N.º 00 o ideias dezembro 95 ano ii
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EDIÇÃO DE DEZEMBRO DE 1995 Preço: 20$00
EDITORIAL: Lá fora a noite brilha. E do recanto de cada casa
sobressaem sorrisos dourados envoltos em papel de fantasia,
iluminados pelo som ondulante de velas multicores.
À volta de um pinheiro decorado com alegrias passadas e
presentes, partilham-se sonhos para um futuro á medida de
cada coração.
Este é o Natal de todos os que o comemoram, e que
nesta época formulam desejos para um mundo melhor, em que
a luz da felicidade irradie os rostos cansados e sofridos de
todos os seres, e que a espada da justiça saiba separar o bem
do mal, punindo o mal e compensando o bem.
Depois chega a noite mais longa do ano, sai-se de
casa para a comemorar e regressa-se só no ano seguinte. E é
então que, envolvidos na esperança de que o novo ano nos
possa trazer a felicidade há muito desejada, uma súbita energia
aloja-se no interior da nossa alma e nos faz sentir determinados
a começar uma nova vida, neste "novo" mundo.
No entanto, não passará muito tempo para nos
voltarmos a acomodar à rotina de sempre, aos mesmos
tropeções, aos mesmos erros... Enfim ao mesmo mundo,
donde um dia saímos atraídos pelo brilho e pela alegria da
passagem de mais um ano da nossa vida, em que o ambiente
de festa, de fraternidade, de compaixão e de solidariedade nos
leva a desejar que este se prolongue indefinidamente até se
tornar rotina. Falta depois a força de vontade, o apoio de todos
e a ambição de construir um mundo melhor, em que dar é tão
ou mais importante que receber é cobardemente esquecida...
Pelo menos, até ao próximo Natal e até à próxima passagem
de Ano.
Mas antes que este sentimento se aposse de mim,
deixem-me desejar-vos com toda a sinceridade um bom Natal e
um feliz Ano Novo. Aproveitem bem o espírito natalício para
desenvolver acções com que se possam orgulhar durante todo
o ano. E não deixem de lutar pelo que acham que têm direito,
sabendo que os objectivos atingem-se com as pequenas
vitórias do dia-a-dia. Lembrem-se que o mundo está cheio de
pessoas que procuram a suprema felicidade, e ao mesmo
tempo menosprezam a simples satisfação.
Luzia Valentim
SUMÁRIO
Geração Rasca
Pág. 3
Directo Com Mónica Mendonça
Pág. 6
Entrevista À Dr.ª Teresa Campos
Pág. 8
Falando de Rádio
Pág. 10
COPIMODEL Fotocópia - Modelismo
e Serviços, Lda.
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Foi Notícia...
17/11 Decorreu no Auditório da ESGS um colóquio, seguido com uma visita à empresa Compal, em Almeirim. Puderam
participar nesta iniciativa, organizada pelo Professor Sérgio Rato em colaboração com a Comissão Instaladora e com o
Instituto Português da Qualidade, todos os alunos e professores da nossa escola.
22/11 Teve lugar na sala de convívio da AE o Tribunal de Praxe, organizado este ano pela primeira vez, na nossa escola,
onde desfilaram os caloiros acusados de incumprimento dos regulamentos de Praxe.
A Dr.ª Teresa Campos foi nomeada Administradora dos Serviços de Acção Social Escolar do Instituo Politécnico de
Santarém.
23/11 Realizou-se uma reunião de esclarecimento sobre a Acção Social Escolar, em que foram convidados a participar
representantes das AE.s de todas as escolas do IPS.
28/11/95 A lista “A”, única candidata este ano á AE da nossa escola, organizou uma sessão de esclarecimento no
auditório, para todos os alunos da ESGS.
Prosseguem as reuniões entre a Comissão Instaladora, o Concelho Científico, Professores e Alunos para o CESE de
Gestão Autárquica.
6/12/95 Realizou-se o referendo para a AE da nossa escola, cujo resultado se cifrou em: 70 votos a favor, 12 contra e 1
nulo.
O prazo de candidatura ao programa ERASMOS terminou no dia 7/12/95.
É Notícia...
Estão abertas as inscrições para os alunos do penúltimo ano do curso que frequentam, para a realização de estágios
(PJENE) remunerados, com duração mínima de 1 mês e máxima de 3 meses entre Julho e Outubro de 1996. As inscrições
podem ser entregues até ao dia 19 de Abril de 1996. Para mais informações contactar a AE da nossa escola.
Estão abertas as candidaturas para o VIII Concurso Europeu Para Jovens Cientistas, destinado a estudantes dos 15 aos
21 anos, e que se encontrem a frequentar o 1º ano do ensino superior. Os prémios podem ir até aos 350.000.$00 em
material científico. Podem adquirir mais informações junto da AE da nossa escola.
Luzia Valentim
Nota de Redacção:
A equipa de redacção deste jornal vem por este meio esclarecer todos os interessados que:
1. “O IDEIAS” não pretende ser um jornal de lavagem de “roupa suja”.
2. As respostas dadas nas entrevistas, salvo erros de interpretação, são da responsabilidade dos entrevistados. E
atendendo ao direito de livre expressão, serão publicadas as suas respostas sem censura, mesmo que nos
pareçam incorrectas ou falsas.
3. Reservamos para nós o direito de arbitrariedade de publicação de artigos, assente na oportunidade dos mesmos
(incluindo também os que nos chegam como resposta a anteriores).
4. O objectivo principal deste jornal é informar, divulgar, e possibilitar o intercâmbio de ideias entre os diversos
componentes deste estabelecimento de Ensino Superior.
Por último gostaríamos de agradecer a todos os professores, funcionários e alunos que ao longo deste mês vieram
ter connosco com o intuito de oferecer a sua colaboração para o jornal; fazendo votos de poder continuar a contar com a
vossa disponibilidade para que estas doze páginas se tornem no jornal de toda a escola.
A todos os nossos leitores desejamos um bom Natal, um próspero Ano Novo e sobretudo umas boas férias.
