Mudança do paradigma do atendimento do recém nascido e seus … · sendo 19 leitos de alojamento...
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Prefeitura do Município de São Paulo Secretaria Municipal de Saúde
Autarquia Hospitalar Municipal Regional Centro Oeste Hospital Municipal e Maternidade Professor Mário Degni
Mudança do paradigma do atendimento do
recém nascido e seus familiares baseado na
clínica do aconselhamento
Akemi Nagata (responsável pelo projeto) Maria Clara Drummond Soares de Moura
Maria de Fátima Silva Cardoso de Sá Mirtes Franco de Souza Neide Palaia Zupo Giro Nídia de Castro Bastos Raquel Lino Paranhos
Sara Marques de Paula Solange do Espírito Santo
Mudança do paradigma do atendimento do recém
nascido e seus familiares baseado na clínica do
aconselhamento
Público alvo:
Familiares de recém-nascidos e recém-nascidos nesta
maternidade, desde 2002. (cerca de 14500 bebês).
Objetivos, metas e ações:
Através da mudança de paradigma de atendimento baseado na
clinica de aconselhamento, melhorar a qualidade e a eficácia no
atendimento do recém nascido e seus familiares (segundo Mc Kinney,
et al - aconselhamento é definido como uma relação interpessoal na
qual o conselheiro assiste o individuo na sua totalidade psíquica a se
ajustar mais efetivamente a si próprio e ao seu ambiente).
Metas:
Aumento dos índices do aleitamento materno exclusivo e
continuado.
Aumento e melhoria da qualidade do vínculo afetivo mãe-bebê.
Aumento da segurança e qualidade dos cuidados aos bebês
pelos familiares.
Inclusão da rede de apoio dos familiares ao binômio mãe-filho.
Ações:
Treinamento da equipe para o atendimento baseado na clínica
do aconselhamento.
Abertura da maternidade e da Unidade Neonatal para
acompanhantes 24 horas por dia.
Criação do quarto mãe canguru para recém nascidos
prematuros e do quarto de mãe acompanhante, para mães de bebês
que permanecem internados após a alta da mãe.
Criação de grupos educativos diários sobre amamentação.
Criação de ambulatório para atendimento de bebês com risco
para o desenvolvimento físico e psíquico e risco de desmame precoce.
Criação de ambulatório de apoio à amamentação para os
bebês nascidos neste hospital e considerados de baixo risco, porém
suscetíveis a problemas precoces e tardios relacionados à
amamentação.
Recursos
Materiais: TV, vídeo, material educativo, cadeiras e poltronas,
sala de reuniões, balança.
Resultados obtidos
Melhora na qualidade do atendimento
Diminuição do período de internação de RNs.
Famílias mais seguras e competentes nos cuidados do bebê.
Aumento do índice de Aleitamento materno exclusivo e
continuado.
Aspectos inovadores
Utilização de noções de aconselhamento para aumentar a
eficácia no atendimento aos bebês e seus familiares.
Inclusão da família e de sua rede de apoio no tratamento e
cuidados ao recém nascido.
Í N D I C E:
1. Cidadãos e Sociedade
2. Pessoas
3. Processos
4. Resultados
5. Anexos:
CD A: contém:
Fotos ilustrativas das 3 fases do método mãe canguru, atividades quotidianas
do hospital, festas de confraternização de funcionários e ex-pacientes (bebês
e suas famílias que utilizaram o serviço no passado recente).
Vídeo ”O Nome Dela é Sara” - vídeo realizado com máquinas fotográficas
digitais em outubro de 2005, com funcionários e usuários,fazendo parte das
comemorações dos 15 anos do Hospital, em que Sara, o primeiro bebê a
nascer na maternidade, retorna para uma visita.
DVD 1: vídeo: “Canguru 2006” - Clipe com mães e bebês na
unidade neonatal.
DVD 2: vídeo: “O momento Dela”
– Vídeo com o depoimento de uma usuária, que foi apresentado para toda a
equipe do Hospital, com o intuito de sensibilizar a equipe em relação às
importantes mudanças psíquicas e sociais desencadeadas pelo nascimento
de um bebê, e também, como a postura do profissional de saúde pode fazer
diferença neste momento.
