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MIGRAÇÕES, IDENTIDADES CULTURAIS E ETNICIDADE
As migrações na sociedade actual
As migrações são deslocações, temporárias ou permanentes, da população entre dois espaços
geográficos. Essas deslocações podem ocorrer:
dentro do mesmo país;
entre países diferentes, neste caso designando-se por emigração o movimento de saída da
população e por imigração movimento de entrada.
As causas das migrações são muito variadas sendo as mais comuns de natureza económica, isto é, os
indivíduos deslocam-se à procura trabalho, de
melhores condições de vida, etc. Neste tipo de
migrações, enquadram-se os movimentos de
população dentro do mesmo país das zonas
rurais empobrecidas para a zonas urbanas ou
dos países mais pobres para os mais ricos.
As migrações não são um fenómeno
recente, pois têm sido uma constante ao longo
da história. Por exemplo, a formação dos
Estados Unidos (a partir do século XIX) resultou
de uma vaga sucessiva de migrações com
várias origens, primeiro europeus, depois
asiáticos e hispânicos.
A partir da Segunda Guerra Mundial, em especial nas duas últimas décadas do século passado, as
migrações intensificaram-se em todo o mundo, como resultado do desenvolvimento económico.
As disparidades de níveis de desenvolvimento que se verificam a nível mundial dão origem a
movimentos migratórios. O diferencial de bem-estar entre países ricos e pobres, quer a nível salarial
quer a nível de acessibilidade aos bens coletivos
(educação, saúde, habitação, etc.), tem vindo a
induzir de forma continuada esta pressão
migratória.
O processo migratório também tem vindo a
ser acelerado pelo contexto de globalização que
carateriza as sociedades atuais, pois a rápida
circulação de informação e a institucionalização
de redes de tráfico e de transporte de migrantes
facilitam a deslocação das populações.
A persistência das desigualdades de
desenvolvimento, num contexto de globalização,
poderia levar, numa situação limite, ao
Disponível na Internet:
http://sigarra.up.pt/flup/pt/noticias_geral.ver_noticia?P_NR=25582
Movimentos migratórios para a Europa, no início do
século XX
Disponível na Internet:
http://www.coladaweb.com/geografia/migracoes-internacionais
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estabelecimento de fluxos permanentes entre países, o que acarretaria consequências negativas para os
países de acolhimento (ao nível de emprego e do consumo).
Neste sentido, as forças políticas destes países não defendem uma política de “porta aberta”, ou
seja, os Estados definem políticas migratórias mais ou menos restritivas, de modo a poderem controlar
as entradas e as permanências de imigrantes no seu território.
As migrações e as decisões de migrar deixam de estar apenas
dependentes de fatores de repulsão (causas que no país de
origem levam os indivíduos a emigrar) e de fatores de atração
(condições dos países de destino atrativas para os imigrantes).
Com efeito, nessas decisões também pesam as políticas
migratórias dos países de acolhimento.
A integração dos migrantes
As migrações têm consequências quer nas sociedades de
origem quer nas de
destino dos
migrantes.
Nas sociedades de
origem, as principais
consequências são o
envelhecimento da
população, dado que,
geralmente, os
emigrantes são
população jovem e em
idade ativa, e a
entrada de remessas
enviadas pelos emigrantes, que podem atingir volumes
consideráveis.
Relativamente aos países de acolhimento, o principal problema que se coloca é o da integração dos
imigrantes. Essa integração pode ser analisada a
dois níveis:
. Inserção no mercado de trabalho;
. Integração cultural.
A nível do mercado de trabalho, os
imigrantes, geralmente, ocupam os postos de
trabalho menos qualificados e mais precários, em
termos de contrato, ou mesmo do setor informal
(atividades não regulamentadas pelo Estado),
“Quando um imigrante se confronta
com uma nova sociedade, emergem
duas questões básicas: é importante
manter a minha identidade cultural? É
importante manter relações culturais
com outros grupos da sociedade de
acolhimento? As respostas configuram
quatro modalidades de relações
culturais: integração, assimilação,
separação e marginalização.
A integração é uma estratégia que
consiste em manter aspetos importantes
da identidade cultural de origem e ao
mesmo tempo desenvolver relações com
a sociedade de acolhimento e adotar
comportamentos e valores dessa
sociedade. A separação indica um
fechamento na cultura de origem. A
assimilação, pelo contrário, indica uma
abertura à cultura de acolhimento em
detrimento da cultura de origem. A
marginalização é o resultado de um
processo de negação da própria cultura
e de não integração na cultura da
maioria, muitas vezes por rejeição da
própria maioria.”
