Monografia diassis1

56
13 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA CURSO: LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA DISCIPLINA: MONOGRAFIA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO RIACHO OLHO D’ÁGUA (RELATÓRIO FINAL) TERESINA (PI), JANEIRO DE 2005

Transcript of Monografia diassis1

Page 1: Monografia diassis1

13

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA

CURSO: LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

DISCIPLINA: MONOGRAFIA

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO RIACHO OLHO D’ÁGUA

(RELATÓRIO FINAL)

TERESINA (PI), JANEIRO DE 2005

Page 2: Monografia diassis1

14

FRANCISCO DIASSIS BEZERRA

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO RIACHO OLHO D’ÁGUA

Relatório de pesquisa apresentado no final do

período da disciplina Prática de Pesquisa

Geográfica da Graduação de Licenciatura

Plena em Geografia da Universidade Estadual

do Piauí.

Profª Orientador(a): Irene Bezerra Batista.

TERESINA (PI), JANEIRO DE 2005

Page 3: Monografia diassis1

15

DEDICATÓRIA

A Deus por nos dar força para superar todas as

dificuldades encontradas;

A minha esposa e filhos pela compreensão e apoio;

Aos amigos e professores;

A todas as pessoas que contribuíram direta ou

indiretamente para que conseguíssemos atingir nosso

objetivo.

Page 4: Monografia diassis1

16

EPÍGRAFE

“O homem, antes de mais nada, precisa entender

que não é apenas um elemento ocupando o espaço

terrestre, faz parte de um imenso universo de vidas que

compõem este planeta, preservá-las significa garantir a

sua própria existência”.

(Francisco Diassis Bezerra)

Page 5: Monografia diassis1

17

AGRADECIMENTOS

A Deus que nos deus forças e equilíbrio espiritual para superar os obstáculos encontrados.

Especialmente a minha esposa e a meus pais pela compreensão e apoio nos momentos mais

difíceis.

A profª da UFPI, Cláudia Sabóia, pelo incentivo e orientação quanto a produção deste

trabalho.

Ao Prof. da UFPI, Raimundo Tomás pelas fontes bibliográficas sobre a proteção, recuperação

das matas ciliares das nascentes dos rios.

A Profª Suzete Feitosa pelas valiosas orientações e correções feitas para realização deste

trabalho.

A Profª aposentada da Secretaria Estadual de Educação – SEE, Sra. Maria dos Santos Mendes

pelas informações sobre a história antiga do riacho Olho D’Água.

Ao técnico do IBGE-PI, José Francisco Santana pelas informações e fornecimento de cópia da

Carta DSG-SUDENE – Teresina

A Sra. Ana Célia Aragão – Assessora de comunicação da Secretaria do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos, pelas fontes bibliográficas.

A Sra. Epifánia Rodrigues dos Santos Aguiar bibliotecária da Secretaria Municipal de

Planejamento da Prefeitura de Teresina – SEMPLAN, pelas fontes bibliográficas sobre a

construção do Cemitério Santa Cruz.

A Sra. Maria Zilda Nunes Lima, presidente da Associação de Moradores da Vila Bom Jesus,

pelas informações sobre a organização espacial e planejamento da referida comunidade.

Page 6: Monografia diassis1

18

Ao Sr. Raimundo Nonato Ramos, agricultor e proprietário de uma gleba de terra na localidade

Areias pelas informações sobre a fauna e flora existente na região do Riacho Olho D’ água.

À Universidade Estadual do Piauí que me proporcionou a oportunidade de realizar este curso.

À todos os professores que souberam conduzir-nos sabiamente na direção do nosso objetivo.

Aos meus colegas de curso, que juntos compartilhamos bons momentos e superamos todas as

dificuldades desta jornada.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente, contribuíram para que pudéssemos atingir o

nosso objetivo.

Page 7: Monografia diassis1

19

APRESENTAÇÃO

Este trabalho tem como objetivo, evidenciar os fatores que estão contribuindo para a

degradação ambiental em todo o curso do Riacho Olho D´água, Córrego localizado no

perímetro urbano da cidade Teresina, mais precisamente entre os bairros Santo Antônio e

Santa Fé, ambos localizados na zona sul da cidade, bem como caracterizar as fontes

poluidoras e apontar sugestões no sentido de promover a sustentabilidade nesta área.

Page 8: Monografia diassis1

20

RESUMO

O rápido processo de expansão urbana por que passa a cidade de Teresina, capital do

Estado do Piauí nas últimas décadas, faz com que muitas áreas tidas como imprópria para

edificações como as margens dos rios, córregos e áreas lagunares, sejam ocupadas para fins

residenciais comerciais e outras atividades. A constante ocupação destas áreas, traz como

consequência, uma série de complicações, como a degradação ou a extinção total de todo o

ecossistema natural existente neste locais e ao flagelo que os ocupantes passam a sofrer,

devido as constantes inundações que ocorrem, principalmente em períodos chuvosos, além de

serem afetados por inúmeras epidemias causadas pelo ataque de insetos que se desenvolvem

facilmente em áreas alagadas. Por outro lado, o ocasionamento no progresso de expansão do

solo urbano de Teresina, o mesmo não vem sendo acompanhado no mesmo ritmo, com

planejamento e investimentos em infra-estruturas, melhoramentos e adequação das novas

áreas, de modo que seus moradores sejam beneficiados e possam usufruir uma boa qualidade

de vida. Dessa forma deve o poder público, desenvolver estratégias que venham favorecer a

gestão especial da cidade de Teresina e que os recursos destinados para este fim, sejam

distribuídos de forma igualitária, evitando com que muitas áreas sejam esquecidas e se

transformem em ambientes nocivos a vida humana como também ao meio ambiente.

Verificando os problemas de degradação ambiental observados em todos a região foco deste

trabalho, chegamos a conclusão de que faz-se necessário, uma urgente intervenção do poder

público (Estado e Prefeitura), no sentido de levar até aquela área, uma série de melhorias

como saneamento básico, melhoria habitacional, abastecimento de água e luz, coleta de lixo,

como também, recuperar as áreas que estão sendo seriamente comprometidas devido a falta

desses benefícios.

Page 9: Monografia diassis1

21

LISTA DE GRÁFICO

GRÁFICO 1 – Quantidade de pessoas por residência

GRAFICO 2 – Renda familiar

GRÁFICO 3 – Tipos de Ocupação

GRÁFICO 4 – Grau de instrução

GRÁFICO 5 – Tipos de residência

GRÁFICO 6 – Tipo de cobertura residencial

GRÁFICO 7 – Propriedade da residência

GRÁFICO 8 – Título fundiário do imóvel

GRÁFICO 9 – Origem da água que abastece a residência.

GRÁFICO 10 – Tratamento da Água

GRÁFICO 11 – Destino das águas residenciais

GRÁFICO 12 – Destino da água de chuva

GRÁFICO 13 – Destino do lixo produzido na residência

GRÁFICO 14 – Coleta de lixo

GRÁFICO 15 – Satisfação da população em relação a coleta de lixo urbano;

GRÁFICO 16 – Estação de tratamento de esgoto público

GRÁFICO 17 – Fossas Sépticas

GRÁFICO 18 – Infra-estruturas existente no bairro

GRÁFICO 19 – Melhorias mais urgente que o bairro precisa

Page 10: Monografia diassis1

22

LISTA DE MAPAS E ANEXOS

Questionário população

Carta da DSG – Sudene – Teresina

Mapa das Bacias Hidrográficas do Piauí

Mapa administrativo da cidade de Teresina

Carta Náutica do Encontro dos Rios Parnaíba e Poti-Teresina

Page 11: Monografia diassis1

23

LISTA DE ABREVIATURA

LOM – Lei Orgânica do Município de Teresina

ONU – Organização das Nações Unidas

OMS – Organização Mundial de Saúde

SEMAM – Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Teresina

SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

Page 12: Monografia diassis1

24

SUMÁRIO

LISTA DE FOTOS

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

LISTA DE MAPA E ANEXO

LISTA DE ABREVIATURAS

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

1. A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL VIVENCIADA PELAS CIDADES BRASILEIRAS

........................................................................................................................................... 16

1.1. Teresina a exemplo de outras cidades brasileiras ...................................................... 16

1.2. Os problemas causados devido o fenômeno da ocupação urbana .............................. 18

1.3. O notável esforço de organismos oficiais e comunidades civis organizadas .............. 19

1.4. Água: um elemento natural ameaçado pela poluição. ................................................ 21

2. CARACTERíSTICA GERAL DO RIACHO OLHO D´ÁGUA ....................................... 25

2.1. Os problemas de degradação ambientais no Riacho Olho D’água. ............................ 27

2.2. As principais fontes poluidoras do riacho Olho D´Água ........................................... 30

2.3. Alguns indícios para o desenvolvimento sustentável na área do riacho Olho D´água. 31

2.4. As ações do poder público na área do riacho Olho D´Água

3. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E SANITÁRIO DAS COMUNIDADES

RIBEIRINHAS DO RIACHO OLHO D´ÁGUA ................................................................. 33

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 50

5. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 53

6. ANEXOS ........................................................................................................................ 56

ABSTRACT

Page 13: Monografia diassis1

25

The fast process of urban expansion why it passes the city of Teresina, capital of the State of

the Piauí in the last decades, makes with that many areas had as improper for constructions as

the edges of the rivers, streams and areas lagunares, are busy for commercial residential ends

and other activities. The constant occupation of these areas, brings as consequence, a series of

complications, as the degradation or the total extinguishing of all the existing natural

ecosystem in these places and to it I afflict that the occupants start to suffer, due constant

floodings who occur, mainly in rainy periods, besides being affected for innumerable

epidemics caused for the attack of insects that if develop easily in flooded areas. On the other

hand, the ocasionamento in the progress of expansion of the ground urban of Teresina, the

same does not come being folloied in the same rhythm, with planning and investments in

infrastructures, improvements and adequacy of the new areas, way that its inhabitants are

benefited and can usufruct a good quality of life. Of this form it must the public power, to

develop strategies that come to favor the management special of the city of Teresina and that

the resources destined for this end, are distributed of igualitária form, preventing with that

many areas are forgotten and if they transform into harmful environments the life human

being as also to the environment

INTRODUÇÃO

Teresina capital do Estado do Piauí, é banhada pelos rios Parnaíba e Poti, que

percorrem respectivamente, 90 km e 59 km do município, possuem depressões naturais nas

áreas marginais, favorecendo a formação de lagoas que se expandem durante o período da

estação chuvosa (Projeto Olho N´água, Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SEMAM,

1999), e ainda possui uma grande quantidade de micro canais que formam a rede de drenagem

das águas pluviais na área deste município.

O crescente e acelerado processo de urbanização, de instalações industriais, de

hospitais, de comércio e uma infinidade de atividades interagindo dentro do município de

Teresina, vem transformando os rios Parnaíba, Poti e seus afluentes em receptores de todo

tipo de poluição como por exemplo: águas residuais, esgotos, sólidos hospitalares, substâncias

potencialmente tóxicas e defensivos agrícolas. Todos estes volumes de poluentes, estão

comprometendo profundamente todo o ecossistema regional. Contudo, esses rios, são muito

importantes para a economia do Estado, pois contribuem significativamente para o

incremento de renda para as populações ribeirinhas, através da navegação, da pesca, da

criação de animais, bem como no abastecimento de água da capital.

