Merielen Fátima Caramori O ESTUDO DE TÓPICOS DE … · 7.1.1 Oficina I ... - O Uso de...

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Merielen Fátima Caramori O ESTUDO DE TÓPICOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA COM TECNOLOGIAS INFORMÁTICAS: OPINIÕES DE PROFESSORES PARTICIPANTES DE UM GRUPO DE FORMAÇÃO CONTINUADA Santa Maria, RS 2009

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Merielen Fátima Caramori

O ESTUDO DE TÓPICOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA COM TE CNOLOGIAS

INFORMÁTICAS: OPINIÕES DE PROFESSORES PARTICIPANTES DE UM

GRUPO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Santa Maria, RS

2009

Merielen Fátima Caramori

O ESTUDO DE TÓPICOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA COM TECNOLOGIAS

INFORMÁTICAS: OPINIÕES DE PROFESSORES PARTICIPANTES DE UM

GRUPO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e de Matemática do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Matemática.

Orientador (a): Profª. Drª. Nilce Fátima Scheffer

Santa Maria, RS

2009

_________________________________________________________________________ C259e Caramori, Merielen Fátima

O estudo de tópicos de matemática financeira com tecnologias informáticas: opiniões de professores participantes de um grupo de formação continuada / Merielen Fátima Caramori. – 2009. 110 f.

Dissertação (mestrado) – Centro Universitário Franciscano, Santa Maria, 2009. “Orientação: Profª Dra. Nilce Fátima Scheffer”.

1. Matemática financeira - ensino 2. Formação profissional 3. Calculadora HP-12C 4. Matemática computacional I. Título

CDU: 371.13

Catalogação na fonte: bibliotecária Sandra Milbrath CRB 10/1278

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Dedico este trabalho aos meus pais, Alfredo e Olívia, e ao meu noivo, Fábio, pelas vezes que reprimiram seus sonhos, desejos e vontades para que eu concretizasse este trabalho.

AGRADECIMENTOS

Neste momento, gostaria de agradecer às pessoas que estiveram presentes nesta

caminhada, em especial:

À minha orientadora Profª. Drª. Nilce Fátima Scheffer, por sua amizade, pela

confiança depositada, desde a Iniciação Científica, e pelo apoio e incentivo nos momentos de

insegurança e fragilidade que permearam o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao professor Ari Luiz Nava, pelas valiosas sugestões na elaboração das atividades.

Ao professor Clemerson Alberi Pedroso, por sua amizade, dedicação e pela

oportunidade de conhecer a Matemática Aplicada.

À professora Simone Maffini Cerezer, pela atenção, palavras de incentivo, e por sua

amizade.

À Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus

de Erechim, pela possibilidade de coleta de dados.

Aos professores do Grupo de Formação Continuada, por participarem da pesquisa,

dignos de respeito e admiração pela coragem de mudar.

Aos professores do Curso de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e de

Matemática, da UNIFRA, pelos conhecimentos e amizade construída.

Aos meus pais, pelo apoio, compreensão, carinho, confiança, pelos exemplos de vida e

valores transmitidos.

Às minhas irmãs e cunhados, pelo incentivo e ajuda prestada.

Ao meu noivo, pela compreensão e companheirismo durante o período em que me

encontrava envolvida com este trabalho.

Aos irmãos Martina e Elton, pela amizade e pelo acolhimento concedido.

Enfim, um agradecimento especial a todos os amigos que sempre trouxeram consigo

palavras de incentivo para a finalização desta Dissertação.

RESUMO

Este trabalho teve por objeto de investigação: Quais as opiniões que os professores de um Grupo de Formação Continuada têm a respeito do uso da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel para o ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática Financeira? A pesquisa envolveu a realização de uma prática com, aproximadamente, vinte professores de Matemática (do Ensino Fundamental e do Médio) da Região Alto Uruguai, no norte do RS, em que foram trabalhados problemas matemáticos, envolvendo conceitos de Porcentagem, Juros Simples e Compostos, utilizando-se o Emulador da Calculadora HP-12C ($12C++) e a Planilha Excel. Os dados foram coletados a partir de observações e de instrumentos aplicados aos professores, no decorrer da prática, e foram organizados em categorias. Os resultados destacaram que os professores, em suas opiniões, consideram complexa a Calculadora HP-12C devido à linguagem de programação que utiliza, mas acreditam que é um recurso que pode auxiliar no estudo de Porcentagem e Juros Compostos, não sendo sugerido para o estudo de Juros Simples. Quanto ao uso da Planilha Excel, os resultados apontaram que a mesma possui recursos para o trabalho na sala de aula como visualização, discussão e exploração que, na opinião dos sujeitos, despertam o interesse dos alunos para o estudo de tópicos de Matemática Financeira. Palavras-chave: Formação de Professores. Matemática Financeira. Tecnologias.

ABSTRACT

This research has had as objective of investigation: What opinions do teachers of Continued Teachers´ Education Group have about the use of HP-12C Calculator and Excel Spreadsheet to the teaching and learning of Financial Mathematics topics? The research has involved a practice accomplishment with, about, twenty Mathematics teachers (from Elementary and High School) of Alto Uruguai Region, in the north of RS, in which mathematical problems have been worked, involving concepts of Percentage, Simple and Compound Interest, using the Emulator of HP-12C ($12C++) Calculator and Excel Spreadsheet. The data have been collected from observations and instruments applied to teachers during the practice and have been organized in categories. The results have pointed out that teachers, in their opinions, consider HP-12C Calculator complex due to its programming language use, but they believe it is a resource that can help in the study of Percentage and Compound Interest, not being suggested to Simple Interest study. As for the Excel Spreadsheet use, the results have pointed out that it has resources to the classroom work like visualization, discussion and exploration that in people´s opinion, arouses students´ interest to the study of Financial Mathematics topics. Key-words: Teachers` Education. Financial Mathematics. Technologies.

SUMÁRIO

6.1 A PESQUISA: CONTEXTO E SUJEITOS .......................................................................32 6.2 MÍDIAS UTILIZADAS NA PRÁTICA: O EMULADOR DA CALCULADORA HP-12C E A PLANILHA EXCEL.........................................................................................................33 6.3 A COLETA, A ORGANIZAÇÃO E A ANÁLISE DOS DADOS ....................................35

7.1 OFICINAS REALIZADAS................................................................................................38 7.1.1 Oficina I..........................................................................................................................39 7.1.2 Oficina II ........................................................................................................................48 7.1.3 Oficina III.......................................................................................................................52 7.1.4 Oficina IV .......................................................................................................................59 7.1.5 Oficina V.........................................................................................................................67 7.1.6 Oficina VI .......................................................................................................................71

8.1 O USO DE CALCULADORA E DA CALCULADORA HP-12C ...................................78 8.2 O USO DO COMPUTADOR E DA PLANILHA EXCEL ...............................................82 8.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA UTILIZAÇÃO DA CALCULADORA HP-12C E PLANILHA EXCEL.............................................................................................................85 8.4 CONTRIBUIÇÕES ADVINDAS DA PARTICIPAÇÃO EM UM GRUPO DE FORMAÇÃO CONTINUADA................................................................................................87

APÊNDICES.........................................................................................................................100

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................8

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA E PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ...................11

3 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA .........................................................16

4 AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COM A UTILIZAÇÃO DE SOF TWARES

MATEMÁTICOS .................................................................................................................................22

5 O USO DE CALCULADORAS E PLANILHAS NO ENSINO DE MA TEMÁTICA

FINANCEIRA ......................................................................................................................................28

6 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA.......................................................................................32

7 PROPOSTA DE ENSINO................................................................................................................38

8 ANÁLISE ...........................................................................................................................................78

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................90

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................93

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1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho, apresenta-se uma pesquisa sobre o uso de recursos informáticos no

ensino e aprendizagem de Matemática Financeira e, também, descreve-se uma prática

desenvolvida com professores de Matemática, participantes de um Grupo de Formação

Continuada, na qual foram discutidas situações-problema de Matemática Financeira e sua

resolução, utilizando-se a Calculadora HP-12C1 e a Planilha Excel.

O desenvolvimento do trabalho ocorreu a partir da seguinte proposta de pesquisa:

Quais as opiniões2 que os professores de um Grupo de Formação Continuada têm a respeito

do uso da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel para o ensino e aprendizagem de tópicos

de Matemática Financeira?

Além de levantar opiniões dos professores, a respeito do uso de tecnologias

informáticas para o ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática Financeira, o estudo

buscou, ainda: identificar dificuldades, encontradas pelos professores, na utilização da

Calculadora HP-12C e da Planilha Excel; investigar as contribuições obtidas na participação

do professor de Matemática (em um Grupo de Formação Continuada) e por fim, apresentar

uma proposta de trabalho para ensinar Matemática Financeira no Ensino Fundamental e no

Médio, com a utilização de tecnologias como a Calculadora HP-12C e a Planilha Excel.

A inspiração para a realização desta pesquisa iniciou com uma caminhada em projetos

de Iniciação Científica, que, embora contemplassem a Educação Matemática e a Matemática

Aplicada, contribuíram para a compreensão do que é pesquisa e confirmaram a afinidade da

pesquisadora em trabalhar com recursos informáticos. Posteriormente, atuando como docente

em cursos profissionalizantes, ela percebeu que os alunos, que já haviam concluído o Ensino

Médio, apresentavam dificuldades na resolução de problemas de Matemática Financeira.

Entendendo que essas dificuldades poderiam estar relacionadas à preparação dos professores,

para trabalhar com esse tema, a mesma buscou, na Pós-graduação, desenvolver um trabalho

de cunho qualitativo, aqui apresentado.

Nessa perspectiva, buscou, no referencial teórico, autores que discutem a Formação

Inicial e Continuada de Professores de Matemática, e a implementação de recursos

informáticos nas práticas docentes.

1 É importante esclarecer que, nesta pesquisa, a expressão “Calculadora HP-12C” é adotada para fazer referência ao Emulador da Calculadora HP-12C, utilizado durante a prática, que reproduz o teclado da calculadora na tela do computador. O mesmo se encontra disponível para download no site: <http://jetoo.org/utilidades.html>. 2 Considera-se a definição de opinião, segundo Viaro (2002), como o modo pessoal de dizer o que se pensa sobre determinado assunto.

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Na discussão sobre a formação de professores, encontraram-se em autores como

Penteado (2000), Tardif (2002) e Fiorentini (2004), fundamentos para a importância de

realização de práticas, com grupos de professores, em um espaço onde há o compartilhamento

de experiências e em que todos têm a oportunidade de aprender e também de ensinar.

Tendo em vista a formação do professor e a construção do conhecimento do aluno,

destaca-se a utilização de softwares, considerada por autores, tais como Borba e Penteado

(2005) e Scheffer e Sachet (2007), como uma alternativa auxiliar ao professor no

desenvolvimento de trabalho exploratório e investigativo em sala de aula.

Para apresentar o desenvolvimento da pesquisa, norteada pela proposta que já foi

anunciada, estruturou-se esta dissertação da seguinte forma:

- Contextualização da Pesquisa e Problematização do Tema - apresenta as opções

profissionais da pesquisadora e sua decisão de realização do trabalho.

- A Formação de Professores de Matemática – faz-se uma discussão a respeito de

elementos a serem considerados na Formação de Professores de Matemática, tanto na

formação inicial como na continuada, tendo em vista as transformações da sociedade,

principalmente no que se refere ao uso de recursos informáticos que estão exigindo

posicionamentos diferentes frente ao ato de ensinar.

- Ambientes de Aprendizagem com a Utilização de Softwares Matemáticos –

discute-se a constituição de ambientes de aprendizagem, a partir de softwares matemáticos,

como forma de auxílio ao esforço do professor e do aluno na busca pela construção do

conhecimento matemático.

- O Uso de Calculadoras e Planilhas no Ensino de Matemática Financeira - faz um

breve passeio pelo ensino de Matemática Financeira no Brasil, desde o seu surgimento até os

dias atuais, que vem sendo marcado pela introdução de calculadoras financeiras e planilhas de

cálculo.

- Os Procedimentos da Pesquisa – apresentam-se as posturas metodológicas da

pesquisa, as quais envolvem desde a explanação do contexto e dos sujeitos, forma de coleta,

organização e análise de dados, e explicitação das mídias utilizadas.

- Proposta de Ensino – apresenta-se o material elaborado para cada Oficina realizada

com os professores, incluindo a solução detalhada dos problemas propostos, tanto com a

Calculadora HP-12C quanto com a Planilha Excel.

- Análise - são apresentados os dados na forma de categorias que são analisadas a

partir da revisão teórica e do questionamento da pesquisa.

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E, finalmente nas Considerações Finais, são realizadas as interpretações conclusivas

que apontam para a viabilidade de trabalhos desse gênero.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA E PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

Minha escolha pela carreira docente ocorreu em 1999 (ano em que ainda cursava o

Ensino Médio) influenciada pelo discurso pedagógico de alguns dos meus professores de

Matemática e de Física. O prazer que eu sentia em auxiliar colegas já caminhava comigo

desde criança. Quando eu estudava para as provas de Matemática, utilizava um quadro

improvisado e explicava, para mim mesma, os exercícios, fazendo de conta estar explicando

para uma turma de alunos.

Movida pela paixão por ensinar Matemática, em 2001 iniciei o Curso de Licenciatura

em Matemática, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI -

Campus de Erechim - RS. No segundo ano do Curso (2002), comecei a trabalhar em um

projeto de Iniciação Científica e, a partir daí, passei a compreender melhor o que seria realizar

pesquisa na área de Educação Matemática.

O primeiro projeto de Iniciação Científica, do qual participei, era coordenado pela

professora Dra. Nilce Fátima Scheffer e tinha por objetivos explorar o uso da Calculadora

Gráfica TI-83, analisar representações gráficas cartesianas de funções, estudar matrizes e

demais tópicos da Matemática do Ensino Médio, considerando aspectos de simbolização,

visualização e linguagem matemática, bem como desenvolver atividades de ensino que

envolvessem conceitos relativos à Matemática. A pesquisa também tinha, como meta,

elaborar um material escrito, contendo atividades sobre funções, utilizando a Calculadora

Gráfica. Para validar as atividades elaboradas, participei de congressos, ministrando

minicursos para professores, para acadêmicos de Graduação e, também, para alunos do

Ensino Médio de escolas públicas da cidade de Erechim – RS, conveniadas com a

Universidade.

O projeto em pauta prolongou-se até 2006, ano em que foi publicado um livro3

contendo atividades sobre estudo de funções, destinado a futuros professores e professores em

exercício. Posteriormente, a pesquisa se estendeu para o Ensino Superior, mais

especificamente, para as disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral e Prática de Ensino.

Outro projeto de Iniciação Científica, de que participei, era interinstitucional, tendo

como parceiras a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI -

Campus de Erechim, e a Universidade de Passo Fundo – UPF, com o apoio financeiro da

3 SCHEFFER, N.F. et al. Matemática e tecnologias: modelagem matemática. Erechim: EDIFAPES, 2006.

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FAPERGS. Esse projeto estava em seu segundo ano de realização e tinha por objetivo

investigar como estavam sendo veiculados a Linguagem Matemática e o Discurso

Matemático, no contexto do Ensino Fundamental e do Médio, de escolas públicas

pertencentes à região de Erechim e Passo Fundo.

Este trabalho contribuiu para desvelar a maneira como os professores, que atuavam

nessa região, discutiam a Matemática com seus alunos. A partir dessas constatações, foram

promovidas discussões sobre o tema nas disciplinas de Didática e Prática de Ensino do Curso

de Matemática, além de exposições dos resultados em congressos e eventos.

No ano de 2004, tive a oportunidade de participar de um terceiro projeto de Iniciação

Científica na área de Matemática Aplicada. O projeto tinha por objetivo simular,

numericamente, o perfil da velocidade de escoamentos de fluidos entre placas paralelas

(escoamento de Couette), contendo um ressalto. A validação do perfil de velocidade, obtido

numericamente, ocorreu por comparação com os resultados analíticos encontrados na

literatura de consulta.

O contato com a Educação Matemática e com a Matemática Aplicada, na Iniciação

Científica, contribuiu para confirmar minha paixão pela Matemática, pelo ensino e pelas

aplicações da mesma. Além disso, pude constatar minha afinidade quanto ao uso de

tecnologias, como calculadoras e computadores.

Em 2006, após o término do Curso de Licenciatura, atuei por dois anos em um Centro

de Aprendizagem Comercial, na cidade de Erechim-RS. Nesse local, ministrei a disciplina de

Matemática Financeira em Cursos de Qualificação Profissional de nível pós-médio como, por

exemplo, cursos de Secretariado, Vendedor, Assistente de Gerência, Balconista e, também,

em cursos específicos de Matemática Financeira, com a utilização da Calculadora HP-12C. A

partir desses cursos, estabeleci uma relação com a Calculadora HP-12C e com a Matemática

Financeira já que, durante minha formação, ambas haviam sido pouco contempladas.

A opção pela realização deste trabalho surgiu, principalmente, a partir de minha

atuação como docente nesse Centro de Aprendizagem Comercial, onde pude perceber a

diversidade de situações a serem enfrentadas pela profissão.

No contato com os alunos desses cursos, em sua maioria advindos de escolas públicas,

observei que grande parte deles apresentava pouco conhecimento sobre Matemática

Financeira e tinha dificuldades na resolução de problemas que envolviam esse conteúdo.

Algumas exceções eram encontradas entre aqueles que participavam dos cursos específicos

com a utilização da Calculadora HP-12C, pois tratava-se de estudantes que trabalhavam em

instituições bancárias e no setor financeiro de empresas e, portanto, mantinham um contato

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diário com situações que envolviam o conhecimento de Matemática Financeira e uso da

Calculadora HP-12C.

Em 2007, ingressei no programa de Pós-Graduação em Ensino de Física e de

Matemática da UNIFRA, com a intenção de buscar fundamentação para complementar minha

prática em sala de aula, desenvolvida com tecnologias. Partindo do pressuposto de que os

professores, quando abordam o tema Matemática Financeira na escola, podem estar

trabalhando com resolução de problemas e tecnologias, resolvi realizar um trabalho, ao nível

de Mestrado, com professores de escolas públicas do município de Erechim e Região da 15ª

Coordenadoria Regional de Educação, participantes de um Grupo de Formação Continuada,

vinculado a um projeto de Extensão na Universidade4, integrando Matemática Financeira e

tecnologias5.

A pesquisa intencionava levantar opiniões de professores a respeito do ensino e

aprendizagem de Matemática Financeira, com o uso de tecnologias, mais especificamente,

com a Calculadora HP-12C e com a Planilha Excel, e voltava-se para o desenvolvimento de

uma proposta de Ensino (implementada com professores) que pode ser trabalhada no Ensino

Fundamental e no Médio.

A ideia de levantar e analisar as opiniões dos professores justifica-se pela

possibilidade de utilização de recursos tecnológicos no processo de ensino e de aprendizagem

de Matemática Financeira, no Ensino Fundamental e no Médio.

A partir das opiniões dos professores sobre cada recurso, torna-se possível avançar, no

sentido de elaborar e propor materiais que possam contribuir, de forma significativa, na

Formação (Continuada e Inicial) de Professores de Matemática e, consequentemente, no

estudo de tópicos de Matemática Financeira, desenvolvido nas escolas.

Na elaboração do trabalho, considerou-se o fato de a Matemática Financeira estar

presente nos mais variados tipos de atividades (comerciais, bancárias ou pessoais), sendo,

portanto, o seu conhecimento entendido como importante na tomada consciente de decisões

que envolvam investimentos. Concorda-se com Schneider (2008) quando destaca que, sem o

conhecimento de cálculos financeiros que envolvem as relações de consumo, fica difícil a

uma pessoa analisar, por exemplo, a existência de vantagens de uma propaganda de rádio ou

televisão, de um outdoor, ou fôlder promocional de venda de produtos.

Nessa perspectiva, Almeida (2004, p.70), em sua pesquisa, registrou o que segue em

relação ao trabalho com a Matemática Financeira em sala de aula:

4 URI – Campus de Erechim 5 Neste trabalho, a referência ao termo tecnologias considera o uso de calculadoras e computadores.

