Musitec Brasil Out 2012
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udio msica e tecnologia | 1
SOM DAS IGREJASDifi culdades comuns e solues para a sonorizao de templos
MONITORESEscolhendo o modelo ideal para voc
BROADCAST & CABLE 2012Todos os detalhes da 21 edio do evento
CASA DO MATOPor dentro de um estdio que uma verdadeira fbrica de sucessos
Ano XXIV - outubro/2012 n253 - R$ 12,00 - www.musitec.com.br
TCNICAS DE
MICROFONAO
Como ler especifica
es
(Parte 2)
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2 | udio msica e tecnologia2 | udio msica e tecnologia
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ISSN 1414-2821udio Msica & Tecnologia Ano XXIv N 253 / outubro de 2012Fundador: Slon do valle
Direo geral: Lucinda DinizEdio tcnica: Miguel RattonEdio jornalstica: Marcio Teixeiraconsultoria de Pa: Carlos Pedruzzi
COLABORARAM NESTA EDIOAlexandre Cegalla, Christ, Daniel Raizer, Enrico De Paoli, fabio Henriques, fernando Barros, fernando Moura, Lucas Ramos, Luciano Alves, Omid Brgin e Renato Muoz
REDAOLouise Palma, Marcio Teixeirae Rodrigo [email protected]@musitec.com.br DIREO DE ARTE E DIAGRAMAO Client By - clientby.com.brfrederico Ado e Luiz Miller
assinaturas Karla [email protected]
Distribuio: Eric Baptista
Publicidade Mnica [email protected]
Impresso: Ediouro Grfi ca e Editora Ltda.
udio Msica & Tecnologia uma publicao mensal da Editora Msica & Tecnologia Ltda,CGC 86936028/0001-50Insc. mun. 01644696Insc. est. 84907529Periodicidade Mensal
ASSINATURASEst. Jacarepagu, 7655 Sl. 704/705Jacarepagu Rio de Janeiro RJCEP: 22753-900Tel/fax: (21) 3079-1820 (21) 3579-1821 (21) 3174-2528Banco Bradesco Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Website: www.musitec.com.br
Distribuio exclusiva para todo o Brasil pela fernando Chinaglia Distribuidora S.A.Rua Teodoro da Silva, 907 Rio de Janeiro - RJ - Cep 20563-900
No permitida a reproduo total ouparcial das matrias publicadas nesta revista.
AM&T no se responsabiliza pelas opinies de seus colaboradores e nem pelo contedo dos anncios veiculados.2 | udio msica e tecnologia
Apesar da indstria musical lanar novos equipamentos todos os anos, a procura por
modelos antigos nunca acaba. Parte deste interesse est na fama dos modelos clssicos
e no status dado a quem possui uma raridades dessas. Mas o principal motivo que faz as
pessoas pagarem caro por equipamentos velhos mesmo a sonoridade nica que s eles
conseguem proporcionar.
Isso ocorre principalmente em equipamentos analgicos, cujos circuitos usam componen-
tes montados separadamente e cujas caractersticas podem variar de um equipamento
para outro do mesmo modelo. muito parecido com o que acontece com instrumentos
acsticos. Em alguns equipamentos hbridos e mesmo naqueles totalmente digitais, mas
que utilizam muitos componentes individuais e no apenas microprocessadores, tambm
se notam essas peculiaridades, j que o percurso dos sinais nos circuitos pode sofrer inter-
ferncias que afetam a sonoridade.
Em algumas gravaes antigas, que realizei com sintetizadores que no tenho mais, os
instrumentos apresentam uma sonoridade que nunca mais consegui. O fato dos registros
terem sido feitos em fi ta magntica contribuiu para criar distores (e rudos!) nos sons
daqueles instrumentos. Embora a qualidade tenha sido comprometida, ao se focar a audi-
o nos sons dos instrumentos, percebe-se que eles tm caractersticas difceis de serem
obtidas outra vez. Difceis at de se explicar.
A tecnologia digital evoluiu muito e j consegue recriar muitas dessas anomalias benfi -
cas que aconteciam nos circuitos antigos. A virtualizao est chegando a um estgio de
sofi sticao que faz com que seja cada vez mais difcil distinguir entre o que produzido
por software e o que produzido pelo equipamento original, com a vantagem de no se
ter aqueles rudos indesejveis que podem at ser adicionados virtualmente tambm.
Como j afi rmei aqui em outras oportunidades, os recursos tecnolgicos existem para nos
proporcionar uma percepo agradvel, e este tem sido o foco daqueles que desenvolvem
instrumentos e equipamentos modernos. De maneira incansvel, eles seguem em busca
da perfeio, da combinao entre aquela sonoridade peculiar e a alta qualidade exigida
nos dias de hoje.
Miguel Ratton
Sonoridade, qualidade e perfeio
EDITORIAL
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notcias do FrontE os problemas continuam...Renato Muoz
Em casaEscolhendo o monitor ideal para o seu home studioLucas Ramos
tcnicas de MicrofonaoComo ler especifi caes (Parte 2)fbio Henriques
Era uma vez uma casa no meio do mato...Por dentro do Casa do Mato, estdio que uma verdadeira fbrica de sucessosRodrigo Sabatinelli
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editorial 2 primeira vista 20 msico na real 90lugar da verdade 112
F no somAs difi culdades e solues encontradas na sonorizao das igrejas brasileirasfernando Barros
Broadcast & cable 2012Evento apresenta novidades em microfonese consoles, entre outros produtosRodrigo Sabatinelli
tcnicas de EstdioComo pequenas tcnicas e macetes podem salvar sua mixAlexandre Cegalla
arte EletrnicaThe Creators Project 2012: uma experincia sonora, visual e interativaChrist
udio e acsticaLayout de estdios: fazendo na prticaOmid Brgin
ableton LiveRacks de instrumentos e efeitos no Live: Parte 2 - Drum RacksLucas Ramos
Pro toolsPresets: amenize sua preguia comeando do meioDaniel Raizer
sonarUtilizando o iPad com o Sonar (Parte 2)Luciano Alves
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notcias de mercado 6em tempo real 22classifi cados 108
novos produtos 12 aqurio 24ndice de anunciantes 111
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F no somAs difi culdades e solues encontradas na sonorizao das igrejas brasileirasfernando Barros
Broadcast & cable 2012Evento apresenta novidades em microfonese consoles, entre outros produtosRodrigo Sabatinelli
tcnicas de EstdioComo pequenas tcnicas e macetes podem salvar sua mixAlexandre Cegalla
arte EletrnicaThe Creators Project 2012: uma experincia sonora, visual e interativaChrist
udio e acsticaLayout de estdios: fazendo na prticaOmid Brgin
ableton LiveRacks de instrumentos e efeitos no Live: Parte 2 - Drum RacksLucas Ramos
Pro toolsPresets: amenize sua preguia comeando do meioDaniel Raizer
sonarUtilizando o iPad com o Sonar (Parte 2)Luciano Alves
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notcias DE MERCADO
Foi realizado no dia 19 de agosto a 13 edio do Vale Drum
Festival, no municpio de Cachoeira Paulista, em So Pau-
lo. Promovido pelo Instituto Musical Claudio Abreu, o projeto
musical e educativo contou com workshows de Darcy Marolla,
que mostrou sua habilidade tocando em sistema Play Along,
de Diego Pereira, vencedor do Festival de Bateristas em 2008,
e do guitarrista Alexandre Freitas, que apresentou um tema
de seu novo CD solo. O evento contou tambm com a apre-
sentao de seu idealizador, Cludio Abreu, que apresentou
temas instrumentais cheios de improviso ao lado dos baixis-
tas Cae de Melo (RJ) e Israel Nogueira (RJ), do guitarrista
Alexandre Freitas (Lorena/SP) e do percussionista Guri (Ca-
choeira Paulista/SP).
Os msicos tambm fi zeram parte da comisso julgadora do
8 Festival Juvenil de Bateristas do Vale do Paraba, que teve
Jhow, de Lorena (SP), como vencedor. J o 18 Festival de
Bateristas do Vale do Paraba foi vencido por Bruno Hernandes, de So Paulo. O evento tambm marcou o lanamento do Vale Bass
Groove, com workshow dos baixistas Juninho Braga, de So Paulo, Cae de Mello e Israel Nogueira.
Encerrando o evento, Emilio Martins e Cacau Jones realizaram um duo de bateria e percusso com tcnicas e ritmos variados.
A 134 Conveno da Sociedade de Engenharia de udio (AES) ser realizada entre os dias 4 e 7 de maio de 2013,
em Roma, na Itlia. O evento reunir engenheiros de udio de todo o mundo para falar sobre as ltimas novidades
nas reas de pesquisa, desenvolvimento e aplicaes do udio.
A conveno, que acontece pela primeira vez na capital italiana, acontecer no novo centro de conferncia Roma
Eventi Fontana di Trevi. Localizado em um palcio neoclssico construdo por Guido Barluzzi em 1930, o local conta
com 15 salas e comporta mais de mil pessoas. A conferncia ser presidida por Umberto Zanghieri, vice-presidente
da AES na regio sul da Europa.
Antes, a 133 edio do evento vai acontecer entre os dias 26 e 29 de outubro de 2012, no Moscone Center, centro de
convenes localizado em San Francisco, Estados Unidos.
13 vALE DRUM fESTIvAL RENE NOvOS TALENTOS DA MSICA EM SO PAULO
134 CONvENO DA AES SER REALIZADA EM ROMA
O idealizador Cludio Abreu durante sua apresentao
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notcias DE MERCADO
A Music China, uma das maiores feiras de instrumentos musicais e
acessrios do mundo, acontece este ms, entre os dias 11 e 14 de
outubro, em Xangai. O evento ter, nesta edio, 11 pavilhes inter-
nacionais e espera receber mais de 52.000 visitantes de 97 pases.
O gerente geral da Messe Frankfurt Shangai, Evan Sha, comentou os
nmeros. Alm de contarmos com os pavilhes internacionais este
ano, mais de 1.400 expositores de 30 pases e regies se inscreve-
ram para o evento. Um espao recorde de exposio, com 85.000
metros quadrados, comprova que a Music China a plataforma de
lanamento para novos produtos e tecnologia na sia.
Empresas da Blgica, Repblica Checa, Frana, Alemanha, Itlia, Es-
candinvia, Espanha, Taiwan, Holanda, Reino Unido e Japo podero
mostrar seus produtos nesses espaos especiais. A estreia do pavilho
japons contar com 29 empresas e fabricantes de instrumentos musicais e faz parte de uma estratgia da Organizao de Comrcio Externo
do Japo para entrar no mercado chins.
