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Ano 12 - Nº 97 - Setembro 2013 Distribuição Gratuita www.bafafa.com.br EMIR SADER JOSÉ MARIA RABELO LEONARDO BOFF PEDRO SIMON LUÍS PIMENTEL ALEXANDRE NADAI RICARDO RABELO SÉRGIO RICARDO NESTA EDIÇÃO: Alcione Dias Nazareth, conhecida artistica- mente como Alcione e para os íntimos como “Marron”, é natural de São Luís do Mara- nhão. Radicada no Rio de Janeiro desde 1976, começou a ficar conhecida depois de se apresentar em casas noturnas cariocas e a ganhar concursos de calouros. Ao longo da carreira, foi premiada com 21 discos de ouro, cinco de platina e um duplo de platina. Ela acaba de lançar o CD Eterna Alegria com repertório de músicas inéditas. Em entrevis- ta ao Bafafá, numa pausa da nova turnê, a artista fala sobre a infância, início de carrei- ra, influências e muito mais. Questionada se tem alguma utopia, não pensa duas vezes: “Eu queria muito que a saúde fosse levada a sério no País. Eu não aguento mais ver gen- te morrendo na fila de espera dos hospitais, porque não foi atendido. A saúde do Brasil está doente”. Sobre o interesse das novas gerações pelo samba, é entusiasta. “Isso é muito importante. Tirou aquele mofo e que era coisa só de velha-guarda. O samba é de todo o povo brasileiro”, revela. Leia nas páginas 8 e 9 “O samba é de todo o povo brasileiro” Entrevista Alcione

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Ano 12 - Nº 97 - Setembro 2013 Distribuição Gratuita www.bafafa.com.br

Emir SadEr JoSé maria rabElo lEonardo boff PEdro Simon

luíS PimEntEl alExandrE nadai ricardo rabElo Sérgio ricardo

Nestaedição:

Alcione Dias Nazareth, conhecida artistica-mente como Alcione e para os íntimos como “Marron”, é natural de São Luís do Mara-nhão. Radicada no Rio de Janeiro desde 1976, começou a ficar conhecida depois de se apresentar em casas noturnas cariocas e a ganhar concursos de calouros. Ao longo da carreira, foi premiada com 21 discos de ouro, cinco de platina e um duplo de platina.

Ela acaba de lançar o CD Eterna Alegria com repertório de músicas inéditas. Em entrevis-ta ao Bafafá, numa pausa da nova turnê, a artista fala sobre a infância, início de carrei-ra, influências e muito mais. Questionada se tem alguma utopia, não pensa duas vezes: “Eu queria muito que a saúde fosse levada a sério no País. Eu não aguento mais ver gen-te morrendo na fila de espera dos hospitais, porque não foi atendido. A saúde do Brasil está doente”. Sobre o interesse das novas gerações pelo samba, é entusiasta. “Isso é muito importante. Tirou aquele mofo e que era coisa só de velha-guarda. O samba é de todo o povo brasileiro”, revela.

Leia nas páginas 8 e 9

“O samba é de todo o povo brasileiro”

Entrevista Alcione

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Editorial

Diretor e Editor:Ricardo Rabelo - Mtb 21.204(21) [email protected]

Diretora de marketing:Rogeria Paiva(21) [email protected]

Foto de capa:Marcos Hermes - Divulgação

Direção de arte:PC [email protected]

Tiragem:10.000 exemplares

Circulação:Distribuição gratuita e direcionada (universidades, bares, centrosculturais, cinemas, sindicatos)

Praça:Rio de JaneiroSão PauloBelo Horizonte

Publicidade:(21) 3547-3699 | [email protected]

Agradecimentos:Aos colaboradores desta edição.

Realização:Mercomidia Comunicação

A própria Agência de Segurança Nacional dos EUA

(NSA), responsável pelos documentos agora conhecidos, afirma em

certa altura que o trabalho foi um sucesso, mesmo tratando-se de

pessoas e instituições que costumam proteger seus segredos.

A reação do governo em Brasília foi rápida e contundente:

os EUA devem explicações às autoridades brasi-

leiras, sob o risco de sérios abalos nas relações

entre os dois países. Washington, no entanto,

apesar do telefonema de Obama a Dilma, não se desculpou nem de-

monstrou a intenção de cessar a espionagem, criando uma situação

de mal-estar, que, além de provocar o cancelamento da viagem, trará

certamente consequências negativas nas relações entre os dois países.

Dilma agiu corretamente. O Brasil não pode mesmo acei-

tar o procedimento desrespeitoso de sua soberania, verdadeiramente

uma invasão do País por outros meios, inaceitável em todos os aspectos.

Os EUA precisam entender que, apesar de todo seu aterrador poder

de destruição e morte, não são os senhores do mundo.

a espionagem americana é um ato de agressão

A espionagem americana contra o governo brasileiro é um ato de agressão a nossa

soberania, uma verdadeira invasão do País por outros meios. A atitude da presidente Dilma Rousseff, cancelando sua viagem

oficial a Washington, deve ter o apoio de todos os brasileiros.

A decisão de Dilma Rousseff de cancelar sua viagem à Washing-

ton para uma reunião com o governo americano é a única, política e

moralmente admissível, diante da espionagem praticada por agências

de inteligência dos EUA contra o governo brasileiro.

A denúncia foi feita com base em informações do ex-

-agente secreto Edward Snowden, atualmente

asilado na Rússia, mostrando que a espionagem

tem sido permanente, controlando as ações do

governo do Brasil, até mesmo as pessoais de

Dilma e de seus principais auxiliares, através

do monitoramento de telefonemas, e-mails e

comunicações por celular. O esquadrinhamento

clandestino não se limita a figuras oficiais de sua

privacidade. Vai além, compreendendo outras

pessoas e empresas públicas ou privadas, cujos

passos o governo dos EUA tem interesse em

acompanhar. Nesse ponto, destaca-se o caso da Petrobras e de suas

pesquisas na área do Pré-sal, seguidas atentamente pelos agentes

americanos.

A espionagem atingiu igualmente membros do governo

mexicano, inclusive o presidente Peña Nieto, numa demonstração da

amplitude dos objetivos visados.

O Brasil, entretanto, é o foco maior das atenções. Nos

documentos divulgados aparece a rede de interlocutores da presidente,

num acompanhamento metódico de suas conversações, mensagens e

opiniões.

Onde encontrar:

Associação Brasileira de Imprensa, Sindicato dos Jornalistas do Rio, São Paulo e BH, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, Sindicato dos Petroleiros, Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, Escola de Comunicação, Instituto de Economia, Instituto de Filosofia, Escola de Serviço Social, Escola de Música, Instituto de Psicologia, Fórum de Ciência e Cultura, Faculdade de Direito (UFRJ), UERJ, Café Lamas, Fundição Progresso, Cine SESC Botafogo, Cordão da Bola Preta, Botequim Vaca Atolada, Livraria Leonardo da Vinci, Bar do Gomez, Bar do Serginho, Bar do Mineiro, Bar Santa Saideira, Banca do Largo dos Guimarães (em Santa Teresa), Padaria Ipanema, Casarão Ameno Resedá, Studio RJ, Faculdade Hélio Alonso, Livraria Ouvidor (BH), Livraria Quixote (BH) Livraria Mineiriana (BH), Livraria Cultural Ouro Preto (Ouro Preto).