Geração Rasca e Fúria Anti-sebentista
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Por:
Engº Jorge Constantino
(Assist. Área de Informática)
Não duvido que todos os relatórios e estudos
elaborados pelos melhores especialistas mundiais apontem
para um ensino que não 'forme' autómatos e recitadores de
fórmulas. Contudo, custou-me ver, num número anterior
d'O IDEIAS, invocadas as palavras desses melhores
especialistas para dizer mal das sebentas, sem acompanhar
essas palavras dum levantamento dos motivos que terão
levado quem mais as contesta (os alunos - e foi como aluno
que eu aprendi a contestá-las...) a querer tê-las agora de
volta.
O problema é comparável a outros fenómenos
(xenofobia e ultra-nacionalismos, droga e prostituição,
violência juvenil e criminalidade, etc): haverá sempre bons
especialistas capazes de condenar esses fenómenos, sem
que essa condenação resolva por si só os problemas -
critica-se por causa dos efeitos (aceito!), mas ignora-se ou
fala-se com muito pouca convicção das suas causas (acho
mal!).
Tal como nesses casos (em que mais vale prevenir
do que reprimir), preferia ver discutir novas formas de evitar
o sebentismo do que assistir à sua condenação pura e
simples. Por isso, no início de cada ano lectivo, naquela
fatídica primeira aula que coroa os vencedores da corrida
ao Ensino Superior e em que sinto recair sobre mim todo o
peso da responsabilidade de não trair as suas enormes
expectativas, lá me vêm à cabeça, vezes sem conta, as
mesmas perguntas. A percentagem de alunos que não está
no seu curso preferido não tem nenhum efeito no processo
educativo? As condições de ensino (nomeadamente a
dimensão das turmas) não condicionam o tipo de
aprendizagem? Uma aposta mais agressiva na formação
permanente (incluindo pedagógica) dos docentes será
desnecessária? Uma cooperação mais visível da escola
com o meio empresarial terá pouca importância na
adequação dos programas das disciplinas? O conflito entre
os mundos do ensino e do emprego (o primeiro a não
querer formar autómatos recitadores de fórmulas e o
segundo a propôr cada vez mais empregos informatizados
para os quais se procuram autómatos recitadores de
fórmulas) já foi resolvido? A perspectiva de uma feroz
competitividade no mercado de trabalho, com o inerente
risco do desemprego, não leva ninguém a fazer nas
sebentas a busca ilusória duma melhor formação? A
criação de foruns de debate na Escola (louve-se o
pioneirismo de O IDEIAS) não ajudaria os mais vulneráveis
a resistir aos encantos do sebentismo, contribuindo para a
procura de formas alternativas de ensino? E a recente
greve dos docentes não foi, afinal, um grito de protesto
contra os graves problemas que os afectam e, por inevitável
consequência, aos seus alunos?
Sebentas outra vez: porque será? Por mero
"rasquismo"? Acho que sim. Mas por um "rasquismo" que
está menos nas pessoas e mais nas situações que as
condicionam (alunos, docentes, funcionários, dirigentes, ...).
Sou contra as sebentas, mas que a situação está negra, lá
isso está. E quando isso acontece... salve-se quem puder.
Vem nas sebentas!
Sabias que ...
No século XIV em Londres, os fiscais da cerveja, para além de exigirem o pagamento de taxas, tinham outra função:
assegurarem-se de que a cerveja vendida era de boa qualidade. Para tal, vertiam um pouco de cerveja para um banco e
sentavam-se em cima durante cerca de meia hora. Se ao fim desse tempo não conseguissem levantar-se facilmente,
siginificava que a cerveja tinha açúcar em excesso.
O homem mais pequeno do mundo Djail Salih, algeriano, media aos 25 anos de idade, em 1990, 55 centímetros e
pesava apenas 5 quilos.
Isabel de Castela morreu de uma úlcera que não quis mostrar. A extrema unção foi-lhe administrada debaixo dos
lençóis porque não quis mostrar os pés.
Na Índia, durarnte a época das monções uma única chuvada pode cobrir o solo com a mesma porção de água que
cai em França durante um ano.
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FOMOS A TRIBUNAL...
“Deuses, defendei-me do fogo,
da fome das espadas,
da fúria do mar,
do raio do trovão
e da violência do amor.”
In Medeia, Eurípedes.
Decerto, Eurípedes ainda não conhecia a garra académica!
Isso mesmo, garra. Cumprir um dever académico: praxar. Mostrar quem faz afinal as regras.
Ser reles e miserável caloiro, não tem nada de anormal, todos o fomos e hoje somos respeitáveis veteranos. E...
quem não cumpre as regras aprende da maneira dura.
Embora com uma aparente desorganização inicial, começou o Tribunal. Mas não sem antes, os reles e miseráveis
vermes dos réus, terem aprendido a respeitar e ter boas maneiras para com o Tribunal... Em todos predominava uma
esquisita e excitante sensação. Uma alegria e boa disposição fazia com que até os mais cépticos sentissem correr em si um
espiritismo de prazer! Afinal, é essencial ao ser humano demonstrar a sua agressividade positiva.
E... se a alguém chocou as cenas do Tribunal, desenrasquem-se com essa vossa moral, decerto não vão conseguir
sobreviver na selva urbana onde estamos enfiados.
Aos reles e miseráveis vermes dos réus, lembrem-se, só tiveram o que pediram!!
A regra é a do mais forte. Sempre foi, qual é o espanto?!
Sílvia Inácio
Finalizando As Praxes
No passado dia 23 de Outubro iniciaram-se na ESGS as
nossas “belíssimas” e tradicionais praxes, das quais os caloiros
“gostaram” muito, e jamais esquecerão esta semana de contacto
com os magnânimos veteranos. Ao longo desta semana o caloiro
viu-se obrigado a pagar um total de 700$ pelos seguintes objectos:
fita, cartão de identificação, sapato e fotocópias com as canções e
os mandamentos do caloiro.