Considerado o evento asitico da alem Musikmesse, a Music China organizada por uma parceria entre China Music Instrument Association
(CMIA), Intex Shanghai e Messe Frankfurt. Mais informaes podem ser obtidas em www.musikmesse-china.com
MUSIC CHINA 2012 ACONTECE EM OUTUBRO
O diretor geral da Turbosound, Simon Blackwood, agora faz
parte da equipe da DiGiCo, como diretor de desenvolvimento
de negcios. O cargo, criado recentemente, tem como objeti-
vo a expanso da empresa.
timo poder dar as boas-vindas ao Simon na equipe DiGiCo,
disse o diretor James Gordon. Ele trar uma nova dimenso
nossa base de conhecimento e ser fundamental para nos levar
a atuar em nova reas. uma honra gerenciar uma companhia
em que pessoas inteligentes querem trabalhar e estamos muito
satisfeitos por Simon fazer parte disso, acrescentou.
Simon, por sua vez, afi rmou ser um antigo f da empresa. Ad-
miro o pioneirismo da equipe da DiGiCo na evoluo da mixa-
gem digital profi ssional. No passado eu a considerava como uma
concorrente forte e criativa. Agora eu me sinto privilegiado de
fazer parte da equipe em um momento to excitante.
SIMON BLACKWOOD NOMEADO DIRETOR DE DESENvOLvIMENTO DE NEGCIOS DA DIGICO
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SEMINRIO DA SSL NO RIO DE JANEIRO ATRAI GRANDE PBLICO
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notcias DE MERCADO
A Universidade de Nottingham, no Reino Unido, est recrutando voluntrios para participar de um estudo que ir avaliar os efeitos da msica na audio. A pes-
quisa um projeto do Instituto Nacional para Pesquisa da Sade (NIHR, sigla em ingls) e pioneira no exame aprofundado sobre a exposio msica alta.
Ainda que parea bvio, um levantamento recente mostrou que o pblico no tem conscincia sobre os danos que a exposio a altos volumes de msica
podem causar aos ouvidos. At o momento, no h evidncias cientficas suficientes que confirmam ou descartam o perigo da msica para a perda
auditiva. Os resultados deste estudo no ajudaro apenas a responder se a exposio msica prejudicial, mas o quanto isso prejudicial. Isso vai
nos permitir comear a definir melhor os limites seguros de escuta, afirma Robert Mackinnon, doutorando que lidera o estudo.
Os pesquisadores pretendem encontrar dois mil voluntrios, entre 30 e 65 anos, que se encaixem na gerao de antigos ouvintes. Alm disso, prefe-
rvel que essas pessoas trabalhem em lugares silenciosos, afastando, assim, fatores alternativos da perda de audio. O teste ser feito atravs de um
site, onde os voluntrios respondero a um questionrio que pretende coletar dados, para saber como e por quanto tempo eles tiveram sua audio
exposta msica alta. Depois eles faro um teste que mede a capacidade para ouvir una srie de nmeros, com barulho ao fundo. Os resultados sero
divulgados aps a devida anlise dos testes.
No ltimo dia 28 de agosto, a Universidade Estcio de S, campus Cen-
tro, no Rio de Janeiro, foi palco de um seminrio gratuito da Solid State
Logic que atraiu um pblico de cerca de 70 pessoas, dentre as quais es-
tavam muitos estudantes do curso de Produo Fonogrfica da prpria
UNESA, que tem o produtor Mayrton Bahia como coordenador.
Promovido em parceria pela escola ProClass, pela revenda autorizada
Music Mall e pela Just Pro Audio, ditribuidora exclusiva da marca no
Brasil, o encontro foi apresentado por Fadi Hayek, gerente de vendar
nacionais da SSL, com traduo de Conrado Ruther (engenheiro de
gravao, produtor musical e integrador de estdios). O seminrio
discutiu o fluxo de trabalho e os fatores que afetam o ambiente de
um estdio, e entre os slides que misturavam informao com o bom
humor de Hayek (o chefe Peter Gabriel, dono da companhia, foi alvo
de algumas brincadeiras) e as perguntas feitas pelo pblico, foram
examinados diversos setups de estdios. Assim, os participantes pu-
deram ver como o trabalho de cada um pode ser mais criativo e pro-
dutivo, chegando a um melhor resultado final.
Entre os tpicos abordados no evento, destaque para mixagem in-the-box versus mixagem externa e uma pergunta: a latncia zero pos-
svel em uma workstation nativa?. Em entrevista aps o evento, Fadi Hayek destacou sentir, at hoje, certa pureza na msica brasileira, e
afirmou que deseja que a SSL contribua para mant-la dessa forma. Vocs so apaixonados pela msica, e nosso dever permitir que atuem
com ainda mais qualidade em seus trabalhos, observou. Rodrigo Meirelles, scio-diretor da ProClass, ressaltou a importncia do evento e
decretou: compartilhar conhecimento nunca demais.
UNIvERSIDADE INICIA PESqUISA SOBRE EfEITOS DA MSICA NA AUDIO
Fadi e Conrado em ao: informao e bom
humor deram o tom do seminrio
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DISAC TRAZ PARA O BRASIL NOvOS MINIfONES RCAOs minifones de ouvido so acessrios cada vez mais populares, usados por uma
enorme quantidade de pessoas em celulares e aparelhos de MP3. As caractersti-
cas mais importantes nesses fones so a qualidade, a facilidade de transporte e
a durabilidade. A Disac, importadora de produtos de udio que est no mercado
desde 1996, est trazendo agora para o Brasil dois novos minifones da RCA.
O HP60A (foto) possui minifalantes de 9 mm, com potncia de 20 mW, que
proporcionam uma sensibilidade de 93 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A
impedncia de 16 ohms e o desenho arredondado na ponta auricular ajuda a
reduzir o rudo externo. O conector banhado a ouro e dispe de um adaptador
que possibilita ser usado com a maioria dos telefones celulares. O cabo tem
comprimento de 1,20 m.
J o HP57N possui minifalantes de 13 mm com potncia de 20 mW, que pro-
porcionam sensibilidade de 98 dB e resposta de 20 Hz a 20 kHz. A impedncia
de 16 ohms e seu conector tambm banhado a ouro, com cabo de 1 m de
comprimento.
www.rcaaudiovideo.com
www.disac.com.br
NOvO CHANNEL STRIP PRESONUS ADL 700A PreSonus anunciou o lana-
mento do ADL 700, seu novo
channel strip, composto de
um pr-amplificador classe A
valvulado, um compressor ba-
seado em FET e um equaliza-
dor semiparamtrico de qua-
tro bandas. O equipamento
possui entradas balanceadas
(XLR) para microfone e linha,
uma entrada no-balanceada
(TRS) para instrumento e uma
sada balanceada XLR.
De acordo com a PreSonus, o novo channel strip incorpora o mesmo pr-amplificador valvulado do modelo ADL 600, projetado por Anthony DeMaria,
com duas vlvulas 6922 e uma 12AT7 operando em +/-300V para proporcionar o mximo de headroom e um transformador duplo, para garantir
menos rudo e maior rejeio de modo comum. Outra caracterstica dos prs da srie ADL a chave seletora de entrada, que permite escolher
entre quatro impedncias de entrada: 1500, 900, 300 e 150 ohms. Isto possibilita criar coloraes sutis e obter variaes de tonalidade sem usar o
equalizador. J o compressor baseado em transistor FET, que emula o som da vlvula, e o equalizador foram projetados especialmente por Robert
Creel, especialista da PreSonus em circuitos analgicos e responsvel pelo projeto do pr-amp XMAX.
O pr-amp dispe de alimentao phantom de 48V, inverso de polaridade e um atenuador de -20 dB pad. Possui tambm um seletor de ganho de
at 35 dB em passos de 5 dB e um potencimetro de ajuste de +/-30 dB. H ainda um filtro passa-altas de 12 dB/oitava, com frequncia ajustvel.
O ADL 700, que dispe de ajustes de Attack, Release, Threshold, Ratio, Makeup Gain e Bypass, tem equalizador de quatro bandas semiparamtrico,
que combina filtros isolados e otimizados.
www.quanta.com.br
www.presonus.com
novos PRODUTOS | Miguel Ratton
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DISAC TRAZ PARA O BRASIL NOvOS MINIfONES RCA
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novos PRODUTOS
O Alpha-Link MX o primeiro produto
da nova linha de conversores A-D/D-A
da SSL que pretende proporcionar alta
qualidade de udio em um formato mais
acessvel para estdios de pr-produo.
Esta nova gerao de conversores ba-
seada nos modelos Alpha-Link SX e AX,
que so usados em muitos estdios de
gravao de todo o mundo nos consoles
SSL AWS e Duality.
A srie Alpha-Link MX consiste de duas
diferentes unidades de rack que podem
ser usadas individualmente ou combina-
das para criar sistemas maiores. Cada unidade possui 64 canais digitais de entrada e sada atravs de conexes ticas MADI, que podem ser co-
nectadas com qualquer equipamento compatvel com o padro MADI. A Alpha-Link MX 16-4 possui 16 entradas e quatro sadas analgicas, sendo
indicada para ser usada como interface de entrada e monitorao em um estdio pessoal. J a Alpha-Link MX 4-16 possui quatro entradas e 16
sadas analgicas, sendo uma soluo ideal para se fazer a soma analgica de 16 canais e permitindo a captura de quatro canais.
Pode-se interligar at quatro unidades MX, encadeadas em qualquer tipo de combinao, permitindo assim confi gurar sistemas de at 80 cone-
xes analgicas endereveis a uma conexo digital MADI de 64 canais. As unidades MX possuem seletor de nvel de referncia, o que possibilita
adequ-las ao restante do sistema, dentro de uma faixa de +24 dB a +14 dB. As confi guraes so efetuadas pelo painel frontal.
www.musicmall.com.br
www.solidstatelogic.com
SSL LANA NOvA GERAO DE CONvERSORES
APP DA APHEX APRIMORA SOM DE DISPOSITIvOS MvEIS A Aphex, empresa que desenvolve tecnologia de udio h mais de 35 anos, lanou
recentemente o app Audio Xciter, que permite aprimorar a qualidade sonora de
dispositivos mveis atravs de seu processamento de sinais Xciter, uma tecnologia
exclusiva da empresa capaz de analisar e melhorar a qualidade do sinal de udio
em tempo real. O app foi lanado primeiramente para dispositivos com sistema ope-
racional iOS (Apple), mas logo em seguida foi disponibilizada tambm uma verso
para Android.
Diante dos processos de compactao atualmente usados nos arquivos de msica,
que reduzem a qualidade da gravao, o Audio Xciter, de acordo com a Aphex,
capaz de restaurar todos os detalhes, nuances e espacialidade para o ouvinte, inde-
pendentemente do estilo musical.
