MONOGRAFIA PGR
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL
DEPARTAMENTO DE CINCIAS EXATAS E ENGENHARIAS
Curso de Ps Graduao Lato Sensu em Engenharia de Segurana do Trabalho
ANDR LUIS BUDKE
ELABORAO DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) EM
PEDREIRA
Santa Rosa/RS
2012
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ANDR LUIS BUDKE
ELABORAO DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) EM
PEDREIRA
Monografia do Curso de Ps Graduao Lato Sensu em
Engenharia de Segurana do Trabalho apresentado como
requisito parcial para obteno de ttulo de Engenheiro de
Segurana do Trabalho.
Orientador: Cristina Eliza Pozzobom
Santa Rosa/RS
2012
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ANDR LUIS BUDKE
ELABORAO DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) EM
EMPRESA DE BASALTO
Monografia defendida e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora.
Banca examinadora:
________________________________________
Professora Cristina Eliza Pozzobom
Eng. de segurana do trabalho - Orientadora
________________________________________
Professor Fernando Wypyzynski
Eng. de segurana do trabalho
Santa Rosa, 10 de abril de 2012
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Dedico esta monografia aqueles que, de alguma forma,
contriburam para a sua concretizao, em especial ao
proprietrio da empresa em estudo e aos meus
professores, familiares e amigos que muito
contriburam para o progresso dos estudos.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a todos que de alguma forma, colaboraram para a realizao deste trabalho,
em especial:
Aos meus pais pelo apoio e compreenso oferecida.
A Professora Cristina Eliza Pozzobom, pela orientao fornecida no decorrer da
realizao deste trabalho.
Agradeo ao proprietrio da empresa em estudo, o Sr. Antonio Felipe Cereser que
forneceu todas as informaes necessrias para a realizao desta monografia.
Aos demais professores, funcionrios e colegas do curso de Ps Graduao em
Engenharia em Segurana do Trabalho da UNIJUI e demais colaboradores pelo apoio e
colaborao que prestaram.
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RESUMO
Com a concentrao predominante na regio metropolitana de So Paulo o setor de minerao
de pedras britadas chama a ateno de empresas de grande porte e de investidores por ser um
setor de alta movimentao financeira. Paralelamente esta o setor de construo civil que no
momento o lder no consumo de pedras britadas. Estando em evidncia por fazer parte de
um grupo relevante de empresas com risco de acidente de trabalho e doena ocupacional alto
(grau de risco 4), nota-se a importncia de um sistema preventivo de doenas, acidentes e
perturbaes funcionais em colaboradores do setor. A partir de outubro de 2002, a Norma
Regulamentadora 22 (NR 22: Segurana e Sade Ocupacional na Minerao) trabalha para
disciplinar os preceitos de organizao nos meios de trabalho nas indstrias mineradoras.
Atrelado a NR 22 entrou em vigor, no mesmo momento, a obrigatoriedade das indstrias
mineradoras a Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), elaborado a partir da
identificao e controle dos riscos. Tendo em vista a complexidade do setor, buscou-se, com
essa monografia, avaliar e discutir os riscos presentes nas operaes e no processo produtivo
de pedra britada em uma mina a cu aberto e propor medidas de controle para elaborao do
PGR. O desenvolvimento da pesquisa envolveu a identificao dos principais riscos
associados s operaes de britagem e peneiramento, por meio de medies in-loco de alguns
agentes fsicos e qumicos e por anlise de registros da empresa. Os resultados obtidos foram
decisivos para a determinao das medidas de controle adequadas para a melhoria das
condies de sade e segurana dos trabalhadores e para a elaborao do Programa de
Gerenciamento de Risco (PGR).
