Nisimazine Rio #7

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----------------------------------------------- #7 Um magazine especial publicado por NISI MASA; rede europeia de cinema jovem, no âmbito de um workshop de jovens críticos A festival gazette published in the framework of a workshop for young critics by NISI MASA, European network of young cinema Photo by SILVIU PAVEL Essa foi a última edição da Nisimazine no Rio. Agradecemos a todos os envolvidos! Todo o material produzido durante o Festival do Rio ficará disponível em nosso site * WWW.NISIMAZINE.EU * Por exemplo um VIDEOBLOG «Talk with Soraya Umewaka» No site você também pode acessar material de nossas edições anteriores, incluindo Lima, Teerã e Cannes. Para se manter informado sobre nossas atividades ou se você tiver ideias/sugestões, por favor entre em contato pelo email [email protected] Obrigado! -------------------------------------------------------------- Nisimazine Rio de Janeiro Thursday 8 October O Festival do Rio 2009 não foi apenas um festival de cinema no sentido restrito da palavra. Além das exibições concorridas, das mostras competitivas e não competitivas, do frisson em torno de um determinado filme, das entrevistas com diretores, produtores, atores e sales agents que chegaram de várias partes do mundo, o festival chegou à sua 11ª edição deixando uma outra marca registrada um tanto quanto atípica, porém de grande importância: a celebração da vida. Foi assim, por exemplo, durante todas as noites na porta do majestoso cinema Odeon na lendária Cinelândia - que como o próprio nome diz, já foi um reduto de cinemas de rua em idos anos. Pessoas de todas as cores e níveis sociais se reuniam na porta do cinema com antecedência e durante duas semanas transformaram aquele espaço em um palco verdadeiramente democrático para as disputadas exibições dos filmes brasileiros concorrentes da principal mostra competitiva do festival, a Première Brasil . Claro que para mim, uma carioca típica, toda essa celebração poderia não ter causado nenhuma grande surpresa e nem provocado o mesmo impacto que causou sobre os meus queridos companheiros da Nizimazine, que vieram de países longínquos da Europa e outros de países vizinhos da América Latina. Poderia, mas não foi assim. Eu, assim como eles, via curiosidade, alegria e surpresa em tudo. É esse o espirito e o legado do Festival do Rio 2009; a alegria de ser cinéfilo em uma cidade que, mesmo com todos os seus problemas, é um oasis para a celebração da vida, da beleza e do cinema. E que venha o Festival do Rio 2010? T he 2009 Festival do Rio was not just a film festival in the strict sense of the word. In addition to the crowded screenings, the competitive and the non-competitive, the frenzy around a particular film, and interviews with directors, producers, actors and sales agents who came from around the world, the festival reached its 11th edition by leaving another somewhat atypical trademark, but one of great importance: the celebration of life. So it was, for example, every night at the door of the majestic Odeon cinema at the legendary Cinelândia district - which as its name implies, was once a stronghold of cinemas in years gone by. People of all colours and backgrounds gathered at the door of the cinema in advance for two weeks and turned that space into a truly democratic stage for the disputed views of Brazilian films which were the main competitors of the Premiere Brazil. Of course for me, a typical carioca, it’s possible that all of this celebration could not have had the same impact experienced by my dear fellow Nisimazians, who came from distant countries of Europe and other neighbouring countries in Latin America. But in fact I, like them, saw everything with curiosity, joy and surprise.This is the spirit and legacy of the Festival do Rio 2009, the joy of being a moviegoer in a city that, even with all its problems, is an oasis for the celebration of life, beauty and film. So what will the Festival do Rio 2010 bring? FOTO DO DIA / PICTURE OF THE DAY by Sabrina Fidalgo 30 anos/years, Brazil EDITORIAL Bellini e o demônio Cabeça a prêmio Histôrias de amor duram apenas 90 minutos Hotel Atlantico Natimorto O amor segundo B. Schianberg O sol do meio dia Os famosos e os duendes da morte Os inquilinos Sonhos Roubados Viajo porque preciso, volto porque te amo Carlos Heli de Almeida Luiz Carlos Merten Neusa Barbosa Rui Pedro Tendinha Matthieu Darras Jornal do Brasil Estado de São Paulo UOL Notícias Magazine (Portugal) Positif (France) Quadro dos críticos C P O O L I R T I C S 4,4 2,2 2,8 2,6 Premiados da Première Brasil / Awards of Première Brazil; Melhor Longa-Metragem de Ficção: OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE de Esmir Filho Melhor Longa-Metragem Documentário (dois vencedores): Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez e Reidy, a construção da utopia, de Ana Maria Magalhães Melhor Curta-Metragem; Olhos de Ressaca, de Petra Costa Menção Honrosa: Sildenafil, de Clovis Mello Melhor Direção; Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, por Viajo porque preciso, volto porque te amo Melhor Ator; Chico Diaz e Luiz Carlos Vasconcelos, por O Sol do Meio Dia Menção Honrosa – Fulvio Stefanini, por Cabeça a Prêmio Melhor Atriz; Nanda Costa, por Sonhos Roubados Melhor Atriz Coadjuvante; Cássia Kiss, por Os Inquilinos Melhor Ator Coadjuvante; Gero Camilo, por Hotel Atlântico Melhor Roteiro; Beatriz Bracher, por Os Inquilinos Melhor Montagem; Tamboro, de Sérgio Bernardes Melhor Fotografia; Heloísa Passos, por Viajo Porque Preciso e o Amor Segundo B. Schianberg Prêmio Especial de Júri: Tamboro, de Sérgio Bernardes VOTO POPULAR Melhor Longa-Metragem de Ficção de Voto Popular; Sonhos Roubados, de Sandra Werneck Melhor Longa-Metragem Documentário de Voto Popular; Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez Melhor Curta-Metragem de Voto Popular: Sildenafil, de Clovis Mello PRÊMIO Fipresci Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho Mostra Geração: VENCEDOR JURI POPULAR FILMES EM RETROSPECTIVA (10 anos Mostra Geração) Somos todos diferentes (Taare Zameen Par / Stars on Earth) de Aamir Khan VENCEDOR JURI POPULAR 2009 Quem tem medo do lobo? (Kdopak By Se Vlka Bál / Who is Afraid of the Wolf) de Maria Procházková 1 2,5 2,5 2 1,5 3,5 2,3