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Trabalhar com Matemática Financeira possibilita uma vertente de ensino delimitada por discussões que perpassam conteúdos e fórmulas puramente matemáticas. Fura barreiras e entra no campo da cidadania, dos direitos e deveres, do abuso nas propagandas. Proporciona aos estudantes a possibilidade de questionar ao consumir ou ao receber a recompensa de seu trabalho.

A partir disso, entende-se que o professor não deve se eximir de mostrar aos seus

alunos que a Matemática Financeira faz parte da vida, e que a sua compreensão é

imprescindível para administrar negócios. Por isso, compreende-se que o desenvolvimento de

um trabalho com professores que frequentam Cursos de Formação Continuada, a partir de

situações-problema, com o uso de calculadoras financeiras e planilhas de cálculo, contribui o

trabalho que o professor venha a desenvolver em sala de aula.

A possibilidade de trabalhar com recursos tecnológicos, como calculadoras e

computadores, os quais estão presentes em diversos setores da sociedade e têm se tornado

indispensáveis na realização do trabalho diário, foi outro elemento avaliado na realização

desta pesquisa, pois entende-se que a Escola não pode ficar indiferente frente às

transformações que vêm ocorrendo na sociedade, as quais dizem respeito, também, ao uso de

tecnologias.

Com relação à inserção do computador nos meios educacionais, concorda-se com

Scheffer et al. (2006, p.14), quando destacam que o mesmo:

[...] privilegia a construção e visão ampla do conhecimento, já que se caracteriza pela inovação e descoberta no processo de ensino e aprendizagem, pelo desenvolvimento de habilidades de processamento e análise de informações, exploração, experimentação e resolução de problemas.

Esses autores ressaltam, ainda, que tanto as calculadoras como computadores são

capazes de possibilitar a reflexão sobre significados matemáticos a partir da resolução de

problemas, em situações de interação professor-estudante. Certamente, um cenário que utiliza

recursos desse gênero, pode propiciar a realização de um trabalho exploratório, pela

quantidade de estímulos oferecidos.

Muitos trabalhos, ao nível de Mestrado e Doutorado, ressaltam a possibilidade e a

importância de se trabalhar com recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem de

Matemática Financeira nos diferentes níveis, seja no Ensino Fundamental, no Médio ou no

Superior.

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Dentre os autores que abordam o uso de tecnologias para o ensino e aprendizagem de

Matemática Financeira com professores, futuros professores e com estudantes de Graduação,

pode-se citar os estudos de Morgado (2003), Gouvea (2006) e Leme (2007).

Os livros didáticos também apresentam a possibilidade de uso de tecnologias

informáticas no ensino de Matemática Financeira. Dentre eles, podem-se citar: o de Souza e

Clemente (1999) e o de Vieira Sobrinho (2000), que mencionam a utilização de Calculadoras

Financeiras para alguns tópicos dos seus conteúdos; os de Shinoda (1998) e Puccini (2004),

que fazem referência ao uso de Planilhas Excel; e o de Gimenes (2006), que apresenta todo

seu conteúdo, utilizando a Calculadora HP-12C e a Planilha Excel.

A escolha por trabalhar com a Calculadora HP-12C partiu do fato de esta ser utilizada

em instituições bancárias e financeiras, para administração de empresas, e também em cursos

de Graduação, principalmente na área de Administração, Ciências Contábeis e Economia.

Além disso, a possibilidade de fazer downloads de emuladores dessa calculadora permite que

esta seja utilizada também no Ensino Fundamental e no Médio.

De forma praticamente análoga, utilizou-se a Planilha Excel, também popularmente

conhecida, e que se encontra disponível no Pacote Office. É muito utilizada em diferentes

situações, tendo larga utilização em empresas, principalmente para controle de estoque,

pagamentos, recebimentos, entre outros, possibilitando a realização de cálculos com grande

quantidade de dados. Compreende-se que tanto a Matemática Financeira como os recursos

tecnológicos são componentes que, de alguma forma, fazem ou farão parte da rotina de

trabalho de, praticamente, todos os setores da sociedade, e que, portanto, a Escola como local

de formação não pode ficar indiferente a essas transformações.

A partir dessas considerações, foi implementada uma proposta prática, apresentada na

Seção 7, com um grupo de professores de Matemática de escolas públicas pertencentes à

cidade de Erechim e Região Alto Uruguai, do RS, que teve como proposta de investigação:

Quais as opiniões que os professores de um Grupo de Formação Continuada têm a respeito

do uso da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel para o ensino e aprendizagem de tópicos

de Matemática Financeira?

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3 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA

Nesta seção, reflete-se sobre a formação (inicial e continuada) de professores, tendo

em vista as transformações da sociedade, que, de alguma forma, afetam a atuação docente,

principalmente no que diz respeito à inserção de recursos tecnológicos no ensino de

Matemática.

As transformações que vêm ocorrendo no mundo, nos campos social, político,

econômico, cultural e tecnológico, segundo Reis (2007), têm afetado o desenvolvimento

profissional do professor. Na visão desse autor, o modelo convencional de formação do

professor, baseado no domínio do conteúdo e de técnicas de aplicação, que ainda permanece

em alguns contextos, vem sendo questionado pelo descompasso com relação às

transformações mundiais.

Diversas ações, postas em prática no campo da formação de professores, e que

contemplam o uso de recursos da Informática, segundo Bairral e Di Lêu (2007), tendem

apenas a promover reflexões teóricas sobre sua importância, sem envolver uma implicação

direta do uso e estudo crítico do/no aprendizado. Para os autores, essa capacitação, quando

ocorre, geralmente é ministrada por profissionais de áreas não afins com a Matemática ou

com a Informática Educativa, e isso gera poucas implicações qualitativas no aprendizado.

Outro aspecto que merece ser discutido, na formação de professores, diz respeito ao

ensinar, ao aprender e ao apreender. Conforme Anastasiou e Alves (2003, p.14),

[...] é preciso distinguir quais ações estão presentes na meta que estabelecemos ao ensinar. Se for apenas receber a informação de, bastará uma exposição oral, ou seja, o aluno apenas toma conhecimento da informação, retém na memória, ou seja, ele aprende [...]. No entanto, se a meta se refere à apropriação do conhecimento pelo aluno é preciso se reorganizar, superando o aprender, que tem se resumido em processo de memorização, na direção de apreender, segurar, apropriar, agarrar, prender, pegar, assimilar mentalmente, entender e compreender.

Entende-se que considerar os aspectos apontados por Bairral e Di Lêu (2007) e por

Anastasiou e Alves (2003), nas diferentes etapas da formação do professor, seja inicial ou

continuada, é algo de fundamental relevância para auxiliar o professor a se posicionar frente à

tendência atual, em que o papel do professor está cada vez mais marcado pela criação de

situações de aprendizagem que desafiem o aluno a pensar.

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Assim, novas exigências, com relação ao papel da Escola e dos professores,

começaram a se impor nos últimos anos. Sobre isso, Freitas et al. (2005, p.89) destacam:

Além de novos saberes e competências, a sociedade atual espera que a escola também desenvolva sujeitos capazes de promover continuamente seu próprio aprendizado. Assim, os saberes e os processos de ensinar e aprender, tradicionalmente desenvolvidos pela escola mostram-se cada vez mais obsoletos e desinteressantes para os alunos. O professor, então, vê-se desafiado a aprender a ensinar de modo diferente do que lhe foi ensinado.

Nessa perspectiva de mudança de posturas e atitudes, propostas metodológicas têm

surgido no que se refere à formação dos professores para que estes enfrentem o desafio da

profissão na atualidade. Neste mundo de rápidas e contínuas mudanças, ser professor tornou-

se uma profissão que exige atualização contínua. Miskulin (1999, p. 59) destaca que “[...] é o

professor que deve oferecer a seus alunos verdadeiros cenários de aprendizagem, cenários

esses que possam propiciar o resgate da liberdade do sujeito, o desenvolvimento de um

indivíduo crítico, consciente e livre”.

Sendo assim, além do conhecimento sobre a área específica e metodologias de ensino,

D’Ambrósio (1998) destaca que a responsabilidade do professor não se restringe à sua

disciplina específica, mas estende-se à formação integral do cidadão. Essas percepções

evidenciam que a ação docente assume nova dimensão. Tal aspecto é enfatizado por Oliveira

(1999, p.13):

[...] um ensino de qualidade é aquele que seja capaz de formar cidadãos que possam ler e interpretar o mundo que os cerca interferindo de maneira crítica na realidade, buscando transformá-la e não é apenas aquele voltado para a formação de mão-de-obra especializada para integrar o mercado de trabalho.

O comprometimento com essas novas exigências da profissão depende, em grande

parte, da formação profissional. Esta tem sido vista como “[...] um processo de

desenvolvimento contínuo para a aquisição de conhecimentos, atitudes e competências gerais”

(GASQUE; COSTA, 2003, p.55), ou seja, como um aperfeiçoamento ao longo da vida

profissional.

Nesse sentido, é no exercício de sua profissão que o docente vai adquirir experiências

e produzir significados relativos à sua área de atuação. Cada um, a seu modo e a seu tempo,

avança ou recua no seu processo autoformativo. Conforme acrescenta Reis (2007), o processo

de formação não se restringe apenas à formação inicial ou continuada, mas sobretudo se dá a

partir de experiências, de leituras, de reflexões, no dia a dia e na interação com outras pessoas.

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Acredita-se que a criação de ambientes de aprendizagem contribui para o

desenvolvimento de um cidadão crítico, e isto é, em grande parte, alcançado quando se aliam

recursos tecnológicos e situações-problema. Para a criação desses ambientes, é relevante que

o professor tenha a oportunidade de vivenciar uma experiência desse tipo, participando de

grupos que almejam qualificar as práticas que desenvolvem, fazendo uso de recursos da

Informática, que, de acordo com Scheffer et al. (2006), se tornam auxiliares no

desenvolvimento de um trabalho exploratório em sala de aula.

Assim, uma formação que contemple essa gama de habilidades e competências (a

serem desenvolvidas pelo professor) necessita considerar o estudo das tecnologias

informáticas que estão, a cada dia, mais presentes nos diversos segmentos da sociedade,

inclusive nas escolas. Isso é confirmado por Scheffer et al. (2006, p.27), quando destacam que

as tecnologias

[...] propõem perspectivas para o ensino de Matemática, reforçando o papel que desempenham a linguagem gráfica e as novas formas de representação, propiciando ao professor, auxiliado pelas tecnologias, desenvolver competências, não mais centrando o estudo em mecanismos e manipulação de cálculos, e sim, no avanço do conhecimento.

A partir disso, pode-se dizer que, para que um professor atue com êxito, não basta

apenas entender de Matemática ou de teorias educacionais, pois, segundo Ponte, Oliveira e

Varandas (2003), um contato puramente teórico não garante uma efetiva aquisição do

conhecimento, a qual se efetua, também, pelo uso de recursos tecnológicos. Esses autores

ressaltam, ainda, que o conhecimento e a capacidade de decidir sobre qual recurso tecnológico

é adequado, para explorar determinado assunto e auxiliar os alunos no desenvolvimento de

determinadas competências, são, cada vez mais, uma importante parte do preparo de um

profissional da área de Educação.

Outro aspecto a se considerar, quando da realização de uma atividade com professores,

abordado por Scheffer et al. (2008), é a conscientização de que o conhecimento que possui

sobre tecnologias pode ser ampliado e de que seu papel não se resume em somente introduzir

recursos tecnológicos nas suas aulas, mas também refletir com os alunos sobre a presença

desses novos ambientes na escola.

Nessa perspectiva, tanto Ponte, Oliveira e Varandas (2003) quanto Scheffer et al.

(2008) parecem concordarem que a tarefa dos programas de formação inicial ou continuada

de professores centra-se em compreender e refletir de que forma as tecnologias se inserem na

evolução de seu conhecimento, da sua identidade profissional e na formação dos seus alunos.

19

Ao se analisar a possibilidade de proporcionar aos professores o contato com

diversificadas metodologias de trabalho, e não somente com técnicas, vale considerar

Almeida e Dias (2007, p. 256) quando destacam que o curso de formação inicial

[...] tem um efeito essencialmente formativo, o que, do nosso ponto de vista, implica também em romper com a dicotomia entre conhecimento específico e conhecimento pedagógico, entre teoria e prática e proporcionar ao futuro professor uma formação em Educação Matemática que lhe permita intervir nas múltiplas relações envolvidas nas diferentes situações educativas.

Desse modo, a formação inicial de professores pode ampliar a relação teoria e prática

ao mesmo tempo em que prepara o futuro profissional para o enfrentamento das diferentes

situações educacionais.

Entende-se que as experiências vivenciadas, enquanto estudante e no decorrer da vida

profissional, são fundamentais para que o docente assuma determinadas posturas,

principalmente frente ao ato de ensinar, as quais são destacadas por Scheffer et al. (2006,

p.31):

[...] ser professor de Matemática é tarefa que envolve busca de novas possibilidades e métodos diferentes para o processo de ensinar e aprender. Além disso, o professor deve estar ciente de que estará contribuindo positivamente, ou não, na formação de um novo cidadão comprometido e transformador da sociedade em que vivemos.

Assim, a formação continuada, bem como a formação inicial, tendem a ser marcadas

pela busca contínua de aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional. Acredita-se que, na

formação continuada, a constituição de Oficinas de formação tecnológica pode auxiliar na

busca de alternativas e mudanças na prática profissional. Compreende-se que é a partir da

identificação das necessidades, apontadas pelos professores, que se pode avançar na

constituição de espaços que atendam às dificuldades de grupos de professores que buscam

qualificar a prática que desenvolvem em sala de aula.

Nesses espaços formativos, entra em cena o papel da Universidade, que é destacado

por Scheffer e Aimi (2004, p.53), quando falam em Extensão como um espaço de interação

com a comunidade onde a mesma está inserida, já que “promove a difusão e socialização do

conhecimento detido pela área de ensino, bem como a difusão e socialização de novos

conhecimentos produzidos pela área de Pesquisa, o que fornece subsídios para o

aperfeiçoamento curricular”.

20

Nesse sentido, compreende-se que a interação da Universidade com a comunidade é

decisiva para a constituição de Grupos de Formação Continuada, que buscam amparo nesse

espaço e nos seus componentes, tendo em vista os desafios presentes no dia a dia da sala de

aula. Nesse contexto, o pensar e o agir na coletividade podem auxiliar no crescimento dos

professores como pessoas e, principalmente, como profissionais.

Aqui vale trazer, para discussão, as práticas colaborativas que, segundo Penteado

(2000, p.32), “[...] são fundamentais no uso de tecnologias informáticas, especialmente

quando se trata de estimular e dar suporte para o professor se mover da zona de conforto para

a zona de risco”. Essa autora define zona de conforto como sendo uma prática docente

marcada pela previsibilidade e pelo controle, enquanto que a zona de risco é caracterizada

pela incerteza, flexibilidade e surpresa.

Nessa mesma perspectiva, Skovsmose (2000) ressalta que os computadores têm

ajudado no estabelecimento de novos cenários para investigação, desafiando a autoridade do

professor. O surgimento de situações que não estavam previstas, exige do professor

habilidade para atuar nesse novo ambiente, pois, segundo o autor citado, abandonar a zona de

risco também significa eliminar oportunidades de aprendizagem associadas à ideia de

computadores como reorganizadores.

Acredita-se que, para o professor iniciar e manter a criatividade em ambientes

investigativos, é importante que possua um espaço em que possa partilhar suas experiências,

suas dificuldades e, principalmente, que o estimule a se lançar em novos desafios. O apoio de

um grupo, com objetivos comuns, é determinante para que não desanime na constante busca

de atualização, para aperfeiçoar a sua prática. Nesse sentido, as Oficinas de Formação

Continuada com professores assumem seu papel de trabalho colaborativo. Para Scheffer,

Sachet e Webber (2008), as Oficinas são alternativas de trabalho para os professores do

Ensino Fundamental e do Médio, principalmente para aqueles que concluíram seus estudos há

mais tempo.

Para Fiorentini (2004, p. 61), um grupo colaborativo é um espaço onde

[...] todos os integrantes assumem um mínimo de protagonismo no grupo, não se reduzindo a meros auxiliares ou fornecedores de dados e materiais, mas como sujeitos que não apenas aprendem, mas também produzem conhecimentos e ensinam os outros.

De acordo com esse autor, a participação em um grupo colaborativo possibilita o

compartilhamento de experiências sobre o que se está fazendo e aprendendo, como também a

21

sistematização de conhecimentos por meio de estudos investigativos da própria prática. Ainda

segundo o mesmo autor, o que deve prevalecer, na constituição ou participação de grupos

colaborativos, são a voluntariedade e a disposição para discutir, compartilhar problemas,

experiências e objetivos comuns.

Na perspectiva da formação de professores, Tardif (2002) aponta para um modelo de

formação profissional, em que a formação se estenda durante toda a carreira docente. Destaca,

ainda, a importância que a formação contínua tem quando dela faz parte a colaboração entre

pesquisadores e professores. Assim, a formação concentra-se nas necessidades e situações

vividas pelos professores, e estes deixam de ser considerados como alunos e passam a ser

parceiros na sua própria formação.

Sendo assim, o trabalho individual perde o sentido, pois o docente se dá conta dos

benefícios advindos de um trabalho colaborativo. Isso é confirmado por Nacarato (2005)

quando aponta para a extinção do trabalho individual, defendendo a constituição do trabalho

coletivo/colaborativo como um momento do desenvolvimento profissional, em que ocorrem a

formação permanente, a troca de experiências e a busca de soluções para os problemas do

cotidiano escolar.

Para Tardif (2002, p.14), o saber dos professores é um saber social:

[...] por ser adquirido no contexto de uma socialização profissional, onde é incorporado, modificado, adaptado em função dos momentos e das fases de uma carreira, ao longo de uma história profissional onde o professor aprende a ensinar fazendo o seu trabalho. Noutras palavras, o saber dos professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos de uma vez por todas, mas um processo em construção ao longo de uma carreira profissional na qual o professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que se insere nele e o interioriza por meio de regras de ação que se tornam parte integrante de sua “consciência prática”.

A partir dessa conceituação, entende-se que os espaços de formação dos professores,

sejam eles de formação inicial ou continuada, têm a relevante missão de orientar os docentes

quanto à dimensão da sua profissão, que não se baseia somente em conhecimentos

específicos, mas que também acompanha as mudanças sociais, buscando o desenvolvimento

de diversas habilidades com a apresentação de metodologias e recursos, para que ele os tenha

como auxiliares no trabalho que realizará nos diferentes contextos e etapas da sua vida

profissional.

22

4 AMBIENTES DE APRENDIZAGEM COM A UTILIZAÇÃO DE SOF TWARES

MATEMÁTICOS

Nesta seção, discute-se a constituição de ambientes de aprendizagem com o auxílio de

tecnologias, mais especificamente, com softwares matemáticos, levando-se em consideração a

mudança de postura provocada pelo uso dos recursos da Informática na Escola e na sociedade.

A cada dia que passa, novas descobertas no campo da Informática vão surgindo e,

consequentemente, hábitos e costumes, anteriormente adotados, vão sendo substituídos. Essas

mudanças têm afetado o contexto escolar, a partir do uso de computadores como recursos

auxiliares na busca do conhecimento, instituindo, assim, novos ambientes de aprendizagem.

De acordo com Scheffer e Sachet (2007), a Informática, bem como outras mídias, vem

marcando presença na Educação atual, e o computador tem se apresentado como um auxiliar

no desenvolvimento de um trabalho exploratório, desenvolvido pelo professor.

O uso da Informática, portanto, pode contribuir para o desenvolvimento de ambientes

de aprendizagem, em que o professor e alunos têm a possibilidade de discutir um assunto de

forma abrangente, em razão da quantidade de recursos oferecidos pela Informática. Nesse

sentido, para Scheffer, Sachet e Webber (2008, p.3), “[...] os ambientes informatizados

contribuem para o enriquecimento de experiências, possibilitam maior reflexão, elaboração,

representação, construção e interpretação de problemas”.