Palavras-chave: Gerenciamento, Minerao, Riscos;
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SUMRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 5
RESUMO ................................................................................................................................... 6
INTRODUO ........................................................................................................................ 8
1. REFERENCIAL TERICO ..................................................................................... 10
1.1 NORMA REGULAMENTADORA 22: SEGURANA E SADE OCUPACIONAL NA MINERAO .................................................................................................................................................. 10 1.2 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCO (PGR) ................................................................... 11 1.2.1 Elaborao do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) ....................... 12 1.3 DEFINIO DE RISCOS .......................................................................................................................... 13 1.3.1 Riscos fsicos: ............................................................................................................. 13
1.3.2 Riscos qumicos: ......................................................................................................... 13
1.3.3 Riscos Ergonmicos ................................................................................................... 13 1.3.4 Riscos de acidentes: ................................................................................................... 14
2. METODOLOGIA ....................................................................................................... 15
2.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA ....................................................................................................... 15 2.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA ....................................................................................................... 15 2.2.1 Procedimento de coleta e interpretao dos dados .......................................... 15 2.2.2 Estudo de caso ..................................................................................................... 15 2.2.3 Identificao da empresa ................................................................................... 17 No quadro 1, a seguir apresentam-se os dados de identificao da empresa. ............... 17
Quadro 1 Dados de identificao da empresa ............................................................... 17
3. APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ......................................... 18
3.1 RISCOS EXISTENTES NO SETOR BRITAGEM. ................................................................................ 18 3.2 SUGESTES DE MELHORIAS ............................................................................................................ 22
CONCLUSO ......................................................................................................................... 24
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................................. 25
ANEXO .................................................................................................................................... 26
PGR- PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (DOCUMENTO BASE) .................................... 26
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INTRODUO
A minerao de rochas (britadas) e de cascalho movimentou, em 2005, mais de 1,7
bilhes de reais, segundo dados do Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM,
2011).
Com grande probabilidade de acidente, as indstrias extrativas esto investindo
consideravelmente em segurana do trabalho, principalmente em controlar os riscos
ocupacionais do setor. Estes acidentes de trabalho esto chamando a ateno das autoridades,
dos especialistas e dos prprios empreendedores, que passam a se preocupar com seus
trabalhadores.
A preocupao com a segurana e sade dos trabalhadores no setor de extrao
mineral tem aumentado significativamente em funo da conscientizao de empregadores e
empregados quanto preservao da sade e da integridade fsica dos trabalhadores,
buscando respeitar s novas legislaes, e tambm no intuito de reduzir os indicadores de
acidentalidade do setor.
Dos acidentes ocorridos no setor, estima-se que aproximadamente 90% caracterizam-
se como acidente tpico, ocorrido no ambiente de trabalho, com motivos variveis sendo
mquinas e equipamentos os campees em probabilidade de acidentes.
A importncia do setor significativa, aliada a movimentao financeira envolvida na
atividade, servem como alerta para os rgos fiscalizadores que h poder de investimento.
Sendo assim, investimento em segurana e sade dos trabalhadores de suma importncia
para justificar e comprovar que h monitoramento de risco ambiental e que h medidas de
controle sendo implantadas para comprovao de investimentos na rea de Segurana e Sade
no Trabalho (SST).
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As empresas de minerao so classificadas pelo Ministrio do Trabalho e Emprego
(MTE) atravs da Norma Regulamentadora (NR) 04, quadro 1, como empresa de grau de
risco 4, assim, estas empresas so consideradas para o MTE como empresas com exposies
de trabalhadores a riscos ambientais e com probabilidade alta de acidente de trabalho.
Atravs de polticas nacionais de segurana e sade de trabalhadores e em virtude de
punies mais severas aplicadas pelos rgos fiscalizadores esta havendo uma
conscientizao das empresas e de seus empregados, mudando o panorama de segurana do
trabalho no Brasil. Muitos empregadores esto conscientes que a rea de segurana e sade
dos trabalhadores no serve apenas para cumprir a legislao e como um investimento que d
frutos, ou seja, quando investimos em segurana do trabalho notamos retorno em cargas
tributrias menores, satisfao de colaboradores maiores e conseqentemente produtividade
maior.
A legislao especifica para empresas mineradoras se atualiza em passos lentos porm
a fiscalizao deixa de ser atuante e rigorosa. Tais fatores contribuem para uma melhoria nas
condies de sade, higiene e segurana no setor.
Uma poltica de Sade e Segurana do Trabalho (SST) contribui para o
estabelecimento de mudanas e melhorias, j que promove um maior comprometimento da
gerncia da empresa (LIMA, C. Q. B., 2002).
A Norma Regulamentadora 22 (NR-22: Segurana e Sade Ocupacional na
Minerao) determina a elaborao do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR),
obrigando as empresas do setor de minerao a agirem de modo preventivo, garantindo,
assim, a sade e a segurana dos trabalhadores (BARREIROS, C., 2002).
