Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO · II – Ótica da renda: nesta, o PIB é calculado...
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METODOLOGIA - PIB
DO AGRONEGÓCIO
BRASILEIRO BASE E EVOLUÇÃO
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO 1
METODOLOGIA - PIB DO
AGRONEGÓCIO
BRASILEIRO BASE E EVOLUÇÃO
INTRODUÇÃO
ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(CEPEA). Metodologia - PIB do Agronegócio Brasileiro: Base
e Evolução. Piracicaba, 2017.
DESCRIÇÃO
METODOLÓGICA –
PIB DO
AGRONEGÓCIO
Esse relatório detalha os
procedimentos
metodológicos utilizados
pelo CEPEA no cálculo e
acompanhamento do PIB
do agronegócio brasileiro.
Primeiramente, faz uma
introdução dos conceitos
do agronegócio e do PIB
aqui empregados, assim
como as desagregações de
caráter analítico do setor
consideradas.
Então, detalham-se os
procedimentos utilizados
para a estimação do valor
do PIB no ano-base de
2010, que se utiliza,
principalmente, das
matrizes das Contas
Nacionais.
Finalmente, apresenta-se
o detalhamento dos
procedimentos para o
acompanhamento mensal
e anual do valor do PIB
do agronegócio, de modo
a se compor uma série
histórica para períodos
anteriores e posteriores ao
ano base de 2010.
DESCRIÇÃO
METODOLÓGICA –
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
evolução do pib do agronegócio 2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 3
2. ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 ..................................................................................................... 6
2.1. OS SEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO – ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO-BASE DE 2010 ................. 7
PIB DO SEGMENTO DE INSUMOS ......................................................................................................................... 7
PIB DO SEGMENTO PRIMÁRIO (AGROPECUÁRIA) ......................................................................................... 9
PIB DA AGROINDÚSTRIA (BASE AGRÍCOLA E PECUÁRIA) ........................................................................ 10
PIB DO SEGMENTO DE SERVIÇOS ...................................................................................................................... 13
PIB DO AGRONEGÓCIO ........................................................................................................................................ 16
3. EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE ................................................... 16
3.1. CÁLCULO DO VBP E CI NO ANO-BASE, PARA ACOMPANHAMENTO DO PIB ........................... 16
3.2. ACOMPANHAMENTO DO PIB E INDICADORES RESULTANTES ..................................................... 19
3.3. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS DE PREÇOS E VOLUMES PARA ACOMPANHAMENTO DO PIB ... 20
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO 3
1. INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta de forma detalhada os procedimentos de estimação do Produto
Interno Bruto do Agronegócio Brasileiro (PIB-Agro BR), realizado pelo Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (CEPEA), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da
Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).
Pelo critério metodológico adotado pelo Cepea/Esalq-USP, o agronegócio parte do conceito
sistêmico de cadeia, com ligações a partir das atividades da agropecuária, tanto a montante como a
jusante. Agronegócio envolve, portanto, os segmentos de insumos para a agropecuária, produção da
própria agropecuária, processamento de produtos agropecuários e serviços de comercialização e
transporte até o consumidor final ou para exportação. Esquematicamente, tal estrutura pode ser
representada conforme a Figura 1.
Figura 1 - Segmentos que formam o agronegócio
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Ademais, cabe destacar que o conceito de agronegócio aqui empregado, além de alterar a
forma de se ver os setores - agora não mais tratados de forma isolada -, também não faz distinção entre
categorias (por tamanho, tecnologia, etc.), seja de produtores rurais, seja dos demais participantes das
cadeias produtivas.
O Produto interno Bruto (PIB) é uma medida de valor, que expressa a evolução da renda de
um setor e/ou atividade. A partir desta definição, o Cepea/Esalq-USP estima o “PIB do agronegócio
brasileiro”, como forma de analisar a renda gerada pelo conjunto dos segmentos que formam o
agronegócio, aprimorando, assim, a avaliação do impacto econômico do setor na geração de renda e
desempenho da economia nacional.
Em termos conceituais, existem três óticas de compreensão e estimativa do PIB:
I – Ótica da despesa: assume que o PIB seja a composição do valor da produção de bens e
serviços finais, ou seja, que vão até o consumidor final, estoques ou exportações. Sob esta ótica os
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INTRODUÇÃO 4
componentes do PIB são: despesas de consumo das famílias, despesas de consumo da administração
pública, formação bruta de capital e exportações, de cujo total se subtraem as importações. Esta ótica
é mais adequada quando se busca calcular o PIB de países ou regiões, sem referência às contribuições
de cada segmento ao longo das cadeias produtivas.
II – Ótica da renda: nesta, o PIB é calculado pela soma das remunerações recebidas pelos fatores
de produção – remuneração ao trabalho (salário e equivalentes), ao capital físico, terra e lucro.
III – Ótica do produto: nesta, o PIB equivale ao valor adicionado por segmento de cada setor
da economia. O valor adicionado, por sua vez, é obtido pela diferença entre o valor bruto da produção
(VBP) e o consumo intermediário (CI). Nesta ótica, a economia é considerada um grande conjunto de
cadeias produtivas, formadas por diversos segmentos, em que, sequencialmente, cada segmento
produz insumos para o segmento seguinte.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do
produto (terceira ótica), ou seja, pelo Valor Adicionado total deste setor na economia. Ademais, avalia-
se o valor adicionado a preços de mercado, ou seja, considera-se a inclusão dos impostos indiretos
menos subsídios relacionados aos produtos.
O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, à renda gerada de forma sistêmica na
produção de insumos para a agropecuária, acrescida da renda gerada na produção primária e se
estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final
(consumo doméstico, exportação ou estoques). A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos
fatores de produção: (a) trabalho (inclusive do empresário/proprietário/administrador), (b) capital
(juros e depreciação) e (c) terra e recursos naturais. Em capital estão incluídos veículos e maquinarias,
benfeitorias, rebanho, pomares e povoamentos florestais.
O PIB do agronegócio é avaliado de forma discriminada em quatro segmentos: (a) insumos,
(b) agropecuária (c) agroindústria (de base agrícola ou pecuária) e (d) agrosserviços (transporte,
comércio e demais serviços).
Além disso, para fins analíticos, o agronegócio é dividido em dois grandes ramos produtivos:
ramo agrícola (agricultura) e ramo pecuário (pecuária). O ramo agrícola corresponde ao conjunto das
cadeias produtivas1 das lavouras e demais atividades vegetais e florestais. O ramo pecuário refere-se
1 Cadeia produtiva refere-se aqui à sequência de atividades – da produção de insumos até a utilização dos produtos finais –
que se baseiam em determinada matéria-prima agropecuária. Pode-se falar na cadeia da soja como uma das componentes
do ramo agrícola e cadeia do leite como uma das cadeias do ramo pecuário.
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INTRODUÇÃO 5
ao conjunto das cadeias produtivas de produtos de origem animal. Em cada um desses ramos são
apresentados os valores dos seus respectivos segmentos. A agropecuária (que agrega os ramos
agrícola e pecuário) é formada, então, pela soma dos valores correspondentes em cada segmento dos
ramos da agricultura e da pecuária.