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nação das defesas sírias, anulando a capacidade

militar e econômica do país. Ao contrário da Líbia

de Muamar Kadafi, por exemplo, que foi vencida

sem maiores abalos, a Síria conta com poderosos

aliados, a começar pela Rússia e a China, para

os quais sua preservação é fundamental no jogo

de xadrez político e estratégico do Oriente Médio.

O Irã é outro deles, sempre lembrado por seu

contravertido arsenal nuclear e pela capacidade

operacional de suas forças armadas. Não se deve

esquecer, igualmente, o papel do grupo terroris-

ta xiita Hezbollah, que poderá aproveitar-se da

situação de guerra para intensificar suas ações

antiamericanas por toda a região.

O conflito, ademais, produzirá consequên-

cias desastrosas e inevitáveis no fornecimento de

petróleo para um considerável número de nações.

Os recentes aumentos de sua cotação nas bolsas

de valores traduzem uma preocupação geral com

o agravamento da crise, vista como ponto de

partida para uma nova recessão mundial.

O dilema shakespeariano dos EUA

apresenta-se assim de corpo inteiro: ou intervir

diretamente na Síria, com os efeitos incontroláveis

Não basta apertar o gatilhoOs EUA estão diante de um incontornável dilema.

Ou atacam a Síria e se metem em uma nova guer-

ra imperialista, da qual não se sabe como sairão

e com o risco de provocar um outro conflito ainda

maior, ou desistem da ação e passam ao mundo,

principalmente ao poucos aliados que lhes vão

restando, uma ideia de fraqueza e impotência.

Obama avançou demais em seu compro-

metimento com a intervenção militar. Assessorado

pelo secretário de Estado John Kerry, um antigo

pacifista hoje convertido em “profeta da guerra”,

como já foi chamado, e por outros falcões de

semelhante plumagem, achou que o mundo

aplaudiria em peso sua intromissão na questão

síria, o mesmo acontecendo com a opinião públi-

ca interna, talvez o mais importante alvo de sua

estratégia política e militar, de olho nas próximas

eleições. O que se viu foi justamente o contrário.

Entre as grandes nações, com exceção da Fran-

ça, que aliás está reconsiderando sua posição,

nenhuma assegurou pleno apoio às operações

planejadas pelos EUA. Por outro lado, segundo

as últimas pesquisas, o pensamento de seus

concidadãos revelou-se em maciço desacordo

com a proposta intervencionista. Quase dois ter-

ços dos norte-americanos consultados disseram

“não” à guerra. Isolado, Obama contará apenas

com a supremacia de seu apavorante estoque

de armas de destruição em massa, para iniciar a

conflagração por conta própria e todos os riscos

imagináveis.

Mas um ataque não ficará limitado à elimi-

José Maria Rabêlo* da guerra, ou abster-se dessa aventura, vendo

esvair-se por entre os dedos o que lhe resta de

autoridade junto a seus poucos amigos e, parti-

cularmente, aos muitos inimigos.

Os antecedentes nos mostram, com sua dra-

mática sabedoria: não basta apertar o gatilho; é

preciso imaginar o que vem depois.

Bem-vindos, amigos! Vai definhando aos poucos a campanha

contra a vinda dos médicos estrangeiros, espe-

cialmente cubanos. Na verdade, essa campanha

nem deveria ter existido, pois os profissionais

importados não vão tomar o emprego de nenhum

colega brasileiro. Eles se destinam às periferias

pobres das grandes cidades e aos rincões mais

distantes do País, onde os nossos não se dispõem

a trabalhar.

Não prevalece também – outra das razões

invocadas pelos opositores – o argumento de que

faltam no interior recursos técnicos para uma boa

assistência médica. Ali, o que se pede, no geral,

é uma atenção imediata, rotineira, pois 90% dos

casos não exigem maior complexidade em seu

tratamento. Quando isto ocorrer, o paciente será

enviado a um centro médico maior, para receber

a assistência devida. O importante é ter alguém a

seu lado, para assegurar o primeiro atendimento

e indicar o caminho a seguir.

Por tudo isso, devemos dizer aos médicos

estrangeiros que chegam: “Bem-vindos, amigos.

A casa é sua!”

*Jornalista

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A hora da saúde pública

A saúde pública foi sempre o patinho feio das políticas sociais. Enquanto a educação está sempre impulsionada pela ideia de que sua extensão representaria o resgate dos problemas atuais e futuros de um país, a saúde cos-tuma ficar relegada, mesmo se as pesquisas de opinião a coloquem como um dos maiores problemas enfrentados pela população. O SUS foi uma grande con-quista, que ainda precisa ser implementada plenamente. O fim da CPMF foi um golpe duro nos seus recursos, até aqui não recomposto. De repente, o programa Mais Médicos desatou um processo que colocou – pela primeira vez na nossa his-tória – a saúde pública no centro da agenda política. Uma importante quantidade de temas passou à discussão pública, saindo das zonas de escuridão em que se encontravam. O primeiro deles, o conflito entre os interesses públicos na saúde e os interesses privados. Estes são representados pelos planos privados de saúde, pela rede de hospitais privados e pelos médicos que, embora

formados em universidades públicas, se dedicam ao atendimento privado ou ocupam cargos no SUS, em que não cumprem minimamente com os requerimentos da função. O segundo, a disparidade entre as necessidades do país em termos de saúde pública e a localização da grande maioria dos médicos, formados em universida-des públicas, com recursos públicos. Enquanto a grande

maioria das enfermidades e necessidades de atendimento em termos de saúde se en-contra em regiões afastadas dos grandes centros urbanos, estes concentram, especial-mente nos bairros mais ricos das grandes cidades, grande parte dos médicos. Um con-traste socialmente notável entre o uso dos recursos públicos para formar os mais

preparados médicos e a falta de atendimento de grande parte da população. O tema da saúde pública vai estar entre os mais importantes da campanha presidencial, que coincide com essa conjuntura. Uma parte dos médicos reagiu de forma corporativista, racista, discriminatória contra a vinda de estrangeiros, para os mesmos postos que eles

Emir Sader* se negam a acudir. Acreditaram que poderia mobilizar a opinião pública a seu favor. Tentaram pegar carona nas mobilizações de junho, mas elas pediam melhor atendimento da população e não reforçar o privilégio dos médicos. Perderam o debate, e até setores da oposição reconheceram que o projeto do governo atende às necessidades da população, abandonadas por parte dos médicos. O governo conquistou a iniciativa, ganhou o debate ideológico, mesmo antes que o atendimento dos milhares de médicos melhore a atenção à saúde de parte da população. É um momento especial para a saúde pública, para os que necessitam dela e para os que trabalham nela com espírito público. É o momento de retomar, com força, as reivindicações que levem a fortalecer o SUS – entre elas, o fim do desconto dos gastos nos planos privados de saúde no imposto de renda. Depois de ter ficado na defensiva no início da con-juntura atual, quando o protagonismo principal esteve nas mãos dos setores conservadores – em particular de parte dos médicos e suas associações –, chegou a hora de reverter a pauta e os protagonismos. Chegou a hora de a saúde pública somar-se ao imenso processo de democratização social que vive o Brasil.