Page 14: Monografia diassis1

26

Esta situação reflete bem como o Estado e Município (poder público), deveriam encarar

o problema da poluição desses rios, com políticas que visem melhorar a qualidade dos

recursos hídricos e conseqüentemente a qualidade de vida da população. O controle e uma

administração comprometida com os problemas sociais, é fundamental para a construção de

uma cidade mais humana, em que todos possam usufruir um ambiente ecologicamente

equilibrado.

Este trabalho é uma investigação que se desenvolveu apoiada em pesquisa bibliográfica

e de campo. Teve como cenário, o Riacho Olho D´água, afluente do rio Parnaíba, localizado

na zona sul da cidade de Teresina, mais precisamente, entre os bairros Santo Antônio, Santa

Fé e Areias, no período compreendido entre os meses julho 2004 à janeiro 2005.

O presente trabalho teve como objetivo geral, analisar os fatores que contribuem para a

degradação ambiental no Riacho Olho D´água, caracterizar os principais problemas que

agridem o meio ambiente naquele local, analisar as condições sócio-econômicas das

populações da área em estudo, bem como propor junto aos órgãos públicos e comunidade em

geral, sugestões no sentido de promover a sustentabilidade nesta área.

Os métodos utilizados para realização deste trabalho foram: elaboração do tema e os

objetivos, ambos desenvolvidos em sala de aula sob orientação de professores; estudo

bibliográfico sobre os aspectos geográficos, hidrológicos, além dos processos de degradação

ambiental e social e políticas de proteção e conservação dos recursos naturais; estudo

cartográfico através de mapas e cartas geográficas referentes a cidade de Teresina, com a

finalidade de localização da área a ser pesquisada, bem como fazer o reconhecimento da área

em estudo, com visita “in loco”; realização de documentário fotográfico em toda a área foco

da pesquisa, objetivando evidenciar os fatores que contribuem para degradação ambiental na

área do Riacho Olho D´água; coleta de dados junto as comunidades residentes às margens do

referido curso d´água, utilizando como instrumento para esta etapa da pesquisa, entrevistas

através de comunicação verbal simples e questionário previamente estruturado, a fim de obter

informações sobre o comportamento dessa clientela com relação aos aspectos sócio-

econômico e sanitário, verificando as reais condições em que se encontram essas

comunidades.

A análise geral deste trabalho se deu em três etapas distintas: a primeira foi feita através

de um levantamento bibliográfico, a segunda foi feita por meio de uma coleta de informações

junto a população, num total de 100 questionários (entrevista), aplicados em residências

localizadas nas comunidades: Vila Parque São Jorge, Vila Parque Bom Jardim, Vila Bom

Page 15: Monografia diassis1

27

Jesus e Vila Palmeirais, ambas situadas na área em estudo, zona sul da cidade de Teresina. Já

a terceira etapa se deu através da organização e interpretação destas informações.

Assim este trabalho este foi estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo,

abordamos a problemática ambiental vivenciada pelas cidades brasileiras nas últimas décadas,

a problemática vivenciada pela cidade de Teresina a exemplo das demais cidades do país, os

problemas causados devido o fenômeno da ocupação do solo urbano, o notável esforço dos

organismos oficiais e comunidade civil organizada, quanto ao fortalecimento institucional no

trato das questões ambientais e o problema de degradação nos sistemas aquáticos, no mundo,

no Brasil e no Piauí. No segundo capítulo, procedemos a caracterização geral do Riacho Olho

D´água, seus aspectos físicos e estruturais, como também, o complementar diagnóstico dos

principais problemas de degradação ambiental no referido curso d´água, as fontes poluidoras e

alguns indícios para o desenvolvimento sustentável dessa região. Já no terceiro capítulo

realizamos um diagnóstico sócio-econômico e sanitário das comunidades ribeirinhas do

Riacho Olho D´água, no qual analisamos e interpretamos graficamente só resultados e por

último procedemos as nossas considerações finais.

Page 16: Monografia diassis1

28

1. A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL VIVENCIADA PELAS CIDADES

Nas últimas décadas, resultou dentre outros motivos, do processo de desenvolvimento

desigual por que passa o país ao longo de sua história, ocasionando por vezes, uma intensa

migração campo-cidade, tornando o gênero humano efetivamente urbano. A conseqüência é o

“inchaço” das cidades, como também o caos que se instala devido a falta de um planejamento

prévio da organização espacial do solo urbano, surgindo ai uma imensa quantidade de

problemas que vão afetar diretamente a toda comunidade, bem como ao ambiente natural.

Entre os problemas que se apresentam aos novos ocupantes é o acesso a moradia. Os

novos moradores em sua maioria, são trabalhadores e baixa renda e que por essa razão, ao se

instalarem nas cidades, verem-se obrigados a ocupar áreas nas periferias, locais desprovidos

de infra-estruturas básicas essenciais em áreas urbanas. Por outro lado, a estruturação do uso

do solo (propriedade urbana), a especulação imobiliária, determinam o processo de expulsão

da população, principalmente as de baixa renda, das áreas centrais das cidades para áreas mais

distantes, fomentando o aparecimento de formas irregulares de ocupação de terrenos que ora

estavam ociosos. Esses terrenos muitas vezes pertencem a união ou a proprietários que

também adquiriram de formas irregulares, e que às vezes usam da força, para impedir a sua

ocupação, o que provoca uma série de desagrados sociais. Para LIMA, (1987, p. 23,31).

“Teoricamente considera-se invasões como uma prática de reivindicações caracterizada

como uma ação direta das massas populares, que vem de forma concreta, tornar claras e

públicas as contradições urbanas”. No entanto, o fenômeno que se apresenta na forma de

ocupação de terras ociosas no perímetro urbano é o reflexo da necessidade urgente que a

população de baixa renda tem em fixar suas residências, condição necessária para a vida do

homem.

1.1. Teresina à exemplo de outras cidades brasileiras

Teresina capital do Estado do Piauí, a exemplo das demais cidades do país, também

vem recebendo a cada ano, grande número de novos habitantes e junto com eles, surgem

muitos problemas comuns em outros centros urbanos. Enquanto cresce o seu contingente

demográfico, aumenta também a deficiência na oferta de moradia fazendo surgir o

crescimento de ocupações irregulares e uma série de complicações no contexto social-

político. Por outro lado, o ocasionamento no progresso da expansão de seu solo urbano, o

mesmo não é acompanhado de planejamento de urbanização, como também, de investimentos

Page 17: Monografia diassis1

29

em serviços de infra-estruturas, melhoramentos e adequação das novas áreas. De acordo com

Ross, 2001, p. 217, “O crescimento rápido das cidades não pode ser acompanhado no mesmo

ritmo pelo atendimento de infra-estruturas para a melhoria da qualidade de vida de seus

moradores. A deficiência da rede de abastecimento de água tratada, de coleta de lixo, de

tratamento de esgotos, de pavimento de ruas, de galerias, de águas pluviais, de áreas de

lazer, de áreas verdes, de núcleos de formação e educação e profissionalização, de núcleos

de atendimento médico-sanitário, passa a ser uma constante nas cidades”.

Perante a afirmação deste autor, a falta desses serviços assistenciais faz com que muitas

áreas da cidade de Teresina se transformem em locais susceptíveis a uma série de

complicações, e vulneráveis a ocorrências de calamidades públicas. Para Coelho (2001, p.

27), “quando o crescimento não é acompanhado por aumento e distribuição eqüitativa dos

investimentos em infra-estrutura e democratização do acesso aos serviços urbanos, as

desigualdades sócio-espacial são gerados ou acentuadas” Os problemas ambientais

(ecológicos e sociais), não atingem igualmente a todo o espaço urbano, atingem muito mais

aos espaços físicos da classes menos favorecidas do que as classes de padrões sociais mais

elevadas”. E diz que: “entre os impactos mais acentuadas relacionam-se: políticas públicas

cristalizadoras de desigualdades sociais; realidade social em suas diversas dimensões; forças

sociais (locais e globais) que influenciam a (re) estruturação sócio-espacial, interna e

externa a cidade abrangendo um espaço mais amplo”.

Porém, é importante ressaltar que as políticas públicas não devem favorecer apenas uma

determinada parcela da população, elas devem ser estendidas a todas as camadas da sociedade

independentes da suas posições, poder aquisitivo, nível cultural, cor ou credo, uma vez que

todos contribuem em pé de igualdade com tributos perante a órgãos oficiais. Assim sendo,

deve o Poder Público desenvolver estratégias que venham favorecer a gestão espacial da

cidade Teresina e que os recursos destinados para esse fim, sejam distribuídos de forma

igualitária.

1.2. Os problemas causados devido o fenômeno da ocupação urbana

Quanto a forma e ao crescimento da ocupação do solo pelo fenômeno de urbanização,

torna-se um agravante a natureza, a retirada da cobertura vegetal, a impermeabilização do

solo, a utilização de áreas sujeitas a deslizamentos (encostas dos morros), alagamentos entre

outros, causam problemas, transformam as paisagens naturais. No entanto, estas áreas estão

sendo utilizadas para edificações, residenciais, industriais, comerciais e aos poucos vão

destruindo ou degradando todos os ecossistemas naturais de áreas consideradas como de

Page 18: Monografia diassis1

30

preservação permanente. O parcelamento do uso do solo urbano, “Lei Nº 6.766 de 19/12/79,

que estabelece as regras para loteamentos urbanos, diz que são proibidos em áreas de

preservação ecológicas, naqueles locais onde a poluição representa perigo a saúde, em áreas

alagadiças”. Por serem também consideradas áreas de risco, elas jamais deveriam ser

ocupadas. No entanto, são utilizadas indiscriminadamente para todos os fins e a conseqüência

são as catástrofes que ocorrem principalmente em períodos chuvosos devido aos alagamentos

e outros infortúnios.

Além dessa problemática em relação ao crescimento urbano, quem mais padece são os

recursos hídricos. Os rios, os lagos e córregos, são diariamente afetados por uma grande carga

de poluentes sólidos e líquidos, esgotos domésticos, resíduos industriais e hospitalares,

desmatamentos e erosão do solo. A ocupação de suas margens por construções provoca a

impermeabilização do solo e nestas condições aumenta o volume das águas superficiais. Por

outro lado, já se constata intensa poluição nas águas superficiais, como também as do subsolo,

devido a ausência de tratamento dos esgotos urbanos, industriais e a utilização ou uso

indiscriminado da água para consumo humano, industrial e de irrigação. Sendo água um bem

comum a todos, ela não deve ser utilizada de forma desordenada ou predatória.