A Comissão de Praxe exigiu este dinheiro aos caloiros de
modo a conseguir verbas para os materiais que iriam ser utilizados
no desfile. Mas a angariação de verbas não se limitou a estas
vendas, foram colocados caloiros «mascarados» em pontos
estratégicos do centro da cidade a realizar um peditório. Embora
as perspectivas relativamente ao peditório não fossem muito
optimistas este revelou-se extremamente positivo através de um
saldo de 44 contos em apenas 2 horas e meia.
A compra de materiais teve início imediatamente após o
término das praxes, com uma análise cuidada quanto à qualidade e
preço dos produtos já que o dinheiro nunca é demais. Chegada a
hora do desfile tínhamos praticamente 100% dos fatos prontos, os
balões cheios e, felizmente para os caloiros, várias garrafas de
água, não esqueçamos que no ano passado foi um sufoco pois não
havia água para ninguém. Pretendia-se, enquanto houvesse
dinheiro, gastá-lo em favor dos caloiros pois era destes a
proveniência do dinheiro.
Após a realização do desfile, concluído com uma brilhante
vitória, que bem que soube, não esquecendo que o primeiro lugar
para a ESGS nunca esteve em questão, sentiu-se finalmente a
recompensa pelo esforço desenvolvido ao longo de duas semanas
e meia. De realçar a excelente colaboração de alguns elementos
exteriores à Comissão de Praxe incluindo caloiros e de lamentar a
parca colaboração da grande maioria dos veteranos e de muitos
caloiros.
Voltando à questão das “massas verdinhas”, obtivemos
ainda dinheiro da parte dos veteranos através da compra dos
diplomas, 200$ cada, destinados aos «Reles e Miseráveis
caloiros». Finalmente o dia da grande festa, a Festa do Caloiro, e
mais verdinhas a entrar para a caixa, nomeadamente quando se
verificou que o consumo de vinho foi muito inferior ao esperado,
estes caloiros são mesmo reles e miseráveis.
Liquidadas as nossas compras, tendo pago o serviço dos
bombeiros relativo ao baptismo, interrogámo-nos sobre como
aplicar o montante restante. Colocámos de parte o dinheiro da
Festa da Horta da Fonte destinado à Comissão de Finalistas e feitas
as contas sobraram 55 000$. Decidimos aplicar esta quantia em
actividades desenvolvidas nesta escola, nomeadamente Tuna
Académica, equipa de Volei e futura equipa de Basquetebol,
certamente haverá críticas a esta decisão mas achámo-la a mais
correcta e a mais proveitosa. Quanto ao caso do corte de cabelo, a
Comissão de Praxe, não aconselhou a caloira a apresentar queixa,
disse-se, isso sim, que a apoiaríamos fosse qual fosse a sua
decisão. Para aqueles que sempre, ou quase sempre, duvidaram
da competência e até da honestidade da Comissão de Praxe
espero que a vitória no desfile, o facto de ainda ter sobrado dinheiro,
a aplicação deste e o presente artigo venham colocar um ponto final
na questão.
Carla Santos (Xira) e Rui Costa
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QUAL O PAPEL DOS ALUNOS NO
ENSINO SUPERIOR
Esta é uma questão bastante premente, tanto
mais que se vai dar início a um processo de definição
desse mesmo papel no microcosmos chamado Escola
Superior de Gestão de Santarém, via elaboração de
estatutos próprios e revisão de regulamentos afins.
Este papel passa, a meu ver, pelo incremento de
responsabilidades atribuídas aos alunos e por uma cada
vez maior integração dos seus representantes nos
meandros da gestão e orientação dos estabelecimentos de
ensino superior onde se inserem. Esta maior integração,
assente sobretudo num estreito diálogo entre a AE , os
professores e os órgãos directivos (não esquecendo os
funcionários), possibilitará o franco debate sobre problemas
reais, ideias possíveis e posturas correctas e a existência
de um maior número de actividades curriculares e
extracurriculares. Em suma, permitirá um esforço conjunto
de trabalho e dedicação tendo em vista uma cada vez
maior valorização do estabelecimento de ensino e dos seus
formados.
Contudo, vários problemas estruturais e
conjunturais subsistem. Relativamente aos problemas
conjunturais, (e reporto-me apenas ao microcosmos
chamado ESGS), estes prendem-se sobretudo com a
impossibilidade dos alunos participarem, opinarem e
dizerem de sua justiça aquilo que pensam sobre tudo o que
lhes diz respeito porque o regime de instalação ainda
subsiste e o regulamento interno é penalizante nesse
aspecto. Esta situação deverá ser ultrapassada pela
elaboração e consubstanciação dos estatutos escolares e
regulamentos afins, diplomas estes que devem consagrar
um papel muito mais participante para os alunos e,
finalmente, assegurar que estes sejam membros activos de
pleno direito da nova estrutura interna da ESGS, com
direitos e deveres acrescidos.
No que diz respeito aos problemas estruturais
estes prendem-se sobretudo com a subsistência de
algumas mentalidades arcaicas, que pululam entre os
alunos, entre os professores e entre os elementos
directivos, mentalidades essas que foram exacerbadas
pelo arrastar da vigência do regime de instalação.
Por parte dos alunos, subsiste a mentalidade que
o ensino superior não é mais do que um mero seguimento
do ensino secundário, onde o que interessa é "deixar
andar", "não levantar ondas, pois os professores têm a faca
e o queijo na mão", etc..., realidade esta que origina grande
indiferença e comodismo face a tudo quanto os rodeia,
perdendo-se desta forma não só o espírito de iniciativa, de
crítica e, quando necessário, de contestação mas também
a oportunidade de crescerem, moldarem a sua
personalidade e prepararem-se para o mundo não
estudantil.
Relativamente aos professores e aos órgãos
directivos, subsiste o dogma da intocabilidade da
autonomia científica e na crença da pseudo-
irresponsabilidade e da pseudo-imaturidade dos alunos, o
que em última análise acarreta a marginalização destes, ou
no mínimo, a sensação de que estes são ouvidos mas não
escutados, donde resulta que as suas propostas e os seus
pedidos de esclarecimento são liminarmente rejeitados por
provirem donde provêm.