Na verso gratuita, o app pode ser usado para reproduzir udio durante apenas 15
minutos por dia, mas existem duas opes de upgrade: o Audio Xciter Basic, que re-
move a restrio de tempo, e o Audio Xciter Studio, que permite ao usurio ajustar
os parmetros do DSP do Xciter conforme seu gosto. O Audio Xciter para iOS pode
ser adquirido no iTunes, enquanto a verso para Android est disponvel na Android
Store e na Amazon.com. De acordo com a Aphex, parte da receita das vendas ser
revertida para a instituio sem fi ns lucrativos Respect the Music, que desenvolve
trabalhos de apoio ao ensino de msica.
www.audioxciterapp.com
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vERSO 8.4 BETA DO ABLETON LIvE TRAZ SUPORTE NATIvO PARA 64 BITS
NOvO MIXER COMPACTO ALLEN & HEATHA Allen & Heath apresentou o ZED 60-14FX, um mixer analgico compacto ideal para ser usado
com grupos pequenos e locais de pequeno porte. O ZED 60-14FX chega para completar a
linha do ZED 60-10FX, lanado no comeo do ano, e adota os mesmos faders de
60 mm, com a adio de mais quatro canais mono para linha/microfone.
O mixer possui oito canais mono com entradas para microfone (balan-
ceada XLR, com alimentao phantom) e linha (1/4), sendo que dois
desses canais possuem entradas de linha com alta impedncia, que per-
mitem receber sinais de guitarra diretamente, sem necessidade de DI
box. De acordo com o fabricante, os circuitos dessas entradas utilizam
pr-amps classe A com FET, projetados para recriar a sonoridade de um
pr-amp valvulado. H ainda mais dois canais estreo, para receber sinais de
teclados ou de aparelhos de MP3/CD. Os canais mono possuem equalizador de trs
bandas, sendo que a de mdios permite o ajuste da frequncia de atuao.
As sadas principais de udio, em estreo, so atravs de conectores balanceados do tipo XLR, e h tambm sadas em estreo para monitorao
(RCA) e para fone de ouvido. O ZED 60-14FX dispe ainda de uma conexo USB, que serve para gravar diretamente no computador a mixagem
em estreo e tambm para mixar udio estreo vindo do computador.
Dentro do mixer, um processador digital oferece um total de 16 programas de efeitos, incluindo reverbs, delays, flanger e chorus. Cada canal de
entrada possui duas mandadas auxiliares, ambas com sadas de udio mono e uma delas mandando o sinal para o processador interno de efeitos.
H, ainda, conexes de inserts para as duas sadas principais.
www.audiopremier.com.br
www.allen-heath.com
novos PRODUTOS
A Ableton j disponibilizou a verso 8.4 do Live, que traz como
destaque o suporte nativo ao processamento em 64 bits. Isto
possibilita ao software aproveitar uma quantidade muito maior de
memria do sistema e usar plug-ins de terceiros que operam 64 bits.
A verso beta est disponvel para download para todos os usurios
registrados do Live 8, do Suite 8, do Live Intro e do Live Lite 8.
A verso 64 bits do software roda em PCs com Windows Vista/7/8
(64 bits) e em Macs com processador Intel com OS X 10.5 ou supe-
rior. Esta verso no tem suporte para Max for Live, vdeo ou The
Bridge, mas a Ableton est trabalhando com seus parceiros para
dar suporte a esses recursos.
Os termos 32 bits e 64 bits se referem basicamente a como a me-
mria (RAM) do computador pode ser usada pelos softwares. Na
verso de 32 bits o Live (assim como qualquer software de 32 bits) pode usar at 4 GB de RAM, o que significa que pode no ser capaz de
usar coletneas de samples muito grandes ou plug-ins que ocupem muita memria.
Todos os plug-ins de 64 bits podem ser usados na verso de 64 bits do Live. J os de 32 bits no podem ser usados diretamente na nova verso,
mas existem algumas ferramentas de outras empresas (ex: jBridge) que permitem usar plug-ins VST de 32 bits dentro de softwares de 64 bits.
Teoricamente, a verso de 64 bits do Live pode usar um total de 16 exabytes de RAM. Isto quer dizer que voc pode trabalhar com Live Sets
(nativos, com plug-ins de terceiros e configuraes em ReWire) muito maiores e que usam muito mais memria do que na verso de 32 bits.
www.habro.com.br
www.ableton.com
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vERSO 8.4 BETA DO ABLETON LIvE TRAZ SUPORTE NATIvO PARA 64 BITS
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novos PRODUTOS
A Sennheiser lanou, durante a IBC, que aconteceu em Ams-
terd entre os dias 7 e 11 de setembro de 2012, o Digital
9000, sistema de transmisso digital sem fio capaz de trans-
mitir udio completamente descompactado e com dinmica
imponente. Destinado a profissionais da radiodifuso, teatros
e eventos ao vivo, o Digital 9000 inclui o receptor EM 9046, o
transmissor de mo SKM 9000 e os transmissores de bolso SK
9000, alm de um conjunto completo de acessrios.
O sistema digital sem fio equipado com dois modos de
transmisso para atender qualquer necessidade e ambien-
te. O modo de alta definio (HD) transmite um udio sem
compresso, enquanto o modo Long Range (LR) foi projetado
para ambientes de transmisso difceis, com muitas fontes de
interferncia. Ele garante alcance mximo com um codec de
udio digital da Sennheiser, que faz com que a qualidade de
udio seja superior ao de um sistema FM.
Seu receptor EM 9046, alm de possuir um grande display e
de contar com trs modos de exibio, um mainframe que acomoda at oito receptores internamente, abrangendo a faixa de UHF
470-798 MHz. J o transmissor de mo SKM 9000 compatvel com toda a gerao sem fio G3 e microfones da Srie 2000, incluindo
as cpsulas Neumann KK204 e KK 205.
Por ltimo, o transmissor de bolso SK 9000 fcil de esconder e anexar. Sua estrutura de magnsio combina robustez e baixo peso,
e ele, que tem uma entrada para guitarras e outros instrumentos, pode ser usado com qualquer clip-on ou microfone auricular com
um conector 3-pin Lemo. A SK 9000 est disponvel em quatro diferentes faixas de frequncia (88 MHz de largura de banda de comu-
tao) e um interruptor de comando, para a comunicao entre as equipes e artistas ou jornalistas, est disponvel como acessrio.
www.quanta.com.br
www.sennheiser.com
SENNHEISER LANA SISTEMA DE TRANSMISSO DIGITAL SEM fIO
DYNAUDIO APRESENTA NOvA SOLUO PARA MONITORES
Depois de comemorar seus 20 anos com o lanamento do sistema de mo-
nitorao M3X3, a Dynaudio Professional anunciou recentemente o lana-
mento mundial do amplificador M3VE. De acordo com informaes divul-
gadas pela empresa, esta nova soluo combina o desenho exclusivo da
Dynaudio Professional com a avanada amplificao da Lab-Gruppen e o
processamento de sinal da Lake.
M3VE a evoluo de seu antecessor, o monitor M3A de trs vias. Enquanto
o M3X3 alimentado por dois amplificadores, esta nova verso tem seus
alto-falantes alimentados por apenas um amplificador de quatro canais PL-
M10000Q, da Lab.gruppen. O equipamento utiliza um crossover ativo inte-
grado da Lake para mdios e graves, enquanto os mdio-agudos e agudos
so alimentados a partir de um filtro passivo no ponto cross-over. Outros
destaques so sua resposta de frequncia de 22 Hz-21 kHz e sua potncia
de 4.700 W por monitor.
www.visionacoustics.com.br
www.dynaudio.com
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PRIMEIRA vISTA | Alexandre Cegalla
Plug-ins que emulam amplifi cadores valvulados e mul-
tiefeitos simulando o som de pedais vintage j so
conhecidos no mercado de udio. Agora, uma gui-
tarra que simula o som de outras guitarras
clssicas ainda algo raro de se
encontrar. Mas exatamen-
te isso o que a Roland
G-5 VG Stratocaster
faz. Utilizando a
tecnologia COSM,
que j era conheci-
da desde o sistema
modelador de gui-
tarras VG-8, a G-5
VG foi feita a partir
de uma parceria com
a Fender (cujo nome est
impresso na mo da guitarra)
e capaz de simular o timbre
de trs tipos de guitarras, violes com
cordas de ao ou de nylon e at ctara.
Tudo nas verses de 6 ou 12 cordas e em
diferentes tipos de afi naes. A guitarra, que tem corpo em alder e brao em
maple, possui 22 trastes, pesa 3,8 quilos e produzida em diversas cores.
Alm das simulaes, a Roland G-5 VG, por meio dos trs captadores single-
-coil situados perto da ponte, no meio e junto de seu brao, tambm pode
funcionar como uma guitarra normal e com som prprio. Um quarto capta-
dor, o GK Pickup, fi ca bem rente ponte e o responsvel por capturar o
som a ser modelado. Mais embaixo dos captadores, alm dos botes con-
vencionais de volume e tonalidade, esto tambm dois controles que vo se-
lecionar o tipo de modelao desejada. Um deles, com a letra M gravada,
o seletor de modos de modelagem e possui cinco posies: N (normal), que
seria o modo sem nenhuma modelagem, em que o G-5 VG funciona como
uma guitarra comum; S, que simula o som de uma Fender Stratocaster; T,
que emula o timbre de uma Fender Telecaster; H, que faz a guitarra tocar
como se tivesse dois captadores humbuckers, um
perto da ponte e outro junto ao brao.
O quinto modo A (acstico), que simula o som de vio-
lo. Nessa posio, voc pode usar o seletor de captadores
ao lado para escolher entre dois tipos de violes com
cordas de ao, um com cordas de nylon, guitarra
semiacstica de jazz e uma ctara eltrica. Alm
disso, no modo acstico o controle de tonalidade
funciona como um controle do reverb embutido.
O segundo controle, com a letra T gravada, o de tu-
ning (afi nao), e oferece seis modos: N (Normal), em que a
guitarra toca na afi nao padro em l (E A D G B E); Drop D, em que
o bordo afi nado um tom abaixo, em r, enquanto as outras cordas
continuam com afi nao padro (D A D G B E); Open G, que afi na
num acorde de sol (D G D G B D); Modal D, no qual a guitarra toca
na afi nao D modal (D A D G A D); Baritone, que afi na a guitarra em
si (B E A D F# B). Finalmente, temos o modo 12 String, que modela
o som de uma guitarra ou violo de 12 cordas. Os diferentes modos
de afi nao e simulao de 12 cordas s funcionam nos modos com
modelagem. No modo normal, a guitarra pode ser afi nada a gosto,
como qualquer outra. Alm de escolher diferentes tipos de instrumen-
tos acsticos, o seletor de captadores tambm oferece uma gama de
possibilidades de timbres, dependendo do modo selecionado.
A Roland G-5 VG ligada toda vez que um cabo for conectado no jack
da guitarra. Quatro baterias do tipo AA alimentam o instrumento, sendo
inseridas em um compartimento na parte de trs. Um indicador lumino-
so mostra o estado das baterias, sendo que, se estiver azul, esto boas
(quanto mais apagada fi car a luz do indicador, mais fraca estaro as bate-
rias). Junto com a guitarra vm a alavanca de trmulo, uma chave de boca
e quatro pilhas alcalinas AA, alm da capa do instrumento.