É importante lembrar que, quando constatada a contaminação desse recurso natural, a

intervenção do poder público se faz necessário, no sentido de coibir ou punir os principais

responsáveis por essa contaminação, baseando-se nos instrumentos legais com a Política

Nacional dos Recursos Hídricos, estabelecida pela Lei nº 9.433 de 08/01/1997, que organiza o

setor de planejamento e gestão de águas em âmbito nacional; ainda existem instrumentos

como a lei de responsabilidade dos Estados e Municípios, que no caso do Estado Piauí a lei nº

5.165 de 17/08/2000, Política Estadual dos Recursos Hídricos, que em seu art. 50 diz que para

efeito desta lei, são considerado águas estaduais, as que ocorrem naturalmente, superficial,

subterrâneo ou artificial no subsolo, de forma susceptível de extração e utilização; já em seu

parágrafo único, considera-se poluição qualquer alteração das propriedades físicas, químicas

ou biológicas das águas superficiais e subterrâneas, que possam ocasionar em prejuízo a

saúde, a segurança e ao bem estar das populações, comprometer o seu uso para fins

industriais, agropecuários, comerciais, recreativo ou causar dano a fauna e a flora; e ainda

existe também, com relação a responsabilidade dos municípios, mas precisamente do

município de Teresina capital do Estado do Piauí, com relação aos recursos hídricos foi criada

a lei nº 1.939 de 16/08/1988, que criou as “zonas” de preservação ambiental, que compreende

as áreas próximas dos rios, sujeitos a inundações; e ainda a lei municipal nº 1940 de

16/08/1988, o código de postura que dispõe no seu art. 3, IX, que fica proibido depositar lixo

Page 19: Monografia diassis1

31

nas margens dos rios; e também o art. 228 da Lei Orgânica do Município (LOM) que diz que

é de sua competência, a proteção, a conservação, o combate a poluição destes ambientes,

como também a promoção de saneamento básico, registro, o acompanhamento e a

fiscalização das pesquisas de exploração dos recursos hídricos. Quanto a questão do

saneamento básico, é incumbência do poder público, devendo ser orientado para ampliação da

prestação de serviço de saneamento e abastecimento de água, bem como executando

programas em áreas ocupada por populações de baixa renda, educando as comunidades

quanto a estes problemas e praticar tarifas sociais para tais serviços. O art. 180 da lei Orgânica

do Município de Teresina Piauí prevê que o município deve promover a urbanização nas áreas

que margem os córregos e lagoas na zona urbana da cidade recuperar as áreas degradadas e

proibir edificações, despejo de lixo e esgotos domiciliares nestas áreas. Além de todos estes

instrumentos: federais, estaduais e municipais, cabe também ao poder público, praticar

políticas que garantam a sustentabilidade na sua área de atuação.

1.3. O notável esforço de organismo oficiais e comunidades civis organizadas

É importante ressaltar, que é notável o esforço que os organismos oficiais e a

comunidade civil organizada vêm fazendo nos últimos anos, em que houve o fortalecimento

institucional no trato da discussão ambiental, destacando neste contexto como um dos mais

significativos documentos a Agenda 21 global, subsídio norteador das Agendas 21 brasileiras

e locais que objetivam traduzir em propostas concretas a idéia de que o desenvolvimento e o

meio ambiente, constituem um binômio central e indissociável. A Agenda 21 destaca seus

grandes temas centrais, que refletem bem as prioridades sócio-econômicas e ambientais do

país, e são as seguintes: cidades sustentáveis; agricultura sustentável; infra-estrutura e

integração regional; gestão dos recursos naturais; redução das desigualdades sociais e ciência

e tecnologia e desenvolvimento sustentável..

Verifica-se assim, que em função da dimensão dos atuais problemas vivenciadas nas

cidades (ambientais e sociais), a temática ganha atenção especial, constando como um dos

itens principais da pauta de discussão da agenda 21. Entretanto alcançar uma conceituação de

um desenvolvimento sustentável capaz de ser aceito pela maioria dos atores e agentes

econômicos envolvidos na política desenvolvimentista constitui um grande desafio. Esses

esforços não tem sido promissores tornando-se uma incógnita para aqueles que estão

empenhados na busca por melhoramentos, tanto na questão ambiental e social, como na

questão ambiental. Segundo Vitorino (2000 p. 19) “a desarmonia entre o homem e o meio é

causada pela falta de valores sociais que desencadeia a formação de estilos de vida e o

Page 20: Monografia diassis1

32

aparecimento de instituições de suporte coerente com a evolução da vida na Terra”. Segundo

a concepção deste autor, o comportamento ou mentalidade, e a mudança cultural do homem

em relação ao ambiente, terá como benefício um ambiente equilibrado. Mas para isso é

preciso que o homem se livre da obsessão pelo poder de dominação de tudo, inclusive o seu

próprio semelhante, é preciso que homem reaprenda a conviver pacificamente com a natureza,

com a participação de toda a sociedade, na luta pela solução dos problemas de ordem

ambiental, na dinâmica existente entre os ecossistemas naturais e os sistemas sociais, é

preciso que o homem reaprenda que o seu ambiente não é individual, mais sim coletivo e para

isso, é necessário que este mesmo homem, receba algum tipo de capacitação pedagógica, no

sentido de reeduca-lo quanto a questão ambiental e para isso, também existem meios oficiais

como a Política Nacional e Educação Ambiental Lei nº 9.795 de 27/04/1999, ela é um

componente essencial na Educação Ambiental, devendo estar presente de forma articulada em

todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Este

instrumento deve tornar o homem mais consciente quanto as questões ambientais, como

também o seu papel em sociedade, pois de acordo com Berna (2001, pg. 17, 18) “a educação

ambiental, a medida que se assume como educação mais política do que teórica, assume

também o processo de formadora da identidade de um povo” e diz que: “não há educação

ambiental sem participação política” mas acrescenta: não basta tornar a sociedade

consciente dos problemas ambientais e sociais sem torna-la também mais ativa, crítica e

participativa”. Mas é preciso que esta mesma sociedade também seja beneficiada com uma

qualidade de vida em que lhe permita se desenvolver tanto econômica como culturalmente e

viver pacificamente com a natureza que o cerca, observando a determinação do art. 225, da

Constituição Federal de 1988 que diz: “todos têm direito ao meio ambiente sadio e

ecologicamente equilibrado, contudo é dever da coletividade defende-lo e preserva-lo para as

presentes e futuras gerações”. Agindo continuamente dessa forma, o homem não estará

somente preservando a natureza, mas também garantindo a preservação de sua própria

espécie.

1.4. Água: um elemento natural ameaçado pela poluição

O termo água refere-se, regra geral, ao elemento natural em si mesmo, desvinculando

de qualquer uso ou utilização. Por sua vez, o termo “recurso hídrico” é a consideração da água

como um bem econômico, passivo de utilização com tal fim. Constituindo a substância mais

abundante na terra, o estoque natural de água existente no planeta tem se mantido as suas

características quantitativas e qualitativas nos últimos 20.000 anos. Deste modo, a quantidade

Page 21: Monografia diassis1

33

total de água existente na terra, na ordem de 1.386 milhões de Km³, tem se mantido instável,

assim como as formas da sua distribuição ao redor do mundo.

A água representa o principal elemento na manutenção de todas as formas de vidas no

planeta. Devido a sua grande quantidade distribuída em todas as partes do mundo, acreditou-

se que esse recurso seria inesgotável, dessa forma, passou-se a utiliza-la de forma

indiscriminada para todos os fins como uso doméstico, industrial, irrigação, na produção de

energia elétrica, navegação entre outras atividades.

Com o aumento no consumo da água em escola mundial nos últimos tempos, despertou

a atenção das comunidades internacionais para o possível esgotamento desse recurso. Por

isso a Organização das Nações Unidas (ONU) colocou 2003 como o Ano Mundial da Água.

A iniciativa busca chamar a atenção de todos os países sobre a necessidade urgente de

preservação dos recursos hídricos. A ameaça de escassez coloca em risco a produção de

alimentos, a estabilidade econômica global e favorece o surgimento de conflitos armados pelo

controle dos mananciais de água doce.

O sinal de aberta já dado. Cientistas prevêem uma crise de proporções planetárias no

que se refere ao acesso à água. As projeções pessimistas sobre os esgotamentos dos recursos

hídricos surgem com rapidez assustadora, enquanto os otimistas se tornam cada vez mais

raros.

As discussões sobre a preservação e uso racional dos mananciais de água doce se

transformou em questão planetária. Em março de 2003, aconteceram dois encontros mundiais

e um brasileiro para debater como a humanidade tratará os recursos hídricos nas próximas

décadas. O 3º Fórum Mundial da Água, em Kioto (Japão); o 1º Fórum Alternativo da Água,

em Florença (Itália); e o 1º Fórum Social das Águas, realizado em cotia (interior de São

Paulo), mostra as diferentes visões, sobre o risco de escassez de água para a humanidade.

O que se viu nos três eventos foi a divergência entre aqueles que defendem o conceito

de água como mercadoria e os que encaram a água como um direito universal de cada pessoa.

Dessa forma, nada deve ser cobrado pelo consumo para satisfazer as necessidades básicas

individuais (beber, cozinhar e higiene). A cobrança só caberia nos casos dos grandes

consumidores como indústrias, agricultura irrigável em larga escala e setor de serviços.

Outro tema de destaque nos encontros foi o desperdício. Alguns analistas consideram o

abastecimento de água notável nas megas cidades (aglomerações). Nessas áreas, estima-se

que o desperdício chegue a 50% da água distribuída. Para piorar o quadro, os rios, lagos e o

litoral são usados como “lixeira” para os mais variados tipos de dejetos sólidos e como

Page 22: Monografia diassis1

34

depósito natural de esgoto. De um lado, há o gasto irracional dos já escassos recursos

hídricos, de outro, ocorre a contaminação dos mananciais.

Pode parecer absurdo, mas em pleno século 21 a falta de acesso a água potável é um

problema para cerca de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. As projeções para 2050 são

de que esse número salte para 7 bilhões – algo em torno de 75% da população mundial. A

produção de alimentos (e o combate a fome) ficaram seriamente comprometidos. Os dados

preocupam, sobretudo quanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) ressalta que

atualmente 70% dos atendimentos médicos no planeta ocorram em função de doenças de

veiculação hídrica.

A escassez de água é uma realidade, mas suas causas é que precisam ser esclarecidas. A

depredação dos recursos hídricos começou a partir do uso intensivo na agricultura, na

indústria e o monopólio para fins particulares, isso fizeram da água doce um bem escasso.

Um dado importante é que segundo cálculos científicos, a terra possui 70% de seu

volume coberto de água. Desse total, 97,6% é água salgada, e apenas 2,4% representa água

doce. Dessa pequena porcentagem, 70% se destina a irrigação, 20% à indústria e apenas 10%

ao consumo humano. Entretanto, apenas 0,7% dos 10% são acessíveis: a água restante está em

fontes de difícil acesso, como os aqüíferos profundos, calotas polares ou interior das florestas.

Na verdade, há bastante água, porém mal distribuída 60% está concentrada em nove

países, enquanto que os demais enfrentam situação da escassez. Da população mundial, pouco

menos de 1 bilhão consomem 86% da água existente no planeta. Para 1,4 bilhões, de pessoas,

a água é insuficiente e para 2 bilhões a água não é tratada, o que provoca grande quantidade

de doenças nessas populações.

O Brasil possui uma das maiores reservas de água doce de todo o mundo. O país

concentra cerca de 13% de toda a água doce do planeta, totalizando 5,4% trilhões de m³. A

sua distribuição porém é desigual: 70% está na região amazônica; 15% no centro-oeste; 6%

no sul e 3% no Nordeste, por sinal essa região é a mais atingida pela falta de água. Apesar do

manancial generoso, a gravidade está no desperdício: 46%, um número que poderia abastecer

países como a França, Bélgica, Suíça e parte da Itália. Neste caso, o que precisa ser debatido,

são os padrões de uso para evitar o desperdício.