Assim sendo, eu pergunto se não será possível
criar bases, quer estatutárias, quer orgânicas, que
permitam que os alunos e os seus representantes
questionem, peçam esclarecimento ou mesmo apresentar
alternativas sobre as linhas gerais de orientação do
estabelecimento de ensino onde se inserem ou sobre
criação ou alterações curriculares?
Pergunto se não será possível que essa proposta
provenha de quem de direito, (seja elemento directivo ou
professor), de uma forma simples directa, correcta e
fundamentada, ainda que muito crítica e negativa?
Pergunto se é assim tão inconcebível a ideia da
criação de um ensino superior onde as entidades
directivas, professores e alunos, quando errem, assumem
que erraram (pois errar é humano) trabalhando-se em
conjunto no sentido de se rectificarem esses erros.
Pergunto se é assim tão monstruoso, acreditar
que os alunos são elementos responsáveis e que podem
dar um grande contributo para o engrandecimento do
estabelecimento de ensino onde se inserem.
Pergunto se é assim tão difícil que os alunos se
capacitem que já não estão na Escola Secundária, que têm
direitos que não devem ser esquecidos, que têm muito
mais responsabilidades e deveres que não podem ser
negligenciados e que têm oportunidades de participar e
opinar, as quais devem ser aproveitadas.
Ciente, estou, de que os estabelecimentos de
Ensino Superior nunca poderão, nem deverão, ser
“geridos” pelos alunos mas, acredito que estes têm de ter,
doravante, um papel muito mais activo e integrado na
estrutura interna das escolas.
Acredito que todos temos a ganhar se se
conseguir criar um clima de confiança apreço e respeito
mútuos. Acredito sobretudo na praticabilidade daquilo que
defendo.
Armando Rodrigues
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EM DIRECTO COM MÓNICA MENDONÇA Visto que se encontra a decorrer o processo de eleição e tomada de posse de novos corpos directivos da Associação
de Estudantes da ESGS, o IDEIAS decidiu entrevistar a candidata a Presidente da Direcção pela única lista concorrente,
Mónica Mendonça, com o intuito de divulgar um pouco mais as suas ideias e projectos.
? O IDEIAS - Na tua opinião, qual deverá ser o papel dos alunos e seus representantes no ensino superior?
Mónica Mendonça - Penso que deve ser um papel interventivo. Deve tentar promover o diálogo entre as partes pois
só assim se pode alcançar consensos que permitam melhorar a educação.
? O IDEIAS - Consideras que, actualmente, os alunos muitas vezes são ouvidos mas não são escutados?
MM - Julgo que esse problema não é de agora, pois houve, após o 25 Abril, uma liberalização dos costumes que
originou excessos. Esses excessos provocaram uma certa imagem de descrédito e irresponsabilidade que prejudicou a
imagem dos alunos. Actualmente, os alunos ainda sofrem consequências desses excessos.
? O IDEIAS - Achas que a integração dos alunos nas estruturas orgânicas das escolas deve ser feita somente ao
nível do conselho pedagógico?
MM - Acho que esta participação deve ser feito num conselho pedagógico de âmbito alargado, onde entre outras se
discutam questões relacionadas com aspectos científicos e de orientação de uma cadeira ou de um curso que os alunos
sintam que está a ser dado de uma forma menos boa, questões relacionadas com a ligação escola-meio e questões
relacionadas com o funcionamento organizativo da escola enquanto instituição. Os alunos podem ter opiniões diferentes
nestas matérias que devem ser escutadas.
? O IDEIAS - Então a autonomia científica não é intocável?
MM - Não o deve ser, os alunos devem participar também nesta área.
? O IDEIAS - No teu entender, quais são os reais problemas que afectam a ESGS e a sua AE?
MM - No meu entender, existe um afastamento entre as pessoas que decidem e a realidade. Os próprios alunos,
quando têm problemas, não tentam resolvê-los, limitam-se a tentar superá-los individualmente ou somente com a ajuda do
parceiro do lado. Nem sequer tentam superar os seus problemas em conjunto. Ao nível da AE, esta não tem defendido os
alunos, limitando-se somente a desenvolver alguns projectos que, sendo importantes, não demonstram o que é mais
essencial, que é a realidade, aquilo que se vai passando.
? O IDEIAS - Achas que na ESGS existe aquele sentimento que os alunos são ouvidos mas não são escutados?
MM- Até certo ponto isso acontece. Talvez isso aconteça porque aqui ainda não houve uma demonstração do real
peso dos alunos. Os esforços que existiram foram isolados e desorganizados,.
? O IDEIAS - Subsiste entre os alunos uma mentalidade estilo “escola secundária”?
MM - Sim, verifico isso, pois os alunos sabem que os problemas existem mas não agem porque acham que não vão
conseguir fazer nada que altere a situação.
? O IDEIAS - Qual irá ser a grande aposta desta nova AE?
MM - A nossa grande aposta será incrementar o diálogo entre as partes. Como forma de melhorar o diálogo com os
alunos, pretendemos fazer funcionar as RGA, pôr à disposição dos alunos uma caixa de sugestões, promover inquéritos e
lançar debates sobre temas actuais com objectivo de ter mais dados sobre as ideias e problemas dos alunos. Relativamente
à Comissão Instaladora e professores pretendemos levar a cabo reuniões periódicas informais. Reuniões formais só poderão
existir quando os estatutos forem aprovados.
? O IDEIAS - Qual será a posição e o modo de actuar da AE no processo de elaboração de estatutos e
regulamentos afins?
MM - Visto que já existe um elemento da antiga AE a trabalhar na elaboração de uma base de trabalho de
estatutos, pretendemos “apenas” apresentá-la em RGA aos alunos explanando quais são as hipóteses de escolha e suas
consequências. Acompanhando todo este processo estará uma pessoa com experiência em estatutos capaz de avaliar a
legalidade das propostas. Tudo isto será feito com o intuito de reforçar a opinião dos representantes dos alunos na
Assembleia Geral de criação de estatutos.
? O IDEIAS - Que outras iniciativas irão ser levadas a cabo?
MM - Serão desenvolvidas acções em várias áreas, tais como o desporto, reprografia, cultura e área científica.