Segundo Miskulin (2003), a disseminação da Informática na sociedade e na Educação

implicam uma nova lógica, uma nova linguagem, novos conhecimentos e novas maneiras de

compreender e de se situar no mundo, exigindo do indivíduo em formação uma nova cultura

profissional. Além disso, o maior uso da Informática tem exigido um novo perfil dos

indivíduos para o mercado de trabalho.

Fica evidente que algumas exigências, necessárias para a atuação profissional na

sociedade atual, estão relacionadas ao uso da Informática e que, portanto, não podem ser

desconsideradas pela Escola. Nesse sentido, Pais (2002) ressalta que, se, por um lado,

aumenta o número de equipamentos especializados em executar tarefas repetitivas, por outro

lado, cresce a valorização de competências que ampliem a utilização desses equipamentos.

Sendo assim, o desenvolvimento de um novo perfil de cidadão, crítico e criativo, está,

em grande parte, sob a responsabilidade da Escola em todos os seus níveis, desde o Básico até

o Superior, e, para o surgimento dessas competências, o auxílio das tecnologias, mais

especificamente, dos computadores, tem sido decisivo.

23

A adaptação a um ambiente informatizado, naturalmente, em um primeiro instante,

ainda faz suscitar um sentimento de recusa, tanto por parte do professor como também do

aluno. Nesse sentido, concorda-se com Borba e Penteado (2005), quando destacam que esses

sentimentos podem ser vistos como possibilidades para o desenvolvimento do aluno, do

professor e das situações de ensino e de aprendizagem.

A superação desses sentimentos, o conhecimento das técnicas de utilização, do

momento em que estas serão úteis, da forma como alterarão o trabalho, das vantagens e

limitações que o recurso apresenta, entre outras, são destacados por Ponte (2000, p. 74):

[...] o uso fluente de uma técnica envolve muito mais do que o seu conhecimento instrumental, envolve uma interiorização das suas possibilidades e uma identificação entre as intenções e desejos dessa pessoa e as potencialidades ao seu dispor. [...] exige o conhecimento do seu modo de operação (comandos, funções, etc.) e das suas limitações. Exige também uma profunda interiorização das suas potencialidades, em relação com os nossos objetivos e desejos. E exige, finalmente, uma apreensão das suas possíveis conseqüências nos nossos modos de pensar, ser e sentir.

As considerações de Ponte (2000) evidenciam que o uso de tecnologias envolve não

somente conhecimentos técnicos, mas também uma interação com nossas aspirações e

objetivos. Para Jacinski e Faraco (2002), o contato com tecnologias de informação e

comunicação altera os modos de representar e interpretar o mundo, indo muito além das

interpretações proporcionadas pelas linguagens oral, escrita, visual ou audiovisual, tomadas

isoladamente, pois constituem novas formas de expressão a partir da reunião dessas

linguagens.

Ainda sobre as transformações ocorridas, Jacinski e Faraco (2002, p.52) destacam que

[...] as tecnologias de informação e comunicação – permitindo, em primeiro lugar, a saturação da comunicação humana com a imagem e o audiovisual; e, em segundo lugar, a mixagem de todas as linguagens – acabam por ter um significativo impacto sobre nossa sensibilidade, sobre nossos modos de percepção do mundo e, por conseqüência, sobre nossas estratégias cognitivas.

A partir disso, pode-se dizer que as tecnologias representam novas formas de ler, de

escrever, de comunicar, de produzir conhecimento e, portanto, de pensar e agir. Assim,

quando se realiza um planejamento no âmbito educacional, contando com o auxílio de algum

software computacional, a intenção de ensinar fica determinada pelas formas como se utiliza

este recurso, que poderão contribuir para o aprendizado.

24

Sob essa óptica, o uso de softwares, em sala de aula, envolve um trabalho com o

professor, o que é salientado por Penteado (2000, p. 24): “[...] é preciso que o professor

conheça os softwares a serem utilizados no ensino de diferentes tópicos e que seja capaz de

reorganizar a seqüência de conteúdos e metodologias apropriadas para o trabalho com a

tecnologia informática em uso”.

As palavras de Penteado (2000) vêm ao encontro do que diz Pais (2002), quando

ressalta que o trabalho com as tecnologias informáticas, na sala de aula, não pode correr o

risco da repetição, mas exige um envolvimento diferenciado pelo qual prevalece a busca pela

autonomia e pela construção do conhecimento.

Nessa linha de pensamento, Fernandes (2006, p.4) também aponta que:

[...] a escolha de determinado software ocorre em função da proposta de ensino elaborada pelo professor. Cabe ao professor planejar a aula, escolher o software adequado que seja satisfatório a necessidade e aplicar as atividades com a exploração do mesmo. Os softwares educativos servem para auxiliar o professor a usar o computador como ferramenta pedagógica, são programas que não se orientam simplesmente por certo ou errado para respeitar as hipóteses formuladas pelo aluno, e sim de permitir ao professor de intervir e mediar o processo.

Com base nas afirmações dos autores, pode-se afirmar que a inserção de recursos

tecnológicos em sala de aula, mais especificamente de softwares, é uma tarefa de

responsabilidade do professor. Para isso, faz-se necessária a criação de espaços de exploração,

estudo e discussão sobre diferentes softwares, para que ele tenha a possibilidade de escolher

aquele que melhor possa auxiliá-lo em situações de ensino. Segundo Pires et al. (2008), a

utilização de softwares educacionais não vai alterar ou substituir os conteúdos estudados em

aula, mas vai auxiliar e complementar o seu aprendizado.

Outro aspecto a se considerar é a reflexão sobre a prática pedagógica que, para Franchi

(2007, p. 183):

Não se trata de desenvolver seqüências de atividades no estilo da chamada instrução programada, em que o computador assume o papel do professor transmissor de conhecimento, continuando o aluno na posição de receptor. Se o que se busca é colocar o aluno interagindo com o conhecimento, o uso do computador adquire outra dimensão.

Usar o computador, no sentido descrito por essa autora, implica uma nova postura

diante do processo de construção do conhecimento, pela qual o professor não mais é o centro

do saber, mas o mediador que questiona o aluno, questiona-se a si mesmo e provoca reflexões

25

que possibilitam, a ambos, aprenderem. Segundo Scheffer e Dallazen (2006, p. 62) “[...] o

professor deixa de ser o sujeito que apenas informa, e passa a ser um sujeito que interage com

os estudantes na construção de significados matemáticos”.

Na verdade, o computador é um instrumento que, por si só, não produz conhecimento:

fica desprovido de sentido sem a mediação do professor. Sendo assim, a partir do momento

em que as tecnologias informáticas passam a fazer parte do processo de ensino e de

aprendizagem, o professor deixa de ser a única fonte de informações e passa a ser o mediador

da construção do conhecimento. A isso é importante aliar um planejamento que instigue o

aluno a participar mais ativamente, despertando sua vontade e gosto por aprender.

Para Penteado (2000) e Gracias (2000), sem uma nova elaboração do conteúdo e das

atividades, o encantamento, inicialmente promovido pelo uso de tecnologias informáticas, em

pouco tempo dará lugar a práticas tradicionais que mantêm os alunos no plano da passividade.

Nesse sentido, Rosa (2004) destaca que, muitas vezes, sob uma visão equivocada, o

computador é visto pelo professor como um agente da aprendizagem, por si só, sem a

necessidade de mediação.

Nessa perspectiva, Scheffer e Dallazen (2006, p. 67) defendem que, com o auxílio de

tecnologias “[...] torna-se possível inverter a ordem de exposição da teoria na sala de aula,

partindo da experimentação e ilustração para, posteriormente, chegar à construção de

conjecturas e conceitos”. Isso pode ser confirmado por Rosa (2004) quando destaca que

possibilitar a construção de conjecturas, com o auxílio das tecnologias, pode potencializar o

processo de aprendizagem por meio da visualização e simulação.

Assim, pode-se dizer que a escolha de um software específico, com base no

planejamento e objetivos que o professor almeja alcançar, necessita considerar, também, as

transformações que o uso desse recurso ocasionará. Portanto, é preciso definir em que

momento a inserção da tecnologia será necessária.

A reflexão sobre as mudanças que as tecnologias trazem para a sala de aula é, também,

realizada por Scheffer (2002, p.28) ao destacar que:

[...] quando a informática passa a integrar o ambiente escolar num processo de interação que envolve aluno, professor e tecnologias, ela passa a despertar a sensibilidade dos professores quanto à existência de diferentes opções de representação matemática, o que é fundamental para a ocorrência de construções, análise e estabelecimento de relações. O aluno é levado à análise de modo a poder refletir sobre seus procedimentos de solução, a ter a oportunidade de usar, testar ou aprender, tanto os conceitos envolvidos na solução do problema, quanto às estratégias de resolução. Este tipo de trabalho é conhecido como proposta de ambientes “enriquecidos”,

26

“interativos” e “orientados”, que engajam alunos, professores e pesquisadores no uso de habilidades de pensamento em nível mais elaborado.

Uma característica importante, a se levar em conta na escolha de um software

matemático, é a possibilidade de realização de um trabalho investigativo, crítico e

demonstrativo que, segundo Scheffer e Sachet (2007), se estabelece na interação entre

tecnologia, professor e estudante.

Por outro lado, ao voltar o olhar para um ambiente de formação continuada de

professores, em que se utilizam tecnologias, tem-se a missão de mostrar ao professor que é

possível criar, explorar e avançar na investigação com os alunos, utilizando-se tais recursos.

Vivenciando a experiência, o professor pode compreender o quanto é importante a mudança

de postura em relação à prática de sala de aula.

Nesse sentido, Bittar (2006) salienta que a opção pelo uso de tecnologias ocorre

quando o professor tem a oportunidade de experienciar as potencialidades6 dessas na condição

de aprendiz. Só assim, terá condições de atuar e implementar um novo ambiente de

aprendizagem.

Concebe-se, então, que, para o professor adotar o computador como auxiliar na

construção de significados matemáticos em sala de aula, é imprescindível que tenha

conhecimento das potencialidades do programa, que utilizará, e definição clara de objetivos a

serem alcançados. Um aspecto significativo, destacado por Borba e Penteado (2005), nesse

sentido, é que fazer uso de tecnologias informáticas não significa abandonar o quadro, o giz

colorido e o livro didático, posto que, ao definir o objetivo das atividades que pretende

realizar, é indispensável, também, avaliar qual mídia é adequada para atingir seu propósito.

Isso mostra que o uso de recursos tecnológicos, mais especificamente, o computador,

não pode ser tido como a única alternativa para atribuir significado à aprendizagem do aluno,

mas sim, como auxiliar ao trabalho que vem sendo desenvolvido. Aqui, convém trazer

Allevato (2006), quando se refere à experimentação como um procedimento muito utilizado

quando do uso do computador na resolução de problemas fechados7, pois, para a autora, nem

sempre a linguagem matemática corresponde à linguagem do software, e essa transferência

entre as linguagens é apontada como essencial à criação de novas relações e ampliação da

compreensão dos conteúdos estudados.

6 Concebem-se potencialidades como o conhecimento das opções de uso de um software, aquilo que o mesmo é capaz de realizar por meio das suas funções. 7Allevato (2006) considera problemas fechados, os que têm processo e solução únicos e que são propostos como aplicação da teoria ensinada.

27

Isso leva a crer que esse processo de experimentação, com o auxílio de recursos

tecnológicos, contribui para a aprendizagem, tendo em vista a possibilidade de testar

diferentes estratégias, refletir sobre as mesmas e descobrir se existem outros caminhos que

permitam a construção de conhecimentos.

Para finalizar, pode-se dizer que, se o professor tiver a oportunidade de vivenciar as

mudanças ocasionadas pelo uso de recursos tecnológicos, mais especificamente, softwares,

com a oportunidade de, nessa interação, expressar seu pensamento e exercer um papel ativo

frente ao ato de aprender, provavelmente estará mais seguro para aperfeiçoar suas ações na

prática pedagógica.

28

5 O USO DE CALCULADORAS E PLANILHAS NO ENSINO DE MA TEMÁTICA

FINANCEIRA

Esta seção apresenta uma breve explanação a respeito do ensino de Matemática

Financeira, no Sistema Educacional Brasileiro, desde o seu surgimento até os dias atuais, pois

sentiu-se a necessidade de contextualizar o tema, tendo em vista o processo evolutivo presente

na atualidade com a presença das tecnologias.

No Brasil, o ensino de Matemática Financeira está relacionado, segundo Leme (2007),

à fundação das Escolas do Comércio e das Faculdades de Ciências Econômicas, Contábeis e

Administração, para a formação de profissionais em razão da expansão industrial e do

aumento de casas bancárias e comerciais, ocorrido em São Paulo no século XIX.

De acordo com o autor citado, foi nas décadas de 1950 e 1960 que o Sistema

Educacional Brasileiro começou a dar mais ênfase às disciplinas ligadas à Economia

(Matemática, Administração Financeira, Contabilidade de Custos e Métodos Quantitativos).

Até 1970, os cálculos do Regime de Capitalização Composta eram realizados com o auxílio

de tabelas financeiras e tabelas de logaritmos. A partir de 1970, o uso de tabelas foi sendo

substituído por réguas de cálculos, calculadoras e computadores.

Nos últimos anos, os Sistemas Educacionais têm procurado incorporar o uso de

recursos tecnológicos ao ensino de Matemática Financeira, tendo em vista a sua presença nos

Meios de produção e Serviços da Economia mundial.

Leme (2007) destaca que os objetivos do uso de tecnologias, em sala de aula, não são

iguais aos objetivos do ambiente de trabalho. Tomando o computador como exemplo, no

ambiente de trabalho geralmente o mesmo está equipado com programas específicos, com

modelos matemáticos instalados nos aplicativos, necessitando, apenas, a inserção de dados

para obter resultados.

No ambiente educacional, mais especificamente, na disciplina de Matemática

Financeira, a Planilha Excel pode ser um exemplo de um recurso computacional que

possibilita a construção de modelos matemáticos8. Além disso, permite a validação do modelo

pelo confronto dos resultados obtidos com a realidade ou situação-problema que o gerou.

Assim, a construção de modelos matemáticos ocorre a partir de discussão com os alunos e

8 Segundo Leme (2007), modelo matemático é uma forma de representação da realidade por meio de fórmulas matemáticas.

29

pela mediação do professor, possibilitando, assim, a reflexão sobre o funcionamento da

tecnologia em uso e do assunto em pauta.

Ainda em concordância com Leme (2007), entende-se que a possibilidade de combinar

texto e cálculo permite a descrição dos dados extraídos de um problema e a implementação de

diferentes estratégias de resolução. “A exigência do computador para a expressão formal de

um modelo (fórmula) leva o aluno a definir mais precisamente seu conhecimento sobre o

assunto” (p.43).

A história do surgimento das Planilhas está relacionada ao acompanhamento de

registros de Contabilidade. Até meados de 1980, eram impressas e, posteriormente, o

surgimento das Planilhas Eletrônicas alavancou o uso de computadores. Embora não tenham

sido criadas para fins educacionais, as pesquisas sobre o seu uso no Ensino têm aumentado

consideravelmente (LEME, 2007).

Nesse sentido, Morgado (2003, p.25) destaca que muitas experiências bem-sucedidas

têm sido realizadas, utilizando-se Planilhas, “[...] demonstrando que este tipo de aplicativo

pode promover um rico ambiente para investigações, experimentações, explorações,

simulações e atividades de resolução de problemas.” Dessa maneira, as Planilhas constituem

um meio dinâmico que permite a manipulação direta sobre as representações matemáticas e a

exploração qualitativa das mesmas.

De modo semelhante com o que ocorreu com as Planilhas, a introdução das

calculadoras financeiras também foi gradativamente substituindo o uso de tabelas financeiras

e de logaritmos, agilizando a resolução de cálculos que, anteriormente, eram demorados.

Atualmente, a calculadora financeira mais popularmente conhecida no Brasil é a HP-

12C. Em função disso, alguns livros de Matemática Financeira têm dedicado parte ou todo o

seu conteúdo para o uso dessa calculadora. De acordo com Shinoda (1998, p.13):

[...] não se deve negligenciar a utilidade dos recursos das calculadoras financeiras, particularmente da HP-12C, que, além de programável (como poucas) e portátil (como todas), é a mais popular na sua categoria (o que a torna prontamente disponível em qualquer ambiente de negócios).

Muitos dos principais problemas de Matemática Financeira, que envolvem o Regime

de Capitalização Composta, têm sido resolvidos diretamente e, com rapidez, na HP-12C.

Hoje, com o advento do computador, já existem emuladores que reproduzem a Calculadora

HP-12C no computador. Dentre os existentes, o Emulador $12C++ da Wave Software,

30

utilizado neste trabalho, oferece aos usuários uma interface9 mais amigável da calculadora,

com todas as teclas e com menus adicionais que permitem a visualização das operações

internas que a calculadora executa, as quais, na calculadora original, apenas estariam

disponíveis em um manual de usuário. Concorda-se com Shinoda (1998), ao destacar que a

visualização do trabalho interno, realizado pela calculadora, facilita o aprendizado, pois

permite entender o funcionamento da calculadora, o que contribui para a resolução de

problemas.

O uso de recursos tecnológicos conduz a um envolvimento dos alunos em um trabalho

investigativo com situações do seu cotidiano, que possam contribuir para que ampliem o

conhecimento sobre determinado assunto, ao mesmo tempo em que compreendem a utilidade

daquilo que aprendem.

Nessa perspectiva, Marasini e Grando (2006), em uma pesquisa que objetivou analisar

comparativamente a Matemática Financeira, utilizada em estabelecimentos comerciais e

bancários, com aquela desenvolvida na Escola, sinalizam para a necessidade de o professor

conhecer os conceitos de Matemática das diferentes culturas, para que possa organizar e

orientar o processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista os significados sociais da

Matemática Financeira.

Os tópicos contemplados pela Matemática Financeira estão diretamente relacionados à

compreensão das relações da economia e, consequentemente, à tomada de decisões. Acredita-

se que associar a resolução de problemas cotidianos, de Matemática Financeira, ao uso de

calculadoras financeiras e planilhas auxilia no levantamento de questões e na busca de

respostas que levam a uma reflexão da realidade.

Nessa direção, Pais (2002) destaca que a utilização de tecnologias na Educação, além

de envolver uma preparação para o domínio das mesmas, necessita promover um ambiente

com maior exigência, em termos de criatividade, iniciativa e resolução de problemas.

A preparação para a utilização de tecnologias é discutida por Leme (2007), ao salientar

que o trabalho com tecnologias demanda um tempo para o domínio da interface, podendo

causar, inicialmente, resistência e dificuldades. O autor faz uma analogia com o

desenvolvimento do computador que, de início, exigia conhecimentos específicos e só poderia

ser operado por especialistas. Com o passar do tempo, a evolução da tecnologia foi

9 Lévy (1993, p.176) compreende interface como um dispositivo que garante a comunicação entre dois sistemas informáticos distintos, ou um sistema informático e uma rede de comunicação. Já uma interface homem/máquina designa o conjunto de programas e aparelhos materiais que permitem a comunicação entre um sistema informático e seus usuários humanos.

31

aperfeiçoando a interface dos programas, diminuindo a exigência de conhecimentos

específicos e tornando-os acessíveis aos usuários.

Para Pais (2002, p.107), as interfaces:

[...] são equipamentos que dizem respeito à tradução de informações de um nível ou de um contexto para outro essencialmente diferente. Assim, toda vez que se fala em interface, está em jogo a passagem de uma informação, de uma idéia ou mesmo de um sinal de um sistema para outro, viabilizando o contato entre meios distintos, como se fosse um recurso capaz de superar a fronteira que separa duas nações, entrando como mediadora de comunicação entre as diferenças existentes.[...] o sentido atribuído à noção de interface reforça a idéia de circulação de informações, quer seja entre os próprios sistemas técnicos ou entre estes e o usuário.

Nesse sentido, pode-se dizer que o computador serviu de interface para a explicitação

de estratégias de resolução de problemas, assim como a Calculadora HP-12C e a Planilha

Excel. Para Pais (2002), a noção de interface pode ser estudada na área específica da

Informática, envolvendo aspectos que não necessariamente pertencem ao domínio digital.

