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Narrativas visuais e coletivas: a arte de contar
histórias por imagens
Participantes do Grupo de Idosos do Consultório Municipal Dr.
Gumercindo Hernandes Morales – Votuporanga (SP)
Profissionais responsáveis:
Maria Ignez de Lima Pedroso - Fonoaudióloga do Núcleo de Apoio à
Saúde da Família-NASF/Sul da Secretaria Municipal da Saúde de
Votuporanga (SP)
Wendy Alessandro Leme da Silva - Agente Comunitário de Saúde do
Consultório Municipal Dr. Gumercindo Hernandes Morales
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Apresentação
A inspiração para que pudéssemos escrever as narrativas e as
histórias de vida descritas neste livro surgiu intuitivamente quando
me deparei com algumas imagens que me sensibilizaram por sua
beleza e encanto. Como a linguagem, desde sempre, me fascina, o
próximo passo foi compartilhar as imagens e a ideia dessa prática
social de escrita com os participantes do Grupo. À primeira vista,
gostaram bastante da possibilidade. Desse modo, passamos a nos
dedicar durante alguns encontros à produção discursivo-textual das
narrativas coletivas e visuais aqui compiladas.
Decidimos escrevê-las em duplas. Contudo, uma das histórias
foi elaborada por três participantes e, como veremos,
excepcionalmente, uma das imagens, a que tocou os participantes do
Grupo de modo mais significativo, fez com que a narrativa
correspondente a ela fosse elaborada por todos, inclusive provocando
ainda a produção de mais uma narrativa por uma dupla que quis
narrar o que foi imaginado para aquela cena. Posteriormente, já
pensando na produção do livro, passamos também a escrever cada
um a sua própria história de vida.
A aprendizagem enriquecedora que vivenciamos ao
compartilhar palavras, tanto pela oralidade quanto pela escrita,
confirma o poder sagrado da linguagem em nossas vidas, pois, ao
nos tornarmos autores das histórias registradas neste livro,
acreditamos que, além do fato delas poderem seguir por caminhos
inusitados, também poderão nos manter encantados no decorrer dos
tempos.
Estamos felizes e agradecemos a Deus por nos possibilitar mais
essa façanha.
Maria Ignez de Lima Pedroso
Votuporanga, 15 de dezembro de 2015.
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Sumário
Parte 1
Narrativas
1. Rio São Francisco – pág. 4;
2. Festa na Roça – pág. 5;
3. Difícil acesso à escola – pág. 6;
4. Pescaria – pág.7;
5. Viagem à Praia Grande – pg. 8;
6. Ilha do Pescador – pág. 9;
7. Uma estrada inesquecível – pág. 10;
8. Uma linda homenagem – pág. 11;
9. Lembranças de Caxias do Sul – pág. 12;
10. A vida na Roça – pág. 13;
11. Um dia diferente – pág. 14;
12. História e realidade do Amazonas – pág. 15.
Parte 2
Histórias de vida dos autores
1. Geni Aparecida Nogueira Ishikawa – pág. 16 – 17;
2. Claudina Aparecida Martin Barboza – pág. 18 – 19;
3. Maria Rader Fontes – pág. 20 – 22;
4. Iracema Silveira dos Reis – pág. 23;
5. Dulcina de Oliveira Araújo – pág. 24;
6. Olindina de Oliveira Araújo – pág. 25;
7. Laurinda Piacente Barbosa – pág. 26;
8. Maria Aparecida dos Reis – pág. 27;
9. Cleuza Marques – pág. 28 – 29;
10. Vera Lúcia Grygonis – pág. 30 – 31;
11. Kimiko Susuki Ogata – pág. 32;
12. Wendy Alessandro Leme da Silva - pág. 33 – 34;
13. Maria Ignez de Lima Pedroso – pág. 35 – 37.
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Rio São Francisco
Dois amigos sonhavam em conhecer o rio São Francisco.
Marcaram uma viagem e foram conhecê-lo. Chegando lá,
admiraram a beleza de sua paisagem com um casebre aconchegante
próximo a sua margem, onde também estavam ancorados belos
barcos.
Como gostavam de pescar, compraram uma rede e pescaram
muitos peixes. Entraram no casebre e foram fritar os peixes.
Ficaram felizes por terem realizado o sonho de conhecerem o
rio São Francisco.
Autoras:
Maria Rader Fontes
Iracema Silveira dos Reis
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Festa na Roça
Fomos numa festa caipira no sítio da minha vó.
Estava muito animada, com músicos tocando violão e
acordeom. Havia muitos quitutes.