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Nisimazine Rio #7

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--------------------------------------------------------------------- #7Um magazine especial publicado por NISI MASA; rede europeia de cinema jovem, no âmbito de um workshop de jovens críticosA festival gazette published in the framework of a workshop for young critics by NISI MASA, European network of young cinema

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Essa foi a última edição da Nisimazine no Rio. Agradecemos a todos

os envolvidos!Todo o material produzido durante o Festival do Rio ficará disponível

em nosso site* WWW.NISIMAZINE.EU *

Por exemplo um VIDEOBLOG«Talk with Soraya Umewaka»

No site você também pode acessar material de nossas edições anteriores,

incluindo Lima, Teerã e Cannes.Para se manter informado sobre nossas atividades ou se você tiver ideias/sugestões, por favor entre

em contato pelo email [email protected]

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NisimazineRio de JaneiroThursday 8 October

O Festival do Rio 2009 não foi apenas um festival de cinema no sentido restrito da palavra. Além das exibições concorridas, das mostras competitivas e não competitivas, do frisson

em torno de um determinado filme, das entrevistas com diretores, produtores, atores e sales agents que chegaram de várias partes do mundo, o festival chegou à sua 11ª edição deixando uma outra marca registrada um tanto quanto atípica, porém de grande importância: a celebração da vida. Foi assim, por exemplo, durante todas as noites na porta do majestoso cinema Odeon na lendária Cinelândia - que como o próprio nome diz, já foi um reduto de cinemas de rua em idos anos. Pessoas de todas as cores e níveis sociais se reuniam na porta do cinema com antecedência e durante duas semanas transformaram aquele espaço em um palco verdadeiramente democrático para as disputadas exibições dos filmes brasileiros concorrentes da principal mostra competitiva do festival, a Première Brasil.

Claro que para mim, uma carioca típica, toda essa celebração poderia não ter causado nenhuma grande surpresa e nem provocado o mesmo impacto que causou sobre os meus queridos companheiros da Nizimazine, que vieram de países longínquos da Europa e outros de países vizinhos da América Latina. Poderia, mas não foi assim. Eu, assim como eles, via curiosidade, alegria e surpresa em tudo. É esse o espirito e o legado do Festival do Rio 2009; a alegria de ser cinéfilo em uma cidade que, mesmo com todos os seus problemas, é um oasis para a celebração da vida, da beleza e do cinema. E que venha o Festival do Rio 2010?

The 2009 Festival do Rio was not just a film festival in the strict sense of the word. In addition to the crowded screenings, the competitive and the non-competitive, the frenzy around a particular

film, and interviews with directors, producers, actors and sales agents who came from around the world, the festival reached its 11th edition by leaving another somewhat atypical trademark, but one of great importance: the celebration of life.So it was, for example, every night at the door of the majestic Odeon cinema at the legendary Cinelândia district - which as its name implies, was once a stronghold of cinemas in years gone by. People of all colours and backgrounds gathered at the door of the cinema in advance for two weeks and turned that space into a truly democratic stage for the disputed views of Brazilian films which were the main competitors of the Premiere Brazil.

Of course for me, a typical carioca, it’s possible that all of this celebration could not have had the same impact experienced by my dear fellow Nisimazians, who came from distant countries of Europe and other neighbouring countries in Latin America. But in fact I, like them, saw everything with curiosity, joy and surprise. This is the spirit and legacy of the Festival do Rio 2009, the joy of being a moviegoer in a city that, even with all its problems, is an oasis for the celebration of life, beauty and film. So what will the Festival do Rio 2010 bring?