Dentro do Desporto, haverá duas vertentes: a da saúde e a do intercâmbio estudantil. Dentro da Reprografia, pretendemos
torna-la mais eficiente e mais organizada, continuando a preferir que sejam estudantes necessitados a trabalhar nela. Dentro
da Cultura, teremos várias “secções” com o jornal, que será apoiado mantendo-se no entanto autónomo; a rádio, onde será
estendida a ligação a todo o Complexo Andaluz (tentando-se talvez expandi-la às outras escolas) e onde tentar-se-á melhorar
a qualidade dos programas; e a tuna, onde existirá um apoio organizativo forte por parte de AE (para que esta secção não
pare), com regras definidas e um pouco mais de disciplina e organização. Tencionamos igualmente promover visitas de lazer
(dar a conhecer Portugal), pôr à disposição uma banca de jornais e revistas técnicas e lançar seminários sobre temas gerais
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relacionados com a juventude (racismo SIDA,. etc..). Relativamente à área científica pretendemos fomentar o UNIVA
(principalmente a vertente de estágios), realizar visitas de estudo e exposições técnicas. Pretendemos ainda lançar um
projecto de assistência técnica de software e hardware informático, destinado principalmente aos alunos que tenham poucas
bases em informática e criação de um posto ligado à Internet.
? O IDEIAS - Haverá distinção entre alunos e sócios?
MM - Todas as iniciativas são voltadas para os sócios, que serão beneficiados monetariamente. Contudo, todos os
alunos serão defendidos e poderão usufruir dos serviços prestados pela AE.
? O IDEIAS - Qual será a posição da AE face a movimentos autónomos dos alunos? A AE irá tutelá-los ou
supervisiona-los?
MM - Não deverá fazer nem uma coisa nem outra, deverá orientá-los. Se essas estruturas não existem, a AE deve
tentar criá-las; se já existem mas não conseguem subsistir sozinhas, a AE irá apoiá-las fortemente e deverá tutelá-las,
qualquer que seja essa estrutura; se essas estruturas tiverem “pernas para andar”, ser-lhe-á dado o apoio que necessitarem.
? O IDEIAS - Quais deverão ser os objectivos da FAS?
MM - A FAS deverá defender os alunos de Santarém quer a nível regional quer a nível nacional. Deverá (e isso não
está a ser feito), pensar em dar mais voz aos estudantes desta cidade do que propriamente recriá-los.
? O IDEIAS - O que poderá ser feito em matéria de Acção Social Escolar?
MM - Deverá haver uma participação mais activa dos alunos, quer através das AE, quer (e principalmente) através
da FAS na recém criada Comissão para a Acção Social Escolar, em matérias tão diversas como a questão dos montantes das
bolsas, das residências e da problemática do financiamento da própria Acção Social Escolar, por exemplo.
? O IDEIAS - Diga-nos uma frase que defina o espírito desta nova AE.
MM - “ Vem e participa, pois não estás só na escola.”
? O IDEIAS - Se quiseres transmitir alguma mensagem, força.
MM - O que eu tenho a dizer é que estamos cá e existimos. Queremos falar com toda a gente no sentido de se
conseguir criar um ambiente muito mais familiar e agradável dentro desta escola. É esse o nosso propósito.
Armando Rodrigues
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ENTREVISTA À DR.ª TERESA CAMPOS Sendo do conhecimento geral que a residência do Complexo Andaluz já deveria estar a servir os alunos, o que não
se verifica ainda, a direcção do jornal resolveu entrevistar a Dr.ª Teresa Campos, administradora da acção social escolar
desde o passado dia 2 de Novembro. A entrevista decorreu no seu gabinete na passada quarta-feira dia 6 de Dezembro pelas
14h30m.
Aqui fica o essencial dessa entrevista que se prolongou um pouco mais do que estava previsto e que assumiu mais a
forma de conversa, dada a extraordinária capacidade de comunicação da Dr.ª Teresa Campos.
? O IDEIAS - Em termos de estruturas físicas a residência do Complexo Andaluz está pronta para ser ocupada.
Confirma?
Dr.ª Teresa Campos - Sim, de facto a residência do Complexo Andaluz está pronta a servir os estudantes, falta
apenas fazer a ligação do gás ao equipamento, mas isso é rápido, faz-se praticamente de um dia para o outro. Aliás só ainda
não foi feito porque será melhor, do ponto de vista técnico proceder-se a essa ligação pouco antes da ocupação das
residências...
? O IDEIAS - Então porque é que os alunos ainda não podem beneficiar desta nova estrutura?
TC - O que se passa é que falta o equipamento necessário para que o interior das residências possa satisfazer as
necessidades dos alunos. E porque é que falta esse equipamento? Simplesmente porque ainda não recebemos o visto do
Tribunal de Contas, pois é com dinheiros públicos que esse equipamento é adquirido. De qualquer das formas este processo
deve ser resolvido até Janeiro de 1996.
? O IDEIAS - Uma das críticas mais comuns dos estudantes tem sido a falta de homogeneidade de critérios entre
as escolas no âmbito da acção social; pode garantir-nos que haverá homogeneidade de critérios aquando da apreciação das
candidaturas?
TC - A ocupação das residências (tal como para as bolsas de estudo) não é um processo linear; não é fácil
determinar o montante a receber pelos bolseiros, isto não é uma questão objectiva, mas tentarei sempre, no que me diz
respeito, fazer com que haja uma convergência e uma homogeneidade na aplicação dos critérios estabelecidos tanto quanto
fôr possível. Mas creio que esse problema está a ser progressivamente ultrapassado, pelo menos é o que posso constatar
pelo nº de reclamações que tenho recebido.
? O IDEIAS - Quais os critérios que serão tidos em conta para a ocupação das residências?
TC - Bem, neste preciso momento não posso dizer quais são os critérios que vão ser aplicados porque esses
critérios têm que ser definidos pelo Conselho de Acção Social que, tal como prevê o nº2 do artigo 10º do decreto-lei nº129/93
de 22 de Abril, será constituído pelo reitor ou presidente da instituição de ensino superior, pelo administrador para a acção
social e por dois representantes da associação de estudantes, um dos quais bolseiro.