Em síntese, a soma do PIB total dos ramos, ou do PIB total dos quatro segmentos, resulta no
PIB do Agronegócio. Esquematicamente, é possível observar a estruturação do Agronegócio, sob duas
óticas, descritas conforme Figuras 2 e 3:
Figura 2 – Estruturação esquemática do agronegócio, ótica dos ramos
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Figura 3 – Estruturação esquemática do agronegócio, ótica dos segmentos
Fonte: Cepea/Esalq-USP
Compreendida a definição de agronegócio, assim como a forma de avaliação do PIB do setor
(via ramos e segmentos), é preciso compreender que a estimação e a análise contínua do PIB do
agronegócio envolvem duas etapas distintas:
- Análise do Ano base: estimação dos valores de PIB ao longo dos quatro segmentos (insumos,
primário/agropecuária, agroindústria e serviços) e dois ramos (agrícola e pecuário) do agronegócio
em um ano de referência (ano base);
- Acompanhamento e evolução do valor estimado para o ano base: por meio de um amplo
conjunto de dados de instituições de pesquisa e governamentais, são gerados indicadores de produção
e preços, referentes à cada atividade dos respectivos segmentos do agronegócio (tanto para os
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 6
componentes do VBP quanto do CI). A partir destes indicadores, são estimados os valores do PIB do
agronegócio para os demais anos além do ano base.
Nos tópicos seguintes essas duas etapas são detalhadas.
2. ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010
Neste tópico busca-se explorar os procedimentos e cálculos das estimativas do PIB do
agronegócio no ano base, que neste relatório refere-se ao ano de 2010.
Em setembro de 2016, o IBGE (órgão oficial responsável pela elaboração e acompanhamento
das Contas nacionais do Brasil) divulgou a Matriz Insumo-Produto (MIP) do Brasil, referente ao ano
de 2010. A MIP, que deriva do Sistema de Contas Nacionais do mesmo ano, contém as matrizes de
Produção a preço básico, de Usos/Destinos a preço básico, de Fatores de Produção, de Impostos e de
Margens, todas com 67 atividades e 127 produtos.
Com a incorporação de pesquisas mais recentes, incluindo o último Censo Agropecuário, de
2006, o IBGE definiu o ano de 2010 como período de referência para o acompanhamento das Contas
Nacionais e Regionais do Brasil. Antes disso, o período de referência era 2000.
A partir das matrizes que constituem a MIP 2010, descritas acima, foram calculados os valores
do PIB do agronegócio brasileiro de 2010, seguindo as definições de segmentos, ramos, atividades e
produtos que o compõem. Além da atividade agropecuária propriamente dita, cada setor da economia
brasileira está contido no PIB do agronegócio de acordo com sua importância como:
a) Supridor de insumos para a produção agropecuária;
b) Processador da produção agropecuária;
c) Agregador de valor no processo de comércio, transporte e serviços.
Cabe observar que o PIB a preços de mercado das 67 atividades descritas na MIP 2010 é
formado pelo valor adicionado bruto mais os impostos indiretos líquidos de subsídios. Então, para a
estimação do PIB do agronegócio, foram realizados procedimentos sobre o vetor resultante desta
soma, entre o valor adicionado e os impostos indiretos de cada atividade (maior detalhamento sobre
estes dados consta no Anexo I).
A próxima subseção dedica-se a esclarecer, de forma detalhada, a metodologia do
Cepea/Esalq-USP para a definição das atividades que formam cada segmento do agronegócio e, então,
para o cálculo do PIB de cada um destes segmentos (insumos, primário, industrial e serviços). A partir
do cálculo do PIB de cada segmento, tem-se o cálculo do PIB do agronegócio.
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 7
2.1.OS SEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO – ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO-BASE DE 2010
PIB DO SEGMENTO DE INSUMOS
No segmento Insumos do agronegócio, são computadas as parcelas do PIB (Valor Adicionado
Bruto mais Impostos Indiretos) de todas as atividades voltadas ao fornecimento de insumos para a
agropecuária. Qualquer atividade descrita na MIP pode, em princípio, ser fornecedora de insumos
para a agropecuária, sendo que cada atividade será contabilizada no PIB do segmento de acordo com
a intensidade de sua vinculação. Essa intensidade, por sua vez, é avaliada pela parcela das vendas da
atividade que se destina à agropecuária (frente a suas vendas totais).
Então, para as atividades que são essencialmente produtoras de insumos agropecuários
(alimentos para animais, fertilizantes e corretivos de solo, defensivos, medicamentos para uso
veterinário e máquinas e equipamentos agropecuários), toda renda foi alocada no segmento de
insumos do agronegócio. Para as demais atividades, que fornecem insumos tanto para a agropecuária
quanto para outros setores (não tem sua renda gerada “exclusivamente” pela relação com a
agropecuária), a parcela alocada no agronegócio corresponde ao percentual das vendas totais que é
direcionado para a agropecuária, sendo este percentual calculado com base nas informações da matriz
de Usos/Destinos a preço básico da MIP. Ressalta-se que o valor de insumos produzidos e utilizados
na própria agropecuária é considerado no PIB da agropecuária, ficando no segmento de Insumos
apenas os itens não agropecuários.
Deste modo, o PIB do segmento de Insumos do agronegócio (ins), segundo as atividades que
compõem os respectivos ramos, agricultura (agric) e pecuária (pec), é dado por (1) e (2):
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑖𝑛𝑠 = ∑ [𝑉𝐴𝑖 + 𝐼𝐼𝑖]𝑖 + ∑ [𝑐𝑡𝑗
𝑎 × (𝑉𝐴𝑗+𝐼𝐼𝑗)] −𝑗 ∑ [𝑐𝑡𝑚𝑎 × (𝑉𝐴𝑚+𝐼𝐼𝑚)]𝑚 (1)
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑖𝑛𝑠 = ∑ [𝑉𝐴𝑓 + 𝐼𝐼𝑓]𝑓 + ∑ [𝑐𝑡𝑗
𝑝× (𝑉𝐴𝑗 + 𝐼𝐼𝑗)]𝑗 − ∑ [𝑐𝑡𝑚
𝑝× (𝑉𝐴𝑚+𝐼𝐼𝑚)]𝑚 (2)
em que:
i corresponde às 3 atividades em que a produção destina-se essencialmente à agricultura na forma
de insumo no processo produtivo (fertilizantes e corretivos de solo, defensivos agrícolas e
máquinas e equipamentos agropecuários) e f às 2 atividades em que a produção se destina
essencialmente à pecuária (alimentos para animais e medicamentos para uso veterinário).
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 8
j corresponde às 48 atividades para as quais apenas parte da produção é vendida como insumo
para a agropecuária. Das 67 atividades da MIP, excluem-se as 5 atividades (i+f) e todas as m=14
agropecuárias e agroindustriais.
m corresponde às 20 atividades de distribuição e serviços indicadas no Quadro 6.
𝑐𝑡𝑗𝑎 𝑒 𝑐𝑡𝑗
𝑝correspondem às parcelas das vendas destinadas às atividades agrícolas e pecuárias,
respectivamente, para as atividades j.
𝑐𝑡𝑚𝑎 𝑒 𝑐𝑡𝑚
𝑝 correspondem às parcelas das vendas destinadas as atividades agrícolas e pecuárias,
respectivamente, para as atividades m.
𝑉𝐴𝑖 , 𝑉𝐴𝑓 , 𝑉𝐴𝑗 e 𝑉𝐴𝑚 representam os valores adicionados das atividades fornecedoras de
insumos para a agropecuária.
𝐼𝐼𝑖 , 𝐼𝐼𝑓 , 𝐼𝐼𝑗 𝑒 𝐼𝐼𝑚 representam os impostos indiretos líquidos aplicados aos produtos das respectivas
atividades dos grupos i, f, j e m.