DVD 3: vídeo “Aprendendo com a Margarida” realizado em setembro de 2008,
onde uma mãe de gêmeos prematuros com cerca de 10 meses de idade, conta para
2 mães que estão com seus bebês internados na unidade neonatal, como tem sido
sua vida desde o nascimento dos filhos, e deixa claro como se apoderou dos
cuidados dos seus bebês e participa ativamente do tratamento dos dois.
Mudança do paradigma do atendimento do recém
nascido e seus familiares baseado na clínica do
aconselhamento
1. CIDADÃOS E SOCIEDADE
1.1 - Conhecimento das necessidades dos usuários e da sociedade
O hospital e maternidade Prof. Mario Degni presta assistência à
saúde da população da região centro oeste, contando com 81 leitos,
sendo 19 leitos de alojamento conjunto na maternidade, 17 leitos na
Unidade Neonatal, sendo 5 leitos de UTI neonatal: os restantes
distribuídos entre ginecologia, clínicas cirúrgica, médica e UTI adulto..
Desde sua criação o Hospital têm sua atenção focada para a
humanização do atendimento. A partir de 2001, as mudanças
acontecem com maior efetividade, sendo conquistado, então, o Título
de Hospital Amigo da Criança. Concomitante, a equipe encampa as
Normas de Atenção humanizada para recém-nascidos de Baixo Peso –
Método Mãe Canguru.
Todas essas mudanças ocorreram e continuam acontecendo
baseadas, principalmente, na mudança do paradigma do atendimento.
Tradicionalmente o profissional da saúde é treinado para detectar
problemas e resolvê-los; usa, para o seu raciocínio clínico, a queixa
verbalizada pelo paciente, porém nem sempre atinge o problema real
vivenciado por este. A mãe traz a expectativa de uma boa assistência e
da resolução de seus problemas, mas freqüentemente não encontra
espaço para expor seus sentimentos e contextualizar suas dificuldades,
talvez pela falta de domínio do profissional de como fazer a ponte da
teoria à prática. Sendo assim, o momento entre o profissional e a mãe
(que deveria ser vivido na sua plenitude) não se efetiva
satisfatoriamente.
1.2 - Identificação dos serviços prestados
Dentro desse cenário, muitas das necessidades ou por que não
dizer, do problema latente trazido pela mãe, acaba por não ser
entendido: mães inseguras, fragilizadas, descrentes na potencialidade
de seu leite, mães que abandonam a amamentação logo nos primeiros
dias após o nascimento. Mães que abandonam os bebês, maus tratos,
etc, são situações reais que o profissional de saúde acaba tendo que
enfrentar no seu dia-a-dia.
Na tentativa de reverter esta situação limitante e atender a
demanda real da mãe e bebê, fez-se necessário mudar o paradigma do
atendimento: a mãe passa a ser parceira/participante, ela é ouvida,
compreendida, acolhida nas suas necessidades e encontra ajuda na
resolução de suas dificuldades. Segundo McKinney et al.
"aconselhamento é uma relação interpessoal na qual o conselheiro
assiste o indivíduo na sua totalidade psíquica a se ajustar mais
efetivamente a si próprio e ao seu ambiente". É considerado, ainda,
como "ajuda na tomada de decisões das pessoas para resolverem os
seus próprios problemas, abrangendo informações objetivas que
possibilitam uma melhor utilização dos recursos pessoais". Com isso,
propiciamos que esta mãe planeje, tome decisões e se fortaleça para
lidar com pressões, aumentando sua autoconfiança e auto-estima.
Reforçada pela própria mudança de paradigma, a equipe
composta de médicos, psicóloga fonoaudióloga, fisioterapeuta,
enfermeiros, assistente social e auxiliares de enfermagem, mesclam
seus saberes específicos com intensa troca, e a equipe “se ouve”.
Dessa forma a equipe passa a ouvir o cliente.
Ainda dentro dessa perspectiva, a família também é chamada a
participar. O pai é peça importante e é estimulado a participar do
processo. Avós, tios ou qualquer outro acompanhante que tenha
vínculo com a mãe, são importantes dando suporte emocional, ajuda
prática e a inserção do novo membro na dinâmica familiar.