No passado dia 23 de Novembro houve uma reunião com as associações de estudantes, mas só estiveram presentes a
E.S.G.S. e a E.S.E.S. Por outro lado estou também à espera que a lista candidata à A.E. da E.S.G.S. seja eleita para que
possamos avançar com uma nova reunião com vista a discutir as propostas que forem apresentadas, portanto assim que os
estudantes estiverem disponíveis o processo pode avançar, até porque eu já tenho uma proposta.
? O IDEIAS - De facto os estudantes às vezes querem ter acesso a determinadas coisas, mas quando são
solicitados a participar, simplesmente cruzam os braços. Teme que isso aconteça neste caso concreto?
TC - É óbvio que temo que isso aconteça, mas creio que isso não vai acontecer. Note-se que são os estudantes os
principais beneficiários das residências.
? O IDEIAS - Pode adiantar-me quais é que serão as pessoas responsáveis pela apreciação das candidaturas?
TC - Uma vez que o Conselho de Acção Social ainda não foi criado também ainda não posso dizer quem é que vai
ser responsável por esse processo.
? O IDEIAS - E relativamente a projectos para construir novas residências?
TC - Bem, já construímos a residência de Tomar, esta começará a funcionar em breve, mas temos ainda um
projecto para construir uma residência em S. Pedro, depois avançamos com uma 2ª residência aqui no Andaluz, que na
realidade não será uma 2ª residência será um prolongamento desta, pois é mais barato. Além disso pretendemos depois
avançar também com uma 2ª fase em Tomar e estes são os principais. Cada residência construída ou a construir terá
capacidade para acolher 100 alunos.
? O IDEIAS - Já foi contratado o pessoal que vai trabalhar na residência?
O IDEIAS Pág. 9
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TC - Não, mas isso não vai atrasar em nada o processo porque como esse pessoal é auxiliar não pertence ao
quadro é mais rápida a sua contratação.
Além disso há ainda a questão da vigilância sobre a qual também ainda não posso adiantar quase nada porque não
depende só de mim. De qualquer das formas a minha proposta é a contratação duma empresa especializada que
desempenhará as funções durante 24 horas por dia. Isso pode ser muito vantajoso em termos económicos se a empresa
fizesse também a vigilância em Tomar. Por outro lado se pudéssemos contar com os serviços dessa empresa 24 horas por
dia os alunos escusavam de ter a chave, o que aumentava a segurança dos alunos, pois também não tinham possibilidade de
a emprestar a pessoas estranhas à residência.
? O IDEIAS - Para terminar podia adiantar as verbas já gastas na residência?
TC - Bem, já foi gasto à volta de 210 mil contos nesta residência e ainda falta gastar com o equipamento à volta de
19 mil contos
José Luís Carvalho
“ Mau feitio “ Mau feitio, é uma expressão por mim utilizada no rol dos meus amigos e conhecidos, que caracteriza a sua atitude
em não adoptarem atitudes e pensamentos progressistas.
Perante isto, e informaticamente falando, olhei para o meu computador e verifiquei que a minha drive sofre de mau
feitio.
Após 3 gerações de computadores de que fui proprietário, respectivamente 286, 386 e 486, foram e vieram as placas
de vídeo, monitores, teclados, discos cuja memória aumentou e o preço diminuiu, uma peça continua de origem e cumprindo
fielmente a sua missão.
A minha drive...!
No dia a dia, novos produtos se inventam e outros se melhoram; o Pentium subiu patamares em relação ao 486 e o
P6 já mora andares acima. O Windows 95 melhorou substancialmente o visual e o funcionamento do Windows 3.1. As placas
de vídeo mostram-nos agora imagens a cores reais (“true color”) e o bus PCI rebentou com as portas do velhinho bus ISA. No
entanto, a minha floppy disk drive é um componente que não viu melhoramentos no tempo.
Encaremos a realidade. A disquete está obsoleta e a minha drive sofre de mau feitio.
Carlos A. Pombo
Diz-se que...
- Há mais festas que alunos em Santarém.
- A tuna da ESGS está a arrancar.
- A nova associação de estudantes antes de estar eleita, já “geria” a mesma.
- Houve um elemento da actual associação que disse para um colega nosso que este não contava para nada.
- A rádio pode ter o dias contados.
- A Federação Académica não tem tido apoio da ESGS ultimamente.
- Nas festas há pouca gente a colaborar na sua organização.
- Os Ena Pá 2000 estarão em Santarém na semana académica.
- Vai-se acabar com os jogos de cartas nas universidades.
Tanta coisa se diz que alguma será verdade.
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Quando em 94 surgiu a “Rádio Gest” fiquei
estupidamente feliz. Juro que fiquei !
Uma rádio pode servir de base ao
desenvolvimento da A.E. e no mesmo contexto ajudar a
desenvolver a Escola.
O projecto original apontava para uma progressão
qualitativa que, pouco a pouco, daria lugar a uma rádio
amadora mas com qualidade semi-profissional.
Prevendo dificuldades na gestão dos recursos
materiais e humanos propus à direcção da A.E. a criação
de uma Direcção de Programação que se revelou de
enorme importância para a Gest, coordenando os
programas em termos de horários e intervindo, nalguns
casos, no conteúdo dos mesmos de forma a atenuar
possíveis “atentados ao bom gosto”.
O que começou por ser um galope desenfreado,
depressa se tornou um trote ligeiro.
Programas houve que alcançaram grande
audiência não só entre a população estudantil, mas
também entre os corpos docente e discente da ESGS, mas
a maioria acabou por se tornar intermitente e mais tarde
“morrer”.
No entanto, não pretendo falar-vos desses
programas, mas sim alertar-vos noutro sentido.
A realização de um programa de rádio, ainda que
dirigido a um número mais ou menos restrito de ouvintes,
deve ter em conta, acima de tudo, critérios de bom gosto
ao nível da apresentação vocal e musical.
Não basta querer fazer rádio, é preciso antes que
tudo saber ouvir rádio.
Será por mero acaso que a RFM ou a Antena 3
chegaram onde chegaram ?
A aposta na diversidade é um trunfo
indispensável!