FOTO DO DIA / PICTURE OF THE DAY

by Sabrina Fidalgo30 anos/years, Brazil

EDITORIAL

Bellini e o demônio

Cabeça a prêmio

Histôrias de amor duram apenas 90 minutos

Hotel Atlantico

Natimorto

O amor segundo B. Schianberg

O sol do meio dia

Os famosos e os duendes da morte

Os inquilinos

Sonhos Roubados

Viajo porque preciso, volto porque te amo

Carlos Heli de Almeida

Luiz Carlos Merten

Neusa Barbosa

Rui Pedro Tendinha

Matthieu Darras

Jornal do BrasilEstado de São Paulo UOL

Notícias Magazine (Portugal) Positif (France)

Quadro dos críticos C

POOL

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4,4

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Premiados da Première Brasil /Awards of Première Brazil;

Melhor Longa-Metragem de Ficção:

OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTEde Esmir FilhoMelhor Longa-Metragem Documentário (dois vencedores):Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael AlvarezeReidy, a construção da utopia, de Ana Maria Magalhães

Melhor Curta-Metragem; Olhos de Ressaca, de Petra CostaMenção Honrosa: Sildenafil, de Clovis Mello

Melhor Direção; Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, por Viajo porque preciso, volto porque te amo

Melhor Ator; Chico Diaz e Luiz Carlos Vasconcelos, por O Sol do Meio DiaMenção Honrosa – Fulvio Stefanini, por Cabeça a Prêmio

Melhor Atriz; Nanda Costa, por Sonhos Roubados

Melhor Atriz Coadjuvante; Cássia Kiss, por Os Inquilinos

Melhor Ator Coadjuvante; Gero Camilo, por Hotel Atlântico

Melhor Roteiro; Beatriz Bracher, por Os InquilinosMelhor Montagem; Tamboro, de Sérgio BernardesMelhor Fotografia; Heloísa Passos, por Viajo Porque Preciso e o Amor Segundo B. SchianbergPrêmio Especial de Júri: Tamboro, de Sérgio Bernardes VOTO POPULARMelhor Longa-Metragem de Ficção de Voto Popular; Sonhos Roubados, de Sandra WerneckMelhor Longa-Metragem Documentário de Voto Popular; Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael AlvarezMelhor Curta-Metragem de Voto Popular: Sildenafil, de Clovis Mello PRÊMIO FipresciOs Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho Mostra Geração:VENCEDOR JURI POPULAR FILMES EM RETROSPECTIVA (10 anos Mostra Geração) Somos todos diferentes (Taare Zameen Par / Stars on Earth) de Aamir KhanVENCEDOR JURI POPULAR 2009Quem tem medo do lobo? (Kdopak By Se Vlka Bál / Who is Afraid of the Wolf) de Maria Procházková

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A Federação Internacional de Críticos de Filmes (FIPRESCI) está concedendo seu próprio prêmio no último dia do Festival do Rio para um filme da seleção internacional. O crítico de filmes portu-guês Paulo Portugal é um dos membros do júri.

The International Federation of Film Critics (FIPRESCI) is giving its own award on the last day of the Rio festival, to a film in the interna-tional selection. Portuguese film critic Paulo Portugal is one of the members of the jury.

O que mais chama a sua atenção quando está assistindo um filme?Pode ser um lugar comum

falar isso, mas para mim tudo se trata de emoção. Um bom filme deve impressionar você de um modo inesperado. Quando vou ver um filme, eu normalmente não quero saber nada a seu respeito porque isso faz com que toda a experiência seja muito mais gratificante, você pode fazer uma des-coberta real. Filmes são isso: a capacidade de envolver a emoção de outra pessoa e se tornar parte dela. Um bom filme nunca é obvio sobre suas intenções.

Como você acha que o prêmio FI-PRESCI afeta jovens diretores?Não tenho dúvidas: é muito importante para um diretor, em vários níveis, receber o prêmio FIPRESCI. Talvez o prêmio afete a distribuição do filme. Muitas pessoas visitam nosso site para procurar por novos nomes e filmes. É importante saber o que críticos de filme pensam sobre um filme em particular. Assim, o prêmio FIPRESCI é diferente de outros prêmios de festivais: tem a ver com a aceitação de pessoas que vêem filmes como um trabalho.

Essa é a sua primeira vez em um festival de filmes latino- americano como jurado do FIPRESCI. O que mais o cativou no Festival do Rio?É uma ótima experiência estar no Rio. Não apenas porque eu estou muito próximo da cultura brasileira, sendo português, mas também porque o Brasil é um país imenso, quase um continente. Este país possui tantos mundos, muito diferentes uns dos outros. E existem muitas pessoas na indús-tria de filmes. Nesse sentido, Brasil e toda a América Latina possuem uma riqueza que nós não conseguiríamos encontrar em outros continentes. A América Latina é provavelmente a região mais fértil em ter-mos de produção de filmes. Então, aqui no Rio, eu quero ser surpreendido de todas as maneiras possíveis. Eu quero descobrir o cinema latino americano e aprender com ele.

