Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS...

123
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA TALITA MACEDO DOS SANTOS MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016

Transcript of Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS...

Page 1: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

TALITA MACEDO DOS SANTOS

MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS

COMESTÍVEIS DE ZEÍNA

FORTALEZA

2016

Page 2: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

TALITA MACEDO DOS SANTOS

MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS

COMESTÍVEIS DE ZEÍNA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Química, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial para a obtenção do Título de Doutor em

Engenharia Química.

Orientadora: Profª. Dra. Henriette Monteiro

Cordeiro de Azeredo.

Coorientador: Prof. Dr. Men de sá Moreira de

Souza Filho

FORTALEZA

2016

Page 3: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO
Page 4: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

TALITA MACEDO DOS SANTOS

MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS

COMESTÍVEIS DE ZEÍNA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Química, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial para a obtenção do Título de Doutor em

Engenharia Química.

Aprovada em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof.ª Drª. Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

_____________________________________________________

Prof. Dr. Men de sá Moreira de Souza Filho (Coorientador)

Embrapa Agroindústria Tropical

_____________________________________________________

Prof.ª Drª. Morsyleide de Freitas Rosa

Universidade Federal do Ceará - UFC

_____________________________________________________

Dr. Ebenézer de Oliveira Silva

Embrapa Agroindústria Tropical

_____________________________________________________

Prof.ª Drª. Maria Raquel Alcântara de Miranda

Universidade Federal do Ceará – UFC

_____________________________________________________

Dr. Carlos Alberto Cáceres

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB

Page 5: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

Dedico ao meu esposo Maurílio pela

companhia, parceria, apoio e compreensão,

e à minha mãe, Nesita, pelo apoio em todos

os momentos da minha vida.

Page 6: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

AGRADECIMENTOS

Sou infinitamente grata pela grande oportunidade que me foi dada. Este trabalho é

fruto da colaboração de muitas pessoas maravilhosas, com as quais aprendi muito.

Agradeço a Deus pela força e companhia em todos os momentos.

Ao meu esposo Maurílio pelo amor, cuidado, parceria, força, apoio, compreensão

e alegrias sempre. Um exemplo de pessoa determinada. Sou muito feliz em tê-lo do meu lado.

À minha mãe, pela força sempre, por ser sempre a maior incentivadora de tudo de

bom que eu já fiz até hoje, priorizando sempre nossa educação (minha e dos meus irmãos)

mesmo nos momentos bem difíceis, e pela grande amiga que é.

Aos meus irmãos Samuel e Luisa, ao meu padrasto Ismael e às minhas cunhadas

Danielle e Mirella pela amizade, apoio e compreensão. Aos meus sogros Murilo e Socorro pelo

apoio e pelas maravilhosas caronas pela manhã.

À Dra. Henriette pela maravilhosa orientação. Pelo grande exemplo de eficiência e

profissionalismo, pela compreensão, pelos conselhos e ensinamentos e por acreditar sempre no

meu trabalho, até mais do que eu mesma, me motivando sempre a fazer o melhor.

Ao querido Dr. Men pelo apoio, disponibilidade e motivação sempre, que foram

muito importantes durante o trabalho. À Dra. Morsyleide por todo apoio e solicitude.

Ao Dr. Ebenézer pela parceria e por me ensinar bastante. Sua colaboração foi muito

importante no trabalho.

Às doutoras Roselayne, Selene e Socorro pela boa recepção e suporte. A todo o

Laboratório de Embalagens pelo suporte na realização dos experimentos. Aos queridos Delane,

Luanas, Williara, Willian, Andressa, Emanuela, Rafaela, Aíris, Dalila, Gabrielle, Kelvi, Sarah,

Camila, Ruan, Marílias, Nadya, Rogênio, Arcelina pela amizade, descontração e apoio.

Ao laboratório de Tecnologia da Biomassa pelo maravilhoso suporte, em especial

Ana Cassales, Lilian e Natália pela disponibilidade. Ao André pela ajuda nos testes mecânicos,

Nádia e Milena pela ajuda nos revestimentos, Yana, Hélder, Elígenes, Hálisson, Vitória e todos

que colaboraram, sempre prestativos.

Ao laboratório de Pós-Colheita pela boa recepção e pela colaboração, em especial

a Márcia por todo o apoio e pelos ensinamentos. À Karen, Laiza, Aline e Lorena pelo apoio.

À professora Dra. Raquel pela oportunidade de aprender sobre enzimas

antioxidantes, pela parceria e disponibilidade. A todos do laboratório de Frutos do departamento

de Bioquímica da UFC que tive a felicidade de conhecer no fim do doutorado pelo apoio, em

especial à Mônica e ao Jadilson pela grande ajuda e parceria.

Page 7: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

À Dra. Fátima pelo apoio e ensinamentos e ao laboratório de Microbiologia pelo

suporte nos testes microbiológicos, em especial a Bruna e Carol.

À Dra. Celli pela parceria nas análises de microscopia, pelo apoio e boa vontade.

Aos laboratórios de Produtos Naturais e Análise de Alimentos, em especial a

Tigressa e Ídila pelo suporte.

Ao Ryan pela ajuda e dedicação nas análises de FTIR e também na discussão dos

resultados, e também ao Wanderson pelo apoio.

Ao Dr. Carlos Cáceres pelo apoio e ensinamentos.

Ao Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) do CNPEM em Campinas

pela parceria e suporte, em especial à Juliana pelas análises de XPS e ao Carlos pelas análises

de AFM.

À Embrapa Agroindústria Tropical pela disponibilização de espaço e

conhecimentos através de tantos profissionais maravilhosos. Aos queridos Deborah e Manoel,

meus primeiros orientadores, por me acolherem nos meus primeiros passos e à minha prima

Luciana pelo incentivo para o primeiro estágio na Embrapa, que me abriu as portas.

À UFC por todos os conhecimentos e pelas oportunidades, desde a graduação até o

doutorado. Aos professores, companheiros de disciplinas e funcionários dos departamentos de

Engenharia de Alimentos e de Engenharia Química.

Ao CNPq pelo suporte financeiro na pesquisa e à Funcap pela bolsa concedida

Às amigas Alaídes e Ana Cristina pela torcida e apoio.

Ao meu coral feminino por ser fonte de renovação. A toda minha família e minha

querida igreja pela torcida, meus avós, todos os tios e primos, especialmente minha vozinha

Gerarda, que cuidou muito de mim quando eu precisei, representando bem meu pai (in

memorian). Com certeza ele estaria bem feliz...

Muito obrigada a todos!

Page 8: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

RESUMO

A produção de materiais biodegradáveis tem sido cada vez mais estudada e incentivada, devido

à maior conscientização quanto aos riscos ambientais causados pelo extenso descarte de

plásticos oriundos de petróleo, com destaque para os usados em embalagens de alimentos, já

que estes possuem curta vida útil. A zeína, proteína obtida do glúten do milho, destaca-se por

ter menor hidrofilicidade que outras proteínas, o que implica em maior resistência à umidade.

Este trabalho tem o objetivo geral de estudar diferentes modificações e a combinação de

diferentes tecnologias a partir da matriz polimérica de zeína visando obter filmes com potencial

de utilização para embalagem ou revestimento de alimentos, contribuindo para o aumento de

sua vida útil. Para os testes preliminares foram testados os solventes etanol (de 70 a 95%) com

e sem ácido acético 5% e os plastificantes glicerol e ácido oleico (1:0, 2:1, 1:1, 1:2 e 0:1, no

total de 20%), e foram avaliadas propriedades físicas (solubilidade, PVA, ângulo de contato,

propriedades mecânicas) e morfológicas (MO, MEV). O etanol 80% sem ácido acético foi

escolhido como solvente, e a proporção 2:1 (13,3% e 6,7% da massa de zeína, respectivamente)

de glicerol e ácido oleico foi definida para os plastificantes. Em estudo de reticulação com ácido

tânico não-oxidado ou oxidado, foram variados a concentração de reticulante (de 0 a 8%) e o

pH da dispersão (de 4 a 9) e analisadas propriedades físicas, ópticas (cor, opacidade), químicas

(FTIR) e térmicas (TGA, DSC). Os resultados mostraram que maiores quantidades de ácido

tânico e valores de pH resultaram em filmes com melhores propriedades de forma geral,

notadamente menor solubilidade em água e melhores propriedades mecânicas. O ácido tânico

oxidado proporcionou melhoria mais expressiva nas propriedades de resistência à tração,

permeabilidade a vapor de água e solubilidade em água. O uso de 4% de ácido tânico e pH 9

foi escolhido como melhor tratamento para reticulação. Em estudo do tratamento com UV-

ozônio (UVO) para posterior funcionalização com nisina, foram avaliados filmes após

tratamento com UVO em diferentes tempos e após imersão em nisina (FTIR, XPS, MEV, AFM

e teste do halo de inibição). Mostrou-se que o tratamento com UVO é efetivo para a formação

de cargas negativas na superfície do filme, com aumento de hidrofilicidade, mantendo as

propriedades mecânicas e estruturais. Foi verificado pela técnica de XPS que a nisina foi

adsorvida na superfície dos filmes, especialmente após tratamento prévio de UVO por 120 s,

indicando que a combinação entre UVO e imersão em nisina é viável para funcionalização de

filmes de zeína com nisina; porém, são necessários mais estudos para verificar a atividade

antimicrobiana desses filmes após a adsorção de nisina na superfície. Em estudo de

revestimento de goiabas, frutos revestidos com zeína (Z) e zeína reticulada com ácido tânico

(ZR) foram submetidos a análise de sobrevivência, análises físicas (perda de massa, cor,

firmeza), taxa de respiração (CO2) e produção de etileno, pH, acidez total titulável, sólidos

solúveis totais, vitamina C, clorofila, carotenoides, teor de peroxido de hidrogênio, peroxidação

lipídica, e enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). Os revestimentos se

mostraram efetivos em retardar o amadurecimento de goiabas, com retardo da mudança de cor

dos frutos, diminuição de taxa respiratória e produção de etileno, manutenção da firmeza, de

sólidos solúveis, clorofila e teor de H2O2, com efeito mais expressivo do revestimento ZR. Os

resultados indicam que os revestimentos de zeína avaliados possibilitaram aumento de vida útil

dos frutos, especialmente o revestimento ZR.

Palavras-chave: zeína; reticulação; filmes biodegradáveis; revestimento; frutas tropicais.

Page 9: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

ABSTRACT

The production of biodegradable materials has been increasingly studied and encouraged, due

to the increased awareness about environmental risks caused by the extensive disposal of

petroleum-derived plastics, especially those used in food packaging. Zein, a protein obtained

from corn gluten, is characterized by a lower hydrophilicity than other proteins, which implies

a higher resistance to humidity. The general objective of this work was to study different

modifications and a combination of different technologies on a zein matrix in order to obtain

films with potential of use for food packaging or coating, contributing to increase of food shelf

life. For preliminary tests, the solvents ethanol (from 70 to 95%) with and without acetic acid

5% and the plasticizers glycerol and oleic acid (1:0, 2:1, 1:1, 1:2 and 0:1, total of 20%) were

tested, and physical (solubility, WVP, contact angle, mechanical properties) and morphological

properties (OM, SEM) were evaluated. Ethanol 80% without acetic acid was chosen as the

solvent, and a ratio of 2:1 (13.3% and 6.7% of zein mass, respectively) of glycerol and oleic

acid was defined for the plasticizers. In the crosslinking study with non-oxidized or oxidized

tannic acid, crosslinker concentration (from 0 to 8%) and dispersion pH (from 4 to 9) were

varied and film properties were analyzed. The results showed that higher amounts of tannic acid

and pH values resulted in films with better general properties, notably lower water solubility

and better mechanical properties. Oxidized tannic acid provided a more expressive

improvement in tensile strength, water vapor permeability and water solubility. 4% tannic acid

and pH 9 were chosen as the best conditions for crosslinking. In the study of the treatment with

UV-ozone (UVO) for functionalization with nisin, films were evaluated after UVO treatment

at different times and then after immersion in nisin (FTIR, XPS, MEV, AFM and inhibition

zone test). It was shown that UVO treatment is effective for the formation of negative charges

on the film surface, with increased hydrophilicity, maintaining mechanical and structural

properties. It was verified by the XPS technique that nisin was adsorbed on the surface of the

films, especially after previous treatment of UVO for 120 s, indicating that the combination

between UVO and immersion in nisin is viable for functionalization of zein films with nisin.

However, further studies are needed to verify the antimicrobial activity of these films after

surface adsorption of nisin. In the guava coating study, fruits coated with zein (Z) and zein

crosslinked with tannic acid (CZ) were submitted to survival analysis, physical analyzes (mass

loss, color, firmness), respiration rate (CO2) and ethylene production, pH, total titratable acidity,

total soluble solids, vitamin C, chlorophyll, carotenoids, hydrogen peroxide content, lipid

peroxidation and superoxide dismutase (SOD) and catalase (CAT) enzymes. The coatings

showed to be effective in delaying the ripening of guavas, with delay of fruit color change,

decrease of respiratory rate and ethylene production, maintenance of firmness, soluble solids,

chlorophyll and H2O2 content, with more expressive effect of the crosslinked coating. The

results indicated that the zein coatings increased the shelf life of guavas, especially the ZR

coating.

Key-words: zein; crosslinking; biodegradable film; coating; tropical fruit.

Page 10: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura da unidade monomérica de zeína e estrutura computacional da

zeína. ....................................................................................................... 18

Figura 2 – Caminhos para modificar as características de filmes e revestimentos

comestíveis. ............................................................................................. 22

Figura 3 – Estrutura molecular do ácido tânico (C76H52O46). .............................. 23

Figura 4 – Estrutura primária de nisina A, mostrando a distribuição de aminoácidos

nas porções lado hidrofílica e hidrofóbica da molécula. ......................... 28

Figura 5 – Diferenças entre as taxas respiratórias de frutas climatéricas e não–

climatéricas durante o seu amadurecimento. .......................................... 33

Figura 6 – Aparência visual de filmes de zeína dos tratamentos: T70, T80, T90,

T95, T70a, T80a, T90a, T95a, respectivamente. .................................... 51

Figura 7 – Efeito da concentração de etanol e de ácido acético sobre a solubilidade

em água e permeabilidade a vapor de água de filmes de zeína. ............. 52

Figura 8 – Termograma de zeína (pó) e termogramas de filmes de zeína, sem (T80)

e com (T80a) ácido acético, obtidos por DSC. ....................................... 53

Figura 9 – Micrografias de filmes de zeína obtidas por microscopia óptica. ....... 54

Figura 10 – Efeito dos plastificantes ácido oleico e glicerol sobre a solubilidade em

água e hidrofilicidade de filmes de zeína. ............................................... 54

Figura 11 – Micrografias de superfície obtidas por MEV de filmes de zeína e

plastificantes ác. oléico/glicerol. ............................................................. 55

Figura 12 – Espectros de absorção no UV–Visível de AT (solução de ácido tânico

0,4% em água) e ATox (solução de ácido tânico 0,4% em H2O2 0,2%). 56

Figura 13 – Curvas de contorno representando regressões para as propriedades dos

filmes contendo ATn. .............................................................................. 59

Figura 14 – Curvas de contorno representando regressões para as propriedades dos

filmes contendo ATo. .............................................................................. 59

Figura 15 – Espectros de FTIR de filmes produzidos em diferentes valores de pH

com diferentes concentrações de ATn ou ATo. ...................................... 63

Figura 16 – Imagens de MEV de filmes produzidos em diferentes valores de pH com

diferentes concentrações de ATn ou ATo (magnificação de 500 x). ...... 65

Page 11: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

Figura 17 – Curvas de TGA e da primeira derivada (DTG) para a zeína em pó e para

o ácido tânico em pó, respectivamente. .................................................. 66

Figura 18 – Curvas de TGA para filmes de zeína. ................................................. 66

Figura 19 – Curvas de DSC para filmes de zeína. .................................................. 68

Figura 20 – Propriedades físicas de filmes de zeína submetidos a diferentes tempos

de exposição em UVO. ........................................................................... 70

Figura 21 – Espectros de FTIR de filmes tratados com diferentes tempos de UVO

com e sem nisina. .................................................................................... 71

Figura 22 – Espectros de XPS de alta resolução do carbono 1s de filmes de zeína

tratados usando tempos de exposição a UVO de 0, 60 e 120s.* ............. 74

Figura 23 – Imagens de MEV de filmes tratados com UVO e/ou nisina. .............. 77

Figura 24 – Imagens de Microscopia de Força Atômica de filmes de zeína tratados

com UVO e imersão em solução de nisina. ............................................ 78