Dessa forma, a identificao e o controle dos riscos so imprescindveis para a
preveno e para o PGR.
O objetivo desse trabalho avaliar e discutir os riscos presentes nas operaes
unitrias do processo produtivo de pedra britada em uma mina a cu aberto e elaborar o PGR,
mantendo as empresas em acordo com as normas regulamentadoras vigentes.
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1. REFERENCIAL TERICO
1.1 NORMA REGULAMENTADORA 22: SEGURANA E SADE
OCUPACIONAL NA MINERAO
As NRs (Normas Regulamentadoras) do MTE tm o objetivo de fornecer parmetros
bsicos para garantir a segurana e a sade do trabalhador no desenvolver de seus trabalhos,
descrevendo diretrizes bsicas para as empresas de cumprimento devido e efetivo pelas
mesmas.
A NR 22 no foge desse foco, tendo como objetivo disciplinar os preceitos a serem
observados na organizao e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatvel o
planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da
segurana e sade dos trabalhadores. (Portaria 3.214/78, MTE, NR 22, Item 22.1.1).
Logo, em seguida, a mesma classifica as reas especficas de minerao, sendo o
objeto de estudo, beneficiamento mineral, onde esta norma responsvel por ditar as regras
bsicas para garantir a integridade fsica e a sade do trabalhador neste ramo de atividade
econmica.
No que tange a questo das responsabilidades, a NR 22 descreve, em seus itens, as
responsabilidades das partes envolvidas nas atividades (empregador, empregado, responsveis
tcnicos) deixando claras as obrigaes de cada.
Conforme o item 22.3.7.1.3 desobrigam-se da exigncia do Programa de Preveno de
Riscos Ambientais (PPRA) as empresas que implementarem o Programa de Gerenciamento
de Riscos (PGR).
Muitos itens descritos na NR 22 no serviro de estudo, pois, como a norma ampla
no mbito da minerao a mesma descreve itens especficos para trabalhos em minas
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subterrneas, minas em cu aberto, garimpos e em pesquisa mineral, e estes itens no cabem
ao beneficiamento de minerais.
O treinamento destaque nesta norma, exigindo que todos os funcionrios das
empresas mineradoras sejam submetidos a treinamentos especficos para o desenvolvimento
dos trabalhos.
1.2 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCO (PGR)
O termo gerenciamento de riscos caracteriza o processo de identificao, avaliao e
controle de riscos ambientais (fsicos, qumicos e biolgicos) presentes nos processos
produtivos. De modo geral, o gerenciamento de riscos pode ser definido como sendo a
formulao e a implantao de medidas e procedimentos, tcnicos e administrativos, que tm
por objetivo prevenir, reduzir e controlar os riscos, bem como manter uma instalao
operando dentro de padres de segurana considerados tolerveis e aceitveis conforme
legislao vigente.
O objetivo principal do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) prevenir a
ocorrncia de acidentes que possam causar danos aos trabalhadores e ao meio ambiente e
reduzir sua severidade, quando um evento desta natureza ocorrer.
Os riscos ocupacionais encontrados neste tipo de trabalho so muito variveis,
destacando o tipo de material a ser lavrado, a formao geolgica do mineral, o percentual de
slica livre presente no material lavrado, a presena ou no de gases, a presena ou no de
gua e, principalmente, os mtodos de lavra, materiais e equipamentos usados para este fim;
tipo e condies de funcionamento das mquinas empregadas para o beneficiamento deste
material.
No que tange as responsabilidades dos empregadores, so as mesmas previstas no Art.
158 da CLT, alm das descritas pela NR 22, sendo o principal o cumprimento do disposto na
prpria NR 22: interromper toda e qualquer atividade que exponha os trabalhadores a
condies de riscos graves e eminentes para a sua sade e segurana, coordenar a
implementao das medidas relativas segurana e sade dos trabalhadores da empresa e das
empresas contratadas, elaborar e implementar o PCMSO (NR 7 - Programa de Controle
Mdico de Sade Ocupacional), elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de
Riscos (PGR), contemplando os aspectos da NR 22.