1.3 - Canais de relacionamento com os usuários
São realizados grupos de mães da maternidade todos os
dias, inclusive aos sábados. Na unidade neonatal o grupo acontece
semanalmente. Assim é assegurado o direito da mãe de se colocar,
trazer dúvidas, queixas, sugestões. Caso ela queira, é possível realizar
comunicação por escrito, que será encaminhado para a ouvidoria.
Mantemos o canal do SAC aberto para qualquer situação
que a mãe queira se manifestar.
Além disso a escuta individualizada é condição
indispensável à proposta ora descrita.
1.4 - Métodos para avaliar a satisfação do usuário
Mantemos encontro semestral, aberto a todos os pais e
bebês que foram usuários de nossos serviços, com grande adesão,
onde essa família vem mostrar às mães que estão hoje internadas o
sucesso do processo vivenciado no Hospital.
Mantemos o canal do SAC - Serviço de Atendimento ao
cliente aberto para avaliação do atendimento.
1.5 - Promoção da transparência e do controle social
A unidade neonatal é aberta 24 horas por dia para
permanência da mãe e do pai junto ao bebê.
Foi criado o quarto de mães acompanhantes onde ela
pode permanecer até a alta do bebê, e o quarto mãe canguru, onde
mães e bebês prematuros podem permanecer juntos até a alta.
A parturiente tem direito a acompanhante no pré - parto,
parto e pós parto imediato, ou seja, durante todo o tempo de internação
no hospital.
Todos esses mecanismos são promotores de nossa
transparência, estimulando a participação da comunidade.
2. PESSOAS
2.1 - Forma de avaliação do desempenho, reconhecimento e incentivo
para atingir resultados
Sempre que necessário realizam-se reuniões com os
membros da equipe para discutir casos, temas levantados pelos
funcionários (por exemplo, como lidar com a morte na unidade, a
inclusão dos acompanhantes, dificuldades e problemáticas no
atendimento, a dinâmica das relações humanas, o papel da família no
tratamento do bebê, a importância do pai nos cuidados com o bebê).
Também são debatidos e avaliados os objetivos e metas
do nosso trabalho.
A inclusão dos funcionários, com a socialização dos
conhecimentos faz com que toda a equipe se sinta valorizada e parte
integrante do processo terapêutico. Foi realizado questionário com os
funcionários para conhecermos seu ponto de vista em relação às
mudanças (segue anexo).
2.2 - Capacitação e desenvolvimento dos servidores para executar os
serviços
Todos os funcionários que lidam com o binômio mãe bebê
são capacitados com o Curso de Manejo do Aleitamento Materno com
duração de 20 horas. Já foram realizados Curso de Atenção
Humanizado ao Recém Nascido de Baixo Peso Método Mãe Canguru
promovido para todos os funcionários.
Todos os funcionários do hospital, inclusive as empresas
terceirizadas passam por aulas de amamentação. Anualmente, são
realizadas reciclagem e sensibilizações de temas envolvidos para
melhoria do atendimento. Sempre que necessário realizam-se reuniões
com os membros da equipe para discutir casos, temas que algum
funcionário levante (por exemplo, na ultima discussão foi levantado
como lidar com a morte na unidade, tema que estava angustiando
alguns funcionários). Outros temas já abordados: a inclusão dos
acompanhantes; a prática do atendimento - suas dificuldades e
problemáticas; a dinâmica das relações humanas; o papel da família no
tratamento do bebê; a importância do pai nos cuidados com o bebê,
realização de seminário de clinica de aconselhamento. A inclusão dos
funcionários, com a socialização dos conhecimentos faz com que toda
a equipe sinta-se valorizada e parte integrante do processo terapêutico.
2.3 - Organização dos trabalhos e da equipe para estimular o melhor
desempenho
Todo trabalho desenvolvido pressupõe e está
fundamentado na integração da equipe, tanto no que diz respeito à
atuação transdisciplinar quanto no entendimento de que as ações de
humanização são de responsabilidade de todos os profissionais. Um
exemplo disso, é que hoje, não existe um único profissional
responsável pela decisão da alta hospitalar do paciente, ela se dá no
caso em que a equipe como um todo ache adequado.