Assim, acredita-se que não há mais como ignorar a presença das tecnologias,

principalmente do computador, na vida das pessoas. O computador tem sido um recurso

indispensável na tomada de decisões econômicas da sociedade atual. Vale lembrar que a

agilidade dos computadores, na obtenção de resultados, não é suficiente se não for

acompanhada por uma análise crítica dos mesmos, pois a compreensão de resultados

raramente é um elemento fornecido pelo computador.

Finalmente, pode-se dizer que à Escola cabe a função de contribuir para o

desenvolvimento de habilidades presentes na era de Informatização. Assim, como ocorreu a

inserção da Matemática Financeira nos currículos escolares, apontada como uma necessidade

da época, a introdução de tecnologias nas aulas de Matemática já está ocorrendo

gradativamente, demonstrando que a Escola vem tentando acompanhar o processo evolutivo

que tem sido marcado pela presença das tecnologias informáticas.

32

6 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Nesta seção, apresentam-se o contexto da pesquisa, os procedimentos metodológicos

adotados para a coleta, organização, análise e interpretação dos dados.

6.1 A PESQUISA: CONTEXTO E SUJEITOS

Esta pesquisa insere-se na abordagem qualitativa por considerar, de acordo com Silva

e Menezes (2001), que há uma relação dinâmica entre a realidade e os sujeitos. Para esses

autores, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo

de pesquisa qualitativa, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas, tendo, como

fonte direta de coleta de dados, o ambiente natural e o pesquisador, como instrumento-chave.

Nessa perspectiva, Chizzotti (2001) entende que a pesquisa qualitativa objetiva

provocar o esclarecimento de uma situação para uma tomada de consciência, pelos próprios

pesquisados, dos seus problemas e das condições que os geram, a fim de elaborar os meios e

estratégias de resolvê-los.

Em relação a essa busca das condições que geram determinada situação, Leal e Souza

(2006, p.17) consideram que

[...] a pesquisa qualitativa, que envolve ouvir as pessoas, o que elas têm a dizer, explorando suas idéias e preocupações sobre determinado assunto, analisa os temas em seu cenário natural, buscando interpretá-los em termos de significado assumido pelos indivíduos [...].

De acordo com os autores, acima mencionados, e com D’Ambrósio (2004), concebe-

se a pesquisa qualitativa como sendo aquela que procura dar atenção às pessoas, às suas

crenças, ou seja, àquilo que permanece silencioso e que, na maioria das vezes, não pode ser

interpretado somente por características numéricas.

Conforme mencionado na Seção 2, o contexto da pesquisa envolveu um grupo de

professores de Matemática da Região Alto Uruguai, no norte do RS, que participam de

Oficinas Permanentes de Formação Continuada10 em um Projeto de Extensão, sob

10 Neste trabalho consideram-se Oficinas Permanentes de Formação Continuada como encontros de professores para estudo, discussão e reflexão sobre o uso de tecnologias em sala de aula.

33

coordenação da orientadora desta investigação, juntamente com seu grupo de pesquisa, desde

o ano de 2002.

Tais Oficinas, de duração de duas horas e meia, ocorrem mensalmente no Laboratório

de Informática da URI – Campus de Erechim - RS. Nelas, promovem-se o estudo de

softwares matemáticos e, consequentemente, o seu uso em sala de aula, além de se propiciar

uma reflexão e discussão sobre a inserção das tecnologias informáticas no Ensino.

Os sujeitos participantes das Oficinas sobre o tema Matemática Financeira foram,

aproximadamente, vinte professores de Matemática, em sua maioria do sexo feminino, com

idade entre 23 a 47 anos, e experiência de 1 a 30 anos de atuação no Magistério, Ensinos

Fundamental e Médio, com carga horária de dedicação semanal variando entre 10 a 60

horas/aula.

Esses professores atuam em escolas públicas, municipais e estaduais, da cidade de

Erechim e de municípios da Região; dentre eles: Benjamin Constant do Sul, Três Arroios,

Itatiba do Sul, Severiano de Almeida, Campinas do Sul, Jacutinga, Aratiba, Áurea, São

Valentin, Barão de Cotegipe e Paulo Bento.

A participação nas Oficinas de Formação Continuada representa, para um grande

número deles, a única forma de atualização na área. É importante ressaltar que a participação

nas Oficinas é facultativa, embora seja aberta a todas as escolas públicas, municipais e

estaduais, de Ensinos Fundamental e Médio, da cidade de Erechim e da Região.

Quanto à formação acadêmica, a maioria dos sujeitos realizou Curso de Graduação em

Licenciatura em Matemática, na mesma instituição em que participam das Oficinas. Dos que

cursaram Pós-Graduação, Lato Sensu, também foi nessa mesma instituição, devido à sua

localização privilegiada e tradição na formação de Professores de Matemática, na Região, nos

níveis de Graduação e Pós-Graduação, Lato Sensu, há 40 anos.

6.2 MÍDIAS UTILIZADAS NA PRÁTICA: O EMULADOR DA CALCULADORA HP-12C

E A PLANILHA EXCEL

O Emulador da Calculadora HP-12C, $12C++, da Wave Software, apresenta na tela do

computador o teclado e menus da Calculadora HP-12C, com a opção de visualização de

algumas operações que a calculadora executa internamente, as quais apenas estariam

disponíveis no manual do usuário. Além disso, esse Emulador está disponível para download,

34

na internet, por meio do site <http://jetoo.org/utilidades.html>, e pode ser instalado facilmente

em qualquer computador que utilize o sistema Windows.

A Calculadora HP-12C, muito conhecida também como Calculadora Financeira,

utiliza uma linguagem especial chamada Notação Polonesa Reversa (RPN). Por meio dessa

linguagem, informa-se o primeiro número seguido da tecla Enter; posteriormente, o segundo

número e, por último, a operação desejada. Aliada a isso, a capacidade de memória que a

Calculadora HP-12C possui, com quatro compartimentos que armazenam dados para efetuar

operações, na resolução de uma expressão matemática, permite que o usuário defina a

prioridade dos operadores, seguindo a lógica de operações convencionalmente adotada, sem a

necessidade de utilizar parênteses, colchetes ou chaves. Além de cálculos financeiros, essa

calculadora permite a realização de alguns cálculos na área de Estatística.

A Planilha Excel, programa integrante do pacote Office, que é utilizada por empresas,

instituições financeiras e educacionais, no controle administrativo e financeiro,

principalmente em situações que envolvem grande quantidade de cálculos, foi escolhida para

este trabalho, tendo em vista a facilidade de acesso e familiarização que apresenta, permitindo

o estudo de diversos assuntos na área de Matemática.

Dentre os variados recursos que a Planilha apresenta, destaca-se a possibilidade de

descrever a(s) estratégia(s) de resolução de um problema, fazendo uso de fórmulas e

operações variadas. Permite, também, realizar a cópia de fórmulas de uma célula para outra,

com preservação das propriedades do cálculo, a combinação de valores contidos nas células e

a seleção de dados para construção de gráficos.

Quanto ao uso da Planilha concorda-se com Leme (2007), quando destaca que o usuário

tem a possibilidade de organizar e descrever suas estratégias de resolução, testar suas hipóteses,

aprová-las ou reprová-las, modificar parâmetros e refletir sobre os resultados obtidos.

Os recursos, oferecidos pelas mídias apresentadas, estão de alguma forma presentes na

rotina diária de diversas instituições, escolas e empresas. Sendo assim, é imprescindível que

os professores conheçam tais potencialidades de modo a utilizá-las no ensino de Matemática

Financeira, por exemplo, não especificamente em um sentido utilitarista (estudar a tecnologia

pelo fato de permearem a vida) mas, proporcionando o que Borba e Penteado (2005) chamam

de “alfabetização tecnológica” dos seus estudantes, pois, para os autores, essa é considerada

tão importante quanto a alfabetização em língua materna e Matemática.

35

6.3 A COLETA, A ORGANIZAÇÃO E A ANÁLISE DOS DADOS

A coleta dos dados foi realizada a partir de três instrumentos11 compostos de

questões relacionadas ao tema de pesquisa (respondidos pelos sujeitos no decorrer das

Oficinas) e de observações registradas em um diário de campo.

Os dados qualitativos são vistos por Goldenberg (1999, p. 53) como:

[...] descrições detalhadas de situações com o objetivo de compreender os indivíduos em seus próprios termos. Como não são padronizáveis como os dados quantitativos, obrigam o pesquisador a ter flexibilidade e criatividade no momento de coletá-los e analisá-los [...].

Com relação aos instrumentos de coleta de dados, mais especificamente, o

questionário, Cervo e Bervian (2002) ressaltam que é a forma mais utilizada para coletar

dados, porque possibilita obter, com exatidão, o que se deseja, a partir de um conjunto de

questões relacionadas com um problema central.

As principais vantagens da utilização do questionário são apontadas por autores como

Barros e Lehfeld (1990); Marconi e Lakatos (1991, 1996, 2006); Gil (1999); Goldenberg

(1999); Dencker e Da Viá (2001); Silva e Menezes (2001); Cervo e Bervian (2002) e Fachin

(2003). Dentre as características apontadas pelos autores, destaca-se que, por ser de natureza

impessoal, o questionário facilita a coleta de dados, uma vez que pode abranger um número

maior de sujeitos, sem a presença do pesquisador, e que, ao primar pelo anonimato, contribui

para que o sujeito se sinta à vontade e forneça respostas sinceras e livres de constrangimento.

A observação também foi um dos instrumentos de coleta de dados. Autores como

Marconi e Lakatos (1991, 1996, 2006); Gil (1999); e Chizzotti (2001) parecem concordar em

que se trata de uma técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos na obtenção de

determinados aspectos da realidade, não consistindo apenas em ver e ouvir, mas também em

examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar.

Já Lüdke e André (1986) consideram que a observação possibilita um contato pessoal

e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado e que, na medida em que acompanha as

experiências diárias dos sujeitos, tem a possibilidade de apreender a sua visão de mundo, isto

é, o significado que estes atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações. Nesse

trabalho, a observação possibilitou o reconhecimento de alguns aspectos que permitiram

avaliar a prática desenvolvida em cada Oficina.

11 Os instrumentos aplicados para a coleta dos dados encontram-se disponíveis nos Apêndices I, II e III.

36

Além da observação, a coleta dos dados buscou conhecer o perfil do grupo, por meio

do instrumento apresentado no (APÊNDICE A), que foi respondido na primeira Oficina. Os

demais instrumentos (APÊNDICES B e C) foram respondidos, no decorrer das outras

Oficinas, e continham questões a respeito das opiniões dos docentes quanto à utilização das

mídias, já referenciadas, para o ensino e aprendizagem de Matemática Financeira.

Os dados obtidos, a partir dos instrumentos e das observações anotadas no diário de

campo, foram organizados em quatro categorias de análise12. As categorias foram constituídas

a partir dos instrumentos, tendo por base os objetivos e a questão norteadora da investigação.

Segundo Gil (1999), agrupar as respostas dos sujeitos em categorias facilita que sejam

adequadamente analisadas, já que são muito variadas. Nesse sentido, Barros e Lehfeld (1990)

ressaltam que a classificação se define como uma maneira de distribuir e selecionar os dados

obtidos na fase de coleta, reunindo-os em classes ou grupos, conforme os objetivos e

interesses da pesquisa.

A organização dos dados em categorias permitiu a classificação e a análise,

considerando-se a diversidade de respostas obtidas a partir dos instrumentos de coleta. Isso

pode ser confirmado por Lüdke e André (1986), ao destacarem que a classificação e

organização dos dados implicam a preparação de uma fase mais complexa do trabalho: a

análise. Para eles, a categorização, por si só, não esgota a análise, exigindo que o pesquisador

ultrapasse a mera descrição, buscando acrescentar algo à discussão já existente sobre o

assunto.

Com os dados coletados e organizados em categorias, encaminharam-se a análise e

interpretação. O objetivo, nessa fase da investigação, de acordo com Barros e Lehfeld (1990),

foi classificar e codificar as observações realizadas e os dados obtidos.

Quanto à análise e à interpretação, para Gil (1999), apesar de, conceitualmente,

distintas, elas estão estreitamente relacionadas. Na visão desse autor:

[...] a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos (GIL, 1999, p. 168).

Nesse estudo, quando se analisaram os dados organizados em categorias, buscaram-se

respostas para a pergunta e objetivos da pesquisa. A interpretação dos dados considerou os

12 As categorias serão apresentadas na Seção 8.

37

autores estudados na revisão teórica e procurou identificar a relação entre as opiniões dos

sujeitos com a Formação de Professores e a inserção de tecnologias informáticas na sala de

aula.

Isso pode ser visto em Barros e Lehfeld (1990), quando destacam que analisar

significa buscar o sentido mais explicativo dos resultados da pesquisa. Para pesquisas com

ênfase na abordagem metodológica qualitativa, significa leitura e decomposição de

depoimentos obtidos. Assim, a interpretação é a capacidade de se voltar à síntese dos dados,

entendendo-os em relação aos estudos já realizados, na mesma área, e quanto à busca de

respostas para a questão de pesquisa. A análise e interpretação dos dados assumiram, nessa

pesquisa, características de processos que se complementam e acontecem na totalidade.

38

7 PROPOSTA DE ENSINO

7.1 OFICINAS REALIZADAS

Nesta seção, apresenta-se a Proposta de ensino desenvolvida durante as Oficinas

Permanentes de Formação Continuada com Professores de Matemática.

As seis Oficinas de Matemática Financeira centraram-se na discussão e resolução de

problemas matemáticos sobre Porcentagem, Juros Simples e Compostos, trabalhados com o

Emulador da Calculadora HP-12C e com a Planilha Excel, totalizando seis Oficinas, com

duração de duas horas e trinta minutos, cada uma, desenvolvidas no período de março a

agosto de 2008.

Na primeira Oficina, exploraram-se comandos e funções básicas da Calculadora HP-

12C e da Planilha Excel, resolvendo algumas atividades que possibilitaram a familiarização

dos sujeitos com os dois softwares.

A partir da segunda até a sexta Oficina, realizou-se um trabalho prático com a

resolução de problemas de aplicação, envolvendo conceitos de Porcentagem, Juros Simples e

Compostos, oportunizando aos sujeitos conhecer as potencialidades e possibilidades de uso do

Programa da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel para o ensino e aprendizagem dos

referidos tópicos.

O trabalho contou, primeiramente, com a interpretação de cada problema, reflexão e

discussão de estratégias que deveriam ser adotadas para sua resolução. Feito isso, a professora

pesquisadora conduziu o trabalho, tendo em vista a(s) estratégia(s) de resolução, a partir do

Emulador da Calculadora HP-12C e, posteriormente, da Planilha Excel.

Os problemas de Porcentagem e Juros Simples necessitaram de mais tempo para serem

desenvolvidos (duas Oficinas). Esses assuntos foram discutidos nas primeiras Oficinas e,

talvez, a falta de prática por parte dos professores, principalmente quanto ao manuseio da

calculadora, demandou um maior tempo.

Para otimizar o tempo de resolução dos problemas a serem resolvidos na Planilha

Excel, o design das planilhas foi previamente discutido, tendo em vista a familiarização com o

programa. Convém ressaltar que a resolução dos problemas na Planilha Excel, mais

especificamente, aqueles que abordaram Juros Compostos, contemplou o momento do

desenvolvimento da estratégia comum, discutida com os sujeitos e, posteriormente, os

mesmos problemas foram resolvidos com o auxílio das fórmulas fornecidas pelo Programa.

39

Na sequência, apresentam-se as atividades desenvolvidas com os professores em cada

uma das seis Oficinas, destacando seus objetivos, dinâmica adotada e avaliação do trabalho

realizado em cada uma delas.

7.1.1 Oficina I

Conhecendo a Calculadora HP-12C e a Planilha Excel

1) Objetivos:

- Explorar comandos da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel.

- Resolver atividades, utilizando funções e operações básicas da Calculadora HP-

12C e da Planilha Excel.

- Identificar semelhanças e diferenças existentes entre os dois softwares para

cálculos financeiros.

2) Dinâmica:

Primeiramente, realizou-se uma explanação sobre algumas potencialidades das mídias

que seriam utilizadas durante as Oficinas.

Após um breve contato com a Calculadora HP-12C, os professores resolveram

atividades, utilizando esse Software. Posteriormente, conheceram funções da Planilha Excel e

foram desafiados a resolver as atividades trabalhadas com a Calculadora, agora usando a

Planilha. Dessa forma, ao final da Oficina, após a familiarização com os dois programas, os

professores puderam conhecer um pouco do trabalho que seria desenvolvido durante as

Oficinas de Matemática Financeira.

40

3) Desenvolvimento:

Funções e Operações Básicas da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel 13

3.1) Conhecendo a Calculadora HP-12C

Figura 1 – Tela do Emulador da Calculadora HP-12C

Os principais setores da Calculadora HP-12C e suas respectivas funções são:

1 - Setor de entrada de dados:

Algarismos de 0 a 9, a tecla ponto e a tecla ENTER.

2 - Setor de operações básicas:

Teclas +, - , × , ÷ .

13Adaptado do livro GIMENES, C. M. Matemática Financeira com HP-12C e Excel: uma abordagem descomplicada. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 32-66.

2 - Setor de Operações Básicas

5 - Setor de Porcentagem

Setor de Potência e

3 - Setor de Limpeza

1 - Setor de Entrada de Dados

4 - Setor Financeiro

6 – Setor de Potência e Raiz

41

3 - Setor de Limpeza:

CLx: limpa apenas o visor.

f REG: limpa todas as memórias da calculadora.

f FIN: limpa as memórias financeiras (n, i, PV, PMT , FV).

f ∑ : limpa as memórias estatísticas.

f PRGM: limpa as linhas de programação.

f PREFIX: limpa os prefixos: f, g, Sto, Rcl.

4 - Teclas do Setor Financeiro:

n: número de períodos.

i: taxa de juros da operação.

PV: valor presente, capital, valor aplicado.

PMT: valor periódico dos pagamentos/recebimentos.

FV: valor futuro, valor final ou de resgate, montante acumulado.

5 - Teclas do Setor de Porcentagem:

%T: calcula o percentual de um valor em relação ao total.

∆%: calcula a variação percentual.

%: calcula percentuais.

6 - Teclas de Potenciação e Raiz:

xy : eleva uma base “y” a um número “x”.

1/X: calcula o inverso de um número.

3.1.1) Primeiros passos

a) Ligando e desligando: a HP-12C pode ser ligada ou desligada, pressionando-se a tecla ON.

Neste programa, a calculadora apresenta a tecla OFF para sair do programa.

b) O teclado: muitas teclas da HP-12C executam mais de uma função. A indicação em preto,

na parte superior da tecla, é a função principal da tecla. As funções secundárias são acionadas

de acordo com sua cor. A tecla PV, por exemplo, apresenta duas funções secundárias. A

função NPV (amarela) é acionada pela tecla f. A função CFo é acionada pela tecla g (azul).

42

Portanto, as funções em laranja são acionadas pela tecla f, e as funções em azul, pela tecla g.

As teclas dos números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, por exemplo, apresentam apenas uma função

secundária.

Nota: Na calculadora original, as cores das funções secundárias são laranja e azul. A função

principal das teclas é representada pela cor branca.

c) Configuração das casas decimais: para alterar o número de casas decimais, pressione a tecla

f, seguida da tecla que contém o número de casas desejado. Exemplo: pressionando a tecla f e

o algarismo 2, o visor mostrará 0,00.

d) Números negativos: para trocar o sinal de um número diferente de zero, pressione a tecla

CHS14. Exemplo: 8 CHS resultará no visor em - 8.

e) Apagando um número do visor: um número pode ser apagado do visor ao se utilizar a tecla

CLx .

f) Armazenando um número na memória: durante uma operação, pode ser necessário que

algum número seja gravado na memória para ser utilizado posteriormente. A HP-12C permite

que valores sejam armazenados nas teclas de 0 a 9. Para armazenar um número, tecle Sto15 e

em seguida, uma das teclas de 0 a 9. A recuperação desse valor é feita, pressionando-se a tecla

Rcl16, seguida da tecla de 0 a 9, escolhida para gravá-lo.

g) Apagando todos os registros: além dos números, armazenados intencionalmente no

decorrer das operações, a HP-12C armazena automaticamente alguns números. Ao iniciar

qualquer cálculo, sempre acione f REG (função secundária da tecla CLx ) para que todo

registro seja apagado. Tome isso por hábito.

h) Como efetuar alguns cálculos na HP-12C: a calculadora HP-12C utiliza uma linguagem

especial, chamada Notação Polonesa Reversa (RPN). Conforme informações disponíveis no

site da Hewlett-Packard (HP), esse método foi desenvolvido, em 1920, por Jan Lukasiewicz,

como uma forma de escrever expressões matemáticas sem usar parênteses e colchetes. Em

14 Segundo Zentgraf (1994), essa sigla é proveniente da expressão inglesa Change Sign que significa troca de sinal. 15 Segundo Zentgraf (1994), o nome da tecla STO deriva de STORE que significa armazenar. 16 Segundo Zentgraf (1994), RCL provém de RECALL que significa recuperar.