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www.rolandus.com
Divu
lga
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ROLAND G-5 VG STRATOCASTERNova guitarra virtual simula sonoridade de modelos clssicos, alm de violes e ctara
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udio msica e tecnologia | 21
-
Desde muito pequeno ele tinha certeza de que acabaria
trabalhando com msica. Acho que tem muito a ver com
a influncia do meu av sobre meu pai, claro, chegando
a mim. Assim, o jovem Arthur Luna, filho do engenheiro William
Luna Jr., revela de onde vem o interesse pelo udio e resume a
deciso de seguir os passos dos dolos familiares.
Os primeiros trabalhos do garoto foram realizados em casa, onde
finalizava projetos de bandas de baixssimo oramento com um pe-
queno setup. E a ida para um grande estdio no demoraria. Mas
ele queria mais, e tempos depois j era assistente do engenheiro
Luiz Carlos T. Reis, na Cia dos Tcnicos, em gravaes expressivas,
como uma base de um samba enredo, realizada na casa.
Arthur conta que William e o prprio Luiz Carlos foram alguns dos
muitos tcnicos que contriburam para sua formao. No entanto,
a fim de aprimorar tudo o que lhe foi ensinado, no incio deste
ano ele deixou o Rio de Janeiro para estudar numa universidade
especializada do exterior, a Full Sail.
Estudar fora foi um presento da famlia. Na verdade, cheguei
a fazer faculdade de marketing enquanto trabalhava como as-
sistente na Cia dos Tcnicos, mas tinha certeza de que queria
estudar udio. Ento parei a faculdade e, por indicao do meu
pai, resolvi me inteirar a respeito da Full Sail, lembra.
A experincia no exterior, diz o jovem, tem sido fantstica. Total-
mente dedicado aos estudos, ele conta que os equipamentos e o
mtodo de ensino da faculdade so muito bons. L, inclusive, teve
a oportunidade de conhecer o tarimbado engenheiro Bruce Swedien
(Thriller, de Michael Jackson, entre muitos outros clssicos da msi-
ca pop), que andava pelos corredores da universidade.
Aproveitando ao mximo tudo o que tem pintado em termos de
conhecimento, Arthur conta que no tem ficado somente no am-
biente universitrio. Fora da sala de aula, ele tem circulado por
estdios de grande porte e at mesmo reencontrado grandes
amigos. Outro dia fui ao KDS Studios acompanhar a mix do novo
DVD da Claudia Leitte, feita por Beto Neves, e em uma pequena
semana de frias que tive fui a Nashville visitar o Alberto Vaz, que
fez um tour muito bacana comigo em estdios da regio, como,
por exemplo, o Ocean Way, o RCA e o Blackbird, diz.
Em breve, Arthur estar de volta (o programa de seu curso, Re-
cording Engineering, tem durao de pouco mais de um ano), tra-
zendo na bagagem histrias e experincias que, somadas quelas
todas que adquiriu no seu estdio caseiro, sero, sem dvida
alguma, base para o sucesso de seu trabalho.
22 | udio msica e tecnologia
Arthur LunA
EM TEMPO REAL | Rodrigo Sabatinelli
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Lun
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Microfone preferido: Neumann U87, pela versatilidade e nitidez. Um padro que eu gosto bastante.
Monitores de referncia: Yamaha NS-10
Plataforma de gravao: Pro Tools, pelas ferramentas oferecidas e pel a sua forte utilizao no mercado
Plug-in preferido: Echoboy, de fcil regulagem e que soa bem
Console de mixagem: SSL 4000 G+, um dos consoles que tenho usado na Full Sail
Processadores externos: Lexicon 480 L
Melhor estdio no Brasil: Cia dos Tcnicos
Melhor estdio no exterior: Blackbird Studios
Melhor engenheiro de som brasileiro: Flavio Senna
Melhor engenheiro internacional: Bruce Swedien
BATE-BOLA
udio msica e tecnologia | 23
-
Sergio Soffiatti produtor, faz mixagem e maste-
rizao, alm de ser o nome por trs dO GritO.
O estdio comeou de uma parceria, mas tomou
forma de projeto solo deste profissional. Atual-
mente o estdio est localizado na Bela Vista, So Paulo,
mas a histria no comeou ali.
Soffiatti deu incio sua carreira em 1989, ao lado de
Victor Frana, no Solo Studio. Dedicado composio de
trilhas sonoras para projetos publicitrios realizados no
estdio, Soffiatti foi aos poucos se envolvendo com as
gravaes, mas foi s em 1997 que ele passou a fazer
parte da sociedade.
J estvamos trabalhando com plataformas digitais e
compramos um gravador de duas polegadas da Tascam,
voltando era analgica, comenta. Em 2002, o equi-
pamento foi levado para So Paulo, onde os scios ar-
rendaram as instalaes do antigo estdio Tom Brasil,
dando origem ao O gritO.
Soffiati, que, vale citar, foi vocalista e guitarrista das ban-
das Sr. Banana e Skuba, destaca o ano de estreia como
uma poca excelente, com clientes e trabalhos maravi-
lhosos. Entre as parcerias feitas, merecem meno os
trabalhos com Alberto Agnelucci, Benjamin Taubkin e Ro-
dolfo Stroeter, alm das bandas independentes de rock
Aditive, Sugar Kane e Dead Fish. Em 2003, entretanto,
Victor Frana decidiu voltar para Curitiba, por motivos
familiares, e a sociedade foi desfeita. frente dO gritO
sozinho, Soffiatti remontou o estdio em casa, onde ficou
trabalhando por cinco anos.
Em 2008, a parceria com um amigo levou Soffiatti para seu
24 | udio msica e tecnologia
AqURIO | Louise Palma
O GRITOLigia Chaim
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udio msica e tecnologia | 25
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EqUIPAMENTO HBRIDO: ANALGICO + DIGITAL
Atualmente, O GritO oferece os servios de
mixagem, masterizao, produo e ps-
-produo e trabalha de maneira hbrida,
aliando equipamentos analgicos a digitais.
Para o produtor, este um diferencial do es-
tdio, que consegue agregar a facilidade e a
definio oferecidas pelo digital particula-
ridade sonora das mesas e perifricos ana-
lgicos. A tendncia hoje o investimento
em prs variados para esquentar o som que
ser gravado e convertido para a plataforma
digital, em que ser feita a mistura final,
explica. Mas, pra mim, a mixagem numa
mesa analgica, alm de esquentar essa mix final, traz
uma sonoridade prpria msica, conclui.
Entre os equipamentos que utiliza no estdio, Soffiatti des-
taca a mesa Tac Scorpion, produzida na Inglaterra em 1982,
por conta do punch e do calor que o equipamento pro-
porciona na mixagem. Outro equipamento citado por ele
Stereo Buss Compressor G Series customizado, utilizado no
master da mesa, antes do conversor Rosetta A/D Apogee.
J na masterizao, o produtor s elogios ao seu Manley
Vari-Mu. Em minha opinio, o compressor/limiter mais
bacana do mercado para esse uso. Tambm vale destacar o
26 | udio msica e tecnologia
AqURIO
estdio, onde as instalaes do ambiente de ensaio que
dispunha de uma tcnica de timas dimenses serviram
de ambiente de trabalho para o produtor. Nessa poca, co-
mecei a trabalhar com o Andr Abujamra nos discos solo
dele, com o alagoano Wado e tambm com o californiano
Zach Ashton, alm da minha atual banda, a Orquestra Bra-
sileira de Msica Jamaicana. Esses talvez sejam os traba-
lhos mais importantes, que alavancaram meu nome como
produtor, mixador e masterizador, afirma.
Projetado por Soffiatti, o estdio foi pensado para realizar
mixagem e masterizao, tendo apenas uma tcnica de 3
por 4,5 metros, com p direito de 2,7 metros. Com pes-
quisas e consultas fui chegando a ma-
teriais, estruturas e dispositivos que
trouxeram o resultado esperado para
um bom rendimento da sala, recorda.
Para mdias-baixas e baixas frequn-
cias, foram utilizados bass traps e l
de vidro. J para as frequncias altas,
foram usados tecidos e espumas. A
sala tambm conta com uma gaiola de
faraday, que serve de bloqueio para os
efeitos eletromagnticos externos. O
AC da sala filtrado, isolado e con-
trolado, porque, na minha opinio, a
energia um dos principais fatores
para o bom funcionamento de equipa-
mentos tanto analgicos quanto digi-
tais, explica o produtor.
A tcnica, pensada para projetos de mixagem e masterizao
Ligia
Chaim
A mesa Tac Scorpion de 32 canais, produzida na Inglaterra em 1982
Ligia
Chaim
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-
conversor Rosetta 200, da Apogee, que alm de definio,
eleva o nvel da imagem estreo das minhas finalizaes.
Soffiatti enfatiza que a sonoridade varia de acordo com o
equipamento utilizado, sendo a diferena entre eles essen-
cial para o aquecimento do mercado. Precisamos de dife-
renas, sons bonitos, sons feios, Hi-Fi, Lo-Fi e por a vai,
opina. No entanto, ele prefere no defender nem exaltar
nenhum tipo de equipamento. Ainda acredito que a msica
e sensibilidade so o principal material para um bom disco
ou single. No participo dessa busca frentica pelo equipa-
mento perfeito. Isso no existe. Quando algum vem falar
comigo sobre melhores prs, microfones ou plataformas,
vou logo desconversando, diz ele, aos risos.
Ainda assim, Soffiatti chama a ateno para
a fidelidade proporcionada por cada um
deles. Por conta das perdas e ganhos de
determinadas frequncias, que acontecem
no equipamento analgico, o digital mais
fiel ao som captado na gravao. Por outro
lado, o produtor destaca que a referncia
sonora que a maioria das pessoas possui
ainda vem de gravaes analgicas. Prati-
camente tudo o que crescemos ouvindo foi
gravado em analgico. Acho mais musical,
misteriosa e mgica essa gravao suja,
com todas as perdas. O prprio vinil tem um
som lindo e est declaradamente voltando.
PARA TODOS OS OUvIDOS: O qUE IMPORTA BOA MSICA
NO gritO no existe preferncia musi-
cal. Soffiatti frisa que no tem precon-
ceito quando se trata de msica e o
importante trabalhar com bons msi-
cos e arranjos de qualidade. Mas isso
nem sempre possvel, ainda mais em
tempos de Auto-Tune e Beat Detective,
entre outros, comenta ele. O rock me
traz muito prazer, assim como o reggae,
o funk e o bom samba. Quero trabalhar
sempre com boa msica!