Figura 25 – Atividade antimicrobiana de filmes de zeína controle (1) e expostos à

solução de nisina 10000 UI/mL (2, 3, 4 e 5) contra (a) L. monocytogenes

e (b) S. aureus em placas com ágar Mueller–Hinton, e (c) S. cereviseae em

placas com ágar Batata Dextrose. ........................................................... 80

Figura 26 – Efeito de revestimentos de zeína sobre a atividade respiratória (CO2) e

produção de etileno (C2H4) de goiabas armazenadas a 23°C. ................ 83

Figura 27 – Aparência de goiabas (C, Z, e ZR, respectivamente) revestidas com

soluções de zeína até 12 dias de armazenamento. .................................. 86

Figura 28 – Efeito de revestimentos de zeína sobre a perda de massa de goiabas

armazenadas a 23°C. ............................................................................... 87

Figura 29 – Efeito de revestimentos de zeína sobre os parâmetros de cor L*, a* e b*

de goiabas armazenadas a 23°C. ............................................................. 88

Figura 30 – Efeito de revestimentos de zeína sobre a firmeza de goiabas

armazenadas a 23°C. ............................................................................... 90

Figura 31 – Efeito de revestimentos de zeína sobre parâmetros do metabolismo

antioxidante enzimático de goiabas armazenadas a 23°C. ...................... 94

Figura 32 – Atividade antimicrobiana de soluções filmogênicas de zeína Z, ZR,

ZN1, ZRN1, ZN2, ZRN2 (60µL) em placas com ágar BHI e PDA

(levedura). (a) Listeria monocytogenes; (b) Escherichia coli; (c)

Page 12: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

Saccharomyces cerevisiae. Concentrações de nisina (m/m de zeína): ZN1,

ZRN1– 7%; ZN2, ZRN2 – 14%. .......................................................... 120

Figura 33 – Atividade antimicrobiana de soluções filmogênicas de zeína ZN1,

ZN(ac), ZRN1 e ZRN (ac) (60µL) em placas com ágar BHI. (a) Listeria

monocytogenes; (b) Escherichia coli. ................................................... 121

Figura 34 – Goiabas revestidas com revestimento ZRN. ..................................... 121

Page 13: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Solventes usados para filmes de zeína.......................................................... 37

Tabela 2 – Plastificantes usados para filmes de zeína. ................................................... 37

Tabela 3 – Escala de notas de acordo com a cor da casca para goiabas. ....................... 46

Tabela 4 – Efeito da concentração de etanol e de ácido acético sobre as propriedades

mecânicas de filmes de zeína. ......................................................................... 53

Tabela 5 – Condições e respostas experimentais ........................................................... 57

Tabela 6 – Coeficientes de regressão para propriedades dos filmes com ácido tânico não

modificado ....................................................................................................... 58

Tabela 7 – Coeficientes de regressão para propriedades dos filmes com ácido tânico

oxidado ............................................................................................................ 58

Tabela 8 – Médias e testes–t pareados para as propriedades dos filmes com ácido tânico

não–modificado (ATn) e oxidado (ATo). ....................................................... 63

Tabela 9 – Temperaturas de degradação de filmes de zeína reticulados com ácido tânico

em diferentes pHs ............................................................................................ 67

Tabela 10 – Temperaturas de transição vítrea de filmes de zeína obtidas por DSC. ....... 68

Tabela 11 – Composição elementar da superfície de filmes de zeína com ácido tânico

submetidos a diferentes tempos de exposição em UVO com e sem nisina a partir

de espectros de varredura de XPS. .................................................................. 72

Tabela 12 – Composição do carbono 1s de filmes de zeína tratados com diferentes tempos

de exposição a UVO. * .................................................................................... 74

Tabela 13 – Dados de sobrevivência (média e intervalo de confiança) de goiabas revestidas

e não revestidas armazenadas a 23°C. ............................................................. 81

Tabela 14 – Médias globais e testes de Dunnett para as propriedades das goiabas controle

(C), revestidas com zeína (Z) e revestidas com zeína reticulada (ZR) ao longo

de 12 dias de estocagem a 23°C, UR 88%. ..................................................... 84

Tabela 15 – Parâmetros físico–químicos das goiabas revestidas e não revestidas

armazenadas a 23°C. ....................................................................................... 91

Tabela 16 – Diâmetros de zonas de inibição (mm) para soluções filmogênicas de zeína

contra bactérias L. monocytogenes e E. coli. ................................................. 120

Tabela 17 – Diâmetros de zonas de inibição (mm) e pH para soluções filmogênicas de

zeína contra bactérias L. monocytogenes e E. coli. ....................................... 121

Page 14: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14

Objetivo geral e objetivos específicos .......................................................................... 16

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 18

2.1 Zeína: disponibilidade, estrutura e aplicações ........................................................... 18

2.2 Filmes de zeína e propriedades .................................................................................... 19

2.3 Modificações químicas e físicas em filmes .................................................................. 21

2.3.1 Reticulação com ácido tânico ........................................................................................ 22

2.3.2 Modificação da superfície com ozônio e UV ................................................................. 25

2.4 Adição de antimicrobianos – nisina ............................................................................. 27

2.5 Revestimento de frutos ................................................................................................. 29

2.6 Goiaba: características e aumento de vida útil .......................................................... 31

2.6.1 Fisiologia Pós-Colheita de Goiabas .............................................................................. 31

2.6.2 Aumento de vida útil de goiabas .................................................................................... 34

3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 36

3.1 Materiais ........................................................................................................................ 36

3.2 Etapa 1 – Estudos preliminares: influência dos solventes etanol e ácido acético e dos

plastificantes glicerol e ácido oleico sobre propriedades físicas de filmes de zeína 36

3.2.1 Composição e preparação dos filmes ............................................................................ 36

3.2.2 Análises ........................................................................................................................... 37

3.3 Etapa 2 - Filmes de zeína reticulados com ácido tânico não-oxidado ou oxidado .. 39

3.3.1 Delineamento experimental ........................................................................................... 39

3.3.2 Preparação dos filmes com ácido tânico não-modificado (ATn) ................................. 39

3.3.3 Preparação dos filmes com ácido tânico oxidado (ATo) .............................................. 40

3.3.4 Análise espectrofotométrica ........................................................................................... 40

3.3.5 Análises dos filmes após reticulação ............................................................................. 40

3.4 Etapa 3 - Efeito da funcionalização com UV/ozônio e antimicrobiano catiônico

(nisina) sobre filmes de zeína reticulados com ácido tânico ...................................... 42

3.4.1 Obtenção dos filmes e análises físicas - tratamento com UVO .................................... 42

3.4.2 Tratamento dos filmes oxidados com nisina ................................................................. 42

3.4.3 Caracterização química e morfológica dos filmes tratados com UVO e nisina........... 43

3.4.4 Propriedades antimicrobianas pelo teste do halo de inibição ...................................... 43

3.5 Etapa 4 - Revestimentos de zeína na preservação de goiabas ................................... 44

3.5.1 Preparação das dispersões filmogênicas ....................................................................... 44

3.5.2 Aplicação dos revestimentos em goiabas ....................................................................... 45

3.5.3 Análises ........................................................................................................................... 45

Page 15: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 51

4.1 Etapa 1 - Estudos preliminares: influência dos solventes etanol e ácido acético e dos

plastificantes glicerol e ácido oleico sobre propriedades físicas de filmes de zeína 51

4.1.1 Estudo dos solventes ....................................................................................................... 51

4.1.2 Estudo dos plastificantes ................................................................................................ 54

4.2 Etapa 2 - Filmes de zeína reticulados com ácido tânico não-oxidado ou oxidado .. 56

4.2.1 Espectros de absorção .................................................................................................... 56

4.2.2 Solubilidade em água e permeabilidade a vapor de água ............................................ 60

4.2.3 Propriedades Mecânicas ................................................................................................ 61

4.2.4 Propriedades Ópticas ..................................................................................................... 62

4.2.5 FTIR e comparação entre filmes com ácido tânico não-oxidado e oxidado ............... 62

4.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) .............................................................. 64

4.2.7 Propriedades Térmicas ................................................................................................... 65

4.3 Etapa 3 - Efeito da funcionalização com UV/ozônio e antimicrobiano catiônico

(nisina) sobre filmes de zeína reticulados com ácido tânico ...................................... 69

4.3.1 Efeito do UV/Ozônio sobre propriedades físicas de filmes de zeína ............................ 69

4.3.2 FTIR de filmes tratados com UVO e nisina .................................................................. 70

4.3.3 Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X (XPS – X-Ray Photoelectron Spectroscopy)

72

4.3.4 Microscopia Eletrônica de Varredura ........................................................................... 76

4.3.5 Microscopia de Força Atômica (AFM) ......................................................................... 77

4.3.6 Atividade antimicrobiana - Método de difusão em ágar ............................................... 79

4.4 Etapa 4 – Revestimentos de zeína na preservação de goiabas .................................. 80

4.4.1 Análise de sobrevivência ................................................................................................ 80

4.4.2 Atividade respiratória e taxa de produção de etileno .................................................... 82

4.4.3 Parâmetros físicos .......................................................................................................... 85

4.4.4 Parâmetros Químicos e Físico-Químicos ...................................................................... 90

4.4.5 Metabolismo antioxidante enzimático ........................................................................... 93

CONCLUSÕES .............................................................................................................. 97

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 98

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 118

APÊNDICE A – Avaliação da atividade antimicrobiana de revestimentos de zeína

com nisina pelo método de difusão em ágar ............................................................. 119

Page 16: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

14

1. INTRODUÇÃO

É urgente encontrar soluções para as questões ambientais ligadas à grande

quantidade de lixo não biodegradável e à utilização de fontes não renováveis para produção de

plásticos convencionais. Alternativas como a reciclagem não têm sido suficientes, pois menos

de 5% de todos os plásticos têm sido reciclados, acarretando em acúmulo no ambiente

(ESPITIA et al., 2014). Por isso, torna-se relevante a utilização de materiais biodegradáveis,

especialmente em embalagens de alimentos, já que estas, de forma geral, não requerem grande

vida útil.

Os filmes biodegradáveis podem ser obtidos a partir de polímeros de fonte sintética

ou renovável, em que se destacam os de origem agrícola (GUILBERT; GONTARD, 2005,

WIHODO; MORARU, 2013). A aplicação de biopolímeros de fonte agrícola pode ser feita na

forma de filme, que é formado de forma independente e depois aplicado, ou como revestimento,

que é formado diretamente na superfície do alimento. Pesquisas sobre embalagens comestíveis

vêm avançando, utilizando componentes comestíveis, como proteínas, polissacarídeos, lipídeos

e outros derivados de diversas fontes renováveis (JANJARASSKUL; KROCHTA, 2010).

As proteínas apresentam diversas vantagens na obtenção de filmes biodegradáveis,

pois possuem estrutura específica que confere uma maior gama de propriedades funcionais,

especialmente elevado potencial de interações intermoleculares, apresentando uma larga

variedade de interações e reações químicas possíveis (HERNANDEZ-IZQUIERDO;

KROCHTA, 2008). Por outro lado, os materiais obtidos de proteínas, como os da maioria das

outras macromoléculas de origem biológica, têm pobres propriedades mecânicas e de barreira

quando comparados aos polímeros convencionais. A zeína do milho, proteína obtida a partir do

glúten do milho (AKBARI; GHOMASHCHI; MOGHADAM, 2007) requer o estudo de novos

usos devido à sua grande disponibilidade graças ao crescimento da produção mundial de amido

de milho e indústria do bioetanol (BISWAS et al., 2009), sendo o material principal desse

trabalho.

A zeína é anfifílica e insolúvel em água e etanol absoluto devido à baixa quantidade

de aminoácidos polares e alta quantidade de aminoácidos não-polares (NONTHANUM; LEE;

PADUA, 2013), então, os filmes obtidos são menos hidrofílicos comparados a outros filmes de

proteínas, o que confere boa barreira ao vapor de água (DANGARAN et al., 2009), importante

para utilização de filmes como embalagens de alimentos. Alguns estudos realizados

comprovam essa potencialidade da zeína (MEHYAR et al., 2014; YUN et al., 2015).

Page 17: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

15

Alguns fatores importantes para a utilização de zeína como matriz são a escolha do

solvente e plastificante mais adequados, pois estes podem afetar suas propriedades, inclusive

sua resistência a água (YONG et al., 2015; KIM; XU, 2008). Alguns estudos reportam o uso

dos solventes etanol e ácido acético (SHI; KOKINI; HUANG, 2009) e plastificantes glicerol e

ácido oleico (XU; CHAI; ZHANG, 2012) em filmes de zeína, mas ainda é necessária a

investigação com foco em propriedades de interesse para aplicação como embalagem de

alimentos.

Apesar de sua excelente propriedade de formar filmes e boa propriedade de barreira

a gases de filmes de zeína, sua clássica fragilidade e problemas de flexibilidade são uma grande

limitação para seu uso em filmes e revestimentos (ARCAN; YEMENICIOĞLU, 2011). Entre

as possíveis modificações de filmes de biopolímeros para obter melhores propriedades de

interesse, diminuindo a restrição do uso desses materiais, está a reticulação, processo de

formação de ligações cruzadas (crosslinking), formando redes tridimensionais que aumentam a

rigidez e resistência à água (JIANG; REDDY; YANG, 2010). Agentes reticulantes naturais e

de baixa toxicidade, como o ácido tânico, vêm ganhando destaque por seu apelo mercadológico

(pelo fato de serem naturais) e por se mostrarem efetivos na reticulação de proteínas (HAGER;

VALLONS; ARENDT, 2012). Diversas interações podem estar envolvidas, incluindo ligações

covalentes e não-covalentes (AEWSIRI et al., 2010), as quais podem ser obtidas por diferentes

caminhos, como a oxidação do ácido fenólico sob condições alcalinas ou através de peróxido

de hidrogênio como agente oxidante (ligação covalente) e interações não-covalentes como

pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas. O pH é um importante fator na elaboração de

filmes de proteínas, que pode influenciar no tipo de interação com o agente reticulante

(SHUTAVA et al., 2005), por isso, torna-se importante esclarecer a relação entre o pH e a

reação de reticulação entre ácido tânico e proteínas.

A incorporação de propriedades antimicrobianas em filmes e revestimentos também

tem sido muito pesquisada, uma vez que concentra a ação do agente antimicrobiano sobre a

superfície do alimento, que é geralmente onde existe maior contaminação. A nisina, peptídeo

antimicrobiano catiônico, tem se mostrado efetiva em inibir o crescimento microbiano quando

incorporada a filmes biopoliméricos (SIVAROOBAN et al., 2008; LIN; WANG; WENG,

2011). A incorporação de nisina tem sido feita geralmente por simples mistura à dispersão

polimérica. O uso de peptídeos antimicrobianos adsorvidos sobre superfícies é uma das

possíveis abordagens inovadoras de incorporação desses compostos (KARAM et al., 2013),

pois possibilita a ação do antimicrobiano na superfície do filme em contato com o alimento.

Porém, para que haja adsorção da nisina na superfície, é necessário que haja afinidade desta

Page 18: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

16

com a superfície do material, então, o tratamento com UV e ozônio se torna interessante por

produzir grupos funcionais reativos pela oxidação na superfície (SHI; KOKINI; HUANG,

2009), potencializando a adsorção de nisina na superfície de filmes de zeína. A adsorção de

antimicrobianos na superfície de filmes biodegradáveis pode ser uma tecnologia promissora

para uso em alimentos, proporcionando aumento de vida útil.

Dentre as diversas aplicações possíveis de filmes e revestimentos de zeína em

alimentos, pode ser destacado o revestimento de frutas tropicais. Goiabas são frutos com

apreciadas características sensoriais e nutricionais, porém apresentam alta taxa de respiração e

rápida senescência, levando a uma curta vida útil pós-colheita (FORATO et al., 2015), por isso,

a goiaba se mostra um excelente modelo biológico para estudar a efetividade dos revestimentos

comestíveis de zeína, além do fato de que este fruto pode ser consumido com a casca. Torna-se

interessante o estudo da aplicação de revestimentos de zeína em goiabas com o objetivo de

aumento de vida útil e manutenção de qualidade, pois o uso de revestimentos em frutos pode

propiciar diminuição da taxa respiratória, prolongamento do período de armazenamento e

retenção da firmeza (FAN et al., 2009).