Vala, J., Processos identitários e gestão
da diversidade, I Congresso - Imigração
em Portugal,
Lisboa, ACIME, 2004 (adaptado).
Europa fortaleza, pouco disponível para receber migrantes
Disponível na Internet:
http://www.migracoesporto.org/index_ficheiros/Page3814.htm
Manifestação em defesa dos direitos dos
imigrantes, S. Francisco, USA, 1910
Disponível na Internet:
http://www.fogcityjournal.com/wordpress/1898/t
housands-protest-arizona-immigration-law-in-san-
francisco/
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situação que os torna mais vulneráveis ao desemprego. Para os imigrantes que não estão legalizados, e
situação ainda é mais grave, pois não cumprem os seus deveres de cidadania, isto é, não pagam
impostos e não lhes estão garantidos os direitos económicos e sociais dado não estarem inseridos no
mercado de trabalho legal formal.
Quanto à integração cultural, as dificuldades também são grandes. O desconhecimento da língua
funciona, desde logo, como uma primeira barreira à integração. Por outro lado, as comunidades
imigrantes têm geralmente modos de vida e identidades culturais diferentes dos da sociedade de
acolhimento.
A vivência numa sociedade com
uma cultura diferente coloca ao
imigrante problemas de identidade
que resultam da tensão permanente
entre:
. a conservação das especificidades
da sua cultura de origem (língua,
religião, hábitos, tradições, etc.);
. o processo de aculturação a que
inevitavelmente está sujeito, se
quer integrar-se e usufruir das
vantagens que daí podem advir.
Entre essas dualidades, as estratégias de integração dos imigrantes podem assumir os graus
extremos de assimilação ou de marginalização.
A sociedade de acolhimento também pode desenvolver atitudes diferenciadas em relação aos
imigrantes que podem ser de integração, assimilação, segregação, exclusão, individualização.
A diversidade étnica das sociedades atuais
Os movimentos migratórios têm contribuído
para o aparecimento, nas sociedades de
acolhimento, de grupos, geralmente minoritários,
que se diferenciam pelas suas caraterísticas
culturais, raciais, religiosas, linguísticas, etc. -
minorias étnicas. Esta diversidade étnica está bem
patente nas sociedades europeias, incluindo a
portuguesa.
Muitas vezes, as minorias étnicas apresentam
caraterísticas culturais bastante diferentes das da
sociedade de acolhimento, assumindo os seus
membros essa diferença e sendo vistos pelos
outros da mesma forma. Neste caso, pode falar-se
Manifestação em favor da tolerância face aos
emigrantes, Oslo, 2011
Disponível na Internet:
http://www.bloomberg.com/news/articles/2011-07-27/norway-atrocity-
may-fail-to-erode-nordic-anti-immigration-parties-support
Ciganos deixam acampamento em Lyon, France, na sequência de
expulsão ditada pelas autoridades, 2012
Disponível na Internet: http://oglobo.globo.com/mundo/hollande-desfaz-
acampamentos-paga-para-ciganos-deixarem-pais-5748670
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existência de etnicidade.
A etnicidade designa os modos de vida e as práticas culturais que distinguem os membros de um
grupo dos restantes. Quer isto dizer que a etnicidade uma característica dos grupos de imigrantes,
quando estes grupos mantêm, suas identidades culturais e formas de ação coletivas próprias. A
etnicidade torna-se, assim, uma fonte de identidade para alguns grupos de imigrantes, estando na base
de algumas situações de conflito que atravessam as sociedades atuais. Também se poderá referir que
estes grupos de imigrantes constituem subculturas, na medida em que são segmentos da população
cujos traços culturais são distintos dos da sociedade envolvente.
Etnocentrismo cultural
Como vimos, existe uma pluralidade de padrões culturais que variam no tempo e no espaço. Deste
modo, muitas vezes, os padrões de outros grupos ou sociedades podem parecer-nos e estranhos. Por
exemplo, quando vemos filmes na
televisão sobre outras sociedades,
começamos por achar incompreensível a
língua que falam, mas também podemos
encontrar aspetos da vida quotidiana,
hábitos alimentares e formas de vestir
completamente diferentes dos da
sociedade portuguesa - multiculturalismo
das sociedades atuais.