Entre os artistas que j passaram pe-
las mos do produtor nO gritO, Sofiatti
destaca Osvaldinho da Cuca, que contou
com sua coproduo no lbum Em Refe-
rncia ao Samba Paulista. Como produtor, ele tambm j
trabalhou com Andr Abujamra e destaca o disco, Mafaro,
gravado em 2010. um trabalho que me enche de orgu-
lho, pois foi feito da forma que a gente imaginava ser a
ideal. Gravamos bateria, percusso e vozes no Solo Est-
dio, em Curitiba, e mixei no Estdio Mega, em So Paulo,
usando uma SSL9000. Outros estdios fazem parte desse
trabalho, inclusive O gritO, na masterizao, explica.
Outro trabalho que Soffiatti lembra com carinho a parceria
com o californiano Zach Ashton, com quem j fez quatro
lbuns. Me trouxe muitas alegrias. Um desses lbuns, in-
clusive, foi feito nos Estados Unidos, onde aprendi muito,
28 | udio msica e tecnologia
AqURIO
O compressor Manley Vari est entre os equipamentos que merecem destaque nO gritO
Ligia
Chaim
O produtor, e tambm msico, Sergio Soffiatti: trabalho com prazer seja no
rock, reggae, funk ou no samba
CIna
ra
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udio msica e tecnologia | 29
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mas tambm percebi que, aqui no Brasil, no estamos to
longe no que diz respeito a tcnicas de gravao, enfatiza.
Com a facilidade da msica digital, que viaja atravs da
internet, o produtor consegue trabalhar distncia. Em
contato com pessoas de outros estados e pases, ele ex-
pande o alcance de seus faders. Funciona muito bem esse
processo via internet, pois mando as mixes ou masters e o
cliente ouve em casa, na sua referncia, com tranquilidade.
Entre os ltimos trabalhos realizados nO gritO, ele des-
taca bandas que considera relevantes para a msica bra-
sileira: a paulista Bico do Corvo, a paulistana Lestics e os
catarinenses do Tratak.
LISTA DE EQUIPAMENTOS
Mesa
- TAC Scorpion (England by AMEK), com 32 canais, 8 sub-
grupos e 4 auxiliares
Multitracks
- Sistema Pro Tools TDM Mix Cube com 32 in/outs em inter-
faces 888/24 e 882/20 rodando em G4 733 Silver.
- Pro Tools TDM Mix Plus 8 in/outs com interface 888-24
rodando em MAC G4 Dual 1 GB
Plataformas
- PC Intel core 2 QUAD de 2,16 GHz por processador, com
M-Audio Firewire 410 rodando analisador de espectro,
Nuendo 3, ProTools 7.4 M-Powered, Logic 8, vrios plug-ins
e VST instruments
- Macbook 2.16, com tela de 13, interface Mbox mini, ro-
dando Pro Tools LE 8.3
Monitorao
- Big Knob Studio Command System Mackie
- Par de caixas Yamaha NS-10
- Amplificador Alesis RA-100
- Subwoofer Ativo Yamaha de 80 watts
- Caixas Phase Technologies Velocity Series V-12 3way (au-
difilo)
- Amplificador ADCOM GFA 535 II 60 watts em 8 ohms (au-
difilo)
- Par de caixas custom para conferncia, de pequena circun-
ferncia com amplificao custom
Compressores e EQS (dinmicos)
- SSL Xlogic G-series Stereo, compressor customizado
- Avalon VTP-747 Class A stereo, compressor e equalizador
- Manley Stereo Variable Mu Limiter Compressor
- 1 canal de compressor DBX 160
- 4 canais de compressor DBX 166
- 2 canais de compressor DBX 163
- 2 canais de compressor Valley People
- 4 canais de gate Valley People
- Equalizador Paramtrico Stereo Orban
- Equalizador Paramtrico Stereo Ashly
Conversores e processadores digitais
- Conversor Apogee Rosetta AD
- Conversor Apogee Rosetta 200
- DBX Quantum Digital Mastering Processor
- DAT Tascan DA-30 MKII
Efeitos outboard
- Stereo Spring Reverb Orban
- Space Echo RE-20 Boss
Microfones
- 1 Newman TLM 103
- 2 AKG C-391 B
- 2 Shure SM57
- 1 Shure SM58
- 1 Sennheiser MD 504
- 1 Sennheiser MD 421
- 1 Shure SM 81
Fones
- Fone Beyerdynamics DT 990 PRO
- Fone Audio-Technica ATH-910 PRO
- Amplificador de fones Behringer Power Play
- 2 fones JTS HP-535
Controladores
- FaderPort PreSonus
- M-Audio Ozone
- Roland PC-200 MK2
30 | udio msica e tecnologia
AqURIO
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32 | udio msica e tecnologia
prEparo E dEsprEparo no udio naCional
NOTCIAS DO fRONT | Renato Muoz
No quero parecer repetitivo aqui na coluna, porm
me sinto na obrigao de continuar batendo em de-
terminadas teclas (literalmente). Desta vez, vou vol-
tar ao assunto da falta de preparo dos profi ssionais
de udio no Brasil, mais precisamente aqueles que
trabalham em empresas de sonorizao. Antes que
algum reclame, destaco que trabalhei um bom tem-
po em uma empresa de sonorizao no Rio de Janeiro.
Nem todas as lembranas so boas, principalmente
pelo excesso de trabalho e escassez de dinheiro, mas
uma coisa certa: foi uma grande escola. Tive sorte
de ter alguns bons companheiros e instrutores.
No faz tanto tempo assim, porm naquela poca
eram pouqussimos os sistemas inteligentes, com
processamento e amplifi cao integrados. O que
existia eram racks de amplifi cadores muito, muito
pesados, alm de crossovers analgicos nem um
pouco confi veis. Os consoles eram analgicos (os
maiores eram mesas de verdade), j com VCAs, v-
rios auxiliares, grupos, inserts, processadores de
efeitos, e funcionavam muito bem, mas quase sem-
pre com aquele chiado normal de fundo. As caixas
j eram compactas, o que facilitava muito, mas nada
era muito resistente.
No geral, o equipamento daquela poca, por volta de
1990 a 1995, era bom, mas insisto: o que mais valeu
a pena foi o aprendizado. Consegui entender como boa
parte das coisas funcionava, desde a parte tcnica at
a parte social, e isto ajudou a formar a minha base pro-
fi ssional. L se vo mais de 20 anos, e, em termos de
equipamento, tudo ou quase tudo mudou para melhor
(na viso da maioria), porm alguns detalhes continu-
am sendo uma pedra no caminho da nossa profi sso,
principalmente, como j naquela poca, a falta de mo
de obra especializada para o trabalho.
DE ONDE VEM O PROBLEMA?
No posso acusar ningum de ser despreparado para
exercer qualquer tipo de profi sso, principalmente
quando a possibilidade real dessa pessoa ter se pre-
parado, aqui no Brasil, quase nula, porm, sim,
hoje em dia existe a possibilidade de se aprender,
em nosso pas, udio da maneira correta. Para mim,
o problema so todos estes anos de aprenda por
si mesmo, ou o argumento tipicamente brasileiro
quem ensina no sabe fazer na prtica. A falta de
uma educao formal por tanto tempo, na minha opi-
nio, teve como resposta a nossa situao atual de
falta de preparo profi ssional.
E OS PROBLEMAS CONTINUAM...
Sound Reinforcement Handbook: livro produzido pela Yamaha foi uma das minhas primeiras fontes de informao sobre udio
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udio msica e tecnologia | 33
Livro Manual Prtico de Acstica, do mestre Slon do Valle: fundamental para quem quer
trabalhar com udio
Cem por cento dos tcnicos que eu conheo, de uma
gerao anterior minha, e que continuam fazendo
um timo trabalho, aprenderam na tentativa e erro.
Muitos caram na profi sso por causa do fascnio
pelo udio ou porque era o caminho natural das coi-
sas, mas estou certo de que a maioria gostaria de ter
tido um preparo melhor.
Quando comecei a trabalhar, j cursava uma facul-
dade. Fiz Comunicao Social, Publicidade e Jorna-
lismo, e tenho quase certeza de que me formei nas
duas... Porm, uma das minhas maiores frustraes
foi, naquela poca, no ter percebido que deveria ter
mudado para uma cadeira que pudesse me ajudar
mais no futuro. Me lembro de ser incentivado por
meu pai a fazer alguma coisa relacionada ao udio,
j que estava claro que esta seria minha profi sso,
mas logo percebi que esta no seria uma opo pela
pura inexistncia de um curso de udio no Brasil.
Isso certamente me frustrou, e acabou por deixar
algumas marcas na minha carreira.
claro que este problema no afetou somente a mim:
certamente vrias pessoas da minha gerao sentiram
tal difi culdade. Conheo algumas que foram estudar fora
(a maioria para fazer cursos de gravao) e voltaram
depois de algum tempo com uma boa bagagem, porm
a grande maioria acabou tendo que se virar sozinha.
ORGULHO E PRECONCEITO
Ao mesmo tempo que tinha um certo orgulho de
estar fazendo uma faculdade, alm de j falar um
razovel ingls, por vrias vezes senti um certo pre-
conceito de algumas pessoas do meio. Muitas vezes
a empolgao e a vontade de aprender eram vistas
como uma fraqueza profi ssional, que indicava que
voc no era forte o sufi ciente para o servio.
Vi acontecer comigo e com outros profi ssionais mais
interessados. O estigma era sempre o mesmo: fulano
passa muito tempo estudando e pouco carregando
caixa de som, e a poltica no meio do udio, sempre
foi se voc no carrega caixa de som, no serve
para trabalhar com som.
Sempre que chegava com uma revista tipo Mix Magazine
ou EQ Magazine para comentar alguma reportagem ou
mostrar algumas fotos, a receptividade quase nunca era
das melhores. Sempre uma piadinha ou uma ignorada
coletiva. Este tipo de reao no me atingia em nada,
porm certamente mostrava que havia algo errado. Mais
tarde, conhecendo pessoas como Leo e Franklin Garrido,
Carlos Pedruzzi, Slon do Vale, Roberto Marques e Gui-
lherme Reis, entre alguns outros, descobri que nem tudo
estava perdido. Existiam, sim, pessoas com um bom co-
nhecimento tcnico (nem sempre acadmico) dispostas a
trabalhar, e, o mais importante, a passar conhecimento.
Muitos destes que acabei de citar passaram a ser
um padro e objetivo profi ssional. Lembro de assistir
a algumas apresentaes destas pessoas e pensar:
tenho que seguir por este caminho, tenho que adqui-
rir um bom conhecimento tcnico e estar preparado
para algum dia passar este conhecimento adiante.
Foi neste ponto da minha carreira profi ssional que
decidi dar ainda mais importncia aos estudos te-
ricos, porm, por incrvel que parea, isso ainda me
Livro Manual Prtico de Acstica, do mestre
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34 | udio msica e tecnologia
atrapalhava na prtica do dia a dia. Como sabemos,
nem sempre fcil mudar o pensamento de um gru-
po de pessoas, principalmente quando esto acostu-
mados a um modelo de trabalho.