43

1972, a Hewlett-Packard percebeu que o método de Lukasiewicz era superior a expressões

algébricas-padrão e adaptou o RPN para sua primeira calculadora científica de mão: a HP35.

Para efetuar um cálculo como, por exemplo, 5 + 3 =, com calculadoras que utilizam o

sistema algébrico, tecla-se um número, depois a operação desejada, após o segundo número e

manda-se a máquina executar a conta, apertando a tecla “=“. Para realizar esse mesmo cálculo

na HP-12C, que utiliza o sistema RPN, informa-se o primeiro número, seguido da tecla Enter,

após se introduz o segundo número e, por último, a operação desejada. Isso significa que,

primeiramente, o usuário informa os números e, depois, a operação que deseja efetuar.

Na resolução de uma expressão matemática, com a Calculadora HP-12C, é o usuário

que define a prioridade dos operadores, seguindo a lógica de operações convencionalmente

adotadas, sem utilizar parênteses, colchetes ou chaves. Isso só é possível devido à capacidade

de memória que a Calculadora HP-12C possui, com quatro compartimentos que armazenam

dados para efetuar operações, tendo, por isso, vantagem sobre outros tipos de calculadoras

que possuem apenas dois compartimentos para esse fim.

i) Atividades propostas:

a) 7 + 5 =

Teclas 7 Enter 5 +

Visor 7, 7,00 5, 12

b) ((2,7 + 4) ×2)/5 =

Teclas 2.7 Enter 4 + 2 × 5 ÷

Visor 2,7 2,70 4, 6,7 2, 13,40 5, 2,68

c) 25 =

Teclas 2 Enter 5 xy

Visor 2, 2,00 5, 32,00

d) ln5,23 =

Teclas 5.23 Enter g LN

Visor 5,23 5,23 5,23

g

1,65

44

e) 2

1

16=16 =

Teclas 16 Enter 2 1/x xy

Visor 16, 16,00 2, 0,50 4,00

f) Variação percentual de preços de produtos de R$ 120,00 para R$135,00.

Teclas 120 Enter 135 %∆

Visor 120, 120,00 135, 12,50

g) Quanto por cento R$ 36,00 equivale de R$ 480,00?

Teclas 480 Enter 36 %T

Visor 480, 480,00 36, 7,50

h) 33% de R$ 130,00 =

Teclas 130 Enter 33 %

Visor 130, 130,00 33, 42,90

Nota: Para realização dos cálculos, além de clicar com o mouse sobre as teclas desejadas,

pode-se usar o teclado do computador para os algarismos, operações, tecla ENTER e %.

45

3.2) Conhecendo a Planilha Excel

Figura 2 - Tela da Planilha Excel

Os principais setores da Planilha Excel são:

1 – Barra de título do documento

2 – Barra de menus

3 – Barra de ferramentas

4 – Barra de fórmulas

5 – Linhas e colunas

3.2.1) Primeiros passos

a) Como efetuar cálculos na Planilha Excel:

As operações são realizadas por meio de fórmulas que, por sua vez, utilizam as células

e alguns comandos como referência.

1

4

2

5

3

46

b) Principais operadores matemáticos:

Qualquer que seja a operação pretendida, esta somente pode ser realizada após a

introdução de uma fórmula na célula desejada. De um modo geral, uma fórmula pode

executar operações básicas, comparar valores e combinar valores e funções.

c) Mensagens de Erros do Excel:

Dependendo da maneira como você escreve a fórmula, o Excel pode exibir mensagens

no local onde seriam inseridos os resultados dos cálculos. Essas mensagens são iniciadas pelo

símbolo sustenido (#), escritas em letras maiúsculas e, geralmente, encerradas por um ponto

de exclamação (!). Uma vez detectado um valor de erro em uma fórmula, você terá que

descobrir o que causou o erro e editar a fórmula.

Erro Causa

#DIV/0! Aparece quando a fórmula solicita uma divisão por uma célula que contém um valor

zero (0), ou mais comum, que estiver vazia.

#NOME? Nome não reconhecido (o nome de área não foi definido, ou a função foi digitada erroneamente).

#NULO! Aparece com freqüência, quando se insere um espaço (onde deveria usar um ponto e vírgula) para separar referências de células usadas como argumento.

#NUM! Aparece quando o Excel detecta um problema em um número de uma fórmula, como argumento incorreto ou uma função do Excel.

#REF! Aparece quando o Excel encontra uma referência de célula inválida, como quando você exclui uma célula que fazia referência em uma fórmula.

#VALOR Aparece quando se usa um argumento ou operador incorreto em uma função, ou quando você solicita uma operação matemática que solicita células que contêm texto.

########## Célula pequena para visualização do valor.

Símbolo Definição

= Igual

+ Adição

- Subtração

* Multiplicação

/ Divisão

^ Potenciação

% Porcentagem

47

d) Operações que NÃO envolvem a combinação entre células:

Aqui os cálculos são realizados somente com valores que podem ser digitados junto

com a fórmula, não havendo referência a outras células envolvidas.

Importante: O sinal = (igual) deve ser digitado na célula antes de qualquer operação.

e) Atividades propostas:

f) Operações que envolvem a combinação entre células:

As operações anteriores também poderiam ser resolvidas, estando cada um dos valores

em células diferentes. Para exemplificar, escolheu-se a atividade b.

4) Avaliação:

Nessa primeira Oficina, observou-se que alguns professores tiveram dificuldades

iniciais quanto ao manuseio do teclado da calculadora. Com isso, sentiu-se a necessidade de

mudar algumas estratégias para a Oficina seguinte.

Mesmo apresentando essas dificuldades, de um modo geral, eles mostraram-se

interessados em conhecer a Calculadora HP-12C, participando com questionamentos a cada

informação nova que surgia. Depois da familiarização com a Calculadora HP-12C, alguns se

arriscavam a fazer cálculos, cujo resultado conheciam, como forma de comprovar se estavam

entendendo a linguagem da calculadora.

48

Com a Planilha Excel, as dificuldades apresentadas foram menores. Alguns

comentaram que já haviam trabalhado com a Planilha e, portanto, já estavam acostumados

com a introdução de fórmulas.

De um modo geral, pode-se dizer que os professores participantes estavam motivados,

interessados e abertos a inovações que as tecnologias trazem, para um trabalho voltado à

Matemática Financeira.

7.1.2 Oficina II

Estudando Porcentagem com a Calculadora HP-12C e com a Planilha Excel

1) Objetivos:

- Resolver problemas de Porcentagem, utilizando as funções da Calculadora HP-12C e

as da Planilha Excel.

- Explorar diferentes formas de resolução de um problema, usando a Calculadora HP-

12C e a Planilha Excel.

2) Dinâmica:

Na segunda Oficina, os estudos centraram-se em problemas que envolviam cálculos de

Porcentagem em impostos, como do INSS e do Imposto de Renda. Inicialmente, ocorreu a

leitura dos problemas propostos, e a professora pesquisadora questionou os sujeitos a respeito

das estratégias que utilizariam para a solução de cada problema, sem fazer uso de calculadoras

ou softwares computacionais.

Dentre as respostas, a mais frequente foi a de que tomariam o valor do salário de cada

trabalhador e, com base na tabela de desconto de INSS, multiplicariam pela taxa, obtendo,

assim, o valor a ser descontado de INSS. Para o cálculo do IR, responderam que o

procedimento seria análogo. Após discussão, a professora pesquisadora complementou

orientando sobre os aspectos que são considerados para a realização desses descontos.

Posteriormente, os sujeitos foram orientados quanto aos procedimentos necessários

para a implementação desses cálculos com a Calculadora HP-12C, utilizando as funções

específicas para cálculos de Porcentagem, como também usando estratégias comuns a estes.

Finalizando o trabalho com a calculadora, os mesmos cálculos foram realizados na Planilha

Excel.

49

3) Desenvolvimento:

3.1) Problemas de aplicação17

1. Todos os meses os trabalhadores, vinculados ao Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS), pagam uma alíquota para esse instituto, proporcional, ao seu salário bruto. Quem

trabalha com Carteira assinada automaticamente está filiado à Previdência Social. Autônomos

em geral e os que prestam serviços temporários podem se inscrever e pagar como

contribuintes individuais. Aqueles que não têm renda própria, como estudantes, donas de casa

e desempregados, podem ser segurados e pagar como contribuintes facultativos. Observe a

Figura abaixo.

Figura 3 – Tabela de contribuição INSS Fonte: Jornal Zero Hora, 10 mar. 2008, p.20

A partir da tabela anterior, pode-se calcular o valor que um trabalhador, vinculado ao

INSS paga mensalmente.

a) Qual é o valor da contribuição para uma pessoa que recebe um Salário Mínimo nacional de

R$ 415,00?

b) Qual é o valor da contribuição para uma pessoa que recebe um Salário Bruto de R$

1.650,00?

c) Qual é o valor da contribuição para uma pessoa que recebe um Salário Bruto de R$

2.700,00?

d) Qual é o valor da contribuição para uma pessoa que recebe um Salário Bruto de R$

6.184,20?

17 A resolução das letras a, b c e d do Problema 1 ocorreu simultaneamente com a resolução das letras a e b do Problema 2, na HP-12C e na Planilha Excel. Esse procedimento foi adotado, tendo em vista que o cálculo do Imposto de Renda ocorre sobre o valor do salário parcial (nesse caso, após o desconto do INSS).

Tabela de contribuição INSS para trabalhadores assalariados

Salário de contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

até R$ 868,29 8

de R$ 868,30 a R$ 1.447,14 9

de R$ 1.447,15 até 2.894,28 11

50

2. Além da contribuição paga ao INSS, o trabalhador contribui com o Imposto de Renda

Retido na Fonte. A tabela, abaixo, foi usada para desconto de Imposto de Renda mensal no

ano de 2007. Em janeiro de 2008, ocorreu uma correção da tabela de 4,5%.

A parcela a deduzir é o valor que se deve descontar do valor a ser pago por meio da

alíquota.18.

Figura 4 – Tabela de Imposto de Renda Fonte: Jornal Zero Hora, 10 de março de 2008. p. 20.

A partir das informações acima, resolva as questões abaixo:

a) A partir da tabela do INSS e da tabela do Imposto de Renda, calcule o salário líquido

parcial dos trabalhadores cujos salários estão informados no exercício 1 (letras a, b, c, d).

b) Calcule a redução percentual parcial que cada trabalhador teve em seu salário, a partir dos

descontos de INSS e Imposto de Renda.

Solução para os problemas 1 e 2 com a HP-12C19

a) Valor Salário: R$ 415,00

HP-12C Valor

Salário

Alíquota

INSS Contribuição INSS Salário Líquido Parcial Redução Percentual

Teclas 415 Enter 8 % - 415 x><y %∆

Visor 415, 415,00 8, 33,20 381,80 415, 381,80 - 8

18 Adaptado do livro PARENTE, E. A. M. Matemática Comercial e Financeira. São Paulo: FTD, 1996, p. 69. 19 É importante lembrar que, antes de iniciar um novo cálculo, é necessário limpar a memória da calculadora, teclando f REG, para que valores já armazenados na memória não influenciem os resultados.

Imposto de Renda – 2008

Tabela da Receita Federal para cálculo do IR em março

Base de Cálculo Alíquota (%) Parcela a deduzir (R$)

Até R$ 1.372,81 - Isento

De R$ 1.372,82 até R$ 2.743,25 15 205,92

Acima de R$ 2.743,25 27,5 548,82

Deduções: R$ 137,99 por dependente; R$ 1.372,81 por aposentadoria ou pensão, paga por Previdência

pública ou privada, a segurada com 65 anos ou mais; pensão alimentícia integral; contribuição para o

INSS. Sobre o resultado, aplique a alíquota e subtraia a parcela a deduzir.

51

b) Valor Salário: R$ 1.650,00

HP-12C Valor Salário Contribuição

INSS

Salário Líquido

Parcial

Alíquota

IR

Parcela a

deduzir

Contribuição

IR

Teclas 1650 Enter 11 % - 15 % 205.92 -

Visor 1.650, 1.650,00 11, 181,50 1468,50 15, 220,28 205,92 14,36

HP-12C

Salário

Líquido

Parcial

Redução

Percentual

Teclas - 1650 x><y %∆

Visor 1.454,15 1.650, 1.454,15 -11,87

c) Valor Salário: R$ 2.700,00

HP-12C Valor Salário Contribuição

INSS

Salário Líquido

Parcial

Alíquota

IR

Parcela

a deduzir

Contribuição

IR

Teclas 2700 Enter 11 % - 15 % 205.92 -

Visor 2.700, 2.700,00 11, 297,00 2.403,00 15, 360,45 205,92 154,53

HP-12C Salário Líquido Parcial Redução

Percentual

Teclas - 2700 x><y %∆

Visor 2.248,47 2.700, 2.248,47 -16,72

d) Valor Salário: R$ 6.184,20

HP-12C Contribuição máxima

INSS Valor Salário Salário Líquido Parcial Alíquota IR

Teclas 2894.20 Enter 11 % 6184.20 x><y - 27.5 %

Visor 2894,20 2.894,20 11, 318,36 6.184,20 318,36 5.865,84 27,5 1.613,11

HP-12C

Parcela

a

deduzir

Contribuição IR Salário Líquido Parcial Redução Percentual

Teclas 548.82 - - 6184.20 x><y %∆

Visor 548,82 1.064,29 4.801,55 6184,20 4.801,55 - 22,36

52

Solução para os problemas 1 e 2 com a Planilha Excel

4) Avaliação:

Nessa segunda Oficina, optou-se por acompanhar, mais individualmente, o trabalho de

cada professor. Como alguns professores estavam integrando-se ao Grupo naquele momento,

foi preciso avançar a um ritmo mais lento, para que todos pudessem acompanhar.

Os professores apresentaram dificuldades de resolução dos problemas, quando

estavam utilizando a Calculadora HP-12C, mais do que quando estavam utilizando a Planilha

Excel, porque tentavam resolver os problemas, aplicando procedimentos válidos para

calculadoras que não possuem a mesma linguagem da Calculadora HP-12C, evidenciando,

assim a não familiaridade dos docentes com calculadoras financeiras.

Os problemas propostos possibilitaram a abertura de um espaço para discussão sobre a

cobrança e pagamento de Impostos, tema muito presente na realidade vivida pelos

professores, o que promoveu uma análise mais crítica das situações apresentadas.

7.1.3 Oficina III

Estudando Porcentagem com a Calculadora HP-12C e com a Planilha Excel

1) Objetivos:

- Explorar conceitos de descontos, acréscimos, lucro sobre o custo e sobre a venda, e

percentuais de um valor sobre um total, na resolução de problemas de aplicação.

- Identificar novas funções da Calculadora HP-12C e novos procedimentos da Planilha

Excel.

53

2) Dinâmica:

Nessa Oficina, seguiu-se a mesma dinâmica adotada para a anterior. Foi combinado

com os professores que, primeiramente, acompanhariam os procedimentos que estavam sendo

utilizados e, após, colocariam em prática, individualmente.

3) Desenvolvimento:

3.1) Problemas de aplicação

1. No início do outono, um lojista diminuiu em 10% o preço de um ventilador que custava R$

100,00. Na liquidação de inverno, o mesmo ventilador sofreu outro desconto, também de

10%. Qual foi o preço do ventilador na liquidação?20

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo do primeiro desconto Cálculo do segundo

desconto

Cálculo da variação

percentual

Teclas 100 Enter 10 % - 10 % - 100 x><y %∆

Visor 100, 100,00 10, 10,00 90,00 10, 9,00 81,00 100, 81,00 -19,00

Solução com a Planilha Excel

2. Uma loja de confecções decidiu reajustar em 10% os preços dos casacos de lã que

custavam R$100,00. Depois de certo período, o lojista resolveu reajustar, novamente, o preço

dos casacos em 10%.Qual o preço de venda após os dois reajustes?

20 Adaptado do livro ANDRINI, A. Praticando Matemática. 5ª série. São Paulo: Editora do Brasil, 2002, p. 227.

54

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo do primeiro acréscimo Cálculo do segundo

acréscimo

Cálculo da variação

percentual

Teclas 100 Enter 10 % + 10 % + 100 x><y %∆

Visor 100, 100,00 10, 10,00 110,00 10, 11,00 121,00 100, 121,00 21,00

Solução com a Planilha Excel

3. Duas lojas diferentes vendem exatamente o mesmo produto. Na loja A, o produto custa R$

50,00 e na loja B, R$ 55,00. Se a loja A oferece um desconto de 3% para pagamento à vista e,

na loja B, o desconto é de 10%, qual é a alternativa mais vantajosa para um cliente disposto a

comprar à vista?

Solução com a HP-12C

Loja A:

HP-12C Cálculo do desconto

Teclas 50 Enter 3 % -

Visor 50, 100,00 3, 1,50 48,50

Loja B:

HP-12C Cálculo do desconto

Teclas 55 Enter 10 % -

Visor 55, 55,00 10, 5,50 49,50

55

Solução com a Planilha Excel

Conclusão: A loja A oferece melhores vantagens.

4. O preço de custo de determinado produto é de R$ 30,00, e este está sendo vendido por R$

48,00.

a) Qual é o lucro do comerciante?

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo do lucro

Teclas 48 Enter 30 -

Visor 48, 48,00 30, 18,00

b) Qual é o percentual de lucro sobre o preço de custo?

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo do percentual de lucro sobre o preço de custo

Teclas 30 Enter 18 %T

Visor 30, 30,00 18, 60,00

c) Qual o percentual de lucro sobre o preço de venda? 21

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo do percentual de lucro sobre o preço de venda

Teclas 48 Enter 18 %T

Visor 48, 48,00 18, 37,50

21 Adaptado do livro PAIVA, M. R. Matemática: conceitos, linguagem e aplicações. São Paulo: Moderna, 2002, p. 35. v. 2.

56

Solução com a Planilha Excel

5. Uma pesquisa de opinião consultou 2.800 eleitores quanto à sua preferência em relação aos

candidatos à Prefeitura de uma cidade: 635 pessoas entrevistadas declararam seu voto ao

candidato A; 490, ao candidato B; 420, ao candidato C e as restantes, ao candidato D.

Calcule a porcentagem de votos de cada candidato 22:

Solução com a HP-12C

Percentual de votos do candidato A

Teclas 2800 Enter 635 %T Candidato A

Visor 2.800, 2.800,00 635, 22,68

Percentual de votos do candidato B

Teclas CLX 490 %T Candidato B

Visor 0,00 490, 17,50

Percentual de votos do candidato C

Teclas CLX 420 %T Candidato C

Visor 0,00 420, 15,00

Percentual de votos do candidato D

Teclas 2800 Enter 635 - 490 - 420 - 2800

Visor 2800, 2800,00 635, 2165,00 490, 1675,00 420, 1255,00 2800,

Teclas x><y %T

Candidato D

Visor 1.255,00 44,82

22 Ibid., p. 36.

57

Solução com a Planilha Excel

6. Um valor líquido de R$ 1.800,00 destina-se ao pagamento das contas, de uma família

composta por 4 pessoas, da seguinte forma:

Despesas Percentual Valor gasto Supermercado 22% Luz, água, gás e telefone 12% 216,00 Vestuário 6% 108,00 Aluguel 324,00 Combustível ou transporte 12% Diversão 180,00 Sobra para eventuais gastos 20% Total 100% 1800,00

Complete a tabela e analise o percentual de gastos dessa família.