O Piauí possui um dos maiores mananciais aqüífero da região nordeste do país. O rio

Parnaíba é o seu principal tesouro de água doce que junto com os seus tributários, formam a

quarta maior bacia hidrográfica brasileira e o segundo do nordeste, ficando toda a área

territorial piauiense encravada na bacia do Parnaíba. Dos 342.988 Km² de bacia, 249.274

estão localizados no Estado Piauí.

Page 23: Monografia diassis1

35

Porém esses aqüíferos já estão sofrendo sérios problemas ambientais. De acordo com

Neto, (p. 51), o rio Parnaíba está sendo atacado e destruído pela ação humana, das nascentes

até o delta e aberto para a necessidade de ações concretas por parte das autoridades e de toda a

sociedade em prol da salvação do rio Parnaíba.

Enquanto essas ações não chegam, esses aqüíferos continuam a receber diariamente

grande carga de poluentes. Esse exemplo pode ser observado na cidade de Teresina que é

banhada pelos rios Parnaíba e Poti. Esses rios estão sendo atingidos por uma grande

quantidade dejetos sólidos e líquidos produzidos em todos os espaços urbanos dessa cidade, o

que vem tornando essas águas impróprias para o consumo humano.

Além dos problemas acima citados os aqüíferos em todo o planeta estão comprometidos

pela grande quantidade de poluentes produzidos nas grandes concentrações urbanas,

produzidos nas indústrias os desmatamentos o uso de produtos químicos na agricultura. Estas

ações estão condenando a morte de muitos rios em todo planeta. Segundo observa Bastos (p.

25) caso o solo tenha sua capacidade de absorção das águas das chuvas reduzidas através da

ação antrópica com pavimentações, a distribuição de água por todos trajetos ulteriores será

afetadas.

Portanto, qualquer intervenção antrópica que comprometa os sistemas aquáticos, poderá

causar sérios danos ao meio ambiente, condenar a morte alguns cursos d´água e comprometer

o abastecimento de água para populações, que passam sofrer com epidemias devido ao

consumo de água contaminada.

Page 24: Monografia diassis1

36

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO RIACHO OLHO D’ÁGUA

Para caracterização geral do riacho Olho D’água, bem como os seus aspectos físicos e

estruturais, procurou-se fazer o reconhecimento da área em estudo, utilizando o seguinte

procedimento: para nossa orientação utilizamos como fonte, a carta do DSG – SUDENE –

TERESINA, escala 1:100.000, o Mapa das Bacias Hidrográficas do Piauí, o Mapa

Administrativo de Teresina, 1992 em escala 1:25.000.000 e a Carta NÁUTICA DO

ENCOTNRO DOS RIOS (Parnaíba e Poti), TERESINA, Abril 2002. Segundo, fizemos uma

visita à área onde deveria ser realizada a pesquisa e em terceiro lugar percorremos a pé, toda a

área do curso d´água, desde a sua nascente até a sua foz quando ocorre o encontro de suas

águas com o rio Parnaíba.

Com aproximadamente 15 Km de extensão, portanto tratando-se de um micro canal de

drenagem, o Riacho Olho D’Água pertence a micro, bacia difusa do médio Parnaíba

componente da grande bacia Piauí – Maranhão (ver mapa anexo das Bacias Hidrográficas do

Piauí), sua nascente está localizada no divisor de águas existentes á altura dos Kms 8 e 9 da

BR 316, sentido Teresina – Salvador e sua foz ocorre na localidade denominada Áreias na

zona sul de Teresina e encontra-se também localizado entre as coordenadas geográficas de

05º09´457” latitude sul e 42º´48´068” longitude oeste (ver carta Náutica de Teresina anexo), e

altitudes, máxima de 144 m (nascente) e mínima de 72 m (foz), (ver carta do DSG –

SUDENE – TERESINA, anexo).

Para efetuar a pesquisa em todo o curso do riacho Olho D’água, dividimos este curso

d’água em três porções: alto, médio e baixo cursos. O alto curso, está localizado à altura do

Km 8 da BR 316, atualmente ocupado pelos bairros Santo Antônio, Parque São Jorge e

Parque Bom Jardim; o médio curso, está localizado entre os bairros, Planalto Santa Fé e

Conjunto Santa Fé; e o baixo curso, localiza-se após a Avenida Henry Wall de Carvalho

(Antiga estrada de Palmeirais), onde encontra-se as áreas lagunares situadas à margem direita

do Rio Parnaíba precisamente no bairro Areias. Esta delimitação foi realizada através de

observações “in loco” onde idealizamos esta representação, com o objetivo de facilitação da

pesquisa.

Com o objetivo de caracterizar os aspectos geofísicos e estruturais do riacho Olho

D’água, utilizamos como referência, os aspectos, geoambientais, geomorfológicos e

hdirológicos. Quanto ao tipo de padrão de drenagem o referido cursos d’água pode ser

considerado como dendrítico “conceito geomorfológico de drenagem dendrítica – também, é

Page 25: Monografia diassis1

37

designada como arborescente, por que se assemelha a configuração de uma árvore”. Quanto

ao tipo de vale fluvial “vale fluvial é uma designação dada as formas de relevo entalhadas

como, corredor ou depressão longitudinal de tamanhos e aspectos variados, e ocupado pelos

cursos d’água”, apresenta-se em perfil longitudinal em formas de “V”, conceito hidrológico,

“Vales em forma de “V”, são aqueles que indicam uma relação equilibrada entalhamento e o

alargamento, geralmente são esculpidos em material homogêneo e as vertentes são

simétricas”. Quanto a categoria de escoamento em relação a inclinação das camadas

geológicas, segundo a classificação proposta por William Morris Davis, o riacho Olho D’água

caracteriza-se como rio “conseqüente é determinado pela declividade das superfícies

terrestres, em geral coincidindo com a direção da inclinação principal das camadas

geológicas”, o escoamento apresenta-se do tipo superficial no sentido leste-oeste, seu canal

de base ou leito de vazão encontra-se encravado entre vertentes suavemente inclinadas em

relevo convexo em terreno tipicamente sedimentar. O riacho Olho D’água também

caracteriza-se como rio temporário ou intermitente “conceito em hidrologia para os rios que

contém água em seu leito em certa época do ano, e apresenta-se seco em outro”.

Vale ressaltar que o termo “riacho Olho D’água” não é denominação oficial, mas tão

somente, um tratamento vulgarmente estabelecido por antigos moradores da região do

referido riacho. O motivo é que em períodos de estiagem (período de seca), surgem em alguns

trechos desse riacho, alguns fluxos de água que brotam da terra, sendo então denominados

olhos d’água ou minadores. “Olho d’água, são nascentes que brotam da terra abastecendo o

canal de algum curso d’água, a partir das águas oriundas do lençol freático”. As informações a

respeito dessas nascentes e outros fenômenos naturais existentes na área do referido riacho,

foram concedidas pela profª aposentada, Sra. Maria dos Santos Mendes, moradora e

proprietária à 62 anos em uma gleba de terra na localidade Areias, tendo como denominação a

sua propriedade, “DATA PORTO ALEGRE” que mede 48 hectares e 15 aires, cadastrada no

INCRA sob o nº 212.307.201.021-9/PI.

2.1. Os Problemas de Degradação Ambientais no Riacho D’água

Com o objetivo de evidenciar os principais problemas de degradação ambiental que

estão ocorrendo em toda a extensão do Riacho Olho D’água, utilizamos os mesmos critérios

já adotados anteriormente, nos quais dividimos o curso do referido riacho em três unidades:

alto, médio e baixo cursos, onde através de observações visuais e documentário fotográfico

relacionamos vários pontos, que consideramos como os mais chocantes e que demonstram a

Page 26: Monografia diassis1

38

gravidade com que a poluição naquele ambiente, está causando a destruição em todo

ecossistema local.

No alto curso onde se encontra a nascente do riacho Olho D’água, a paisagem e o

relevo encontram-se bastante prejudicados. Esta região começou a se degradada a partir da

década de 1970, quando se deu o início a extração de um minério popularmente conhecido

como massará. (O referido minério é muito utilizado nas construções da cidade de Teresina).

Sua exploração alcançou o auge durante a década de 1980 e teve o seu declínio no final da

década de 1990, deixando nesta região, uma imensa cratera e terrenos sujeitos a

desmoronamentos e deslizamentos de terra. Em pouco tempo, o local começou ser ocupado

por uma certa quantidade de famílias. Suas casas foram sendo construídas dentro e nas

encostas da cratera (ver foto 1), quando chega o período chuvoso, estas famílias são afetadas

por vários tipos de problemas. Nas áreas mais baixas, as residências ficam alagadas com a

água que se acumula pela falta de escoamento. Nas áreas mais altas, próximo as encostas, os

domicílios são constantemente afetados por deslizamentos de terra e outros entulhos que estão

sendo colocados na área (ver foto 2). Este local hoje é denominado Parque São Jorge, na área

não existe qualquer tipo de infra-estrutura pública, ficando os seus moradores sujeitos a

muitos problemas, como doenças na pele, respiratórias, dengue entre outras, motivadas pelos

constantes alagamentos e pela falta de drenagem da água que fica acumulada durante boa

parte do ano, tornando este local propício a proliferação de mosquitos. Esta área ainda não é

beneficiada com serviços de coleta de lixo doméstico. Então a população passou a utilizar o

leito ou canal do Riacho Olho D’água como local para depositar todo tipo de lixo e dejetos

(ver fotos, 3, 4, 5, 6 e 7), são lixo doméstico, resto de materiais de construção, galhos de

árvores, carcaças de animais mortos em decomposição entre outros, deixando na região um

mau cheiro insuportável.

A região do médio curso do riacho Olho D’água foi ocupada a partir de 1985, quando

surgiu no local várias vilas e favelas, tendo como as mais expressivas, as comunidades Santa

Cruz e Bom Jesus, sendo que esta última, já nos primeiros anos de existência, passou a sofrer

graves problemas como que foram noticiados no Jornal Diário do Povo, nov. 1993. “Os

moradores da rua Augusta, na Vila Bom Jesus, zona sul de Teresina, estão aflitos com a

queda de barrancos causada pela enxurrada de esgotos. Pelo menos 10 casas estão

ameaçadas de desmoronamentos no setor”.

No ano de 1996 a população local juntamente com lideranças comunitárias, discutiam

os problema se pediam solução para os mesmos. Em 15 de abril de 1996, foi formada uma

reunião, que ocorreu no Colégio Ana Bugija, na ocasião foi assinado uma ata em que a

Page 27: Monografia diassis1

39

população solicitava da prefeitura, definição de obras de pavimentação de algumas ruas, do

bairro, em votação saiu vencedora a rua Andradina (atual Gilberto Paulo Freire), sendo esta

obra uma reivindicação antiga da população que perdurava desde 1994, naquela época várias

famílias estavam sendo prejudicadas por imensas crateras que se formavam na referida rua,

devido a forte correnteza da água que vinha da ampliação do bairro Promorar e da Vila São

José da Esperança e impedia o tráfego de pessoas e veículos, causando desconforto e

prejuízos para a população.

Com a pavimentação desta rua deu-se cabo o problema das crateras. Por outro lado

surgiu um outro problema que sobrevive até os dias atuais. O calçamento evitou a formação

de crateras, mas a impermeabilização do solo fez aumentar o volume de águas superficiais.