O conhecimento compartilhado entre os profissionais é
fator importante e decisivo para a resolutividade dos casos, além de
funcionar como estímulo aos membros da equipe que estão em
constante aprendizado.
As pessoas são respeitadas nas suas dificuldades e
estimuladas a exercer suas potencialidades. É proporcionado para os
diversos membros da equipe, um espaço de fala e escuta, a partir do
qual se torna possível refletir sobre a humanização do atendimento, e
também sobre os sentimentos desencadeados pelo atendimento num
hospital, que frequentemente se deparam com situações extremas, de
sofrimento, vida e morte.
2.4 - Fatores que afetam a motivação, a satisfação, a valorização e o
bem-estar dos servidores
O reconhecimento da importância do aleitamento materno
e de um vínculo mãe-bebê fortalecido na saúde física e mental das
famílias.
Apropriação de novos conhecimentos no local de trabalho.
O reconhecimento social da aquisição do título de Hospital
Amigo da Criança (Ministério da Saúde/ UNICEF) e programa Mãe
Canguru implantado e em funcionamento.
2.5 - Mecanismos para incentivar a participação e envolvimento dos
servidores
Além das reuniões e treinamentos já descritos, espaço de
escuta dos funcionários, ainda é disponibilizada supervisão com as
psicólogas da faculdade de psicologia da USP (Centro de Atendimento
Psicológico) aberta a todo funcionário interessado.
3. PROCESSOS
3.1 - Identificação dos principais processos e seus objetivos
Em relação ao alojamento conjunto, rotinas e normas
foram modificadas, visando o atendimento preconizado.
Na maternidade, diariamente um membro da equipe
multidisciplinar faz uma visita para observar o binômio mãe filho nos
aspectos: amamentação, saúde, cuidados com o bebê e vínculo
afetivo.
Usando as noções de aconselhamento – empatia, apoio
ouvir e entender – o relacionamento profissional - mãe é fortalecido, e
este vínculo passa a ser o diferencial no atendimento. A ajuda prática é
fundamental. Quando detectada dificuldade, e não sendo possível
saná-las até a alta, é marcado retorno no ambulatório. Este ambulatório
é breve, até atingirmos resolutividade do problema.
Todos os profissionais foram treinados e usam suas
capacidades para detectar os problemas nestas esferas e
compartilham suas impressões com o restante da equipe para
promover um adequado atendimento.
Os procedimentos com os bebês são explicados para a
mãe e realizados na presença dela (coleta de exames, vacinas, teste
do pezinho). Diariamente é realizado um grupo de mães e
acompanhantes baseado, também, na clínica do aconselhamento, cujo
tema principal é a amamentação.
A certidão de Nascimento é disponibilizada gratuitamente
nas dependências do Hospital.
O hospital participa do projeto Mãe Paulistana, com
distribuição de enxoval de bebê e folheto contendo orientações sobre
aleitamento materno para todas as mães.
As mães e bebês que residem na região do hospital, já tem
suas primeiras consultas nas UBS agendadas no momento da alta.
As crianças que fazem parte das famílias dos binômios
mãe-bebê que se encontram internados no hospital, são muito bem
vindas durante os horários das visitas.
3.1.a - Na unidade neonatal
A unidade neonatal é aberta 24 horas para a presença dos
pais e estes são estimulados a permanecer o maior tempo possível na
unidade. Logo nas primeiras seis horas após o nascimento um membro
da equipe acompanha a mãe para a primeira visita ao bebê. O mais
precoce possível o bebê é colocado pele a pele com sua mãe (ainda na
UTI). A manutenção da lactação através da ordenha é ensinada à mãe
e ajuda prática é proporcionada. Atenção especial é dada ao vínculo
mãe bebê. Noções de aconselhamento são utilizadas para o
atendimento, criando um adequado vínculo mãe - profissional.
