Modelo de Projeto de Graduação - Engenharia Elétrica...Parte manuscrita do Projeto de Graduação...
Transcript of Modelo de Projeto de Graduação - Engenharia Elétrica...Parte manuscrita do Projeto de Graduação...
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROJETO DE GRADUAÇÃO
KENYA VANESKA RIBEIRO DE LIMA LUCIO
O USO DAS ANIMAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NATAL – RN DEZEMBRO/2015
KENYA VANESKA RIBEIRO DE LIMA LUCIO
O USO DAS ANIMAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Parte manuscrita do Projeto de Graduação da aluna Kenya Vaneska Ribeiro de Lima Lucio, apresentado ao Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande de Norte, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura em pedagogia. Orientador: Drº João Tadeu Weck Coordenador: Drª Marisa Narcizo Sampaio
NATAL – RN DEZEMBRO/2015
KENYA VANESKA RIBEIRO DE LIMA LUCIO
O USO DAS ANIMAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Parte manuscrita do Projeto de Graduação da aluna Kenya Vaneska Ribeiro de Lima Lucio, apresentado ao Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia.
COMISSÃO EXAMINADORA: ___________________________________________ Drº João Tadeu Weck ___________________________________________Mª Ivone Priscilla de Castro Ramalho ___________________________________________ Drª Mariangela Momo
Dedico a concretização deste trabalho a todos que estiveram presentes no meu processo de formação, especialmente aos meus pais, filho, irmãos e esposo. Dedico esse trabalho ao meu orientador João Tadeu Weck que fez parte dos
momentos de construção do meu conhecimento.
RESUMO
Esta monografia se propõe realizar um estudo reflexivo acerca do uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo ensino-
aprendizagem, especificamente da Educação Infantil, com faixa etária entre 3 e 4
anos a partir da utilização de animações exibidos em canais dedicados ao público
infantil como elemento desencadeador de leituras de conteúdo midiático e produtor
de conhecimento. Para isso, foi realizado um estudo bibliográfico acerca de
animações, da televisão e a utilização no âmbito educativo, que serviu como
elementos para elaboração de uma proposta didática de ensino para o nível III do
ano de 2015, na perspectiva de ampliar e desmistificar o uso de audiovisuais
somente com caráter ilustrativo ou de entretenimento. O estudo desenvolvido nesta
pesquisa visa ampliar as possibilidades de tais materiais como recurso didático-
pedagógico que auxiliará professores e alunos com o conteúdo formal de ensino e
na formação de um receptor crítico.
Palavras-chave: Animações, Mediação pedagógica Tecnologias da Informação
e Comunicação
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Turma do Pocoyo ...................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 2 – Pocoyo....................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 3 – Elly ............................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 4 – Pato e Pocoyo ........................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 5 – Sonequita .................................................. Erro! Indicador não definido.
Figura 6 – Pequena Sonequita ................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 7 – Cachorrinho Lola ....................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 8 – Minhoca ..................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 9 – Polvo Octógonos ....................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 10 – Caillou ...................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 11 - Caillou unido com seus pais, a irmã Rose e seus avós.......................37
Figura 12 - Caillou e sua Irmã Rose......................................................................38
Figura 13 - Caillou e seus amigos........................................................................39
Figura 14 - Caillou, sua família e seu gato de estimação..................................... 40
Figura 15 - Caillou, planta cenouras....................................................................40
Figura 16 - Caillou, onde eu moro........................................................................40
Figura 17 - Caillou bibliotecário...........................................................................40
Figura 18 - Caillou, olá primavera........................................................................40
Figura 19 - Pocoyo, vamos acampar....................................................................40
Figura 20 - Pocoyo, o guarda chuva....................................................................40
Figura 21 - Pocoyo, a bandinha de música.............................................................40
Figura 22 - Pocoyo varrendo tudo.......................................................................40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MCS Meios de Comunicações Sociais
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 08
1 SOCIEDADE, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ..................................................... 10
1.1 Meios de Comunicação Social e Sociedade ................................................. 10
1.2 Televisão e elaboração do cotidiano ............................................................. 10
1.3 Tv e educação: encontros possíveis ............................................................. 12
1.4 O poder da imaginação/animação infantil ..................................................... 14
1.5 O desenvolvimento da criança com a influência da TV ..............................14
1.6 Como a criança aprende...........................................................................16
1.7 Professor : entre mediação e mediatização..............................................18
1.8 Cenário da Pesquisa................................................................................20
2 EDUCAÇÃO INFANTIL E O USO DAS ANIMAÇÕES ........................................ 21
2.1 Caracterização da Educação Infantil ............................................................. 21
2.2 Proposta ........................................................................................................ 23
2.3 Caracterização da Instituição ........................................................................ 32
2.4 Caracterização da Turma .............................................................................. 33
2.5 Conteúdos didáticos.................................................................................33
2.6 Caracterização e descrição da animação...................................................36
2.7 Metodologia..............................................................................................40
2.8 Aplicação...................................................................................................40
3 CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................................ 42
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO ............................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
8
INTRODUÇÃO
A produção de programas em animação destinados ao público infantil surge
praticamente junto com o nascimento do cinema no final do século XIX. Mas, foi com
Walt Disney que o gênero ganha forma e força.
Em 1937 foi lançado o longa “Branca de Neve e os sete anões” que
transformaria a Disney em referência no gênero e definiria conforme Meckee (2006),
o gênero animação sustenta-se pelas leis do metamorfismo universal, a partir das
quais tudo pode ser criado e transformado, independentemente de normativas
físicas. Animais ganham ações próprias dos seres humanos, fazendo predominar a
magia, a fantasia.
Tais produções foram ganhando sofisticação e tendo seu público ampliado
também à adolescentes e adultos.
Com a popularização de aparelhos eletrônicos e digitais que veiculam
imagens a presença e influência de filmes de animação ganharam espaço na
sociedade, se transformado em muitos casos em ícones de cultura.
A presente pesquisa buscou investigar e acompanhar o uso de filmes de
animação em um contexto escolar formal, na perspectiva da incorporação de tais
materiais como ferramenta pedagógica. Tal abordagem é justificada pelo
encantamento das crianças provocado pelos super-heróis e seus super poderes no
combate a vilões, no caráter anárquico de personagens. Tais experiências
audiovisuais influenciam no comportamento e alimentam o imaginário infantil. Tal
fato faz com que seja necessária a mediação por parte de pais e, principalmente da
escola.
Na escola, a imagem foi incorporada como ferramenta pedagógica de caráter
ilustrativo, sem levar em conta os discursos e representações veiculados por tais
programas. Mediar à trajetória da ficção X realidade é importante para que os alunos
compreendam integralmente o conteúdo.
Visando uma efetiva incorporação de filmes de animação em sua dupla
dimensão (como ferramenta pedagógica e como objeto de estudo), a pesquisa
buscou investigar as influências trazidas por animações no universo das crianças e
apresentar uma proposta de uso e sistematização.
9
As animações nas quais estão inseridas no campo da pesquisa são a
animação francesa Caillou (http://www.caillou.com/) que retrata uma família
composta pelo pai, mãe, irmã e avós que relata o cotidiano de um menino de quatro
anos que estar descobrindo o mundo e tem a presença de seus familiares sempre
presentes. A animação é exibida no Brasil pelos canais por assinatura Discovery
Kids (http://discoverykidsbrasil.uol.com.br/caillou/) e TBS e UHV Canal Futura.
A outra animação chama-se Pocoyo e é uma produção anglo-espanhola
(http://www.pocoyo.com/pt) e segundo a descrição contida no sítio oficial “é dirigido a
crianças com idade pré-escolar, de 2 a 5 anos... a série pretende contribuir com o
aprendizado das crianças empregando uma linguagem simples e adequada à sua
idade”.
O protagonista é um garoto de três (3) ano de idade – Pocoyo-, e seu
inconfundível gorro azul e vive suas aventuras em companhia de seus amigos (todos
eles animais – pato, cachorra, um pássaro e um elefante).
A pesquisa está distribuída em três capítulos, a saber: inicialmente realizamos
uma pesquisa bibliográfica na perspectiva de refletir questões em torno da tríade
Educação, Sociedade e Tecnologia. Também foram realizadas reflexões sobre a
linguagem audiovisual e seus efeitos sobre os indivíduos e características da
educação infantil. O segundo capítulo apresenta e detalha a proposta da pesquisa, a
partir da caracterização da instituição, dos conteúdos didáticos, a metodologia
empregada e o desenvolvimento da aplicação. Por fim, apresentamos no capítulo
três (3) a reflexão sobre as atividades realizadas, metodologia e resultados
alcançados dando ênfase no processo percorrido por professores e alunos.
10
O USO DAS ANIMAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
1º Sociedade, Tecnologia e Educação
1.1 Meios de Comunicação Social e Sociedade
A nova dinâmica cultural vem caracterizada por uma nova sociedade que
passou a ter nos meios de informação e comunicação o principal referencial em
termos de aquisição de conhecimentos, lazer e entretenimento.
A descoberta da escrita possibilitou que indivíduos se comunicassem mesmo
estando distantes. Exemplo disso são as cartas do apóstolo Paulo, registradas no
Evangelho de S. Paulo e, que propunham ensinamentos morais a povos distantes.