O problema é que o local onde na atualidade está ocupado pela rua Gilberto Paulo

Freire (antiga Andradina), na verdade pertence ao leito principal do médio curso do riacho

Olho D’água que na época da seca transforma-se em esgoto a céu aberto (ver foto 8), e no

período chuvoso sede lugar para as águas o riacho que transborda e alaga inúmeras

residências causando danos irreparáveis para população (ver fotos 9 e 10). As águas deste

córrego, além de atingir vários trechos da citada rua, ainda atinge a rua que dá acesso ao

cemitério Santa Cruz, dificultando a entrada dos carros funerária (ver fotos 11, 12), e

pedestres que circulam pelo local. Um grande problema que existia na comunidade Bom

Jesus, era a existência de um grande terreno baldio, próximo a comunidade. O referido terreno

era usado como esconderijo de marginais como também, utilizado como depósito de lixo o

que incomodava demais a população local. Uma reportagem que circulou na edição de 6 dez

2001 do Jornal Meio Norte, mostra que os moradores solicitavam através de ofício, a visita ao

local, um fiscal da prefeitura para averiguar a situação e queriam que a área fosse

transformada em um Parque Ambiental, na mesma reportagem, os moradores pediam

providências no sentido de aterramento de uma lagoa existente no início da rua Andradina

pois com a chegada das chuvas, esta lagoa, transbordava chegando a inundar alguns túmulos

do Cemitério Santa Cruz. (cemitério fundado no dia 24 de Agosto de 1987 pelo prefeito

Raimundo Wall Ferraz, que ocupa uma área de 71.400m², ficando situado à margem esquerda

do Riacho D’água, sentido nascente – foz entre o conjunto Santa Fé e a Vila Bom Jesus,

informações concedidas através da Secretaria Municipal de Planejamento SEMPLAN).

No referido terreno que nunca recebeu qualquer tipo de benefício, a partir do ano de

2000, começou a ser ocupado, formando a comunidade Parque Bom Jardim, ficando a área

ocupada sem nenhum tipo de planejamento (organização urbana), hoje as famílias sofrem os

problemas por falta de infra-estruturas, a maioria da residências são construídas na tipologia

Page 28: Monografia diassis1

40

taipa e muitas delas encontram-se dentro do leito do riacho Olho D’água, como as que vemos

no exemplo (foto 13).

Nesta comunidade não existe coleta de lixo, não existe calçamento, abastecimetno de

água e luz, sendo que nas casas que existe este serviço, é feito de forma clandestina (as

chamadas gambiarras), não existe iluminação pública nas ruas, as mesmas por falta de

pavimentação, no período chuvoso transformam-se em verdadeiros voçarocas (ver foto 14)

devido a falta da cobertura vegetal, quando a chuva chega, leva todo material erodido

juntamente com outros detritos, para dentro do riacho Olho D’água, soterrando o seu canal

principal e conseqüentemente, muitas residências deixando a população em estado de

calamidade pública.

Ainda no médio curso do riacho Olho D’água entre os anos 2000 e 2001 surgiu uma

outra área de ocupação, pouco antes da avenida Henry Wall de Carvalho, esta área foi

denominada Vila Palmeirais devido a existência antes de sua fundação, grande quantidade de

Palmeiras babaçu. Hoje esta comunidade enfrenta os mesmos problemas que as demais

citadas, necessitando de benefício essenciais para melhorar a qualidade de vida da população,

que se encontram vivendo em condições subhumanas.

O subsolo da região do médio curso do riacho Olho D´água encontra-se bastante

prejudicado, bem como a água que escoa pelo canal principal do riacho, devido a grande

quantidade de resíduos de toda natureza que recebe, além disso, nesta área, existem grande

quantidade de fossas a céu aberto e a presença do grande cemitério Santa Cruz, que

contribuem para a contaminação do lençol freático e conseqüentemente toda a água que

abastece o canal do riacho (ver foto 15).

A região do baixo curso do riacho Olho D’água ocorre logo após o cruzamento com a

avenida Henry Wall de Carvalho (antiga estrada de Palmeirais), neste local o riacho deságua

em algumas lagoas e depois seguirá o seu curso até o rio Parnaíba. Neste local observamos

que a poluição do riacho já provoca graves danos na fauna e flora.

A poluição em suas águas causa degradação ao meio ambiente, algumas lagoas onde

essas águas são depositadas, estão ficando totalmente recobertas por plantas aquáticas, como a

canarana e o aguapé (ver fotos 16, 17), estas plantas na presença de água poluída, devido a

grande quantidade de matéria orgânica, desenvolvem-se rapidamente, impedindo a

oxigenação da água causando a mortalidade de peixes e outros organismos aquáticos e com a

escassez desses recursos naturais, outros animais que se alimentam com essas espécies,

tendem a migrar para outras regiões.

Page 29: Monografia diassis1

41

Existem na área do baixo curso do riacho Olho D’água, algumas atividades econômicas

como indústrias de laticínios e também algumas vacarias. Os rebanhos bovinos do tipo

holandês são criados em sistema de confinamento (ver foto 18), porém, os resíduos

produzidos por esses animais (fezes, urina etc), são lançadas “in natura”, para dentro das

lagoas e logo depois para dentro do rio Parnaíba. O pisoteio desses animais as margens do rio,

terreno facilmente erodível, provoca erosão no solo (ver foto 19).

As margens do rio Parnaíba também sofre com o processo de degradação, o forte

desmatamento provoca a erosão e até, algumas árvores acabam tombando para dentro do rio

(ver fotos 20, 21), causando aos nossos olhos a sensação de um quadro de desolação.

2.2. As principais fontes poluidoras do riacho Olho D’água

Durante a nossa trajetória nesta etapa da pesquisa, observamos os graves problemas de

degradação ambiental em toda a extensão do riacho Olho D’água e apontamos como as

principais fontes de poluição e degradação ambiental, ganância do homem que para alimentar

o desejo de riquezas, devasta sem piedade os recursos naturais, como as que observamos na

nascente deste canal fluvial. Observamos que grande parte da degradação ambiental nesta

área, está associado a falta de infra-estrutura e organização urbana, dessa forma, fica a

população daquela área a mercê de uma infinidades de problemas que lhes aflingem a cada

dia e a cada ano, problemas de difícil solução, que somente a intervenção do poder público

poderá melhorar consideravelmente a vida da população e do meio ambiente.

E esta ação se dará com políticas públicas, com obras de saneamento básico, melhorias

habitacionais, e a capacitação da população quanto as questões ambientais, fazendo com que

cada um se sinta responsável por esta causa.

Por fim observamos o descaso das autoridades competentes, que parecem fazer vistas

grossas para os graves problemas que afetam esta região das zonas sul da capital Teresina,

uma vez que, grande parte desses problemas não são recentes, quando verifica-se que há de

bastante tempo a população clama por providências.

Enquanto elas não vem, os problemas mais recentes apenas somam-se aos já existentes,

por isso se faz necessário uma política séria e urgente no sentido de contornar este problemas,

antes que surgem outros mais difíceis de serem superados.

2.3. Alguns indícios para o desenvolvimento sustentável na área do riacho Olho D’água

Nesta unidade da pesquisa, observamos que nem tudo é problema na área do riacho

D’água. Verificamos que apesar das dificuldades enfrentadas pela população local,

Page 30: Monografia diassis1

42

encontramos algum tipo de desenvolvimento econômico. São pessoas que desenvolvem

algum tipo empreendimento comercial, como pequenos mercadinhos, oficinas, centros de

produção entre outros.

O próprio leito do riacho Olho D’água em alguns trechos, é utilizado para a produção

de algumas culturas como o capim elefante que serve de alimentação para os rebanhos das

vacarias, a cana-de-açúcar, a mandioca, a banana e outras culturas como hortas comunitárias

etc. (ver fotos 22, 23, 24 e 25), porém é importante ressaltar que, todas estas culturas são

irrigadas com a água contaminada do riacho, dessa forma o consumo desses alimentos pela

população, poderá colocar em risco a sua saúde.

Verificamos também, a presença de pequenos abatedouros onde são abatidos aves e

pequenos animais. Esses abatedouros além de serem clandestinos, poluem as águas do riacho,

com o sangue e as vísceras desses animais, deixando o local exalando um forte mal cheiro que

por sua vez atrai grande quantidades de urubus que incomoda aos moradores de toda aquela

área (ver foto 26) por outro lado, verificamos, que principalmente no baixo curso, ainda é

possível encontrar presença de fauna e flora nativas.

Ainda existem árvores de grande porte como a Cajazeiras (SP ondias bulca), Angico

Branco (Anadenanthera Columbrina), Jatobá (Hymineal) Pau D’arco (Tabeltura-SP) e várias

palmácias como o Buriti (Mauritia Flexuosa) (ver foto 27). Apesar da forte degradação

ambiental existente neste local, a natureza ainda encontra algum tipo de condição para se

desenvolver, ao mesmo tempo, representa testemunho vivo de que num passado não muito

distante, toda aquela área era riquíssima em muitas espécies animais e vegetais e que a forte

presença do homem fez com que a maioria delas, já não exista mais. Por isso, observamos,

que, não basta o homem se desenvolver, é preciso antes de tudo, respeitar a natureza. A

degradação do meio ambiente provoca a extinção de muitas espécies da fauna e da flora, mais

em algum momento, a vítima poderá ser o próprio homem. Neste sentido, verificamos que

ainda é tempo de se fazer alguma coisa para recuperar o que está sendo destruído e preservar

o que ainda resta, antes que desapareça para sempre como já ocorreu em outros pontos da

cidade.

2.4. “As ações do poder público, com relação a obras de saneamento básico e outras

infra-estruturas em todas a área do Riacho Olho D’água”.

Dando prosseguimento em nossa pesquisa, com relação as ações do poder público, em

levar os serviços de infra-estrutura para toda a área foco do nosso trabalho, fomos

surpreendidos por mais um fato lamentável.

Page 31: Monografia diassis1

43

A área onde estamos efetuando este trabalho, novamente foi atingida por mais uma

catástrofe. Na madrugada do dia 02 para o dia 03 de março de 2005, aquela região foi atingida

por uma forte chuva, que acabou provocando grandes estragos, sendo a área mais atingida, a

Vila Bom Jesus, trecho da rua Andradina. Neste local cerca de 27 famílias ficaram

desabrigadas.

Este fato foi amplamente divulgada pela imprensa de Teresina, como foi noticiado em

uma reportagem que circulou no dia 05 de Março de 2005, no Jornal Meio Norte, no caderno

“Cidade”. Esse fato também foi registrado em um boletim de ocorrência, relatório Nº

062/2005 do Corpo de Bombeiros, Comando de Salvamento e busca, sob o comando do 1º

Ten QOBM, Sárvio Pereira de Sousa, onde diz que, na madrugada do dia 02 para o dia 03 de

março de 2005, às 02:24h a guarnição de salvamento deslocou-se até a Rua Andradina s/n,

Vila Bom Jesus, em frente ao cemitério Santa Cruz, para atender a uma ocorrência de

alagamento, onde verificou-se que várias casas estavam sendo inundada (ver boletim anexo).

Naquele mesmo dia fomos até aquele local e constatamos a veracidade desse fato.

Verificamos a calamidade e flagelo dos pessoas que foram atingidas, muitas delas além de

suas casas, ainda perderam seus móveis e vestimentas e em estado de choque. Este fato

também registramos através de fotografias, ver fotos.