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1.2.1 Elaborao do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR)
O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) previsto na NR 22 deve ter como
contedo mnimo o levantamento de risco detalhado (fsico, qumico e biolgico); ventilao;
proteo respiratria; ergonomia; risco decorrente da utilizao de energia eltrica, do
trabalho em altura de mquinas e equipamentos; risco decorrente do trabalho com veculos de
transporte; equipamento de proteo individual de uso obrigatrio; estabilidade do macio e;
no que tange a gesto dos supracitados, a investigao e anlise de acidente e incidentes do
trabalho.
As etapas de organizao do PGR tm como atividade principal a antecipao e
identificao das atividades e fatores de riscos, monitorao do risco detectado e avaliao
dos trabalhadores expostos aos riscos, estabelecimentos de prioridades, cronograma de ao e
tambm de metas, acompanhamento peridico das medidas de controle propostas pelo PGR,
forma de registro e manuteno dos dados e avaliao peridica do programa.
H similaridade entre o PGR e o PPRA (Programa de Preveno de Riscos de
Ambientais). O PGR inclui todas as etapas do PPRA, por isso o subitem 22.3.7.1.3 da NR 22
desobriga as empresas de minerao da exigncia do PPRA em funo da obrigatoriedade de
implementar o PGR.
A NR 22 no determina a qualificao do profissional que pode elaborar e implantar o
PGR, entretanto, para atender ao nvel de complexidade exigido, no h dvida que somente
um profissional dos Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do
Trabalho (SESMT) ser capaz de elaborar este programa com consistncia e qualidade. (SESI
2012).
Alm disso, a existncia do Art. 195 da CLT, leva a acreditar que somente laudos
ambientais assinados por Engenheiros de Segurana do Trabalho e/ou Mdicos do Trabalho
tero validade legal em caso de litgios trabalhistas no campo da insalubridade e da
periculosidade.
O PPRA deve ser reavaliado no mnimo uma vez ao ano ou quando ocorrerem
modificaes no processo de trabalho, conforme subitem da NR 9. J a NR 22 no define
explicitamente o perodo de validade do mesmo.
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1.3 DEFINIO DE RISCOS
Riscos so as diversas situaes ou condies que podem causar danos segurana e
sade dos trabalhadores.
1.3.1 Riscos fsicos:
So as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais
como: rudo, vibraes, presses anormais, temperaturas extremas, radiaes ionizantes,
radiaes no-ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som. Constantes na NR 15
Atividades e Operaes Insalubres, Anexos N 1 a 10.
Na minerao a exposio a nveis elevados sem devida proteo pode causar perdas
auditivas irreversveis (SCHRAGE, 2005).
1.3.2 Riscos qumicos:
So as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratria, nas formas de poeiras, fumos, nvoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposio, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo
atravs da pele ou por ingesto. Constantes na NR 15, Anexos N 11 a 13.
Na minerao a poeira de slica pode provocar a silicose, principal doena pulmonar e
uma das maiores preocupaes ocupacionais (GRUENZNER, 2006; GABAS, 2008).
1.3.3 Riscos Ergonmicos
A ergonomia considera que o ambiente de trabalho deve ser adequado ao homem,
portanto, cada posto de trabalho deve ser adaptado ao trabalhador no desenvolvimento de suas
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atividades. So considerados agentes ergonmicos aqueles cuja relao do trabalho com o
homem causam desconforto ao mesmo, podendo causar danos sua sade, tais como esforo
fsico intenso, postura inadequada, ritmos excessivos, monotonia e repetitividade e outros
fatores que possam levar ao stress fsico e/ou psquico. Constam na NR 17 Ergonomia.
1.3.4 Riscos de acidentes:
O risco de acidente decorrente de situao inadequada no local de trabalho,
resultando em leso corporal e/ou traumas emocionais. Os riscos de acidentes esto presentes
em equipamentos, dispositivos, ferramentas, produtos, instalaes, protees e outras
situaes de risco que possam contribuir para a ocorrncia de acidentes durante a execuo do
trabalho devido ao uso, disposio ou construo incorreta.
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2. METODOLOGIA
2.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA
Esta pesquisa caracteriza-se como de anlise, reconhecimento, identificao e
quantificao dos riscos ambientais existentes no setor de britagem em uma pedreira.
Est uma pesquisa in loco, qualitativa e indutiva, onde a mesma se caracteriza como
quali/quantitativa pelo fato de ser direcionada a obteno de dados descritivos mediante
contato direto com o objeto de estudo, neste caso o setor de britagem da empresa.