Solução com a HP-12C

Cálculo do valor gasto no supermercado

Teclas 1800 Enter 22 % Supermercado

Visor 1.800, 1.800,00 22, 396,00

Cálculo do percentual gasto com aluguel

Teclas CLX 324 %T Aluguel

Visor 0,00 324, 18,00

Cálculo do valor gasto com combustível ou transporte

Teclas CLX 12 % Combustível ou transporte

Visor 0,00 12, 216,00

58

Cálculo do percentual gasto com diversão

Teclas CLX 180 %T Diversão

Visor 0,00 180, 10,00

Cálculo do valor que resta para gastos eventuais

Teclas CLX 20 % Sobra para gastos eventuais

Visor 0,00 20, 360,00

Solução com a Planilha Excel

4) Avaliação:

Nessa Oficina, observou-se que os professores estavam mais familiarizados com o

funcionamento da Calculadora HP-12C.

A utilização do projetor multimídia e a participação de um professor, para o

desenvolvimento do trabalho passo a passo, no computador conectado ao projetor multimídia,

contribuíram na discussão da resolução dos problemas. Desse modo, os professores passaram

a apresentar mais segurança com o manuseio das tecnologias.

59

7.1.4 Oficina IV

Estudando Juros Simples com a Calculadora HP-12C

1) Objetivos:

- Resolver problemas, envolvendo o conceito de Juros Simples, com a Calculadora

HP-12C.

- Explorar uma sequência de comandos a serem seguidos, na resolução de cada

problema, com a Calculadora HP-12C.

2) Dinâmica:

Nessa Oficina, o uso da Calculadora HP-12C demandou um pouco mais de tempo,

devido às transformações de unidades de tempo e taxa, necessárias para que a calculadora

resolvesse corretamente o cálculo solicitado. Por isso, resolveram-se apenas os problemas

utilizando-se a Calculadora HP-12C. A resolução com a Planilha Excel é apresentada, nesse

momento; porém, ocorreu na Oficina V.

Os problemas envolveram situações de pagamento de boleto bancário, cálculo de

datas, empréstimo de dinheiro entre amigos, taxas de juros cobradas no atraso de prestações,

pagamento com entrada e cheque, e desconto de cheques pré-datados.

60

3) Desenvolvimento:

3.1) Problemas de aplicação23:

1. O documento que segue, é uma cobrança bancária correspondente ao mês de abril de 2008.

Figura 5 – Boleto de cobrança Fonte: Dados da pesquisa

a) Se o devedor efetuou o pagamento dessa parcela, no dia 30 de abril de 2008, qual foi o

valor pago?

Solução com a HP-12C

OBS: Para o cálculo de juros simples na HP-12C, a unidade de tempo deve ser em dias, e a

taxa, ao ano.

HP-12C Configuração casas

decimais Cálculo do número de dias entre as duas datas

Configuração casas

decimais

Teclas f 6 10.042008 Enter 30.042008 g DYS∆ f 2

Visor 0,00

f

0,000000 10,042008 10,042008 30,042008 30,042008

g

20,000000 20,000000

f

20,00

23 Problemas semelhantes aos de número 1 e 5 são apontados por Gimenes (2006), como problemas de aplicação real ao cotidiano. Considera-se que os demais problemas também relatam situações cotidianas, embora geralmente sejam resolvidas por meio da capitalização composta.

61

HP-12C

Armazenamento

do tempo em

dias

Valor do

documento Cálculo da multa

Armazenamento do

valor da multa

Teclas n 470.15 Enter 2 % STO 1 x><y CHS

Visor 20,00 470,15 470,15 2, 9,40 9,40 9,40 470,15 - 470,15

HP-12C

Armazenamento

do valor do

documento

Cálculo da taxa anual Armazenamento

da taxa Cálculo dos juros

Valor do

documento

+ juros

Teclas PV 1 Enter 12 × i f INT +

Visor - 470,15 1, 1,00 12, 12,00 12,00 12,00

f

3,13 473,28

HP-12C Recuperação do valor da

multa

Valor

pago

Teclas RCL 1 +

Visor 473,28 9,40 482,69

b) Se o devedor atrasou o pagamento em n dias, pagando R$ 486,29, em que dia foi efetuado

o pagamento?24

Solução com a HP-12C

OBS: No cálculo do dias da semana, a HP-12C considera: 1 – Segunda-feira; 2 – Terça-feira;

3 – Quarta-feira; 4 – Quinta-feira; 5 – Sexta-feira; 6 – Sábado; 7 – Domingo.

HP-12C Cálculo do juro pago

Teclas 486.29 Enter 470.15 - 9.40 - Enter 470.15

Visor 486,29 486,29 470,15 16,14 9,40 6,74 6,74 470,15

HP-12C Cálculo do número de dias de atraso

Teclas Enter 1 % 6.74 x><y ÷ 30 ×

Visor 470,15 1, 4,70 6,74 4,70 1,43 30, 43,01

24 Os problemas 1 e 2 foram adaptados do livro PAIVA, M. R. Matemática: conceitos, linguagem e aplicações. São Paulo: Moderna, 2002, p. 37. v. 2.

62

HP-12C Cálculo do dia do pagamento

Teclas CLX f 6 10.042008 Enter 43 g DATE

Visor 0,00 0,00

f

0,000000 10,042008 10,042008 43, 43,

g

23.05.2008 5

Conclusão: O pagamento foi efetuado no dia 23/05/2008, numa sexta-feira.

Solução com a Planilha Excel

2. Uma pessoa tomou emprestado R$ 5.000,00 de um amigo, a uma taxa de 2% ao mês, para

pagamento no prazo de um ano. Qual o juro a ser pago no período do empréstimo? Qual será

o montante a ser devolvido?

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do valor

emprestado

Cálculo da taxa ao

ano

Armazenamento

da taxa

Armazenamento

do tempo

Teclas 5000 CHS PV 2 Enter 12 × i 360 n

Visor 5.000, - 5.000, - 5.000,00 2, 2,00 12, 24,00 24,00 360, 360,00

63

HP-12C Cálculo dos juros Cálculo do

montante

Teclas f INT +

Visor 360,00

f

1.200,00 6.200,00

Solução com a Planilha Excel

3. Uma pessoa atrasou em 15 dias o pagamento de uma prestação de R$ 180,00. Pelo atraso

no pagamento, pagou R$ 5,40 de juros. Qual foi a taxa de juros cobrada ao dia? 25

Solução com a HP-12C

HP-12C Valor do juro Cálculo da taxa diária cobrada

Teclas 5.40 Enter 180 Enter 15 × ÷ 100 ×

Visor 5,4 5,40 180, 180,00 15, 2.700,00 0,002 100, 0,20

25 Adaptado do livro ANDRINI, A. Praticando Matemática. 8ª série. São Paulo: Editora do Brasil, 2002, p. 225.

64

Solução com a Planilha Excel

4. O preço à vista de um fogão de 6 bocas, em determinada loja, é de R$ 480,00. O

pagamento pode ser efetuado com uma entrada de 25% e mais um cheque pré-datado de R$

381,60. Determine o prazo do cheque, sabendo que a taxa mensal de juros simples é de 4% ao

mês.

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo da entrada Valor

Financiado Cálculo do juro do período

Teclas 480 Enter 25 % - 381.60 x><y - Enter

Visor 480, 480,00 25, 120,00 360,00 381,60 360,00 21,60 21,60

HP-12C Cálculo do prazo do cheque em dias

Teclas 360 Enter 0.04 × ÷ 30 ×

Visor 360, 360,00 0,04 14,40 1,50 30, 45

65

Solução com a Planilha Excel

5. Um comerciante leva a um banco um cheque pré-datado, no valor de R$ 14.000,00, dois

meses antes do vencimento, para ser descontado à taxa de 1,8% a.m.

a) Qual o valor do desconto?

b) Qual o valor líquido recebido pelo comerciante?

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do valor do cheque Cálculo da taxa ao ano Armazenamento

da taxa

Armazenamento

do tempo em

dias

Teclas 14000 CHS PV 1.8 Enter 12 × i 60 n

Visor 14.000, - 14.000, -14.000,00 1,8 1,80 12, 21,60 21,60 60, 60,00

HP-12C Cálculo do desconto Valor líquido

Teclas f INT -

Visor 60,00

f

504,00 13.496,00

66

c) Qual a taxa de juros efetivamente cobrada pelo banco?26

Solução com a HP-12C

HP-12C Cálculo da taxa de juros efetiva

Teclas 504 Enter 13496 Enter 2 × ÷ 100 ×

Visor 504, 504,00 13.496, 13.496,00 2, 26.992,00, 0,02 100, 1,87

Solução com a Planilha Excel

4) Avaliação:

O fato de a Calculadora HP-12C possuir fórmulas para o cálculo de Juros Simples, as

quais necessitam de transformação das unidades de tempo e taxa, diferentemente dos

procedimentos convencionais, gerou certa rejeição por parte dos professores, pois, para eles, o

cálculo de Juros Simples, a partir da Calculadora HP-12C, torna-se muito trabalhoso,

dificultando o entendimento das estratégias de resolução dos problemas, principalmente, para

cálculo de Juros e Montante.

O problema que envolvia operações com datas, oportunizou-lhes conhecer as

potencialidades da Calculadora HP-12C para trabalhar com datas, despertando a curiosidade e

o interesse em resolver outras operações similares.

26 Adaptado do livro IEZZI, G. Fundamentos de Matemática Elementar. São Paulo: Atual, 2004, p.54. v. 11.

67

7.1.5 Oficina V

Estudando Juros Simples com a Planilha Excel

1) Objetivos:

- Efetuar operações de juros cobrados no Cheque Especial utilizando-se a Planilha

Excel.

- Discutir um exemplo de aplicação do Método Hamburguês.

- Identificar as Funções Lógicas da Planilha Excel.

- Diferenciar procedimentos utilizados para a resolução de problemas, de Juros

Simples, na Calculadora HP-12C e na Planilha Excel.

2) Dinâmica:

Nessa Oficina, ocorreu a resolução dos problemas sobre Juros Simples da Oficina IV e

do proposto para essa Oficina, somente utilizando-se a Planilha Excel.

A resolução do problema, proposto para essa Oficina, exigiu o estudo do Método

Hamburguês e das Funções Lógicas. Antes da resolução do problema, foram analisados e

discutidos os referidos tópicos para que, assim, os professores pudessem compreender melhor

os procedimentos e fórmulas utilizadas na resolução.

3) Desenvolvimento:

3.1) Problema de aplicação:

1. Uma conta-corrente, em um banco que cobra 11%, ao mês, de juros no Cheque Especial

apresentou o seguinte Extrato ao final do mês. Determine o quanto o correntista terá que

pagar de juros, referentes ao Cheque Especial, no mês corrente.27

27 Adaptado do livro GIMENES, C. M. Matemática Financeira com HP-12C e Excel: uma abordagem descomplicada. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 239.

68

Solução com a Planilha Excel

OBS: Para resolver esse problema, digite as colunas A, B, C e E e, para as demais, introduza fórmulas.

3.1.1) Método Hamburguês28

Segundo Vieira Sobrinho (2000), o método hamburguês foi muito difundido e

extremamente utilizado, no Brasil, na época em que os bancos pagavam juros sobre depósitos

à vista. Até recentemente, era utilizado também para o cálculo dos juros incidentes sobre os

saldos devedores das chamadas “contas garantidas”, cujo exemplo mais conhecido é o

“cheque especial”. Esse método apenas introduz uma simplificação nos cálculos de Juros

Simples, nos casos em que se tem uma única taxa de juros remunerando dois ou mais capitais,

aplicados por dois ou mais prazos diferentes.

28 Adaptado do livro VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática Financeira. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000, p.27.

69

Ex.: Calcular o valor dos juros referentes às aplicações dos capitais R$ 20.000,00, R$

10.000,00 e R$ 40.000,00, pelos prazos de 65 dias, 72 dias e 20 dias, respectivamente,

sabendo-se que a taxa considerada é de 25,2% ao ano.

Dados:

C1 = 20.000,00 C2 = 10.000,00 C3 = 40.000,00

n1 = 65 dias n2 = 72 dias n3 = 20 dias

i = 25,2% a.a. i = 25,2% a.a. i = 25,2% a.a.

J1 = ? J2 = ? J3 = ?

Como a taxa é mensal, e os prazos estão expressos em dias, trabalha-se com a taxa

diária que, no caso de Juros Simples, é obtida como segue:

Taxa diária = dia ao 0,07%ou 0,0007,360

0,252=

Solução: Jt = J1+ J2 + J3

Assim, o método hamburguês consiste, exatamente, em multiplicar a taxa diária pelo

somatório dos produtos dos diversos capitais pelos respectivos prazos.

Genericamente, pode-se escrever:

( )

∑=

××=

×++×+×=k

1tttdt

kk2211dt

nCiJ

nC...nCnCiJ

onde id = taxa diária e t = 1, 2, 3, …, k.

3.1.2) Funções Lógicas

O Excel tem um rico conjunto de funções lógicas que facilitam, consideravelmente, o

trabalho do usuário. A maioria dessas funções lógicas usa testes condicionais, para determinar

se uma condição especificada é verdadeira ou falsa. Um teste condicional é uma equação que

compara dois elementos quaisquer.

Os operadores relacionais do Excel são:

( ) ( ) ( )( )

974.1000.820.20007,0

20000.4072000.1065000.200007,0

200007,0000.40720007,0000.10650007,0000.20

=×=×+×+××=

××+××+××=

t

t

t

J

J

J

70

Os testes condicionais são usados no dia a dia. Ao falar “Colocarei dinheiro na

poupança se o salário for maior que as despesas”, está sendo utilizado um teste condicional,

aliado a uma estrutura de decisão. Acompanhe o exemplo abaixo:

Calcular o abono salarial para cada funcionário, sabendo que:

4) Avaliação:

Nesse encontro, trabalhou-se somente a resolução de um problema sobre Juros

Simples na Planilha Excel. O problema, selecionado para essa oportunidade, envolveu

conhecimentos a respeito do Método Hamburguês e sobre Funções Lógicas, tendo em vista o

acompanhamento do seu processo de resolução.

Os professores sentiram-se muito confortáveis com o trabalho na Planilha Excel e

demonstraram grande interesse pelo tema, pois envolveu uma análise crítica dos juros do

Cheque Especial, conhecimento útil para a vida e para a escola.

Símbolo Definição = Igual < Menor que > Maior que

<= Menor igual a >= Maior igual a <> Não igual a (diferente de)

Departamento Abono ADM 10%*Salário base RH 15%*Salário base

71

7.1.6 Oficina VI

Estudando Juros Compostos29 com a Calculadora HP-12C e com a Planilha Excel

1) Objetivos:

- Resolver problemas, envolvendo o conceito sobre Juros Compostos.

- Reconhecer a finalidade das teclas do Setor Financeiro da Calculadora HP-12C.

- Identificar e interpretar as siglas financeiras nas fórmulas fornecidas pela Planilha

Excel.

- Introduzir fórmulas na Planilha Excel, para a resolução de problemas sobre Juros

Compostos.

2) Dinâmica:

Os problemas envolveram contextos rotineiros de Cálculo de Montante, Capital a ser

aplicado, Tempo de aplicação, Taxa de Aplicação, Análise de Investimentos e Cálculo de

Taxas equivalentes.

A Planilha Excel foi dividida em duas colunas. Na primeira, os problemas eram

resolvidos, usando-se uma estratégia comum, discutida com os professores, a qual,

basicamente, resumia-se à introdução de fórmulas conhecidas. Posteriormente, os mesmos

problemas foram resolvidos com o auxílio das fórmulas fornecidas pela Planilha Excel. Desse

modo, foi possível colocar em prática uma estratégia e, após, confirmar o resultado obtido

com a resposta fornecida pela Planilha. Além disso, os professores analisaram semelhanças e

diferenças nas estratégias de resolução, adotadas para Juros Compostos em cada Software

utilizado.

3) Desenvolvimento:

3.1) Problemas de aplicação:

1. Você faz um empréstimo em um banco no valor de R$ 1.000,00, para pagar daqui a 5

meses, no Regime de Capitalização Composta, a uma taxa de 2% ao mês. Quanto você deverá

devolver ao banco ao final desse período?

29 Os problemas de número 1, 2, 3 e 4 foram adaptados do livro GIMENES, C. M. Matemática Financeira com HP-12C e Excel. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006, p. 71, 81, 85, 90.

72

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do valor do

empréstimo

Armazenamento

do tempo

Armazenamento

da taxa

Valor a ser

devolvido

Teclas 1000 CHS PV 5 n 2 i FV

Visor 1.000, -1.000, -1.000,00 5, 5,00 2, 2,00 1.104,08

Solução com a Planilha Excel

2. Se a taxa de aplicação de determinado banco é de 1,5% a.m., qual é o valor que deve ser

aplicado para que se resgatem R$ 40.000,00 daqui a 18 meses?

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento

da taxa

Armazenamento

do valor de

resgate

Armazenamento

do tempo Valor a ser aplicado

Teclas 1.5 i 40000 FV 18 n PV

Visor 1,5 1,50 40.000, 4.000,00 18, 18,00 -30.596,46

73

Solução com a Planilha Excel

3. Você aplica, hoje, R$ 4.000,00, a 2,5% a.m. Depois de alguns meses, o valor disponível

para resgate é de R$ 4.873,61. Quanto tempo seu dinheiro ficou aplicado? Refaça o cálculo

para um valor de resgate de R$ 5.158,41.

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do valor

aplicado

Armazenamento da

taxa

Armazenamento

do valor de resgate Tempo de aplicação

Teclas 4000 CHS PV 2.5 i 4873.61 FV n

Visor 4.000, -4.000, -4.000,00 2,5 2,50 4.873,61 4.873,61 8,00

HP-12C Armazenamento do novo valor de resgate Tempo de aplicação

Teclas 5158,41 FV n

Visor 5.158,41 5.158,41 11,00

74

Solução com a Planilha Excel

OBS: Há uma solicitação, nesse problema, de que o cálculo seja refeito para um valor de

resgate de R$ 5.158,41. Analisando-se os resultados encontrados para o tempo de aplicação,

para esse valor de resgate, utilizando-se a Calculadora HP-12C e a Planilha Excel, observa-se

que os resultados são diferentes (11 meses e 10,3 meses). Isso ocorre porque, no cálculo de

períodos não inteiros, a calculadora sempre arredonda o resultado para o inteiro mais

próximo, o que não ocorre com a Planilha Excel.

4. No final do ano retrasado (2006), uma pessoa aplicou seu 13º salário, no valor de R$

1.500,00. Após um ano, ou seja, no final de 2007, essa pessoa resolve fazer o resgate e

verifica que o valor total disponível é de R$ 1.650,51. Qual a taxa média mensal de

rendimento apurada nessa operação?

75

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do valor

aplicado Valor resgatado

Período de

aplicação Taxa mensal da operação

Teclas 1500 CHS PV 1650.51 FV 12 n i

Visor 1.500, -1.500, -1.500,00 1.650,51 1.650,51 12, 12,00 0,80

Solução com a Planilha Excel

5. Uma pessoa vai fazer uma compra no valor de R$ 4.000,00, usando o que tem depositado

na Poupança que rende 1% ao mês. Ela quer saber, do ponto de vista financeiro, qual plano de

pagamento é mais vantajoso:

a) pagar à vista;

b) pagar em duas prestações iguais de R$ 2.005,00, cada uma.30

Solução com a HP-12C

HP-12C

Rendimento do valor

aplicado

Montante

depois de

um mês

Saque

primeira

parcela

Valor

restante

Juros de

1%

sobre o

valor

restante

Montante

no

segundo

mês

Saque

segunda

parcela

Valor

restante

Teclas 4000 Enter 1 % + 2005 - 1 % + 2005 -

Visor 4.000, 4.000,00 1, 40,00 4.040,00 2.005, 2.035,00 1, 20,35 2055,35 2.005, 50,35

30 Adaptado do livro DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações.. São Paulo: Ática, 2003, p.312. v. 1

76

Solução com a Planilha Excel

Conclusão: É mais vantagem deixar o dinheiro aplicado e pagar em duas prestações.