Fazer rádio não se deve confundir com ouvirmos
música em casa ou nos “headphones”.
Gostarmos de um determinado tipo de música é
natural, mas será que devemos bombardear os ouvintes
com horas seguidas de ritmos idênticos?
Será preferível fidelizar uma percentagem ínfima
da audiência passando apenas um género de música ou
pelo contrário alcançar uma audiência muito mais vasta
dando a cada um, de vez em quando, aquilo que prefere?
Ouvindo as rádios que são líderes de audiência, a
resposta é óbvia: variedade é a palavra chave.
Mas, contrariamente ao que se passou no ano
transacto, não se trata simplesmente de ter um programa
para cada tipo de música, mas sim de tentar quebrar essa
rigidez e intercalar subtilmente estilos diferentes em cada
programa.
Não é comercialmente correcto ocupar horários de
grande audiência com programas para minorias.
Quantas boas rádios se poderão dar ao “luxo” de
suportar programas “heavy”, de música clássica ou mesmo
de outro tipo minoritário em horário nobre ?
Se pretendermos alcançar (porque não ?!) a
difusão para o exterior em FM, devemos antes de mais
nada incrementar a qualidade dos nossos programas.
Por outro lado, grande parte da rede de difusão da
Gest está implantada a nível de gabinetes de trabalho, e
não me parece muito viável trabalhar horas a fio ao som
ensurdecedor de “heavy“ e outras batidas do género forte,
embora esporadicamente se possa passar uma ou outra
faixa desse género.
Certo programa, cujo nome não quero recordar,
alcançou fama entre os funcionários e acabou por ser
apelidado de “A trovoada”, visto que quando começava
toda a gente corria a desligar o som até que o mesmo
terminasse.
Pelo contrário, faixas de programação do tipo
suave (“Janela indiscreta”, “Meia Hora”) e polémico
(“Cantigas de escárnio e maldizer”) deixaram saudades.
Em termos objectivos, houve grande força de
vontade para levar avante um projecto de vulto, mas não
houve recepção ao “feedback “ da audiência, que servisse
de “filtro” à programação.
A necessidade de inquéritos periódicos à
audiência é mais que evidente.
Componente fulcral desta nova etapa da Gest é a
opinião pública e a sua repercussão em termos de
alterações na programação. Mais que nunca temos o dever
não só de cumprir os horários que nos comprometemos
fazer como de procurar estabelecer comunicação com o
maior número possível de ouvintes, moldando a
estruturação dos programas de acordo com a sua vontade
explícita.
Joaquim Cardoso
Falando de Rádio
O IDEIAS Pág. 11
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Comunicado
A direcção da Comissão de Finalistas 92/95 de gestão
de empresas e membros da Associação de Estudantes
cessante (Nuno Galego, Rui Pereira e Leonel Sérgio), vêm
por este meio fazer algumas considerações relativas à
entrevista publicada na secção “Associação em Actividade”
na anterior edição de “O Ideias” na qual o entrevistado,
Frederico Reis, presidente cessante da A.E., decidiu atacar
os elementos referidos.
Apelidamos de totalmente falsas algumas das
declarações proferidas nomeadamente as que visam estes
elementos, como o facto do aproveitamento financeiro da
A.E. para obter patrocínios de entidades oficiais.
- A Comissão de Finalistas 92/95, solicitou no passado
mês de Fevereiro um apoio financeiro ao Governo Civil de
Santarém para a viagem de finalistas a realizar em Abril,
cujo destino foi a Tunísia. À referida data o déficite
financeiro orçava em 150000$00, verba essa pedida à
respectiva entidade.
- O pedido foi feito em nome da Comissão de
Finalistas 92/95 de Gestão de empresas e assinado pela
direcção da Comissão de Finalistas, não havendo qualquer
menção à A.E. Foi pedido ao secretário da E.S.G.S., Dr.
Beirante, autorização para usarmos neste pedido envelopes
timbrados da E.S.G.S., para confirmar a origem e
credibilidade do pedido, tendo-nos sido aconselhado enviar
por meio da A.E., uma vez, que um Instituto Público não
poderia representar o nosso pedido. Dessa forma o pedido
foi feito em papel timbrado e envelope da A.E., com o intuito
de endereçar e credibilizar o pedido, não havendo qualquer
menção no pedido à A.E.
- Por outro lado, a Associação de Estudantes é no
fundo uma representação dos alunos de uma entidade, logo
deverá ser a primeira a expressar apoio aos núcleos de
estudantes formados, apoio esse que enquadro no âmbito
referido. Quanto ao desconhecimento do pedido prendeu-se
com o afastamento de alguns membros da A.E., logo não
havia muita comunicação com quem não estava. Não
compreendemos de que modo o presidente da A.E. vem
criticar o referido pedido, uma vez que o patrocínio foi
concedido na sua totalidade à Comissão de Finalistas,
sendo o recibo assinado pelo seu responsável e autenticado
com um carimbo da Comissão de Finalistas, desta forma
está totalmente posta fora de causa a hipótese do pedido
ter sido deferido para a Associação de Estudantes, com o
objectivo de ser gasto nessa viagem.
- A Comissão de Finalistas não é uma subsidiária da
Santa Casa da Misericórdia, não tendo que repartir a verba
do patrocínio com a A.E., pelo contrário a verba referiu-se a
um défice real, colmatado pela entrada de dinheiro dos seus
membros. A questão do comprometimento desta direcção
com a A.E. prendeu-se com o facto da A.E. estar a entrar
em colapso financeiro, devido aos gastos com o ciclo de
conferências e devido ao facto do processo de pedido de
subsídio, ao encargo do presidente da A.E. não ter tido até
à referida data nenhum avanço. Logo sem preocupação de
negociar o subsídio, a Associação estava sem fundos.
Desta forma os responsáveis da Comissão de Finalistas
referiram que poderiam, caso tivessem o dinheiro, contribuir
para os custos dos ciclos de conferências. Uma vez que a
referida verba só foi disponibilizada no início de Junho, a
Comissão de Finalistas não iria patrocinar um evento já
realizado e com os custos cobertos.