Para se estimar o VA correspondente às atividades cuja totalidade da produção destina-se à
agropecuária, aqui classificadas como “exclusivas” do agronegócio (alimentos para animais,
fertilizantes e corretivos de solo, defensivos agrícolas, medicamentos para uso veterinário e máquinas
e equipamentos agropecuários), foi necessário realizar procedimentos de desagregação, visto que, na
MIP de 2010 (67 atividades), tais atividades não são apresentadas de forma isolada, e sim de forma
integrada a setores mais amplos.
Os procedimentos de desagregação das atividades supracitadas envolveram informações de
diferentes pesquisas para o ano de 2010: i) Valor de Transformação Industrial (VTI) contido na PIA
Empresa, realizada pelo IBGE; e ii) Salário Pago a trabalhadores formais, apresentado no Relatório
Anual de Informações Sociais (RAIS), levantado pelo Ministério do Trabalho (MTE). Tais pesquisas
foram empregadas por apresentarem um nível maior de detalhamento de atividades, sendo suas
informações compatíveis com a análise de renda avaliada pelo VA. A partir dessas pesquisas, foram
construídas parcelas de participação das atividades “exclusivas” do agronegócio nos setores aos quais
essas estavam integradas – permitindo a estimação do VA. No Quadro 1 estão listadas as atividades
“exclusivas” do agronegócio no segmento de insumos, os respectivos grupos mais amplos a que elas
pertencem na MIP 2010, e as parcelas calculadas via PIA Empresa e RAIS salários para a desagregação.
Quadro 1 – Coeficientes (obtido pelas parcelas do VTI e dos Salários) utilizadas como proxy para a
estimação do VA das atividades exclusivas do segmento de insumos do agronegócio
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 9
Atividades na MIP 2010 que contêm as atividades relacionadas ao agronegócio
1093 2091 2092 2100 2800
Outros
produtos
alimentares
Fabricação de
químicos
Fabricação de
farmoquímicos e
defensivos diversos
Fabricação de
farmoquímicos e
farmacêuticos
Fabricação de máquinas
e equipamentos
mecânicos
Atividades exclusivas do segmento de insumos do agronegócio
Alimentos
para animais
Fertilizantes e
corretivos do solo Defensivos
Medicamentos
para animais
Máquinas e
equipamentos para a
agropecuária
Coeficientes aplicado sobre o VA da MIP (MIP 2010)
9,13% 25,33% 21,25% 7,20% 15,54%
Nota: Relembrando que tanto o RAIS quanto a PIA Empresa seguem a descrição da CNAE 2.0. Entretanto, na
RAIS o nível de desagregação/abertura é maior.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os valores adicionados calculados para as atividades do agronegócio no segmento de insumos
foram, então, alocados entre os ramos agrícola e pecuário. As cinco atividades “exclusivas” do
agronegócio foram alocadas conforme seu ramo principal. Para todas as demais atividades descritas
na MIP 2010, que forneceram mesmo que uma pequena parte de sua produção para a agropecuária
(atividades indexadas com a letra j nas equações (1) e (2)), a parcela do agronegócio correspondeu ao
percentual de vendas direcionadas para cada ramo (agrícola e pecuário), sendo estas parcelas
calculadas com base na matriz de Usos/Destinos da MIP 2010.
Como será observado nas próximas subseções, as atividades agropecuárias, agroindustriais e
serviços/distribuição foram excluídas do segmento de insumos, uma vez que são contabilizadas
totalmente nos respectivos segmentos. A exclusão das parcelas referentes às atividades de
serviços/distribuição pode ser verificada no último termo à direita das equações (1) e (2).
Por fim, o PIB do segmento de insumos do agronegócio (agron) é dado pela soma do PIB deste
segmento nos ramos agrícola e pecuário, como em (3):
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑖𝑛𝑠 = 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐
𝑖𝑛𝑠 + 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑖𝑛𝑠 (3)
PIB DO SEGMENTO PRIMÁRIO (AGROPECUÁRIA)
No segmento primário, considera-se integralmente o PIB a preços de mercado (PIBpm) da
agropecuária (Agricultura/Floresta e Pecuária/Pesca), como explicitado abaixo. O PIBpm, por sua vez,
resulta da soma do Valor Adicionado Bruto (VA) aos Impostos Indiretos (II). Ademais, no cálculo do
PIB da agropecuária entram, separadamente, os PIBs dos ramos Agricultura/Floresta (agric) e
Pecuária/Pesca (pec), como em (4) e (5).
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 10
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
= ∑ (𝑉𝐴𝑘 + 𝐼𝐼𝑘)𝑘 (4)
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
= ∑ (𝑉𝐴𝑧 + 𝐼𝐼𝑧)𝑧 (5)
em que k=1,2 representa as atividades primárias agrícolas (lavouras e floresta) e z=1,2 as atividades da
pecuária (pecuária e pesca). A composição dos ramos conforme descritos acima (Agricultura/Floresta
e Pecuária/Pesca) exigiu a aplicação de um procedimento adicional, pois, na MIP de 2010, assim como
nas Tabelas de Recursos e Usos do IBGE, as atividades de Floresta e Pesca estão agregadas
(Floresta/Pesca). Isso levou à necessidade de separação do valor adicionado de Floresta/Pesca em
Floresta e Pesca, de forma a adequá-lo às definições aqui utilizadas. Para isso, considerou-se a parcela
de 80,5% do VA de Floresta/Pesca como sendo da Floresta e o restante, 19,5%, como sendo referente à
Pesca (Quadro 2). Para o cálculo dessas parcelas, foram utilizados os valores dos insumos florestais e
da pesca presentes na atividade Floresta/Pesca da MIP 2010.
Quadro 2 – Composição do PIB dos ramos do agronegócio para o segmento primário, com base nas
descrições das atividades do IBGE
CNAE 2.0 Atividades Agricultura-IBGE Pecuária-IBGE Floresta/Pesca-IBGE
011; 012; 013; 014 e 02 Agricultura/Floresta 100,0% 80,5%%
015; 017; 03 Pecuária/Pesca 100,0% 19,5%
Total Agropecuária 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa.
Assim, o PIB do segmento primário (agropecuária) é dado por (6), ou pela soma do PIB do
segmento primário do ramo agrícola ao PIB do mesmo segmento do ramo pecuário:
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐𝑢á𝑟𝑖𝑎
= 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
+ 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
(6)
PIB DA AGROINDÚSTRIA (BASE AGRÍCOLA E PECUÁRIA)
No segmento agroindustrial, é contabilizado o PIB das indústrias processadoras que efetuam
até a terceira transformação das matérias-primas agropecuárias. O PIB da indústria de base
Agrícola/Floresta e de base Pecuária/Pesca é dado por (7) e (8), respectivamente:
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑖𝑛𝑑 = ∑ (𝑉𝐴𝑠 + 𝐼𝐼𝑠)𝑠 + ∑ [𝑐𝑡𝑢 × (𝑉𝐴𝑢+𝐼𝐼𝑢)]𝑢 (7)
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑖𝑛𝑑 = ∑ (𝑉𝐴𝑞𝑞 + 𝐼𝐼𝑞) + ∑ [𝑐𝑡𝑣 × (𝑉𝐴𝑣+𝐼𝐼𝑣)]𝑣 (8)
em que s representa as indústrias de base agrícola/floresta e q, as indústrias de base pecuária/pesca
que processam essencialmente produtos agropecuários; u representa as indústrias Têxtil, de Vestuário
e Acessórios e de Móveis e produtos diversos, em que apenas parte da renda é vinculada ao
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 11
processamento de produtos de base vegetal; 𝑐𝑡𝑢 representa a parcela da renda dessas indústrias
vinculada ao processamento vegetal; v representa a indústria de Calçados e Artigos de Couro (em que
apenas parte da renda é vinculada ao processamento de produtos de base animal) e 𝑐𝑡𝑣, a parcela da
renda dessa indústria vinculada ao processamento animal. Notar que a soma de 𝑠, 𝑞, 𝑢 𝑒 𝑣 totaliza as
indústrias do agronegócio (que tem 100% ou parte de sua renda alocada no setor), apresentadas no
Quadro 3.