Os enfeites eram lindos. Dançamos e comemos a noite toda.
Soltaram bomba, minha amiga se machucou. Teve que ser
levada para o hospital a cavalo, porque era o único transporte.
Autoras:
Maria Rader Fontes
Iracema Silveira dos Reis
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Difícil acesso à escola
Há pessoas que moram no estado do Amazonas, que têm seus
filhos para estudar, só que a escola é longe e eles precisavam ir de
barco, pois, o único caminho que tinha era pelo rio, a escola era uma
palafita que ficava situada em uma das suas margens. Desse modo,
diariamente os alunos iam com a professora no barco.
Com espírito de aventura, com muita dedicação e sacrifícios se
formaram.
Autoras:
Vera Lúcia Grygonis
Kimiko Suzuki Ogata
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Pescaria
Certo dia, pais e filhos foram fazer uma pescaria no mar. As
crianças colocaram coletes salva-vidas. Elas pescavam e traziam os
peixes até o tablado para os pais.
Estavam próximas a um atol e o mar estava límpido e calmo.
Autoras:
Vera Lúcia Grygonis
Kimiko Suzuki Ogata
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Viagem à Praia Grande
Depois de um ano de muito trabalho e de muito stress, uma
boa viagem de uma semana, só os dois, poder ver só água do mar,
areia, sol... em alguns dias, também uma boa chuva.
Chegou o dia da volta, tudo em paz.
O recomeço do dia a dia. Novamente, muito trabalho e aquele
corre-corre.
Depois de um ano, eles voltaram no mesmo lugar para terem
paz e, outra vez, acabar com o stress. O lugar era muito lindo. O céu
azul, o mar... eles ficaram descalços com os pés na areia.
Voltaram muito felizes.
Autoras:
Geni Aparecida Nogueira Ishikawa
Claudina Aparecida Martin Barboza
9
Ilha do Pescador
Próxima a uma grande lagoa há uma ciclovia onde as pessoas
passeiam de bicicleta. Lá também há uma área de lazer, chamada
Ilha do Pescador, onde as pessoas passam o dia pescando e
divertindo-se muito. As crianças brincam nas matas verdes, nadam e
pescam com os seus familiares.
Nos arredores, podem ser vistas algumas pequenas casas que
podem ser vistas de longe encobertas pela natureza.
Naquele dia, o céu estava azul com muitas nuvens branquinhas.
Passaram muitas horas agradáveis naquele lindo e delicioso lugar,
com muita paz no coração e agradecidos a Deus pela vida.
Autoras:
Geni Aparecida Nogueira Ishikawa
Claudina Aparecida Martin Barboza
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Uma estrada inesquecível
Todos os dias pela manhã, nós íamos para casa dos meus avós.
Meu pai enchia um saco com milho, arrumava o Frederico, nosso
cavalo que tocava a carroça, e pegávamos a estrada.
No caminho, os patos nos seguiam, pois, sabiam que
jogaríamos milho a eles.
Era uma estrada de terra que cortava uma floresta e, naquele
tempo, tudo era mais simples. Estávamos no início do século XX.
Lembro-me até hoje do cheiro da mata molhada pela chuva e
dos encantos que descobríamos a cada manhã. Essas são as
melhores lembranças da minha infância.
Autores:
Maria Ignez de Lima Pedroso
Wendy Alessandro Leme da Silva
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Uma linda homenagem
Violeta e Maria foram convidadas para participar do Festival
Cultural que acontecia todo mês de setembro em Barcelona.
Violeta adorava e tocava muito bem músicas folclóricas ao
piano, era sempre acompanhada por sua amiga, a talentosa flautista
Maria.
Naquele ano, o cenário ficou especialmente colorido e muito
bonito, tendo sido elaborado por um artista plástico de alta
sensibilidade.
O ponto culminante da apresentação, que comoveu a todos, foi
a música tocada em homenagem ao idealizador do evento.
Foi mais um lindo e tocante festival.
Autores:
Maria Ignez de Lima Pedroso
Wendy Alessandro Leme da Silva
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Lembranças de Caxias do Sul
Todo final de tarde, meu avô nos contava histórias da sua
infância. Nós nos reuníamos no terreiro no fundo da nossa casa.
Enquanto ouvíamos as histórias, a minha avó Hercília, escolhia
arroz e minhas irmãs mais velhas faziam os seus afazeres de casa.
Naquela época, morávamos em um sítio nas proximidades de
Caxias do Sul. Nossa casa era feita de madeira e de pedras.