6. Um financiamento agrícola é oferecido com taxa de 18% a.a., capitalizada mensalmente.

Qual a taxa anual, realmente, embutida nesse financiamento?

Solução com a HP-12C

HP-12C Armazenamento do

total aplicado

Armazenamento do valor de

resgate

Cálculo do tempo ( período

conhecido ÷ pelo período

desconhecido)

Taxa

anual

Teclas 1 CHS PV CHS 0.015 + FV 1 Enter 12 ÷ n i

Visor 1, -1, -1,00 1,00 0,015 1,015 1,015 1, 1,00 12, 0,083 0,083 19,56

Solução com a Planilha Excel

77

4) Avaliação:

Nessa Oficina, quando da utilização da Calculadora HP-12C, alguns docentes

afirmaram sentir dificuldade em compreender a finalidade de algumas teclas do setor

financeiro, destinadas ao trabalho com Juros Compostos.

De um modo geral, o mesmo não ocorreu quando da utilização das fórmulas

fornecidas pela Planilha Excel. Alguns afirmaram que, na Planilha, a compreensão se tornava

facilitada em virtude de ser mais visual, ou seja, eles estavam visualizando cada ação

executada na tela do computador.

Nessa e nas demais Oficinas, observou-se que os professores se apoiavam na

implementação das estratégias quando do uso da Calculadora e também da Planilha. Isso

facilitou o trabalho e contribuiu para que o Grupo assumisse características colaborativas ao

longo de todas as Oficinas.

78

8 ANÁLISE

Nesta seção, apresentam-se reflexões estabelecidas a partir da aplicação da proposta e

dos instrumentos de coleta de dados. Essas reflexões estão organizadas em categorias que

contemplam a prática, a observação, os instrumentos de coleta e a revisão teórica da pesquisa.

Os dados estão apresentados nas seguintes categorias de análise: 1. O uso de

calculadora e da Calculadora HP-12C; 2. O uso do computador e da Planilha Excel; 3.

Dificuldades encontradas na utilização da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel; 4.

Contribuições advindas da participação no Grupo de Formação Continuada.

Na coleta de dados, optou-se pelo anonimato dos sujeitos. Sendo assim, os

instrumentos aplicados, em cada Oficina, foram numerados de modo a facilitar o acesso.

Dessa forma, (P1.1) se refere à resposta do Professor 1 (para o instrumento aplicado na

Oficina I).

Tendo por base essas categorias, iniciou-se a análise com o olhar voltado para os

objetivos e proposta da pesquisa que buscou levantar as opiniões que os professores de um

Grupo de Formação Continuada têm a respeito do uso da Calculadora HP-12C e da Planilha

Excel no ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática Financeira.

8.1 O USO DE CALCULADORA E DA CALCULADORA HP-12C

De um modo geral, quando questionados sobre o uso de calculadora no cotidiano,

os professores afirmaram que a usam, com freqüência, para previsão de gastos do

orçamento e para resolver cálculos de médias dos alunos.

Com relação à permissão do uso de calculadora em sala de aula, os dados apontam que

os professores do Ensino Fundamental permitem usar (esporadicamente), nas 7ª e 8ª séries.

As de quatro operações, a partir da 7ª série (P1.1). Calculadoras comuns, na 7ª série. O uso é feito esporadicamente (P6.1). Na 8ª série, somente em algumas aulas (P3.1).

Dentre aqueles que não permitem a utilização de calculadora em sala de aula, alguns

acreditam que o seu uso sistemático perturba a construção de conhecimentos nesse nível de

Ensino. Outros relatam que decidiram, juntamente com os demais professores da escola, pela

79

não utilização da calculadora. Essa postura, segundo eles, foi adotada devido às dificuldades

apresentadas pelos alunos, na resolução de cálculos, e por considerarem que o trabalho com

lápis e papel é mais produtivo.

Na escola não é permitido o uso de calculadoras (P17.1). Não permito, por pensar que o cálculo no papel é mais produtivo para o público que atendemos (P14.1) [...] foi decidido em conjunto com todos os professores da área, que não seria permitido usar calculadora (P15.1).

Um dado importante que se observou, é uma certa resistência, por parte dos

professores, em utilizar a calculadora, principalmente no Ensino Fundamental:

[...] trabalho somente com o Ensino Fundamental, e acredito que o uso da calculadora atrapalha o desenvolvimento nessa fase; no Ensino Médio acredito ser pertinente o seu uso (P11.1).

Com relação à utilização de calculadora no Ensino Médio, não se encontrou nenhuma

restrição por parte dos professores, principalmente para as calculadoras de quatro operações e

científicas.

Na questão de permitir ou não calculadora nas aulas, coloquei que permito que os alunos utilizem em todas as aulas. Não sei se é correto, mas acredito não estar prejudicando o seu desenvolvimento. Gostaria de saber outras opiniões. OBS: Os alunos em questão são do Ensino Médio (P13.1). Calculadora científica no Ensino Médio (P7.1). Calculadoras de quatro operações e científicas no Ensino Médio (P8.1).

Quando questionados a respeito das atividades em que permitem o uso de calculadora

em sala de aula, observou-se que, independentemente do nível de Ensino, os professores que o

permitem, mesmo que esporadicamente, limitam seu uso para atividades, desenvolvidas em

aula, durante a realização de provas e trabalhos. Dentre os que asseguram adotar alguns

critérios para a utilização da calculadora, destacam-se o grau de dificuldade da atividade, a

comprovação de resultados e a redução de tempo para efetuar cálculos. Esses aspectos estão

presentes nas explanações que seguem:

Exercícios em aula, trabalhos e provas (P9.1).

80

Grau de dificuldade da atividade (P2.1) Certificação de resultados (P6.1). Redução de tempo para os cálculos (P18.1).

Acredita-se que o uso da calculadora seria uma oportunidade, segundo Scheffer et al.

(2006), para promover e ampliar reflexões sobre significados matemáticos, a partir da

resolução de problemas em ambientes de interação entre o professor e os alunos.

As posições dos docentes apontam que, hoje, embora eles concordem com as

inovações que a calculadora traz para a sala de aula, sua utilização ainda está submetida às

regras impostas pela escola, o que está na contramão do emprego de tecnologias para a

construção de conceitos de Matemática no Ensino.

Quando solicitados a nomearem conteúdos que consideravam importantes, para serem

implementados com o uso da calculadora, os mais citados foram: Porcentagem, Juros Simples

e Compostos, Radiciação, Análise Combinatória e Trigonometria.

A respeito do contato com recursos tecnológicos, durante a Graduação, eles

destacaram o uso de calculadora. Com relação ao conhecimento do funcionamento de algum

tipo de Calculadora Financeira, alguns afirmaram já ter tido um breve contato com a

Calculadora HP-12C.

[...] um professor da graduação possibilitou o contato, mas nem me lembro mais (P13.1).

Os professores, de maneira praticamente unânime, relatam considerar a Calculadora

HP-12C um recurso interessante que exige uma certa atenção. Declaram, ainda, necessitar de

mais tempo de trabalho com a Calculadora HP-12C, para apropriação de seu funcionamento.

Esses dois aspectos podem ser observados na explanação que segue:

Seria muito interessante a utilização da calculadora, mais isso requer um maior tempo de estudo para que possamos utilizá-la corretamente em sala de aula (P9.6).

Na opinião de alguns professores, o fato de a Calculadora HP-12C ter uma linguagem

própria e ser necessário digitar, primeiro, os números e depois as operações, deixa-os

confusos. Destacam, também, que conhecer a utilidade de teclas específicas é fator

determinante para resolução de alguns problemas:

81

Achei muito complicada, talvez pelo fato de não estarmos acostumados com esse tipo de calculadora, principalmente na digitação de números e operações: a diferença entre essas ordens nos atrapalha (P10.6). Achei difícil, complexo para inserir dados na calculadora, pois tem símbolos específicos para determinadas funções que, se não souber, não resolve os problemas (P4.4). Muito complicado trabalhar com esse programa o fato de digitar primeiro os números e depois as operações, foge do convencional, do que estamos acostumados (P7.3).

Apesar de os professores estarem participando de Oficinas que discutem o uso de

recursos tecnológicos em sala de aula, nas respostas destacadas fica evidente a necessidade de

se manter na zona de conforto (PENTEADO, 2000). O trabalho com a Calculadora HP-12C é

um desafio para esses professores, pois seu uso, assim como qualquer outro recurso, exige que

se compreenda um pouco sobre sua linguagem de funcionamento, para que não gere

insegurança (risco) à sua utilização.

A maioria dos professores declara que a Calculadora HP-12C pode ser utilizada para

trabalhar Porcentagem e Juros Compostos, mas, para Juros Simples, consideram-na complexa:

[...] para Juros Simples é muito complicado, trabalhoso: são comandos complicados para serem lembrados, não motivando a utilização da mesma (P1.4). Achei um pouco trabalhoso, complicado trabalhar Juros Simples [....]. Acho que os alunos acharão mais difícil e complicado do que eu [...] pois não são todos que gostam da matemática e poucos são os que a matemática atrai e desperta interesse (P2.4). Para trabalhar com Juro Simples, eu acho que é inconveniente, por ser muito trabalhoso (difícil na minha opinião) mas, para trabalhar com Juro Composto ela é muito interessante (bem mais fácil para trabalharmos) (P12.6).

Aqui, vale considerar as palavras de Leme (2007) quando destaca que o tempo

necessário para o domínio da interface, pode causar, inicialmente, resistência e dificuldades.

Quando os professores relatam considerar, a Calculadora HP-12C, complexa para

cálculos de Juros Simples, pode-se justificar essa opinião pelo fato de a Calculadora HP-12C

possuir uma fórmula que exige comandos sofisticados para um cálculo simples, divergindo da

fórmula geralmente conhecida, e isso pode causar certa estranheza.

O trabalho com Juros Compostos, na HP-12C, surtiu efeitos positivos para parte dos

professores:

82

O trabalho esclareceu muito sobre a aplicação dos Juros, facilidade e praticidade de efetuar as atividades, com atenção devida (P2.5). Praticidade das operações; raciocínio formal com o pré-estabelecido na HP 12c, com a compreensão da mesma (P3.5). É superprática e rápida, depois que adquirimos a prática com ela, torna-se mais fácil (P4.5). Na aula de hoje, a HP 12c mostrou-se muito prática. No início dos trabalhos anteriores, não compreendia as letras, os cálculos. Hoje tenho uma visão ampla e prática dessa calculadora (P5.5). [..] é muito minuciosa, mas à medida que vamos nos familiarizando com ela, torna-se cada vez mais fácil (P6.5).

A partir das posições destacadas nessa categoria, é possível dizer que os professores

apresentam certa resistência inicial quanto ao trabalho com a Calculadora HP-12C, por não

conhecerem sua linguagem de funcionamento, mas, em contrapartida, aprovam a agilidade na

resolução dos cálculos, apresentada para o trabalho com Porcentagem e Juros Compostos.

De um modo geral, os dados dessa categoria mostram que os professores consideram a

Calculadora HP-12C um tanto complexa, pelo desconhecimento da sua linguagem de

funcionamento, mas não deixam de destacar sua praticidade para alguns cálculos. Percebe-se, ainda,

uma certa resistência quanto ao trabalho com esse recurso em sala de aula, o que é compreensível e

se justifica a partir das considerações de Leme (2007) sobre domínio da interface, e de Penteado

(2000), sobre a necessidade de permanência em uma zona de conforto.

8.2 O USO DO COMPUTADOR E DA PLANILHA EXCEL

Quanto à utilização do computador no dia a dia, a maioria dos professores, sujeitos da

pesquisa, considera que ainda é reduzida, concentrando-se na digitação de trabalhos e provas.

O uso para pesquisas na Internet e para contato com outras pessoas, e em sala de aula,

ainda é incipiente:

[...] para elaborar aulas, pesquisa e contato com pessoas (P6.1). Pouco, para digitar provas e trabalhos (P14.1).

83

A partir disso, pode-se dizer que, embora o computador faça parte da sociedade, a falta

de conhecimento de suas potencialidades pode influenciar na utilização, o que, possivelmente,

leva ao uso restrito para um número reduzido de tarefas.

Apesar de a maioria das escolas, em que esses professores atuam possuírem

Laboratório de Informática, um número reduzido deles afirma utilizar ou já ter utilizado o

Laboratório nas suas aulas de Matemática:

[...] é usado para auxiliar nos conteúdos desenvolvidos em sala através dos programas (P4.1). [...] é usado apenas pelo PROETI, que é um Projeto de Educação em Tempo Integral, por enquanto não é possível a utilização dos professores (P11.1). [...] foi instalado agora, ainda estou me adaptando. Preciso pesquisar e aprender para trabalhar com eles. Por isso estou aqui (P13.1). [...] é utilizado para que os alunos joguem, para o trabalho do professor, digitação e acesso à Internet (P14.1). [...] Sim, para o desenvolvimento de atividades, como softwares matemáticos, eu já trabalhei com os alunos no Graphamática (P15.1). [...] é usado apenas para aulas de Informática (P17.1).

A partir desses argumentos, observa-se que são poucos os professores que utilizam o

Laboratório de Informática nas suas aulas de Matemática, mas aqueles que têm oportunidade

de utilizá-lo, estão colocando em prática o que aprenderam no decorrer da participação das

Oficinas anteriores.

Dentre os professores que afirmaram não utilizar o Laboratório de Informática nas

suas aulas, encontram-se justificativas como a indisponibilidade de horário do Laboratório, a

não permissão de uso com alunos, por parte da Direção da escola, a geração de transtornos e a

falta de conhecimento sobre Informática e softwares educacionais, motivo pelo qual

ressaltaram estar participando das Oficinas:

[...] não sei trabalhar, muito transtorno (P8.1). [...] porque não há horário disponível (P11.1). [...] não é permitido, não tem horário (P12.1). Não, pois estou precisando de informações para fazê-lo (P13.1). Não, por falta de conhecimento (P14.1).

84

De um modo geral, observa-se que ainda não há um planejamento estruturado, por

parte de algumas escolas, para a utilização do computador no processo de ensino e

aprendizagem, ficando, muitas vezes, restrito a serviços burocráticos, a aulas de Informática

ou para entretenimento dos alunos.

Por outro lado, entende-se que o fato de os professores participarem das Oficinas é

uma forma de buscarem conhecimento e atualização quanto à utilização de recursos

tecnológicos na escola.

Quando questionados sobre a utilização de algum software computacional, para

realizar cálculos de Matemática Financeira, os professores respondem que nunca utilizaram,

embora muitos deles utilizem a Planilha Excel para construção de tabelas, gráficos e para

controle das notas dos alunos.

Em relação à Planilha Excel, os professores manifestam uma boa aceitação,

ressaltando que sua interface proporciona a retomada dos procedimentos utilizados na

resolução dos problemas:

[...] fácil de ser manuseada, falando na mesma linguagem, e os comandos são fáceis de serem lembrados, pois utiliza meios já conhecidos (P1.3). [...] o Excel oferece recursos que se pode visualizar, ou seja, cada vez que quero ver o que fiz, basta clicar na célula e olhar a função, podendo assim ver com mais facilidade o que fiz de errado. Portanto, do meu ponto de vista o Excel oferece melhores recursos (P3.2). É fácil, rápido e dinâmico. A visualização é ótima. Construímos fórmulas com comandos fáceis e lógicos (P3.3).

É muito mais simples, principalmente pelo fato de os números e as informações sobre eles estarem visíveis aos nossos olhos. Tudo o que fizemos é possível visualizar e é muito mais fácil deduzir as fórmulas (P7.4). [...] no Excel foi bem mais fácil e prático. Acho que os alunos também iriam gostar, esse sim, iria facilitar o aprendizado do aluno (P8.3). Gostei mais de trabalhar com a Planilha Excel, porque fica mais próximo da realidade em que trabalho, penso que poderei usá-la “algum dia” (P5.4). Me sinto mais segura em trabalhar com essa ferramenta porque já o fazia antes. Gosto mais do trabalho com essa planilha (P9.4). É muito mais simples, descomplicada. As informações estarão disponíveis no visor. A Planilha Excel já é familiar há muito mais tempo (P10.4). Maior clareza na compreensão das fórmulas e dos significados nas atividades e praticidade (P2.5).

85

É mais atrativa, mais colorida, mais chamativa, porém nos faz pensarmos mais e termos mais cuidados com as fórmulas (P4.5). Mais fácil e prática de usar, pois a maioria das pessoas tem acesso (P6.5).

Nas posições destacadas, observa-se a apreciação dos professores pela utilização da

Planilha Excel, o que confirma as considerações de Leme (2007), a respeito das

potencialidades, oferecidas pela Planilha Excel, para organizar e descrever estratégias de

resolução, testar hipóteses, aprová-las ou reprová-las, modificar parâmetros e refletir sobre os

resultados obtidos. Aqui, vale também considerar Rosa (2004), ao referir-se à visualização e à

simulação como potencializadoras na construção do conhecimento.

Há, ainda, uma tendência para valorizar o trabalho com o conhecido, por permanecer

em um ambiente que não exija muitas mudanças, o que é caracterizado por Penteado (2000)

como zona de conforto.

Outro aspecto, presente nos argumentos dos professores, diz respeito à interface das

Planilhas, reforçando a ideia de circulação de informações entre os sistemas técnicos e o

usuário, apontada por Pais (2002).

De um modo geral, os dados dessa categoria apontam que os professores acreditam

que a Planilha Excel seria adequada para trabalhar Matemática Financeira, por ser um recurso

com o qual já mantêm contato e que oferece a possibilidade de retomar as resoluções a

qualquer tempo. Quanto ao uso do computador, considerando-se, aqui, também a utilização de

outros Softwares nas aulas de Matemática, observa-se que os professores têm, na medida do

possível, colocado em prática o que trabalham nas Oficinas.

8.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA UTILIZAÇÃO DA CALCULADORA HP-12C

E PLANILHA EXCEL

As dificuldades registradas pelos professores, quanto ao uso da Calculadora HP-12C,

centram-se no reduzido contato com a Matemática Financeira e na linguagem de

funcionamento da Calculadora. Os professores manifestaram as seguintes observações sobre

as dificuldades encontradas na utilização da Calculadora HP-12C:

[...] nunca tinha entrado em contato com uma delas (P1.6).

86

Acho que além da sua complexidade não trabalhamos tanto com matemática financeira (eu pelo menos) então havia muitas dificuldades (P2.6). Na introdução de dados e o que eles representam (P3.6). Por ser a primeira vez que trabalho com a calculadora as dificuldades foram poucas. Mas enfim as dificuldades ficaram na memorização dos comandos das teclas (P5.6). Para trabalhar com a calculadora deve-se ter bastante conhecimento da mesma para repassar para o aluno (P7.6). Falta de conhecimento básico para a realização das atividades propostas (P9.6). A ordem de digitação entre números e operações. Estamos acostumados a por exemplo, digitar 5 + 8 = e nessa calculadora a ordem é diferente (P10.6). Visualizar e raciocinar conforme suas regras (P11.6). A diferença dela para a calculadora convencional, claro que é uma questão de praticar, acredito que para quem conhece bem o seu funcionamento ela não ofereça dificuldades (P12.6).

Nas manifestações acima, os professores consideram que uma das dificuldades

encontradas no trabalho com a Calculadora, é o fato de não possuírem noções básicas sobre

Calculadoras Financeiras, o que os leva a pensar na sua formação inicial, na busca de

atualização e nas práticas de sala de aula que desenvolvem.

Quanto ao uso da Planilha Excel, a maioria ressalta que, como já possuem certo

conhecimento do seu funcionamento, já trabalharam ou trabalham com a mesma,

esporadicamente, sem encontrar grandes dificuldades. Novamente se confirmam as

considerações de Penteado (2000), a respeito da atuação em um ambiente previsível. Eis

algumas manifestações quanto às dificuldades de utilização da Planilha Excel:

[...] poucas, porque já trabalhei com ela algumas vezes (P1.6). Não encontrei dificuldades, apenas esquecimento dos espaços ou das teclas do expoente, por exemplo (P2.6). Poucas, ela é prática e fácil de usar, boa visualização (P3.6). Na elaboração das fórmulas (P4.6). Dificuldades básicas na operação com o computador (P6.6). Após a explicação nenhuma (P7.6). Nenhuma. Adorei trabalhar com ela (P10.6).