* Sociólogo e escritorpublicado no Carta Maior - www.cartamaior.com.br

Espionagem dos EUA impõe suspensão do leilão de Libra

A surpreendente denuncia de que os Estados Unidos espionam a Petrobras e, provavelmente, tiveram acesso a dados vulneráveis com referên-cia ao pré-sal e ao campo de petróleo de Libra, que está com leilão marcado para 21 de outubro, é uma notícia de extrema gravidade. Fica claro, agora, que o governo norte-ame-ricano, além de bisbilhotar a vida privada das pessoas – o que requer normas mundiais para proteção da privacidade -, coleta também infor-mações de natureza comercial e industrial de países, empresas e entidades. Proteger a sua se-gurança nacional é apenas uma das motivações da maior potência do planeta. Hoje, nem os mais ingênuos são capazes de considerar que esses dados, extremamente vitais para qualquer país, por envolver os negócios e a competição global

não serão utilizados para objetivos econômicos por empresas e o governo norte-americano. Diante das circunstâncias, o mais prudente será a Presidência da República decidir pela suspensão do leilão do cam-po de Libra, a maior desco-berta do Brasil em 60 anos de Petrobras. Publicado em edição extraordinária do Di-ário Oficial da União no dia três de setembro, o edital, fortemente contestado por especialistas, não foi analisado previamente pelo Tribunal de Contas da União. Por si só, esse fato poderia ensejar uma cautela maior diante do negócio. Libra tem uma área de 1.547 quilômetros quadrados e reservas estimadas em cerca de oito a dez bilhões de barris. Essa imensidão de

Pedro Simon* óleo é quase equivalente ao total de reservas do Brasil, uma riqueza imensa, descoberta graças aos investimentos e excelência técnica e cien-tífica dos quadros da Petrobras, ponta de lança

da soberania nacional. O Brasil se encontra num momento que suscita muita expectativa e grande otimis-mo. Somos uma das princi-pais e mais sólidas economias do mundo. Nossa democracia também amadurece, e surge

com vigor um novo protagonismo político e social dos brasileiros. Essa nova condição histórica re-quer grande responsabilidade, tanto por parte da cidadania como do Estado, para que possamos usufruir de nossas riquezas e construir um futuro de oportunidades e maior igualdade.

* Senador da República

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Ricardo Rabelo

os militares mais próximos a ele ameaçavam atropelar Congres-so e Justiça para fazer reformas de base na lei ou na marra”. Ao invés de deixar os eleitores decidir o destino do país nas urnas, O Globo hoje alega que a “verdade é dura” e que “à luz da História, esse apoio foi um erro”.

Nota do Clube Militar

Não precisou que nenhum partido de esquerda ou entida-de da sociedade civil contes-tasse a nota de O Globo. Ela foi refutada pelo próprio Clube Militar, organização que reúne ex-militares e ofi ciais da Mari-nha, Exército e Polícia. Também em nota, intitulada “Equívoco uma Ova!”, o CM garante que o apoio do jornal ao regime mi-litar “ocorreu antes, durante e por muito tempo depois da de-posição de Jango”. Afi rma ain-da que não se trata de posição equivocada de O Globo, mas de posicionamento político fi r-memente defendido por seu proprietário, diretor e redator chefe Roberto Marinho, como comprovam as edições da épo-ca.

Ditadores nomes de escolas

Levantamento realizado pelo site Pragmatismo Político revela que o país tem 3.135 escolas com nomes de ex-pre-sidentes militares da Ditadura

Direita, volver!

A festa durou pouco para a imprensa reacionária que comemorou a queda de popu-laridade da presidenta Dilma. Levantamento realizado para a “insuspeita” Confederação Na-cional do Comércio aponta que Dilma teve aumento signifi ca-tivo de aprovação três meses depois das manifestações de rua. Seu governo é aprovado por 38,1% dos entrevistados e a avaliação pessoal está em 58,0%. Os índices apontam uma recuperação de cerca de 20% na aprovação do governo em relação aos levantamentos anteriores.

Mais Médicos

A mesma pesquisa CNT/MDA revela que 73,9% dos 2.000 entrevistados são favo-ráveis à contratação de médi-cos estrangeiros pelo progra-ma do governo. Em julho, eram 49,7% aqueles que se diziam favoráveis à medida. Além dis-so, metade dos entrevistados (49,6%) diz acreditar que o programa do governo solucio-nará “os graves problemas de saúde do país”.

ContramãoAo invés de mudar a sua

prática política, o poder legis-lativo preferiu se voltar contra os manifestantes que toma-ram conta das ruas. A Câmara dos Deputados acaba de apro-var uma resolução banindo o porte de cartazes e faixas no recinto e a Assembleia Legis-lativa do Rio decidiu proibir o uso de máscaras em atos pú-blicos. Tenho minhas dúvidas

se a última conseguirá ser im-plementada. Se todos resolve-rem protestar de máscara vão ter de abrir o Maracanã para prender os “fora da lei”. A me-dida vai legitimar ainda mais os excessos cometidos pelas forças policiais. O mais incrível é que os legisladores alegam que estão agindo em “defesa da democracia”.

Nota do O Globo

A piada do ano é a nota divulgada pelo jornal O Globo reconhecendo o “erro” de ter apoiado o golpe de 64. A publi-cação afi rma que a lembrança é um “incômodo” numa épo-ca em que as manifestações tomam conta das ruas. Ainda assim, alega que todos os gran-des jornais tiveram a mesma postura e que “a situação po-lítica da época se radicalizou, principalmente quando Jango e

(1964-1985). Isso sem contar as rodovias, avenidas, ruas, praças, pontes e até viadutos. Só o marechal Humberto Cas-tello Branco, que governou de

1964 a 1967, é homenageado em 464 unidades escolares. Mais uma vez defendo que o Congresso deveria aprovar pro-jeto de lei proibindo homena-gens a mandatários ilegítimos. A começar pela ponte Rio-Nite-rói que leva o nome de Costa e Silva (presidente militar en-tre 1967-1969). Existe até um projeto para mudar o nome da ponte para Betinho (sociólogo e fundador do movimento Ação pela Cidadania). Isto sim seria corrigir uma distorção histórica no Brasil. Será que os nossos deputados e senadores terão coragem e coerência para isto? Lamentavelmente, acho que não!

Vandalismo

Tem gente que acha que vandalizar é “legítimo”. Para mim, é uma TREMENDA falta de respeito à cidade e à demo-cracia!