Baseando-se nesse contexto, para o desenvolvimento da tese, este trabalho foi

dividido em quatro etapas. A primeira etapa apresenta estudos preliminares para a escolha dos

solventes e plastificantes a serem utilizados nos filmes de zeína. A segunda etapa consiste no

estudo da reticulação de filmes de zeína com ácido tânico (oxidado ou não) em diferentes pHs.

A terceira etapa apresenta a investigação do tratamento dos filmes com UV e ozônio para

funcionalização com nisina, a fim de propor nova metodologia de incorporação desse

antimicrobiano. A quarta etapa consiste no estudo da utilização de revestimentos de zeína

reticulada ou não com ácido tânico no revestimento de goiabas.

Objetivo geral e objetivos específicos

Este trabalho de tese tem o objetivo geral de estudar diferentes modificações e a

combinação de tecnologias a partir da matriz polimérica de zeína, visando obter materiais com

melhor potencial de utilização para filme ou revestimento de alimentos.

Os objetivos específicos da tese são:

• Definir a melhor combinação de solventes e plastificantes para obter filmes

homogêneos de zeína;

• Melhorar as propriedades mecânicas, de barreira e resistência à umidade de filmes

de zeína por meio da reticulação com ácido tânico;

Page 19: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

17

• Determinar o efeito da oxidação com UVO e da incorporação de nisina nas

propriedades físicas de filmes de zeína e determinar o desempenho antimicrobiano.;

• Aumentar a vida útil de goiabas por meio do uso de revestimentos de zeína.

Page 20: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

18

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Zeína: disponibilidade, estrutura e aplicações

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho (Zea mays L.), totalizando

84,7 milhões de toneladas na safra 2014/2015 (CONAB, 2016). Zeína é o nome dado à fração

prolamina das proteínas do milho, produzida comercialmente a partir de glúten de milho, o qual

é um coproduto obtido da produção de amido de milho (GHANBARZADEH; OROMIEHI,

2008). Esta proteína é a principal proteína de reserva do milho, representando cerca de metade

das proteínas do endosperma do milho (BISWAS et al., 2005). É o maior subproduto da

indústria de moagem úmida e de biocombustível (PADUA; WANG, 2002; ZHANG; LUO;

WANG, 2011) com aumento considerável de disponibilidade, a ponto de ser requerido o

desenvolvimento de novos usos para essa proteína (BISWAS et al., 2009).

A zeína é classificada como prolamina devido às suas características de solubilidade

(LUO; WANG, 2014; SHUKLA; CHERYAN, 2001), pois é insolúvel em água pura ou etanol

puro e é solubilizada comumente em soluções etanol-água e também acetona-água

(NONTHANUM; LEE; PADUA 2013; SOUSA et al., 2013). A estrutura da zeína é insolúvel

em água pura devido à sua sequência de aminoácidos, em que mais de 50% são não-polares,

incluindo leucina (20%), prolina (9%), alanina (14%), fenilalanina, isoleucina e valina (LUO;

WANG, 2014; SOUSA et al., 2013). Sua natureza anfifílica vem de seus resíduos hidrofílicos

e hidrofóbicos distribuídos na estrutura da proteína (SOUSA et al., 2013).

A estrutura do monômero da proteína de zeína reportada por Matsushima et al.

(1997) apresenta 10 segmentos de hélice sucessivos, dobrados um sobre o outro em um arranjo

antiparalelo, estabilizados por ligações de hidrogênio (Figura 1). Este modelo explica a natureza

anfifílica da zeína, com a parte superior hidrofílica e a parte inferior com superfície exterior

hidrofóbica (PALIWAL; PALAKURTHI, 2014).

Figura 1 – Estrutura da unidade monomérica de zeína e estrutura computacional da zeína.

Fonte: (a) Matsushima et al., 1997; (b) Wang et al., 2013. Figuras adaptadas por Paliwal e Palakurthi (2014).

Page 21: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

19

Comercialmente, a zeína está disponível nas formas amarela e branca, em que a

amarela contém uma alta concentração de pigmentos de xantofila (8-9%) como luteína,

zeaxantina e β-criptoxantina (PODARALLA; PERUMAL, 2012; SHUKLA; CHERYAN,

2001). A zeína branca, com pureza maior que 96%, é obtida da descoloração da proteína

amarela e possui quantidade desprezível de xantofilas (KALE; ZHU; CHERYAN, 2007). As

xantofilas são responsáveis por algumas propriedades indesejadas da zeína amarela, pois a

presença de xantofila ligada à zeína afeta fortemente a sua solubilidade, já que a xantofila é

lipossolúvel (PALIWAL; PALAKURTHI, 2014).

A zeína é um dos poucos biopolímeros hidrofóbicos insolúveis em água que

possuem aprovação para uso oral pela FDA (Food and Drug Administration) (PATEL;

VELIKOV, 2014). A falta de aminoácidos essenciais triptofano e lisina e sua deficiência de

aminoácidos ácidos e básicos torna limitado o uso da zeína para consumo humano, porém

proporciona sua ampla exploração nos campos da ciência de alimentos, farmacêutica e

biomedicina (SHUKLA; CHERYAN, 2001; LUO; WANG, 2014). Esta proteína pode ser

facilmente convertida em diferentes formatos e estruturas como filmes, fibras, micro/nano-

partículas e géis, podendo ser aplicada em medicamentos, revestimentos e filmes

biodegradáveis (PALIWAL; PALAKURTHI, 2014; SHUKLA; CHERYAN, 2001). Exibe

várias propriedades como tenacidade, flexibilidade, compressão, brilho, resistência ao ataque

microbiano (SHUKLA; CHERYAN, 2001) e atividade antioxidante (KONG; XIONG, 2006),

além de suas propriedades de maior hidrofobicidade em relação a outras proteínas, que a tornam

interessante como material para embalagem de alimentos, como filmes biodegradáveis e/ou

comestíveis.

2.2 Filmes de zeína e propriedades

Filmes e revestimentos comestíveis podem ser definidos como camadas finas de

materiais que podem ser utilizadas como embalagens na superfície de alimentos. A diferença

principal entre os dois tipos é que os filmes são pré-formados separadamente do produto e

aplicados somente depois de secos, enquanto os revestimentos são formados diretamente sobre

a superfície do alimento, o que pode ser efetuado, por exemplo, por imersão ou aspersão.

Ambos possuem diversas funções como materiais para embalagens de alimentos, sendo usados

para proteger o produto do ambiente externo, retardar a deterioração, aumentar a vida útil e

manter a qualidade de produtos alimentícios (ZHANG; MITTAL, 2010). Atuam como barreira

para controlar a transferência de umidade, gases e componentes de sabor, e podem também

Page 22: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

20

ajudar na manutenção da integridade mecânica e melhorar as características de manipulação

dos alimentos (LIANG et al., 2015). Além disso, podem ser veículos de ingredientes funcionais,

como antimicrobianos e antioxidantes, que aumentam a segurança e estabilidade dos alimentos

(ARCAN; YEMENICIOĞLU, 2011; LIANG; LUDESCHER, 2011). É óbvio que, para que os

biopolímeros exerçam sua função esperada de conter o alimento e protegê-lo, mantendo sua

qualidade, é importante controlar e modificar suas propriedades mecânicas e de barreira, as

quais dependem da estrutura do material polimérico (SIRACUSA et al., 2008).

A zeína possui excelente propriedade de formar filmes e revestimentos, tendo sido

sugerida como revestimento para frutas frescas e secas, doces e nozes (BAI et al., 2003;

SHUKLA; CHERYAN, 2001). Os filmes de zeína se destacam por sua resistência ao ataque

microbiano e hidrofobicidade comparados a outros filmes de biopolímeros. Apresentam boa

barreira a gases (ARCAN; YEMENICIOĞLU, 2011) e, como proteínas solúveis em álcool,

formam filmes com baixa permeabilidade ao vapor de água (PVA), se comparada à maioria das

proteínas de origem agrícola, devido à sua inerente hidrofobicidade (MORADI et al., 2016;

WAN et al., 2016). As propriedades dos filmes de zeína, como resistência mecânica e

habilidade de barreira, dependem largamente da interação entre as proteínas, plastificantes e

outros grupos funcionais (WANG; RAKOTONIRAINY; PADUA, 2003).

A arquitetura do polímero tem um papel importante sobre as propriedades

mecânicas, por isso é importante a forma como os filmes são elaborados, assim como a presença

de plastificantes e agentes reticulantes, dentre outros fatores. Dentre as propriedades mecânicas,

as principais geralmente avaliadas são resistência à tração, elongação ou alongamento na

ruptura e módulo de elasticidade, determinadas através de ensaios de tração do material de

embalagem biopolimérica a ser aplicado no alimento (SIRACUSA et al., 2008).

Muitos estudos vêm sendo feitos na tentativa de melhorar as propriedades

mecânicas e de barreira de filmes de zeína ou para verificar o efeito da adição de componentes

em suas propriedades: estudo de diferentes solventes (CHEN; YE; LIU, 2014; SHI; KOKINI;

HUANG, 2009), adição de diferentes plastificantes (GHANBARZADEH et al., 2007; XU;

CHAI; ZHANG, 2012), adição de ácidos fenólicos e/ou carboxílicos como reticulantes e/ou

plastificantes (ARCAN; YEMENICIOĞLU, 2011), modificação química (SESSA et al., 2013),

blendas com outras proteínas (GU; WANG; ZHOU, 2013) e com ceras (ARCAN;

YEMENICIOĞLU, 2013), formação de nanocompósitos (ZHANG; WANG, 2012),

funcionalização da superfície (BISWAS et al., 2009), uso de irradiação (SOLIMAN; FURUTA,

2009) e UV/ozônio (SHI, KOKINI; HUANG, 2009). Além disso, existe um grande interesse

na adição de propriedades importantes aos filmes de zeína para a manutenção da qualidade dos

Page 23: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

21

alimentos, como a incorporação de antimicrobianos e antioxidantes (GÜÇBILMEZ,

YEMENICIOFLU; ARSLANOFLU, 2007). Apesar da grande quantidade de estudos e

informações já obtidas, existe ainda muito a ser estudado sobre o efeito da combinação de

diversas modificações ou tecnologias na melhoria das propriedades de filmes de zeína.

2.3 Modificações químicas e físicas em filmes

Uma importante forma de melhorar o desempenho de filmes biodegradáveis é

através de modificação química e/ou física. A modificação pode ter um efeito positivo sobre as

propriedades mecânicas e de permeabilidade ao vapor de água de materiais (EMMAMBUX et

al., 2004), mas pode ser também uma ferramenta para aprimorar a compatibilidade entre dois

polímeros (PEELMAN et al., 2013).

Filmes são, essencialmente, redes de polímeros interagindo intensamente após

secagem do solvente; portanto, os materiais de formação de filme devem formar uma estrutura

de gel rearranjada espacialmente com todos os agentes de formação de filme incorporados, que

incluem biopolímeros, plastificantes, solventes e outros aditivos (HAN; GENNADIOS, 2005).

O principal mecanismo de formação de filmes de proteína envolve sua desnaturação iniciada

por calor, solventes ou mudança de pH, seguidos pela associação da cadeia de peptídeos através

de novas interações intermoleculares (JANJARASSKUL; KROCHTA, 2010). As modificações

químicas e/ou físicas servem para auxiliar o processo de incorporação de todos os componentes

do filme e rearranjo adequado de sua estrutura. Os processos de modificação química incluem

modificação química das cadeias de peptídeos e reticulação, enquanto modificações físicas ou

métodos físicos incluem uso de radiação, formação de compósitos, adição de partículas ou

formação de emulsões, dentre outros, as quais podem acarretar ou não modificações químicas.

A Figura 2 mostra potenciais abordagens químicas e físicas para a modificação de mecanismos

de formação de filme por alteração dos materiais que formam os filmes, variação das condições

de processamento e aplicação de tratamento nos filmes formados (após a secagem) (HAN;

GENNADIOS, 2005).

Page 24: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

22

Figura 2 - Caminhos para modificar as características de filmes e revestimentos comestíveis.

Fonte: Adaptada de Han e Gennadios (2005). * indica a adição de ingredientes química ou fisicamente ativos, os

quais podem aumentar ou interferir nos mecanismos de formação de filme; ** inclui algum reticulador químico,

substituição química de cadeias laterais para criar interações hidrofóbicas ou eletrostáticas, e outros mecanismos

causados por modificações químicas.

2.3.1 Reticulação com ácido tânico

A reticulação de polímeros é o processo de interligação de cadeias poliméricas por

ligações covalentes ou não covalentes, caracterizando a de formação de ligações cruzadas

(crosslinking), formando redes tridimensionais que tornam a estrutura mais rígida, mais

resistente à umidade. A reticulação é especialmente útil para materiais de biopolímeros, como

os derivados de proteínas ou polissacarídeos (AZEREDO; WALDRON, 2016), sendo um

importante passo para melhorar sua estabilidade, resistência mecânica, coesão e propriedades

de barreira à água (MATHEW; ABRAHAM, 2008). Alguns artigos têm descrito reações de

reticulação de zeína com diversos agentes, como ácido cítrico (JIANG; REDDY; YANG,

2010), 1-etil-3-(3-dimetilaminopropil) carbodiimida (EDC) e N-hidroxisuccinimida (NHS)

(KIM et al., 2004), glutaraldeído (SESSA et al., 2007) e glioxal (WOODS; SELLING, 2008),

resultando em filmes com melhor resistência à umidade, e geralmente com melhores

propriedades mecânicas; porém, a maioria deles é sintética, e alguns têm sido reportados como

citotóxicos (RIVERO et al., 2010). Outros, usados para reações enzimáticas como a

transglutaminase, são caros (CARVALHO; GROSSO, 2004). Por isso, alternativas naturais e

de baixa toxicidade vêm sendo estudadas, como genipina, ácido cítrico, ferrúlico e tânico

Page 25: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

23

(CAO; FU; HE, 2007; KHAN et al., 2016; REDDY; LI; YANG, 2009). Além disso, compostos

fenólicos com maior peso molecular possuem maior afinidade de ligação a proteínas (OZDAL

et al., 2013), que pode estar relacionada à maior capacidade de reticulação de cadeias peptídicas

em mais de um ponto (MULAUDZI et al., 2012).

O ácido tânico (AT), um éster gálico de D-glicose, é um tanino hidrolisável com

alto peso molecular devido aos seus múltiplos grupos fenólicos (HAGER; VALLONS;

ARENDT, 2012), reconhecido por sua capacidade antioxidante, pois seus grupos fenólicos

podem interagir com macromoléculas biológicas (AELENEI et al., 2009). Este é um ingrediente

de grau alimentício e um bom candidato para utilização em materiais biodegradáveis devido à

sua presença natural em muitas plantas e sua grande disponibilidade a preços relativamente

baixos (HAGER; VALLONS; ARENDT, 2012). Como mostra a Figura 3, a estrutura

representativa do ácido tânico consiste de um núcleo central de glicose ligado por pontes éster

a cadeias de poligaloil-éster.

Figura 3 - Estrutura molecular do ácido tânico (C76H52O46).

Fonte: Yi et al (2011).

O principal caminho químico postulado para reticulação covalente envolve a

oxidação de porções difenol de ácidos fenólicos sob condições alcalinas, produzindo

intermediários quinonas que reagem com nucleófilos (principalmente grupos amina ou

sulfidrila de proteínas) para formar ligações C-N ou C-S (OU et al., 2005; STRAUSS;

GIBSON, 2004). A hidroquinona regenerada pode ser reoxidada e se ligar a outra cadeia de

proteína, formando uma ligação cruzada. Alternativamente, duas quinonas, cada uma ligada a

uma cadeia de proteína, podem dimerizar para produzir uma ligação cruzada (STRAUSS;

GIBSON, 2004). Diferentes interações não-covalentes podem ocorrer, como pontes de

Page 26: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

24

hidrogênio entre grupos hidroxila do ácido fenólico e grupos carbonila da proteína, e interações

hidrofóbicas entre anéis aromáticos do ácido fenólico e cadeias da parte hidrofóbica da proteína

(AEWSIRI et al., 2010). Baxter et al. (1997) propuseram que proteínas ricas em prolina (como

a zeína) podem interagir com pentagaloil-glucose do ácido tânico por interações hidrofóbicas

com o anel pirrolidina da prolina. Dentre os agentes oxidantes que podem ser usados para oxidar

fenólicos está o peróxido de hidrogênio (SHARMA; MISHRA; KUMAR, 2016), já utilizado

em ácido ferúlico em filmes (OU et al., 2005; MATHEW; ABRAHAM, 2008).