A mensurao dos riscos, como rudo, calor, iluminncia e poeiras respirveis se deu
de forma quantitativa os demais riscos foram avaliados de forma qualitativa e indutiva, em
funo da anlise e entendimento do processo de trabalho da empresa.
2.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA
2.2.1 Procedimento de coleta e interpretao dos dados
Inicialmente realizou-se entrevista com os colaboradores do setor para a descrio das
atividades e identificao dos riscos. Posteriormente, a aferio de rudo, calor, iluminncia e
poeiras respirveis, tambm foi realizado registro fotogrfico do ambiente de trabalho.
Aps, foi realizada pesquisa bibliogrfica e comparao de dados com as descries
dos colaboradores.
2.2.2 Estudo de caso
O estudo de caso foi desenvolvido em uma pedreira na cidade de Trs de Maio/RS no
setor de britagem da empresa, apresentada na figura 1.
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Figura 1 Vista lateral da britagem
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2.2.3 Identificao da empresa
No quadro 1, a seguir apresentam-se os dados de identificao da empresa.
Quadro 1 Dados de identificao da empresa
Razo Social ---
Nome fantasia ---
Cdigo da atividade (CNAE) 08.10-0-99 - Extrao e britamento de pedras e outros
materiais para construo e beneficiamento associado.
Grau de Risco 04 (quatro).
Agrupamento CNAE C-1
Nmero de funcionrios 08 (oito)
CNPJ ---
Endereo BR 472, Km 22, distrito de Consolata.
Telefone ---
Cidade Trs de Maio/RS CEP: 98.910-000
Responsvel pelas informaes ---
POLTICA DE SEGURANA DA EMPRESA
SESMT (Servios Especializados em Segurana e Medicina do Trabalho) NR-04
Profissional Quantidade Regime de trabalho
Tcnico (a) Segurana do Trabalho
No h necessidade No h necessidade Engenheiro de Segurana do Trabalho
Mdico do Trabalho
CIPA (Comisso interna de Preveno de Acidentes) NR-05
Representantes do empregador No h necessidade
Representantes dos empregados
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3. APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS
3.1 RISCOS EXISTENTES NO SETOR BRITAGEM.
Para obter o produto final, que so pedras de diversas bitolas, destinadas
principalmente construo civil, so necessrias quatro pessoas para a realizao das
atividades: 01 operador de draga para carregamento de pedras, 01 motorista de caminho
basculante, 01 operador do britador, 01 conferente de carga. Todos estes trabalham em regime
de 44 horas semanais.
A empresa em questo no tem Servio Especializado em Segurana e Medicina do
Trabalho - SESMT interno. A mesma contrata sob a forma de prestao de servios uma
empresa do ramo, sendo esta empresa responsvel por elaborar o Programa de Gerenciamento
de Riscos (PGR) e o Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional - PCMSO, bem
como demais servios e documentos cabveis ao ramo de atuao da empresa.
Para a realizao deste trabalho foi analisado o seguinte equipamento: Britador de
mandbula conforme mostra a figura a baixo.
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Figura 2, Britador de mandbula (http://reducaosolidos.tripod.com/mandibulas.htm)
Para a fragmentao das pedras utilizado um britador de mandbulas, com caixo
alimentador automtico, ou seja, o caminho basculante descarrega as pedras em diversas
bitolas no caixo alimentador, o operador do equipamento aciona o mesmo no momento em
que ele quer que as pedras caiam nas mandbulas de britagem do equipamento.
O princpio de funcionamento do britador de mandbula o seguinte:
O motor transmite a potncia atravs de um sistema de transmisso de fora para um
eixo excntrico onde esse movimenta a mandbula mvel do equipamento. A abertura das
mandbulas aumenta quando a placa se move para cima e diminui quando a placa se move
para baixo, movimento este que faz a fragmentao das pedras, sendo que aps fragmentadas
as mesmas caem por uma abertura inferior as mandbulas sobre uma esteira e so
transportadas para uma peneira de classificao de bitola.
Com base na anlise foram identificados os seguintes riscos na minerao que geram a
probabilidade de acidente do tipo:
Desmoronamento e quedas de blocos de pedras;
Mquinas e equipamentos sem protees, principalmente nas transmisses de fora;
Fiao eltrica desprotegida, livre acesso ao quadro de comando, manuteno
insuficiente e falta de sinalizao;
Falta de proteo na abertura de descarregamento de pedras;
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Escadas com degraus inadequados, escorregadios e sem corrimos, passarelas
improvisadas sem guarda-corpo e corrimo;
Pisos e plataformas irregulares;
Queda de altura.