Tínhamos criação de galinhas e nossos pais trabalhavam na lavoura,
colhendo uvas.
Geralmente fazia muito frio, mas, como adorávamos as
histórias, ficávamos tão envolvidos por elas que nem sentíamos o
frio.
Éramos muito felizes e nunca nos esqueceremos desses avós
tão queridos e nem daquele lugar quase mágico para todos nós.
Autores: Todos os participantes do Grupo.
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A vida na roça
Na década de 1900, no sul do Brasil, no pôr do sol, meus avós
sentavam-se no terreiro e começavam a contar histórias do passado.
Eu e meus irmãos chegávamos da escola e íamos ouvir aquelas
lindas histórias, até as galinhas iam ali para comerem milho. A vovó
com o tricô nas mãos também se distraia, até o jantar ficar pronto.
As filhas mais velhas faziam os afazeres de casa. Era uma casa
de madeira. A empregada buscava água no poço. No caminho, havia
plantações de mandioca e de outros legumes.
Os dias eram frios.
Autoras:
Geni Aparecida Nogueira Ishikawa
Claudina Aparecida Martin Barboza
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Um dia diferente
Aos domingos, minha família e eu tínhamos por costume ir
passear no bosque. Naquele lindo lugar, tinha uma lagoa. A água era
cristalina, pois, víamos até os peixes embaixo d’água.
Meus irmãos e eu gostávamos de passear de canoa para pescar
alguns peixinhos. Isso era uma festa para nós. Papai também
pescava, mas, ficava na margem da lagoa ao lado de mamãe que, de
longe, nos observava.
Nossa irmã mais velha gostava de ler bons livros, de ouvir o
barulho do vento que balançava as folhas das árvores, amava ouvir o
canto dos pássaros e admirar a beleza das flores.
No final do dia, juntávamos todas as nossas coisas e
voltávamos para a nossa casa.
Como era bom aquele tempo!
Autoras:
Cleuza Marques
Dulcina de Oliveira Araújo
Olindina de Oliveira Araújo
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História e realidade do Amazonas
Sabemos que o rio Amazonas é muito grande. Além disso,
também que existe o encontro de suas águas com o rio Negro e
Solimões. O que o torna ainda mais belo são as vitórias-régias que
parecem bandejas enfeitadas com lindas flores.
Para quem precisa estudar e precisa de transporte, só mesmo
utilizando barcos. As casas são flutuantes, são palafitas construídas
nas margens do rio, onde as pessoas vivem sem as devidas
condições de higiene, porque usam o banheiro dentro das casas e os
dejetos caem no rio, sendo que dependem daquela água para tudo.
O lazer das pessoas são os banhos na beira do rio e os peixes
de lá também são muito apreciados, pois são muito saborosos.
Autoras:
Maria Aparecida dos Reis
Laurinda Piacente Barbosa
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História de vida dos autores
Geni Aparecida Nogueira Ishikawa
Eu sou a Geni, tenho sessenta e sete anos e sou aposentada.
Trabalhei durante vinte e sete anos como Funcionária Pública
Municipal. Hoje trabalho como voluntária no Programa Viva Leite, no
Centro Espírita Bezerra de Menezes em Votuporanga.
Sinto-me uma pessoa do bem. Gosto muito de viajar, de
passear, de caminhar, de fazer exercícios físicos. Nada me impede.
Tenho sete filhos, dezoito netos e cinco bisnetos. Sou feliz: Viva
a vida! Muito obrigada, meu Deus!
Nasci em Álvares Florence pelas mãos do Dr. Gumercindo
Hernandes Morales, meu primeiro médico. Minha primeira professora
foi a D. Vicenta, esposa do Dr. Gumercindo. Mais adiante, fui babá da
Drª. Marlene e do Dr. Mauro, filhos desse querido casal. Fomos muito
felizes!
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Quando me aposentei em 2008, meu marido Mituo
desencarnou. Mas, a vida continua linda!
Há quatro anos, encontrei o Grupo da Melhor Idade. Comecei a
fazer exercícios físicos com a fisioterapeuta Eliana, depois passei para
o Cras – Sul. Tenho boas amizades, participei e ainda participo de
todas as Oficinas desse Cras e também de algumas no SENAC.
Em 2015, também conheci a Maria Ignez, fonoaudióloga, e o
Wendy, agente comunitário de saúde. Ficamos amigos e eles nos
acolhem de braços abertos neste maravilhoso Grupo de Idosos do
Consultório Municipal Dr. Gumercindo Hernandes Morales, com
atividades realizadas no Salão Paroquial da Igreja São Benedito, no
bairro São João.