O ácido tânico já foi estudado em alguns filmes de proteína. Hager; Vallons e

Arendt (2012) estudaram o efeito do AT e ácido gálico em propriedades mecânicas e de barreira

de filmes de glúten do trigo em pH 4 e observaram que os filmes com AT se tornaram mais

rígidos e resistentes, porém menos flexíveis, além de apresentarem menor solubilidade; o ácido

gálico agiu somente como plastificante, promovendo aumento da elongação. Byaruhanga et al.

(2006) estudaram o efeito do AT em filmes de kafirina, proteína semelhante à zeína,

comprovando a ligação do composto fenólico à proteína. Emmambux; Stading e Taylor (2004)

estudaram o efeito do AT em propriedades mecânicas e de barreira de filmes de kafirina, e

obtiveram aumento de resistência à tração e diminuição de elongação, absorção de água e

permeabilidade a oxigênio. Zhang et al. (2010) utilizaram AT como reticulante em gelatina com

pH 8, e observaram melhoria das propriedades mecânicas. Prodpran; Benjakul e Phatcharat

(2012) compararam AT, ácido cafeico, ácido ferúlico e catequina em filmes de proteína

miofibrilar de peixe e verificaram que o AT apresentou maior eficiência na reticulação com

maior resistência mecânica. De forma geral, dentre os trabalhos que compararam outros

compostos fenólicos com o AT, este se destacou por apresentar maior eficiência na reticulação,

comprovada pelo aumento mais expressivo de resistência à tração.

O pH é uma condição de processamento do filme que pode afetar suas propriedades,

especialmente mecânicas e de barreira (MASAMBA et al., 2016). O efeito do pH tem sido

atribuído principalmente ao seu impacto sobre a carga da proteína e sobre seu grau de

desnaturação e agregação (POPOVIC et al., 2011). Esse efeito é ainda mais importante nas

reações de reticulação de proteínas, pois podem determinar o grau e o tipo de interação formado

com o agente reticulante, pois a ligação de proteínas a taninos é dependente do pH (SHUTAVA

et al., 2005). Diversos trabalhos que utilizam ácido tânico como reticulante de proteínas em

diferentes pHs, como os citados acima, mostram diferenças que podem ser relacionadas aos

diferentes pHs utilizados e diferentes concentrações.

Page 27: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

25

2.3.2 Modificação da superfície com ozônio e UV

A superfície de um material é importante para definir suas propriedades e

aplicações, sendo o primeiro ponto de contato com outros sistemas; então, suas características

determinam as possibilidades de aplicação e interação com outros meios (KESSLER, 2010). É

importante a realização de funcionalização da superfície para conferir funções específicas e

desejáveis aos biomateriais disponíveis (ZHOU et al., 2016). A modificação de superfície pode

ser usada para modular as propriedades de superfície de substratos, tais como a adesão, a

molhabilidade, biocompatibilidade, e a de anti-incrustação (ZHOU et al., 2016).

Atualmente, é crescente a demanda por novas tecnologias na modificação de

proteínas (MIRMOGHTADAIE; ALIABADI; HOSSEINI, 2016). Alguns métodos físicos de

modificação vêm sendo estudados na preparação de filmes biodegradáveis e/ou modificação de

suas superfícies, como irradiação-γ (CIESLA; SALMIERI; LACROIX, 2006), ultrassom

(RODRIGUEZ-TURIENZO; COBOS; DÍAZ, 2012), tratamento de plasma (SLEPICKA et al.,

2013), descarga de corona (PETROV et al., 2016), radiação nuclear (BHATTACHARYA,

2000) e radiação ultravioleta (BELMONTE et al., 2016; SHI; KOKINI; HUANG, 2009), os

quais podem ser usados na modificação de filmes à base de proteínas.

Entre os tratamentos físicos, a radiação ultravioleta (UV) tem sido estudada devido

à sua radiação eletromagnética que é absorvida por duplas ligações e anéis aromáticos,

causando a formação de radicais livres em aminoácidos, e por sua capacidade de levar à

formação de ligações covalentes intermoleculares (GENNADIOS et al., 1998). A luz UV é

considerada uma fonte de excitação simples, seca e econômica (BELMONTE 2016), e tem

mostrado em muitos casos resultados similares a tratamentos de plasma (KESSLER et al, 2013).

Rhim et al. (1999) estudaram efeito da radiação UV na resistência à tração, cor e

permeabilidade a vapor de água de filmes de zeína e de outras proteínas, e encontraram

diferenças muito pequenas, não-significativas em geral, comparando com o filme controle,

porém não foram avaliadas propriedades de superfície. Díaz, Candia e Cobos (2016) avaliaram

o efeito do UV na dispersão filmogênica e no filme pronto, e verificaram que só houve diferença

significativa nas propriedades avaliadas (mecânicas, de barreira, solubilidade, cor, estrutura

química e morfologia) quando o UV foi aplicado na dispersão filmogênica, mas, também não

foram avaliadas propriedades de superfície do filme, como ângulo de contato. Belmonte et al.

(2016) estudaram a modificação da superfície de polipropileno (PP) e de poli(álcool vinílico)

com UV a vácuo seguida de exposição a oxigênio, e, analisando propriedades de superfície,

verificaram a formação de novas funções químicas na superfície dos polímeros, com mudança

Page 28: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

26

de hidrofilicidade da superfície e permanência da modificação por longo período de tempo,

além de excelente mecanismo de enxertia de estireno nos filmes de PP. Os autores ressaltaram

a facilidade de utilização do processo como um pré-tratamento e de aplicação em escala

industrial, sem necessidade de grandes investimentos econômicos.

A molécula de ozônio é um poderoso agente oxidante, que encontra aplicações em

diferentes campos, incluindo tratamento de resíduos, aplicações médicas e no processamento

de alimentos (SEGAT et al., 2014), sendo interessante o estudo de sua utilização na modificação

de superfícies poliméricas. Segat et al. (2014) estudaram o uso de ozônio em isolado de proteína

do soro e encontraram que este apresenta efeito de modificação de propriedades funcionais

dessa proteína como na formação de espuma, além de pequenas mudanças de solubilidade.

A combinação entre luz UV e ozônio (tratamento UVO) tem sido reconhecida como

um método efetivo para modificação química de superfícies de polímeros (MacMANUS et al.,

1999). Este envolve um processo de oxidação fotossensibilizado, em que as moléculas do

material tratado são excitadas e/ou dissociadas pela absorção de radiação UV de curto

comprimento de onda e oxigênio atômico (ÖZÇAM; EFIMENKO; GENZER, 2014), e assim

como a utilização de plasma, gera superfícies hidrofílicas (LANCASTER; SHUMAKER-

PARRY, 2016). Técnicas de plasma podem ser substituídas com sucesso pelo tratamento UVO,

o qual representa um tipo de modificação física mais branda e com resultados de alterações

superficiais semelhantes (ÖZÇAM; EFIMENKO; GENZER, 2014) e ainda, nunca requer

sistemas caros de vácuo (OKADA et al., 2016). Outras vantagens enumeradas por MacManus

et al. (1999): é aplicado a objetos tridimensionais e a materiais termicamente sensíveis que

poderiam ser danificados por tratamentos com chama ou corona e não requer agentes químicos

a não ser gás comprimido e ozônio, o qual é inativado rapidamente, sem produzir resíduos

poluentes como subprodutos; portanto, consideram o tratamento UVO como uma técnica

alternativa promissora de modificação de superfície de polímeros.

Shi; Kokini e Huang (2009) utilizaram tratamento UVO para modificar a superfície

de filmes de zeína, que resultou em oxidação de grupos metila da superfície dos filmes a grupos

aniônicos carbonila (COO-), abrindo assim oportunidades para funcionalizar zeína com

compostos catiônicos, e mostrando que essa técnica é viável para modificação da superfície de

materiais comestíveis. Os autores utilizaram especialmente a técnica de espectroscopia de

fotoelétrons excitados por raios-X (XPS, do inglês, X-ray photoelectron spectroscopy) para

obter essas respostas.

A técnica de XPS tem se tornado bem estabelecida para estudar a natureza de muitos

tipos de superfícies (GAIANI et al., 2011) e tem sido utilizada para investigar a composição da

Page 29: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

27

superfície de diversos materiais, como plásticos (BELMONTE et al., 2016; KARAM et al.,

2013) e materiais biológicos (NAWAZ et al., 2016; SHI; KOKINI; HUANG, 2009; ZHAO et

al., 2015). A análise de XPS confere a composição relativa atômica elementar de

aproximadamente 5-10 nm de camada de superfície (RENSMO; SIEGBAHN, 2015). A

composição elementar relativa (carbono, oxigênio e nitrogênio) é utilizada para identificar

componentes como proteínas, lipídeos e polissacarídeos (NAWAZ et al., 2016). Em adição, os

picos de C1s, N1s e O1s obtidos de “Survey Scans” de XPS podem ser decompostos em

energias de ligação específicas em vários sub-picos e associados a funções químicas bem

identificadas, por exemplo, C-C(H), C-O, C-N, C=O, O-C=O, que são típicas de componentes

específicos, como lipídeos, derivados de açúcar e aminoácidos (ROUXHET; GENET, 2011).

A aplicação de XPS a biopolímeros se mostra muito viável e versátil, com ampla escala de

aplicabilidade, podendo ser utilizada para analisar filmes de zeína (SHI; KOKINI; HUANG,

2009) e também na verificação de compostos proteicos de interesse na superfície, como

antimicrobianos (KARAM et al., 2013; KELLY et al., 2015).

2.4 Adição de antimicrobianos – nisina

Nas duas últimas décadas a tecnologia de embalagens de alimentos vem

continuamente evoluindo em resposta aos desafios crescentes na sociedade moderna

(SALGADO et al., 2015), que incluem alimentos mais seguros e saudáveis, maior vida útil,

conveniência, mercados globais, legislação, autenticidade, resíduos alimentícios e conceitos

ambientais (NUR HANANI; ROOS; KERRY, 2014). Nesse contexto, as embalagens ativas

vêm se destacando, pois estão entre as tecnologias mais dinâmicas para preservar alimentos

(SALGADO et al., 2015). Estas embalagens interagem positivamente com o alimento e/ou o

ambiente para estender a vida útil do alimento ou para melhorar suas propriedades de segurança

ou sensoriais, enquanto mantém sua qualidade, baseando sua atividade em propriedades

intrínsecas do polímero ou em propriedades de aditivos específicos que são incorporados aos

sistemas de embalagem (MELLINAS et al., 2015), como os antimicrobianos.

Os agentes antimicrobianos incorporados aos filmes de embalagens de alimentos

criam um sistema de embalagem ativa que mantém sua atividade durante a estocagem do

alimento (NGUYEN; GIDLEY; DYKES, 2008). O uso de embalagens ativas incorporando

antimicrobianos é uma das tecnologias mais promissoras, já que o uso desse método pode

melhorar a segurança dos alimentos pela inibição de bactérias patogênicas ou controlando a

biota remanescente no alimento com a utilização de quantidades mínimas de compostos ativos;

Page 30: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

28

estas embalagens têm como alvo a superfície do alimento, onde as mudanças microbiológicas

ocorrem primeiramente e mais intensivamente (APPENDINI; HOTCHKISS, 2002).

Bacteriocinas são compostos de ocorrência natural com uma larga faixa de

atividade antimicrobiana e natureza proteica, o que implica em degradação no trato intestinal

de humanos e animais (CLEVELAND et al., 2001). A nisina (Figura 4) está entre os

antimicrobianos mais estudados atualmente. Esta é um peptídeo catiônico anfifílico de peso

molecular de 3354,09 g/mol e com 34 aminoácidos pertencente à classe I das bacteriocinas,

produzidas por certas cepas de Lactococcus lactis subsp. lactis (DELVES-BROUGHTON,

1996; YONG et al., 2015). Seu peptídeo ribossomicamente sintetizado possui um espectro

relativamente largo de atividade antibacteriana contra bactérias Gram positivas patógenas e

deteriorantes (IMRAN et al., 2014). A ação contra bactérias Gram-positivas ocorre por um

processo multi-etapas que desestabiliza a camada de fosfolipídeos da célula e cria poros na

membrana (TAI et al., 2008). A nisina (E234) é reconhecida como um aditivo de alimentos

pelo Food and Drug Administration (FDA) devido à sua não toxicidade (HAGIWARA et al.,

2010). De acordo com Imran et al (2014), a modelagem da difusão da nisina da embalagem

para modelar o sistema alimentar é necessária para julgar a capacidade e eficiência da

embalagem como carreadora de antimicrobianos.

Figura 4 - Estrutura primária de nisina A, mostrando a distribuição de aminoácidos nas porções

lado hidrofílica e hidrofóbica da molécula.

Fonte: Gross; Morell (1971) adaptada por Karam et al. (2013).

A integridade estrutural da nisina precisa ser mantida para que esta tenha atividade

antimicrobiana (YONG et al., 2015). A adição de nisina a superfícies alimentícias pode levar a

alguma perda de sua atividade, porque ela pode migrar até o centro do alimento, o que pode

resultar em uma diluição associada e esgotamento dos seus efeitos (QUINTAVALLA; VICINI,

Page 31: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

29

2002). E ainda, agentes antimicrobianos como a nisina podem ser inativados por alguns

componentes presentes nos alimentos (ROSE et al., 1999).

Revestimentos de zeína com nisina mostraram resultados promissores no controle

de Listeria monocytogenes em produtos cárneos prontos para comer (JANES; KOOSHESH;

JOHNSON, 2002). Dawson et al. (2003) estudaram a manutenção de atividade da nisina em

filmes de zeína e glúten de trigo preparados por casting ou prensados, e observaram que, entre

os filmes estudados, os filmes de zeína preparados por casting foram os que melhor retiveram

a atividade da nisina, com melhor resultado. LIN; WANG e WENG (2011) aplicaram

revestimentos de zeína com nisina em produtos de peixe e obtiveram redução significativa de

carga microbiana na superfície dos produtos, além de manutenção de parâmetros de qualidade

devido ao uso dos revestimentos.

A nisina tem sido adicionada geralmente aos biopolímeros por simples mistura na

dispersão polimérica. Um novo método possível de incorporação da nisina aos filmes é através

de funcionalização da superfície, a qual pode ser feita por contato direto da nisina (em solução)

com a superfície ou por meio de um método em duas etapas: o tratamento da superfície do

polímero de forma a produzir grupos funcionais reativos, seguido pela reação desses grupos

funcionais com um composto de interesse (KUGEL et al., 2011), a nisina. Bower, McGuire e

Daeschel (1995a) relataram maior atividade da nisina em superfícies de hidrofobicidade mais

baixa e suportam a hipótese de que a nisina adsorvida em superfícies hidrófilas fica mais

livremente disponível para penetrar o microrganismo susceptível e iniciar a sua atuação dentro

da membrana bacteriana. Karam et al. (2013) estudaram a incorporação de nisina em filme de

polietileno e em polietileno com superfície modificada por grafting (enxertia) com ácido

acrílico (e pré-tratamento com plasma) e conseguiram confirmar a adsorção por XPS e

manutenção da atividade antibacteriana da nisina após adsorção. Não foram encontrados

trabalhos com adsorção de nisina na superfície de filmes biopoliméricos.

2.5 Revestimento de frutos

Nas últimas décadas, tem sido crescente a demanda por frutas e hortaliças frescas,

forçando a indústria de alimentos a desenvolver métodos novos e melhores para manter a

qualidade dos alimentos e estender sua vida útil (CERQUEIRA et al., 2009a). Grandes perdas

(de 20 a 80%) de frutas frescas ocorrem desde a colheita até o consumo final, e as frutas com

vida útil curta sofrem grande desvantagem em relação à cadeia de distribuição (CERQUEIRA

Page 32: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

30

et al., 2009b). A aplicação de revestimentos comestíveis em frutos é uma alternativa viável e

reconhecida para prolongar sua vida útil.

Revestimentos comestíveis são finas camadas de material comestível (suspensões

ou emulsões) formadas como uma cobertura na superfície de produtos alimentícios. A remoção

da camada de revestimento pode ser possível; contudo, espera-se que este seja considerado

parte do produto final (HAN; GENNADIOS, 2005). O uso de revestimentos na superfície dos

alimentos, de forma geral, não tem o objetivo de substituir as embalagens utilizadas, mas

reduzir seus requerimentos de proteção, podendo simplificar a estrutura geral da embalagem

externa (KROCHTA; DE MULDER-JOHNSTON, 1997); sua utilização como embalagem

primária (que está em contato direto com o alimento) torna possível a redução de quantidade

de embalagem secundária (em geral de material sintético).