Com a invenção da prensa móvel por Gutenberg por volta de 1455, o conhecimento
poderia estar ao alcance de mais pessoas e poderia ser distribuído.
A possibilidade de expandir o conhecimento por intermédio do livro, fez com fosse
necessário a criação de instituições que ensinassem os indivíduos a ler e escrever.
No século XIX, surge a fotografia e logo após, o cinema. A possibilidade de
se eternizar por intermédio de imagens era um antigo desejo humano (diversos
pintores fizeram fama e fortuna pintando retratos de monarcas, soberanos, nobres
etc).
A fotografia é incorporada também por jornais e revistas e tinha caráter
meramente de ilustração e servia para aumentar a credibilidade do texto escrito.
O cinema surge no final do século XIX e rapidamente popularizou-se, fazendo
surgir gêneros e diferentes escolas cinematográficas.
A imagem passa a fazer parte da sociedade e estar presente em seu
cotidiano, seja nas mãos dos pintores, fotógrafos e cineastas. È fato que essas
imagens não necessariamente representam a realidade vivida, mas sim uma um
ponto de vista que segue critérios ideológicos, econômicos, sociais, etc.
1.2 Televisão e elaboração do cotidiano
A TV é a grande produtora do nosso modo de viver. Por fazer nossas
escolhas e identificar nossos interesses. O recurso da imagem e dos sonhos gera a
alienação do consumismo e caracteriza a nossa cultura. Um individuo que se deixa
levar pelas palavras e ações que a TV emite se torna um ser da sociedade incapaz
11
de lutar por seus direitos. Deixando a TV agir sobre si e se transformando em um
cidadão não observador e sim observado.
Ao permitir que as artimanhas da TV nos deixe moldar nosso cotidiano,
passamos a fazer parte dela e a identificarmos nela a nossa realidade. Surge, então,
um conflito entre o real e a ficção que promove naquele que ver a sua realidade
exposta e suas opiniões e ações a serem tomadas transmitidas pela TV, e assim,
portanto, o que se deve tronar realidade.
Quando relacionamos a mídia com a educação é importante salientar que
ambos são indissociáveis por conterem em suas entrelinhas um jogo de linguagem
que relata a vida de uma sociedade. Apontando como sua principal arma de
manipulação a Televisão que traz conceitos formados sobre a politica, a economia e
ate mesmo a educação. Esse discurso já formado e transmitido deve ser tomado
como algo preocupante. Esse fato impede a maioria da sociedade a buscar o real
fator de verdade nas noticias e pronunciamentos passados pelo MCS.
Não basta apenas entender a TV como um meio de transporte de ideias e
opiniões para a grande massa da sociedade, mas compreende-la como
transportadora de linguagem e fatos sociais.
De acordo com Arlindo Machado
A televisão penetrou tão profundamente na vida politica das nações,
especularizou de tal forma o corpo social, que nada lhe pode ser “exterior”,
pois tudo o que acontece de alguma forma pressupõe a sua mediação,
acontece, portanto para a tevê. Aquilo que não passa pela mídia eletrônica
torna-se estranho ao conhecimento à sensibilidade do homem
contemporâneo. Não se diz mais que a televisão “fala” das coisas que
acontecem; agora ela “fala” exatamente porque as coisas acontecem nela.
(idem, 1988, p.8)
Fica claro observarmos o dogmatismo da TV sobre a vida da sociedade ao
observarmos os fatos e cenas transmitidas por uma determinada novela se tornando
algo exemplar ou não exemplar, como por exemplo, a adoção das crianças e os
transplantes. Há poucos anos atrás a sociedade em sua maioria não considerava
esses atos normais. Entretanto, a apelação promovida pela linguagem audiovisual
transformou essa significação transmitida pela TV em algo comum. Assim, modificou
a opinião de inúmeras pessoas e tornou o ato em algo natural.
12
Como disse Jean Baudrillard,
“No momento em que a televisão e a mídia são
cada vez menos capazes de prestar conta dos
fatos (insuportáveis) do mundo, elas descobrem a
vida cotidiana, a banalidade existencial como
acontecimento mais mortífero, como a atualidade
mais violenta, o próprio local do crime perfeito. O
que é, na verdade. E as pessoas ficam fascinadas,
fascinadas e aterrorizadas pela indiferença do
nada-a-dizer, nada-a-fazer, pela indiferença da
própria existência” ( Baudrillard, 2001, p.12).
A televisão não consegue nem mesmo dominar o seu espaço e sua
capacidade de alienação.
1.3 Tv e Educação: encontros possíveis
A Tv nas palavras de SARTORI (2001) alimentou ao extremo o “Homo
Ludens”, com entretenimento, distração e diversão (homo ludens), que elevados ao
extrema desembocaram, segundo o mesmo autor no “Homo Videns”. Ao
adentrarmos em uma sociedade dependente do vídeo perdemos a capacidade
crítica (fruto da perda da capacidade de abstração) e consequentemente perdemos
também a capacidade de distinguir entre a verdade e a mentira.
A partir disso, reforça-se a ideia de que a abordagem pedagógica não se deve
limitar ao suporte físico. A Necessidade de incorporar a Tv em sua dimensão
cultural, como objeto de estudo de seus processos de produção e de recepção,
linguagem e produção de sentidos é urgente e visa atender duas demandas
educacionais: formação do cidadão e utilização de linguagens que estão presentes
no universo do aluno. Esta pesquisa, ao propor a reflexão sobre o uso de animações
infantis em sala de aula buscou elencar as potencialidades do uso de TICs na
formação inicial dos indivíduos, associando um produto que fascina e está presente
em seu cotidiano.
Nesta perspectiva, para fazer uso de programas televisivos em sala de aula, o
professor precisa ter sua prática fomentada em teorias que reflitam em ações
capazes de desenvolver o pensar crítico-reflexivo no educando, que precisa
incorporar um posicionamento de cidadania perante os aspectos sociais,
econômicos, políticos, dentre outros presentes na sociedade. Ou seja, a ação
13
educativa no âmbito escolar necessita estar permeada de intencionalidade/objetivos.
Assim, o uso de materiais audiovisuais é um recurso que permite ao professor
trabalhar não só conteúdos, mas também elementos sociais, psicológicos e culturais.
Saber como utilizar esse recurso possibilitará ao professor ter maior liberdade e
expressividade em sua prática educativa. Assim,
Ao professor cabe escolher, aceitar indicações. Toda escolha pressupõe
critérios, desejos, metas. Filmes são plenos de sentidos, carregam com eles
uma multiplicidade infinita de significados. Oferecem à educação muito mais
do que apenas conteúdos a serem discutidos. Assim, sempre podem
extrapolar currículos (BRASIL, 2009).
Segundo a LDB, o objetivo do ensino fundamental é a formação
básica do cidadão, mediante, entre outros, a “compreensão do ambiente
natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
em que se fundamenta a sociedade”. Vivemos em uma sociedade aonde as
imagens transmitidas pelos meios de comunicação (seja a televisão, o
cinema ou a convergência destes via internet), criam e recriam cenários
culturais e colocam em cheque a escola (seja na sua organização, seja nos
materiais e formatos destes).
Ao inserirmos animações televisivas no contexto escolar (não
somente como mera ilustração de fatos ou de maneira instrumental),
podemos estabelecer um elo entre a vida cotidiana dos alunos e a vida
escolar, além de introduzir uma metodologia que une o pensar, o sentir e o
aprender.
Para melhor exemplificar, DUARTE (2002), assinala o fato de que o
cinema estadunidense, por intermédio das produções hollywoodianas
estabeleceu uma “pedagogia cultural”, que envolve corações e mentes e,
principalmente guia o olhar dos indivíduos e suas percepções de mundo.
Quando o professor (a) faz uso de produções cinematográficas em
sala de aula e media a análise, instaura-se um processo que auxilia na
compreensão do “diferente” e produz uma reflexão sobre o “eu”. Tal
metodologia trás à tona um processo de intervenção na realidade,
14
“apresentando” aos alunos a existência e a necessidade de diferentes
culturas relacionarem-se.
Citando Pierre Bourdieu, DUARTE (2002) diz que a experiência das
pessoas com o cinema contribui para desenvolver o que se pode chamar de
"competência para ver". Porém, o desenvolvimento de tal competência não
se restringe ao simples ato de assistir a filmes; tal competência tem ligação
com o universo social e cultural dos indivíduos. A partir desta afirmação,
deduzimos que o cinema deve ser compreendido enquanto prática social,
pois o significado cultural de um filme depende do contexto em que é visto
ou produzido. Neste sentido, os filmes trazem uma série de convenções, de
representações - de masculinidade, de feminilidade, de infância, de etnia, de
misticismo etc. - e de padrões sociais, de forma que façam sentido para o
público.
1.4 O poder da imagem/animação infantil
A imagem é capaz de dominar o ser humano causando descontrole no
processo de ensino aprendizagem se não houver um trabalho de orientação e se for
utilizado em excesso e sem controle de tempo. No espaço escolar se destinada uma
atividade sobre aquilo que se é visto, como uma reflexão, e na Educação Infantil,
algumas releituras orais e escritas. Traz entre muitos ônus a capacidade de encantar
a representação da realidade de forma singular. No qual, onde quer que esteja a
imagem, ela mostra ilustrações que parecem com a realidade, mas não dominam os
conteúdos reais. Cria o fascínio naqueles que as observam.