NO LUGAR CERTO, NA HORA EXATA
Depois de um perodo razovel trabalhando naquela
empresa de sonorizao, ca completamente de para-
quedas na produo uma das maiores artistas da po-
ca, e de uma hora para outra, sem estar muito prepa-
rado (na minha opinio), me tornei o tcnico de PA da
tal artista. Nada poderia exemplifi car melhor para mim
como funcionava aquele tipo de profi sso. Na verdade,
acho que no fui nem a primeira escolha. Fui colocado
totalmente de ltima hora para substituir algum que
j era um substituto! Acabei fi cando por mais de cinco
anos na posio e sa por vontade prpria.
Me recordo perfeitamente bem do primeiro show, em
Braslia. Tinha total conscincia de que no estava pre-
parado para aquilo. Eu no tinha noo de como mixar
um show ao vivo, apesar de ter um diploma universi-
trio, falar ingls etc. Toda aquela teoria dos livros e
revistas rapidamente se escondeu em algum canto da
minha memria! Me faltava a prtica do dia a dia da
estrada. Na hora fi cou claro que eu teria que aprender
na marra o que fazer. L estava eu, caindo na tentativa
e erro. No dava para chegar e falar no sei como
fazer isso, algum tem que me substituir. O que tentei
fazer rapidamente foi me adaptar situao, para po-
der continuar trabalhando.
No muito tempo depois, menos de um ano, j me
sentia completamente preparado para aquela posio.
Cada show era uma oportunidade de aprendizado, e
uma das coisas que aprendi foi como me comunicar
com os msicos, que vivem uma realidade profi ssional
muito perto da nossa. Notei que a grande maioria dos
msicos no tinha uma formao convencional, mesmo
existindo esta possibilidade aqui no Brasil, o que no
signifi cava falta de qualidade. Neste perodo trabalhei
com grandes msicos, e vi que nossas profi sses pos-
suem outros paralelos alm desse.
OUTRO MUNDO, A MESMA EXPERINCIA
Quase que ao mesmo tempo em que trabalhava com
aquela artista, fui parar em um dos maiores estdios
do Brasil, levado por um amigo msico. Estou falando
de 1993 ou 1994, poca em que um grande estdio
possua um gravador de 24 canais, um console analgi-
co e alguns poucos microfones. Estes estdios sempre
foram um mundo parte para mim. Mesmo antes de
trabalhar com udio, sempre tive a curiosidade de ver
onde os discos tinham sido gravados, qual o nome dos
tcnicos que haviam trabalhado neles, e sempre tenta-
va procurar reportagens para saber quais equipamen-
tos tinham sido usados.
Logo nos meus primeiros dias dentro de um estdio,
percebi, defi nitivamente, que era mais legal trabalhar
ali do que em uma empresa de sonorizao. Acredite:
uma das grandes vantagens do estdio era que no
chovia enquanto voc estava trabalhando. Alm disso,
o contato direto com os artistas, na maioria das vezes,
era bem interessante.
Porm, rapidamente pude perceber uma grande seme-
lhana com os profi ssionais que trabalhavam com so-
Crank It Up: obra tem entrevistas com os principais tcnicos de PA e monitor que atuam no mercado e apresenta boas dicas
NOTCIAS DO fRONT
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udio msica e tecnologia | 35
norizao: quase todos os tcnicos de estdio tambm
tinham uma formao completamente informal. Estava
de volta a tentativa e erro, e naquela poca ainda exis-
tia uma grande separao entre tcnicos de estdio e
de show. Os tcnicos de show eram conhecidos como
carregadores de caixas que viraram tcnicos, enquanto
os tcnicos de estdio eram aqueles mais sofi sticados,
que trabalhavam no ar condicionado, que podiam errar,
pois qualquer coisa era s gravar de novo.
Na verdade, todos eram bem parecidos. Todo o conhe-
cimento tcnico tinha sido aprendido de uma maneira
ou de outra, nunca da ofi cial. Baseava-se muito na ex-
perincia para trabalhar com sucesso. No estou dizen-
do em momento algum que isso no funcionava; pelo
contrrio: o resultado, na maioria das vezes, era timo.
COMO e COMO PODERIA SER
Tudo que estou falando aqui referente ao meu ponto
de vista sobre a nossa formao educacional. Tenho
certeza que muitos bons companheiros de trabalho se
sentem muito bem em relao a isso e no vm a m-
nima necessidade de melhorar a sua formao profi s-
sional. certo que a grande maioria deles j passou da
metade do tempo de sua carreira e provavelmente no
v muita necessidade de uma formao ofi cial nesta al-
tura do campeonato. Porm existe uma grande leva de
novos profi ssionais que em breve ir substituir a mi-
nha gerao e que continua sem muitas possibilidades.
Estava conversando, h alguns dias, com um amigo
chinelo, Felipe Gonzalez, que trabalha para a Avid. Es-
tava lhe explicando a situao da educao em udio
no Brasil quando fui surpreendido por uma frase dele:
En Chile hay algunas escuelas de ingeniera de audio!
Descobri que no s no l que acontece isso: Argenti-
na e Mxico tambm possuem faculdades de udio, sem
falar nas faculdades americanas e europeias que se dedi-
cam a isso. A pergunta que ele me fez fi cou martelando
na minha cabea: Cmo Brasil, con toda esta musicali-
dad, no tiene una escuela de ingeniera de audio?.
Argumentei que, aqui no pas, existem bons cursos,
como o IAV, em So Paulo, e o IATEC, no Rio de Janeiro
(do qual fao parte), entre outros, e que a burocracia
para se fazer algo desta grandeza era imensa, o que
levaria qualquer um a desistir no meio do caminho. Po-
rm algo me incomodou mais do que no ter resposta.
O que mais me perturbou depois daquele almoo com
meu amigo chileno foi o seguinte: conhecendo a forma
de pensar da maioria, ser que um curso deste nvel teria
resultado? possvel que surgisse uma corrente de pen-
samento do tipo se eu sei a prtica, por que vou ter que
passar tanto tempo estudando esta besteira de teoria?.
Continuamos no prximo ms.
Renato Muoz formado em Comunicao Social e atua como instrutor do IATEC e tcnico de gravao e PA. Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]
Livro do amigo e engenheiro Fbio Henriques, que contm bastante informao
para quem deseja trabalhar em um estdio
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36 | udio msica e tecnologia
EquipamEntos para um homE studio
Como EsColhEr o monitor idEal para o sEu homE studio
EM CASA | Lucas Ramos
(partE 11)
Nas ltimas edies, falamos sobre interfaces de u-
dio, que so, sem dvida alguma, uma das peas
fundamentais de qualquer estdio. Neste ms vamos
comear uma srie sobre monitorao, que embora
seja uma das reas mais importantes de um estdio,
muitas vezes menosprezada. comum ver as pes-
soas investindo alto em interfaces, microfones e pr-
-amplificadores, e na hora de comprar seus monitores
gastam o que sobrar. Especialmente nos home studios.
Trata-se de um grande equvoco, pois tudo o que
voc gravar, editar ou mixar passar pelos seus mo-
nitores, e se voc no tiver uma boa referncia desse
material, ser difcil julgar a qualidade do mesmo.
Sem uma monitorao adequada, fica impossvel to-
mar decises relacionadas ao posicionamento ou es-
colha de microfones durante uma gravao ou sobre
a equalizao e compresso em uma mixagem.
dE quE tipo dE monitor VoC prECisa?
A primeira coisa a ser definida na escolha de um moni-
tor o tipo que voc realmente precisa. Infelizmente,
no tem como fugir: o preo uma das coisas que
mais pesa na sua deciso, pois s d pra comprar o
que d pra pagar. Por isso, no torre toda a sua grana
importante ter uma referncia clara e honesta do
material com o qual voc est trabalhando, e isso
feito atravs dos seus monitores. Porm, se estiver
realizando uma mixagem, tambm muito importan-
te chec-la em diferentes sistemas de monitorao.
De preferncia, em sistemas parecidos com o que os
ouvintes iro utilizar para ouvir esse material.
Se estiver mixando para televiso ou para DVD, es-
cute sua mixagem pelo sistema de som de uma TV
e/ou em um home theater. Se for para rdio, oua
em um carro (que onde muitos ouvintes escutam
rdio). Se for para a internet, oua atravs de caixas
de computador. Isso deve ser utilizado como uma
referncia alternativa, somente para checar suas mi-
xagens No para voc mixar dentro de um carro!
mltiplas rEFErnCias
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udio msica e tecnologia | 37
Estdios modernos utilizam um sistema near-field (a), e somente os estdios de grande porte tm tambm um sistema de monitores maiores que conseguem alcanar toda a extenso de frequncias (B)
em microfones e pr-amps se voc quer um bom par
de monitores para o seu estdio.
Alm do preo, o tamanho da sua sala tambm in-
fluenciar na escolha dos seus monitores, ditando o
tamanho destes. Se sua sala for muito pequena, no
preciso utilizar monitores grandes demais, de potncia
muito alta. Alm disso, a maioria dos estdios e pra-
ticamente todos os home studios utilizam um sistema
near-field, que utiliza monitores menores feitos para
serem posicionados prximos ao ouvinte (em torno de
um metro). Isso minimiza a influncia da sala, pois o
ouvinte recebe praticamente s som direto dos moni-
tores. Tambm diminui o tamanho dos monitores, e o
preo tambm... O que ideal para estdios menores.
O contrapeso que monitores menores tm respostas de
frequncia limitadas, especialmente nos graves. Mas hoje
em dia possvel encontrar monitores menores com boa
resposta de frequncia nos graves, ou ento acrescentar
um subwoofer ao seu sistema para compensar (veja pr-
ximo box). Por isso, praticamente todos os estdios mo-
dernos utilizam um sistema near-field, e somente aque-
les com salas amplas e tratamento acstico adequado
(um oramento alto tambm ajuda) tero tambm um
sistema de monitores maiores, que conseguem alcanar
toda a extenso de frequncias. Mas como nossa coluna
direcionada aos home studios e estdios de menor por-
te, vamos falar somente dos monitores near-field.
Outra vantagem dos sistemas near-field que so
mais fceis de transportar, permitindo que algum
que trabalhe em estdios diferentes utilize sempre
os mesmos monitores. Alm disso, devido proximi-
dade dos monitores e, assim, uma menor influncia
do ambiente, a tendncia que a referncia sonora
seja consistente, independentemente da sala. Ento,
se voc costuma utilizar muitos estdios diferentes,
um par de monitores near-field so ideais, uma vez
que podem proporcionar uma referncia familiar em
qualquer lugar em que estiver trabalhando.
atiVo ou passiVo?