A eficiência das embalagens comestíveis depende da natureza de seus

componentes, da composição e da estrutura do filme; suas funções variam de acordo com esses

fatores, por isso a escolha de uma embalagem comestível é função da natureza do produto a ser

acondicionado. Por exemplo, revestimentos à base de proteínas (assim como de

polissacarídeos) apresentam boa propriedade de barreira a oxigênio, até comparável com a de

embalagens sintéticas, o que é desejável quando se quer baixar a taxa de respiração para retardar

o amadurecimento de frutas.

Sabe-se que o revestimento de frutas reduz a taxa de respiração pela formação de

uma atmosfera modificada (ALI et al., 2011), que é gerada pela criação de uma barreira

semipermeável a O2, CO2, umidade e movimento dos solutos, diminuindo assim a respiração,

perda de água e taxas de reação de oxidação (MARTÍNEZ-ROMERO et al., 2006) e

promovendo, consequentemente, melhoria de integridade mecânica, redução de alterações

sensoriais e do crescimento microbiano. O uso de revestimentos comestíveis é de grande

relevância para possibilitar maior disponibilidade da fruta in natura ao consumidor, já que

preserva características nutricionais e sensoriais do fruto, devido à manutenção de propriedades

físico-químicas (SALGADO et al., 2015).

Existem algumas pesquisas do uso de revestimentos de zeína aplicados em frutos

para aumento de vida útil. Gol e Rao (2014) encontraram bons resultados na manutenção da

qualidade de mangas utilizando revestimentos de zeína. Zapata et al. (2008) aplicaram

revestimentos de alginato e zeína em tomate e verificaram que estes foram efetivos para

qualidade e para retardar o amadurecimento, sendo que o revestimento de zeína retardou ainda

mais o pico de taxa de respiração e de etileno. Outro estudo com tomates mostrou que

revestimentos de zeína com óleos essenciais (de canela e de mostarda) foram efetivos na

Page 33: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

31

inativação de Salmonella inoculada na superfície, além de manutenção de qualidade (YUN et

al., 2015). Scramin et al. (2011) encontraram que revestimentos de zeína e ácido oleico foram

efetivos na redução de perda de massa de peras em temperatura ambiente. Colzato et al. (2011)

observaram que a aplicação de revestimentos de zeína reduziu consideravelmente as taxas de

oxidação de macadâmias, melhorando assim sua qualidade e estabilidade. Scramin et al. (2007)

observaram redução da perda de massa de maçãs em decorrência da aplicação de revestimentos

de zeína. De acordo com Mehyar et al. (2014), revestimentos de zeína, associados ou não à cera

de carnaúba, foram efetivos em retardar a maturação e na prevenção do crescimento de fungos

em tâmaras. Baraiya, Rao e Thakkar (2015) avaliaram o efeito da zeína adicionada de

antioxidantes em jambolão e obtiveram aumento da sua vida útil em até 10 dias a 10°C.

2.6 Goiaba: características e aumento de vida útil

A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma importante fruteira das regiões tropicais e

subtropicais do mundo (SINGH; PAL, 2008a), considerada a espécie cultivada mais valiosa da

família Myrtaceae. Sua fruta é conhecida popularmente como “fruta dos homens pobres” ou

maçã dos trópicos (NAKASONE; PAULL, 1998) e é uma cultura resistente, tolerando altas

temperaturas e seca (FORATO et al., 2015). Apresenta possibilidade de produção o ano todo

(PEREIRA, 1995).

A goiaba é uma fruta doce, bastante apreciada, nativa da América do Sul e Central

(FORATO et al., 2015), comercialmente importante em diversos países e popular devido à sua

disponibilidade durante todo o ano, rico valor nutricional e medicinal, preço acessível e boa

aceitação pelo consumidor (NIMISHA et al., 2013). Esta fruta é rica em vitaminas A e C e com

sementes ricas em ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6 e fibras dietéticas, além

de conter minerais, potássio e magnésio. Ainda, apresenta carotenoides e antocianinas, as

maiores classes de pigmentos antioxidantes, tornando-a com alto valor antioxidante entre os

alimentos vegetais (NIMISHA et al., 2013). Seu consumo na forma in natura garante o

aproveitamento de suas propriedades nutricionais, mas é limitado, principalmente, por seu curto

tempo de vida útil, pois a goiaba exibe alta taxa de respiração e rápido amadurecimento que

leva ao seu perecimento durante o armazenamento (HONG et al., 2012).

2.6.1 Fisiologia Pós-Colheita de Goiabas

O desenvolvimento dos frutos é dividido em quatro fases em função dos processos

fisiológicos, desde a formação até a morte do fruto: formação, crescimento, maturação e

Page 34: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

32

senescência (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Dessas fases, a maturação é a mais importante

em relação à fisiologia pós-colheita, pois é quando os frutos se tornam mais atrativos e

apropriados para o consumo em função da cor, firmeza, aumento de odores específicos e

doçura, dentre outros (CHITARRA; CHITARRA, 2005). A respiração é o principal processo

fisiológico envolvido na fisiologia pós-colheita de frutas e hortaliças (CALBO; MORETTI;

HENZ, 2007), e também a biossíntese de etileno.

A respiração de um fruto é o processo em que ocorre uma série de reações

oxidativas dos compostos orgânicos, principalmente carboidratos e ácidos orgânicos,

transformados em CO2 e água, com produção de energia química, a qual é utilizada pela célula

para realização de processos metabólicos que originarão as características típicas do fruto

quando maduro (CORRÊA; PINTO; ONO, 2007). Este processo é de vital importância no

amadurecimento dos frutos, pois várias reações ligadas à respiração são responsáveis pela

síntese de diversos compostos, como pigmentos e fitohormônios (PURVIS, 1997).

Os frutos podem apresentar padrões diferentes de taxa respiratória. Alguns frutos

sofrem aumento na taxa de respiração durante a fase de amadurecimento, ao final do

desenvolvimento, sendo chamados frutos climatéricos (CALBO; MORETTI; HENZ, 2007).

Um aspecto importante que se observa nesses frutos em relação aos não-climatéricos é um pico

da taxa de produção de etileno nessa mesma fase da maturação (Figura 5). Quanto mais alta a

taxa respiratória, mais rapidamente os frutos chegarão à senescência; então, é importante

diminuir essa taxa, especialmente em frutos climatéricos, para possibilitar maior período de

conservação e manutenção da qualidade e maior período de comercialização. A respiração

intensa pode trazer mudança negativa de cor, odor e sabor indesejáveis, além de diminuição do

valor nutricional, resultando em deterioração do produto (GALUS; KADZINSKA, 2015).

A goiaba é considerada, em geral, uma fruta climatérica (BASHIR; ABU-GOUKH,

2003; FORATO et al., 2015; SINGH; PAL, 2008a), apesar de algumas referências indicarem a

goiaba como fruta não climatérica (CHITARRA; CHITARRA, 2005). Esta fruta é, portanto,

altamente perecível e sofre rápida maturação pós-colheita em poucos dias em temperatura

ambiente (FORATO et al., 2015; SINGH; PAL, 2008a).

De acordo com Giovannoni (2001), o etileno é necessário para coordenar e

controlar o amadurecimento. Este fitorregulador presente nos espaços intercelulares, em um

determinado estádio da maturação, liga-se ao seu receptor na célula e desencadeia uma série de

eventos que culminam com o amadurecimento e senescência do fruto (LELIÈVRE et al., 1997).

Apesar de outros hormônios estarem envolvidos no amadurecimento, a sinalização através do

etileno continua a ser a via mais bem definida que media as alterações fenotípicas que ocorrem

Page 35: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

33

durante o amadurecimento (BARRY; GIOVANNONI, 2007). Os processos que envolvem a

biossíntese e ação do etileno são complexos e dependem de várias condições exógenas e

endógenas do vegetal (CAVALINI, 2004). Lelièvre et al. (1997) explicam que o etileno pode

promover diferentes respostas em função do estágio de desenvolvimento, das condições

ambientais ou da variedade. O etileno é biologicamente ativo em quantidades muito pequenas

(traços), e seus efeitos são de extrema importância na agricultura (ABELES et al., 1992).

Figura 5 - Diferenças entre as taxas respiratórias de frutas climatéricas e não-climatéricas

durante o seu amadurecimento.

Fonte: FRUTAS CLIMATÉRICAS E NÃO CLIMATÉRICAS. Disponível em: <http://frutasbioquimica

2015.blogspot.com.br/2015/11/frutas-climatericas-e-nao-climatericas_3. html>.

De forma resumida, o etileno é sintetizado a partir da metionina como precursor em

três passos: (1) conversão da metionina em S-adenosil-L-metionina (SAM) catalisada pela

enzima SAM sintetase, (2) formação de ácido 1-aminociclopropano -1-carboxílico (ACC) a

partir do SAM com atividade da ACC sintase (ACS), e (3) conversão de ACC a etileno,

catalisada pela enzima ACC oxidase (ACO) (BARRY; GIOVANNONI, 2007). McMurchie et

al. (1972) propuseram dois sistemas distintos de biossíntese de etileno ainda aceitos atualmente

(LI et al., 2016), nomeados sistema 1 e sistema 2. O Sistema 1, caracterizado por baixa produção

de etileno e autoinibição, corresponde à liberação de etileno em frutos não climatéricos e ao

período pré-climatérico dos frutos climatéricos. Já o Sistema 2 confere massiva produção de

etileno e uma resposta autocatalítica encontrada na fase de amadurecimento dos frutos

climatéricos, então, este tem sido sugerido como a maior diferença entre frutos climatéricos e

não climatéricos (MCMURCHIE et al., 1972; LELIEVRE et al., 1997).

A taxa respiratória das goiabas depende de vários fatores como espécie e

temperatura de armazenamento. Abu-Goukh e Bashir (2003) estudaram a taxa respiratória de

Page 36: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

34

goiabas vermelhas a 22°C e 90–95% UR, e observaram padrão típico climatérico com pico em

torno de 7 dias de armazenamento. Bassetto et al. (2005) verificaram a taxa respiratória de

goiabas armazenadas a 25°C e observaram que a taxa foi crescente até o quinto dia, último dia

de avaliação. Cerqueira et al. (2009b) avaliaram goiabas ‘Kumagai’ a 22°C e encontraram

pequeno pico climatérico no 5° dia, e pico de etileno taxa e respiratória crescente a partir do 7°

dia. Velho et al. (2011) avaliaram goiabas serranas e encontraram pico climatérico no quinto

dia de armazenamento a 23°C e taxa crescente de produção de etileno, com valor máximo após

10 dias a 23°C. Singh e Pal (2009) avaliaram goiabas dos cultivares ‘Lucknow-49’ e ‘Allahabad

Safeda’ e encontraram pico climatérico no quarto dia de armazenamento de goiabas a 27°C e

produção máxima de etileno após quatro dias a 27°C. Bron et al. (2005) avaliaram goiabas

‘Paluma’ em diferentes temperaturas e encontraram pico de produção de etileno no quarto dia

a 31°C e pequeno crescimento no sétimo dia a 21°C. Liu et al. (2012) obtiveram curva crescente

de etileno de goiabas ‘Li-Tzy Bar’ avaliando até o oitavo dia de armazenamento a 20°C.

Em todos os estudos aqui citados, a taxa máxima respiratória coincidiu com a taxa

máxima de produção de etileno, ou com o início do crescimento da taxa de etileno (o ponto

anterior à maior taxa mais alta), confirmando que o etileno está diretamente relacionado com a

taxa respiratória de goiabas. Verifica-se também que a taxa de produção de etileno, assim como

a taxa respiratória das goiabas, depende de diversos fatores como condições de armazenamento,

especialmente a temperatura, fase de maturação em que foi feita a colheita, além de variedade,

cultivar e fatores genéticos. Vishwasrao e Ananthanarayan (2016) estudaram o efeito de

revestimentos de hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) em goiabas variedade ‘Lalit’ e

verificaram que esses revestimentos foram efetivos em reduzir o teor de etileno em relação ao

controle somente até três dias de armazenamento.

2.6.2 Aumento de vida útil de goiabas

Apesar das vantagens econômicas e de saúde, há diversos problemas que impactam

a produtividade e a qualidade das goiabas, como doenças e variações causadas por fatores

ambientais, porém, além do aumento de produtividade e resistência a pragas, é necessário

investimento na manutenção da qualidade dos frutos (NIMISHA et al., 2013). A curta vida pós-

colheita da goiaba e sua susceptibilidade a danos por frio e doenças limitam sua comercialização

potencial (SINGH; PAL, 2008a). O comércio no varejo de goiaba no Brasil é geralmente

realizado sem refrigeração e, portanto, a preservação de fruta em temperatura ambiente é

Page 37: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

35

altamente desejável; o aumento do período de vida útil poderia ajudar no transporte de longa

distância e melhorar a sua comercialização (BASSETTO et al., 2005).

Vários métodos para conservação pós-colheita foram avaliados em goiabas frescas,

incluindo o uso de radiação ionizante para impedir a proliferação de microrganismos (SILVA

et al., 2011; SINGH; PAL, 2009); tratamento por imersão em solução concentrada de cloreto

de cálcio (WERNER et al., 2009) ou cloreto de cálcio associado com o ácido giberélico (LIMA

et al., 2003); resfriamento por ar forçado (SIQUEIRA et al., 2014); exposição a 1-

metilciclopropeno (BASSETTO et al., 2005; SINGH; PAL, 2008b) e embalagens plásticas

(SINGH; PAL, 2008a; TEIXEIRA et al., 2016) ou atmosfera modificada (GRIGIO et al., 2011;

SAHOO et al., 2015).

Além disso, diversos revestimentos comestíveis para o aumento de vida útil de

goiabas in natura vêm sendo testados, como a cera de carnaúba (JACOMINO et al., 2003;

RIBEIRO et al., 2005); hidroxipropilcelulose (MCGUIRRE; HALLMAN, 1995); amido e

quitosana (AQUINO; BLANK; SANTANA, 2015; HONG et al., 2012; SOARES et al., 2011),

cera de candelila (SALINAS-HERNÁNDEZ; ULIN-MONTEJO; SAUCEDO-VELOZ, 2010),

de proteínas lácteas (CERQUEIRA et al., 2011); gelatina, triacetina e ácido láurico

(FAKHOURI; BATISTA; GROSSO, 2003); de goma-xantana com nanopartículas lipídicas

(ZAMBRANO-ZARAGOZA et al., 2013) e de goma de cajueiro e carboximetilcelulose

(FORATO et al., 2015). Contudo, não foram encontrados trabalhos com uso de zeína e proteínas

reticuladas no revestimento de goiabas.

Page 38: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

36

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Para preparar os filmes das etapas 1, de estudos preliminares do solvente e dos

plastificantes, 2, da reticulação com ácido tânico, e 3, da modificação com UVO e nisina, e as

dispersões filmogênicas da etapa 4 foi utilizada zeína do milho obtida da Sigma-Aldrich, etanol

(95% ou 99,5%) obtido da Synth diluído com água destilada para preparar o solvente e os

plastificantes glicerol (P.A.) da Dinâmica e ácido oléico (P.A.) da Synth.

Na etapa 1 foi utilizado ácido acético da Synth no estudo de solventes. Nas etapas

seguintes, 2, 3 e 4, foi utilizado ácido tânico da Sigma-Aldrich. Na etapa 2, peróxido de

hidrogênio da Vetec foi utilizado para oxidação do ácido tânico. Na etapa 3 foi utilizada como

antimicrobiano catiônico nisina comercial produzida pela DuPont® (marca comercial

Nisaplin®), pureza 2,5%, gentilmente cedida pela empresa MasterSense.

Na etapa 4, as goiabas in natura foram compradas em mercado local (CEASA,

Ceará) e adquiridas de um mesmo lote (as goiabas tinham sido colhidas no mesmo dia). Estas

foram escolhidas de acordo com a coloração, entre verde-escuro e verde-claro, e ausência de

defeitos e doenças visíveis, acondicionadas em caixas plásticas forradas com espuma para evitar

danos mecânicos e transportadas imediatamente para o laboratório de Fisiologia e Tecnologia

Pós-Colheita da Embrapa Agroindústria Tropical, onde foram higienizadas e armazenadas.