A situação torna-se mais difícil quando
entramos em contacto direto com outras
culturas, podendo, muitas vezes,
produzir-se choques culturais, quando os
valores das “outras” culturas são muito diferentes dos nossos padrões culturais. Estes choques culturais
resultam do facto de termos tendência para julgar os padrões das outras culturas com base nos da
nossa, levando-nos a não aceitar ou a aceitar dificilmente esses padrões diferentes dos nossos. Por
exemplo, a existência de monogamia nas sociedades ocidentais, pode levar à rejeição de outros tipos de
comportamento poligâmico caraterísticos de
outras culturas, como a muçulmana.
Ora, o etnocentrismo cultural consiste
precisamente em não julgar negativamente as
outras culturas tomando como padrão os nossos
modelos culturais. Quando assumem esta
conduta, os indivíduos estão a sobrevalorizar a sua
cultura, considerando inferior a dos outros.
Nas sociedades atuais, onde a diversidade
cultural é muito grande, o etnocentrismo cultural
tem dado origem a fenómenos exacerbados de
A cultura muçulmana está cada vez mais presente na Europa.
França, 2014
Disponível na Internet: http://www.ultimosacontecimentos.com.br/ultimas-
noticias/a-islamizacao-da-europa-sera-algo-irreversivel.html
Emigrantes tentam chegar à Europa, de barco, 2014
Disponível na Internet:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150419_tragedia_medi
terraneo_ue_rm
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rejeição social, como racismo (forma de preconceito e de segregação social baseada em diferenças
raciais ou étnicas e a xenofobia (aversão e discriminação de estrangeiros).
A diversidade étnica da sociedade portuguesa
Na década de 60 do século xx, apenas
residiam em Portugal 29 428 estrangeiros,
principalmente de nacionalidade espanhola e
brasileira. Esta situação não se alterou
substancialmente até ao 25 de Abril de 1974.
Após essa data, o processo de
descolonização aumentou os fluxos
imigratórios dos novos países africanos
lusófonos em direção a Portugal, o que fez
com que a população imigrante passasse a ser
constituída maioritariamente por cidadãos
das ex-colónias portuguesas.
Na década de 80, o ritmo de crescimento da população estrangeira abrandou, passando a
predominar os cidadãos brasileiros, mas mantendo-se um elevado fluxo de imigrantes originários de
Cabo Verde.
Em 1986, Portugal aderiu à Comunidade Europeia, e os reflexos dessa adesão são visíveis na
economia portuguesa, pois,
durante o período que vai desde
1986 até 1991, a economia
portuguesa obteve resultados
globais francamente positivos.
Estas transformações
económicas tiveram reflexos nos
perfis da população imigrante, já
que, a par da entrada de mão de
obra pouco qualificada composta
essencialmente por imigrantes
africanos, também entraram
imigrantes, nacionais de países
europeus e brasileiros, altamente qualificados.
Durante a década de 90, o fluxo imigratório tornou a acelerar, constatando-se um novo fenómeno, o
da entrada de imigrantes nacionais de países com os quais Portugal não tinha mantido “laços
económicos ou históricos privilegiados”, como, por exemplo, os países do Leste e do Centro da Europa.
Este aumento de influxo poderá ser explicado, em parte, pelo facto de os portugueses terem optado
por emigrar, deixando “lugares vagos para os imigrantes”, e pelos processos de legalizações
extraordinários que ocorreram durante a década de 90 (1992 e 1996).
Manifestação de emigrantes, Lisboa, 2009
Disponível na Internet: http://www.esquerda.net/content/ps-dividido-sobre-
redu%C3%A7%C3%A3o-de-quota-de-imigrantes
Manifestação de emigrantes, Lisboa, 2008
Disponível na Internet: http://www.esquerda.net/content/manifesta%C3%A7%C3%A3o-contra-
xenofobia-juntou-dois-mil-imigrantes
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Também se alteraram alguns padrões de inserção dos imigrantes no mercado de trabalho, tendo-se
reduzido o número de profissionais qualificados e aumentado o emprego na construção civil e obras
públicas
(trabalhadores não
qualificados), bem
como o emprego nos
serviços pessoais e
domésticos.
Entre 1999 e 2001,
os fluxos imigratórios
disparam,
essencialmente, os de
nacionais dos países
do Leste europeu. O
facto de Portugal
integrar a União Europeia e o espaço de Schengen poderá ter tido influência neste aumento do fluxo
imigratório. Mas esse crescimento também se deveu às motivações económicas (diferenças de salários e
de nível de vida), à existência de redes fortemente organizadas na Europa de Leste de angariação de
emigrantes (máfias) e à promulgação do Decreto n.º 4 de 2001, que permitia a regularização dos
imigrantes, desde que tivessem um contrato de trabalho.