Espionagem “made in USA”

Está mais do que claro que a espionagem americana no Brasil não tem cunho ideológi-co. Trata-se na verdade de vi-gilância meramente industrial, de olho no potencial econô-mico do país, principalmente o Pré-sal. Se os segredos de quais campos poderão produ-zir mais petróleo já foram re-

velados pelos grampos, está claro que devemos suspender o leilão previsto para 21 de outubro. Afi nal, vamos entre-gar nossas reservas para de-linquentes apoiados por uma política de estado?

11 de setembro

O golpe militar do Chile fez 40 anos em 11 de setembro. Eu estava lá exilado com a fa-mília e, apesar de ter apenas nove anos, me lembro como se fosse ontem! O Brasil, além de conspirar para depor Allen-de, ainda fechou a embaixada para os brasileiros. Antônio Cândido da Câmara Canto, então embaixador do Brasil, era conhecido como “o 5º da junta” pelo envolvimento no golpe liderado pelo general Pi-nochet. O pior é que o canalha é reverenciado até hoje com nome de rua em São Paulo.

Blocos de carnaval em 2014

Defendo que o papel da co-missão de Carnaval, instituída pela Prefeitura, deveria ser o de melhorar o carnaval de rua e não vetar qualquer agremiação de desfi lar. Acho ainda que ela deve ser integrada também por representantes das sete asso-ciações constituídas na cidade

do Rio de Janeiro. Proibir blocos de rua não é a solução em ple-no governo democrático. Quem quiser mesmo desfi lar, vai igno-rar este tipo de “normatização”.

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A extrema arrogância do Império: a espionagem universal

O sequestro do Presidente da Bolívia Evo Morales, impedindo que seu avião sobrevoasse o espaço europeu e a reve-lação da espionagem universal por parte dos órgãos de informação e controle do governo norte-americano (NSA) nos levam a refletir sobre um tema cultural de graves consequências: a arrogância. Os fatos referidos mostram a que nível chegou a arrogância dos europeus forçadamente alinhados aos EUA. Somente foi superada pela arrogância pessoal de Hitler e do nazismo. A arrogância é um tema central da reflexão grega de onde viemos. Moder-namente foi estudada com profundidade por um pensador italiano com formação em economia, sociologia e psicologia ana-lítica, Luigi Zoja, cujo livro foi lançado no Brasil:”História da Arrogância”(Axis Mundi, São Paulo, 2000). Neste livro denso, se faz a história da arrogância, nas culturas mundiais, especialmente na cultura ocidental. Os pensadores gregos (filósofos e drama-turgos) notaram que a racionalidade que se libertava do mito vinha habitada por um demônio que a levaria a conhecer e a desejar ilimitadamente, num processo sem fim. Esse energia tende a romper todos os limites e terminar na arrogância, no excesso e na desmedida, o verdadeiro pecado que os deuses castigavam im-pidosamente. Foi chamada de hybris: o excesso em qualquer campo da vida humana e de Nemesis o princípio divino que pune a arrogância. O imperativo da Grécia antiga era mé-den ágan: “nada de excesso”. Tucídides

Leonardo Boff* fará Péricles, o genial político de Atenas, dizer: “amamos o belo mas com frugali-dade; usamos a riqueza para empreendi-mentos ativos, sem ostentações inúteis; para ninguém a pobreza é vergonhosa, mas é vergonhoso não fazer o possível para superá-la”. Em tudo buscavam a justa medida e autocontenção.A ética oriental, budista e hindu, pre-gava a imposição de limites ao dese-jo. O Tao Te King já sentenciava:”não há desgraça maior do que não sa-ber se contentar”(cap.46); “teria sido melhor ter parado antes que o copo transbordasse”(cap.9).

A hybris-excesso-arrogância é o vício maior do poder, seja pessoal, seja de um grupo, de uma ideologia ou de um Império. Hoje essa arrogância ganha corpo no Império norte-americano que a todos submete e no ideal do crescimento ilimitado que sub-jaz à nossa cultura e à economia política.Esse excesso-arrogância chegou nos dias atuais a uma culminância em duas fren-tes: na vigilância ilimitada que consiste na capacidade de um poder imperial contro-lar, por sofisticada tecnologia cibernética, todas pessoas, violar os direitos de sobe-rania de um país e o direito inalienável à privacidade pessoal. É um sinal de fraque-za e de medo, pois o Império não conse-

gue mais convencer com argumentos e atrair por seus ideais. Então precisa usar a violência direta, a mentira, o desrespeito aos direitos e aos estatutos consagrados internacionalmente. Ou então as descul-pas pífias e nada convincentes do Secre-tário de Estado norte-americano quando visitou recentemente o Brasil. Segundo os grandes historiadores das culturas, Toynbee e Burckhard, estes são os sinais inequívocos da decadência irrefreável dos Impérios. Nada do que se funda sobre a injustiça, a mentira e a violação de direitos se sustenta. Chega o dia de sua verdade e de sua ruína. Mas ao afundarem causam estragos inimagináveis. A segunda frente da hybris-excesso reside no sonho do crescimento ilimitado pela exploração desapiedada dos bens e serviços naturais. O Ocidente criou e exportou para todo mundo este tipo de crescimento, medido pela quantidade de bens materiais (PIB). Ele rompe com a lógica da natureza que sempre se auto-regula mantendo a interdependência de todos com todos e a preservação da teia da vida. Assim uma árvore não cresce ili-mitadamente até o céu; da mesma forma o ser humano conhece seus limites físicos e psíquicos. Mas esse projeto fez com que o ser humano impusesse à natureza a sua regulação arrogante que não quer recohe-cer limites: assim consome até adoecer e, ao mesmo tempo procura a saúde total e a imortalidade biológica. Agora que os limi-tes da Terra se fizeram sentir, pois se trata de um planeta pequeno e doente, força-o com novas tecnologias a produzir mais. A Terra se defende criando o aquecimento global com seus eventos extremos.

Com propriedade diz Soja:”o cresci-mento sem fim nada mais é que uma ingênua metáfora da imortalidade”(p.11). Samuel P. Huntington em seu discutido livro O choque de Civilizações(Objetiva 1997) afirmava que a arrogância ocidental constitui “a mais perigosa fonte de insta-bilidade e de um possível conflito global num mundo multicivilizacional” (p.397). Esta ultrapassagem de todos os limites é agravada pela ausência da razão sensí-vel e cordial. Por ela lemos emotivamente os dados, escutamos atentamente as mensagens da natureza e percebemos o humano da história humana, dramática e esperançadora. A aceitação dos limites nos torna humildes e conectados a todos os seres. O Império norteamericano, por uma lógica própria da arrogância domina-dora, se distancia de todos, cria descon-fianças mas jamais amizade e admiração. Termino com um conto de Leon Tostoi no estilo de João Cabral de Mello Neto: De quanta terra precisa um homem? Um homem fez um pacto com o diabo: receberia toda a terra que conseguisse percorrer a pé. Começou a caminhar dia e noite, sem parar, de vale em vale, de monte em monte. Até que extenuado caiu morto. Comenta Tostoi: se ele conhecesse seu limite, entenderia que apenas uns metros lhe bastariam; mais do que isso não precisaria para ser sepultado. Para serem admirados os EUA não precisariam mais do que seu próprio ter-ritório e seu próprio povo. Não precisariam desconfiar de todos e bisbilhiotar a vida de todo mundo.