Semanalmente é realizado grupo de mães e familiares da
Unidade, no qual são discutidos assuntos como o próprio método mãe
canguru, angustias e ansiedades maternas e/ou familiares, aleitamento
materno, etc. A rede de apoio familiar - avós ou tios ou parentes - são
convidados a participar do processo, dando suporte a esta mãe. Irmãos
dos bebês podem fazer visita monitorada pela psicóloga. Assim que o
bebê tenha condições clínicas, a mãe é incentivada a se reinternar,
ficando junto com ele no quarto canguru, propiciando segurança nos
cuidados com seu bebê.
3.1.b - Ambulatório de Aleitamento Materno
Todo bebê, na alta hospitalar, terá um retorno agendado
em no máximo 5 dias. O objetivo desta consulta é avaliar a alimentação
do bebê, condições gerais, cuidados com o bebê, e dificuldades que a
mãe possa estar tendo em relação ao bebê logo nos primeiros dias em
casa.
3.1.c - Ambulatório Canguru
Acompanhamento do binômio mãe-bebê, após a alta
hospitalar dos bebês de baixo peso (<2500g) ou com patologia que
signifique risco. Inicialmente com 3 retornos semanais, que irão se
espaçando de acordo com a evolução do bebê e necessidades da
mãe.
3.2 - Mecanismos de controle e medição do desempenho dos
resultados dos processos
Abaixo estão descritas medidas usadas para avaliar o
desempenho das várias ações realizadas:
- levantamento do número de bebês que no momento da
alta hospitalar já receberam vacinação adequada (BCG e hepatite B).
- levantamento do número de bebês que já tem seu
Registro de Nascimento em cartório pronto no momento da alta.
- registro de elogios e queixas no SAC (serviço de
atendimento ao cliente) do hospital.
- entrevistas semestrais realizadas por amostragem com
familiares de bebês de baixo peso que permaneceram internados na
unidade neonatal.
- depoimentos individuais de usuários (vide filme: “O
momento dela”).
- questionário respondido por funcionários (vide modelo).
- dados oficiais de mortalidade perinatal e infantil na região.
- dados oficiais da prevalência de aleitamento materno na
cidade e região.
- avaliação precoce da adesão ao aleitamento materno,
através dos dados obtidos no ambulatório de aleitamento.
- monitoramento da adesão aos ambulatórios de
aleitamento e canguru.
- reuniões de equipe onde são levantados problemas e
dificuldades gerais e individuais.
- intercâmbio de informações com o ambulatório de
especialidades Peri-Peri, que é responsável pelo acompanhamento a
médio prazo dos bebês de risco egressos do hospital. Através de
reuniões com equipes dos dois serviços, temos informações a respeito
dos vínculos familiares, duração do aleitamento materno, e
desenvolvimento das crianças que utilizaram nosso serviço.
- avaliação dos dados de mortalidade do hospital.
3.3 - Desenvolvimento de parcerias
A concepção do projeto já prevê que as mudanças terão
impacto muito maior se a iniciativa incluir outros equipamentos da
região. A troca de conhecimentos e informação é fundamental para
a grandeza dos resultados. Pensando nisso, as relações entre os
outros equipamentos de saúde da região e o hospital tem sido
estreitadas progressivamente. Mais recentemente iniciamos
encontros com outros equipamentos de interesse, como a
Universidade, que já tem se mostrado muito ricos e nos enchem de
expectativas. Descrevo a seguir como são estas parcerias.
3.3.a - Ambulatório de especialidade Peri-Peri
O acompanhamento ambulatorial diferenciado é
fundamental para bebês de risco. Não cabe aqui detalhar como um
bebê que sofreu um agravo, no início da vida, pode se beneficiar,
com a detecção precoce de problemas e estimulação adequada.
Como o nosso serviço é referência para gestações de alto risco,
estamos preparados para atender crianças com patologias graves
na UTI e unidade neonatal. Temos ciência da importância do
acompanhamento pluridisciplinar nos meses subseqüentes à alta
hospitalar destes bebês. Neste sentido se deu a parceria com o
ambulatório de especialidades da região, que na sua composição,
tem os seguintes profissionais: Médicos (pediatra, cardiologista,
neurologista, geneticista, oftalmologista), fonoaudiólogo, psicólogo,
terapeuta ocupacional. A equipe do ambulatório aderiu firmemente
ao projeto, e hoje percebemos que profissionais priorizam o
atendimento dos bebês de risco, sendo que vários aprimoraram
seus conhecimentos nesta área específica. Além disso,
organizamos as informações, com possibilidade de agendamento
com os profissionais, em curto prazo, feito a partir do hospital (o
bebê sai do hospital com consulta marcada). Quando é necessário,
profissional do ambulatório se desloca até o hospital para avaliar um
bebê.