No início do século XXI, sobrepondo-se à imigração africana, os fluxos com origem nos países da
Europa de Leste contribuíram para o crescimento da população estrangeira total a residir em Portugal.
A partir de 2003, o mercado de trabalho português perdeu capacidade de atração de mão de obra
estrangeira. O Ritmo de crescimento do número de cidadãos estrangeiros diminuiu, passando a dever-se
essencialmente aos processos de reagrupamento familiar e não tanto às migrações por motivos
económicos.
A contração da economia portuguesa a partir de 2008/2009 leva a uma diminuição da população
estrangeira em Portugal partir de 2010. Essa diminuição também resultou da aquisição da nacionalidade
portuguesa por um número crescente de cidadãos que preenchem os requisitos necessários exigidos na
Lei Orgânica n.º 2/2006 de 17 de abril.
Em 2013, de acordo com o Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo de 2013 do SEF, “consolidou-se
a tendência de decréscimo do número de estrangeiros residentes em Portugal”. Em termos de
continentes, a Europa, a partir do ano de 2001, adquiriu primazia nos contingentes de estrangeiros com
presença documentada em Portugal (40,7% do total), muito devido à presença dos cidadãos dos países
de Leste, com particular destaque para a Ucrânia, ultrapassando a África, que durante várias décadas
permaneceu como a origem geográfica mais relevante devido aos cidadãos dos PALOP.
Por países, em 2013, manteve-se estrutura das nacionalidades mais representativas: o Brasil era o
país com a maior comunidade residente em Portugal, seguido de Cabo Verde e da Ucrânia.
O grande decréscimo dos imigrantes brasileiros pode ser explicado pela aquisição da nacionalidade
portuguesa, pela alteração dos fluxos migratórios e pelo impacto da atual crise económica no mercado
laboral.
In Monitorizar a Integração de Imigrantes em Portugal de Catarina Oliveira Reis Disponível
na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%20Integracao%20de%20Imigrantes%20em%20
Portugal.pdf
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O Relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras também destaca o facto de, em 2013, a China ter
passado a ser a sexta
nacionalidade mais
relevante, com um
crescimento de 6,8%,
suplantando a Guiné-Bissau,
que cresceu 0,5%. Das
nacionalidades mais
representativas, a chinesa e
a guineense (Bissau) foram
as únicas que registaram um
aumento do número de
residentes.
Na sociedade portuguesa,
existe, assim, uma grande
diversidade étnica e cultural,
mais evidente em algumas
zonas, mas estendendo-se a todo o país.
Com efeito, mais de metade da população estrangeira residente em Portugal está concentrada na
região de Lisboa (51,6%). Esta elevada concentração de imigrantes na Área Metropolitana de Lisboa
resulta em grande parte das
primeiras vagas de imigração
africana. As vagas imigratórias mais
recentes apresentam padrões de
maior dispersão geográfica no
território português,
nomeadamente a imigração de
Leste, que se espalhou por todo o
país.
Esta diversidade étnica e
cultural manifesta-se de várias
formas. Por exemplo, nas zonas
urbanas, podemos encontrar
estabelecimentos de comércio
étnico onde se vendem produtos
alimentares e especiarias
tradicionais dos países de origem dos imigrantes, observar uma grande variedade de formas de
vestuário, experimentar comidas tradicionais de diferentes regiões do mundo, ouvir falar nas ruas
línguas que desconhecemos e uma grande variedade da música e podemos, ainda, ver outras formas de
expressão artística e cultural.
In Monitorizar a Integração de Imigrantes em Portugal de Catarina Oliveira Reis
Disponível na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%20Integracao%20de%20Im
igrantes%20em%20Portugal.pdf
In Monitorizar a Integração de Imigrantes em Portugal de Catarina Oliveira Reis
Disponível na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%20Integracao%20de%20I
migrantes%20em%20Portugal.pdf
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Neste sentido, esta diversidade pode ser considerada um fator enriquecedor pelo facto de estar
associada a novas formas de encarar a realidade e a novos elementos culturais, como no caso da
música, da gastronomia ou mesmo da maneira de vestir.
Esse multiculturalismo também é visível nas escolas portuguesas, pois a maior parte delas é
frequentada por alunos estrangeiros, ou seja, atualmente, na escola, coexistem grupos culturalmente
heterogéneos.