Esta discusso longa e antiga, mas h algumas di-
ferenas claras entre sistemas de monitorao ativos,
com amplificadores embutidos, e sistemas passivos,
que requerem um amplificador de potncia externo.
Os monitores ativos atualmente so mais baratos em
comparao ao preo dos monitores passivos soma-
dos de um amplificador. Tambm ocupam menos es-
pao, e por isso so mais fceis de transportar. Em
sistemas ativos mais caros, os amplificadores internos
so desenhados especificamente para trabalhar com
o monitor, e alguns, inclusive, utilizam amplificadores
prprios para cada faixa de frequncias. Nos sistemas
mais baratos isso no necessariamente verdade, e
muitos dos amplificadores so de qualidade inferior,
podendo adicionar distoro e rudo (hum etc.).
Monitores passivos geralmente tm menos rudos e
permitem manter o amplificador de potncia distante
dos monitores, o que minimiza bastante a quantida-
de de rudo prximo ao ouvinte. Alm disso, poss-
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38 | udio msica e tecnologia
EM CASA
vel escolher o amplifi cador de potncia ao seu gosto,
compondo a sonoridade da forma que te agradar. No
entanto, isso tudo ocupa mais espao, pois o amplifi ca-
dor em si ocupa bastante espao, mas, acima de tudo,
custa mais caro por ser um sistema de qualidade.
Hoje em dia, a grande maioria dos estdios, espe-
cialmente os home studios, utilizam sistemas ativos.
A praticidade, o baixo custo e o tamanho compacto
dos monitores ativos os tornam ideais para esses es-
tdios. Alm disso, a grande maioria dos monitores
near-fi eld modernos so ativos, e por isso ns iremos
nos concentrar nos near-fi eld e ativos, que so a es-
colha nmero um dos home studios mundo afora.
monitorEs Flat
Os monitores ideais de um estdio devem reproduzir
toda a extenso de frequncias do espectro audvel (20-
20.000 Hz, mais ou menos), sem acentuar qualquer re-
gio (o que chamado, na gria, de fl at). Obviamente,
na realidade nenhum monitor perfeitamente fl at.
Portanto, um bom par de monitores deve ser o mais
fl at possvel, no acentuando e nem atenuando de-
mais em nenhuma regio de frequncias. Isto impor-
tante porque se os monitores exagerarem em uma re-
gio especfi ca de frequncias, voc tender a diminuir
essa mesma regio para compensar (e vice-versa).
Quando o mesmo material for reproduzido em outro
sistema que no tenha essa mesma defi cincia na
resposta de frequncias , voc sentir falta dessas
frequncias, pois as ter diminudo em excesso, j que
as estava ouvindo em excesso nos seus monitores.
Ou seja, se os seus monitores acentuarem alguma re-
gio de frequncias, a tendncia a de que a mixagem
(ou gravao) tenha uma defi cincia nessas mesmas
regies. E se seus monitores tiverem uma defi cincia
em alguma regio de frequncias, a tendncia que a
sua mixagem (ou gravao) tenha um excesso nessas
mesmas regies, pois voc, para compensar, ir refor-
ar essas frequncias na mixagem. Mas no precisa
desanimar, pois na verdade o mais importante voc
praticar e conhecer a sonoridade dos seus monitores.
Se voc sentir que os seus monitores no tm um
resposta boa sufi ciente nos graves para o tipo de
material que voc est trabalhando, possvel acres-
centar um subwoofer ao seu sistema para compen-
sar. Os subwoofers trazem o benefcio de permitirem
utilizar monitores menores, diminuindo o espao ne-
cessrio. Porm, apesar das frequncias baixas se-
rem menos direcionais, muitos no gostam da sepa-
rao dos graves e sentem uma certa desorientao
em sistemas com subwoofers (eu sou um desses).
uma questo de gosto e costume.
Se voc optar por um sistema com subwoofer, o que
tem se tornado cada vez mais popular, recomen-
dvel utilizar um sistema com bass management,
em que os graves so redirecionados ao subwoofer
e os mdios e agudos aos monitores. Isso garan-
te mais clareza no sistema, especialmente em salas
menores.
importante lembrar que isso s vale para sistemas
em estreo (2.0). Sistemas em surround necessitam
sempre de subwoofers em sua confi gurao.
suBWooFErs
se voc sentir que os seus monitores no tm um resposta boa o sufi ciente nos graves, possvel acrescentar um subwoofer ao seu sistema para compensar
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udio msica e tecnologia | 39
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40 | udio msica e tecnologia
Lucas Ramos tricolor de corao, engenheiro de udio, produtor musical e professor do IATEC. formado em Engenharia de udio pela SAE (School of Audio Engineering), dispe de certificaes oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer. E-mail: [email protected]
EM CASA
aprEnda a ouVir os sEus monitorEs
Durante anos mundo afora, a caixa mais utilizada
como monitor em estdios era a NS-10, da Yamaha.
At uns dez anos atrs, em qualquer pas do mundo
era possvel ver aquelas caixinhas pretas, com woofer
branco, deitadas sobre o console do estdio (procure
na internet por fotos de estdio: garanto que a maio-
ria ter um par de NS-10 sobre a mesa). Longe de
ser flat, na verdade a NS-10 no responde bem nos
graves. No entanto, por ser bastante adequada para
monitorao close-field, era possvel fazer mixagens
boas, e depois, por serem muito utilizadas, as pessoas
sabiam o que soava bem nas NS-10.
Se voc nunca tivesse trabalhado com a NS-10, pro-
vavelmente a sua mixagem teria excesso de graves,
para compensar a resposta de frequncia dos moni-
tores. Mas conhecendo essas caractersticas, poss-
vel utilizar praticamente qualquer monitor dentro de
um padro mnimo de qualidade. A moral da histria,
ento, que preciso ouvir bastante os seus moni-
tores, ou qualquer monitor que voc for utilizar.
Quando vou trabalhar em estdios com os quais no
estou acostumado, sempre levo um CD (sim, eles
ainda existem!) que eu conheo muito bem (pois j
o escuto h mais de 20 anos!) para ouvir atravs do
sistema de monitorao. Se possvel, escuto o CD in-
teiro concentrando e analisando o som que chega aos
meus ouvidos, comparando com a sonoridade que eu
tenho na memria. Com isso, possvel aprender
a ouvir as diferenas e imperfeies de um moni-
tor e acostumar o seu ouvido com as caractersticas
de um sistema de monitorao. similar ideia de
utilizar um CD de referncia em uma mixagem para
comparar com a sua mixagem. necessrio, porm,
utilizar um lbum que voc conhea bem e que tenha
uma qualidade boa. No use MP3, pois a definio
e resposta de frequncia j estaro comprometidos.
Portanto, independentemente do monitor que voc
escolher para o seu estdio, o mais importante es-
tudar a sonoridade e aprender a ouvir os seus mo-
nitores. Ento, no desanime, pois voc no precisa
gastar dezenas de milhares de reais em um monitor
para poder fazer um bom trabalho... Mas tambm
no vai dar pra gastar s dezenas de reais.
Na prxima edio vamos continuar falando sobre
monitores, conhecendo mais sobre eles e aprenden-
do a interpretar algumas especificaes.
Ms que vem tem mais...
At l!
durante anos mundo afora, o monitor mais utilizado em estdios era o ns-10 da Yamaha
e, como podemos ver, sua resposta de frequncias no flat
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udio msica e tecnologia | 41
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DIAGRAMAS POLARES
Prosseguindo em nossa investigao sobre as especifi caes
de microfones, vamos ver outro item muito importante: os
diagramas polares, que, ao lado dos grfi cos de resposta
em frequncia, so os mais importantes para conhecermos
e sabermos o que esperar de determinado microfone.
Lembrando o que j vimos aqui anteriormente, um dia-
grama polar a representao visual da sensibilidade do
microfone de acordo com o ngulo de incidncia da fon-
te sonora. Em portugus claro, ele nos permite saber se
um microfone capta bem ou mal o som vindo de alguma
direo. O grfi co montado usando uma fonte sonora
senoidal em uma certa frequncia e girando a mesma em
torno do microfone, anotando o valor da intensidade de
sada a cada ngulo (na verdade, a coisa feita de um
jeito um pouco mais inteligente, pois se mantm a fonte
fi xa e se gira o microfone).Podemos observar um exemplo
real na gura 1, do Neumann U87.
A primeira coisa que podemos notar que o comportamen-
to do diagrama polar deste microfone (e de qualquer outro)
depende da frequncia. Ento, para economizar espao, e
partindo do pressuposto de que a sensibilidade do microfone
simtrica em relao ao plano perpendicular ao diafragma
(ou seja, a mesma esquerda e direita), cada metade
do grfi co usada para se traar um grupo de curvas. O tipo
de linha identifi ca cada frequncia usada no teste.
Podemos reparar, olhando para a metade esquerda, que
partindo de 1 kHz, onde o comportamento cardioide
tpico, medida que nos deslocamos em direo aos
graves o microfone se torna cada vez mais omni. Ou
seja, quanto mais grave a fonte, maior a tendncia a um
comportamento omnidirecional. No lado direito podemos
ver que medida que subimos na frequncia temos um
comportamento cada vez mais supercardioide, e com um
aumento considervel na sensibilidade lateral.
No caso extremo de 16 kHz, porm, o microfone se torna
extremamente direcional frente, como se pode observar
pela linha pontilhada. Este comportamento tanto nos gra-
ves quanto nos agudos bastante comum, e tem a ver com
os comprimentos de onda envolvidos e com a construo
fsica/eltrica do microfone. interessante notar como no
caso omni e no caso bidirecional a infl uncia da frequncia
bem menor, principalmente nos graves.
Na gura 2 podemos ver o diagrama do DPA 4017, um
microfone tipo shotgun. Neste exemplo vemos as irregula-
ridades no comportamento das curvas, que so tpicas de
microfones com esta funo. Em nome de se privilegiar a
direcionalidade, perde-se um pouco na uniformidade de ga-
nho ao longo de cada curva. Mais uma vez, este comporta-
mento comum nos shotguns, que so usados basicamente
para captao de cinema, TV e broadcast.
Da mesma forma que nos grfi cos de resposta em frequncia,
estes diagramas devem ser interpretados como uma
GRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio Henriques
TCNICAS DE MICROFONAO
GRAvAO | fbio HenriquesGRAvAO | fbio Henriques
COMO LER ESPECIFICAES (PARTE 2)
42 | udio msica e tecnologia
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FIGURA 1
aproximao. No muito produtivo fi car no estdio tentando,
por exemplo, posicionar uma fonte sonora exatamente a 42
do eixo frontal para se obter exatamente 6 dB de atenuao
com um certo microfone. Porm, os diagramas polares podem
ser bem teis em diversas situaes. Por exemplo, podemos
optar por usar retornos de palco posicionados em 120 e 240
ao usar um microfone supercardioide na voz, e apenas um
retorno a 180 se o microfone cardioide.