Como já frisamos anteriormente neste trabalho, esta área é sujeita a alagamentos,

dessa forma pode ser considerada área de risco. Assim sendo, procuramos saber das pessoas

competentes e responsáveis pela estruturação e uso do solo urbano da cidade Teresina qual

seria a preocupação do poder público com relação a ocupação desta áreas.

Em entrevista com o então superintendente da Superintendência de Desenvolvimento

Urbano, SDU-SUL, o Sr. Marcos Antônio Elvas, perguntamos que medidas a prefeitura de

Teresina, vem tomando para evitar que áreas como a citada neste trabalho sejam ocupadas.

Em resposta ele nos disse que:

“Temos um trabalho permanente de fiscalização nestas áreas, mas a SDU é feita de

gerências, cada uma delas é responsável por um setor. Portanto, lhe aconselho procurar

a gerência de licenciamento ambiental, onde poderá colher mais informações à este

respeito”.

Na gerência de licenciamento ambiental, entrevistamos Srª Drª Danielle Melo, chefe

da divisão de licenciamento ambiental da SDU-SUL e ela nos disse o seguinte:

“Bem, para evitar que estas áreas sejam ocupadas é preciso que haja planejamento

urbano, mais especificamente a criação de áreas de preservação ambiental permanente.

Page 32: Monografia diassis1

44

As ações neste sentido, da prefeitura municipal de Teresina está dividida em várias

divisões que tratam dessa questão, como a divisão de habitação e urbanismo que trata

da ocupação do solo urbano e ainda e gerência do meio ambiente que trata das

questões ambientais dentro deste solo que é ocupado e também, a gerência de

fiscalização nesta área, que é quem previne e adota ações de fiscalização nesta área,

através de infrações, que no caso de uma área que não pode ser ocupada, é tomada

algumas providências para que ela não seja ocupada (...) agora como essa preocupação

ambiental e recente, atualmente a prefeitura esta fazendo um trabalho maior com

relação a preservação ambiental permanente, que são áreas ao redor de córregos e

lagoas, são trinta metros de preservação, é o que hoje é observado. Mas por que isso: É

por causa das ações anteriores, por falta de planejamento a prefeitura está

desenvolvendo um trabalho que pretende obedecer a um planejamento ou um

zoneamento urbano de Teresina. São divididas por zonas que podem ser ocupadas e as

zonas que saram destinadas a preservação permanente, esta ação é revertida. Agora as

ações corretivas, agimos através de educação ambiental, conversamos com as pessoas

que estão ocupando aquela área. Dizemos que não é permitido a ocupação pois esta

área é muito importante para a preservação ecológica e também para o ciclo

hidrológico. Orientamos no sentido da não ocupação daquela área, explicamos para

elas a sua importância. Agora muitas vezes esta questão não é interiorizada pelas

pessoas que estão ocupando a área que não pode ser ocupada. Então é preciso a

elaboração de um plano para poder conciliar o uso do solo e meio ambiente”.

Neste mesmo sentido conversamos com a Drª Valdinete Ulisses Câmara Oliveira,

assistente social e chefe da divisão de habitação e urbanismo da SDU-SUL, e ela também nos

forneceu estas informações:

“Olha, existe aqui na prefeitura, um setor de fiscalização. Diariamente equipes

percorre toda a cidade ,tomando cuidados, para justamente atuar nestas atividades, não

permitindo que as pessoas ocupem essas áreas, que são consideradas áreas de risco. No

entanto, nos sabemos que a população vem crescendo muito, a cidade também e as

vezes até foge o sistema de controle, não só da prefeitura, mas de todos os órgãos de

modo geral, que também entra em discussão. A maneira de controle de programas vem

sendo muito discutido ultimamente. Porque muitas vezes, eles não estão atendendo ao

mesmo tempo, a esta situação. (...) mas quando o prefeito detecta que uma área que

esta sendo ocupada ou invadida, coloca-se uma equipe para atuar como prevenção,

Page 33: Monografia diassis1

45

para que essas pessoas não ocupem aquela área, pois ela é considerada imprópria para

a construção de moradia. Por que nós sabemos que se trata, que muitas dessas invasões

é feita por pessoas que realmente não tem moradia. Mas existem outras pessoas que

tem, mas aproveitam-se daquele movimento, e muitas vezes desvirtua a sua intenção.

Essas pessoas entram numa ação dessa e começam atrapalhar o atendimento daquelas

pessoas que realmente precisam de moradia. Então quando identificamos essas

pessoas, lhes aconselhamos voltar para o seu local de origem. Depois fazemos um

cadrotamento dessas pessoas, verificamos se elas realmente precisam de uma moradia

e na hora em que a prefeitura lança um programa, procuramos fazer a inclusão dessas

pessoa”.

Nós explicamos para a Drª Valdinete ,que esta entrevista faz parte de um projeto de

pesquisa, que será apresentado como uma monografia no final do curso de Lic. Plena em

Geografia da Universidade Estadual do Piauí – UESPI e que este trabalho enfoca a

degradação ambiental em um córrego existente na zona sul de Teresina e que está área foi

duramente atingida por uma forte chuva no mês de março de 2005. fato causou grandes

prejuízos para população residente naquela área.

Então perguntamos a Drª Valdinete se ela tinha conhecimento desse fato e quais foram

as providências utilizadas pela prefeitura para socorrer as famílias que foram vítimas daquela

catástrofe:

“Olha, geralmente neste período chuvoso, a prefeitura lança mão de em

programa denominado de família acolhedora. É um programa onde as famílias

que estão ou que foram atingidas pelas enchentes, são acolhidas por um parente

ou por um amigo. Esse acolhimento pode se dar por até três meses ou até mais

dependendo da situação ou necessidade, durante esse período em que essa

família está acolhida, ela recebe uma cesta básica e uma ajuda de custo. Ai

então a SDU entra com um auxílio na reconstrução daquela residência (...) O

que muitas vezes acontece, é que estas famílias que foram desabrigadas, não

que elas estão em constante enchente, como aconteceu na área que você está

citando. O problema é que naquela área houve um desmatamento e agora há a

necessidade de se fazer uma galeria e uma série de outras atividades e que não

há a necessidade da retirada das famílias daquele local. Com estas obras, elas

poderam permanecer morando. Então é isso. A prefeitura faz todo um estudo

Page 34: Monografia diassis1

46

da área, para ver realmente qual seria a melhor solução para o caso que você

está apresentando”.

No dia em eu ocorreu o problema de alagamento na área foco deste trabalho, fomos

até o local e constatamos, que a área mais atingida foi a região da Vila Bom Jesus. Então

verificamos que realmente naquela área há a necessidade da construção de uma galeria, que

de fato diminuiria o escoamento superficial das águas. Então perguntamos a Drª Valdinete se

existe algum projeto em tramitação na prefeitura dando conta a construção desta obra.

“Com relação a construção desta obra, no caso uma galeria, eu lhe aconselho procurar

mais informações junto a gerência de obras e serviços. Agora a construção de uma

obra como essa requer recursos, é uma obra caro, e me parece que a comunidade já

participou do programa de orçamento popular, porém não tem certeza se esta obra foi

aprovada. Mas se você tiver oportunidade de falar com o gerente de obras e serviços,

com certeza ele terá condições dizer se esta solicitação já entrou no orçamento, se já

foi aprovado e pra quando está previsto a construção dessa galeria”.

Além do grande volume de água que escoa pela rua Andradina durante uma forte

chuva, constatamos também que, pelo local, também escoa uma grande quantidade de

sedimentos, (material proveniente de erosão) e o lixo doméstico advindos das Vilas, Parques

São Jorge e Bom Jardim, ambas localizadas às nascentes do córrego foco deste estudo. Estas

comunidades ainda não foram beneficiadas com serviços de saneamento básico. Sabe-se que

esses serviços são essenciais para evitar a erosão nas ruas, como também, facilitam a coleta

do lixo doméstico e outros benefícios. Então perguntamos Drª Valdinete, se existe algum

projeto a curto prazo, no sentido de beneficiar aquelas comunidades, com serviço de

saneamento básico e outras infra-estruturas:

“Bem, inclusive todas estas áreas que você citou, são beneficiadas com serviços de

coleta de lixo. A coleta é feita dia sim, dia não pro aquele caminhão e nas áreas onde

ele não tem condições de entrar, é disponibilizado umas carroças, para que seja

efetuado a coleta de lixo doméstico. Agora a Vila São Jorge é situada dentro de uma

área em que foi extraído muito massará e inclusive, aquela é uma área que está sob

intervenção judicial e enquanto esse processo estiver em trânsito na justiça, não tem

como dar andamento na urbanização da área. Tudo é realizado, ações no sentido de

Page 35: Monografia diassis1

47

melhorar a convivência da população por lá. Mas acredito que a empecilho de se fazer

alguma benfeitoria por lá é o fato da área estar sob intervenção judicial”.

Em diálogo com algumas famílias residentes nas Vilas, Parques São Jorge e Bom

Jardim e através de observações visuais, verificamos a grande carência que estas comunidades

tem em relação aos serviços de saneamento básico e melhoria habitacional. Perguntamos a

Drª Valdenete se ela tem conhecimento se a prefeitura tem planos para beneficiar estas

comunidades, a exemplo de outras vilas que já foram beneficiadas e assistenciadas com

programas como o programa Vila bairro.

“Geralmente a inclusão dessas famílias no programa vila bairro, se da a partir da

própria mobilização da comunidade, no sentido de estar reivindicando estes direitos.

No entanto, estas áreas de invasões, (ocupações irregulares), que não tem a sua

situação regularização, áreas que ainda não foram desapropriadas, os antigos

proprietários ainda tratam de ações na justiça e as vezes já até ganharia, a reintegração

de posse, mais essa reintegração nunca foi feita. Enquanto isso a coisa fica parada no

meio do tempo. Então uma intervenção mais sistemática, teria que ser a partir do

momento da regularização da área, para então podermos levar a melhoria habitacional

e outros benefícios”.

Então perguntamos de imediato quais seriam as atitudes a serem tomadas pela

prefeitura municipal de Teresina, com relação a solução do problemas de alagamentos que

vem afetando a área acima citada:

“Bem, inclusive neste período, foi feito um plano de contingência, esse plano,

participaram a Prefeitura, governo do Estado, mas a nível mesmo emergencial, para

atender essas famílias. Acredito que passando este momento, chamado de emergencial,

feito para uma resposta mais imediata, então vai ser o momento de se sentar e propor

algumas alternativas de solução dos problemas daquela área”.

A partir dessas informações concedidas pela Drª Valdinete, procuramos a gerência de

obras e serviços de engenharia e conversamos com o Dr Hélio Silva de Sousa Benvindo,

gerente de obras e serviços de engenharia da SDU-SUL e fizemos as mesmas perguntas e as

respostas forma as seguintes:

Page 36: Monografia diassis1

48

“Olha, realmente existe uma vigilância para evitar que estas áreas sejam ocupadas. Já

as áreas que já foram ocupadas, fica mais difícil que a prefeitura faça a retirada dessas

pessoas. Basicamente tenta-se evitar que áreas de riscos sejam ocupadas. Então

ficamos em eterna vigilância naqueles locais, tenta-se debater o movimento desde o

início”.