Essa evolução permite ao homem captar pensamentos e ideias diferentes,
entretanto, manipulados por aqueles que visam o capitalismo. Faz nascer um novo
contexto cultural que permite uma sociedade em massa que todos tem acesso ao
que se veicula nos meios de comunicação social.
A sociedade em massa ligada a imagem/ animação infantil promove
inicialmente uma igualdade de recursos culturais, universalização de conteúdos e
um popularização comercial. Entretanto, com o passar dos anos isso se transforma
em uma luta de classes sociais, onde todos querem produtos.
1.5 O desenvolvimento da criança com a influência da TV
15
De acordo com o teórico Piaget para analisar o desenvolvimento das crianças
diante da TV é preciso consideramos três aspectos: o psicoafetivo que se
desenvolve desde a gestação e estar ligado ao emocional da criança e daquele que
ela socializa; o psicomotor, responsável por orientar a coordenação motora ampla da
criança, como movimentos de saltos, giros, correr e pular. Através dele que a criança
desenvolve a capacidade de se expor ao meio que interage; e por último, o aspecto
cognitivo que visa o desenvolvimento intelectual da criança. Estar ligado a relação
brincar X aprender, portanto, quanto mais a criança é estimulada a brincar, mais ela
irá aprender. É fato que para um bom desenvolvimento das crianças esses aspectos
estão unidos, se tornam indissociáveis.
É no ambiente escolar que a criança vivencia essa práxis com mais ênfase.
Estar estimulada a brincar para aprender, e se socializar com todos que estão ao
seu redor. Sendo papel de o pedagogo ser mediador. Quando o professor consegue
cativar o seu aluno, fica perceptível sua facilidade em aprender os conteúdos
proposto para a sua faixa etária. Caso, a criança não se sinta a vontade com seu
educador ele sentirá mais dificuldades em concluir o seu processo de estimulo a
aprendizagem.
A televisão provoca mudanças psíquicas no comportamento dos alunos. Pois,
desde o momento que chegamos ao mundo estamos expostos a estímulos psíquicos
que englobam três principais características: a identificação projetiva, a projeção e a
introjeção. Vamos então, entender um pouco sobre elas.
Compreende-se que a identificação projetiva engloba a ideia de quando a
criança pensa apenas em si. Se imaginando no lugar do outro interagindo com ela
mesma. A projeção acontecesse quando a criança passa a perceber sentimentos e
ações em sim mesma, ignorando aquele sentimento que ela não concorda e
transportando ele para o outro. Já a introjeção adquire característica quando a
criança se percebe em uma nova experiência e utiliza de suas memorias do passado
para resolver a situação no presente.
Ao falarmos da identificação projetiva, projeção e a introjeção é preciso compreender
que elas são indissociáveis, ou seja, uma depende da outra. Pois, são etapas
sucessivas na formação psíquica da criança que estão sempre sendo estimulados
para o desenvolvimento do meio para uma dinâmica contínua.
16
Esses aspectos podem ser encontrados na escola, ao analisarmos uma sala
de aula. Existem diferentes fatores que promovem ou não o desenvolvimento
cognitivo dos alunos, entre eles a relação professor X aluno. Na educação Infantil,
esse elo é muito importante para a aprendizagem das crianças, visto que, a
afetividade estar sempre presente. Caso uma professora não consiga acolher o seu
aluno de forma afetiva o mesmo pode a vir a ter dificuldades de aprendizagem.
Desde o momento que nascemos estamos sendo expostos a estímulos psíquicos.
Assim como, a relação do aluno para com o professor estar ligada ao
desenvolvimento do aluno, a relação televisão e criança também é influencia para
essa aprendizagem. A TV provoca mudanças de comportamentos nítidos nas
crianças, tais como, a imitação de personagens de animações infantis. No cotidiano
prevalecem com mais ênfase a projeção e introjeção, pois a criança reflete em sua
aprendizagem a necessidade de enxergar e vivenciar as ações.
Segundo Raquel Soifer, o momento mais primitivo que revela essa característica é o
momento da amamentação
“...enquanto suga, acha que ele e o peito são um
só (...), mas, ao mesmo tempo, sua mente registra
a ação de mamar, junto com sentimento de bem
estar e de prazer que dela derivam; percebe os
traços distintivos de sua mãe, isto é, seu peito, seu
rosto, sua voz, seu cheiro etc, desenvolvendo um
amor intenso por ela, originado da situação que
está vivendo ...” (Soifer, 1992).
A autora consegue identificar além da projeção e introjeção a imitação e
identificação que atuam no desenvolvimento da criança, desde o ato de amamentar.
1.6 Como a criança aprende
É fato que o que mais uma criança gosta de fazer é brincar. Estar no brincar a
importância do processo de ensino-aprendizagem delas, sendo essa forma de
identificar sua realidade no seu mundo imaginário. As crianças trazem para suas
brincadeiras aquilo que ela imita da realidade. Como por exemplo, as meninas
brincando de boneca para imitar as mães e os meninos brincam e carrinho para
imitar os pais. Através das brincadeiras que as crianças desenvolvem a socialização
17
e a comunicação social, portanto, o brincar deixa de ser apenas algo prazeroso para
torna-se construtivo. A brincadeira se transforma na forma em que a criança tem
para expressar o que entende da realidade.
A doutrina dogmática televisava influência no mecanismo projetiva do
psiquismo. Com uma demanda excessiva de programas pouco atrativos, mas que as
crianças são estimuladas a ver. Esse meio de comunicação prende a atenção das
crianças, excluindo qualquer outro tipo de estimulo que esteja ao alcance desses
seres em formação. Fazendo com que eles pensem o que ela deseja.
A TV provoca uma identificação projetiva que identificamos como negativa.
Transformando os indivíduos incapazes de dialogar com o outro e transmitir seus
pensamentos. Leva aos telespectadores a sentirem seres televisivos, tomando a
frente do pensamento daqueles personagens que nos identifiquemos. Ela consegue
essa alienação através de uma organização intelectual provocada pelas imagens,
sons, linguagem, desenhos e por provocar sonolência. Essa organização intelectual
é o que prende o publico infantil a sua tela com conteúdos, em sua maioria,
inadequados para as crianças.
As crianças estão em processo dinâmico e acelerado de aprendizagem, onde
a influência da TV confunde sua organização intelectual. Usa como recursos as
imagens atrativas. Os responsáveis por formarem a programação infantil promovem
uma distorção de sons capazes de confundirem a sensibilidade auditiva das
crianças. Além, do uso impróprio da linguagem, formado por um vocabulário não
compatível com a realidade das crianças seguido por repetições frequentes, como
exemplo podemos citar os conhecidos bordões (falas frequentes dos personagens
que são atribuídos de forma alienada na linguagem cotidiana das pessoas).
Os desenhos animados, estão citados como programas voltados para o
público infantil. Entretanto, afetam direta e indiretamente a vida desses. Em seus
conteúdos estão contextos de ilusão e fantasia que não condiz com a realidade das
crianças. Quando estão no mundo real sentem-se frustrados por não conseguirem
realizar aquilo que seus personagens preferidos conseguem na TV.
Quando as crianças se deparam com a família perfeita da animação infantil
Caillou, no qual os pais estão sempre presentes nos momentos de seus filhos, e os
avós participam ativamente de sua rotina, elas se questionam na vida real o porque
18
de sua família não ter esse hábito no dia a dia. Causando desanimo e confusão
entre o pensamento real e fictício.
A TV estar promovendo mudanças radicais na rotina das crianças. A mesma
vem afetando até o momento do sono. Essa hora tão importante e que faz parte do
desenvolvimento intelectual delas. A correria dos pais e a necessidade das crianças
estarem distraídas por algo, nesse caso a TV que é um meio mais fácil, afeta as
horas de sono das crianças. Cada vez mais frequente os pais chegarem tarde de
casa e dormirem tarde, sucessivamente, acontece o mesmo com a rotina das
crianças, dormem tarde e acordam tarde. Sendo inevitável a relação com conteúdos
inadequados para as faixas etárias de suas idades. A programação noturna é cheia
de conteúdos eróticos e que as crianças não conseguem identificá-los em uma rotina
escolar e familiar. Essa confusão causa dificuldade no processo de ensino-
aprendizagem.
1.7 Professor: entre a mediação e a midiatização
Como um dos papeis do professor podemos destacar a mediação na
aprendizagem, no qual, o professor deixa de ser apenas aquele que transmite
conteúdos e passa a ser um individuo capaz de construir cidadãos pensantes e
críticos. Para isso o professor ganha na sociedade intra e extra escolar o papel de
mediador. É ele quem enfrenta os diversos desafios educacionais no cotidiano para
poder ensinar valores e deveres aos seus alunos.