As atividades industriais que processam exclusivamente produtos agropecuários
(agroindústrias) têm suas rendas totalmente vinculadas ao agronegócio, portanto, 100% da renda
gerada faz parte do PIB agroindustrial. Já para as demais atividades industriais, que têm apenas parte
de sua renda vinculada ao processamento de produtos de base vegetal ou animal, a renda considerada
como relacionada ao agronegócio é parcial. O Quadro 3 apresenta de forma detalhada as
agroindústrias do agronegócio e as correspondentes atividades originalmente apresentadas na MIP
2010, bem como as parcelas da renda das atividades da MIP2010 alocadas no agronegócio.
Quadro 3 - Parcelas do PIB das indústrias consideradas no PIB do Agronegócio
CNAE 2.0 Agroindústrias CEPEA Atividades SCN MIP 2010 Part. %
Agroindústria de base animal
101; 102 Abate e preparação carnes e pescado 1091-Abate e Laticínios 64,1
105 Laticínios 1091-Abate e Laticínios 35,9
1510; 1529; 1531 Artigos de couro e calçados à base de couro 1500-Calçados e artigos de couro 51,1
Agroindústria de base vegetal
107; 193 Açúcar e etanol 1092-Fabricação e refino de açúcar” e 1992-
Fabricação de biocombustíveis 100
108 Indústria do café (Torragem e moagem) 1093-Outros prod. Alimentares 3,5
103 Fabricação de conservas de frutas, legumes e outros
vegetais 1093-Outros prod. Alimentares 10,7
104 Fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais 1093-Outros prod. Alimentares 22,9
106 menos 10660 Moagem, fabricação de produtos amiláceos excl. Alimentos
para animais 1093-Outros prod. Alimentares 24,6
109 Outros produtos alimentares 1093-Outros prod. Alimentares 38,3
11 Fabricação de Bebidas 1100-Bebidas 100
12 Fabricação de produtos do fumo 1200-Fab. de produtos do Fumo 100
1311; 1312; 1321; 1322 Têxtil de base natural 1300-Têxtil 42,1
14 Vestuários e acessórios de base natural 1400-Vestuário e acessórios 35,7
16 Fabricação de produtos de madeira 1600-Produtos de madeira 100
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1700-Celulose e papel 100
3101 Móveis de madeira 3180-Móveis e Diversos 34,5
Fonte: Dados da pesquisa
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ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 12
Do Quadro 3, tem-se que, das atividades industriais descritas na MIP, foram alocadas
inteiramente no agronegócio sete agroindústrias: Abate e Laticínios, Açúcar e Biocombustíveis, Outros
Produtos Alimentares, Bebidas, Fabricação de produtos do fumo, Produtos de madeira e Papel e
Celulose. Nestes casos, 100% dos valores adicionados são considerados como do agronegócio.
Mas, mesmo no caso dessas indústrias, alguns procedimentos foram aplicados para buscar um
maior detalhamento ou reorganização que fosse compatível com as definições do Cepea/Esalq-USP.
O valor adicionado da agroindústria de Açúcar e Etanol (CNAE 107 e 193), por exemplo, correspondeu
à soma dos valores adicionados das atividades “Fabricação e refino de açúcar” e “Fabricação de
biocombustíveis” apresentados na MIP 2010. No caso da atividade de “Abate e Laticínios”, utilizou-
se os Valores de Transformação Industrial (VTI) da PIA Empresa para verificar que, neste grupo,
64,1% referem-se à atividade de abate e produtos da pesca e 35,9%, à atividade de laticínios. Essas
parcelas foram utilizadas para desagregar o valor adicionado da atividade mais ampla (“Abate e
Laticínios”) na MIP 2010 (Quadro 3). Já a atividade “Outros produtos alimentares” foi desagregada
em: Café, Conservas de frutas, legumes e outros vegetais, Óleos e gorduras vegetais, Produtos
amiláceos, e Outros produtos alimentares. Para a desagregação do VA da atividade mais ampla,
utilizou-se também o VTI da PIA Empresa 2010. A soma do VA destas agroindústrias específicas
totalizou, naturalmente, 100% do VA da atividade “Outros produtos alimentares” divulgado pelo
IBGE na MIP 2010. Especificamente, as agroindústrias de Bebidas, Produtos de madeira e Celulose e
papel correspondem à nomenclatura utilizada e publicada na MIP 2010 do IBGE.
Já para as demais atividades (a saber: Calçados e Artigos de Couro, Têxteis, Vestuário e
Acessórios e Móveis e produtos diversos) a obtenção da parcela da renda vinculada ao processamento
vegetal ou animal (que as configura como agroindústria) se deu a partir de informações do Valor de
Transformação Industrial (PIA Empresa, IBGE), do Valor Bruto da Produção da PIA Produto, do
IBGE, dos Salários Pagos a trabalhadores formais (RAIS, MTE) e também da participação no Uso de
bens e serviços (Tabelas de Recursos e Usos, IBGE), referentes ao ano de 2010. Estas pesquisas foram
utilizadas para se obter coeficientes (apresentados no Quadro 3) que pudessem ser aplicados sobre o
VA da atividade de maior agregação na MIP, obtendo-se, assim, a parcela do VA da respectiva
agroindústria.
Com as agroindústrias definidas conforme descrição acima, o PIB da agroindústria do
agronegócio é dado por (9):
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑖𝑛𝑑 = 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐
𝑖𝑛𝑑 + 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑖𝑛𝑑 (9)
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 13
PIB DO SEGMENTO DE SERVIÇOS
No cálculo do PIB do segmento de serviços do agronegócio, computa-se o valor adicionado
dos setores transporte, comércio e demais serviços relacionados às atividades de distribuição do
agronegócio (as 20 atividades de serviços consideradas são apresentadas no Quadro 6). Em Comércio
e Transporte, foram utilizadas parcelas calculadas pelas proporções das margens de comércio e
transporte alocadas na distribuição final dos produtos agropecuários e agroindustriais (MGDF) sobre
os totais de margens de comércio e transporte (MGTO). Para as demais atividades de serviços, as
participações no agronegócio correspondem às parcelas da demanda final dos produtos do
agronegócio (produtos agropecuários e agroindustriais) no total da demanda final doméstica (DFD).
As parcelas refletem o envolvimento de um conjunto de atividades de serviços no processo de
distribuição dos produtos do agronegócio. Como isso, é possível inferir sobre a dimensão do PIB
dessas atividades de serviços que se relaciona à dinâmica do agronegócio. As expressões (10) e (11)
abaixo indicam como foram computados os PIBs das atividades de serviços para os ramos agrícola
(agric) e pecuário (pec).