* Leonardo Boff

Publicado no http://leonardoboff.wordpress.com/

Nilson

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O Brasil da minha ralé cultural Desculpem-me cidadãos da imprensa que me procuram para entrevistas, minha recusa em dá--las. Tudo o que teria a lhes dizer é tão somente o que não conseguiriam publicar. Por quê? Estou me sentindo o próprio Brasil. Todo desarrumado. A casa em obras intermináveis, esvaziando minhas par-cas reservas bancárias. As gavetas cheias de ideias e o baú repleto da colheita de minhas confecções esperam por um caminhão que muito raramente passa à porta recolhendo minha produ-ção orgânica para tentar vender na feira. Na feira de ilusões, em sua maio-ria transgênicas, envene-nando gradativamente as mentes indiferentes ou ignorantes de seus male-fícios. Tenho informações de outros plantadores como eu, remoendo a espera dos financiamen-tos destinados a realizar sua distribuição pelos receptáculos da indústria cultural tomada de assal-to e descaramento de, em sua grande maioria, só se interessar pelo fruto colorido de enxertos diversos que enchem os olhos e esvaziam a alma do sabor rico em proteínas e sais minerais, destinados a construir uma nação de consumidores, infelizmente hoje, sofrendo de um profundo impaludismo intelectual.

Sinto-me assim como nosso Brasil, lutando inutilmente para não infestar minhas veias com bactérias poluentes, respirando o monóxido de carbono que exala dos motores nesse congestio-namento de ideias que vão se desintegrando e diluindo no transito infernal de conclusões com-pactadas, em nome de uma modernidade imposta

pelos “Vampiros”, como dizia o Zeca Afonso, gran-de compositor português: “Eles comem tudo, e não deixam nada”. E a espe-ra não se desmancha. Não abre alas a não ser para as ambulâncias e a policia à cata, ou da extrapolação de vidas em perigo, ou de bandidos desde os miseráveis aos medalhões abrindo pas-sagem. S in to -me ass im como o Brasil, chapado, impedido, empedernido, sem rumo, sem prumo, desideologizado, des -confortavelmente pre-so, como a pagar por crimes não cometidos, sem provas, tendo que sorrir aos parcos solidá-rios. Obrigados a ver os vermes invadirem a sel-va, a ocupar hectares, a

grilar e despejar moradores de nossa inspiração, transposta da alma simples e rica de nossa gente, tendo que assistir à deturpação ou ocultação de sua linguagem, cujo percurso se encaminhava para a construção de uma bela pátria. Sinto-me assim, como um Brasil sem nação,

Sérgio Ricardo*sem pé nem cabeça, desarrumado, desconjunta-do, ocupado, torturado, envergonhado e exilado dentro de mim mesmo. Com a bunda de fora. Desbrasilizadamente. Neste país deitado eterna-mente em berço troncho, mascando a goma de uma esquálida esperança.Sinto-me assim, como o Brasil, cheio de potenciali-dades e apto às transformações, o que dispensa a compaixão decorrente do que estou a dizer, como se fora um velho mundo moribundo ou carcomido pelo tempo ou valores, chorando sua decadência. Pois se assim não fosse Eu havia de ser um poço Estaria que só caroço Tropeço na ponta do pé. Se eu, como o Brasil, que já galguei sucesso, que tive a gloria calada pela ditadura, que fiz fil-mes premiados e tudo o mais que a história regis-trou, estou com meu baú abarrotado de canções, roteiros de filmes prontos para filmar, dois livros a procura de edição, inéditos, sem condições de torna-los público, nem mesmo a peça Bandeira de Retalhos de comovente aceitação nas periferias, (pasmem) convidada por vários países, etc. etc. Imaginem o que não há de inédito e praticamente perdido pelos milhões de baús pelos rincões da produção cultural brasileira. Sinto-me assim como o Brasil, como os jovens milhões de talentos da minha ralé, cantando com a voz que nos resta, e que ninguém conseguirá calar: Quem vai pro fundo Tem é que agitar o braço Tem é que apertar o passo Tem é que remar contra a maré.

* Compositor, cantor, dramaturgoLeia no Portal Bafafá entrevista exclusiva de Sérgio Ricardo:

http://www.bafafa.com.br/sergio-ricardo-a-minha-utopia-e-minha--propria-vida/

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8Setembro / 2013www.bafafa.com.br

“O samba é de todo o povo brasileiro”

EntrevistaPor Ana Crys Tavares

Alcione

Alcione Dias Nazareth, conhecida artisticamente como Alcione e para os íntimos como “Marron”, é natural de São Luís do Maranhão. Radicada no Rio de Janeiro desde 1976, começou a ficar conhecida depois de se apresentar em casas noturnas cariocas e a ganhar concursos de calouros. Ao longo da carreira, foi premiada com 21 discos de ouro, cinco de platina e um duplo de platina.

Ela acaba de lançar o CD Eterna Alegria com repertório de músicas inéditas. Em entrevista ao Bafafá, numa pausa da nova turnê, a artista fala sobre a infância, início de carreira, influências e muito mais. Questionada se tem alguma utopia, não pensa duas vezes: “Eu queria muito que a saúde fosse levada a sério no País. Eu não aguento mais ver gente morrendo na fila de espera dos hospitais, porque não foi atendido. A saúde do Brasil está doente”. Sobre o interesse das novas gerações pelo samba, é entusiasta. “Isso é muito impor-tante. Tirou aquele mofo e que era coisa só de velha-guarda. O samba é de todo o povo brasileiro”, revela.

Como foram sua infância e juven-tude?

Gostei muito da minha infância, brincava muito com meus irmãos que faziam car-rinhos de rolimã, jogavam bola e empina-vam pipa. Sempre me diverti muito com brinquedos de menino (riso). Brincava também de boneca, que eram de palha e preenchidas com areia. Mas meu negócio sempre foi homem (riso). Tive uma infân-cia muito feliz.

Quando descobriu a vocação pela música?

Foi aos oito anos de idade. Eu gostava muito de cantar, aprendi solfejo, teoria musical com meu pai e um pouco de clarinete. Minha mãe não gostou muito da ideia, disse que eu era muito magri-nha para tocar esse instrumento e me incentivou a aprender acordeom, mas meu pai não gostava. Então, eu voltei para tocar clarinete e trompete. A partir daí fui criando intimidade com a música, propriamente dita, e também com o can-to. Mas meu pai não queria que eu fosse profissional da música e do canto. Ele um

dia me perguntou qual era a minha maior vontade e eu disse que era ir para o Rio de Janeiro cantar (riso).

Foi fácil convencer ele?