Como riscos fsicos, foram identificados:
a) Rudo: Considerado grande. O nvel de rudo verificado na zona auditiva do
trabalhador do setor, conforme dosimetria realizada atingiu 95,9 dB(A). Foi utilizado um
medidor de nvel de presso sonora (Dosmetro), marca INSTRUTHERM, modelo DOS-500,
srie 070809021. Neste nvel de rudo tolervel a exposio do trabalhador por somente 1
hora e 45 minutos/dia, conforme Portaria 3.214/78 NR 15 Anexo 1.
b) Calor: Considerado risco pequeno. O maquinrio do setor no gerador de
calor. O ambiente aberto e proporciona uma boa ventilao do local. Conforme medies
realizadas no setor, o IBUTG de 33,3 C, em mdia. A temperatura de globo de 33,3 C e
a temperatura bulbo mido de 26,2 C. Dessa forma a atividade moderada. Foi utilizado
um medidor de stress trmico, marca INSTRUTHERM, modelo TGD-300, srie 080607161.
c) Vibraes: Presentes na operao de britagem devido ao fato de o britador ter
muito atrito com as pedras que esto sendo britadas. Qualquer atividade realizada neste
britador em funcionamento submetera o operador vibrao com propagao ao corpo todo.
d) Radiaes no-ionizantes: Decorrentes da exposio radiao solar, h
cobertura na mquina em estudo, porm a mesma est precria, com problemas estruturais e
se limita extenso da mquina. Sendo assim, principalmente nos extremos dos dias, o
operador fica exposto radiao no ionizante devido a exposio solar.
Como risco qumico foram identificados a slica livre cristalizada: toda a poeira
gerada na segregao das pedras pelo britador. Conforme as pedras so partidas pela mquina
h gerao de poeira e esta fica suspensa no ar, sendo retirada de forma natural atravs do ar
que circula no setor pelo mesmo ser aberto. A exposio a este risco ocupacional de forma
continua durante o funcionamento do maquinrio e conforme avaliao realizada no setor foi
encontrado o quadro 2.
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Quadro 2 Avaliao de slica livre cristalizada.
Agente
Qumico Unidade Resultado
Limite de
Deteco
Limite de
Quantificao NR-15 ACGIH
Poeira
respirvel mg/m 1,40 0,01 0,03 4,00 3
Slica
(Quartzo) mg/m n.d. 0,010 0,010 - 0,025
Slica % n.d. - - - -
Como risco biolgico foi identificado a exposio a fungos, bactrias e parasitas,
decorrentes de precrias condies de higiene, tais como falta de limpeza dos locais de
trabalho e falta de sanitrios.
O risco ergonmico foi considerado grande, em funo da precariedade das condies
do ambiente de trabalho. O operador submetido a realizar movimentao repetitiva para
realizar o controle da mquina; postura inadequada, pois o mesmo no tem um lugar
apropriado para realizar o seu trabalho permanecendo aproximadamente 80% da sua jornada
de trabalho em p. H tambm variaes na ilumincia do setor por que o mesmo aberto e
h perodos do dia que a iluminao boa. Outros perodos onde a iluminncia excessiva ou
pouca. Conforme avaliao quantitativa realizada no setor, foi encontrado 690 lux, s 8h e 30
e 1.894 lux no horrio das 14h15, demostrando a variao relatada. Foi utlizado um luxmetro
marca ICEL, modelo LD 550, na escala de leitura mais adequada.
O risco de acidentes considerado grande, pela possibilidade de projeo de partculas
volantes provinda do processo de britagem das pedras. H risco de queda de altura, pois o
trabalhador realiza suas atividades em uma passarela em torno do britador, tendo esta
aproximadamente 8 metros de altura do solo e nesta passarela o sistema de proteo contra
queda precrio e obsoleto, expondo o trabalhador a este risco. H risco de cortes e
esmagamentos de membros superiores, pois as protees das transmisses de foras foram
retiradas para a manuteno e no foram recolocadas. H risco de choques eltricos por que
os equipamentos (motores) que fazem o funcionamento do britador tem suas ligaes eltricas
expostas e em mal estado de conservao e sem aterramento eltrico.