Com relação aos alagamentos da rua Andradina na vila Bom Jesus ele nos disse o

seguinte:

“Na verdade os locais mais atingido forma dois prédios. Uma pessoa construiu nestes

prédios pequenos cômodos para alugar . (...) de imediato providenciamos a

desocupação desse prédios que estavam correndo risco de desabamentos, essa foi a

decisão primeira. Posteriormente tratamos de reconstruir o calçamento da Rua

Andradina que ficou bastante danificado”.

Com relação a construção da galeria, reclamada pela população da Vila Bom Jesus,

perguntamos ao Drº Hélio se ele tem conhecimentos sobre a construção dessa obra:

“Bem existe um projeto, mas o fato é o seguinte: é que com todo esse problema de

alagamentos que você está citando, foi agravado pela ocupação daquela área. Na

verdade aquelas casas ocuparam o caminho natural das águas pluviais. Então como

elas não tem mais por onde escoar então acaba imendando rua. (...) O projeto da

construção dessa galeria existe, mais precisa de recursos. A prefeitura tem uma

dificuldade enorme em arranjar recursos. O que se pode fazer de imediato é a

conservação da rua Andradina e consertar os buracos causados pela enxurrada”.

Quanto a execução de serviços de saneamento básico nas Vilas Parques são Jorge e

Bom Jardim a sua resposta foi a seguinte:

“Olha o serviço de saneamento básico é constituído de vários tipos de serviços e obras.

Cabe a prefeitura a parte de calçamento. Este projeto é de orçamento popular de

calçamento de algumas ruas do Parque São Jorge para ver se ameniza a situação por

lá. Com relação a sujeira, é feita uma coleta várias vezes por semana. As vezes

Page 37: Monografia diassis1

49

também mandamos uma equipe de limpeza para trabalhar na desobstrução do córrego.

É feito periodicamente essa limpeza (...). Em relação a outras obras, existem projetos

já em previsão no orçamento para fazer calçamentos em algumas nestas duas

comunidades”.

Procuramos saber do entrevistado, quais seriam as providências mais imediata que a

prefeitura vem tomando, no sentido de dar uma resposta concreta para a solução dos

problemas de alagamentos que vem afetando a área foco deste trabalho. Obtivemos como

resposta a seguinte:

“De imediato, o que podemos fazer é recuperar os danos. Por exemplo na Rua

Andradina o trânsito ficou interrompido devido a erosão. Então de imediato é isso.

Posteriormente será feito a limpeza da área, o recolhimento do lixo, pois ele contribui

muito para o problema dos alagamentos, quando uma galeria está entupida pelo lixo, a

água escoa por cima das ruas e provoca transtornos. Então basicamente é isso, reparar

os danos e manter a limpeza para minimizar esse alagamentos”.

Como podemos observar, através dos depoimentos de pessoas competentes com

relação aos problemas que afetam toda área foco deste trabalho, verificamos-se que as ações

ainda são bastante temidas, quando observa-se a gravidade dos problemas e o caos que se

abate sobre daquelas comunidades.

Enquanto a solução não chega, muitas famílias continuaram convivendo com situações

indesejáveis como já foi demonstrando neste trabalho.

Através de nossa contribuição, espera-se sensibilizar as autoridades responsáveis por

esses assuntos, para que tomem providências o mais rápido possível, para contornar a situação

de penúria por quem enfrentam essa parcela de população teresinense.

Page 38: Monografia diassis1

50

4. DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E SANITÁRIO DAS COMUNIDADES

RIBEIRINHAS DO RIACHO OLHO D´ÁGUA

Para obter informações sobre o desenvolvimento sócio-econômico e sanitário das

comunidades ribeirinha da área do riacho Olho D´água, foi realizada uma pesquisa por meio

de um relatório entrevista (ver modelo anexo), no período de 12 a 14 de novembro de 2004,

onde objetivou-se obter conhecimentos sobre o comportamento dessa clientela em relação aos

aspectos acima referidos.

As informações foram obtidas de forma direta em 100 imóveis, escolhidos

aleatoriamente em quatro áreas de maior concentração populacional, que compreende as

comunidades Parque São Jorge, Parque Bom Jardim, Vila Bom Jesus e Vila Palmeirais, onde

através de comunicação verbal simples, foi possível constatar de forma aproximada a relação

do homem como ser biológico e sócio-cultural nas interações temporal e espacial com o meio

ambiente e o grau de antropismo oriundo dessa relação.

De acordo com as informações, levantadas e analisadas nesta pesquisa, apresentou os

seguintes resultados:

Das unidades residenciais entrevistadas 14% residem entre uma à duas pessoas, 49%

residem famílias de três a quatro pessoas e 37% residem entre cinco ou mais pessoas

respectivamente, conforme gráfico 1.

Gráfico 1

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

QUANTIDADE DE PESSOAS POR RESIDÊNCIA

37% 49%

14%

5 ou mais

3 a 4

1 a 2 pessoas

Page 39: Monografia diassis1

51

Com relação a renda familiar, 13% afirmaram não possuir qualquer fonte de renda, 60%

afirmaram possuírem uma renda de um salário mínimo, 19% disseram possuir renda de até

dois salários mínimos e 8% possuem renda igual ou superior a três salários mínimos. (ver

gráfico 2). Conforme os dados apresentados, observamos que a renda familiar existentes

nestas comunidades apresenta-se como insuficiente para suprir as necessidades básicas dos

entrevistados, ficando esta população, sobrevivendo abaixo da linha de pobreza.

Gráfico 2

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Com relação a ocupação da população estudada, a mesma encontra-se bastante

diversificada, observou-se o grande número de pessoas desempregadas e de trabalhadores

autônomos, que exercem atividades sem carteira assinada. O quadro das ocupações

apresentou-se conforme o gráfico 3, 3% são funcionários públicos municipais 22% trabalham

em empresa privada, 39% são trabalhadores autônomos, 19% exercem outras atividades como

serviços braçais, lavradores, domésticos entre outros e 17% estão desempregados. Podemos

observar dois fatores importante nesta análise. O primeiro é a baixa capacidade da região

estudada em geração de emprego e renda, o segundo é a baixa qualificação profissional que se

apresenta na população estudada.

RENDA FAMILIAR

1 salário

60% 19%

13%

8%

2 salários 3 ou mais salários

nenhum

Page 40: Monografia diassis1

52

Gráfico 3

TIPOS DE OCUPAÇÃO

17%

3%

22%

19%

39%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

De acordo com os dados levantados, verificou-se que 18% são analfabetos, 48%

possuem o Ensino Fundamental incompleto, 23% Ensino Fundamental completo 2% Ensino

Médio incompleto e 9% possuem Ensino Médio completo. Diante das informações

apresentadas no gráfico 4, podemos afirmar que é muito alto o número de pessoas analfabetas

e com os níveis de escolaridade baixo, ensino fundamental completo ou incompleto e muito

baixo o índice de pessoas portadoras do ensino médio.

Gráfico 4

GRAU DE INSTRUÇÃO

23%

18%

9%2%

48%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Fun. Prefeitura Municipal

Desempregados

Empresa Privada

Outras Atividades

Autônomos

Ensino Fundamental Completo

Analfabetos

Ensino Médio Completo

Ensino Fundamental Completo

Ensino Médio Incompleto

Page 41: Monografia diassis1

53

Quanto ao tipo de residência, os dados analisados informaram que 73% são na tipologia

taipa, e 27% são de alvenaria, ver gráfico 5. Estes dados revelam a precariedade nas

condições de habitação, necessitando urgentemente de serem atendidas com políticas de

melhorias habitacionais.

Gráfico 5

TIPOS DE RESIDÊNCIA

27%

73%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quanto ao tipo de cobertura das residências na área estudada a pesquisa constatou que

96% das residências são cobertas de telha e 4% tem a cobertura de palha. Ver gráfico 6.

Gráfico 6

TIPO DE COBERTURA RESIDENCIAL

96%

4%

Alvenaria

Taipa

Telha

Palha

Page 42: Monografia diassis1

54

Com relação a propriedade da residência, 95% das pessoas entrevistadas, afirmaram ser

a residência de sua propriedade e 5% afirmaram ser emprestada. Gráfico 7.

Gráfico 7

PROPRIEDADE DA RESIDENCIA

95%

5%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quanto ao título de propriedade (documento público), apesar de a maioria dos

entrevistados afirmarem ser de sua propriedade a residência, os dados adquiridos revelaram

que 100% dos imóveis não possuem título fundiário, ver gráfico 8, caracterizando estarem

estes imóveis completamente irregulares.

Gráfico 8

TITULO FUNDIARIO DO IMÓVEL

100%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Emprestada

Própria

Não possuem

Page 43: Monografia diassis1

55

De acordo com as informações sobre a água que abastece as residências, os dados

revelaram que 100% são abastecidas com água proveniente da Estação de Tratamento de

Água ETA – AGESPISA, ver gráfico 9. Porém em diálogo simples com os moradores, a

grande maioria afirmaram que utilizam este recurso de forma irregular (instalações feitas

pelos próprios moradores), pois a empresa ainda não estabeleceu obras de abastecimento de

água e que a mesma situação ocorre quanto ao fornecimento de luz elétrica.

Gráfico 9

ORIGEM DA ÁGUA QUE ABASTECE A

RESIDÊNCIA

100%

1

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quanto indagados sobre o tratamento da água após ser colhida na torneira, 72%

afirmaram que filtram a água e 28% disseram que à consomem sem nenhum tratamento, ver

gráfico 10. Dessa forma verificou-se ser muito alto o número de pessoas que consomem este

produto sem dar-lhe o tratamento adequado, podendo estas pessoas serem afetadas por

doenças causadas por microorganismos existentes na água.

Gráfico 10

ETA

Page 44: Monografia diassis1

56

TRATAMENTO DA ÁGUA

28%

72%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Com relação ao destino das águas residuais produzidas nas residências pesquisadas,

30% acumulam-se nos quintais, 39% vão para a sarjeta e 31% escoam direto para o rio como

demonstra o gráfico 11. Estas águas quando não tem destino adequado, provocam degradação

ambiental e torna alguns locais propícios a proliferação de mosquitos transmissores de

epidemias que afetam o ser humano.

Gráfico11

DESTINO DAS ÁGUAS DAS RESIDÊNCIAS

30%

39%

31%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quintal

Sarjeta

Rio

Não tratam

Tratam

Page 45: Monografia diassis1

57

De acordo com as informações prestadas pelos moradores, com relação as águas da

chuva 58% disseram que escoam logo, 26% alagam as residências e 16% transformam-se em

lamaçais, ver gráfico 12. Neste quadro observa-se ser grande o número de residências que são

afetadas pelas enxurradas em período chuvoso, configurando-se um quadro de prejuízos e de

calamidade pública.

Gráfico 12

DESTINO DA ÁGUA DA CHUVA

26%

16%58%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quanto ao destino do lixo produzido nas residências estudadas, verificou-se a seguinte

situação: 71% afirmaram recolher em tambores ou sacos plásticos e 29 disseram colocar em

via pública. Ver gráfico 13.

Gráfico 13

DESTINO DO LIXO PRODUZIDO NAS

RESIDÊNCIAS

29%

71%

Escoam

Transformam-se em lamaçais

Alagam as residências

Via Pública

Tambores e sacos plásticos

Page 46: Monografia diassis1

58

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

De acordo com os dados coletados, o serviço de coleta do lixo pelo órgão competente é

realizado da seguinte forma: 37% dos moradores afirmaram o lixo não é recolhido, 45%

afirmaram que o lixo é recolhido entre duas a três vezes por semana e 18% disseram que a

coleta do lixo ocorre entre três a quatro vezes por semana. Ver gráfico 14.