Como o júri toma a decisão final? É difícil concordar?Eu acho que debater sobre filmes é uma das coisas mais prazerosas para um crítico de filmes. Você tem um ponto de vista sub-jetivo que vem da sua própria experiência pessoal. Algumas vezes pode ser impossível

Mary Carmen Molina

alcançar uma unanimidade, especialmente quando se tem muitos membros no júri. Outras vezes, a decisão é tomada de modo bastante tranqüilo. Mas eu acho que qualquer decisão deve estar focada em debater a essência dos filmes.

What do you notice the most when you are watching a film?It could be commonplace to say, but for me it’s all about the emotion.

A good film must strike you in an unexpected way. Usually, when I go to see a film I don’t want to know anything about it because that makes the whole expe-rience much more rewarding, you can make a real dis-covery. That is what movies are all about: the capacity of embrace someone else’s emotion and be a part of it. A good film is never obvious about its intentions.

How do you think the FIPRESCI award affect young filmmakers?I have no doubts about it: on many levels, it is a big deal for a filmmaker to recieve the FIPRESCI award. Perhaps the award would affect the distribution of the film. Many people visit our website to look for new names and films. It is important to know what film critics think about a particular film. So, the FIPRESCI award is different from other festival awards: it has to do with the acceptance of people who see films as a job.

As a FIPRESCI jury, this is your first time in a Latin American film festival. What captivates you the most about the Rio Film Festival?It is a great experience to be in Rio. Not only because I am very close to Brazilian culture, being portuguese. It is also because Brazil is an inmense country, almost a continent. This country has so many worlds, very different from each other. And there are a lot of people in the film industry. In that sense, Brazil and all of Latin America have a richness that we wouldn’t be able to find in other continents. Latin America is probably the most fertile region in terms of filmmaking. So, here in Rio, I want to be surprised in every possible way that I can. I want to discover Latin American cinema and learn from it.

How does the jury reach a final decision? Is it hard to agree?I think that discussing about films is one of the most enjoyable things for a film critic. You have a subjective point of view that comes out of your own background. Sometimes, it could be impossible to find unanimity, especially when there are many jury members. Other times, the decision is made in a very peaceful way. But I think that any decision should focus on discussing the essence of the films.

---------------------------------------------------------------------ENTREVISTA / INTERVIEW

PAULO PORTUGAL

o juiz portuguêsthe portuguese judge

Adaptação de uma das mais conhecidas histórias em quadrinhos de Roberto Alfredo Fontanarrosa, essa animação argentina trata da violência: a mais

extrema violência que você viu nos últimos anos. Boogie é um veterano americano que lutou em diversas guerras, como as do Vietnã, Coréia e Iraque. Depois das cruéis experiências que viveu em combate, ele volta para a cidade com sede de sangue, sede que ele satisfaz matando e fazendo coisas cruéis com pessoas aleatórias, tudo por din-heiro. Este anti-herói é um ser humano sarcástico e perverso que não se importa com mais ninguém além dele mesmo.

As primeiras imagens do filme podem remetê-lo a Sin City ou algum outro trabalho de Frank Miller, mas as comparações terminam aí. Enquanto a abordagem de Miller sobre a violência era crua e

direta, a primeira tentativa de Gustavo Cova em filmes de animação prefere explorar o senso de humor negro do grande louro Aceitoso. Politica-mente incorreto, chauvinista, racista e sádico – o que Boogie tem a dizer sobre tal descrição a seu respeito? “Obrigado pelo elogio”.

É possível reconhecer referências a diversos filmes clássicos, como por exemplo a fala de Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, “Eu amo o cheiro de Napalm pela manhã.”, que Boogie repete com humor. Outra clara referência é a sequência onde o diretor faz graça da empresa Disney, quando Boogie revela o seu verdadeiro sonho: uma Disneylândia de guerra, com a Sininho voando com uma metralhadora. Boogie el Aceitoso não deve ser confundido com um desenho animado para crianças, está mais para um desenho animado para uma audiência adulta.

BOOGIE EL ACEITOSO Gustavo Cova (Argentina, 2009)

Laslo Rojas and Jorge Robinet

“Eu quero ser surpreendido de todas as maneiras possíveis” ‘‘I want to be surprised in every possible way’’

FILME DO DIA / FILM OF THE DAYEssa adaptação ainda precisa passar pelo seu teste mais difícil. A avaliação detalhista dos fãs barra pesada de Fontanarrosa pode resultar no que muitos espe-ram: uma acolhida cruel e negativa da transposição para o cinema das aventuras tão apreciadas deste anti herói. Ironicamente, Boogie certamente aprovaria.

An adaptation of one of the most celebrated comic books by Roberto Alfredo Fontanarrosa, this animated Argentinean movie deals with vio-

lence: the most extreme violence you have ever seen in recent years. “Boogie” is a veteran Ame-rican soldier who has fought in different wars such as Vietnam, South Korea and Iraq. After the cruel experiences he lived through there, Boogie returns to the city thirsty for blood, something he satisfies by killing and doing cruel things to random people, all for money. This anti-hero is a sarcastic and evil human being who doesn’t care about anyone else but himself.