87

No início um pouco, mas depois ela se tornou mais prática (P11.6). Apenas as dificuldades por não conhecer bem a planilha, ela é muito prática (P12.6).

Os professores que não tiveram contato anterior com a Calculadora HP-12C, nem com

a Planilha Excel, informam que, no início, as dificuldades são maiores, mas que, à medida que

as explicações ocorrem, a intensidade das dificuldades diminui.

Em vários momentos, percebeu-se que alguns professores apresentavam dificuldades

em clicar sobre as teclas da Calculadora. Entende-se que uma das causas dessa dificuldade

possa ser o sistema de funcionamento da Calculadora, que utiliza uma linguagem diferente

daquela com a qual os professores estão habituados. Dificuldades semelhantes também foram

observadas quando da seleção de células na Planilha Excel.

Enfim, acredita-se que a falta de conhecimentos sobre Matemática Financeira, assim

como o contato com recursos novos, influenciou as respostas dos professores sobre as

preferências e dificuldades, mas não suprimiu o reconhecimento das potencialidades dos dois

recursos, utilizados durante as Oficinas.

8.4 CONTRIBUIÇÕES ADVINDAS DA PARTICIPAÇÃO EM UM GRUPO DE

FORMAÇÃO CONTINUADA

As contribuições, advindas da participação no Grupo, abrangem aspectos relacionados

ao conteúdo de Matemática Financeira, a utilização de diferentes recursos tecnológicos, a

importância do trabalho coletivo e a reflexão sobre a prática que desenvolvem em sala de

aula.

Com relação ao conteúdo de Matemática Financeira, destacam-se suas aplicações:

As Oficinas nos trouxeram conhecimentos novos e novas aplicações, com bastante atividades (P5.6). [...] sempre há formas de transmitir ou maneiras diferentes, que ajudam a compreensão do conteúdo ou problema (P6.6). [...] diria que talvez esta Oficina tenha preenchido uma falha grande que tivemos na faculdade a respeito da Matemática Financeira (P10.6). [...] mesmo sem HP-12C ou computadores na minha escola, a linha do raciocínio foi espetacular (P11.6).

88

Na opinião dos professores, a participação em um Grupo de Formação Continuada traz

contribuições para o crescimento profissional e quanto à utilização de tecnologias:

[...] você revê um conhecimento com outra abordagem. Gostaria que continuassem as Oficinas, principalmente sobre a Planilha Excel (P1.6). Com certeza, além desses novos conhecimentos no computador referentes a matemática, as trocas de experiências contam bastante. Acho que poderiam ser abordados vários temas e pode ser aumentado o tempo, para que todos possam acompanhar e entender bem as Oficinas (P2.6). [...] nelas é que nós ficamos atualizados nas ferramentas educacionais (P3.6). Contribui muito, pois é trabalhando em grupo que podemos sanar algumas dificuldades que encontramos no dia-a-dia (P4.6). [...] o conhecimento, a aprendizagem e a fixação das práticas, melhora e aprimora os conhecimentos e produz muitos novos (P5.6). [...] mesmo não aprendendo tudo e não tendo agilidade e segurança para prosseguir já com alunos, o que aprendi já é um grande início para, deste primeiro passo, construir o meu conhecimento e partir para o trabalho (P8.6). Sim, pelo fato de estarmos adquirindo conteúdo e também de podermos aprender a utilizar o computador nas nossas práticas diárias (P9.6). [...] trocamos muitas idéias, e isso contribui grandiosamente, essa troca de experiências só nos faz crescer e melhorar (P10.6). [...] não me sinto só. Em grupo as idéias fluem (P11.6). [...] pois a troca de experiências, que sempre acontece é sempre muito válida, e a Formação Continuada em si é indispensável para qualquer professor. (P12.6)

A partilha de experiências, que ocorre no Grupo, tanto no que diz respeito ao conteúdo

quanto à utilização de recursos tecnológicos, está muito presente nos dados. Aqui, vale

considerar Fiorentini (2004), quando se refere à participação em um grupo colaborativo, em

que prevalecem a voluntariedade e a disposição para discutir, possibilitando o

compartilhamento de experiências, sobre o que estão debatendo, com um encaminhamento

para a sistematização de conhecimentos.

Portanto, pode-se dizer que as contribuições, advindas da participação no Grupo de

Formação Continuada, abrangem aspectos que auxiliam na revisão de Matemática Financeira

com outra abordagem, tanto através da prática desenvolvida, utilizando recursos da

Informática, como também a partir das discussões geradas no Grupo. Assim como destacam

89

Scheffer, Sachet e Webber (2008), os professores vêem as Oficinas como oportunidades de

vivenciar novas experiências e, a partir destas incluir tecnologias no contexto em que atuam.

De um modo geral, a análise das categorias apresentadas sinaliza que os professores

acreditam que a Planilha Excel possui melhores recursos para o trabalho em sala de aula

como: visualização, discussão e exploração de diversas estratégias de resolução. Por outro

lado, reconhecem as potencialidades da Calculadora HP-12C, para o trabalho com

Porcentagem e Juros Compostos, e recomendam o seu uso para o trabalho com esses tópicos

de Matemática Financeira.

Os dados também evidenciam a importância da constituição de grupos colaborativos,

como um espaço para discussão, compartilhamento de experiências, quando todos têm a

oportunidade de ensinar e também aprender e, principalmente, um espaço onde possam buscar

a superação da insegurança gerada no uso de recursos informáticos.

90

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciou-se esse trabalho em busca de respostas para a seguinte questão de pesquisa:

Quais as opiniões que os professores de um Grupo de Formação Continuada têm a respeito

do uso da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel para o ensino e aprendizagem de tópicos

de Matemática Financeira? Essa questão norteou a investigação e, além de levantar as

opiniões dos professores sobre as mídias, buscou-se identificar dificuldades encontradas ao

utilizá-las; investigar quais as contribuições advindas da participação no Grupo de Formação

Continuada; e apresentar uma proposta prática para o ensino e aprendizagem de Matemática

Financeira, utilizando-se a Calculadora HP-12C e a Planilha Excel.

Fez parte da pesquisa a construção de uma Proposta de ensino sobre Porcentagem,

Juros Simples e Compostos, com a utilização da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel,

atividade que se desenvolveu com professores de Ensinos Fundamental e Médio, que atuam

em escolas da Rede Pública de Ensino e que participam de um Grupo de Formação

Continuada.

A reflexão gerada a partir das categorias de análise, suscita, primeiramente, que a

utilização da Calculadora HP-12C no ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática

Financeira, de um modo geral, é considerada pelos professores como um recurso auxiliar para

o trabalho com Porcentagem e Juros Compostos. Mas esses sujeitos não sugerem sua

utilização para Juros Simples, justificando a necessidade de muitos comandos, o que torna o

trabalho sofisticado. A Calculadora HP-12C possui, em sua memória, uma fórmula que

permite o cálculo de Capitalização Simples, mas de forma um tanto limitada, não

contemplando uma resolução prática para situações-problema com Juros Simples, tendo em

vista que essa Calculadora foi produzida para auxiliar o trabalho com a Capitalização

Composta.

Os sujeitos da pesquisa acreditam que a falta de domínio da linguagem da Calculadora

influencia sua utilização (que fica comprometida) causando certa insegurança, o que é natural

quando se trabalha com recursos tecnológicos, independentemente de dominá-los, total ou

parcialmente. Em contrapartida, observou-se que aprovam o uso da Calculadora para a

Capitalização Composta, pela praticidade e agilidade em resolver problemas.

Outro aspecto importante, quanto à utilização da Calculadora, manifestado nos dados,

é que o Emulador da Calculadora HP-12C possibilitou o conhecimento de como ocorre o seu

91

funcionamento interno, o que contribui na reflexão e resolução de problemas, conforme

salientado por Shinoda (1998).

Quanto ao uso da Planilha Excel, no ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática

Financeira, os professores manifestam uma posição favorável ao uso dessa Planilha,

destacando a possibilidade de visualizar os dados e retomar as estratégias de resolução dos

problemas. Reforçam, ainda, que a construção das fórmulas na Planilha exige diligência;

porém, auxilia na compreensão dos problemas e, portanto, na construção do conhecimento.

A possibilidade de experimentação, que ocorre quando da resolução de problemas

com computador, é destacada por Allevato (2006), como importante para a compreensão e

reflexão dos conteúdos estudados.

O contato com a Planilha, em algumas de suas atividades profissionais, segundo os

sujeitos da pesquisa, contribui para que se sintam desafiados em utilizá-la. Além disso,

acreditam que essa Planilha já é familiar há algum tempo e, por isso, facilita o seu uso em sala

de aula. Destacaram, também, aspectos com relação à interface da Planilha, que, por

possibilitar a mudança de cor das células, torna-se atraente, despertando o interesse dos

alunos.

De um modo geral, pode-se dizer que os professores são favoráveis à utilização da

Planilha Excel no ensino e aprendizagem de Matemática Financeira, sem distinção de

utilização, entre os tópicos trabalhados durante as Oficinas.

Os professores afirmaram que as Oficinas de Matemática Financeira preencheram

lacunas da sua formação e, portanto, passaram a se sentir melhor preparados para trabalhar

com esse tema. Além disso, um trabalho dessa envergadura proporciona uma visão

abrangente das aplicações do conteúdo e possibilita conhecer recursos para a realização de um

trabalho desafiador no estudo de Matemática Financeira.

Com essas Oficinas, buscou-se incentivar o uso de tecnologias em sala de aula, a partir

de uma Proposta prática, e, dessa forma, dar apoio a um Grupo de professores que têm

objetivos comuns. Assim, essas Oficinas assumem características de um trabalho

colaborativo, como apontado por Fiorentini (2004).

A participação no Grupo de Formação Continuada foi vista, pelos professores, de

forma positiva, pois proporciona a partilha de experiências entre os participantes, a retomada

de conceitos com outra abordagem, reflexões a respeito do uso de tecnologias informáticas

em sala de aula, bem como no que se refere ao uso do computador na resolução de problemas.

Isso vem confirmar as considerações de Reis (2007) e Scheffer et al. (2006), quando

falam da importância da interação com outras pessoas no processo de formação, seja ela

92

inicial ou continuada, como fundamental para o desenvolvimento profissional e pessoal dos

professores.

Esse trabalho foi uma oportunidade para os professores de Matemática retomar temas

como Porcentagem, Juros Simples e Juros Compostos, a partir do contato com

potencialidades da Calculadora HP-12C e da Planilha Excel, em situação de ensino e

aprendizagem. Desse modo, as aplicações da Matemática Financeira no contexto social,

apresentadas nessa pesquisa, e as opiniões dos professores poderão servir de suporte à

aplicação ou reelaboração de uma proposta prática de resolução de problemas com

tecnologias em sala de aula.

A partir dessa Dissertação, e sendo professora de Matemática, posso dizer que a

presente investigação contribuiu muito para meu próprio crescimento profissional e pessoal,

pois, para a realização desse estudo, foi necessário buscar conhecimentos tanto no que se

refere aos Softwares utilizados, a autores que embasaram a revisão teórico-metodológica,

como também à Matemática Financeira. Como pesquisadora, esse trabalho favoreceu o

desenvolvimento de um olhar crítico e reflexivo sobre a formação de professores e sobre a

utilização de recursos tecnológicos na Escola.

Ao observar os dados e os resultados desse estudo, pode-se dizer que a utilização da

Calculadora HP-12C e da Planilha Excel, no ensino e aprendizagem de tópicos de Matemática

Financeira, é viável desde que haja um planejamento que explore as potencialidades dos

recursos. Por outro lado, um trabalho com essas características proporciona a formação e

construção de conceitos, bem como a busca de superação da insegurança quanto à utilização

de diferentes ambientes informáticos em sala de aula.

93

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100

APÊNDICES

101

APÊNDICE A - Instrumento aplicado na primeira Ofici na para levantar o perfil dos

sujeitos

Prezado(a) Professor(a):

Você está convidado(a) a responder a este questionário anônimo que faz parte da

coleta de dados do Projeto de Pesquisa “O estudo de tópicos de Matemática Financeira com

tecnologias informáticas: opiniões de professores participantes de um grupo de Formação

Continuada”, que está desenvolvido para elaboração da Dissertação de Mestrado em Ensino

de Matemática.

Caso você concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes pontos:

a) você é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas que lhe

ocasionem constrangimento de qualquer natureza; b) você pode deixar de participar da

pesquisa e não precisa apresentar justificativas para isso; c) sua identidade será mantida em

sigilo; d) caso você queira, poderá ser informado(a) de todos os resultados obtidos com a

pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em participar da mesma.

Para o bom desenvolvimento dessa pesquisa, solicita-se sua colaboração no sentido de

responder, com clareza e sinceridade, às questões que seguem, de tal forma que suas respostas

expressem com fidedignidade sua posição em relação ao tema tratado.

Desde já se agradece sua contribuição, porque ela será de extrema importância para

que os objetivos deste trabalho sejam atingidos.

___________________________________________________________________________ Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Idade: abaixo de 23 anos ( ) de 23 a 27 anos ( ) de 28 a 32 anos ( ) de 33 a 37 anos ( ) de 38 a 42 anos ( ) de 43 a 47 anos ( ) de 48 a 52 anos ( ) de 53 a 57 anos ( ) acima de 57 anos ( ) Cidade em que leciona:________________________________________________________ Tipo de Escola: Pública Estadual ( ) Pública Municipal ( )

102

Particular ( ) Período em que leciona: Diurno ( ) Noturno ( ) Ambos ( ) Graus em que leciona: Ensino Fundamental ( ) Em qual(is) série(s)? _______________________________________ Ensino Médio ( ) Em qual(is) série (s)?____________________________________________ Outro(s):____________________________________________________________________ Tempo de magistério: menos de 5 anos ( ) entre 5 e 9 anos ( ) entre 10 e 14 anos ( ) entre 15 e 19 anos ( ) 20 anos ou mais ( ) Número de horas/aula semanais: _______________________________________________ Frequentou Curso de Graduação ? Sim ( ) Não ( ) Em que área?________________________________________________________________ Instituição onde realizou a graduação: ( ) Pública ( ) Particular Cidade/Estado: ______________________________________________________________ Ano do término da Graduação: __________________________________________________ Tipo de Curso: Matemática ( ) Licenciatura: Curta ( ) Plena ( ) Bacharelado: ( ) Ambos: ( ) Outros ( ) Nome do Curso:______________________________________________________________ Frequentou Curso de Pós-Graduação ? Sim ( ) Não ( ) Em que área?________________________________________________________________ Nome do Curso:______________________________________________________________ Instituição onde realizou a Pós-Graduação: ( ) Pública ( ) Particular Cidade/Estado: ______________________________________________________________ Ano do término da Pós-Graduação: ______________________________________________ Exerce somente o magistério como atividade remunerada? ( ) Sim ( ) Não Em caso negativo, qual é sua outra ocupação?___________________________________________________________________

103

1. Você utiliza a Calculadora no seu dia a dia? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Você conhece como funciona algum tipo de Calculadora Financeira? ( ) Sim Qual? _______________________________________________________________ ( ) Não Em caso afirmativo, onde aprendeu a manuseá-la? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Você utiliza o computador no seu dia a dia? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Você já utilizou algum programa de computador para efetuar cálculos financeiros? Justifique sua resposta. ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Você já trabalhou o conteúdo de Matemática Financeira durante a sua carreira como professor de Matemática? ( ) Sim Em qual(is) série(s)?____________________________________________________ ( ) Não Em caso afirmativo, que materiais/recursos utilizou? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Você permite que seus alunos utilizem algum tipo de Calculadora em suas aulas de Matemática? ( ) Sim Qual?_______________________________________________________________ ( ) Não

104

Em caso afirmativo, em que situações e em qual(is) série(s)? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Em caso negativo, por que não permite? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Se você respondeu, de forma afirmativa , à questão anterior (6), então: 7.1. Assinale a(s) atividade(s) em que você permite a utilização da Calculadora: - Exercícios em sala de aula ( ) - Tarefas para casa ( ) - Provas ( ) - Outras:____________________________________________________________________ 7.2. Quais são os critérios que você utiliza na seleção da(s) atividade(s) para a utilização da Calculadora ? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7.3. Cite, pelo menos, três conteúdos de Matemática para os quais você considera importante a utilização da Calculadora em sala de aula. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. A(s) escola(s) onde você trabalha possui(em) Laboratório de Informática? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, de que forma e em que situações é utilizado? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. Você utiliza o Laboratório de Informática nas suas aulas de Matemática? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, de que forma ou em que situações é utilizado? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

105

Em caso negativo, por que não o utiliza? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. Durante o seu Curso de Licenciatura, foi enfocada, em algum momento, a possibilidade do uso de algum recurso tecnológico nas aulas de Matemática Financeira? ( ) Sim Qual(is)? _____________________________________________________________ ( ) Não. Em caso afirmativo, de que maneira? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. Você tem ideia do percentual de seus alunos que possuem computadores em casa? ( ) Sim ( ) Não Se a sua resposta foi "Sim", indique uma das alternativas: - Menos de 10% ( ) - Entre 10% e 25% ( ) - Entre 25% e 50% ( ) - Entre 50% e 75% ( ) - Mais de 75% ( )

106

APÊNDICE B - Instrumento aplicado da segunda à quinta Oficina

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E D AS MISSÕES

URI – CAMPUS DE ERECHIM

OFICINA PERMANENTE COM PROFESSORES DE MATEMÁTICA

ENCONTRO.../2008

Equipe Responsável:

Orientadora: Profª. Drª. Nilce Fátima Scheffer

Acadêmicos colaboradores: Jordana Zawierucka Bressan, Renan Sachet, Ricardo Machado

Corrêa

Pós-Graduanda colaboradora: Merielen Fátima Caramori

Projeto de Extensão: Atividades de Extensão de Educação Matemática para a Comunidade

Escolar e Acadêmica da Região do Alto Uruguai – RS.

Grupo de Pesquisa: Informática, Tecnologias e Educação Matemática __________________________________________________________________________________

Dê sua opinião quanto ao trabalho desenvolvido, utilizando

a) a HP-12C:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

b) a Planilha Excel:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Obrigada pela sua colaboração.

Merielen Fátima Caramori

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APÊNDICE C - Instrumento aplicado na última Oficina

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E D AS MISSÕES

URI – CAMPUS DE ERECHIM

OFICINA PERMANENTE COM PROFESSORES DE MATEMÁTICA

ENCONTRO 06/2008 - 29/08/08

Equipe Responsável:

Orientadora: Profª. Drª. Nilce Fátima Scheffer

Acadêmicos colaboradores: Jordana Zawierucka Bressan, Renan Sachet, Ricardo Machado

Corrêa

Pós-Graduanda colaboradora: Merielen Fátima Caramori

Projeto de Extensão: Atividades de Extensão de Educação Matemática para a Comunidade

Escolar e Acadêmica da Região do Alto Uruguai – RS.

Grupo de Pesquisa: Informática, Tecnologias e Educação Matemática

___________________________________________________________________________

1. Qual sua opinião quanto ao uso da Calculadora HP-12C para o ensino e a aprendizagem de

tópicos de Matemática Financeira?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual sua opinião quanto ao uso da Planilha Excel para o ensino e a aprendizagem de

tópicos de Matemática Financeira?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Você considera que o trabalho se torna mais prático quando se usa a Calculadora HP-12C,

ou quando se usa a Planilha Excel? Justifique.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4. Que dificuldades você encontrou na utilização da Calculadora HP-12C?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Que dificuldades você encontrou na utilização da Planilha Excel?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Você se sente mais preparado(a) para trabalhar com Matemática Financeira na Escola, a

partir dessas Oficinas? Justifique.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Você considera que a participação em um Grupo de Formação Continuada contribui, de

alguma forma, para o crescimento enquanto professor(a) de matemática? Por quê? Como?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Obrigada pela sua colaboração.

Merielen Fátima Caramori