Não muito. Como eu tinha acabado de me formar na Escola Normal, ele disse que eu teria que lecionar dois anos como professora no Maranhão, pois esse era o grande sonho dele. Ensinei dois anos lá e, depois, ele me deixou ir embora.

Cantar samba era discriminado?

No samba eu não sofri discriminação, porque comecei na casa de Candeia, na Mangueira. Lá, eu fiz amizade com Carlos Machado, Nelson Cavaquinho, Seu Ani-ceto do Império. Eu precisava conquistar a confiança deles. Eu tinha vindo para ficar e ter a confiança deles era muito importante.

Quais eram e são suas referên-cias musicais?

Minha grande referência foi meu pai. Ele era músico, maestro, repentista,

compositor e tocava na Banda de Mú-sica da Polícia do Maranhão. Era uma grande referência e estava dentro da minha casa. Já com relação às cantoras, comecei ouvindo muito Núbia Lafayette. Adorava seu repertório e voz. Eu queria cantar como ela. Também tinha Dalva de Oliveira, Ângela Maria. Depois, fui apresentada à Mahalia Jackson, por um amigo. Em seguida veio Ella Fitzgerald. Nunca imaginei que alguém pudesse cantar daquele jeito.

Por que as rádios não tocam samba?

Eu acho até que as rádios estão tocando mais samba. Há até um programa que é o Samba Social Clube que é muito bom. As rádios só precisavam tocar mais as grandes vozes da música brasileira. Eu queria ouvir mais Ângela Maria, mais Rosa Passos. Aliás, a gente não ouve Rosa Passos aqui no Brasil. Só nos EUA. As rádios precisam tocar mais cantores interessantes.

O que acha do resgate do samba, principalmente entre os jovens?

Isso é muito importante. Tirou aquele mofo do samba. Aquela coisa que sam-ba era uma coisa só de velha-guarda. O samba é de todo o povo brasileiro. Antes, parecia que o samba pertencia só à velha--guarda.

Qual diferencia o pagode do sam-ba?

Pagode é uma reunião de sambistas, onde cada pessoa que chega faz e toca seu samba. Pagode não é ritmo, tampou-co música.

Qual é a melhor roda de samba do Rio?

Eu gosto muito do Carioca da Gema, do Samba Luzia (atrás do Aeroporto Santos Dummont) e a do Samba do Trabalhador.

Como está vendo o desfile das escolas de samba?

Eu sou meio suspeita, pois eu adoro ver o desfile na avenida e acho todas as escolas bonitas. Adoro ver o Salgueiro. Sou uma

Foto: Raphael Dias - Divulgação

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9Setembro / 2013www.bafafa.com.br

“O samba é de todo o povo brasileiro”

Os atletas paralímpicos brasileiros vêm mostrando seu valor nas pistas, campos, piscinas e quadras

do Brasil e do mundo. E esse alto nível é a soma de muitas coisas: garra, disciplina, superação, técnica e apoio.

A LOTERJ tem orgulho de fazer parte dessa história, revertendo para a equipe paralímpica da ANDEF parte

do seu lucro obtido com a venda de bilhetes lotéricos. Para a LOTERJ, ajudar quem tem potencial de levar

o nome do Brasil ao lugar mais alto do pódio não é só um privilégio. É orgulho mesmo.

COM A PARCERIA

LOTERJ E ANDEF,

ALGUNS GANHAM

PRÊMIOS.

OUTROS, GANHAM

OURO.

mangueirense que adora quando o Sal-gueiro entra na avenida. Parece um cavalo manga-larga marchador. Ano que vem a Mangueira virá como tem que ser, com tudo em cima, com tudo que tiver direito e a Portela também. Houve a mudança na presidência e agora as escolas vão fazer um carnaval bonito na avenida.

Quais são seus projetos?

Posso adiantar que vou gravar o DVD do meu novo disco na Fundição Progresso. Aí, penso em escrever um livro, uma biografia com apoio de Diana Aragão. Tenho muita história para contar sobre minha família, amigos, das vitórias e das lutas.

Tem alguma utopia?

Quem é que não tem? Eu queria muito que a saúde fosse levada a sério no

País. Eu não aguento mais ver gente morrendo na fila de espera dos hospi-tais, porque não foi atendido. A saúde do Brasil está doente. Precisam cuidar mais da saúde do povo brasileiro em todos os sentidos. Nós não temos médicos querendo ir para o interior. Eles não querem ir para lá, onde as pessoas têm mais necessidade. Os médicos que se formam agora têm que fazer um mutirão para o interior. Tem que atender aquele povo. Há lugares que as pessoas nem sabem o que é um médico.

Que mensagem você deixaria para a nova geração?

Amem o samba. É bom cantar samba, mas tem que ter responsabilidade. É isso que cria a estabilidade do artista.

Foto: Raphael Dias - Divulgação

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10Setembro / 2013www.bafafa.com.br

Alexandre NadaiVitrola

Vitrola ligada, ouço o toque do surdo anunciando que hoje é dia de falar de uma família da nobreza do samba. Três gerações de sambistas, de sangue azul e branco, capitaneados pelo Seu Hilde-mar Diniz, ou simplesmente Mestre Mo-narco da Portela, para os mais íntimos. Recebi o DVD da “Família Diniz” do meu

amigo Marquinhos Diniz, fi lho do mestre e compositor de mão cheia, com gran-des sucessos na voz de Zeca Pagodinho - que cansou de fi car esperando o ônibus onde estava Monarco passar para mos-trar suas letras. Mas voltando ao foco.

No projeto do DVD, um livro falando sobre a história da famíl ia e en-trevistas com seus integran-tes. Imperdível! Mas vamos às músicas. Que prazer ter que ouvir e escre-ver sobre, em primeiro lugar, o Mestre Monarco, no auge dos seus 80 anos. E o DVD abre com o hino “Família Diniz”, na voz do maestro e compositor Mauro Diniz, pedindo a conservação da união familiar. O samba agradece a paz na nobreza. Logo depois, podemos ouvir uma parceria de Monarco com o afi lha-do Zeca Pagodinho e o saudoso Ratinho, falando sobre o preconceito em relação ao samba em “O Samba nunca foi de Ar-

ruaça”. Monarco emenda em canção e composição solo com “Baile no Jardim”. Depois Mauro chega junto na parceria com Sereno, o sucesso “Realidade”. É a vida é mesmo assim, tudo tem fi m... Mas vamos em frente que ainda tem muita música para falar. Em parceria com Fran-co, Mauro segue em frente com “O Sol e a Brisa”. Mar-quinhos Diniz vem mandar seu reca-do com o partido “Com Dinheiro é Mole” e depois m o s t r a “ P e s -simista de Plan-tão”, parceria com os amigos Fred Camacho e Marce-linho Moreira. E por falar em parceria de Marquinho Diniz, Barbeirinho do Jacare-zinho e Luiz Grande não poderiam faltar, e o “Trio Calafrio” bota a galera para can-tar com “Mary Lu” e Zeca Pagodinho é o convidado especial da gravação. Juliana Diniz, fi lha de Mauro Diniz, neta do Mestre Monarco, terceira gera-ção desta família abençoada, solta a voz no sucesso de Mauro e Ratinho, “Lou-curas de Uma Paixão”. Dando prosse-guimento às participações, não poderia