Muitas vezes os professores enfrentam desafios que não fazem parte de seus
ciclos pedagógicos, mas que ao mesmo tempo engloba o ambiente escolar. Como,
por exemplo, o uso da tecnologia de forma inadequada e abusiva pelos alunos. Esse
excesso causa transtornos visíveis no desenvolvimento da aprendizagem dos
alunos. Como um ser mediador o professor e o corpo da escola criam e aplicam
estratégias que estimulam a construção dos limites tecnológicos dentro da escola.
Assim, a tecnologia deixa de ser vilã e passa a ser amiga.
Um educador precisa estar pronto para enfrentar diferentes questões em seu
cotidiano. Transformar o longe em perto; o impossível em possível. Sabe-se que a
TV se aplicada de forma consciente em sala de aula pode trazer bônus para o
processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Então explora-los de forma educativa
a compreender o que veem é uma atividade que deve estar inserida nos planos de
19
aulas. Na educação infantil, o mediador utiliza desse meio de comunicação social
para fazer com que as crianças entendem, por exemplo, os combinados em sala de
aula. Através das animações infantis trazem o mundo fictício para a realidade com
atividades de indagações e reflexões sobre aquilo que estão vendo.
Assim como qualquer ser humano, o professor, vem se formando a partir dos
eixos expostos pela sociedade, sofrendo influencias em seus processos de
aquisição de conhecimentos. Conforme BELLONI (2002), para Durkheim o ser
humano é fruto da sociedade ou seja, conforme afirmava Marx, o homem é o
resultado da sociedade.
No campo escolar essa característica se aflora quando o professor percebe o
seu papel de Mediação e Mediatização É necessário uma compreensão entre os
conceitos e características da Mediação Pedagógica e Midiatização da experiência
educativa.
A mediação pedagógica é caracteriza por ter um professor
mediador/facilitador e incentivador da aprendizagem. Sendo aquele que preza a
relação aluno X aprendizagem. Para acontecer uma mediação pedagógica é
necessário que educador permita o manuseio e a compreensão do material,
fazendo com que o aluno busque as informações e forme seus conceitos, adquirindo
assim, um conhecimento significativo para sua vivencia pessoal e cultural na
sociedade.
A mediação estar presente desde a Educação Infantil até os cursos
superiores e podem ser encontradas em momentos lúdicos de aprendizagem na
Educação Infantil. Tais como, as rodas de conversas que permitem os alunos a
dialogarem com os colegas e as pedagogas sobre o tema do dia; a construção de
atividades lúdicas que permite os alunos a questionar e problematizar durante a
atividade; as orientações pedagógicas do professor na construção das atividades; e
as constantes dinâmicas de aprendizagem que levam os alunos a pensarem.
Já a mediatização equivale a transformação de itens do conteúdo formal de
ensino em linguagens midiáticas. Tal fato não é novo e muito menos surgiu a partir
das tecnologias eletro/eletrônicas. Desde a utilização da lousa branca,
retroprojetores, cartazes, confecção de jornais etc, eram pensados com o objetivo de
fazer o aluno construir os seus conceitos. Além de permitir uma relação de
aproximação entre alunos e professor, assim, a afetividade auxilia no melhor
20
desenvolvimento do aluno. Ela permite uma reestruturação no espaço escolar,
dando um novo olhar para o ambiente, deixando de lado a formalidade.
1.8 Cenário da Pesquisa
O cenário para a pesquisa localiza-se no município de Parnamirim, distante
cerca de 15 km da capital. De caráter privado a instituição foi criada em 2009 e
atende alunos dos ensinos da Educação Infantil, Educação de Ensino Fundamental I
e Educação de Ensino Fundamental II.
Nesta instituição, observou-se que alunos da turma do nível III formada por
crianças com idade entre 3 e 4 anos de idade, a forte influência de aparatos
tecnológicos, em especial pela TV, Tablet e o celular.
O contato diário e de longa duração tem produzido nas crianças dificuldades
de aprendizado e dispersão. Também nas falas e expressões das crianças eram
reproduzidas expressões de personagens de animação.
A partir de contatos com pais, constatou-se que o tempo de exposição às
TICs por parte dos filhos era grande. Em alguns casos, os pais permitiam porque
não viam problemas nesta exposição, enquanto outra mãe relatou que deixar a filha
na frente da Tv era a forma mais fácil de entreter sua filha enquanto realizava as
atividades domésticas. A aluna apresentava distração, dificuldade espacial e de
comunicação para com todos ao seu redor.
Tal fato ilustra o ponto de vista de muitos pais em torno das TICs. A televisão
distrai as crianças, aparelhos de telefone móveis (celulares) servem para controle e
segurança e videogames são entretenimento e, ainda para a maioria, significam que
o filho (a) está “conectado”.
Se faz necessário que escolas e pais atuem juntos no sentido de construírem
uma cultura de aprendizado da mídia.
2. EDUCAÇÃO INFANTIL E O USO DE ANIMAÇÕES
2.1 Caracterização da Educação Infantil
Nos séculos passados a educação das crianças era destinada as famílias.
Pois, a partir do meio familiar que as crianças aprendiam novos conhecimentos para
21
sua vivencia quando adulta. Portanto, não havia instituições de ensino que
dividissem a responsabilidade da aquisição do conhecimento das crianças com a
família. Em nosso contexto histórico não há uma historia sobre o surgimento da
educação infantil, considera-se a Educação Infantil como um marco recente na
educação das crianças.
A sociedade passou a pensar de forma diferente na formação delas.
Surgiram as indagações sobre a importância de refletir o que é ser criança. A partir
dos contextos sócios - culturais as crianças eram estimuladas a aprender o que a
sociedade permitia. Mas se havia a necessidade de inserir as crianças como sujeitos
sociais. O fato de pensar na relação educação X crianças não significa que sempre
houve avanços e melhorias nesse contexto.
De acordo com o autor Craidy por volta dos séculos, XVI e XVII, passou a
ser ter o pensamento pedagógico moderno com a chegada da escola, surgiram as
primeiras instituições de ensino voltadas a Educação Infantil. As escolas passaram a
ser construídas por uma união de fatos que fez com que a sociedade necessitasse
de um lugar para colocar seus filhos. Elas foram planejadas e organizadas com os
princípios que até hoje podemos identificar.
A sociedade Europeia descobriu novos avanços, como a imprensa, o
desenvolvimento cientifico e as melhorias mercantis que possibilitou a interação com
a leitura.
Primeiramente, com a Reforma Protestante realizada por Lutero foi permito
que se realizasse a livre interpretação da bíblia. Mas, para que isso viesse ocorrer
era necessário alfabetizar os indivíduos.
Para isso, o bispo luterano de origem tcheca Iohannes Amós Comenius
publicou em 1649 o livro “Didática Magna”, que em seus 33 capítulos propõem um
método que desejava “ensinar tudo a todos” (NICOLAY, 2011, p.2). Ainda segundo o
mesmo autor “uma das contribuições de Comenius para a educação das crianças foi
a confecção dos primeiros materiais didáticos ilustrados” (2011, p. 2). Ainda segundo
o mesmo autor, Comenius afirmava que
...todos os reinos cristãos deveriam construir escolas públicas, onde pudessem estudar “não só os filhos dos ricos, mas todos em igualdade de estirpe nobre ou comum, ricos e pobres, meninos e meninas, em todas as cidades, aldeias, povoados, vilarejos” (Comenius, 2002, p. 88 Apud NICOLAY, 2011. p. 4).
22
Outro autor que desenvolveu reflexões sobre o conceito de infância foi
Rosseau. Na obra “Emílio, ou da Educação”, publicado em 1762 fundamenta o
conceito moderno de infância. De acordo com MARTINS & DALBOSCO
A revolução no conceito de infância concebida por Rousseau foi uma verdadeira revolução copernicana no âmbito da pedagogia infantil. Até então se achava que a criança era um adulto em miniatura ou um adulto defeituoso. Com seu novo modo de ver a infância, passamos a vê-la como uma etapa onde a criança precisa ser respeitada em seu desenvolvimento físico e cognitivo (2012, p.2).
Ainda segundo os mesmo autores, para Rousseau, a liberdade estava no
centro da educação da criança e viver cada fase do seu desenvolvimento na
plenitude de seus sentidos.
Enquanto Comenius refletiu e escreveu sobre a educação de crianças, foi
Rousseau quem se dedicou com mais cuidado à análise das características próprias
dessa fase da vida humana.
A partir desse ponto, surgem fatos que favoreciam o fortalecimento de um espaço,
esse denominado de escola moderna. Entre eles podemos citar: um novo olhar para
a infância, dando-lhe ênfase em sua importância; um espaço especifico para a
acomodação das crianças; o surgimento de profissionais qualificados que visavam
as características das crianças bem como a rotina de uma escola.
È fato que a educação da criança estar ligada a dois eixos indissociáveis, o
cuidar e o educar. Na infância as crianças tem a necessidade de aprender e sentir
afeto durante a aprendizagem, pois sem este sentimento as mesmas não
conseguem ter um nível de aquisição do conhecimento considerado bom. Muitas por
falta de afeto com as pedagogas apresentam uma dificuldade de aprendizagem, por
não conseguir interagir com aquelas que estão dispostas a ensinar. As crianças
estão em volta de um mundo repleto de informações que influenciam na formação
de seus conhecimentos. Essa interação estar ligada aos dois eixos citados acima.