Gráfico 14

COLETA DE LIXO

18%

37%

45%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Com relação a satisfação da população entrevistada em se tratando a coleta de lixo no

bairro, 22% consideram boa, 40% acham deficitária e 38% afirmaram que não existe de

acordo com o gráfico 15.

Gráfico 15

SATISFAÇÃO EM RELAÇÃO A COLETA DE

LIXO URBANO

22%

38%

40%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

3 a 4 Vezes

Nenhuma

2 a 3 Vezes

Boa

Não existe

Deficitária

Page 47: Monografia diassis1

59

Quando perguntado se no bairro existe rede de tratamento de esgoto, 100% do

entrevistados afirmaram que não existe, gráfico 16. Dessa forma, podemos afirmar que todos

os esgotos produzido na região escoam a céu aberto, o que causa além do desconforto para a

população, devido a sujeira e o mau cheiro, que ocorrem no local e também pelo ataque dos

insetos que se reproduzem com grande facilidades e causam problemas na saúde da

população.

Gráfico 16

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

PÚBLICO

100%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

De acordo com os dados coletados, 40% das residências possuem fossas sépticas e 60%

não possuem ver gráfico 17. Mediante estas informações, verificou-se a grande necessidade

de programas de ordem pública, no sentido de levar a estas comunidade a construção de

fossas uma vez que a população estão obrigadas a fazer suas necessidades fisiológicas em

locais inadequadas como terrenos baldios, córregos entre outros.

Não existe

Page 48: Monografia diassis1

60

Gráfico 17

FOSSAS SÉPTICAS

40%

60%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Tabela 17

Fossas sépticas ƒ %

Possuem 40 40

Não possuem 60 60

Total 100 100

Dos tipos de infra-estruturas (organização espacial urbana), existente no bairro, 28%

dos entrevistados afirmaram existir abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica,

26% afirmaram existir calçamento (saneamento básico) e 46% afirmaram que não existe

qualquer tipo de infra-estrutura, ver gráfico 18. Através da análise desses dados é correto

afirmar que grande parte desse bairro é carente de benefícios como saneamento básico,

organização espacial do solo, adequando as condições de vida urbana.

Gráfico 18

Possuem

Não possuem

Page 49: Monografia diassis1

61

INFRA-ESTRUTURA EXISTENTE NO BAIRRO

46%

28%

26%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Quando perguntado sobre as melhorias mais urgentes que o bairro necessita os dados

revelaram a seguinte situação: 2% disseram ser coleta de lixo, 21% canalização de esgotos

(galeria); 9% abastecimento de água e energia elétrica, 6% um posto médico, 14% construção

de fossas sépticas, 10% melhoria habitacional, 33% saneamento básico e 5% outros

benefícios. Ver gráfico 19

Gráfico 19

MELHORIAS MAIS URGENTES PARA O BAIRRO

2%21%

9%

6%14%10%

33%

5%

Fonte: Pesquisa direta / 2004.

Não existe Abastecimento de água

Calçamento

Coleta de lixo

Canalização de esgotos

Abastecimento de água e luz

Posto médico

Fossa séptica

Melhoria habitacional

Saneamento básico

Outros benefícios

Page 50: Monografia diassis1

62

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os dados obtidos durante o desenvolvimento desta pesquisa, nos permitiram

a construção do conhecimento e a compreensão de forma aproximada da realidade

investigada, tornando possível neste momento tecer algumas considerações sobre as

dimensões que assumiram os problemas de ordem ambientais e sociais, notadamente

observadas em toda a área foco deste trabalho.

Considerando os resultados obtidos nesta pesquisa, verificamos que os inúmeros

problemas de ordem social e degradação ambiental que ocorrem em todo o curso do Riacho

Olho D´agua, são fruto da ação antrópico, que através de suas atitudes predatórias, estão

destruindo em tempo recorde, todo o ecossistema natural do referido curso d´água, tornando-o

em um ambiente hostil perante a natureza e o próprio homem.

Observamos por outro lado, que os problemas sociais verificados na área desta

pesquisa, são situações impostas pelo sistema político e capitalista vigente no país,

responsáveis pelas desigualdades sociais, deixando grande parcela da população brasileira

excluídas de benefícios como emprego, moradia, educação, de assistência médica,

alimentação e tantos outros benefícios de cunho social. Dessa forma, essas populações,

principalmente teresinenses, são obrigadas a conviver com graves problemas emocionais que

as levam a clamar por melhores condições de vida.

Verificando os problemas de degradação ambiental, os quais relacionados neste

trabalho, chegamos a conclusão de que, faz-se necessário uma urgente intervenção do poder

público, no sentido de levar até a área foco desta pesquisa uma série de melhorias em infra-

estruturas como saneamento básico, abastecimento de água e luz elétrica, melhora

habitacional e outros benefícios necessários em áreas de grande concentração humana e

urbana.

Quanto a solução para os problemas de degradação ambiental observados na área em

estudo, apontamos como ações, ideais as seguintes sugestões:

1. Fazer um trabalho de contensão das encostas existentes na área da nascente do

Riacho Olho D´água, sujeitas a desmoronamentos (deslizamento de terra),

com um trabalho cuidado de reflorestamento;

2. Retirar as famílias que residem nas áreas próximas das encostas, consideradas

áreas de riscos, alocando-as para áreas mais seguras;

Page 51: Monografia diassis1

63

3. Canalização dos esgotos poluentes do Riacho Olho D´água, direcionandos

para uma estação de tratamento;

4. Desobstrução por completo do leito do referido curso d´água, nos trechos onde

ainda não foram ocupados por residências, proibir a ocupação nestas áreas,

tornando-as como área de preservação permanentes, observando o que diz a

Constituição Federal de 1988 – “Espaços territoriais a serem protegidos”, Cap.

VI do Título VIII. Da Ordem Social. Lei 4.771, que instituiu o Código

Florestal, que definem locais de inserção das florestas que ocupam espaços

territoriais protegidos (Matas Ciliares, Ripárias ou de galerias), art. 2 diz que

considera área e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos

rios e lagos e qualquer curso d´água, desde o nível mais alto em faixa

marginal em cuja largura máxima seja definida;

5. Fazer um trabalho de reflorestamento e toda a área do Riacho Olho D´água,

optando por utilizar espécies vegetais nativos que se adaptem e se

desenvolvam com maior facilidade as condições naturais que lhes são

favoráveis;

6. Promover uma organização habitacional, estruturando as áreas ocupadas por

residências;

7. Implantar programas de geração de emprego e renda, com incentivo a

pequenos empreendimentos, com financiamento à juros baixos;

8. Desenvolver uma política de “Educação Ambiental”, junto as comunidades

residentes as margens do Riacho Olho D´água, no sentido de capacita-los

quanto as questões de degradação ambiental;

9. Ampliar Programas de Combate e fome e a miséria, bem como o combate a

epidemias com programas assistenciais de saúde;

10. Criar núcleos de formação profissional, visando a capacitação da população

local, preparando-a para o mercado de trabalho.

Estas e outras ações, são a base para levar ao desenvolvimento sustentável nesta região.

Ações que poderão em pouco tempo substituir a situação de caos e de sofrimento que se abate

sobre as comunidades ribeirinhas do Riacho Olho D´água, podendo ainda, devolver a estas

populações, a tão sonhada melhoria da qualidade de vida, esperada por todos nesta região da

cidade de Teresina.

Page 52: Monografia diassis1

64

Para concluir, ressaltamos que os resultados e sugestões descritos neste trabalho, não

são considerados prontos ou acabados mas são passivos de correções, portanto estarão sujeitos

ou abertos para que em qualquer momento, passamos dar prosseguimento a esta pesquisa.

Page 53: Monografia diassis1

65

BIBLIOGRAFIA

ATA – Reunião com moradores da Comunidade Vila Bom Jesus. Documento nº 049.0363/96

de 15/04/1996, cedido pela Sra. Maria Zilda Nunes Lima, atual presidente da Associação de

moradores da vila Bom Jesus – Teresina – PI.

BRASIL, Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nº 20, de

18/06/1986

BRASIL, Lei nº 7.803 de 15/07/1997 do Código Florestal, que altera a Lei nº 4.771.

BRASIL, Art. 225 da Constituição Federal de 1988, Capítulos I e IV.

BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 17/08/2000.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 08/01/1997 Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).

BENA, Vilmar – Como Fazer Educação Ambiental. Pedagogia da Educação. São Paulo,

Paulus – 2001.

BOYDEN, Stephen e Cecília, 1981 – Ecologia Megalópoles, in Revista Correio UNESCO,

exemplar de julho. Fundação Getúlio Vargas.

BRANCO, Samuel Murgel – A Política de Utilização dos Recursos Hídricos e Problemas

Ambientais. Polis. São Paulo, 1991.

COELHO, Maria Célia Nunes – Impactos Ambientais Urbanos no Brasil. Antônio J.T.

Guerra; Sandra Baptista (orgs). Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2001.

CUNHA, S.B. GUERRA, A. J. C. (orgs). Avaliação e Perícia Ambiental. Rio de Janeiro,

Bertrand, 1999.

CRISTOFOLETTI, Antônio, Geomorfologia – 1936. São Paulo Edgar Blucher, 2ª ed. 1980.

Page 54: Monografia diassis1

66

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999.

GUERRA, A.J.T. SILVA. A.S.D.A; BOTELHO, R.G.M. (orgs). Erosão e Conservação dos

Solos: Conceitos e Temas e Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

Jornal Diário do Povo – Caderno Cidade, Edição de 24 de novembro de 1993.

JORNAL MEIO NORTE – CADERNO 5, Bairros. Edição de 6 de dezembro, 2001.

LIMA, Solimar Oliveira – Invasões e Tensões Sociais em Áreas Urbanas: O caso de Teresina

Piauí. Carta CEPRO Teresina V. 12 agosto/Dezembro 1987.

MARTINS, C. Biogeografia e Ecologia, 3ª ed: São Paulo, Nobel, 1988.

NETO, Adrião. Geografia para Estudantes – Da pré-história a atualidade 2ª edição, revista

atualizada melhorada e ampliada 2003.

PIAUÍ. Política Estadual dos Recursos Hídricos – Lei nº 1940 de 16/08/1988.

PIAUÍ. Programa de Educação Ambiental – Lei nº 4.940, 15/06/1997.

PROFª Maria dos Santos Mendes, proprietária de gleba de Terra denominada “Data Porto

Alegre” no Bairro Areias, Cadastrada no Incra nº 212.307.201.012-9-PI.

PROJETO OLHO N´ÁGUA – Ministério do Meio Ambiente, Secretaria dos Recursos

Hídricos, Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMAM-CEFET). Teresina/Piauí, 1999.

ROSS, Jurandir L. Sanches – Geografia do Brasil (org.) 4ª ed. São Paulo: Ed. da USP de São

Paulo, 2001.

SCARLATO, Francisco Capuano – População e Urbanização Brasileira. Edusp: São Paulo,

2001.

Page 55: Monografia diassis1

67

TROPIMAR, H. Biogeografia e Meio Ambiente. Ed. Própria. Rio Claro: São Paulo, 1987.

Page 56: Monografia diassis1

68

ANEXOS