- Definitivamente não compreendemos o facto de
sermos criticados pelo dinheiro recebido, afinal se o
gastámos no Gerês, foi por comum acordo dos elementos
que foram à viagem. Apesar de não ter sido empregue na
viagem à Tunísia, serviu para reembolsar algum dinheiro
dado pelos finalistas para o pagamento integral da viagem.
O facto de a viatura da A.E. ter ido ao Gerês não tem nada
a haver à Comissão de Finalistas, mas sim com os 5
membros da Associação que se responsabilizaram pela sua
utilização. Embora refira que não, o presidente (em título)
sabia, tendo inclusivé ameaçado um dos membros, caso
realizassem a viagem, uma atitude um tanto hipócrita, para
quem a utilizava com os mesmos fins.
- Relativamente à Associação de Estudantes não
gostaríamos de deixar de referir a falta de legitimidade com
que o presidente da Associação de Estudantes se refere ao
trabalho neste ano na A.E.
- O presidente não foi “queimado” pelos outros
membros, nomeadamente os visados neste artigo, estes
elementos procuraram recuperar um cargo que desde
Fevereiro não funcionava na A.E., o de presidente. Se foi
feito muito trabalho na A.E., foi devido aos projectos que os
tais elementos em que o presidente apostou e que agora
critica levaram a cabo, sendo que a única incompatibilidade
era a atitude com que elas estavam na Associação de
Estudantes.
- Promoção pessoal, contra os que procuravam
dinamizar a A.E. através de trabalho e projectos pessoais.
- É pena que para recuperar um protagonismo perdido,
o nosso presidente venha agora questionar a actuação dos
seus colegas na Associação, o facto é que com ou sem
presidente, o trabalho da Associação foi deveras positivo.
A melhor das felicidades para os elementos da Associação
seguinte.
O Presidente do Conselho Fiscal
Nuno Galego
O Vice-Presidente
Rui Pereira
O IDEIAS
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BUROCRACIAS
Talvez a maior parte dos estudantes ainda não saiba, mas a
verdade é que, em termos legais, para provar que um aluno está
a estudar num determinado estabelecimento de ensino basta
entregar uma fotocópia do seu cartão de estudante ou do boletim
de matrícula. Neste sentido basta que o cartão de estudante ou o
boletim de matrícula contenham o nome completo do aluno, o
grau de ensino e o ano lectivo da matrícula. É precisamente disto
que trata o decreto-lei nº 416/93 de 24 de Dezembro.
Os certificados de matrícula dos cerca de 500 mil alunos
dos ensinos secundário, profissional, artístico e superior são
exigidos para uma quantidade enorme de processos, tais como o
abono de família, adiamento ao serviço militar obrigatório, bolsas
de estudo, etc. Daí que a aplicação deste decreto traga muitas
vantagens, nomeadamente, o desaparecimento de milhares de
papéis que se preenchem aquando do acto de matrícula, a
diminuição dos custos administrativos do Estado, menores custos
financeiros para os alunos e ainda ganhos em termos de tempo,
na medida em que se pode obter uma fotocópia do cartão de
estudante dum momento para o outro, enquanto que um
certificado de matrícula não se obtém muitas vezes nem dum dia
para o outro.
Mas o problema é que as instituições que costumam pedir
os certificados de matrícula desconhecem este decreto . E as
instituições que conhecem o decreto simplesmente não aceitam
as fotocópias dos cartões de estudante porque acham que não
provam nada. Assim nós não temos outro remédio a não ser
pedir sucessivamente no início de cada ano lectivo certificados de
matrícula para tudo e mais alguma coisa, desembolsando mais
uns trocos sem necessidade. E o que é mais absurdo é que a
esmagadora maior parte das vezes são as próprias instituições
da Administração Pública que recusam a apresentação do cartão
de estudante, enquanto que pelo contrário há entidades privadas
para as quais basta uma simples fotocópia do cartão de
estudante para os alunos obterem as regalias a que têm direito.
Mas o absurdo transforma-se em ridículo quando temos em
linha de conta os custos inerentes aos certificados de matrícula.
Se o decreto-lei nº 416/93 fosse de facto aplicado a comunidade
chegaria a poupar mais de um milhão e trezentos mil contos por
ano.
É por isso que, ao contrário de alguns colegas meus, eu
não fico nada admirado pelo facto de haver alunos nesta escola
que nem sequer requereram o seu cartão de estudante junto do
representante da C.G.D. que se deslocou propositadamente aqui
para esse efeito. De facto, para quê perder tempo a requerer um
cartão que na prática não serve para nada ?
José Luís Carvalho
As palavras do Zé...
Aproveito este espaço para convidar, e desculpem-me todos os alunos, todos os membros do Instituto Politécnico,
Comissões Instaladoras das diversas escolas, professores e auxiliares de acção educativa, a almoçar e jantar, não
esporadicamente, mas diariamente, no refeitório, digo, cantina do IPS.
Lamentável é ser eu, Zé do Telhado, o portador deste convite e não serem vocês, caros docentes a tomarem a
iniciativa. Estou, penso eu, nos tempos que correm, a ser vosso amigo. Isto porque tenho dúvidas que encontrem um local na
cidade onde possam, pelos preços praticados, tomar uma refeição. No fundo, é tudo uma questão de poupança. Mas se esta
questão de poupança fôr uma falsa questão, então porque não almoçam lá?
Será devido à qualidade, quantidade ou higiene dos bens confeccionados?
Na minha modesta opinião, isso é uma questão absurda; as empregadas raramente usam touca no cabelo, várias
vezes as ementas não são cumpridas , as batatas, ou estão mal cozidas, ou quando fritas estão frias, a carne de vaca parece
“sola de sapato”, a sopa é confeccionada à base de água e massa, o arroz (branco ou de legumes) sabe mal, os
hambúrgueres não têm qualidade, nas saladas é normal aparecerem pequenos caracóis (que luxo!), espera-se meia hora na
fila, mas isso não tem a mínima importância. É tudo tão natural para nós, alunos, e o que é natural é benéfico para a saúde e
até terá qualidades medicinais....
Zé do Telhado