Deus que nos abençoe sempre!
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Claudina Aparecida Martin Barboza
Eu me chamo Claudina Aparecida Martin Barboza. Nasci em
Birigui (SP) no dia 19 de janeiro de 1962. Fui batizada com um ano
de idade e minha madrinha me quis para ela, porque éramos pobres.
Ela me fez mal, fiquei entre pele e osso, não falava e nem chorava.
Depois ela se arrependeu e pediu para a minha mãe ir numa
procissão comigo vestida de anjo. A chuva batia na cintura dela,
assim, eu fiquei curada.
Morei em Birigui até os sete anos, depois mudei para
Guararapes com a minha família: meus quatro irmãos e meus pais.
Trabalhei catando reciclagem, chacoalhando amendoim, colhendo
algodão e também como babá. Dos quinze até os vinte e três anos
trabalhei bordando em máquina industrial e em maquininhas.
Trabalhei durante treze anos em máquina industrial. Aos vinte e três
anos, saí de Guararapes e fui trabalhar em São Paulo.
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Depois vim para Votuporanga e me casei com o Osvaldo aos
vinte e cinco anos, em 1987. Fiquei casada até 2003, separamo-nos
legalmente em 2005 e nos divorciamos em 2010. Tivemos três filhas,
o nome delas é: Vanessa, Juliana e Larissa.
Mais adiante, casei-me com o Anísio com quem vivo até hoje.
Nosso casamento se realizou no dia 04/08/2011. Atualmente, estou
com 53 anos, sou do lar, gosto de cozinhar, faço alongamentos as
segundas e quintas-feiras. Vou à Oração as terças-feiras e, de vez em
quando, saio aos domingos, vou à casa de parentes.
Quando uma das minhas filhas nasceu, foi trocada na
maternidade em Suzano (SP). Ficamos aflitos e demoramos mais de
uma hora para conseguirmos encontrá-la e resolver a situação.
Isto é um pouco da minha história.
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Maria Rader Fontes
Maria Rader Fontes, filha de Armede Rader e Vicentina Crispim
Rader, nasci em Colônia Paulista. Fui para a escola com sete anos de
idade e já trabalhava na roça, colhendo algodão para ajudar a
família, pois, minha mãe era muito doente.
Terminei o primário aos doze anos de idade e continuei a
trabalhar na roça. Mais adiante, deixei a roça e fui trabalhar em uma
máquina de café: Cafeeira Andradina em 1965 e comecei a fazer o
Curso de Madureza no Colégio Stella Maris em Andradina. Meses
depois, fui convidada para trabalhar no escritório da Cafeeira, onde
trabalhei até 1968, quando saí para me casar.
No dia 28 de dezembro de 1968 me casei com Teodoro Fontes
Filho na Igreja Nossa Senhora das Graças. Tivemos dois filhos: Emílio
Cesar Fontes e Douglas Teodoro Fontes.
Em 1971, comecei a lecionar na Prefeitura Municipal de
Andradina, no antigo Mobral, trabalhei até 1972, posteriormente, fui
professora substituta de outubro a dezembro no Grupo Francisco
Teodoro de Andrade.
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No dia 02 dezembro de 1973, tomei posse no Centro de Saúde
de Votuporanga como Visitadora Sanitária juntamente com mais sete
colegas que vieram da região de Araçatuba. Era muito difícil
encontrar casa para morar, então, eu viajava todos os sábados para
Andradina, meu marido era mecânico naquela cidade. Desse modo,
eu e minhas amigas moramos no Hotel da saudosa D. Edméia por
vários meses. Mas, graças a Deus, eu consegui serviço para o meu
marido na Mercedes Benz e consegui alugar uma casa, trazendo
assim a minha mudança.
Fiquei grávida e, por coincidência, atendia os médicos de
gestantes: Dr. Hermínio Sanches, Dr. João Carlos e Drª Maria da
Glória. No dia 16 de setembro de 1973 nasceu meu primeiro filho, o
Emílio César Fontes, que se formou em Técnico em Segurança do
Trabalho pelo SENAC de Votuporanga (SP).
