Motivação para a poesia
Transcript of Motivação para a poesia
TUDO AO CONTRÁRI0
• O menino do contra• queria tudo ao contrário:• deitava os fatos na cama• e dormia no armário.• Das cascas dos ovos fazia uma omelete;• para tomar banho usava a retrete.• Andava, corria de pernas para o ar;• se estava contente, punha-se a chorar.• Molhava-se ao sol,• secava na chuva • e em cada pé usava uma luva.• Escrevia no lápis com um papel;• achava salgado o sabor do mel.• No dia dos anos teve dois presentes:• um pente com velas• e um bolo com dentes.
Abecedário sem juízo• A é a Ana, a cavalo numa
cana.
• B é o Beto, quer armar em esperto.
• C é a Cristina, nada fora da piscina.
• D é o Diogo, com chichi apaga o fogo.
• E é a Eva, olha o rabo que ela leva.
• F é o Francisco, come as conchas do marisco.
• G é a Graça, ai mordeu-lhe uma carraça!
• H é a Helena, é preta, diz que é morena.
• I é o Ivo, põe na mosca um curativo.
• J é o Jacinto, faz corridas com um pinto.
• N é o Napoleão, dorme dentro do colchão.
• O é a Olga, todos os dias tem folga.
• P é a Paula, entra de burro na aula.
• Q é o Quintino, que na missa faz o pino.
• R é o Raul, a beber a tinta azul.
• S é a Sofia, engasgada com uma enguia.
• T é a Teresa, come debaixo da mesa.
• U é o Urbano, que caiu dentro do cano.
• V é a Vera, com as unhas de pantera.
A minha casinha
FIZ UMA CASINHA DE CHOCOLATE, TAPEI-A POR CIMA COM UM TOMATE. PUS-LHE UMA JANELA DE REBUÇADO E MAIS UMA PORTA DE PÃO TORRADO. PUS-LHE UM CHUPA-CHUPA NA CHAMINÉ A FAZER DE NEVE, AÇUCAR PILÉ A MINHA CASINHA BEM SABOROSA… COMI-A AO ALMOÇO, SOU TÃO GULOSA!
» Luísa Ducla Soares
A língua do nhem• Havia uma velhinha
que andava aborrecidapois dava a sua vidapara falar com alguém.
• E estava sempre em casaa boa velhinharesmungando sozinha:nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
• O gato que dormiano canto da cozinhaescutando a velhinha,principiou também
• a miar nessa línguae se ela resmungava,o gatinho a acompanhava:nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
• Depois veio o cachorroda casa da vizinha,pato, cabra e galinhade cá, de lá, de além,
• e todos aprenderama falar noite e dianaquela melodianhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
• De modo que a velhinhaque muito padeciapor não ter companhianem falar com ninguém,
• ficou toda contente,pois mal a boca abriatudo lhe respondia:nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
• Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo, Nova Fronteira