The first frames of the movie might refer you to Sin City or some other work of Frank Miller; however that’s where the comparisons end. Where Miller’s approach to violence was raw and direct, whereas Gustavo Cova’s first attempt at animated films prefers to explore the dark sense of humour of the big blonde “Aceitoso”. Politically incorrect, chauvinist, racist, and sadis-tic - what does Boogie have to say to such des-cription of himself? “Thanks for the compliment”.

We can spot a number of references to classic films. For instance the line from Francis Ford Coppola’s Apocalypse Now, “I love the smell of Napalm in the morning”, which Boogie humo-rously rephrases. Another clear reference is the sequence in which the director makes fun of the Disney Company, when Boogie reveals his real dream: a DisneyWorld park of war, with Tinkerbell flying around with a machine gun.

Boogie el Aceitoso shouldn’t be mistaken for a kid’s cartoon; it’s more like a cartoon movie for grown-up audiences.

This adaptation has yet to go through its toughest test. The scrutiny of Fontanarrosa’s har-dcore fans might be what most people expect: a cruel and mean reception to the silver screen version of their treasured anti-hero’s adventures. Ironically, Boogie would definitely approve.

FESTIVAL DO RIO 2009

ÚLTIMA CHANCE!106 filmes

de 9 da 15 de outubroEspaço de Cinema 1, 2 e 3

por exemplo

BOOGIE12/10/2009: 19:30 Espaço de Cinema 1

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FOCO / FOCUS

Mary Carmen Molina

CRÍTICA / REVIEW

by Zsuzsanna KiràlyARTEARTE

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Premiado como Melhor Filme no Festival de San Sebastian, A Caixa de Pandora é um filme fresco e sutil, verdade obra-prima.

Uma senhora, que vive sozinha num vilarejo na Turquia, desaparece. Seus filhos, já adultos e vivendo em Istambul, voltam ao vilarejo para trazê-la para a cidade e cuidar dela. Sua mãe está claramente perdendo a razão, chegando a urinar no meio da rua num dado momento. A Caixa de Pandora está aberta.

Yesim Ustaoglu permite que seus personagens nos levem naturalmente ao desfecho, que é carregado de significados emocionais, sociais e políticos. Mais do que qualquer outro filme sobre vítimas de Alzheimer, Ustaoglu mostra, por meio de uma pequena família, a atual tensão para lidar com os velhos: mantê-los em casa, o que não é fácil, ou colocá-los em asilos como no Ocidente, o que também não é aceitável.

O belo enquadramento da região de Ulus, aliado à interessante utilização de som e silêncios, cria um estilo diferenciado. O diretor é auxiliado por atores talentosos, como a atriz bela, de 90 anos, Tsilla Shelton, que aprendeu turco para fazer o filme. As oposições entre modernidade e tradição, campo e cidade, velhas e futuras gerações, são colocadas numa simples, mas forte, história. A visão da Turquia contemporânea é pertinente, repleta da típica nostalgia turca, de pessoas jogadas numa modernidade que não parece preenchê-las. Usatoglu levanta seus propósitos para algo universal. De maneira inteligente, ela termina o filme encerrando sua tomada panorâmica antes que ela chegue ao céu.

A warded Best Film at the San Sebastian Film Festival, Pandora’s Box is a fresh and subtle movie, a real masterpiece.

An old woman, who lives alone in a Turkish village, suddenly disappears. Her children, now adults and living in Istanbul, have to get together to bring her back to the city and take care of her. Their mother is clearly losing her mind, at one point peeing in the middle of the street. The Pandora’s box is opened.

Yesim Ustaoglu allows her characters to naturally bring us towards the conclusion, which is charged with emotional, social and political meanings. More than any other film about Alzheimers, Ustaoglu shows, through one small family, today’s tension in dealing with the elderly: keeping them at home, which is not easy, or putting them in care homes like in the West, which is not acceptable either.

The beautiful framing of the Ulus region, along with an interesting use of sound and silences, creates a very clean style. The director is helped along by talented actors, such as the 90-year-old Belgian actress Tsilla Shelton, who learnt turkish for the film. Oppositions such as modernity/tradition, countryside/city, and older/future generations, are drawn out in a simple yet strong story. The view of contemporary Turkey is pertinent, full of the typical Turkish nostalgia of people thrown into a modernity that doesn’t fullfill them. Usatoglu raises her purpose to something universal. Intelligently, she ends the film by stopping her vertical panning shot before it reaches the sky.

A CAIXA DE PANDORA (PANDORA’S BOX)Yesim Ustaoglu, Turquia / França / Alemanha / Bélgica, 2008

Julien Melebeck

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O “Ano da França no Brasil”, que acontece esse ano, é celebrado no Festival de Cinema do Rio com

retrospectivas de duas grandes damas do cinema francês, Jeanne Moreau e Isabelle Huppert. Uma homenagem também é prestada ao canal franco-germânico ARTE, especialmente na divulgação e co-pro-dução de filmes de arte internacionais, que tem sido apresentados em mostras competitivas de prestigiados festivais de cinema em todo o mundo.