Tive três gestações de alto risco, durante o tempo em que
trabalhei com gestantes, mas, perdi todos os bebês, até que no dia
28 de julho, nasceu meu filho, o Douglas Teodoro Fontes, resultado
de um repouso de oito meses contínuo na cama. Devido ao fato de
ele ser prematuro, deu muito trabalho. Mas, tudo deu certo, ele
estudou na escola Pieroni, depois se tornou professor de violão e com
muita dificuldade, mas, com a ajuda de amigos como o Meidão e o
Dr. Jerônimo Figueira da Costa que conseguiram a obtenção de bolsa
de estudo para ele, que trabalhava na Facchini e estudava à noite,
conseguiu realizar seu sonho de ser um advogado. Atualmente,
trabalha junto com o advogado Jésus Greco.
Trabalhei também com o Dr. Miguel Zeitune e com a Drª Luzia
Scandelai, na psiquiatria, por muitos anos. Amava o que fazia e tenho
saudade até hoje.
Em 2009, no dia 18 de setembro, eu me aposentei. Mas, como
não consigo ficar parada, fui procurar o Cras-Sul, onde acontecem
reuniões semanais com pessoas da Melhor Idade. Procuro não faltar,
pois, os encontros são muito bons. Fiz muitas amigas e as
educadoras nos tratam com muito carinho. Participo também de
algumas atividades na Comunidade São Benedito e Nossa Senhora de
Fátima, dou Catequese para adultos, tenho paixão por eles.
Agora, todas as segundas-feiras, participo de um Grupo de
Prática Corporal, onde fazemos alongamentos orientados ela
fisioterapeuta Lana Webb e, as terças-feiras, participo de um Grupo
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Educativo, que visa à Promoção da Saúde do Idoso, coordenado pela
fonoaudióloga Maria Ignez Pedroso. Esses Grupos nos enriquecem
muito e são realizados no Salão Paroquial da Igreja São Benedito e
Nossa Senhora de Fátima.
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Iracema Silveira dos Reis
Meu nome é Iracema e o meu esposo é o Jovair. Casamos no
dia 15 de maio de 1960. Formamos uma família com quatro filhos: o
Laerte, o Claudinei, o Edvaldo e a Karina.
Atualmente, temos quatro netas: Lenara, Laíz, Isabella e
Gabrielle.
Somos uma família muito unida e amorosa. No dia 15 de maio
de 2015, fizemos 50 anos de casados: Bodas de ouro!
Eu faço várias atividades: caminhada, alongamento,
hidroginástica, participo de palestras em grupos do Cras, do CCI e do
Consultório Municipal Dr. Gumercindo Hernandes Morales.
Eu sou feliz! E que Deus ilumine o meu caminho e a minha
família!
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Dulcina de Oliveira Araújo
Eu, Dulcina de Oliveira Araújo, nasci no dia 27 de agosto de
1950, em Salinas (MG). Perdi minha mãe quando estava com oito
anos, ficamos em cinco irmãos.
Aos dez anos de idade, mudamos para Votuporanga. Aqui
trabalhei na roça com o meu pai, passamos por muitas dificuldades.
Casei-me aos vinte anos com o Agnelo Moreira Dias. Com tanto
sofrimento, tive quatro filhos, que são a minha riqueza. Convivi com
o meu marido durante 30 anos. Passei fome com meus quatro filhos
pequenos e, com tantas dificuldades, arrumei um serviço na
Prefeitura de varrer ruas. Depois, mais adiante, fui transferida para a
Escola Pieroni e lá fiquei até me aposentar.
Em 2010 me aposentei e agora só alegria.
Essa é a minha história.
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Olindina de Oliveira Araújo
Meu nome é Olindina de Oliveira Araújo, nasci em Salinas (MG),
no dia 04 de setembro de 1948.
Até quatorze anos, morei em Salinas, depois vim para
Votuporanga. Trabalhei na roça e com dezoito anos me casei com o
Benedito Cristo Lopes. Desse relacionamento, tive seis filhos: três
homens e três mulheres.
Passei por muitas dificuldades, então, consegui um emprego na
Prefeitura para varrer ruas. Mais adiante, fui transferida para a
Rodoviária para fazer limpeza. Lá trabalhei durante trinta anos e três
meses.
Aos sessenta anos me aposentei e me tornei dona de casa.
Convivi dezoito anos com o meu marido e nos separamos. Com
o tempo, ele veio a falecer.
Esse é o resumo da minha história.
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Laurinda Piacente Barbosa
Laurinda Piacente Barbosa, nasci em Guapiaçu, no dia seis de
fevereiro de 1947. Sou casada, tenho seis filhos: Antônio, Rosimeire,
Sérgio, Marlene, Cristiane e Eliana.
Morei sempre no sítio, sou meio analfabeta, apenas assino o
meu nome.