A integração da população imigrante na economia portuguesa e os seus perfis sociodemográficos
Em linhas gerais, a população estrangeira com residência em Portugal apresenta as caraterísticas de
uma mão de obra pouco qualificada, apesar de um grupo de imigrantes, mais reduzido, desenvolver
atividades socialmente valorizadas (como médicos,
dentistas, cuidados de saúde, marketing, design e
outras).
A integração de algumas nacionalidades,
nomeadamente os imigrantes oriundos dos PALOP, é,
em larga medida, efetuada na economia subterrânea,
ou seja, no setor informal - atividades não
regulamentadas pelo Estado, predominantemente nos
setores da construção civil e das obras públicas.
O INE, na Revista de Estudos Demográficos, n.º 53,
de 2014, apresenta a seguinte caraterização sociode-
mográfica da população imigrante em Portugal:
. Os estrangeiros residentes em Portugal eram maio-
ritariamente mulheres.
. A idade média da população estrangeira era de 34,2 anos.
In Monitorizar a Integração de Imigrantes em Portugal de Catarina Oliveira Reis Disponível na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%20Integracao%20de%20Imigrantes%20em%20Portugal.pdf
Estudantes chineses numa escola portuguesa
Disponível na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%
http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/chineses-tem-estatuto-de-
estranh_2311.html
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. O estado civil solteiro (cerca de 53%) predominava na população estrangeira.
. Verificava-se uma maior informalidade nas uniões conjugais desse grupo populacional relativamente
à população portuguesa.
. Os níveis de escolaridade da população em idade ativa (dos 15 aos 64 anos), recenseada em 2011,
eram, de modo geral, mais elevados na população de nacionalidade estrangeira comparativamente
com a população portuguesa.
. Mais de 60% da população estrangeira era economicamente ativa.
. O trabalho constituía a sua principal fonte de rendimento, e trabalhador da limpeza era a sua
principal profissão. Restauração, construção e comércio a retalho eram as atividades económicas que
empregavam mais estrangeiros.
. A religião católica foi a mais assumida pelos estrangeiros residentes.
O estudo “Monitorizar a Integração de
Imigrantes em Portugal” realizado por Catarina
Oliveira e Natália Gomes” apresenta alguns
dados complementares sobre as caraterísticas do
fenómeno imigratório em Portugal, nos últimos
anos (adaptado):
“Os imigrantes contribuem positivamente
para a demografia portuguesa. O último
Recenseamento da População realizado pelo
Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011) veio reafirmar o contributo positivo da população
estrangeira na demografia portuguesa. Nos últimos 10 anos a população cresceu 2% (206.061
indivíduos), sobretudo como consequência do saldo migratório (que explica 91% desse crescimento). Os
estrangeiros têm sido responsáveis não apenas pelo aumento de efetivos em idade ativa, mas
In Monitorizar a Integração de Imigrantes em Portugal de Catarina Oliveira Reis Disponível na Internet:
http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Col_ImigNumeros/Monitorizar%20a%20Integracao%20de%20Imigrantes%20em%20Portugal.pdf
Comunidade chinesa em Portugal
Disponível na Internet:
http://observador.pt/2014/06/23/comunidade-chinesa-foi-que-mais-
aumentou-em-portugal-em-2013/
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também pelo incremento dos nascimentos em Portugal. A população de nacionalidade estrangeira
residente em Portugal é tendencialmente mais jovem que a população de nacionalidade portuguesa.
A população estrangeira residente em Portugal encontra-se sobretudo concentrada na região de
Lisboa. A percentagem de estrangeiros que se
concentra nesta unidade territorial corresponde a
51,6%. A elevada concentração de estrangeiros
na Região de Lisboa resulta em grande medida
das primeiras vagas de imigração provenientes
dos PALP. Ainda que as vagas imigratórias mais
recentes tenham sido importantes para diminuir
a sobre concentração nesta região (por
apresentarem padrões de maior dispersão
geográfica no território português), não
conseguiram retirar a importância relativa da
região de Lisboa que capta ainda mais de metade dos estrangeiros residentes no país.
Se é verdade que o número de estrangeiros em Portugal tem diminuído nos últimos anos, também
se nota que os perfis de imigração para Portugal estão a diversificar-se. As condições económicas
menos favoráveis do país a partir de 2008, mudaram o perfil de entradas de estrangeiros em Portugal.
Não apenas o fluxo global de entradas diminui (em especial entre 2008 e 2011, retomando com ligeiro
aumento a partir de 2012), como se verifica uma alteração nos perfis das entradas, com aumento de
alguns fluxos – caso dos estudantes, de investigadores e altamente qualificados e, de forma mais ténue,
de reformados – e diminuição de outros – entradas para o exercício de atividades subordinadas.