3.2 Etapa 1 – Estudos preliminares: influência dos solventes etanol e ácido acético e dos

plastificantes glicerol e ácido oleico sobre propriedades físicas de filmes de zeína

3.2.1 Composição e preparação dos filmes

Na preparação dos filmes do estudo dos solventes foram adicionados 15 g de zeína

a 100 mL de solução de etanol (EtOH) 70, 80, 90 e 95% (v/v), sem e com ácido acético (AcOH)

5% (v/v). Glicerol 20% (m/m de zeína) foi utilizado como plastificante. A composição de cada

solvente está descrita na Tabela 1. O glicerol foi adicionado às dispersões, as quais foram

homogeneizadas em UltraTurrax T-25 (IKA, Staufen, Alemanha) a 10000 rpm por 10 minutos

e aquecidas sob agitação magnética a 72±5°C por 60 min. Os filmes foram obtidos por casting

(espalhamento) de 35 mL da solução formada sobre placas de vidro cobertas por filmes de

Mylar, nivelados com barra de 1 mm de espessura e foram secos em estufa com circulação de

ar (35°C, overnight).

Page 39: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

37

Tabela 1 - Solventes usados para filmes de zeína.

Tratamento Concentração de solventes (v/v)

EtOH Água AcOH

T70 70% 30% -

T80 80% 20% -

T90 90% 10% -

T95 95% 5% -

T70a 70% 25% 5%

T80a 80% 15% 5%

T90a 90% 5% 5%

T95a 95% - 5%

No estudo dos plastificantes, as dispersões filmogênicas foram obtidas em

condições semelhantes ao estudo dos solventes, com algumas modificações. Foram adicionados

15 g de zeína a 100 mL de solução etanol 80% (v/v) e aquecidas a 72±5°C por 10 min, sob

agitação. Foram utilizados os plastificantes glicerol e ácido oleico. A mistura foi adicionada a

diferentes concentrações de plastificantes, totalizando 20% da massa de zeína (3 g), cujas

concentrações estão descritas na Tabela 2, e homogeneizada em UltraTurrax T-25 (IKA) a

10000 rpm por 10 minutos. Os filmes foram obtidos por casting nas mesmas condições do

estudo dos solventes.

Tabela 2 - Plastificantes usados para filmes de zeína.

Tratamentos Plastificantes

(20% da massa de zeína) Ácido oleico Glicerol

T1 (1:0) 100% -

T2 (2:1) 66,7% 33,3%

T3 (1:1) 50% 50%

T4 (1:2) 33,3% 66,7%

T5 (0:1) - 100%

3.2.2 Análises

A solubilidade em água dos filmes foi definida como a quantidade de matéria seca

solubilizada após 24 horas de imersão em água, e medida de acordo com Pena-Serna e Lopes-

Filho (2013). Os filmes foram cortados em discos de 2 cm de diâmetro e secos em estufa a

105°C por 24 h, pesados (peso inicial, pi) e imersos em 50 mL de água destilada a 26± 2°C por

24 h sob agitação em shaker orbital (MA-410, Marconi, Brazil) a 76 rpm. Após a imersão, os

discos foram retirados e secos (peso final, pf) nas mesmas condições citadas anteriormente, de

forma a determinar o peso de matéria seca que não foi solubilizado em água. Três replicatas de

Page 40: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

38

cada amostra foram testadas e a solubilidade em água foi calculada de acordo com a Equação

(1).

𝑆𝑜𝑙𝑢𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 á𝑔𝑢𝑎 = 𝑝𝑖−𝑝𝑓

𝑝𝑖×100 (1)

Os ângulos de contato foram medidos de acordo com a ASTM D5946-01 (ASTM,

2001) para avaliar hidrofilicidade da superfície dos filmes. Gotas de água deionizada foram

depositadas na superfície dos filmes previamente condicionados com uma seringa acoplada ao

sistema de medida de ângulo de contato. As imagens foram capturadas com uma câmera Nikon

imediatamente após a formação da gota (0 s), em 30, 60 e 90 s. O ângulo obtido sobre a

superfície do filme foi medido com o programa ImageJ. Todas as medidas foram obtidas a

23±2°C. As análises foram feitas com no mínimo cinco replicatas.

No estudo dos solventes, foram avaliados permeabilidade a vapor de água,

propriedades mecânicas, térmicas e microscopia óptica. A determinação de permeabilidade a

vapor de água (PVA), com seis replicatas, foi baseada no método E96-00 (ASTM, 2000) a 25°C

e 55% RH, usando sílica gel como material dessecante. Foram feitas 8 medidas dentro de um

período de 24 h. A PVA foi calculada de acordo com a Equação (2).

𝑃𝑉𝐴 = 𝑝

𝑡

𝑥

𝐴𝑃0(𝑅𝐻1−𝑅𝐻2) (2)

Em que p/t é mudança em massa (fluxo, g/h), x é a espessura do filme (mm), A é a

área da superfície do filme exposta ao permeante (m2), P0 é a pressão de vapor da água pura

(kPa) e (RH1 – RH2) é o gradiente de umidade relativa usado no experimento. A 25°C, P0 é

3,159 kPa.

As propriedades mecânicas – resistência a tração (RT), elongação na ruptura (ER)

e módulo elástico (ME) – foram avaliadas. Antes da caracterização mecânica dos filmes, as

amostras foram condicionadas por no mínimo 24 horas a 25°C em dessecadores contendo

solução saturada de nitrato de cálcio tetrahidratado, de forma a manter a umidade relativa

constante em torno de 50%. No mínimo cinco amostras foram medidas, de acordo com a norma

ASTM D882-01 (ASTM, 2001), em uma Máquina de Testes Universal Emic DL-3000 com

uma célula de carga de 100 N, separação de garras inicial de 100 mm e velocidade de 1 mm/min.

O valor de RT foi determinado dividindo a tensão máxima pela área da seção transversal da

espécie. O valor de ER foi calculado como a porcentagem de aumento de extensão da amostra.

O valor de ME foi determinado a partir da inclinação da região linear de deformação elástica

da curva de tensão-deformação.

O Calorímetro Exploratório Diferencial (DSC, do inglês, Differential Scanning

Calorimeter) (modelo Q20, TA Instruments) foi aplicado para determinar a temperatura de

Page 41: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

39

transição vítrea (Tg) das amostras sob atmosfera de nitrogênio. Amostras (4 mg) foram

submetidas a dois ciclos com taxa de 10°C/min. O primeiro ciclo foi realizado entre 20°C e

150°C de forma a apagar a história térmica do material, e o segundo ciclo entre 20 e 180°C. As

temperaturas de transição de vítrea foram obtidas do termograma obtido do segundo ciclo,

determinado pelo ponto médio entre o início e fim de temperaturas de mudanças graduais do

fluxo de calor observadas durante a corrida.

A microscopia óptica foi realizada para determinar a homogeneidade dos filmes,

que foram cortados em pedaços quadrados de 1 cm2. As amostras foram analisadas com um

microscópio óptico Olympus BX 60, equipado com um sistema de captura de imagem

Oplympus DP 71, usando uma magnificação de 40X.

No estudo dos plastificantes, além de solubilidade em água e hidrofilicidade por

ângulo de contato, a morfologia dos filmes foi investigada por Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV). As amostras foram montadas em stubs de alumínio usando fita adesiva dupla

face revestida de carbono, cobertas com platina e examinadas em microscópio eletrônico de

varredura Zeiss DSM940A, o qual foi ajustado para uma voltagem de aceleração de 15 kV.

3.3 Etapa 2 - Filmes de zeína reticulados com ácido tânico não-oxidado ou oxidado

3.3.1 Delineamento experimental

Os filmes foram preparados de acordo com um delineamento composto central,

com duas variáveis independentes: concentração de ácido tânico, de 0 a 8% em relação à massa

de zeína, e pH das soluções filmogênicas, de 4 a 9. Cada corrida foi conduzida para ácido tânico

não-modificado (ATn) e ácido tânico oxidado (ATo), como mostra a Tabela 5.

3.3.2 Preparação dos filmes com ácido tânico não-modificado (ATn)

Para cada filme, 10 g de zeína foram adicionados a 100 mL de solução etanol 80%

(v/v), e a dispersão foi agitada magneticamente a 72°C por 10 minutos. Glicerol e ácido oleico

foram adicionados como plastificantes na promoção de 2:1 de acordo com testes da etapa 1

(20% e 10% em relação à massa de zeína, respectivamente), porém, houve um aumento no total

de plastificantes de 20% para de 30% devido ao aumento esperado de rigidez com a reticulação.

A dispersão foi homogeneizada em UltraTurrax T-25 (Ika-Werke) a 10000 rpm por 10 minutos.

AT foi então adicionado sob agitação, o pH foi ajustado e a dispersão foi agitada com agitador

magnético a 60°C por 30 minutos para promover a reticulação.

Page 42: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

40

As soluções filmogênicas foram espalhadas sobre Mylar® fixado sobre placas de

vidro (0,3 x 0,3 m), niveladas com barra para obter espessura final de 0,08 mm e secas em estufa

com circulação de ar (35°C, 180 min). Amostras secas foram cortadas e destacadas da

superfície. Antes da caracterização dos filmes, as amostras foram condicionadas por no mínimo

por 24 horas a 25°C em dessecadores contendo solução saturada de nitrato de cálcio

tetrahidratado, de forma a manter a umidade relativa constante em torno de 48%, o que tornou

o teor de umidade de todos os filmes uniforme (em torno de 7%).

3.3.3 Preparação dos filmes com ácido tânico oxidado (ATo)

0,4g de AT foram adicionados a 20 mL de solução de peróxido de hidrogênio 0,2%

(p/v). Esta dispersão de AT foi mantida sob agitação por 30 minutos a 60°C para promover

oxidação do AT. Nesse intervalo, zeína (10g) foi solubilizada em etanol absoluto (80 mL) sob

agitação a 72°C por 10 min, e junto com os plastificantes (nas mesmas quantidades descritas

em 2.3) foi homogeneizada em UltraTurrax T-25 a 10000 rpm por 10 minutos. As dispersões

de AT e zeína foram então misturadas sob agitação, o pH foi ajustado, e a dispersão filmogênica

resultante foi agitada com agitador magnético a 60°C por 30 min. A formação do filme foi então

conduzida como descrito em 3.3.2.

3.3.4 Análise espectrofotométrica

Foi realizada análise de espectroscopia no UV-Visível para verificação qualitativa

da oxidação do ácido tânico com H2O2. Para isso, foi utilizado espectrofotômetro UV-Vis (Cary

60, Agilent) na faixa de comprimento de onda de 300 a 600 nm, e foram avaliadas soluções:

ácido tânico 0,4% em água, com agitação até sua a total dissolução, e ácido tânico 0,4% em

solução H2O2 0,2%, com agitação por 30 min a 60°C para promover a oxidação.

3.3.5 Análises dos filmes após reticulação

As determinações de solubilidade em água, permeabilidade a vapor de água (PVA),

propriedades mecânicas, obtenção das imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV)

dos filmes e análise de DSC foram realizadas segundo descrito na Etapa 1 (ítem 3.2.3).

A determinação de opacidade dos filmes foi de acordo com método descrito por

Irissin-Mangata et al. (2001). Amostras de filmes foram cortadas em retângulos de 1 x 5 cm e

colocadas no interior de célula de espectrofotômetro Varian Cary 50 UV−vis,

Page 43: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

41

perpendicularmente à luz. Foi realizada varredura de 400 a 800 nm, e a opacidade foi definida

como a área sob a curva da absorbância versus comprimento de onda (estimada por integração

trapezoidal) e expressa como unidade de absorbância x nanômetro (comprimento de onda)

/milímetros (espessura do filme) (A.nm.mm-1).

Foram medidos os parâmetros de cor luminosidade (L*, variando de 0 a 100,

representando preto e branco, respectivamente), cromaticidade do verde ao vermelho (a*,

valores negativos indicando verde e valores positivos indicando magenta) e do azul ao amarelo

(b*, valores negativos indicando azul e valores positivos indicando amarelo). As medidas de

cor foram realizadas com colorímetro Konica-Minolta CR-400, padronizado com um padrão de

referência (L* = 95.62, a* = −0.22 e b* = 2.45). As medidas foram feitas a partir da média de

seis pontos de cada filme, com aproximadamente 0,08 mm de espessura, colocados em cima da

referência. Diferenças de luminosidade (ΔL) foram consideradas como as diferenças entre os

valores da amostra (filme) e da referência. Diferenças de cor (ΔE) foram medidas pela

magnitude do vetor resultante dos três componentes de cor: diferença de luminosidade (ΔL),

diferença de cromaticidade do verde ao vermelho (Δa), diferença de cromaticidade do azul ao

amarelo (Δb), seguindo a Equação (1):

ΔE = √ΔL2 + Δa2 + Δb2 (1)

As análises estatísticas para os resultados correspondentes a solubilidade em água,

PVA, propriedades mecânicas, opacidade e cor foram feitas usando o software Minitab® versão

15. As regressões para representar as respostas foram obtidas e avaliadas em termos de seus

coeficientes de determinação (valor R2) e a significância de seus valores F. Testes t pareados

foram realizados para comparar propriedades dos filmes obtidos com AT não-modificado e

oxidado.

Os espectros de espectrofotometria de infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) foram obtidos para estudar a estrutura dos componentes dos filmes e eventuais

interações entre os mesmos, em um espectrofotômetro a Varian 660-IR equipado com acessório

de reflectância total atenuada (ATR), com número de onda de 4000 a 650 cm-1 com uma

resolução de 4 cm-1 sobre 25 varreduras.

Além da calorimetria exploratória diferencial (DSC), foi feita análise

termogravimétrica (TGA, do inglês Thermogravimetric analysis). Esta foi realizada utilizando

um analisador termogravimétrico (Mettler Toledo, modelo TGA/SDTA 851), com medidas

realizadas sob atmosfera de nitrogênio com fluxo de gás de 50 mL/min, aquecidas na faixa de

temperatura de 25ºC a 500ºC a uma taxa de aquecimento de 10ºC/min em porta-amostra de

alumina.

Page 44: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

42

3.4 Etapa 3 - Efeito da funcionalização com UV/ozônio e antimicrobiano catiônico

(nisina) sobre filmes de zeína reticulados com ácido tânico

3.4.1 Obtenção dos filmes e análises físicas - tratamento com UVO

Os filmes de zeína foram preparados segundo metodologia descrita na etapa 2 (ítem

3.3.2. O reticulante ácido tânico foi adicionado (4% em relação à massa de zeína) sob agitação,

o pH foi ajustado para 9 e a incorporação feita segundo ítem 3.3.2, concentração escolhida de

acordo com a etapa 2.

A oxidação da superfície dos filmes foi realizada em cabine UV/ozônio (UV Ozone

Cleaner – ProCleaner™ Plus) variando o tempo de exposição dos filmes em 0 (controle), 30,

60, 90, 120 e 150 s; os tempos foram escolhidos com base na metodologia e resultados de Shi;

Kokini e Huang (2009) para filmes de zeína. Filmes de 10 x 10 cm foram colocados dentro da

cabine e o UVO foi ligado pelo tempo determinado, e logo em seguida os filmes foram

armazenados em dessecador com umidade em torno de 53% (±5%).

Foram avaliados permeabilidade a vapor de água (PVA), propriedades mecânicas,

solubilidade em água e ângulo de contato de todos os filmes oxidados de 0 a 150 s, realizados

segundo descrito na Etapa 1 (ítem 3.2.3). O ângulo de contato foi feito com imagens capturadas

imediatamente após a formação da gota e ângulos medidos com o programa DGD.

3.4.2 Tratamento dos filmes oxidados com nisina

A preparação e purificação da solução de nisina foi realizada segundo Nguyen,

Gidley e Dykes (2008). Foi preparada solução base de nisina 50000 UI/ml dissolvendo 2,5 g de

nisina em 50 ml de HCl 0,01 M. A purificação da solução para remoção de proteínas do soro

de leite insolúveis presentes na composição da nisina utilizada (Nisaplin®) foi realizada por

centrifugação da suspensão a 3000 g por 15 min e o sobrenadante foi filtrado e guardado como

solução de estoque a aproximadamente 5°C. Esta solução foi diluída com HCl 0,01 M para

obter solução de nisina 10000 UI/ml, que foi usada como solução de trabalho para

funcionalização dos filmes.

A funcionalização foi feita por imersão dos filmes (5x5 cm de tamanho) em placas

de Petri (10 cm de diâmetro) com 35 ml de solução nisina 10000 UI/ml, mantida por 16 horas

a aproximadamente 5°C. Em seguida foi feita imersão rápida em água destilada para remover

nisina não adsorvida. Após esse processo, os filmes foram secos em estufa a 35°C por

aproximadamente 1 hora.