Hoje sou dona de casa e já me aposentei como costureira. Por
enquanto, estou participando só do Grupo de Alongamento e estou
gostando muito. Pretendo participar de outras atividades destinadas
às pessoas da terceira idade e estou muito feliz.
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Maria Aparecida dos Reis
Eu, Maria Aparecida dos Reis, divorciada, nasci no dia 22 de
maio de 1947, na cidade de Álvares Florence. Mas, fui criada em
Votuporanga. Namorei, casei e tive um filho, o Everton. Depois fui
morar em São Paulo e tive mais um filho, o Jefferson. Então, meu
esposo foi transferido para Manaus e, lá, tive outro filho, o Peterson.
Hoje todos os meus filhos são casados e tenho oito netos. Em
maio de 2016 vou ganhar uma bisneta e estou muito feliz.
Em 1989, quando ainda morava em Manaus, separei-me do
meu marido e voltei para São Paulo.
Agora, já vai fazer três anos que estou em Votuporanga de
novo e estou muito feliz em participar das reuniões dos Grupos da
Terceira Idade.
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Cleuza Marques
Nasci no dia 03 de agosto de 1959, em Parisi (SP). Aqui
escrevo um resumo da minha história.
Aos três anos fui adotada por um casal em que a senhora tinha
sessenta anos e ele sessenta e sete anos. Eu os chamava de
madrinha e padrinho. Com eles vivi e cuidei deles até o fim de suas
vidas. Isso durou mais ou menos trinta e quatro anos.
Voltando lá atrás, morávamos num sítio e quando eu estava
com seis anos, mudamos para a cidade, fui para a escola para
aprender a ler e a escrever. Com nove anos de idade comecei a
trabalhar. Estudava de manhã e, à tarde, ia ser babá para ganhar
algum dinheiro. Reprovei a 7ª série e passei a estudar à noite e a
trabalhar de doméstica na casa da senhora Mercedes Davanço
Simonato. Ali fiquei por três anos. E, com dezessete anos fui
trabalhar na Escola Adventista, que hoje é o Colégio Adventista de
Votuporanga, no primeiro ano, como zeladora, depois passei a
trabalhar na secretaria como auxiliar, no ano seguinte, passei a ser
secretária do Colégio e lá fiquei por trinta e dois anos e seis meses,
ou seja, até me aposentar.
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Já aposentada, continuei estudando até terminar a Faculdade.
Em 1982 me casei, tenho dois filhos que também já são
casados.
Passei por muitas dificuldades e posso dizer que sou uma
vencedora. Hoje olho para trás e vejo que tive muitas conquistas.
Agora que me aposentei tenho que aproveitar a vida, quero
envelhecer com saúde e com qualidade de vida. Tenho menos
compromissos atualmente e mais tempo para usufruir o que a vida
me oferece, então, preciso cuidar de minha saúde, ter uma boa
alimentação e estar bem comigo mesma, ter um bom relacionamento
com Deus, o autor da minha vida que é única.
Bem, participo de cinco grupos diferentes e é muito bom, desse
modo, conheço pessoas diferentes, cada uma com a sua história.
Passar o tempo com esses amigos é tudo de bom.
Outro grupo especial é a minha família que amo mais que tudo.
Esse é o resumo da minha história.
Meus grupos:
Grupo de Prática Corporal/Alongamentos (Coordenado pela
fisioterapeuta Lana C. Webb)
Grupo de Crochê;
Grupo de Idosos do Consultório Municipal Dr. Gumercindo H.
Morales (Coordenado pela fonoaudióloga Maria Ignez de L.
Pedroso);
Grupo de Hidroginástica;
Grupo da Uniat;
Grupo Familiar.
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Vera Lúcia Grygonis
Sou Vera Lúcia Grygonis, filha de Maurílio José da Silveira e
Alice Rozendo da Silveira.
Nasci em Votuporanga aos 30 de julho de 1953. Estou hoje com
62 anos de idade.
Aos dezessete anos fui para São Paulo. Lá trabalhei em
Supermercado, motivo pelo qual tive que parar meus estudos na 7ª
série.
Conheci meu esposo, Antônio Grygonis, em São Paulo. Nós nos
casamos em 1973 e tivemos três filhos. O Marcelo, que nasceu em
1975, a Viviane, que nasceu em 1978. Os dois nasceram em São
Paulo. Depois, em 1982, voltei para Votuporanga, onde nasceu minha
filha caçula, a Mônica no ano de 1986.
Quanto ao trabalho, trabalhei como faxineira em Votuporanga,
depois, ainda trabalhei durante dez anos na loja da minha nora e me
aposentei.