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑠𝑒𝑟𝑣 = ∑ ∑ [
𝑀𝐺𝐷𝐹𝑑𝑛
𝑀𝐺𝑇𝑂𝑛× (𝑉𝐴𝑛+𝐼𝐼𝑛)]𝑑𝑛 + ∑ ∑ [
𝐷𝐹𝐷𝑑(𝑚−𝑛)
𝐷𝐹𝐷× (𝑉𝐴(𝑚−𝑛)+𝐼𝐼(𝑚−𝑛))]𝑑(𝑚−𝑛) + ∑ [𝑐𝑡𝑚
𝑎 × (𝑉𝐴𝑚+𝐼𝐼𝑚)]𝑚 (10)
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑠𝑒𝑟𝑣 = ∑ ∑ [
𝑀𝐺𝐷𝐹𝑔𝑛
𝑀𝐺𝑇𝑂𝑛× (𝑉𝐴𝑛+𝐼𝐼𝑛)]𝑔𝑛 + ∑ ∑ [
𝐷𝐹𝐷𝑔(𝑚−𝑛)
𝐷𝐹𝐷× (𝑉𝐴(𝑚−𝑛)+𝐼𝐼(𝑚−𝑛))] + ∑ [𝑐𝑡𝑚
𝑝 × (𝑉𝐴𝑚
+𝐼𝐼𝑚)]𝑚 𝑔(𝑚−𝑛) (11)
Em (10) e (11): n=1,2 representa as atividades comércio e transporte; d representa os produtos
agrícolas e agroindustriais do ramo agrícola; g representa os produtos pecuários e agroindustriais do
ramo pecuário; (m-n) representa as atividades de serviços incluídas no agronegócio excluindo-se
comércio e transporte (n). Ainda, 𝑀𝐺𝐷𝐹𝑑𝑛
𝑀𝐺𝑇𝑂𝑛 representa as parcelas das margens utilizadas na distribuição
final dos produtos agrícolas e agroindustriais do ramo agrícola e 𝐺𝐷𝐹𝑔𝑛
𝑀𝐺𝑇𝑂𝑛, as parcelas das margens
utilizadas na distribuição final dos produtos pecuários e agroindustriais do ramo pecuário. 𝐷𝐹𝐷𝑑(𝑚−𝑛)
𝐷𝐹𝐷
representa as parcelas da demanda final dos d produtos agrícolas e agroindustriais do ramos agrícola
na demanda final total da economia brasileira e 𝐷𝐹𝐷𝑔(𝑚−𝑛)
𝐷𝐹𝐷 representa as parcelas da demanda final
dos g produtos pecuários e agroindustriais do ramo pecuário na demanda final total da economia.
De forma detalhada, as 20 atividades de serviços são apresentadas no Quadro 6 e definidas
conforme descritas na MIP 2010. A escolha dessas 20 atividades, entre as 27 apresentadas na MIP 2010,
se deu em função do entendimento de que essas estão mais relacionadas aos fluxos de distribuição e
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 14
serviços. Portanto, não foram considerados vinculados ao agronegócio os serviços de: Educação;
Saúde humana e serviços sociais; Artes, cultura, esporte e recreação; Outras atividades e serviços;
Serviços domésticos; e, Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.
A primeira e a segunda partes à direita das equações 10 e 11 corresponde ao PIB de
Distribuição e serviços dos produtos agropecuários e agroindustriais, e a terceira, aos valores do PIB
de serviços do segmento de insumos não computados naquele segmento. O valor do PIB de serviços
calculado no segmento de insumos foi aqui agregado para adequar os cálculos ao conceito de PIB do
segmento de serviços do agronegócio.
A participação dos produtos do agronegócio no uso total das margens de comércio e transporte
no Brasil é de 22,73% para comércio e de 4,62% para transportes. Já as parcelas dos produtos
agropecuários e agroindustriais na demanda final são apresentadas no Quadro 4. Essas participações
derivam da Matriz de Usos doméstica a preço básico.
Quadro 4 – Participação dos produtos do agronegócio na demanda final doméstica brasileira
CNAE 2.0 SHR_DEMFIN Agric./Flor. Pec./Pesc Agronegócio
011;012;013;01
4 e 02 Agricultura/Floresta 2,23% 2,23%
1092 Fabricação e refino de açúcar 0,88% 0,88%
1093 Outros produtos alimentares 2,93% 2,93%
1100 Fabricação de bebidas 0,86% 0,86%
1200 Fabricação de produtos do fumo 0,34% 0,34%
1311; 1312;
1321; 1322 Fabricação de produtos têxteis base natural 0,20% 0,20%
1400 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 0,42% 0,42%
1600 Fabricação de produtos da madeira 0,17% 0,17%
1700 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 0,53% 0,53%
1992 Fabricação de biocombustíveis 0,40% 0,40%
3101 Móveis de base de madeira 0,48% 0,48%
015; 017; 03 Pecuária/Pesca 0,86% 0,86%
1091 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do
laticínio e da pesca 3,07% 3,07%
1510; 1529;
1531 Fabricação de calçados e de artefatos base de couro 0,35% 0,35%
Total Agropecuária e Agroindústria 9,43% 4,28% 13,71%
Fonte: Dados da pesquisa
Da mesma forma que nos casos anteriores, aqui, a demanda final de produtos do agronegócio
não está desagregada da forma adequada na MIP. Assim, foram necessários alguns procedimentos
para ajustar as demandas finais de alguns produtos do agronegócio. Para Produtos têxteis base
algodão, Confecção de artefatos do vestuário e acessórios, Móveis de base de madeira, Calçados e de
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
ESTIMAÇÃO DO PIB NO ANO BASE – 2010 15
artefatos base de couro, foram calculadas as parcelas desses produtos, via PIA produto, no grupo
compatível com a MIP 2010. As parcelas são apresentadas no Quadro 5. Assim, estimou-se que 42,92%
da demanda final de Produtos têxteis corresponde a Produtos têxteis de base natural. O mesmo
ocorreu com os demais produtos do quadro.
Quadro 5 – Parcelas dos produtos selecionados na PIA produto em 2010
CNAE Produtos do agronegócio Setores
MIP 2010
Part. PIA
Produto
1311; 1312; 1321; 1322 Fabricação de produtos têxteis base natural 1300 42,92%
1400 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 1400 35,70%
3101 Móveis de base de madeira 31801 62,20%
1510; 1529; 1531 Fabricação de calçados e de artefatos base de couro 1500 51,17%
Quadro 6 – Atividades de serviços para as quais parcelas são consideradas no agronegócio (de acordo
com classificação da MIP 2010)
CNAE
2.0 Descrição
46 + 47 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores
49 Transporte terrestre
50 Transporte aquaviário
51 Transporte aéreo
52 + 53 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio
55 Alojamento
56 Alimentação
58 Edição e edição integrada à impressão
59 + 60 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem
61 Telecomunicações
62 ; 63 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação
64 ; 65 ; 66 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar
68 Atividades imobiliárias
69 ; 70 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas
71 ; 72 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D
73 ; 74 ; 75 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas
77 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual
78 ; 79 ; 81 ; 82 Outras atividades administrativas e serviços complementares
80 Atividades de vigilância, segurança e investigação
84 Administração pública, defesa e seguridade social
Logo, o PIB de distribuição e serviços do agronegócio é formado por (12):
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣 = 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐
𝑠𝑒𝑟𝑣 + 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑠𝑒𝑟𝑣 (12)
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 16
PIB DO AGRONEGÓCIO
Com base nos procedimentos de cálculo acima expostos, pode-se expressar os resultados do
agronegócio das seguintes formas (13), (14), (15) e (16):
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟í𝑐𝑜𝑙𝑎𝑟𝑎𝑚𝑜 = 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖
𝑖𝑛𝑠 + 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
+𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐𝑖𝑛𝑑 +𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑖𝑐
𝑠𝑒𝑟𝑣 (13)
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑢á𝑟𝑖𝑎𝑟𝑎𝑚𝑜 = 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐
𝑖𝑛𝑠 + 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐
+𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑖𝑛𝑑+𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐
𝑠𝑒𝑟𝑣 (14)
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑒𝑔ó𝑐𝑖𝑜 = 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟í𝑐𝑜𝑙𝑎𝑟𝑎𝑚𝑜 + 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑒𝑐𝑢á𝑟𝑖𝑎
𝑟𝑎𝑚𝑜 (15)
ou
𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑛𝑒𝑔ó𝑐𝑖𝑜 = 𝑃𝐼𝐵𝑖𝑛𝑠 + 𝑃𝐼𝐵𝑎𝑔𝑟𝑜𝑝𝑒𝑐 + 𝑃𝐼𝐵𝑖𝑛𝑑 + 𝑃𝐼𝐵𝑠𝑒𝑟𝑣 (16)
3. EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE
Após estimado o PIB do agronegócio no ano-base, parte-se para evolução deste valor, por meio
de um amplo conjunto de dados de instituições de pesquisa e governamentais. Esta etapa envolve a
busca e seleção de indicadores para o cálculo da evolução do PIB do agronegócio e, com isso, a geração
de uma série histórica para os anos posteriores e anteriores ao ano base, neste caso, 2010.