Page 45: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

43

3.4.3 Caracterização química e morfológica dos filmes tratados com UVO e nisina

Os espectros de espectrofotometria de infravermelho por Transformada de Fourier

(FTIR) foram obtidos para estudar a estrutura química dos filmes em espectrofotômetro Perkin

Elmer modelo FT-IR/NIR FRONTIER. Foi feita a sobreposição de 4 varreduras, utilizando com

acessório de reflectância total atenuada (ATR) modelo Miracle acoplado com cristal ZnSe, no

comprimento de onda de 4000 a 550 cm-1 com uma resolução de 4 cm-1.

A análise química da superfície foi feita através da técnica de XPS (espectroscopia

de fotoelétrons excitados por raios X, X-ray Photoelectron Spectroscopy) realizada no

laboratório LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia) do CNPEM (Centro Nacional

de Pesquisa em Energia e Materiais) em Campinas/SP. Foi utilizado instrumento de XPS K-

Alpha (Thermo Fisher Scientific, Reino Unido) com irradiação de raio-X A1K em ultravácuo

correspondente à pressão de cerca de 10-8 mbar com compensação de carga durante as

medições. Espectros XPS de varredura (survey) e de alta resolução foram obtidos entre as

energias de 200 e 50 eV e resoluções de 1,0 e 0,1 eV, respectivamente. Os espectros de XPS

obtidos foram calculados a partir de 10 varreduras. A análise dos dados foi realizada utilizando

o software Thermo Avantage (versão 5.921).

As imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) da superfície dos filmes

foram obtidas usando microscópio Vega3 Tescan. As amostras foram montadas em stubs de

alumínio usando fita adesiva dupla face revestida de carbono, cobertas com platina e

examinados usando voltagem de aceleração de 15 kV.

Imagens de AFM (Microscopia de Força Atômica, Atomic Force Microscopy)

foram obtidas no laboratório LNNano do CNPEM utilizando o microscópio modelo NX-10

PARK (SYSTEMS) no modo contato intermitente (tapping mode). As amostras foram

escaneadas com sonda de silício NCHR (NanoWorld), frequência de ressonância nominal:

320kHz, constante de força: 42N/m. O software de tratamento de imagens foi o Guyddion.

3.4.4 Propriedades antimicrobianas pelo teste do halo de inibição

As propriedades antimicrobianas dos filmes (1 – controle sem UVO e sem nisina,

2 – controle sem UVO com nisina, 3 – filme UVO 60s com nisina, 4 – filme UVO 120s com

nisina, 5 – filme UVO 150s com nisina) foram avaliadas através do teste de inibição em ágar.

O cultivo das bactérias avaliadas S. aureus e L. monocytogenes foi realizado em caldo infuso

de cérebro e coração (BHI) (Becton Dickinson, USA), enquanto que levedura S. cereviseae foi

cultivada em caldo batata dextrose (Becton Dickinson, USA). Após o crescimento, as cepas de

Page 46: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

44

bactérias e levedura foram adicionadas de 20% de glicerol (v/v) e armazenadas sob

congelamento (-20°C e -80°C) e refrigeração (4°C a 6°C).

Suspensões de células com aproximadamente 1 a 2 x 106 UFC/ml de S. aureus, L.

monocytogenes e S. cereviseae foram espalhadas na superfície de placas de Petri de ágar

Mueller-Hinton para S. aureus, caldo infuso de cérebro e coração (BHI) para L. monocytogenes

e ágar Batata Dextrose para a levedura. Filmes em disco com 1,5 cm de diâmetro dos

tratamentos avaliados foram colocados em placas previamente inoculadas. As placas foram

incubadas a 35 °C/24 h e 25 °C/48-72 h, para bactérias e levedura, respectivamente. A atividade

inibitória foi observada pela inibição de crescimento microbiano sob o disco dos filmes (na área

de contato) e quando houve formação de halo (inibição em torno do filme), este foi quantificado

pela medida do diâmetro total.

3.5 Etapa 4 - Revestimentos de zeína na preservação de goiabas

3.5.1 Preparação das dispersões filmogênicas

Foram avaliadas 2 formulações de revestimentos nas goiabas: revestimento de zeína

(Z), e zeína reticulada com ácido tânico (ZR), os quais foram comparados com o controle (C),

que consistiu em goiabas sem revestimento. A dispersão filmogênica de zeína (Z) foi preparada

segundo metodologia descrita na etapa 2 (ítem 3.3.2.), sem adição de ácido tânico (AT), assim

como a dispersão de zeína reticulada com AT (ZR), com adição de ácido tânico 4% em relação

à massa de zeína e pH 9, concentração escolhida de acordo com a etapa 2.

Não foi possível testar a metodologia da etapa 3 para verificar o efeito da nisina em

goiabas porque esta metodologia só pode ser testada em forma de filme, já que a nisina é

adicionada no filme pronto (ítem 3.3.3) e a metodologia de revestimento por imersão é mais

adequada para goiabas; além disso, a cabine UVO oxida filmes com tamanho máximo de 10

cm de lado, então o tamanho dos filmes torna inviável a aplicação nesse fruto. Então, foram

feitos testes de halo de inibição (dispostos no Apêndice A) para verificar a possibilidade de uso

da nisina na dispersão filmogênica para uso como revestimento, e a partir deles, foi escolhido

o tratamento com nisina. Os testes preliminares com o tratamento escolhido de zeína reticulada

com ácido tânico e nisina (ZRN) mostraram que o revestimento com nisina tornou os frutos

com aparência inaceitável, e por isso não foi dada continuidade na investigação desse

revestimento em goiabas (mais detalhes no Apêndice A).

Page 47: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

45

3.5.2 Aplicação dos revestimentos em goiabas

Antes da aplicação dos revestimentos nas goiabas, foi realizado processo de

higienização dos frutos, que consistiu em lavagem das frutas com solução de detergente neutro

(2 ml/L), enxágue com água corrente, sanitização com solução 100 ppm de hipoclorito de sódio

(Adheclor®, registro Anvisa n° 317740032, validade 05/2018) por 5 min, e em seguida 5 ppm

de hipoclorito de sódio por 5 min, para retirar excesso de sanitizante da superfície dos frutos, e

secagem em temperatura ambiente.

As goiabas foram divididas aleatoriamente em 3 grupos, descritos a seguir, e

pesadas, para obter massa inicial: grupo com goiabas não-revestidas, denominado controle (C);

grupo de goiabas revestidas com revestimento de zeína (Z), e grupo de goiabas com

revestimento de zeína reticulada (ZR). Um volume total de 600 mL de cada solução para

revestimento foi utilizado, e cada goiaba foi imersa em solução por 1,5 min. Em seguida, os

frutos foram colocados em bandejas de isopor e armazenados em câmara a 23±2 °C, com

umidade relativa de 88±5%.

3.5.3 Análises

Após o processo de revestimento, as goiabas foram submetidas às seguintes

análises, cujas metodologias serão apresentadas a seguir: sobrevivência; físicas (perda de

massa, cor, firmeza); taxas de produção de CO2 e de de etileno; químicas e fisico-químicas (pH,

acidez total titulável, sólidos solúveis totais, vitamina C, clorofila e carotenoides) e do

metabolismo antioxidante enzimático (peróxido de hidrogênio, peroxidação lipídica, catalase e

SOD).

3.5.3.1 Análise de sobrevivência

Para avaliar o tempo de sobrevivência das goiabas, foram utilizadas 24 repetições

de 1 fruto para cada tratamento. As frutas foram avaliadas visualmente e foram atribuídas notas

para cada uma (Tabela 3), de acordo com a cor da casca do fruto (CAVALINI et al., 2006). As

notas foram atribuídas a cada fruto todos os dias até que o fruto fosse descartado por presença

de podridão ou fungos ou danos profundos em mais de 10% do fruto, que é a porcentagem

mínima aceita para classificação segundo a CEAGESP (2016). A avaliação foi realizada pela

comparação do tempo em dias para a fruta chegar à cor amarela, ou seja, tempo até atingir a

nota 5, e do tempo em dias para a fruta ser descartada.

Page 48: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

46

Tabela 3 – Escala de notas de acordo com a cor da casca para goiabas.

Nota Cor do fruto

1 verde-escuro

2 verde-claro

3 verde-amarelado

4 amarelo esverdeado

5 amarelo

3.5.3.2 Análises físicas

Para as análises de perda de massa e cor, foram utilizados os mesmos frutos do

início ao fim do ensaio. A análise física de perda de massa foi realizada diariamente por

pesagem dos frutos em uma balança semianalítica. Foram utilizados 12 repetições de 1 fruto

para cada tratamento e os resultados foram expressos em porcentagem. A percentagem de perda

de massa (PM) dos frutos calculada por meio da fórmula:

𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 = 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙−𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙×100

A medição da cor do fruto foi realizada diariamente, diretamente sobre a casca

utilizando um colorímetro Konica Minolta modelo CR-410. A cor foi expressa como L*

(luminosidade/brilho), a* (do verde ao vermelho) e b* (do amarelo ao azul), utilizando o

sistema CIE-L*a*b*. Foram analisados 12 frutos para cada tratamento e foram feitas três

medições em pontos distintos em cada fruto, na região equatorial.

A firmeza dos frutos foi medida utilizando texturômetro Stable Micro System,

modelo TA-XT2i. Foi utilizada probe de 6 mm de diâmetro penetrando profundidade de 15

mm, e velocidade de 1mm/s, usando célula de carga de 50 N. Foram utilizados para cada

replicata 5 frutos, testados em ambos os lados na região equatorial (duas medições). Os valores

de firmeza foram expressos em Newton (N).

3.5.3.3 Atividade respiratória e produção de etileno

Para avaliação da concentração de CO2 e etileno, as goiabas foram pesadas e

colocadas em frascos de polipropileno (3 repetições de 4 frutas por frasco, para cada tratamento)

hermeticamente fechados, com capacidade de 2600 mL, e septo de silicone nas tampas. Os

frascos foram fechados por 60 minutos e após esse período foram coletadas amostras de gás

utilizando seringas de 22 mL. As amostras de ar foram colocadas em frascos de vidro de 22 mL

Page 49: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

47

(dos quais foi retirado previamente todo o ar com auxílio de bomba de vácuo) e armazenadas

em geladeira.

Para análise da concentração de CO2, alíquotas de 250µL foram injetadas em

cromatógrafo a gás Varian 450-GC, equipado com coluna Select permanent gases/CO2

(CP7429) e detector de condutividade térmica (TCD). As temperaturas da coluna e do detector

foram, respectivamente, 60°C e 120°C. O gás de arraste foi o nitrogênio (N), na vazão de 15

ml/min. O software Galaxie Chromatography Data System foi utilizado para registrar e integrar

os picos cromatográficos. Os picos de CO2 das amostras foram comparados aos picos obtidos

pela aplicação de um padrão de concentração 5% mol.mol-1. Os resultados foram expressos em

mg CO2.kg-1.h-1.

Na avaliação da produção de etileno foi utilizado cromatógrafo (Shimadzu GC-

2010), com coluna RTX-5 e detector de ionização de chama (FID). Foram injetadas alíquotas

de 1 mL de cada amostra. As temperaturas da coluna e do detector foram 30°C e 250°C,

respectivamente. O gás de arraste foi o nitrogênio (N), na vazão de 30 ml.min-1. Padrão externo

de etileno (10 ppm mol.mol-1) foi usado como referência para quantificação das amostras. Os

resultados foram expressos em µgC2H4.kg-1.h-1.

3.5.3.4 Análises físico-químicas

Para a avaliação das variáveis físico-químicas, foram utilizadas 3 repetições de 3

frutos, totalizando 9 frutos para cada tratamento e para cada dia de análise (0, 6 e 12). As

análises foram feitas em triplicata para cada repetição. Os frutos foram processados em uma

centrífuga de frutas domésticas para a obtenção da polpa. As metodologias empregadas nas

análises de acidez total titulável, pH, sólidos solúveis totais (ºBrix) e vitamina C foram

realizadas de acordo com as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (2008).

O pH foi obtido por leitura direta na polpa em pHmetro de bancada (modelo 3510,

Jenway). A acidez total titulável foi determinada por titulação com NaOH 0,1 N e os resultados

expressos em percentagem de ácido cítrico. A porcentagem de sólidos solúveis totais (SST) foi

obtida da polpa através de refratômetro digital (modelo Q167D145, Quimis), com compensação

automática de temperatura e os resultados expressos em graus Brix. Os teores de vitamina C

(mg de ácido ascórbico por 100 gramas) na polpa foram determinados por titulometria com

solução de DCFI (2,6-diclorofenol-indofenol), conhecido como reagente de Tillmans. As

avaliações dos teores de clorofila e carotenóides foram feitas segundo Lichtenthaler (1987).

Page 50: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

48

3.5.3.5 Metabolismo antioxidante enzimático

As análises do metabolismo antioxidante enzimático foram realizadas no Laboratório

de Bioquímica e Fisiologia Pós-Colheita de Frutos (Departamento de Bioquímica – UFC). O

conteúdo de peróxido de hidrogênio (H2O2) das amostras foi determinado de acordo com

Velikova et al. (2000). Amostras (1 g) foram maceradas em 5 mL de ácido tricloroacético

(TCA) 0,1% (w/v) por 5 min a 4 ºC e após centrifugadas a 3000 x g, durante 10 min a 4 ºC.

Foram adicionados a 50 µL do sobrenadante, 50 µL de tampão fosfato de potássio 10 mM (pH

7,0) e 100 µL de KI a 1 M. A mistura foi protegida da luz e deixado reagir durante 1 h. O teor

de peróxido de hidrogênio do sobrenadante foi determinado por comparação da sua absorbância

a 390 nm contra uma curva de calibração padrão, variando de 1 a 90 µmol de H2O2 mL-1. Os

resultados foram expressos como µmol g-1.

A peroxidação lipídica foi avaliada através da produção de metabólitos, usando

protocolo desenvolvido por Zhu et al. (2008) com base na formação do malonialdeído (MDA),

produto secundário da oxidação de ácidos graxos poliinsaturados, que ao reagir com o ácido

tiobarbitúrico (TBA) pode ser lido por espectrofotometria. Amostras (1 g) foram

homogeneizadas em 5 mL de ácido tricloroacético (TCA) 0,1% (w/v) (Vetec, Brasil) por 5 min

a 4 ºC e centrifugado a 3000 x g a 4 ºC durante 10 min. O sobrenadante (250 µL) foi recolhido

e adicionado a 1000 µL de TBA 0,5% (v/v) (JT Baker, Reino Unido) em TCA 20% (w/v), sendo

incubado a 95 ºC durante 30 min. Após incubação, os tubos foram imediatamente resfriados em

banho de gelo e centrifugados a 3000 x g durante 10 min. A absorbância do sobrenadante foi

mensurada a 532nm e 600nm gerando absorbâncias específica e não específica,

respectivamente. As espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARs) foram calculados

utilizando o coeficiente de extinção molar (155 mM-1 cm-1), e expressos como nmol de MDA

g-1.

O extrato para enzimas foi preparado seguindo protocolo modificado de Yang et al.

(2009). Amostras (4 g) foram maceradas durante 2 min em 4 mL de solução tampão gelada (pH

8,0), contendo 0,05 M de Tris-HCl e 0,1 mM de EDTA, seguido por centrifugação a 12000 x g

durante 15 min a 4 ºC. O sobrenadante obtido constituiu o extrato enzimático para a

determinação da atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e catalase

(CAT). A concentração de proteína em todos os extratos enzimáticos foi determinada pelo

método de Bradford (1976), utilizando albumina bovina sérica (Sigma-Aldrich, Co.) como

padrão. A cada 10 µL de amostra, diluída ou não, 100 µL do reagente de Bradford foram

adicionados. A mistura foi então deixada em repouso por 15 min, e em seguida absorbância

Page 51: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

49

determinada a 595 nm em leitor de microplacas UV/VIS (Synergyx Mx, Biotek, EUA). A

concentração de proteínas solúveis nas amostras analisadas foi determinada a partir de uma

curva padrão obtida como uso de soluções de concentrações conhecidas de albumina sérica

bovina (BSA). Os resultados foram expressos em mg g-1 proteína (P).

A atividade da superóxido dismutase (SOD, EC 1.15.1.1) foi determinada com base

na reação da riboflavina com o oxigênio molecular (O2), que na presença de luz reage com o

nitro azul de tetrazólio (NBT) (Sigma), resultando na formação de formazana, um produto

colorido monitorado espectrofotometricamente (GIANNOPOLITIS; RIES, 1977). A marcha

analítica constituiu de: 95 µL de tampão fosfato de potássio 0,05 M com EDTA 0,1 mM (pH

7,8), 80 µL de extrato, 25 µL de NBT 750 µM e 50 µL de riboflavina uM, obedecendo esta

ordem. A mistura reacional foi transferida para uma câmara com luz fluorescente de 30 W,

onde permaneceu por 15 min. A absorbância foi medida após 15 min a 560 nm e uma unidade

de atividade da enzima (UA) foi definida como a quantidade de enzima necessária para causar

uma redução de 50% na taxa de fotoredução do NBT (BEAUCHAMP; FRIDOVICH, 1971).