Agora estou com tempo para ficar com meus netos: Bruno,
Gabriel, Diego e Lara.
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Também gosto de viajar e de passear. Agora que estou na
terceira idade gosto de participar do Grupo de Idosos do Consultório
Municipal do Bairro São João, das atividades do Cras e do CCI.
Participo de aula de dança, com o professor Rodrigo, no salão do
Cras. Também tem o grupo de hidroginástica do Assary que gosto
muito. Participo do Encontro de Mães na Paróquia Nossa Senhora
Aparecida. Sou Catequista na Paróquia São Bento. Gosto muito das
minhas amigas. Ah! Estava me esquecendo do grupo de alongamento
da Lana.
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Kimiko Susuki Ogata
Eu nasci na roça, longe de uma cidade com o nome de Nova
Cravinhos, na mão de uma parteira e correu tudo bem.
Cresci e fui matriculada na escola para aprender escrever e ler
as palavras. Era tão longe que precisava levantar cedo e sair às 6h da
manhã para chegar lá até às 7h30.
E logo meus pais mudaram para a cidade de Votuporanga, em
1956. Onde fiz o 4° ano primário na escola que ficava no bairro da
Estação de Trens.
E aprendi Corte e Costura em 1962.
Mas, hoje estou muito feliz porque tenho bastante amigas e
ótimas professoras que dão aulas tais como: alongamentos,
hidroginástica, aulas de dança, palestras, passeios.
Tenho um filho que me apoia em tudo, ele faz questão que a
mãe saia para passear.
Eu me sinto muito feliz! Muito obrigada a todos!
33
Wendy Alessandro Leme da Silva
Oi, sou o Wendy Alessandro Leme da Silva, nasci em 16 de
dezembro de 1984. Minha vida é mais ou menos assim: minha mãe
me criou sozinha, quando tinha sete meses meu pai sumiu.
Tive uma infância estranha, não gostava de nada, era enjoado
para comer e tudo mais, porque tive alguns problemas que não vem
ao caso relatar.
Na adolescência, continuei da mesma forma, não conversava
muito, não tinha muito convívio social. Mas, fiz amigos dos quais
muitos deles são meus amigos até hoje e essas amizades me
ensinaram muito, me ensinaram a levar a vida com um sorriso no
rosto, com bom humor e, principalmente, a entender as diferenças
das pessoas, pois era um pouco intolerante.
Depois de adulto, tentei procurar meu lugar no mundo, na parte
de trabalho. Trabalhei fazendo muita coisa e também não tinha muita
sorte. Tomei calote, não era pago, não me pagavam o que
combinávamos, enfim.
Hoje procuro corrigir os erros que aconteceram e tornar tudo
melhor.
34
Ah! Quase me esqueci de contar que conheci meu pai quando
tinha vinte e oito anos e ele, como minha mãe dizia, não era muito de
falar sobre ele. No dia 22 de agosto de 2015 ele faleceu, vitima de
um acidente de trânsito. No velório, conheci uma tia, a tia Idê, que é
uma pessoa maravilhosa e me apresentou, mesmo que por telefone,
meus parentes. É uma família enorme e todos gostaram de me
conhecer, enfim, ganhei primos, tios e irmãos.
Gostaria de concluir dizendo que a vida fez muito para me
deixar para baixo, mas, a vida também me ajudou a me levantar e a
cada dia me ensina mais e, hoje, prefiro pensar que agora já
melhorei um pouco mais do que há dez minutos.
35
Maria Ignez de Lima Pedroso
Sou a Maria Ignez de Lima Pedroso. Nasci no dia 20/08/1959,
em Votuporanga (SP), amparada pelas mãos do meu pai, Dr. Ruy
Pedroso, um médico sensível e apaixonado por tudo o que fazia.
Nasci na casa dos meus avós paternos, Faustino Pedroso e Augusta
Barbosa Pedroso.
O meu nome foi escolhido pela minha mãe, Maria Neiva, uma
delicada professora primária que adora ler e fazer palavras cruzadas.
Na minha infância, tanto os meus pais quanto os meus avós
contavam-me sempre histórias muito interessantes, que faziam
minha imaginação ir às alturas...
Desde pequena, adorava conversar, brincar, estudar e viajar.
Viajar de trem, então, era o máximo! Achava lindo ver o trem
chegando à estação e as viagens de trem que fiz com a minha família
foram aventuras inesquecíveis para mim.
Achava a casa dos meus avós paternos um verdadeiro paraíso!