O cuidar estar ligado inicialmente aos hábitos de higiene, tais como tomar
banho, escovar os dentes e os hábitos alimentares. Com a exigência da sociedade
em manter os pais no mercado de trabalho, o ambiente escolar precisa favorecer um
ambiente atraente, organizado, alegre e seguro que passe segurança aos pais.
Conclui-se que o cuidar está ligado desde a organização de horários até a ao apoio
23
pedagógico oferecido para auxiliar os pais na educação de seus filhos. Assim, as
crianças conseguem identificar relações de sentido com o mundo em que vive.
Educar as crianças é preciso levar em consideração que são sujeitos em
construção do conhecimento, ligados a características infantis, tais como a
imaginação, o sonho, a afetividade, a brincadeira e a construção de caráter. Na
educação Infantil consideramos a ideia de que as crianças são sujeitos em aquisição
do conhecimento e que seus conhecimentos estão processo contínuo de
aprendizagem, se considerar que o meio externo é fator influenciador de
aprendizagem. A cada exposição a um meio diferente, novos conhecimentos serão
aprendidos.
As instituições de ensino infantil são de fundamental importância para as
sociedades modernas, visto que, cada vez mais cedo a criança ingressa na
instituição escolar que acaba por assim dizer, substituindo os pais na tarefa de
ensinar valores (antes divididos entre família, religião e escola).
2.2 Proposta
A presente pesquisa apresenta e reflete uma proposta pedagógica de
desenvolvimento do ensino-aprendizagem com o uso de animações infantis,
relacionando-as aos conteúdos didáticos formais que fazem parte dos eixos da
linguagem oral e escrita, matemática e natureza e sociedade.
Inicialmente foi elaborado um projeto (anexo 1) com o tema “Aprendendo com
as animações”. Nele apresentando os conteúdos e objetivos a serem desenvolvidos
em consonância com as animações Caillou e Pocoyo.
O primeiro é uma animação que relata o cotidiano de uma criança de 4 anos
em meio familiar composta por Pai, Mãe, Irmã e Avós. Apresenta situações que
permitem o personagem principal perceber que é preciso repensar conceitos da vida
de criança para que o cotidiano não se torne chato. Já Pocoyo relata o cotidiano de
uma criança que se relaciona com diferentes amigos e passa por situações de
aprendizagem em suas brincadeiras e interações. Possui como público alvo crianças
que compreendem a idade entre 2 e 5 anos.
É uma animação que utiliza de desenhos construídos em movimentos 3D que
permite um dialogo entre os personagens e os elementos fictícios presentes em
cena. O seu jogo de animação faz com que as crianças foquem sua atenção nas
24
ações dos personagens, são eles, o Pocoyo, o Pato, o Lola, a Sonequita, a Pequena
Sonequita, a Elly e a Minhoca. É uma serie de animação criado por David Cantolla,
Guillermo García e Luis Gallego. produzida pela Zinkia Entertainment, da Espanha e
distribuído pela inglesa Granada International (http://www.animacao3d.com.br/ ) São
104 episódios de 6 minutos de duração divididos em 2 temporadas.
A didática da série Pocoyo tem como objetivo ensinar de forma lúdica visto
que seus personagens utilizam como recurso para aprendizagem a alegria, o riso e
as brincadeiras. Elementos, nos quais identificam as crianças e as fazem se colocar
no personagem, assim, conseguem formar seus conceitos sobre o ensinado.
A série apresenta como personagem principal um garotinho chamando Pocoyo, que
tem 3 anos de idade. O mesmo é caracterizado por usar uma roupa azul e seu
inseparável gorro azul.
Os episódios são apresentados por um narrador que conta as historias de
aventura do Pocoyo e sua turma. A animação busca uma interação da historia, dos
personagens e das crianças e por esse fato o narrador busca sempre um dialogo
durante os episódios com as crianças, indagando afirmativas e perguntas de
interação. Essa metodologia de interação auxilia na concentração e aprendizagem
dos objetivos do episódio. Além de proporcionar um momento lúdico em que a
criança aprende se divertindo.
Fig. 1. Turma do Pocoyo
Fonte: www.dicasparafestas.com.br
25
Fig. 2. Pocoyo Fig. 3. Elly
Fonte: diversaofamilia.blogspot.com Fonte: arcanastu.blogspot.com
Fig. 4. Pato e Pocoyo
Fonte: www.comopode.com
26
Fig. 5. Sonequita
Fonte: www.youtube.com
Fig.6. Pequena Sonequita
Fonte: www.youtube.com
27
Fig. 7 Cachorrinho Lola
Fonte: datab.us
Fig. 8. Minhoca
Fonte: www.elo7.com.br
28
Fig. 9. Polvo Octógonos
Fonte: cartoonssession.blogspot.com
Caillou é uma série animada que tem sua origem canadense. Seu
protagonista é uma criança de quatro (4) anos de idade muito alegre, encantadora e
divertida, estar sempre em busca de momentos que lhe proporcionem diversão. A
animação tem como cenário uma família bem atenciosa que mostra ao personagem
principal como reagir a momentos indesejáveis de seu cotidiano, alias, ser criança
também seus momentos negativos e frustrantes. O papel da família é mostrar a
Caillou que não se pode ter tudo o que deseja na hora que se deseja. Sendo preciso
mediar momentos para fazer com que ele entenda que as vezes é preciso brincar
sozinho, pois os adultos tem afazeres e responsabilidades.
O desenho é baseado em momentos da vida real que apresentam como base
um livro da escritora Jeannine Beaulieu, voltado para o publico infantil situado no
período pré-escolar. Disponível em http://nomundoanimado.blogspot.com.br/ .O
personagem principal encara obstáculos do cotidiano de uma criança, tais como, o
seu primeiro dia na escola, como dividir seus brinquedos, os pesadelos, entre outros.
Sendo característico do caillou usar o seu bom humor e sua criatividade para
supera-los. E a cada episodio a serie mostra um aprendizado.
Assim como a primeira animação citada, Caillou é uma serie que explora a
simplicidade visual, pois o seu objetivo é concentrar as crianças e faze-las refletir
sobre ações educativas aprendendo de forma divertida.
29
A animação utiliza seu recurso visual de forma simples, identificando suas
cenas em tons que lembram as cores da pré escola, bem como um fundo branco
para mostrar a sutileza da cena. A série tem como objetivo expor uma ilustração que
relate o mundo de Caillou, ou seja, o mundo de uma criança real. Para que ocorra a
relação ficção com a realidade, e assim, a criança possa se identificar nas cenas. A
sua música é bem característica e marca a mente das crianças.
O contexto social das cenas de Caillou relata uma família simples com a
presença da mamãe, papai, vovó, vovô, irmã, amigos, vizinhos e seu gato de
estimação.
Fig. 10. Caillou
Fonte: maedomeujeito.com.br
Fig. 11. Caillou unido com seus Pais, a Irmã Rosie e seus Avós
Fonte: cantinhodemae.blogspot.com
30
Fig. 12. Caillou e sua Irmã Rosie
Fonte: produto.mercadolivre.com.br
Fig. 13. Caillou e seus amigos
Fonte: minilua.com
31
Fig. 14. Caillou, sua família e seu gato de estimação
Fonte: cantinhodemae.blogspot.com
O objeto da pesquisa é observar se os alunos da turma do nível III,
vespertino, da Instituição de Ensino Privado , composta por 13 crianças, sendo 7
meninas e 6 meninos são influenciados em seu desenvolvimento cognitivo e social
através do uso das animações apresentadas, além de conseguirem identificar os
conteúdos propostos e construir seus conceitos, assim, interagirem com a proposta
pedagógica da escola em formar cidadãos pensantes.
2.3 Caracterização da instituição
O Colégio Sistema Jockey Clube estar localizado na Avenida Bela
Parnamirim, nº 253, Parnamirim – RN. É uma escola que visa a formação de alunos
na Educação Infantil e no Ensino fundamenta I e II e Berçário. Suas atividades
tiveram inicio em dezembro de 2001, a partir da ideia de três professores e tinha
características de cursinho preparatório para o Vestibular da UFRN. Em seguida,
esteve voltada para os ensinos Fundamental II e Médio.
Em 01 de dezembro de 2008 foi concluída a primeira etapa das obras em
sede própria e nasceu o Sistema Jockey Club. Com apenas três salas de aula que
32
foram ampliadas e novas sedes e hoje, atende a Educação Infantil, O ensino
Fundamental I e II, o Sistema Integral e o Sistema Kid’s1.
O Colégio Sistema é uma escola de Ensino Tradicional que engloba em sua
estrutura pedagógica alguns projetos durante o ano letivo, como o projeto Educação
Financeira e Alimentação saudável.
Atualmente apresenta uma recepção, uma cozinha, a sala do diretor e
contador, um almoxarifado, oito salas de aula, uma sala de coordenação, seis
banheiros, duas piscinas, uma quadra de esportes, um parque de areia, um parque
coberto, uma sala dos professores e um pátio.
A pesquisa foi realizada na sala de nível III, que têm em seu interior um
banheiro adaptado a estrutura física dos alunos. Além de dois ventiladores e uma
chamadinha e um calendário fixos na parede.