A população estrangeira não é um todo homogéneo quanto à sua inserção económica, verificando-
se três formas de incorporação no mercado de trabalho: (1) imigração laboral, personificada
principalmente pelos operários dos PALP, brasileiros e
do Leste europeu; (2) imigração profissional,
essencialmente representada por trabalhadores
oriundos da União Europeia e do continente
americano; e (3) imigração empresarial, destacam-se
os asiáticos, em especial os chineses.
A segmentação do mercado de trabalho português,
associando os estrangeiros às atividades manuais e
mais exigentes, e por vezes mais arriscadas, e a
algumas características dos trabalhadores imigrantes
(e.g. disponibilidade para trabalhar mais horas,
trabalhadores tendencialmente pouco informados
acerca dos seus direitos e deveres laborais em
Portugal, com conhecimentos limitados acerca dos
sistemas de segurança e saúde no trabalho) tem tido consequências na sinistralidade laboral dos
estrangeiros que se mostra superior à verificada para os trabalhadores portugueses.
Comunidade ucraniana em Fátima, Portugal
Disponível na Internet:
http://fatimacidade.blogs.sapo.pt/arquivo/Ucrania13AgoFM.html
Comunidade brasileira em Portugal
Disponível na Internet:
http://www.portaldeangola.com/2012/07/brasileiros-continuam-a-
ser-a-maior-comunidade-de-imigrantes-em-portugal/
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Verifica-se um desequilíbrio nas remunerações base médias entre os portugueses e os
estrangeiros. Os dados de 2012 dos Quadros de Pessoal mostram que, em média, os trabalhadores
estrangeiros têm remunerações 7% mais baixas que a generalidade dos trabalhadores do país.
Segundo dados do Eurostat, em 2012 Portugal era o terceiro país da União Europeia com a taxa de
desemprego mais elevada (15,9%), sendo apenas ultrapassado pela Grécia (24,3%) e Espanha (25,0%). O
desemprego não incide de igual forma nos diferentes grupos populacionais. As taxas de desemprego
dos estrangeiros são superiores às dos portugueses; e, por outro, a distância entre estes dois grupos
agravou-se substancialmente na última década - em 2001 verifica-se uma diferença de dois pontos
percentuais na taxa de desemprego dos portugueses e dos estrangeiros, passando para 6 pontos
percentuais em 2011.
Durante a última década o saldo financeiro da segurança social com os estrangeiros foi positivo.
Os estrangeiros mostram maior
percentagem de população nos níveis de
escolaridade mais elevados quando
comparados com os portugueses. Essa
tendência não é, contudo, uniforme para
todas as nacionalidades estrangeiras.
A distribuição dos trabalhadores
estrangeiros pelos grupos profissionais do
mercado de trabalho em Portugal não
reflete necessariamente as suas
qualificações. Verifica-se em Portugal o
fenómeno da sobre qualificação no
mercado de trabalho. Os estrangeiros qualificados em Portugal sem o reconhecimento das suas
qualificações representam um importante capital humano que não está a ser aproveitado no mercado
de trabalho.
A compreensão da língua do país de acolhimento é um requisito fundamental no processo de
integração de imigrantes, tendo por isso aumentado a oferta de cursos de aprendizagem da língua de
acolhimento um pouco por toda a Europa.
Nos últimos anos verifica-se um grande aumento do número de “novos cidadãos” portugueses
associado essencialmente a estrangeiros residentes em Portugal (mais de 90% das aquisições de
nacionalidade) e descendentes de imigrantes.
Na década passada aumentou a percentagem de estrangeiros elegíveis para votar por total de
residentes. Contudo, a percentagem de cidadãos estrangeiros recenseados em Portugal para votar por
total de estrangeiros residentes elegíveis para votar em eleições locais diminuiu (...), o que tanto pode
refletir o crescente desinteresse das populações estrangeiras no país para os seus direitos políticos ou
a sua perceção de falta de direitos políticos em Portugal.”
No essencial, o texto apresentado foi retirado de: Andrade, Anabela; Moinhos, Rosa (sd) Sociologia
12.º ano. Lisboa: Plátano Editora (adaptado)
Comunidade africana em Portugal
Disponível na Internet: http://www.jornalacores9.net/nacional/imigracao-e-
trafico-de-pessoas-sem-alteracoes-mas-com-novos-fenomenos/