Como a evolução do PIB é realizada via desempenho do Valor Bruto de Produção (VBP) e do
Consumo Intermediário (CI), foi necessário, inicialmente, definir a estruturação desses valores, para,
então, escolher as variáveis de preços e volumes que seriam utilizadas para o seu acompanhamento.
Como os procedimentos de cálculos do PIBpm utilizam diretamente os vetores de valor adicionado e
de impostos líquidos de subsídios, o VBP e o CI de todas as atividades são definidos a posteriori,
apenas para acompanhamento do PIB. Os procedimentos realizados são descritos a seguir, sendo
similares aos utilizados para o cálculo do PIB.
3.1.CÁLCULO DO VBP E CI NO ANO-BASE, PARA ACOMPANHAMENTO DO PIB
Como já dito, para o acompanhamento do PIB do ano-base, tornou-se necessário a estimação,
de forma isolada, do VBP e do CI – para assim, estimar-se a evolução do VA. Para as atividades do
agronegócio que são exatamente as definidas na MIP do IBGE, utiliza-se o VBP e o CI do próprio IBGE
no ano base. Caso contrário, estes valores (VBP e CI) precisaram ser estimados. Partiu-se, então, para
a estimativa do VBP das atividades do agronegócio, partindo de informações da PIA-Empresa e da
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 17
PIA-Produto. Conhecendo o VBP e o VA de cada atividade do agronegócio, o CI foi obtido pela
diferença entre eles.
Quanto ao segmento de insumos, o Quadro 7 apresenta as parcelas utilizadas para obtenção
dos VBPs das indústrias fornecedoras de insumos para a agropecuária (que não puderam ser obtidos
diretamente na MIP).
Quadro 7 – Parcelas utilizadas para estimar o VBP das indústrias de insumos do agronegócio.
Atividades na MIP 2010 que contêm as atividades relacionadas ao agronegócio 1093 2091 2092 2100 2800
Outros produtos alimentares
Fabricação de químicos
Fabricação de farmoquímicos e
defensivos diversos
Fabricação de farmoquímicos e
farmacêuticos
Fabricação de máquinas e
equipamentos mecânicos
Atividades exclusivas do segmento de insumos do agronegócio
Alimentos para animais
Fertilizantes e corretivos do solo
Defensivos Medicamentos para
animais
Máquinas e equipamentos para a
agropecuária Coeficientes aplicado sobre o VA da MIP (MIP 2010)
13,87% 32,96% 31,23% 9,96% 18,15%
Nota: A PIA Empresa segue a descrição da CNAE 2.0. A PIA Produto segue a descrição Prodlist, sendo que esta
apresenta maior nível de desagregação/abertura.
Fonte: Dados da pesquisa.
Ainda no que tange ao acompanhamento do PIB do segmento de insumos, o valor de todas as
atividades que fornecem insumos para a agropecuária, mas não são “essencialmente” do agronegócio
(como as apontadas no Quadro 7), foi agregado em PIB de “outras atividades fornecedoras do
segmento de insumos”. Para estimar o VBP de “Outras atividades fornecedoras do segmento de
insumos” (para posterior acompanhamento), utilizou-se a mesma proporção desse grupo no PIBpm
das cinco atividades principais, que foi de 43,11%.
Para as atividades dentro da porteira, ou do segmento primário do agronegócio, os
procedimentos foram similares aos aplicados na obtenção do PIBpm. No VBP da Agricultura/Floresta
computa-se o VBP da Agricultura, mais o VBP correspondente à Floresta, e no VBP da Pecuária/Pesca
computa-se o VBP da Pecuária, mais o VBP da Pesca – todos divulgados pelo IBGE. Novamente, como
o VBP da atividade “Floresta e Pesca” foi divulgado de forma agregada pelo IBGE, foram utilizadas
parcelas calculadas a partir da MIP 2010 para sua abertura. Assim, foi possível separar o VBP
correspondente à cada atividade individualmente (“Floresta” e “Pesca”), para que, depois, estes VBPs
fossem somados aos VBPs da agricultura e da pecuária. Conforme tal procedimento, 74,4% do VBP
correspondeu à atividade de Floresta, e os demais 25,6% à Pesca – Ver Quadro 8.
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 18
Quadro 8 – Composição do VBP das atividades agropecuárias segundo definição CEPEA
Agricultura-IBGE Pecuária-IBGE Floresta/Pesca-IBGE
Agricultura/Floresta 100,0% 74,4%
Pecuária/Pesca 100,0% 25,6%
Total Agropecuária 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa.
Os procedimentos para definição do VBP das agroindústrias também foram bastante similares
aos utilizados para definir o PIBpm. O Quadro 9 resume as parcelas utilizadas para obtenção do VBP
das agroindústrias, quando algum procedimento de desagregação foi necessário. Ressalta-se que, para
as atividades em que a denominação do Cepea é igual à da MIP 2010, o VBP utilizado foi o apresentado
pelo IBGE na própria MIP (no Quadro 9 indica-se 100% desse valor). Essa abordagem direta foi
utilizada para Açúcar e etanol, Bebidas, Fumo, Produtos de madeira e Celulose e papel.
Quadro 9 - Parcelas das indústrias de base agrícola e pecuária consideradas nas estimativas de VBP
do Agronegócio.
CNAE 2.0 Agroindústrias CEPEA Atividades SCN
MIP 2010
Part. no
VBP %
101; 102 Abate e preparação carnes e pescado 1091-Abate e Laticínios 68,5
105 Laticínios 1091-Abate e Laticínios 31,5
1510; 1529; 1531 Artigos de couro e calçados à base de couro 1500-Calçados e artigos de couro 51,2
107; 193 Açúcar e etanol 1092-Fabricação e refino de açúcar” e 1992-
Fabricação de biocombustíveis 100,0
108 Indústria do café (Torragem e moagem) 1093-Outros prod. Alimentares 3,9
103 Fabricação de conservas de frutas, legumes e outros
vegetais 1093-Outros prod. Alimentares 9,8
104 Fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais 1093-Outros prod. Alimentares 32,9
106 menos
10660
Moagem, fab. produtos amiláceos excl. Alimentos para
animais 1093-Outros prod. Alimentares 22,8
109 Outros produtos alimentares 1093-Outros prod. Alimentares 29,6
11 Fabricação de Bebidas 1100-Bebidas 100
12 Fabricação de produtos do fumo 1200-Fab. de produtos do Fumo 100
1311; 1312;
1321; 1322 Têxtil de base natural 1300-Têxtil 42,9
14 Vestuários e acessórios de base natural 1400-Vestuário e acessórios 35,7
16 Fabricação de produtos de madeira 1600-Produtos de madeira 100
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1700-Celulose e papel 100
3101 Móveis de madeira 3180-Móveis e Diversos 37,4
Fonte: Dados da pesquisa
Para as atividades de Abate e preparação de carnes e pescado e de laticínios, do Cepea, a
desagregação da atividade Abate e Laticínios da MIP ocorreu utilizando as parcelas de 68,5% e 31,5%
dos VBPs, respectivamente. Assim, a soma do VBP das duas atividades equivale ao VBP divulgado
pelo IBGE na MIP. Procedimento similar foi aplicado para desagregar as atividades do grupo “Outros
produtos alimentares” da MIP. Especificamente nesse caso, a atividade desagregada “Outros
produtos alimentares” do Cepea, inclui-se todos aqueles produtos não incluídos nos demais grupos,
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 19
e que formam a atividade “Outros produtos alimentares” da MIP. Por fim, o VBP de Vestuários e
acessórios de base natural deriva de 35,7% do VBP da atividade Vestuários e acessórios da MIP. Essa
participação é a mesma utilizada no cálculo do PIB, e refere-se a uma participação obtida em 2009.2
No segmento de serviços do agronegócio, não é necessário estimar o VBP, pois o seu
acompanhamento é realizado diretamente via valor adicionado.