faltar Arlindo Cruz, em “O Azul Beijou o Branco”, parceria de Arlindão e Mauro Di-niz. E já que o assunto é família, Arlindi-nho também mostra a sua cara em “Na-moro e Amizade”, de Mauro Diniz, num dueto com Juliana. É o prosseguimento de duas linhas nobres sendo garantido. Dorina participa em “Frio de Uma Soli-

dão”. E se você pen-sa que a família Diniz não tem mais nada pra mostrar, eles nos apresentam João Ma-theus Diniz, no clássi-co “Menor Abandona-do”, do trio Pedrinho da Flor, Zeca Pagodi-nho e Mauro Diniz. E o menor chega dando o

recado que tá na área. Claro que falan-do de família Diniz, falando de Monarco, quem não poderia faltar é a Velha-Guar-da da Portela. E os velhos malandros par-ticipam em “Corri Pra Ver”, “A Grande Vi-tória”, Passado de Glória” e “Coração em Desalinho”. E hoje a vitrola vai fi cando por aqui, com o DVD rolando, até porque, se eu for falar da Família Diniz não vou conseguir terminar!!! Ô Sorte!!! Saravá!!!!!

[email protected]

Três notas musicais

oh nega. Três anos depois, entrou para a ala dos compositores da Portela e teve músicas gravadas por Elizeth Cardoso e Clara Nunes. Um dos maiores defensores do gênero, na década de 1970 fundou o Clube do Sam-ba. Parceiro, entre outros, de Paulo César Pinheiro, entre suas composições mais conhecidas estão Nó na madeira, Espelho, Um ser de luz e Clube do samba. Morreu no ano 2000.

Quem foi Adiléia?

Com esse nome, talvez ninguém iden-tifi que: Adiléia da Silva Rocha mais tarde trocou o nome para Dolores Duran. Dolores nasceu em 1930 e começou a carreira ar-tística ainda menina – e ainda Adiléia – no popularíssimo programa Calouros em des-fi le, pilotado pelo já famoso compositor Ary Barroso, na Rádio Tupi. Estreou com nota máxima, caiu na simpatia do pouco simpá-tico Ary e voltou para casa com um prêmio de 500 mil réis e o sonho de virar cantora profi ssional. Tinha 12 anos.

A técnica do Nogueira Conta o fol-clore da mú-sica brasileira que o grande e compositor

João Nogueira cumpria temporada de shows pelo Nordeste do Brasil, quando atendeu pedido de entrevista de uma estagiária de jornal. Pergunta da moça: – João, como você consegue cultivar essa voz tão sua, tão marcante, tão impos-tada e ao mesmo tempo tão suave? Que técnica você usa? Resposta do malandro: – Muito conhaque, muita cerveja e cigarros Hollywood à vontade. João Nogueira, um dos maiores cantores da MPB em todos os tempos, nasceu no Rio de Janeiro, no bairro do Méier, no dia 12 de novembro de 1941. Aos 27 anos gravou sua primeira composição: Espera,

Da rádio, Adiléia – já Dolores – pulou para o Teatro Carlos Gomes, onde participou do elenco das peças infantis Mãe d´água, Primavera, O gaúcho e Aladim e a lâmpada maravilhosa. Cantora de voz doce e cálida, Dolores Duran foi também excelente com-positora, como provam os destaques de sua obra Se é por falta de adeus, A noite do meu bem, Castigo e Fim de caso. Morreu vítima de um infarto fulminante, no dia 23 de outubro de 1959.

O gato do João São inúmeras e variadas as notas do folclore envolvendo o cantor, compositor e super-instrumentista João Gilberto. A mais repetida em mesas de bar é a do gato. Di-zem que João, morando sozinho em Nova Iorque, trancou-se no estúdio para preparar novo disco. Sozinho, não. Havia o gato do João. Contam ainda que João trancou porta e janelas do estúdio, e durante 17 dias e 17 noites, sem parar para ir sequer à padaria, tocou seu fabuloso violão, sem parar, sem parar, sem parar, em busca dos arranjos cada vez mais redondos, do acorde cada vez mais perfeito. E o gato ali, sentadinho na cadeira, ouvindo, ouvindo, ouvindo.

Pois contam também que, fi nalizado o trabalho, João Gilberto fi nalmente escan-carou as janelas. Era um décimo terceiro andar, mas o bichano não quis saber:

atirou-se pela janela, para a morte que o li-vraria de tantos acordes e tantas melodias. João Gilberto, gênio inconteste e ad-mirado pelos grandes nomes da MPB, considerado por muitos o pai da bossa nova, nasceu em Juazeiro (BA), em 1931. Quando gravou seu primeiro disco, em 1958, seu estilo de cantar, intimista, con-trastava com tudo o que se fazia na época em termos de música. Infl uenciou cantores como Gal Costa e Caetano Veloso, que na década de 1960 iniciavam suas carreiras. Alguns de seus grandes sucessos são Chega de saudade, Bim-Bom, Samba de uma nota só e Desafi nado.

*Jornalista e escritor

Luis Pimentel*

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11Setembro / 2013www.bafafa.com.br

Repúdio à agRessão de joRnalistas Têm sido cada

vez mais frequen-tes os casos de agressões contra jornalistas. Em sua maioria, os

autores são agentes do Estado, policiais militares armados com cassetetes, balas de borracha, jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Manifestantes também ataca-ram e expulsaram de atos públicos profissionais da imprensa. E houve ao menos um caso em que funcionários estaduais agre-diram com murros, dentro da Câmara Municipal, uma equipe de TV e fotógrafos. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro repudia, denuncia e reivindica das autoridades competentes as devidas providências em relação a toda e qualquer forma de violência contra jornalistas.

Nas ruas, a nossa categoria precisa ter o direito ao traba-lho respeitado. O nosso Sindicato considera a violência contra jornalistas — defensores dos direitos humanos por dever ético profissional — um atentado à liberdade de imprensa. Dessa forma, vamos denunciar às autoridades locais e aos organis-mos internacionais de Direitos Humanos os casos de violação identificados pelo Sindicato.

A liberdade de imprensa é valor de interesse não só da nossa categoria, mas de toda a sociedade, posto que seja, junto da liberdade de expressão, um pilar da própria democracia. Por isso mesmo, o Sindicato reivindica o apoio de todos os movimentos sociais e da sociedade civil em defesa da liberdade de imprensa, para o exercício profissional do jornalismo e da comunicação popular.

A integridade física e a ética dos profissionais têm de ser garantidas e respeitadas pela população, pelas empresas e pelo Estado. Jornalistas não podem ser responsabilizados pela política editorial das organizações onde trabalham.