EQUIvALENT NOISE LEvEL (SELF-NOISE)
a medida do rudo produzido pelo prprio microfone,
quando no incide sobre ele nenhum som. um parme-
tro importante, pois se a fonte a ser gravada possuir baixo
volume, o self-noise pode comear a ser audvel. Assim,
quanto menor o self-noise, melhor. Ele tambm serve como
o valor mnimo usado no clculo da faixa dinmica.
Ao se comparar dois microfones, deve-se prestar muita
ateno ao mtodo de medida que foi usado no clculo des-
te parmetro. Dois mtodos so os basicamente usados:
Medida em dBA usam como referncia o mnimo da audio
humana, usando uma curva de ponderao A, que resulta
em uma medida de rudos que se aproxima da sensibilidade
humana. Como esta ponderao d menos importncia aos
graves, os valores obtidos so menores que na medida abai-
xo. Valores abaixo de 15 dBA so considerados muito bons.
Medida pela norma CCIR 468-3 ou equivalente como
apresenta uma ponderao diferente da A, d resultados
mais elevados (aproximadamente 11 dB acima). Assim, po-
dem ser considerados muito bons os valores de 25 a 30 dB.
Como os microfones dinmicos no possuem circuitos
eletrnicos em seu interior (apenas componentes passi-
vos), no faz sentido a medio deste parmetro, pois da-
ria sempre 0. No devemos nos entusiasmar muito, pois
a ausncia de self-noise acaba compensada pela menor
sensibilidade, como veremos adiante.
As vlvulas so muito mais ruidosas no funcionamento que
os transistores, e, por isso, os microfones valvulados nor-
malmente possuem valores de self-noise maiores. Isto pode
ser observado na tabela da prxima pgina.
SENSIBILIDADE
Expressa a capacidade do microfone de converter energia
acstica em eletricidade (presso acstica em tenso el-
trica). Obtm-se submetendo o microfone a um certo nvel
de presso acstica e medindo-se a tenso eltrica que ele
entrega. Valores maiores de sensibilidade indicam que ser
FIGURA 2
udio msica e tecnologia | 43
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fbio Henriques engenheiro eletrnico e de gravao e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lanados pela editora Msica & Tecnologia. responsvel pelos produtos da gravadora Cano Nova, onde atua como engenheiro de gravao e mixagem e produtor musical.
necessria menor amplificao para se chegar ao resultado.
Normalmente, encontramos a medida em mV/Pa (milivolts
por Pascal, que a unidade de presso), em 1 kHz. Pode-se
observar na tabela a seguir que, embora os microfones di-
nmicos no possuam self-noise, possuem uma sensibilida-
de bem mais baixa. Isso faz com que precisemos amplificar
mais para se obter o mesmo volume, o que acaba facili-
tando a amplificao de rudos de induo eletromagntica.
MXIMO SPL
um parmetro importante para avaliarmos se ser poss-
vel usar um certo microfone em situaes de altos volumes
de captao, como na microfonao prxima de bateria. Ele
mede o valor de presso sonora (SPL) que produz uma certa
Distoro Harmnica Total (THD). O valor tpico desta distor-
o nas medidas 0,5%, que mensurvel, mas no aud-
vel. Alguns usam a medida para 3% THD, que resulta em valo-
res mais altos. Pode ser tambm especificado o valor mximo
antes do clipping (peak), o que tambm vai dar resultados
mais altos. Em resumo, quanto mais alto o valor, melhor, mas
com a ressalva de se levar em conta o mtodo da medida.
Da mesma forma que no self-noise, no faz muito sentido
se falar de mximo SPL em um microfone dinmico porque
no h componentes eletrnicos, e este mximo teorica-
mente se daria quando a bobina chegar a bater no encapsu-
lamento, e provavelmente coisas muito piores que distoro
estaro acontecendo. Por exemplo, o mximo SPL terico
de um SM58 seria de 180 dB. Se levarmos em conta que o
de um avio a jato decolando por volta de uns 150 dB...
FAIXA DINMICA
chamada de faixa dinmica a diferena entre o mnimo e o
mximo valores de nvel que um dispositivo permite. Usan-
do os valores acima podemos calcular a faixa dinmica do
microfone como sendo o mximo SPL menos o self-noise.
RELAO SINAL/RUDO (S/N RATIO)
a medida da diferena entre um valor padro (94 dB
SPL = 1Pa) e o self-noise.
IMPEDNCIA
Sem nos alongarmos muito neste assunto, sobre o qual falare-
mos detalhadamente em breve, normalmente, quanto menor
este valor, melhor. Os valores tpicos esto na casa dos 100 a
200 ohms. A situao desejvel que a impedncia de entra-
da do pr-amplificador seja dez vezes maior que a impedncia
de sada do microfone. Nos casos de prs com impedncia de
entrada varivel, vale a pena tentar diferentes valores, pois
cada um impe uma certa colorao ao som obtido.
Neumann U87
AKG C12 DPA4041 Shure SM58
Tipo Transistor Vlvula Transistor Dinmico
Self-noise (dBA) 13 22 7 -
Sensibilida-de (mV/Pa,
1kHz)28 10 90 1,85
Mx. SPL (dB)
117 (0,5% THD)
128 (3% THD)
126 (1% THD)
-
Faixa dinmi-ca (dB)
105 106 119 -
GRAvAO
44 | udio msica e tecnologia
-
udio msica e tecnologia | 45udio msica e tecnologia | 45
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F NO SOMF NO SOMF NO SOMas difiCuldades e solues enContradas na sonoriZao das iGreJas brasileiras
SONORIZAO | fernando Barros
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udio msica e tecnologia | 47
Considerado um pas religioso, principalmente no que diz respeito f
crist, o Brasil ainda no se tornou referncia na sonorizao de templos.
Para que nossos leitores saibam mais sobre o tema, a AM&T entrevistou
tcnicos especialistas na rea, e estes apontaram as defi cincias e as
possveis sadas para os problemas, alm de apresentarem exemplos de bons proje-
tos de sonorizao de igrejas.
Se o Brasil ainda no tem uma tradio em sonorizao de espaos religiosos,
possvel afi rmar que as difi culdades encontradas pelos tcnicos especializados gi-
ram, principalmente, em torno da inadequao acstica das salas. Em sua maioria,
os templos modernos so adaptaes de prdios que foram construdos com outras
fi nalidades. Nestes ambientes, geralmente em forma de paraleleppedo, h sempre
srios problemas de inteligibilidade, aponta o tcnico de udio David Fernandes, que
desde 1995 atua em treinamento e consultoria, tendo desenvolvido projetos de udio
para diversas igrejas.
O tcnico Aldemir Borges, o Novinho, dono de uma empresa de sonorizao que leva o seu
nome (ou melhor, seu apelido) e que j realizou trabalhos em diversas igrejas, acrescenta
que nem sempre os lderes religiosos esto dispostos a investir no tratamento acstico
destes espaos. Muitas vezes querem que a soluo seja obtida apenas com a aquisio
de equipamentos, afi rma. Para ele, os grandes erros encontrados em projetos de templos
so a escolha de equipamentos inadequados, posicionamento errado de caixas de som,
promessas de solues incompatveis com os valores investidos e falta de treinamento.
muito comum as igrejas comprarem compressores e processadores de efeito sem que
algum saiba, de fato, como us-los, completa David.
J o tcnico Vladimir Ganzerla, que possui vasta experincia em operao de som, j tendo
trabalhado com nomes como Martinho da Vila e o grupo Canto Livre, e que hoje atua na em-
presa Teleponto como especialista tcnico da Electro-Voice, afi rma: comum a falta de um
projeto eletroacstico, e as instalaes so realizadas sem qualquer noo de acoplamento
e alinhamento do sistema.
Ele destaca ainda que a reverberao interna, juntamente com o coefi ciente de absoro
usados nos materiais de acabamento, podem ser pontos negativos para um som inteli-
gvel. H uma preocupao esttica que muitas vezes compromete a funcionalidade do
sistema. Colunas so colocadas em lugares errados, o p direito muitas vezes baixo,
falta revestimento na acstica... Nem as poltronas so escolhidas levando-se em conta o
ambiente, complementa Novinho.
O SOM NO PAS DA F
David Fernandes avalia que h uma evoluo incipiente na qualidade da sonorizao de
templos no pas. Algumas igrejas j entenderam a necessidade de melhorar este quesito,
mas a maioria no. Acredito que as igrejas precisam investir na capacitao dos tcnicos
voluntrios antes de gastar dinheiro com a aquisio de equipamentos. No adianta ter
uma Ferrari se voc no sabe dirigir.
Novinho aponta que j existe uma grande procura por profi ssionais do ramo durante a
elaborao de projetos de edifi cao. Muitas igrejas j decidem, durante a concepo
do projeto do local, o melhor sistema de som para aquele modelo de construo. Dessa
Nov
inho
-
forma, pode-se obter um resultado muito satisfatrio. Os lderes
de igrejas hoje esto mais antenados ao assunto, visitam outros
templos para ter referncia, destaca ele, acrescentando que, em
muitos casos, tentam-se resolver problemas de sonorizao com
a troca de equipamentos. Mas no h milagres nessa rea.
importante ter uma boa relao com os lideres de igreja e fi rmeza
ao apresentar um projeto, pois a igreja investir uma quantia con-
sidervel e aguardar um resultado satisfatrio, pontua Novinho.
Para Vladimir, os lderes das igrejas vm compreendendo a ne-
cessidade de se ter uma boa sonorizao dentro de seu templo,
j que por meio do som que h a disseminao da palavra
pregada, seja por meio de palestras ou de msicas. A relao
com os lderes tem que ser totalmente profi ssional. Apresen-
tamos um pr-projeto e explicamos todas as necessidades e
tambm as difi culdades. Geralmente somos bem sucedidos e
compreendidos, diz ele.
UMA LUZ NO FIM DO TNEL
Para David, a soluo da sonorizao
de templos comea na mudana da
mentalidade dos envolvidos. muito
difcil, d trabalho e leva tempo. Levar
informao s lideranas de igrejas e
aos seus tcnicos fundamental. Te-
nho atuado nisso h vrios anos e ain-
da no notei uma mudana favorvel.
Mas continuo insistindo.
Vladimir acredita que depois de uma
sonorizao feita sem a consulta pr-
via a um especialista, fi ca difcil resol-
ver certos problemas. Quando nos cha-
mam para resolver este tipo de questo,
adequamos o equipamento j comprado
s nossas solues. Inevitavelmente, a
igreja ir gastar mais dinheiro para ade-
quar o equipamento, mas na maioria das
vezes obtm um bom resultado.
No caso de templos antigos com valor ar-
tstico e histrico, o tcnico afi rma que
necessrio ter cuidado para que o equipa-
mento no fi que aparente e no interfi ra
na arquitetura original. Para isso, deve-
mos utilizar sonofl etores em locais distin-
tos