Fundado como um canal de televisão pú-blico europeu, no âmbito de um acordo entre França e Alemanha em 1991, o canal ARTE tem transmitido programas culturais desde 1992, construindo uma rede de cobertura por meio terrestre e também por satélite (embora ainda não disponível no Brasil). A emissora leva ao ar uma vasta programação de artes cênicas, documentários, filmes, revistas e notícias 24 horas por dia que estão cada vez mais disponíveis na forma de strea-ming, podcast ou vídeo por encomenda.

Além disso, ARTE se tornou uma marca registrada para financiamento de cinema de alta qualidade. A cada ano, 29,37 milhões de Euros, representando 12% do orçamento total de 365,90 milhões, são gastos e investidos na co-produção de mais de 20 filmes por ano. Os roteiros de ficção são escolhidos por Michel Reilhac, diretor da seção de cinema francês do canal ARTE, e apresentados ao comitê de seleção. Ele diz que as escolhas de rotei-ros são feitas em três etapas: ‘‘Primeiro com base no próprio roteiro, segundo nos tra-balhos anteriores do diretor, e por fim é feito um encontro com o diretor e o produtor”. O estilo e a alta qualidade de um roteiro também são aspectos importantes do processo de seleção.

A rigor, o canal ARTE não se envolve diretamente no desenvolvimento de projetos de filmes, mas isso pode ocorrer se o diretor ou produtor solicitarem assistência especializada. O mercado latino-americano e os produtores de cinema são conhecidos do ARTE, já que diversos filmes da Argentina, Chile, Peru, México e Paraguai foram financiados pelo canal, mas o Brasil ainda é um campo a ser explorado mais profundamente. Mi-

chel Reilhac, que vem ao Festival do Rio pela primeira vez, está otimista quanto ao potencial do cinema brasileiro: “Eu sinto que há uma nova geração de diretores e pro-dutores brasileiros que estão fazendo filmes interessantes. Há também essa tendência às co-produções, especialmente na América Latina, que oferece uma oportunidade extra para as pessoas daqui.’’

Com a difusão de novos canais e da televisão via internet, além das mudanças no mercado de cinema, ARTE, como um canal de TV e co-produtor de filmes, enfrenta novos desafios. Michel Reilhac está acompanhando a evolução das novas mídias e suas consequências. A partir de 2010, parte do orçamento do canal será investido no estudo e no apoio a projetos de mídia transculturais. “Na verdade estou convencido que há uma nova dimensão que está apenas começando e precisamos examinar muito cuidadosamente todas essas novas opções que as novas mídias oferecem. Nós precisamos achar respostas para o fato de que muitos filmes independentes não mais encontram acesso às salas de exibição. Assim, os passos futuros do departamento de cinema não vão se limitar apenas a manter a tradição do cinema de autor, mas trabalhar em novas formas de misturar o cinema tradicional e as novas mídias para dar apoio a uma maior recepção junto à audiência e otimizar a natureza artística da narrativa e o impacto visual da mídia sobre ela.”

The “Year of France in Brazil” taking place this year is celebra-ted at the Rio Film Festival with retrospectives of two “grandes

dames” of French cinema, Jeanne Moreau and Isabelle Huppert. An homage to the French-German cultural channel ARTE is in the same chain of reasoning, especially as the broadcaster is a co-producer of inter-national arthouse films which it successfully presents at prestigious festivals around the world and in competition for film awards.

Founded as a European public service television channel, part of an agreement between France and Germany in 1991, ARTE has been broadcasting cultural pro-grammes since 1992, building up a network of coverage on both terrestrial and satellite (although it is not currently available in Brazil). The schedule airs a wide programme

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of performing arts, documentaries, films, magazines and 24/7 news which are increasingly available as streaming, podcast or video on demand.

Moreover it has become a trademark of high quality cinema funding. Annually 29.37 million Euros (12%) of the total budget of 365.90 million is spent on film, which is invested in the co-production of 20 to 23 films per year. The feature fiction scripts are chosen by Michel Reilhac, Director of ARTE France Cinema, and presented to the selection committee. He says that the choices of scripts are made on three different levels: “First on the script; second on the previous work of the filmmaker. And third, we meet with the producer and director.” The genre and the outstanding character of a script are also important aspects of the selection.

Officially ARTE isn’t involved in the development of the film projects, but can be if the director or producer ask for ex-pertise. The Latin American market and filmmakers are well known to ARTE as films from Argentina, Chile, Peru, Mexico and Paraguay have been funded in the past, but Brazil is still a field to be explored more in depth. Michel Reilhac, attending the Rio festival for the first time, is very optimistic about the potential of Brazilian cinema: “I feel that there is a new genera-tion of Brazilian directors and producers making interesting films. There is this trend of international co-productions, particularly in Latin America, which is an extra opportunity for the people here.”With the diffusion of new channels and Internet television

as well as the changing conditions of the cinema market, ARTE as a TV channel and co-producer of films is facing new challenges. Michel Reilhac is following the evolution of new media and their effects. From 2010 onwards, parts of the budget will be invested for studying and supporting trans-media and cross-media projects. “I am actually convinced that there is a new dimension which is just appearing and we have to look very carefully at all the new options that the new media offer. We have to try finding answers to the fact that many indepen-dent films don’t find their way to the cinemas anymore.” Thus the future steps of the cinema department are not only going to be about keeping up the tradition of auteur cinema, but to work on new ways of mixing traditional cinema and new media to support a wide(r) reception through the audience and optimise the “artistic nature of storytelling and the visual impact of the media on storytelling”.

