.6 O 2le& correu relva5=! em uma5ora.
#$? @/emplos "aseiamDse nos seguintes e/emplos (ue foram tirados de &o4ekal U#$$9:##5:*le/ ran around t-e lake t-roug- t-e grass in for one -our.
%7
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U59 *le/ "-al trávouU=! -odinu#$7
U59.6 O 2le& correu relva5=! uma5ora.
<s e/emplos mostram (ue as preposi+8es am"íguas e/istem em c-eco' mas -á
poucos predicados (ue permitem am"os os valores aspectuais.
1odemos concluir (ue as preposi+8es podem contri"uir para a leitura aspectual
final da frase' mas (ue a sua influAncia' tanto em c-eco como em portuguAs' 2 limitada
pelos predicados.
#$7 < caso de uso am"íguo de preposi+8es em c-eco 2 "astante complicado e para a sua análiserecomendamos ver os tra"al-os de M.&o4ekal.
%9
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12 ;onclusão
< o"3ectivo deste tra"al-o foi comparar a no+,o de aspecto na língua c-eca e na
língua portuguesa tendo em vista tanto a metodologia da linguística portuguesa como a da
linguística geral. 1retendemos fazADlo aplicando a teoria geral na investiga+,o da dita
pro"lemática em linguística portuguesa e apresentar e/emplos de resultados da nossa
análise.
*o longo to te/to foram apresentados e/emplos tanto de portuguAs' como de
c-eco. <s e/emplos c-ecos Ue outros e/emplos (ue n,o foram de portuguAs foram sempre
acompan-ados de sua transcri+,o gramatical e' na maioria dos casos' de sua tradu+,o para
o portuguAs. &esta maneira possi"ilitamos perce"er algumas características do c-eco aos
leitores (ue n,o sa"em c-eco' ou outras línguas usadas ao longo to te/to.
* maior diferen+a entre o aspecto c-eco e aspecto portuguAs consiste no facto de
o aspecto portuguAs "aseia a sua aspectualidade na distin+,o de imperfeito / perfeito' (ue
relaciona eventos ou estados com outros momentos' (ue servem de referAncia' mas a
aspectualidade c-eca "aseia a sua aspectualidade na dicotomia perfectivo / imperfectivo'
(ue encaram as situa+8es ou como um todo Uno caso do perfectivo ou prestam aten+,o
apenas para uma parte da estrutura interna de uma situa+,o.*fora de e/cep+8es' o ver"o c-eco 2 sempre ou perfectivo ou imperfectivo' o (ue
pode ser alterado atrav2s de vários processos linguísticos' mas estamos sempre perante
desta oposi+,o' en(uanto (ue o portuguAs ofereceDnos uma escala de valores aspectuais
e/primíveis pelos seus vários tempos ver"ais. ontudo o c-eco n,o carece de nuan+as da
aspectualidade' em"ora o possa parecer da simples oposi+,o de perfectivo e imperfectivo e
de sistema de tempos ver"ais' (ue 2 muito mais simples do (ue o sistema portuguAs e (ue'
em si n,o pode e/primiDlas. < c-eco ofereceDnas vastas altera+8es de aktionsart e/primidas pelo seu sistema a"undante de prefi/os.
Wm dos pro"lemas (ue tivemos de enfrentar' ao longo do tra"al-o' foi a
pro"lemática da tradu+,o de termos linguísticos n,oDportugueses para o portuguAs e
traduzimoDlos de forma (ue ns parecia a ser a mais apropriada.
*pesar de este tra"al-o ter conseguido apresentar as teorias portuguesas "ásicas
(ue tratam da aspectualidade' a3untar a estas algumas das teorias da linguística geral e
%C
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encontrar algumas afinidades entre o c-eco e o portuguAs (ue foram encontradas na área de
valores aspectuais de complementos ver"ais e de preposi+8es' o tra"al-o apresenta apenas
um fragmento da análise (ue poderia ser feita nesta área e dei/a várias (uest8es em a"erto.
Wmas das (uest8es seguem: o portuguAs tem ou n,o tem as preposi+8es am"íguas entre
t2licas e at2licasQ 1odemos aplicar a tipologia aspectual portuguesa aos predicados c-ecosQomo o =>cleo *spectual distingue os processos de estados e 2 necessário fazADloQ <s
capítulos (ue introduziram os valores aspectuais de complementos ver"ais e de
preposi+8es tam"2m apenas introduziram a pro"lemática e dei/aram muitos impulsos para
a análise conseguinte maus profunda.
Zá muitas outras teorias da linguística geral (ue trata da aspectualidade e seria
muito >til e/plorar a sua aplica+,o para a pro"lemática do aspecto portuguAs o (ue pode
contri"uir tanto para a linguística portuguesa como para a linguística geral.
%%
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Faria' sa"el Zu"N 1edro' @mília Ii"eiroN &uarte' nAsN Louveia' arlos *.
M.:ntrodu+,o 0 Hinguística Leral e 1ortuguesa' amin-o' s2rie Hinguística' His"oa' 6%%7'
nas cita+8es será referido como HL1
Filip' Zana: *spect' @ventuality ;ypes and =ominal Ieference' Ioitlege' ;aylor
and Francis Lroup' =ej ourk' 6%%%
Mateus' Maria Zelena MiraN Brito' *na MariaN &uarte' nAsN Faria' sa"el Zu":
Lramática da Híngua 1ortuguesa' # edi+,o' amin-o' !*' His"oa' 6%C% R no te/to está
esta o"ra referida como LH1#
Mateus' Maria Zelena MiraN Brito' *na MariaN &uarte' nAsN Faria' sa"el Zu":
Lramática da Híngua 1ortuguesa' 7 edi+,o' amin-o' s2rie Hinguística' His"oa' #$$5 R no
te/to está esta o"ra referida como LH17
!venonius' 1eter: !lavic prefi/es and Morfology: *n ntroduction to t-e =ordlyd
Volume ]online_' =ordlyd' #$$' Vol. 5#' =r. #' p.699D#$'
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