Também é proposta da pesquisa analisar o exagero da utilização das animações em
seus cotidianos, bem como, analisar a percepção dos pais com relação a esses
momentos de interação com as mídias educativas. Com o objetivo de orientação
pedagógica e mediatização da metodologia em sala de aula.
2.4 Caracterização da Turma
A presente pesquisa tomou como objeto de pesquisa uma turma do nível III,
da educação Infantil. Caracterizada por ter 13 alunos sendo 7 meninas e 6 meninos,
com faixa etária entre 3 e anos e 4 meses e 4 anos e 2 meses. È uma turma
participativa e que frequentemente faz indagações sobre os conteúdos
apresentados. Os pais são presentes e estão sempre atentos as orientações
pedagógicas apresentadas. Durante os momentos de observação a turma
apresentou interesse e dialogou sobre os conteúdos propostos. Relacionando as
imagens das animações com suas realidades e imaginações.
2.5 Conteúdos didáticos
1 Sistema Kids: nome dado ao berçário.
33
A pesquisa apresenta interdisciplinaridade entre os eixos da Linguagem Oral
e Escrita, Matemática e Natureza e Sociedade. Disciplinas correspondentes ao
currículo da Educação Infantil.
Linguagem Oral e Escrita
a)Área do conhecimento
-Atividades de coordenação visomotora
-Cantigas
-Ampliação do vocabulário
b)Conteúdos Conceituais
-Desenvolver a coordenação visomotora
-Aprimorar a coordenação em trabalhos de movimento
-Compreender o uso da coordenação motora em atividades lúdicas
c)Conteúdos Procedimentais
-Realizar diferentes tipos de atividades a partir das animações trabalhas em sala de
aula
-Utilizar as cores presentes nas animações para explorar nas atividades propostas
-Utilizar as animações para diálogos com a turma
d)Conteúdos Atitudinais
-Perceber a importância da coordenação visomotora em atividades diversas no
cotidiano
- Aplicar em situações do cotidiano as habilidades e conhecimentos adquiridos
-Empregar corretamente o conhecimento adquirido no dia a dia
Matemática
a)Área do Conhecimento
34
-Noções de grande/pequeno
-Noções de atrás/ na frente
-Cores primárias e sucundárias
b)Conteúdos Conceituais
-Ampliar o vocabulário matemática interligando com as animações
-Compreender as cores primárias e secundárias de forma lúdica
-Elaborar brincadeiras que se interliguem com as animações
c)Conteúdos Procedimentais
-Realizar atividades propostas com giz de cera, tinta, e cola colorida com as cores
primárias e secundárias
-Realizar passeios na escola para identificar conteúdos
-Agrupar blocos de madeira de acordo com as cores
d)Conteúdos Atitudinais
-Usar os conhecimentos adquiridos no dia a dia
-Refletir sobre o conhecimento adquirido com o uso das animações
-Usar a nova aprendizagem dentro e fora da escola
Natureza e Sociedade
a)Área do conhecimento
-A minha família
-A escola
-Estações do ano
35
b)Conteúdos Conceituais
-Conhecer os diferentes membros que constituem uma família
-Compreender a importância da escola
-Identificar as estações do ano do cotidiano
c) Conteúdos Procedimentais
-Orientar os alunos a observarem as diferenças existentes entre as famílias das
animações e suas famílias, em seguida, dialogar sobre as diferença encontradas
-Realizar passeios na escola para apresentar sua estrutura
-Nomear a importância das estações do ano
d)Conteúdos Atitudinais
-Expressar suas opiniões
-Ampliar e aplicar os conhecimentos adquiridos
-Aplicar os conhecimentos das estações do ano no dia a dia
2.6 Caracterização e descrição da animação;
Descrição dos episódios que serão utilizados
1ª animação - Caillou planta cenouras
Fig. 15. Fonte: www.dailymotion.com
Vovô vem ajudar Mamãe na horta, e mostra a Caillou como plantar cenouras.
Caillou não gosta de legumes, mas se interessa em ver o resultado. E quando as
36
cenouras saem da terra, ele descobre que seu gosto é melhor do que dos legumes
que já comeu.
2ª animação – Caillou, onde eu moro
Fig. 16. Fonte: alopeciaareatabrasil.wordpress.com
Seu convite para a festa da Clementine acaba na casa da Sarah's, e Caillou
aprende a diferença entre endereços e fala seu endereço à Clementine./Leo
esquece seu dinossauro no parque, Papai e Caillou vão procurá-lo, mas só com um
pôster nos Achados e Perdidos, Caillou acha Dino!/Clementine diz que gosta do
irmão Billy porque ele ensina coisas a ela. Caillou quer ensinar algo a Rosie, mas é
difícil. Mamãe sugere a música do A-B-C./A enrolação do Caillou faz que ele, a mãe
e Rosie se atrasem para chegar ao parque. Papai sugere uma brincadeira, e Caillou
não se distrai e vai deitar a tempo de ouvir três histórias./A máquina de lavar está
quebrada, e Caillou ajuda Bob, o mecânico. Inspirado, Caillou ajuda Papai a
consertar a perna do banquinho.
37
3ª animação – Caillou bibliotecário
Fig. 17. Fonte: www.dailymotion.com
Caillou e Rosie vão à biblioteca. Eles brigam e rasgam um livro sem querer. A
bibliotecária é gentil e ajuda a consertá-lo./Caillou volta da biblioteca e quer ler o livro
de pirata, mas é difícil achar um lugar calmo. Caillou acha o local perfeito: o seu
armário!/Chove, e as crianças não podem sair para o pátio. Caillou inventa uma
história na qual é SuperCaillou! A Srta. Martin sugere fazerem um livro: ela escreve,
e Caillou faz as ilustrações.
4ª animação – Caillou, olá primavera
Fig. 18. Fonte: sermaequeviagem.blogspot.com
Chegou o fim do inverno e Caillou aproveitou para brincar coms eu boneco de
neve. O boneco começou a derreter e caillou procurou sua mãe para lhe dizer que
estava triste. A mãe de Caillou explicou para ele que a primavera estava chegando,
mas o menino não gostou e voltou para brincar com a neve. Seu pai mostrou que a
primavera era boa e foram dá um passeio juntos. Nesse passeio CAillou relembra o
quanto é bom a primavera e as demais estações do ano.
38
5ª animação – Pocoyo, vamos acampar
Fig. 19. Fonte: search.4shared.com
Pocoyo decide levar seus amigos Pato e Elly para acampar, mas Pocoyo e
Pato colocam muitos objetos dentro da Poconave. A Nave não consegue decolar e
eles decidem retirar alguns objetos para conseguirem prosseguir na viagem.
Entretanto, Pato e Pocoyo inicialmente não querem deixar seus objetos. Após a
retirada dos objetos a Poconave decola sozinha e deixa Pocoyo e seus amigos,
então, eles decidem acampar no lugar em que estão, pois o que importa é a
companhia dos amigos.
6ª animação – Pocoyo, o guarda chuva
Fig 20. Fonte: search.4shared.com
Pocoyo e seus amigos encontram um guarda chuva e tentam descobrir sua
função. Até que o tempo fica nublado e chove. Pocoyo e seus amigos descobrem a
função do guarda chuva se protegendo da chuva.
7ª animação – Pocoyo, a bandinha de música
Fig. 21. Fonte: www.youtube.com
39
Pocoyo e seus amigos se divertem ao som da bandinha de música,mas a
bandinha vai embora e eles começam a pensar como podem fazer para que a
música continue. Pocoyo busca seus instrumentos musicais, entretanto, a turma não
consegue fazer música, até que percebem que é necessário uma sintonia de sons.
8 ª animação - Pocoyo, varrendo tudo
Fig . 22. Fonte: ww.videomix.cz
Pocoyo brinca com jogos de montar, até que todos se espalham e ele precisa
junta-los para poder brincar com Elly. Pocoyo pega uma vassoura e tenta descobrir
sua função. Atribui funções animadas para a vassoura até entender que ela vai
auxilia-lo a arrumar os brinquedos. De forma criativa Pocoyo arruma seus
brinquedos com a vassoura.
2.7 Metodologia;
A presente pesquisa tem como metodologia o embasamento no Projeto
“Aprendendo com as animações”, no qual, ele tem como objeto geral a introdução
pedagógica de Ensino com animações na Educação Infantil. Visando o
desenvolvimento dos alunos através de aulas continuas que os fazem refletir e
descobrir conceitos de aprendizagem de forma lúdica. Uma dinâmica contínua que
reflete na aprendizagem de conteúdos. As aulas tiveram momentos de dialogo,
construção do conceito, observações das animações, produção de releituras e
atividades xerografadas. Estimulando o processo de ensino – aprendizagem de
forma lúdica, individual e coletiva.
40
2.8 Aplicação.
A pesquisa foi aplicada na Instituição de Ensino Colégio Sistema, unidade
Jockey Clube, em uma turma de nível III do turno vespertino. As crianças
apresentam uma faixa etária entre 3anos e 6 meses e 4 anos e 3 meses. A pesquisa
foi observada durante as aulas de desenvolvimento audiovisual. As animações
estavam interligados aos conteúdos presente no planejamento trimestral. Teve como
objetivo fazer com que a criança identificasse e construísse o seu conceito sobre os
conteúdos explorados.