Explorando novos mercados e a mídia digital Exploring new markets and digital media

Uma delegação da Turquia, dentre os quais a atriz protagonista de A Caixa de Pandora, Övül Avkiran, esteve presente na projeção do filme na noite de terça-feira, que foi seguida de um jantar especial no Bar Luiz, muito conhecido dos cariocas.

A delegation from Turkey, amongst whom actress from Pandora’s Box Övül Avkiran, attended Tuesday night’s screening of the film, which was followed by a special dinner at Rio’s landmark Bar Luiz.

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Como é ser presidente de juri do Festival do Rio esse ano?Muito bom. Eu só vi filmes brasi-

leiros durante todo o festival (risos). Não vi nenhum filme de outra nacionalidade, só os brasileiros e posso dizer que me sinto muito contente e honrado por ter sido convidado a participar de uma seleção tão grande e importante. O cinema brasileiro tem ótimos filmes de vanguarda. Estou gostando muito do que tenho visto.

Esse ano houve um grande aumento e interesse por parte de diretores europeus, americanos e até mesmo japoneses sobre as questões referen-tes à América Latina. O que o senhor tem a dizer sobre esse olhar estran-geiro sobre nós?Realmente você falou a coisa certa, é um olhar estrangeiro, uma visão de fora. E isso pode resul-tar tanto em uma visão impressionísta, quanto em uma visão equivocada. Pessoalmente não tenho nada contra, pois há realizadores mais e menos sensíveis em todos os lugares. As vezes um estrangeiro consegue mostrar um ângulo que nós , com uma visão já mais viciada, não analisa-mos ou até mesmo nem percebemos. Eu já me surpreendi me perguntando como eu mesmo não me dei conta de certas coisas que um diretor estrangeiro capitou em um primeiro olhar. O lado bom dessa

visão exterior sobre nós é que ela , por vezes, nos permite ver coisas que estavam „apagadas“ ou „invisíveis“ para nós.

E a atual safra de cinema argentino? Na sua opinião os mecanismos de fomento e incentivo ao audiovisual em seu país são satisfatórios?O cinema argentino atual se divide em dois tipos: o de vanguarda e o comercial. Nada além disso. Produzimos cerca de 60 filmes por ano, não esta mal, mas por outro lado temos menos incentivos que o Brasil, onde se produz mais filmes por ano, por exemplo. O Instituto Nacional de Ci-nema apoia e fomenta o meu cinema, mas eu não conto, porque querendo ou não tenho 50 anos de cinema, é mais fácil para

mim a essa altura da vida conseguir finan-ciameno para os meus projetos. E eu filmo a cada 1 ½ ano, quando termino um filme logo já começo a desenvolver um novo projeto. Mas para os realizadores mais jovens é um pouco mais complicado. Além do mais o Instituto tem um conselho que é encarregado de controlar as questões administrativas e isso vai muito mal lá.

Da nova geração de cineastas latino-americanos quem o senhor destaca-ria?Eu gostei muito daquele filme que ganhou o Urso de Ouro no último Festival de Berlim, La Teta Asustada da jovem reali-zadora peruana Claudia Llosa. E no geral estou bastante contente com o cinema jovem latino americano, especialmente da Argentina, México e Brasil.

Qual o conselho que o senhor daria à jovens cineastas?Que trabalhem muito. E também acon-selho que permaneçam fiés a sua origi-nalidade e que se mantenham únicos em

seus estilos, sem perder o olhar fresco e a criatividade. Não se deve imitar ou tentar agradar. Deve-se buscar incessantemente pelo próprio estilo.

O senhor ainda pensa em uma carreira política após

duas candidaturas e um mandato? (Solanas se candidatou à Presidência em 2007, ao Senado em 1992 e teve um mandato como deputado nacio-nal de 1993 a 1997)Sim, claro! No final desse ano irei me can-didatar à deputado nacional. Eu consigo coinciliar a vida política com o cinema.

How is it to be president of the jury for the Festival do Rio this year?Very good. I only saw Brazilian films throughout

the festival (laughs). I did not see any film from another country, only Brazil, and I can say I am very pleased and honored to be invited to participate in a team as big and important. Brazilian cinema has great avant-garde films. I can appreciate what I’ve seen.