Lá, havia um enorme quintal, com pomar, onde sempre brincava. O
meu avô adorava ouvir notícias e escutar narrações de futebol pelo
rádio. Ele tinha um rádio antigo, preto e grande, que eu também
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achava lindo e gostava muito de ouvir, principalmente os programas
musicais! Esses meus avós eram meus padrinhos de batismo, havia
um grande afeto entre nós e, de um modo ou de outro, eles sempre
me protegiam.
Cresci brincando muito com os meus dois irmãos, o José
Mauro, que tem quase a minha idade e o João Paulo, meu irmão
caçula, seis anos mais novo que eu. Tínhamos uma turma de amigos
muito queridos, que moravam no mesmo quarteirão da nossa casa.
Segundo o que diz minha mãe, desde que aprendi a falar,
referia-me a mim mesma por Lelei, e, desse modo, este passou a ser
o meu apelido em casa e o nome pelo qual, até hoje, muitos amigos
e conhecidos se referem a mim.
Em 1977, morei com mais duas amigas daqui de Votuporanga
em um pensionato em Ribeirão Preto, cidade onde fiz um ano de
Cursinho. Em 1978, passei no vestibular para cursar Fonoaudiologia
na PUC/CAMP - Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Mudei-
me para Campinas e lá morei em uma república com amigas de
Votuporanga e com outras que havia conhecido em Ribeirão Preto.
Nessa época, meus pais ficaram com a tutela de uma menina
com seis anos de idade que havia perdido a mãe, a Elenilda, que
passou então a ser a nossa irmã caçula.
Bem, sempre fui mística, intuitiva e fascinada pela linguagem,
por isso, desde que descobri a Fonoaudiologia, uma profissão ainda
nova no mercado de trabalho, na época inserida no campo das
Ciências Humanas, me apaixonei por suas áreas de atuação. Gostava
e até hoje gosto muito de trabalhar, de estudar, de aprender e de
realizar pesquisas principalmente inseridas nos estudos linguístico-
discursivos relacionados à voz e à escrita e à saúde coletiva. Atuei
por vinte e três anos como profissional autônoma em consultório
particular. Fiz dois cursos de especialização e, em 2002, conclui o
curso de mestrado em estudos linguísticos na UNESP de São José do
Rio Preto. Nesse mesmo ano, passei em um concurso público para
atuar como fonoaudióloga servidora pública na Secretaria Municipal
da Saúde de Votuporanga, trabalho que realizo até o momento.
Desde o final de 2003, sou uma das participantes do Grupo de
Pesquisa Práticas de Leitura e Escrita em Português Língua Materna,
na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a
convite do coordenador do Grupo, Prof. Manoel Luiz Gonçalves
Corrêa, meu orientador do mestrado, admirável por seus estudos e
trabalhos, por sua visão de mundo e por sua grande sensibilidade.
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Atualmente, as nossas reuniões acontecem mensalmente em
São Paulo. Sinto-me muito feliz e realizada com os estudos,
trabalhos e vivências que temos compartilhado ao longo desses anos.
Para mim, as atividades coletivas realizadas na Saúde Pública,
de modo especial, com este Grupo de Idosos, também têm sido
muito prazerosas e gratificantes.
Moro com a minha mãe e com nossos dois queridos
cachorrinhos: a Mel e o Baby, um de seus filhotes. Sou bastante
amiga da minha mãe, dos meus irmãos, das minhas cunhadas e dos
meus sobrinhos. Somos bem unidos. Com Melquíades Lopes (Kidão)
descobri o que é o amor. Por mais de trinta anos, vivenciamos
intensamente e com infinita liberdade os mistérios de um amor
escrito nas estrelas, que iluminou a amizade e todo sentimento que
há em mim, deixando, após a sua partida para a espiritualidade, além
da saudade, gratidão, ternura e paz em meu coração. Tenho bons
amigos com quem geralmente saio nos finais de semana. Gosto
muito de estar e de conversar com pessoas sensíveis e autênticas.
Gosto de viajar, de passear e de fotografar. Atualmente, tenho
curtido muito o aconchego da minha casa. Adoro ler, escrever,
assistir filmes, ouvir músicas, fazer comidinhas caseiras, cultivar
ervas aromáticas e flores. A natureza me encanta e o universo me
fascina! Não sou muito constante na prática de atividades físicas,
mas, faço academia duas vezes por semana. Praia e piscina sempre
renovam minhas energias!
Acredito em Deus, sou espiritualista e considero essencial
buscarmos a sintonia com o divino para que sempre possamos
encontrar a paz.
* * *