Durante as quartas-feiras, as crianças utilizaram suas aulas de
desenvolvimento audiovisual e foram estimulados a oralizar o que estavam
observando. A partir da problemática identificada pelos alunos atividades lúdica,
dinâmicas, atividades tradicionais e roda de diálogos foram estimuladas.
Os alunos compreenderam a interação a partir das TIC’S e conseguiram
adquirir aprendizagem.
41
3. CONCLUSÕES FINAIS
No mundo atual identificamos pesquisas, reportagens e debates que mostram a
influencia dos meios de comunicação na elaboração do cotidiano por parte dos
indivíduos. As mudanças tecnológicas têm provocado consequências positivas e
negativas na sociedade e podem ser observados em ambientes intra e
extraescolares. Essas consequências influenciam a capacidade de comunicação
existente na sociedade. Para alguns teóricos esse fenômeno é denominado de
transição ou revolução tecnológica (SAMPAIO, p. 27). Compreende-se que o modo
de produção capitalista impulsionou a demanda tecnológica acarretando nas
mudanças de socialização da época.
A crescente presença de aparatos tecnológicos ligados a processos
comunicativos, afeta fisicamente e socialmente os dias atuais. Quanto mais rápido
as tecnologias se desenvolvem mais rápido se vê uma sociedade pluralizada com a
necessidade de transformar, inovar e explicar a realidade que se transforma a cada
nascimento tecnológico. A comunicação social ganhou o papel de interpretação e de
construção da realidade (SAMPAIO, p.34). Tecnologias da Informação e
Comunicação estão presentes em diferentes aparatos tecnológicos (televisão, rádio,
smartphones e todos convergindo no computador) e estes, cada vez mais presentes
na vida das crianças em diferentes ambientes e lugares.
Ao interagir com tais equipamentos a criança (assim como muitos adultos)
desconhece os elementos das diferentes linguagens as quais os produtos
veiculados operam.
Exemplo disso é a linguagem audiovisual, que apesar de ser de fácil acesso a
todos (presente em filmes, animações, novelas, telejornais etc), é tratado pela
maioria como “reprodução da realidade”. Defendemos a ideia que a linguagem
audiovisual precisa ser compreendida para além dos produtos audiovisuais
construídos a partir dessa sintaxe, ou seja, dessa justaposição de imagens e sons
(ALMEIDA, 1994).
Mais do que aprender por meio dos produtos audiovisuais, importa ainda
entender essa linguagem para que a educação, por meio de professores e alunos,
passe construir um entendimento do mundo. Conforme abordado no primeiro
capítulo desta monografia, muitas foram às experiências que buscaram associar a
42
linguagem audiovisual com a educação. A educação, como prática social (não
podemos esquecer que os meios “ensinam”), e a escola, como o lugar onde a
formação do cidadão e a educação acontecem de maneira sistematizada, sempre
buscaram nas tecnologias disponíveis recursos que pudessem dar à educação certa
qualidade e consistência, seja na utilização da lousa ao computador.
O simples uso de aparatos tecnológicos por si só não garante o domínio da
linguagem. Exemplo maior disso é o estado do Rio Grande do Norte, aonde nos
anos de 1970 foi pioneiro no uso da televisão em processos educativos. Conforme
ANDRADE ( ), “o projeto Saci utilizava o formato e telenovela. Inicialmente, fornecia
aulas pré-gravadas, transmitidas via satélite, com suporte em material impresso,
para alunos das séries iniciais e professores leigos, do então ensino primário no
Estado do Rio Grande do Norte”. (Andrade, p. ). Em 1976, registrou um total de
1.241 programas de rádio e TV, realizados com recepção em 510 escolas de 71
municípios.
A partir disso, se pode deduzir que as narrativas do mundo, em película ou
meio eletrônico, passaram a compor um “mundo-representação-de-mundo” que, em
estética, política e magia, concorrem para a construção de uma nova realidade.
Assim, ler o mundo hoje é também ler imagens que estão no mundo e imagens do
mundo que estão nas telas.
O uso de produtos audiovisuais na escola irá ajudar professores e alunos a
realizar o que Paulo Freire denominava de “leitura do mundo”. Ler o mundo é
também ler, simultaneamente, as palavras e as imagens que povoam esse mundo,
marcando, sinalizando, indicando. Mais do que os conteúdos que cada filme possa
trazer a presença do cinema, da televisão, dos vídeos, na escola, podem se
constituir em momentos de reflexão que transcendam os próprios filmes e incluam o
olhar de cada um à narrativa que o diretor propôs e nos ofereceu, em imagens e
sons.
O alemão Theodor Adorno publicou em 1963 2um texto denominado
“Televisão e formação”, fruto de um debate radiofônico em que participou no mesmo
ano. O pensador apontou alguns efeitos considerados nefastos da televisão, que
eram produzidos a partir de mensagens “escondidas” ou camufladas. Para ele, a
2 O texto é original de 1963. Mas juntamente com outros textos foram publicados na obra Educação e emancipação.
43
maioria dos programas televisivos visava produzir, ou pelo menos reproduzir, uma
passividade intelectual e a aceitação de todas as mensagens televisivas (mesmo
aquelas de cunho totalitário sem ao menos refletir ou questionar sobre elas.
Quanto mais os estereótipos se reificam e tornam rígidos na indústria cultural tal qual ela é hoje, menos as pessoas são capazes de modificar as suas ideias pré concebidas em função da evolução da sua experiência... A televisão deve representar um avanço e não um retrocesso do conceito de formação cultural” (ADORNO, 2000, p. 95)
Pougy (2005 p.46) aponta que a criança relaciona-se com a TV do mesmo
modo que se relaciona com o que está a sua volta. Para ela, a TV constitui-se em
um jogo simbólico, como são as brincadeiras infantis. A partir disso, verifica-se o
papel essencial da escola nos dias atuais, pois a criança é receptiva das mensagens
veiculadas na TV, ela as recria de acordo com suas experiências. Porém,
normalmente tais recriações acabam como que por reforçar o discurso ideológico
presente nos programas televisivos.
A presente pesquisa mostrou que uma mediação adequada entre programas
televisivos (no caso, animações), conteúdos e atividades pedagógicas produz
resultados positivos no processo de ensino aprendizagem das crianças. Na sala do
nível III, objeto da pesquisa, percebemos que os alunos se adaptaram a nova
metodologia e conseguiram construir seus conceitos dos conteúdos interligando
seus conhecimentos prévios para com as animações propostas. A metodologia
utilizada, de observação de cenas, alcançou as expectativas de aprendizagem, visto
que, os alunos conseguiram dialogar sobre os conteúdos e absorver os conteúdos
de forma satisfatória. As imagens, as cores e as musicas fizeram parte de nossas
aulas audiovisuais e de momentos de interação lúdica e tradicional.
Para Giradello (2005) as crianças em geral, são capazes de decodificar a
televisão de forma ativa, ou seja, construindo e desconstruindo saberes a partir
desse referencial que é televisão. Existem programas que são ricos em valores
culturais e significados. Porém, nem todos os programas e modos de assisti-los
trazem o mesmo benefício para todas as crianças. Não vemos todas as crianças de
maneira ativa e nem como “leitoras” adequadas em quaisquer situações; nem todos
os programas possuem e transmitem conteúdo cultural e significativo. Precisamos
compreender que cada criança é única e sua forma de decodificar o material
44
televisivo vai depender de diversos fatores, tais como: sociais, cognitivos, políticos,
ideológicos, culturais, biopsicosocial, entre outros.
Nas crianças que participaram desta pesquisa a compreensão de conteúdos se
deu de forma contínua. A metodologia empregada foi vista de forma positiva, pois
compreendeu na interação total das crianças para com os conteúdos propostos. As
animações passaram a fazer parte do cotidiano da sala de aula, no qual eles
poderão diariamente conviver com os conceitos formados por eles.
Identificamos através das atividades que algumas crianças estiveram e estão
expostos à muitas horas de programação televisiva. Identificando cenas e falas dos
personagens antes mesmo da atividade proposta. Para alguns esses momentos não
foram tão atrativos, mas auxiliaram na compreensão de conteúdos. Infelizmente, não
é abrangente quantitativamente as animações educativas. Por muitas vezes elas se
repetem e provocam nas crianças a memorização.
Durante a pesquisa a criança foi estimulada a identificar conteúdos nas
animações e não apenas em observar as imagens e aprender cantigas e falas dos
personagens. Dentre as animações mais eficazes identifiquei “Caillou, onde eu
moro”. Antes mesmo de propor a observação da animação as crianças já
identificaram o conteúdos e exponham seus conhecimentos prévios, visto que eles
construíram o conceito de que há diferentes tipos de casas. Na animação “Pocoyo,
varrendo tudo”, os alunos identificaram percepções diferentes para alguns a
separação de objetos por cores, para outros a necessidade de ajudar os colegas e
manusear brinquedos de forma coletiva. Essa animação proporcionou a turma a
identificação de conceitos conceituais e atitudinais. No qual, as crianças trouxeram
para sala de aula e para seus cotidianos a brincadeira coletiva e a identificação das
cores primárias e secundárias.