This year there was a large interest from Euro-pean, American and even Japanese directors on issues relating to Latin America. What do you have to say about this outside view?Actually you said the right thing, it is an outside view. This can result in both a riveting sight, and in a mistaken view. Personally I have nothing against it, because film-makers are more and less sensitive in all places. Someti-mes a stranger can show an angle that we view as more flawed, not analyzed or even not noticable. I found myself wondering how I even did not realize certain things that a foreign director captivated at first glance. The good side of this outside view is that it sometimes allows us to see things that were ‘‘off ’’ or ‘‘invisible’’ to us.

And the current crop of Argentine cinema? Are the mechanisms to encourage and stimulate audiovisual production in your country satisfac-tory?Current Argentine cinema is divided into two types: the avant-garde and commercial. Nothing else. We produce about 60 films a year, not bad, but then we have fewer incentives than Brazil, which produces more films a year. The Instituto Nacional de Cinema supports and encou-rages my movies but I do not count myself, because like it or not I have 50 years of cinema behind me, it’s easier for me at this stage of life to get funding for my projects. I film every 1 ½ years. It’s just that when I finish a film I am just beginning to develop a new project. But for young filmmakers it’s a bit more complicated. In addition the Instituto has a board that is responsible for monito-ring administrative matters and that’s going very badly there.

Within the new generation of Latin American filmmakers who would you highlight?I really liked the movie that won the Golden Bear at the last Berlin Film Festival, La Teta Asustada by young Peruvian director Claudia Llosa. And in general I’m quite happy with the young Latin American cinema, especially from Argentina, Mexico and Brazil.

What advice would you give to young filmmakers?To work a lot. Also to remain faithful to their originality and remain unique in their styles, without losing the fresh look and creativity. One should not imitate but be always looking for one’s own style.

Are you still thinking of a political career after two candidates and a mandate? (Solanas ran for president in 2007, the Senate in 1992 and had a term as national deputy from 1993 to 1997)Yes, of course! At the end of this year I will apply for national deputy. I can coinciliate political life with the movies.

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-by Sabrina Fidalgo

ENTREVISTA / INTERVIEW

FernandoSolanas

Nisimazine RIO 08. 09. 2009 / # 7

A gazette published by the association N I S I M A S A with the support of

the Festival do Rio and the Youth In Action programme of the European Union

EQUIPE EDITORIAL / EDITORIAL STAFF Diretor de Publicação / Director of Publication Matthieu Darras Editores-Chefe / Editors in Chief Rui Pedro Tendinha, Jude Lister Tradutores/Translators Helen Beltrame, Bruno Carmelo, Sabrina Fidalgo, Arturo Mestanza, José Márcio Siecola de Freitas , Luiza Burkardt Portugal Design Maartje Alders Contribuíram para esta edição / Contributors to this issue Mary Carmen Molina Ergueta, Sabrina Fidalgo, Zsuzsanna Kiràly, Julien Melebeck, Silviu Pavel, Jorge Robinet, Laslo Rojas

NISI MASA (European Office) 99 Rue du Faubourg Saint Denis

75010, Paris, France. Tel + 33 (0)1 53 34 62 78

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I have 50 years of cinema behind me, it’s easier for me at this stage of life to get funding for my projects. But for young filmmakers it’s a bit more complicated.

50 anos de cinema e política. 50 years of cinema and politics.

Tenho 50 anos de cinema, é mais fácil para mim a essa altura da vida conseguir financiameno para os meus projetos. Mas para os realizadores mais jovens é um pouco mais complicado.

Quando Fernando Solanas chegou ao Lobby do hotel Leme Othon Palace para conceder essa entrevista, a primeira impressão poderia ter sido uma das mais equivocadas à respeito do grande realizador e político; um homem grande, sisudo e imponente, que poderia fazer estremecer até mesmo o

mais inabalável dos céticos. Exagero? Nem tanto, de fato a figura durona desse grande argentino chega a intimidar no primeiro instante. Mas só no primeiro. Porque já no segundo instante ele revela toda a doçura , simpatia e paciência que se esconde por detrás da inabalável fachada portenha. „Pino“ Solanas, como é chamado pelos amigos, é uma verdadeira lenda viva do cinema latino-americano e um de seus maiores ex-poentes contemporâneos por excelência. Convidado de honra do Festival do Rio 2009 Solanas é o presidente do juri que decidirá nessa quinta-feira quais os filmes da mostra competitiva nacional Première Brasil levarão para casa o cobiçado troféu Redentor.

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When Fernando Solanas arrived at the lobby of the Leme Othon Hotel for this interview, the initial impression about this great filmmaker and politician couldn’t have been more wrong: a tall man, stern and imposing, who could shake even the most steadfast of sceptics. An

exaggeration? Not really, this Argentine is rather intimidating at first. But only at first. Because he quickly reveals all the sweetness, kindness and patience hidden behind this porteño facade. ‘‘Pino’’ Solanas, as his friends call him, is a true living legend of Latin American cinema and one of its greatest contemporary exponents par excellence. Making movies since 50 years back, he no longer needs to prove anything, much less dress himself in some kind of pride and arrogance. Guest of honour at the Festival do Rio 2009, Solanas is the president of the jury who will decide on Thursday which films in the Première Brasil competition will take home the coveted Redentor trophy.