Em um Rio de Janeiro onde há décadas desaparecem Amarildos e morre à bala uma maioria jovem, negra e favelada, o trabalho de denúncia dos fatos pelos jornalistas tem sido de importância fundamental — apesar dos limites editoriais impostos pelo monopólio da chamada grande mídia.

Reivindicamos, assim, por meio deste manifesto, que o Estado cumpra o seu papel de formar agentes de Segurança Pública que atuem em defesa dos direitos e da vida dos jorna-listas e de toda a população. É preciso garantir as condições do trabalho dos profissionais de imprensa em toda e qualquer circunstância.

Aos profissionais, pedimos que entrem em contato imediata-mente com o Sindicato para denunciar qualquer agressão atra-vés da nossa central de denúncias [email protected].

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro

ChaCina de VigáRio geRal: 20 anos de impunidade

Em 29 de agosto de 2013 completaram-se 20 anos do assassinato de 21 pessoas por um grupo de extermínio na favela de Vigário Geral, Rio de Janeiro. Policiais militares

foram acusados de ter executado os crimes. Dentre as vítimas estavam oito membros de uma mesma família, assassinados dentro de casa.

A chacina de Vigário Geral ocorreu cerca de um mês após a da Candelária, na qual foram mortos oito jovens. Ambas, assim como Acari (1990 – 11 desaparecidos), Baixada Fluminense (2005 – 29 mortos) e tantas outras, revelam um histórico de violência letal da polícia no Estado do Rio de Janeiro. Em todos os casos, policiais militares foram acusados de ter participado, inclusive por meio de grupos de extermínio. As vítimas foram jovens, moradores/as de comunidades marginalizadas e, em grande maioria, negros/as.

A impunidade e a falta de reparação – incluindo o direito de saber a verdade sobre as circunstâncias das execuções extrajudiciais - aos familiares das vítimas é uma constante. Cinquenta e dois policiais militares foram acusados de envol-vimento na chacina de Vigário Geral. Sete foram condenados. Quatro dos absolvidos são réus no assassinato de Ediméia da Silva Euzébio, uma das mães de Acari, morta em 1993, cujo processo continua em andamento. Há razões para acreditar que os policiais militares envolvidos nas chacinas de Vigário Geral e Acari estejam vinculados a um grupo de extermínio chamado “Cavalos Corredores”.

Ao longo desses anos, a Anistia Internacional tem acom-panhado o caso de Vigário Geral e denuncia que nem todos os envolvidos nas execuções extrajudiciais foram responsa-bilizados. Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois permanecem foragidos. A impunidade persiste devido, especialmente, à morosidade e deficiência do sistema de justiça criminal, as ameaças sofridas pelas testemunhas e a ausência de um mecanismo externo de controle da atividade policial.

Além da lentidão em julgar os crimes, o poder judiciário ne-gou provimento para ações civis de indenização promovidas por algumas famílias. Depois de 20 anos, o sentimento de injustiça e impunidade permanece entre os familiares, sendo que a viúva de uma das vítimas faleceu nesse período.

A Anistia Internacional insta o Estado brasileiro a acabar com a impunidade conduzindo investigações imediatas, com-pletas, independentes e imparciais sobre todos os casos de violações de direitos humanos nos quais policiais e forças de segurança estejam envolvidos.

Fonte: Anistia Internacional no Brasil

síRia

A Comissão de Inquérito sobre a Síria afirmou que por causa da guerra civil no país ao menos seis mi-lhões de pessoas tiveram que deixar suas casas. O grupo, que é presidido pelo professor brasileiro,

Paulo Sérgio Pinheiro, voltou a dizer que a falta de resolução para o conflito tem custado a vida da população civil, a cada dia.Em recente declaração, Paulo Sérgio Pinheiro afirmou que dezenas de milhares de pessoas morreram. Somente nos países vizinhos, dois milhões de sírios buscaram refúgio, mais da metade são crianças. Pinheiro lembrou que comunidades inteiras passaram a viver em tendas ou contêineres perto das fronteiras da Síria. Para ele, a sociedade foi destruída. O rela-

tório da Comissão de Inquérito baseou-se em entrevistas com 258 sírios entre 15 de maio e 15 de junho. Entre as violações de direitos humanos estão assassinatos, torturas, saques, uso de crianças soldado e estupros. O levantamento também relata combates entre as forças do governo, milícias a favor do presi-dente Bashar al-Assad, rebeldes, grupos de oposição e grupos armados curdos. Para a Comissão, o fracasso na produção de uma solução política está aprofundando a “intransigência e levando a crimes inimagináveis”.Fonte: ONU

ConCuRso naCional de maRChinhas

Um dos maiores mitos do rádio brasileiro em sua época de ouro, a cantora Marlene – que completa 91 anos – é a homenageada da nona edição do Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas, promovido pela Fundição Progresso. As inscrições de músicas vão de 15 de setembro a 15 de outubro e podem ser feitas pelo site www.concursodemarchinhas.com.br. As dez finalistas escolhidas pelo júri farão parte do CD “As Melhores Marchinhas do Carnaval 2014” e a melhor leva R$ 15 mil. A segunda e a terceira colocadas também recebem prêmio em dinheiro: R$ 8 mil e R$ 4 mil, respectivamente. A final tem transmissão ao vivo do programa Fantástico, da Rede Globo, com votação interativa.

Fonte: Fundição ProgressoMais informações no site oficial do festival: http://www.

romacinemafest.it Fonte: Ancine

edital CultuRa 2014O Ministério da Cultura lançou

o Concurso Cultura 2014 que visa ampliar e fomentar a programação cultural das 12 cidades-sede du-rante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, que será realizada de 10 de junho a 15 de julho do próximo ano.

Serão avaliadas propostas na área da música, audiovi-sual, artes visuais, cultura tradicional, literatura, artesanato, patrimônio, dança, circo, teatro, arquitetura, gastronomia, moda e design.

Mais Informações – Tel (21) 3733-7100 ou no site www.cultura.gov.br

Fonte: MINC

ÉtiCa

A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o be-souro.

Gabriel García Marquez

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NOS ÚLTIMOS 6 ANOS, O INVESTIMENTO EM SAÚDE NO ESTADO MAIS DO QUE DOBROU: PASSOU DE 1,8 BILHÃO PARA 3,7 BILHÕES. SÃO 6 NOVOS HOSPITAIS DE REFERÊNCIA: HOSPITAL DA MÃE, EM MESQUITA; HOSPITAL DA MULHER, EM SÃO JOÃO DE MERITI;

HOSPITAL DE TRAUMA DONA LINDU, EM PARAÍBA DO SUL; CENTRO DE TRAUMA DO IDOSO, EM SÃO GONÇALO; HOSPITAL DA CRIANÇA E INSTITUTO ESTADUAL DO CÉREBRO, NA CAPITAL. TODO MUNDO SABE QUE AINDA HÁ O QUE MELHORAR, MAS NINGUÉM

PODE ESQUECER QUE JÁ AVANÇAMOS MUITO. E ESSE TRABALHO NÃO TERMINOU.