Relacionando essa experiência com experiências anteriores pode observar a
importância da uma mediação pedagógica para transformar o conteúdo das
animações. Deixaram de ser somente somente entretenimento para tornarem-se
leitura de mundo e associação a conteúdos formais. Anteriormente essa atividade
era utilizada apenas como passa tempo, vista com complementação de horas. Agora
as aulas audiovisuais tem importância pedagógica em grande escala. Pois, pode
identificar que os alunos compreende melhor os conteúdos se trabalhados com
artifícios de seu dia a dia.
45
Precisamos então compreender o fascínio que as animações (desenhos
animados) exercem sobre as crianças. As principais características desses
desenhos são a linguagem lúdica, pois é mais do que um entretenimento televisivo,
eles carregam discursos, seja pelos personagens ou pelas suas aventuras. Há uma
dimensão educativa nos desenhos animados (CUNHA, 2005). Os desenhos
animados são constituídos de conteúdos diversos e articulados entre si, que
possibilitam à criança criar uma rede de relações significativas, que permitem
construir e reconstruir seu conhecimento, bem como perceber as diferentes
realidades que compõem o mundo que a cerca.
A pesquisa alcançou os objetivos definidos, pois conseguiu demonstrar que a
escola deve promover a mediação entre os conteúdos midiáticos e as crianças.
Segundo Foucault apud Fischer (2002) a mídia participa da constituição de sujeitos
e subjetividades na medida em que produz imagens, significações, enfim, saberes
que de alguma maneira se dirigem à "educação" das pessoas, ensinando-lhes
modos de ser e estar na sociedade em que vivem.
Essa atividade mostrou uma melhoria na compreensão dos conteúdos, no qual
os alunos mostraram concentração e interesse nas atividades antes, durante e após
a apresentação das animações. Dialogar sobre o que seria visto antes das aulas
audiovisuais fez com que os alunos visem a animação com um olhar diferente, eles
buscavam aquilo que foi questionado. Durante a aulas audiovisuais os alunos
mostraram concentração e expectativas. Dialogavam entre eles e apontavam aquilo
que se buscava. Depois desse momento de observação dos alunos mostraram
tradicionalmente que compreenderam os conteúdos, dialogando sua aprendizagem
com atividades xerografadas, de releituras orais e escritas e confecção de murais.
Os pais relatam que as animações auxiliaram nas atividades propostas em casa
e que em muitos casos, já identificavam a atividade com a leitura de imagem. Além
de apontarem em suas realidades aqueles conteúdos que aprenderam na aula.
Durante outras animações identificaram os conteúdos e apresentavam a seus pais a
aquisição da formação de conceitos.
A metodologia auxiliou os alunos que antes eram doutrinados a mídia, a
buscarem em sua realidade aquilo que nelas viram. Deixando de lado apenas a
relação fictícia e dialogando com a realidade.
46
Em relação aos conteúdos das animações, esses foram escolhidos de forma
a compreender a necessidade de conteúdos propostos no trimestre. Os alunos
poderão fazer diferentes leituras e apontar seus questionamentos e aprendizagens.
Foi uma experiência valiosa e que trouxe para a metodologia a inserção de uma
tecnologia positiva, que faz com que as crianças aprendam de forma lúdica e
prazerosa.
47
4. REFERÊNCIAS
http://www.animacao3d.com.br/blog/pocoyo-uma-serie-animada-que-e-pura-
simpatia/
http://nomundoanimado.blogspot.com.br/2009/07/seu-filho-ve-caillou.html
ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. 2. ed. Tradução de Wolfgang
Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.190p
ALMEIDA, Milton José de. Imagens e sons: a nova cultura oral. São Paulo: Cortez,
1994.
NICOLAY, Deniz Alcione . “A noção de infância na Didática Magna de Comenius” in:
Revista Educação. São Leopoldo (RS): Editora da Unisinos, 15(1):3-12, janeiro/abril
2011
MARTINS, Maurício Rebelo & DALBOSCO, Claudio A. “Rousseau e a primeira
infância” In Revista Filosofia e Educação – Dossiê Rosseau. Campinas (SP):
Editora da Unicamp, Volume 4, Número 2 Outubro de 2012 – Março de 2013
POUGY, Eliana G. P. As mensagens da televisão e a reação de seus receptores.
Disponível em:
WWW.redebrasil.tv.br/educação/artigos/as_mensagens_da_televisão.htm
acessado em 18/11/2015
GIRARDELLO, Gilka. Dez teses sobre as Crianças e a Tv. Disponível em:
www.aurora.ufsc.br. Acessado em 22/08/2015
CUNHA, Joviniano Borges. Televisão: da sala de estar para a sala de aula.
Disponível em: www.aurora.ufsc.br. Acessado em 20/10/2015
48
FISCHER, Rosa Maria Bueno. “O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar
na (e pela) TV”. Revista Educação e pesquisa (versão online). jan./jun. 2002, vol.28,
no.1 Disponível em:http://www.scielo.br/scielo. Acesso em 19/11/2015
https://www.youtube.com/watch?v=fE3DLnpRtNM
https://www.youtube.com/watch?v=w6jmqYG0zoc
https://www.youtube.com/watch?v=P7JwnpuBH8Y
https://www.youtube.com/watch?v=C4ZnYiywuk4
SAMPAIO, Marisa Narcizo. Alfabetização tecnológica do professor / Marissa
Narcizo Sampaio, Lígia Silvia Leite. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
Silva, Gerson Abarca. O poder da TV no mundo da criança e do adolescente:
Gerson Abarca. – 3 ed. São Paulo: Paulus, 2004.
http://www.redesistemadeensino.com.br/jockey-club/estrutura
McLuhan, “El médio es el masaje”, ed. Paidós, 1969, pág. 18.
Fischer, Rosa maria Bueno. Televisão & Educação: fluir e pensar a TV/ Rosa Maria
Bueno Fischer. – 3.ed – Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
MCKEE, Robert. Story: Substância, estrutura, estilo e os princípios
da escrita de roteiros. Curitiba: Arte e Letra, 2006
49
ANEXO 1 Projeto
(...)os meios de comunicação social, sobretudo o rádio, a televisão e o cinema,
tornaram possível às pessoas reconhecerem, ao mesmo tempo, a existência de
vários lugares, culturas, etnias, etc; e esses meios têm um importante papel a
cumprir na educação sendo possível a professores e alunos navegaremem mares
menos revoltos, buscando intercambiar os meios tradicionais de ensino com novas
tecnologias.
Salete Therezinha de Almeida e Yaray Joana da Silva.
Projeto:
Aprendendo com as animações
Tema: aprendendo com as animações
Turma: nível III
50
Objetivos gerais
Estimular o desenvolvimento e a participação das crianças na sociedade.
Bem como, contribuir para identificação da linguagem e elementos
matemáticos inseridos no dia a dia das animações das crianças. Proporcionar
situações problemas em que os alunos identifiquem nas animações
conteúdos desenvolvidos em sala de aula.
Objetivos específicos
Refletir sobre o papel das animações em sala de aula, bem como, sua
contribuição na formação de ensino-aprendizagem dos alunos.
Conhecer e identificar a estrutura das animações considerando-a como uma
nova dimensão da linguagem e conhecimentos matemáticos.
Conhecer uma nova metodologia de ensino, no qual insere as crianças no
mundo imaginário da aprendizagem.
Justificativa
O meio escolar estar proporcionando um meio tecnológico no convívio dos
alunos. As inserções de recursos tecnológicos estão cada vez mais visíveis
no campo da educação. As TIC’s deixaram de ser apenas entretenimento em
casa e ganhou seu espaço nas escolas como uma nova metodologia a ser
inserida na aprendizagem das crianças. As animações/desenhos animados
ganha força nos planejamentos das professoras e passa a ser uma ligação
entre conteúdos e aprendizagem. Visto que, a criança aprende a partir das
brincadeiras e jogos. As aulas de recursos audiovisuais deixam de ser passa
a tempo e passa a ganhar uma nova face na aprendizagem. Assim como, os
jogos e brincadeiras a ludicidade das animações auxiliam na interpretação de
conteúdos para as crianças. A linguagem das animações esta presente no dia
a dia das crianças com o intuito de prepara-la as realidades de sua vivência.
51
A partir desse contexto e relacionando com a realidade dos alunos que o
projeto se construiu para ampliar os conhecimentos e habilidades dos alunos.
Recursos
Animações das séries Caillou e Pocoyo
Metodologia
O projeto será desenvolvido a partir de animações das series Caillou e
Pocoyo, no qual o objetivo e relacionar conteúdos com a dinâmica das
animações. Questionar as crianças sobre suas observações e percepções de
alguns dos conteúdos, e assim, direcionar atividades de construção de
conceitos.
Cronograma
Momentos Atividades
1º Pesquisa e escolha das animações.
2º Interdisciplinaridade das animações com os
conteúdos.
3º Aplicação das animações nas aulas audiovisuais.
4º Indagações sobre as animações com o objetivo de
construir conceitos.
5º Atividades de ludicidade e ficção de conteúdos.
6º Culminância.
Avaliação
52
A avaliação será contínua, irá observar o crescimento, o envolvimento e a
interação dos alunos com a nova metodologia e sua aprendizagem.