3.2.ACOMPANHAMENTO DO PIB E INDICADORES RESULTANTES
Ainda quanto ao acompanhamento do PIB do agronegócio, o Cepea passou a adotar as
recomendações internacionais3 para estatísticas das contas nacionais (System of national accounts 2008
e BLOEM et al. 2001). São calculadas as séries de valores correntes e a preços do ano anterior,
permitindo assim a obtenção de índices de volume agregados com base móvel (índice de Laspeyres
de base móvel). O índice é uma média aritmética ponderada das variações relativas nas quantidades
de um conjunto de bens entre dois períodos. Ao atualizar constantemente a base de ponderação, o
procedimento permite acompanhar os movimentos de volume, assim como os de preços. As séries de
deflatores do PIB são obtidas pela relação entre o índice de valor e o índice de volume correspondente.
A partir dos índices de base móvel, que registram as variações entre dois períodos, os índices
são então encadeados, formando assim uma série contínua. O índice de Laspeyres representa a
variação entre dois períodos apenas. Uma série encadeada é calculada pelo encadeamento dos elos de
uma série de base móvel a partir de um período fixo, definido como 100. O índice de volume
encadeado, ponderado pelos valores do ano anterior, é então formado, considerando-se a média do
valor de 2010 como base de referência. Segundo a literatura especializada, a série correta é a de base
móvel, em que o encadeamento é obtido diretamente da série base móvel (FEIJÓ et al., 2007)
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os
cálculos do PIB do agronegócio resultaram em diferentes indicadores, que permitem analisar a
dinâmica do setor por óticas distintas e complementares:
PIB_volume do Agronegócio: PIB do agronegócio (seus ramos e segmentos) pelo critério
de preços constantes, isto é, entre dois anos consecutivos, as produções de ambos são
2 Não foi encontrada outra madeira de filtrar o segmento de base natural. 3 Conforme estabelece o texto System of national accounts – SNA 2008, a notação para as variações de valores em
sistemas de contas nacionais e trimestrais contemplam duas componentes: as variações de preços e de volume.
Assim, não é mais adotada a notação “variação real” ou “variação a preços constantes”.
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 20
avaliadas a preços do primeiro ano. Resulta daí a variação apenas do volume de produção.
Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
PIB_nominal do Agronegócio: Valores correntes do PIB do agronegócio (seus ramos e
segmentos).
Deflator do PIB do Agronegócio: É o índice de preço obtido pela relação entre o índice de
valor e o índice de volume correspondente.
PIB_renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a
renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais.
Resulta do deflacionamento do PIB nominal pelo deflator implícito do PIB total do Brasil.
Indicadores de preços relativos: indicadores para o agronegócio, seus ramos e segmentos,
que relacionam os respetivos deflatores de PIB com o deflator do PIB nacional.
3.3.DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS DE PREÇOS E VOLUMES PARA ACOMPANHAMENTO DO
PIB
Definidos o VBP e o CI de cada atividade do agronegócio no ano-base, podemos explicitar as
variáveis e fontes de preços e volumes utilizados para evoluir esses fluxos. São utilizados diversos
dados de preços e volumes dos principais produtos de cada segmento do agronegócio, assim como
dos principais elementos do consumo intermediário de cada segmento. A partir do ano-base, esses
indicadores são utilizados para compor uma série histórica que tem início em 2010, e segue sendo
evoluída.
No segmento de insumos, são acompanhadas 3 indústrias no ramo agrícola, e 2 no ramo
pecuário, consideradas como principais fornecedoras de insumos para o agronegócio. No caso do
ramo agrícola, têm-se: fertilizantes e corretivos do solo; defensivos; máquinas e equipamentos
agrícolas. No ramo pecuário, acompanham-se: Alimentos para animais e Medicamentos para animais.
Especificamente no segmento de insumos, o CI das indústrias evolui à mesma taxa do VBP. A hipótese
por trás do procedimento é que o CI se mantém como proporção constante do VBP, ou, que a evolução
do valor da produção é acompanhada por variação, em igual magnitude, dos gastos com o consumo
intermediário. O método foi adotado pois não há como acompanhar o CI deste segmento.
No segmento primário da agricultura, são acompanhadas 17 culturas e 3 atividades florestais.
Para o CI deste segmento, por sua vez, são acompanhados os usos de sementes, fertilizantes,
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 21
defensivos, diesel-biodiesel, além das despesas industriais e de outras despesas e serviços. No
segmento primário da pecuária, são acompanhadas 6 atividades. Para o CI do segmento, acompanha-
se o uso de: rações balanceadas, produtos farmacêuticos, eletricidade e gás, milho, diesel-biodiesel,
além das despesas industriais e de outras despesas e serviços.
No caso do segmento agroindustrial, acompanham-se todas as atividades definidas na base do
PIB, sendo 13 indústrias de base agrícola e 3 de base pecuária. Para acompanhar CI industrial, adotam-
se alguns procedimentos. No caso do preço do CI, para cada uma das indústrias, utiliza-se uma média
ponderada entre o preço do insumo principal e do Indicador de preços de custos industriais, sendo
esse último elaborado pelo Cepea/Esalq-USP. A ponderação entre o preço do insumo principal e o
Indicador de preços de custos industriais foi obtida na matriz de usos e reflete o peso do insumo
principal no CI de cada indústria (o restante do CI é considerado como outros custos e acompanhado
pelo Indicador de preços de custos industriais). O Indicador de preços de custos industriais, por sua
vez, reflete uma variação ponderada da evolução do IPA-EP-DI Materiais e componentes para a
manufatura, disponibilizado pela FGV, e do índice de preços das importações brasileiras de bens
intermediários, obtido junto à FUNCEX. Apenas quando não foi possível identificar um insumo
principal (indústrias com estrutura de custos muito pulverizada), utiliza-se como preço do CI o
próprio preço do produto industrial final. As indústrias tratadas desta forma quanto ao preço do CI
são: moagem, fabricação de produtos amiláceos excl. alimentos para animais; fabricação de conservas
de frutas, legumes e outros vegetais; fabricação de bebidas; e outros produtos alimentares. No caso do
volume de CI das atividades industriais, utiliza-se como indicador de evolução a própria variação do
volume de produção industrial.