3.3.b - UBSs da região
Os treinamentos e palestras realizados no hospital
prevêem a participação de profissionais das UBSs, os quais
costumam comparecer. O hospital é referência em aleitamento
materno na região oeste da cidade. Equipes de todas as UBSs do
Butantã receberam treinamento de 20 h sobre o manejo do
aleitamento, organizado e ministrado pela equipe do Hospital Mário
Degni. Este mesmo treinamento também é ministrado na própria
UBS, caso essa seja a melhor opção para os servidores. A partir de
um melhor entrosamento entre as unidades, hoje é possível que
mães e bebês tenham suas consultas nas UBSs já agendadas no
momento da alta hospitalar.
3.3.c – Cartório
O cartório da região realiza o registro de nascimento
gratuito dos bebês, durante a internação. Para tanto, disponibilizou
um funcionário com perfil adequado para o trabalho intra-hospitalar,
no horário que a equipe julga adequado.
3.3.d - Parceria com a faculdade de psicologia da USP
A equipe chefiada pela Dra. Yara Saião oferece supervisão
à toda a nossa equipe, com encontros mensais, desde o primeiro
semestre de 2007. Os encontros acontecem nas dependências da
faculdade de Psicologia da USP, com a participação da
enfermagem, equipe médica, psicólogo, fonoaudiólogo,
fisioterapeuta e assistente social.
3.4 - Uso eficiente dos recursos disponíveis
Como em outros serviços públicos de assistência, os
recursos disponíveis são reduzidos, o que obriga a equipe a usar (e
abusar) da criatividade. Não temos acesso a nenhum recurso
orçamentário. Nosso principal recurso é humano. A partir de um
grupo de profissionais que foram reunidos no Hospital Mário Degni
pelos mais diversos motivos, hoje se constitui uma equipe
diversificada que organiza e dá conta de todos os processos já
descritos. Para que o atendimento aos usuários seja o mais
uniforme possível, é comum que profissionais alterem seu turno de
trabalho para manter o apoio aos pacientes durante os fins de
semana. Os treinamentos também são realizados de forma que
sejam acessíveis a profissionais de todos os turnos. Sempre que os
gestores oferecem cursos e treinamentos relacionados ao nosso
tipo de trabalho, enviamos profissional da equipe que repassa aos
outros os novos conhecimentos. Rotineiramente, de formas
diversas, são organizados encontros de sensibilização com todos
os funcionários do Hospital, com o intuito de disseminar e
esclarecer questões relacionadas com o atendimento baseado no
Aconselhamento.
Com relação aos recursos físicos (planta física, mobiliário,
equipamentos) tentamos tirar melhor proveito possível do que está
disponível, já que não temos autonomia de compra de material ou
alteração de planta física. Organizamos a grade de ambulatórios e
grupos cuidadosamente para que exista profissional, cadeiras e
espaço físico disponíveis, visto que o hospital tem poucos espaços
capazes de comportar mais de 4 pessoas reunidas. Para tanto os
atendimentos ambulatoriais são realizados em grupo, numa única
sala, que é a mesma usada nos grupos de gestantes, puérperas,
pais de bebês internados, e reuniões de equipe.
Contamos também com habilidades específicas de vários
funcionários que colaboram espontaneamente, como canguru
voluntário (no caso de bebê sem familiares), trabalhos manuais com
pais acompanhantes, decoração de salas (pintura de paredes),
documentação (fotografia e filmagem), empréstimo de equipamento
para treinamentos (por exemplo, aparelhos de som e DVD).
4. RESULTADOS
4.1 - Alguns resultados alcançados:
- o hospital é hoje referência de aleitamento materno da
região Oeste da cidade de São Paulo.