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3.2 SUGESTES DE MELHORIAS
Conforme a NR 22, seu objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na
organizao e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatvel o planejamento e
desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurana e sade dos
trabalhadores.
Com base nas NRs pertinentes a empresa deve realizar algumas adaptaes elencando
a seguir:
Delimitar a rea de carga e descarga de material, isolando-a da circulao das
demais pessoas, sempre que esta operao for executada;
Realizar manutenes preventivas nos veculos automotores e na mquina
rodoviria da empresa;
Providenciar proteo nas transmisses de fora (correias) do britador,
rebritador e peneira;
Providenciar uma sinalizao de segurana, de acordo com NR 26
Sinalizao de Segurana;
Delimitar a via na descarga de pedras brutas, colocando protees para maior
segurana;
Pintar faixas pretas e amarelas intercaladas nos pilares onde os caminhes
entram para fazer o carregamento de produtos (pedras) para entrega;
Orientar o trabalhador para nunca efetuar a manuteno com mquinas ou
instalaes ligadas ou energizadas;
Atentar questo da preveno e do combate aos incndios, redimensionando
e mantendo as unidades extintoras com a carga dentro do prazo de validade,
especificado na etiqueta e sendo livres os acessos para caso de utilizao dos
mesmos;
Prover banheiro com condies de higiene necessrias, dispor de papel
higinico, tambm com papel toalha e sabonete liquido e o local de beber gua
deve prover de copos descartveis;
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Projetar um acesso mais seguro ao britador, redimensionando a escada para
outro local, preferencialmente que seja de concreto e deve possuir corrimos;
Providenciar para a escada de acesso descarga de pedras brutas, um guarda
corpo e uma espia que sirva como cabo de vida, para que, ao subir, o
funcionrio que deve estar usando cinto de segurana tenha como se guiar
atravs desta;
Atentar para a questo do local onde fica o britador, o piso de tbuas com
espao entre as mesmas deve ser preenchido, o guarda corpo deve ser
substitudo por outro de metal, mais resistente e seguro. A cobertura tambm
deve ser substituda, uma vez que apresenta rachaduras, buracos e infiltraes;
Providenciar tranca para a porta do transformador eltrico que fica no ptio da
empresa, exposto portanto a todas as pessoas que por l circulam;
Realizar inspees peridicas nas instalaes eltricas da empresa,
principalmente no quadro de comando das mquinas no britador, onde existe
fiao mostra, improvisaes e chave que fica sobre a porta (qualquer um a
qualquer hora pode ter contato);
Dispor de todos os EPIs recomendados e tornar efetivo e permanente sua
utilizao durante os trabalhos na empresa;
Designar um responsvel pela efetiva cobrana na utilizao dos EPIs por
parte dos funcionrios;
Reativar a torneira e o reservatrio de gua, que faziam a umidificao das
pedras brutas a serem britadas, para que diminua a emisso de poeira;
Elaborar procedimento operacional padro (POP) de todas as atividades
realizadas na empresa.
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CONCLUSO
O presente trabalho realizou uma anlise detalhada das atividades desenvolvidas no
setor de britagem de uma empresa de pedras de basalto. Para a realizao desta atividade
houve a participao de todos os colaboradores existentes neste setor.
Com base nestas anlises foram realizadas as identificaes dos riscos existentes e
construdo o PGR apresentado no anexo, de forma a abranger todos os riscos possveis nesta
atividade.
Com a finalidade de atender as legislaes vigentes e melhorar o nvel de conforto e
segurana dos trabalhadores deste setor, foram sugeridas diversas melhorias ao empregador,
que se disps a implantar estas em etapas a serem definidas pela empresa analisada.
Pode-se identificar aps estas anlises e a disposio do empregador em implantar as
melhorias, que a empresa esta preocupada com o bem estar de seus colaboradores e com o
cumprimento da legislao vigente deste ramo, porm grande parte destas melhorias demanda
valores altos e deve ser programada financeiramente a sua execuo, tornando vivel esta
adequaes.
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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(Dissertao de Mestrado).
SIVIERI, Luiz Humberto. Sade no Trabalho e Mapeamento dos RiscosSo Paulo, 1996
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ANEXO
PGR- PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (DOCUMENTO BASE)