As ponderações utilizadas para definir as parcelas dos componentes do CI foram obtidas das
tabelas de Usos das Contas Nacionais de 2010 e também de 2009 (quando em 2010 isso não era possível
em função da desagregação existente). A partir de então, a ponderação é anualmente reajustada,
tomando-se como base as respectivas variações de preços e quantidades de cada atividade.
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 22
ANEXO I
As atividades e os valores de valor adicionado (VA) e impostos são os divulgados pelo IBGE.
O PIB é simplesmente a soma de VA e os impostos indiretos sobre produtos. Em 2010, o PIB Brasileiro
a preços de mercado foi de R$ 3,8 trilhões.
Código e Atividades da MIP 2010 VA Impostos
Indiretos PIB
0191 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 100.111 3.136 103.247
0192 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 44.863 2.862 47.725
0280 Produção florestal; pesca e aquicultura 14.958 2.019 16.977
0580 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 6.592 1.535 8.127
0680 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 63.474 2.588 66.062
0791 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a aglomeração 36.491 176 36.667
0792 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 3.408 409 3.817
1091 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 20.849 17.499 38.348
1092 Fabricação e refino de açúcar 9.545 4.699 14.244
1093 Outros produtos alimentares 27.485 21.007 48.492
1100 Fabricação de bebidas 17.224 18.939 36.163
1200 Fabricação de produtos do fumo 3.595 6.753 10.348
1300 Fabricação de produtos têxteis 10.950 6.993 17.943
1400 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 22.027 13.921 35.948
1500 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 10.553 6.911 17.464
1600 Fabricação de produtos da madeira 8.536 2.341 10.877
1700 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 15.334 7.049 22.383
1800 Impressão e reprodução de gravações 7.518 2.362 9.880
1991 Refino de petróleo e coquerias 16.329 57.637 73.966
1992 Fabricação de biocombustíveis 5.370 4.820 10.190
2091 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 14.430 8.963 23.393
2092 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 9.028 5.314 14.342
2093 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene pessoal 7.136 13.295 20.431
2100 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 19.526 13.344 32.870
2200 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 21.322 8.755 30.077
2300 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 22.348 8.285 30.633
2491 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 16.931 6.314 23.245
2492 Metalurgia de metais não-ferrosos e a fundição de metais 7.269 2.680 9.949
2500 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 29.401 9.138 38.539
2600 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 13.958 20.311 34.269
2700 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 14.641 13.804 28.445
2800 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 30.905 11.772 42.677
2991 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 38.191 29.296 67.487
2992 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 23.875 7.386 31.261
3000 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores 9.449 5.372 14.821
3180 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 23.502 12.983 36.485
3300 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 17.125 2.456 19.581
3500 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 68.868 28.876 97.744
3680 Água, esgoto e gestão de resíduos 24.046 2.123 26.169
4180 Construção 206.927 22.727 229.654
4580 Comércio por atacado e varejo 416.229 9.088 425.317
4900 Transporte terrestre 93.150 12.422 105.572
5000 Transporte aquaviário 3.505 1.878 5.383
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 23
5100 Transporte aéreo 6.257 1.268 7.525
5280 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 38.748 4.591 43.339
5500 Alojamento 8.519 1.865 10.384
5600 Alimentação 61.685 13.721 75.406
5800 Edição e edição integrada à impressão 10.549 944 11.493
5980 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 12.302 1.216 13.518
6100 Telecomunicações 58.171 31.741 89.912
6280 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 45.520 3.446 48.966
6480 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 224.561 50.311 274.872
6800 Atividades imobiliárias 274.420 524 274.944
6980 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 77.760 5.330 83.090
7180 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 30.003 2.733 32.736
7380 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 19.285 3.115 22.400
7700 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 16.106 4.514 20.620
7880 Outras atividades administrativas e serviços complementares 85.574 6.166 91.740
8000 Atividades de vigilância, segurança e investigação 16.990 930 17.920
8400 Administração pública, defesa e seguridade social 343.319 1.399 344.718
8591 Educação pública 127.157 56 127.213
8592 Educação privada 36.830 999 37.829
8691 Saúde pública 67.369 72 67.441
8692 Saúde privada 62.184 3.312 65.496
9080 Atividades artísticas, criativas e de espetáculos 14.312 3.568 17.880
9480 Organizações associativas e outros serviços pessoais 47.911 947 48.858
9700 Serviços domésticos 40.334 0 40.334
Totais da economia brasileira 3.302.840 583.007 3.885.847
Fonte: IBGE (2016)
ANEXO II
Correspondência entre
atividades-contas de
divulgação e a Cnae 2.0
(2/3/4 dígitos) Descrição Atividade - Divulgação RESUMO-CNAE 2.0 -ATIVIDADES
0191 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 011 + 012 + 013 + 014 + 0161 + 0163
0192 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 015 + 0162 + 017
0280 Produção florestal; pesca e aquicultura 02 + 03
0580 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 05 + 08
0680 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 06 + 09
0791 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração
071
0792 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive
beneficiamentos
072
1091 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e
da pesca
101 + 102 + 105
1092 Fabricação e refino de açúcar 107
1093 Outros produtos alimentares 103 + 104 + 106 + 108 + 109
1100 Fabricação de bebidas 11
1200 Fabricação de produtos do fumo 12
1300 Fabricação de produtos têxteis 13
1400 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 14
1500 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 15
1600 Fabricação de produtos da madeira 16
1700 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 17
1800 Impressão e reprodução de gravações 18
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 24
1991 Refino de petróleo e coquerias 191 + 192
1992 Fabricação de biocombustíveis 193
2091 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e
elastômeros
201 + 202 + 203 + 204
2092 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos
diversos
205 + 207 + 209
2093 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e
higiene pessoal
206
2100 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 21
2200 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 22
2300 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 23
2491 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem
costura
241 + 242 + 243
2492 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 244 + 245
2500 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e
equipamentos
25
2600 Fabricação de equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos
26
2700 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 27
2800 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 28
2991 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 291 + 292 + 293
2992 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 294 + 295
3000 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto
veículos automotores
30
3180 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 31 + 32
3300 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos
33
3500 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 35
3680 Água, esgoto e gestão de resíduos 36 + 37 + 38 + 39
4180 Construção 41 + 42 + 43
4500 Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 45
4680 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 46 + 47
4900 Transporte terrestre 49
5000 Transporte aquaviário 50
5100 Transporte aéreo 51
5280 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 52 + 53
5500 Alojamento 55
5600 Alimentação 56
5800 Edição e edição integrada à impressão 58
5980 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som
e imagem
59 + 60
6100 Telecomunicações 61
6280 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 62 + 63
6480 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 64 + 65 + 66
6800 Atividades imobiliárias 68
6980 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 69 + 70
7180 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P &
D
71 + 72
7380 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 73 + 74 + 75
7700 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade
intelectual
77
7880 Outras atividades administrativas e serviços complementares 78 + 79 + 81 + 82
8000 Atividades de vigilância, segurança e investigação 80
8400 Administração pública, defesa e seguridade social 84
8591 Educação pública 85
8592 Educação privada 85*
Metodologia - PIB DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
EVOLUÇÃO DO PIB DO AGRONEGÓCIO A PARTIR DO ANO-BASE 25
8691 Saúde pública 86 + 87
8692 Saúde privada 86* + 87* + 88
9080 Atividades artísticas, criativas e de espetáculos 90 + 91 + 92 + 93
9480 Organizações associativas e outros serviços pessoais 94 + 95 + 96
9700 Serviços domésticos 97
Fonte: Coordenação de Contas Nacionais - Diretoria de Pesquisas – IBGE
* Indica que a Cnae está decomposta em mais de uma atividade do SCN segundo a unidade produtiva pública/privada