- o nosso hospital é Amigo da Criança, título concedido
pela Organização Mundial da Saúde – UNICEF e Ministério da Saúde.
- todas as Unidades Básicas de Saúde do Butantã foram
treinadas com o Curso sobre Manejo do Aleitamento Materno pela
equipe do hospital, com duração de 20 horas.
- a amamentação e o bem estar do binômio mãe bebê são
critérios de alta hospitalar.
- o tempo de internação dos bebês prematuros na unidade
neonatal diminuiu, pois atualmente a alta hospitalar é dada com peso
aproximado de 1.800 gramas, quando mãe e bebê participam do
Método Mãe Canguru.
- a inclusão do acompanhante, 24 horas por dia, acontece
no pré-parto, parto, pós parto e na unidade neonatal.
- quarto canguru, com 2 leitos, onde mãe e bebê de baixo
peso permanecem juntos.
- quarto acompanhante, com 4 poltronas, para mães com
bebês internados na Unidade Neonatal.
- realização de grupos educativos sobre amamentação,
que se reúnem diariamente.
- ambulatório de amamentação, com agendamento de
todas as mães que tiveram seu bebê na maternidade.
- ambulatório de bebês de risco quanto a amamentação e
dificuldade de vínculo mãe- bebê.
- ambulatório de bebês prematuros e ou de baixo peso,
sendo acompanhados até o peso de 2.500 gramas.
- agendamento garantido a todos os bebês de risco e
prematuros no Ambulatório de Especialidades Peri Peri.
- agendamento, já no momento da alta, da primeira
consulta de puericultura nas UBSs da região.
- cerca de 80 % dos bebês se beneficiam com a certidão
gratuita de nascimento.
4.1.1 - Dados de 2007:
4.1.1.a - em relação ao programa mãe canguru:
- nº de nascidos com peso menor que 2.000 gramas: 71
RNs.
- nº de óbitos: 9 RNs.
- nº de atendidos no programa canguru: 62 RNs.
- alta em aleitamento materno exclusivo: 47 RNs – 75,8%
- alta em aleitamento misto: 10 RNs – 16,1%
- adesão ao método canguru: 53 RNs – 74,6%
4.1.1.b - em relação ao ambulatório de canguru:
- nº de atendimentos: 262 binômios mãe bebê
- óbito durante o acompanhamento: 0
- reinternação durante o acompanhamento: 0
4.1.1.c - em relação aos grupos de aleitamento no Alojamento Conjunto:
- participaram do grupo 986 mães e 205 acompanhantes num
total 1191.
4.1.1.d - em relação ao grupo de gestantes:
- foram orientadas 109 gestantes.
4.1.1.e - em relação ao ambulatório de aleitamento:
- foram realizadas 286 consultas.
4.1.2 - Dados de 2008:
4.1.2.a - em relação aos grupos de aleitamento no Alojamento Conjunto:
- participaram do grupo 567 mães e 123 acompanhantes num
total 690.
4.1.2.b - em relação ao ambulatório de aleitamento:
- foram realizadas 378 consultas.
5 - Tabelas e Gráficos:
5.1 – Adesão ao método mãe canguru X tempo em anos
Ano Adesão ao método canguru, para RNs < 2000 gramas
2003 85,7%
2004 85,5%
2005 85,5%
2006 95,0%
2007 74,6%
5.2 - Tipo de aleitamento X tempo em anos para RNs com peso de nascimento menor que 2.000 g
Ano 2003 2004 2005 2006 2007
Materno exclusivo 87,5% 89,5% 90,0% 85,0% 75,8%
Misto 12,5% 1,5% 5,0% 14,0% 16,1%
Artificial 0,0% 9,0% 5,0% 1,0% 8,1%
2003 2004 2005 2006 200730,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
85,7% 85,5% 85,5%
95,0%
74,6%
Adesão ao método canguru, para RN < 2000g
5.3 – Duração do aleitamento materno exclusivo em RNs. com peso de nascimento menor que 2.000 gramas no ano de 2.004
Duração % aleitamento exclusivo
até 3 meses 8,3%
até 4 meses 29,1%
até 5 meses 20,8%
até 6 meses 41,6%