Os resultados foram expressos como UA mg-1 P.

A atividade da catalase (CAT, EC 1.11.1.6) foi medida de acordo com Beers e Sizer

(1952). A diminuição do teor de H2O2 foi monitorizada e quantificada utilizando o coeficiente

de extinção molar (36 mM-1 cm-1). O meio reacional foi composto de 230 µL de tampão fosfato

de potássio 0,1 M com EDTA 0,1 mM (pH 7), 10 µL de H2O2 a 0,5 M e 10 µL de extrato. A

leitura foi realizada a cada minuto, a 240 nm em intervalo de 20 min com auxílio de um leitor

de microplaca (Synergyx Mx, Biotek, EUA). Os resultados foram expressos em µmol de H2O2

mg-1 min-1 P.

3.5.3.6 Análise estatística

Foram utilizadas no mínimo 3 repetições de 3 frutos para cada tratamento e período

de análise, com número de repetições variando de acordo com a análise. Foi realizada análise

de variância (ANOVA) para verificar a variabilidade dos dados e significância dos coeficientes

de regressão, utilizando o programa R.

Os fatores e níveis avaliados podem ser divididos de acordo com o esquema abaixo

para facilitar a compreensão:

1. Tipo de revestimento, com três níveis:

- C (controle): sem revestimento, Z: revestimento de zeína, ZR: revestimento de

zeína reticulada.

2. Dias de armazenamento (número de níveis variando de acordo com a análise):

Page 52: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

50

- Parâmetros físicos de perda de massa e de cor (L*, a* e b*): dias 0, 1, 2, 3, 4, 6,

7, 8, 9, 10, 11 e 12, totalizando 12 níveis. Para essas análises foi realizada análise de regressão

polinomial, na qual foram consideradas equações até o 3° grau. Para a adequação do modelo

foi adotado como critério coeficiente de determinação (R2) acima de 0,70. Foi verificado para

validação do modelo as pressuposições de normalidade e homocedasticidade dos dados

exigidas para regressão.

- Parâmetros de firmeza, CO2 e etileno, peróxido de hidrogênio, peroxidação

lipídica, CAT e SOD: dias 0, 1, 3, 6, 8, 10 e 12, totalizando 7 níveis. Neste caso, apresentaram-

se as médias, desvio padrão e foi feita comparação pelo Teste de Tukey a 5% de significância,

pois os modelos de regressão apresentaram coeficiente de determinação (R2) abaixo de 0,70.

- Parâmetros físico-químicos (pH, acidez total titulável, sólidos solúveis totais,

vitamina C, clorofila e carotenoides): dias 0, 6 e 12, totalizando 3 níveis. As médias desses

parâmetros foram comparadas pelo Teste de Tukey a 5% de significância.

- Foi feita Tabela com todos os parâmetros avaliados com as médias globais e Teste

de Dunnett (p < 0,05) para comparação dos frutos revestidos Z e ZR com o controle.

Page 53: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Etapa 1 - Estudos preliminares: influência dos solventes etanol e ácido acético e dos

plastificantes glicerol e ácido oleico sobre propriedades físicas de filmes de zeína

4.1.1 Estudo dos solventes

Os filmes de zeína obtidos se apresentaram com superfície lisa, flexível e sem poros

visíveis, com exceção dos filmes feitos com 90 e 95% de etanol, que se mostraram heterogêneos

e muito quebradiços; por isso, as propriedades mecânicas desses tratamentos não puderam ser

avaliadas. Provavelmente, a zeína não se solubilizou totalmente nessas concentrações devido

às partes polares da sua estrutura anfifílica, que exigem um mínimo de água em solução,

formando aglomerados de zeína que tornam o filme quebradiço. A aparência dos filmes pode

ser vista na Figura 6.

Figura 6 - Aparência visual de filmes de zeína dos tratamentos: T70, T80, T90, T95, T70a,

T80a, T90a, T95a, respectivamente.

A solubilidade em água dos filmes pode ser observada na Figura 7. Verifica-se que

houve aumento de solubilidade nos filmes com AcOH e que os valores de solubilidade nos

filmes sem AcOH foram próximos entre si e mais baixos, com exceção em 90%, indicando que

os filmes sem AcOH foram mais resistentes a água. Provavelmente, nos tratamentos T70a e

T80a o ácido acético presente (somente 5%) não foi suficiente para que ocorresse protonação

dos grupos COOH de zeína, que diminuiria a hidrofilicidade da superfície dos filmes (SHI;

KOKINI; HUANG, 2009). Os valores de permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes

foram entre 0,626 e 1,005 g.mm.kPa-1.h-1.m-2. De forma geral, as mudanças de solvente não

interferiram na PVA, com valores similares para os filmes com e sem AcOH, com exceção dos

Page 54: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

52

filmes com AcOH em 70% de etanol. A tendência de diminuição de PVA em T70a pode ter

ocorrido devido ao melhor desdobramento da zeína em presença de ácido acético descrito por

LI et al. (2012), que pode ser responsável pela diminuição de espaços livres para a passagem

de vapor de água. A PVA dos filmes obtida foi menor que a obtida por Soliman e Furuta (2009)

com solvente 88% de etanol, e maior do que a do filme de zeína dissolvido em 80% de etanol

de Gu et al. (2013); provavelmente, as diferentes condições de processamento do filme

(temperatura e pH) podem ter favorecido a menor ou maior PVA encontrada pelos autores. De

acordo com Shi et al. (2009), filmes de zeína preparados com etanol são mais hidrofílicos

devido à sua alta porcentagem de grupos funcionais polares na superfície comparados aos

filmes com AcOH, porém, os resultados de solubilidade e PVA mostram que a substituição de

5% de água do solvente por 5% de ácido acético não é suficiente para provocar redução de

afinidade por água esperada. Os filmes de zeína mostram menor PVA que outras proteínas

como gelatina, com PVA em torno de 2 g.mm.kPa-1.h-1.m-2 (SANTOS et al., 2014) e proteína

do soro de leite, com PVA em torno de 5 g.mm.kPa-1.h-1.m-2 (JANJARASSKUL et al., 2014).

Figura 7 - Efeito da concentração de etanol e de ácido acético sobre a solubilidade em água e

permeabilidade a vapor de água de filmes de zeína.

Os resultados das propriedades mecânicas estão apresentados na Tabela 4. A

resistência à tração (RT) e a elongação na ruptura (ER) em geral foram similares, com exceção

da RT de T70, que foi maior em comparação com T80. Não houve diferença considerável entre

os filmes com e sem AcOH, com exceção do pequeno aumento de módulo de T80a. O módulo

elástico diminuiu com o aumento do teor de etanol a 80%, com menor valor em T80, mostrando

pequena diminuição de rigidez, o que é desejado para filmes de zeína, pois eles são muito

quebradiços. Os resultados encontrados foram próximos aos encontrados por Gu et al. (2013) e

por Ghanbarzadeh e Oromiehi (2008) para filmes de zeína.

Page 55: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

53

Tabela 4 - Efeito da concentração de etanol e de ácido acético sobre as propriedades mecânicas

de filmes de zeína. Resistência à Tração Elongação na Ruptura Módulo Elástico

EtOH sem AcOH com AcOH sem AcOH com AcOH sem AcOH com AcOH

70% 30,27 ± 1,80 30,15 ± 3,01 1,39 ± 0,20 1,36 ± 0,23 24,76 ± 2,30 22,97 ± 2,76

80% 20,62 ± 5,83 25,37 ± 5,03 1,15 ± 0,12 1,21 ± 0,36 18,88 ± 2,02 22,67 ± 1,06

Os termogramas de DSC estão expostos na Figura 8. A temperatura de transição

vítrea (Tg) de zeína é 170°C e a Tg de filmes plastificados de zeína é na faixa de 70°C, similar

aos valores encontrados por Gu et al. (2013) e Chen; Ye e Liu (2014). A Tg é diminuída em

filmes de zeína devido aos efeitos de plastificação dos solventes e do glicerol. O filme T80

apresentou Tg menor que T80a, o que significa que as cadeias de proteína possuem maior

mobilidade sem ácido acético. Possivelmente, também por causa do menor teor de água em

T80a que pode ter ocasionado menor teor de umidade após a secagem, pois esta atua também

como plastificante em filmes de zeína. Os resultados concordam com o resultado de módulo

elástico de menor rigidez do filme sem AcOH a 80% de etanol comparado com o T80a.

Figura 8 - Termograma de zeína (pó) e termogramas de filmes de zeína, sem (T80) e com

(T80a) ácido acético, obtidos por DSC.

As imagens de microscopia óptica de filmes de zeína com 80% de etanol com e sem

AcOH estão apresentadas na Figura 9. A presença de glicerol causou a formação de filme

heterogêneo com aglomerados amarelos porque este não ficou totalmente distribuído na matriz.

A fraca interação entre glicerol e zeína fez com que o excesso de glicerol fosse excluído da

matriz (PENA-SERNA; LOPES-FILHO et al, 2013). O filme T80 apresentou pequenos

aglomerados de zeína de cor escura, bem espalhados na matriz. Em T80a, os aglomerados

Page 56: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

54

escuros (zeína) formaram uma rede menos espalhada na matriz do filme, indicando que os

filmes com AcOH são menos homogêneos.

Figura 9 - Micrografias de filmes de zeína obtidas por microscopia óptica.

(a) sem ácido acético (T80); (b) com ácido acético (T80a). As setas indicam aglomerados de glicerol. Aumento de

40x.

4.1.2 Estudo dos plastificantes

Solubilidade em água e ângulo de contato são relacionados à

hidrofilicidade/hidrofobicidade dos filmes, de forma que, quanto maior o ângulo de contato e

quanto menor a solubilidade em água, menor a hidrofilicidade (PENA-SERNA; LOPES-

FILHO, 2013). Observa-se na Figura 10 que a solubilidade dos filmes com ácido oleico é bem

baixa (em torno de 10%) e aumenta com o aumento de glicerol, sendo o aumento mais

perceptível a partir do tratamento 3 (1:1). Este aumento é esperado, já que o glicerol tem

natureza polar, que permite maior interação com a água e menor interação com zeína.

Figura 10 - Efeito dos plastificantes ácido oleico e glicerol sobre a solubilidade em água e

hidrofilicidade de filmes de zeína.

T1 (1:0) T2 (2:1) T3 (1:1) T4 (1:2) T5 (0:1)0

5

10

15

20

25

So

lub

ilid

ad

e (

%)

Page 57: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

55

Na Figura 10 também podem ser observados os ângulos de contato formados por

gotas de água na superfície dos filmes em 0 (assim que a gota entra em contato), 30, 60 e 90s.

Verifica-se que o ângulo diminui com o aumento de glicerol (de T1 para T5), confirmando que

a hidrofilicidade dos filmes aumenta com o aumento de concentração de glicerol como

plastificante. Além disso, pode-se observar que os filmes com mais ácido oleico (T1, T2 e T3)

apresentam estabilidade maior, enquanto os filmes T4 e T5 tendem a absorver mais água com

o tempo. Pode-se destacar que o tratamento 3 (1:1), apesar de apresentar alta solubilidade,

apresenta hidrofilicidade de superfície semelhante à de T1 e T2, e boa estabilidade com o

tempo, indicando que houve um efeito positivo de combinação dos dois plastificantes nessa

concentração.

A Figura 11 mostra as micrografias de superfície obtidas por Microscopia

Eletrônica de Varredura. Podem ser observadas marcas de partes quebradiças do filme, mais

perceptíveis em T2, que diminuem com o aumento de glicerol, e perfurações ou orifícios e

depressões, os quais podem ser formados durante a evaporação do etanol na etapa de secagem

do filme, e tendem a desaparecer com o aumento de glicerol (T5) (XU; CHAI; ZHANG, 2012;

PENA-SERNA; LOPES-FILHO, 2013).

Figura 11 - Micrografias de superfície obtidas por MEV de filmes de zeína e plastificantes ác.

oléico/glicerol.

T1(1:0), 2: T2(2:1), 3: T3(1:1); 4: T4(1:2) e 5: T5 (0:1). Aumento de 1000 x.

Page 58: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

56

A adição de glicerol cria espaços entre as cadeias de proteína, diminuindo as forças

intermoleculares e permitindo uma melhor mobilidade das mesmas (TIHMINLIOGLU; ATIK;

ÖZEN, 2010) e, portanto, melhor difusão do etanol através do filme. Segundo Pena-Serna e

Lopes-Filho (2013), o ácido oleico forma agregados na matriz. O filme T4 apresentou boa

homogeneidade, mostrando ser possível a utilização dos dois plastificantes em conjunto em

filmes de zeína. Mesmo com os melhores resultados nas micrografias obtidas para filmes com

glicerol, observam-se nesses filmes pontos brancos (T5) que podem ser aglomerações de zeína,

também por causa da interação fraca entre esta proteína e glicerol.

4.2 Etapa 2 - Filmes de zeína reticulados com ácido tânico não-oxidado ou oxidado

4.2.1 Espectros de absorção

A Figura 12 mostra os espectros de absorção no UV-Vis de duas soluções, uma com

AT e a outra com ATox. Observa-se que houve mudanças de absorção da solução com ATox

para maiores comprimentos de onda (mudança batocrômica) e para maiores absorbâncias

(mudança hipercrômica). A absorção máxima do espectro da solução com AT em 374 nm

passou por mudanças batocrômica e hipercrômica, comprovando que ocorreu oxidação do AT

utilizando H2O2 como oxidante nas condições utilizadas. O comportamento dos espectros

encontrado foi semelhante ao encontrado por Janosevic et al (2012) na oxidação de AT com

persulfato de amônia.

Figura 12 - Espectros de absorção no UV-Visível de AT (solução de ácido tânico 0,4% em

água) e ATox (solução de ácido tânico 0,4% em H2O2 0,2%).

Page 59: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

57

A Tabela 5 apresenta as respostas experimentais para as propriedades dos filmes.

Os modelos para os filmes obtidos de ácido tânico não modificado (ATn) e oxidado (ATo) são

representados por equações de regressão e parâmetros estatísticos nas Tabelas 6 e 7,

respectivamente, e pelas curvas de contorno nas Figuras 12 (ATn) e 13 (ATo). Algumas

regressões não foram significativas (p<0,05), mas foram utilizadas para indicar tendências

gerais das propriedades. Além disso, a maioria dos modelos não significativos apresentaram

alguns termos de regressão significativos que devem ser mencionados.

Tabela 5 - Condições e respostas experimentais

Corrida AT pH SA PVA RT ER ME OP ΔL ΔE

1(n) 1,2 4,73

79,53 1,102 6,54 0,68 10,67 3461,7 2,28 14,79

1(o) 62,68 1,070 7,82 1,16 11,37 3393,5 4,78 20,04

2(n) 6,8 4,73

53,22 0,925 8,65 0,65 14,54 4321,5 4,99 25,67

2(o) 50,57 0,845 11,56 0,90 14,83 4943,1 4,86 17,34

3(n) 1,2 8,27

59,21 0,917 7,97 1,82 10,45 3583,8 8,91 32,61

3(o) 54,61 0,812 8,52 1,86 12,45 3320,9 12,25 44,81

4(n) 6,8 8,27

43,73 0,887 12,29 1,16 14,66 4503,9 16,73 36,96

4(o) 42,88 0,725 12,88 1,08 16,27 4490,6 18,33 49,71

5 0 6,5 80,65 1,041 5,58 2,16 10,02 3038,5 2,14 11,54

6(n) 8 6,5

55,42 0,782 11,17 0,80 15,71 3965,9 5,88 30,25

6(o) 42,38 0,782 13,97 0,81 17,24 3806,7 5,38 22,21

7(n) 4 4

78,31 0,939 7,86 0,76 11,21 3549,4 4,53 26,26

7(o) 60,89 0,910 6,16 0,68 9,40 4954,8 4,45 23,93

8(n) 4 9

51,47 0,742 10,47 1,37 10,77 3832,3 16,81 47,51

8(o) 42,69 0,746 12,67 0,50 16,44 4016,1 13,82 40,45

9(n) 4 6,5

58,74 0,881 7,43 0,71 11,44 3768,6 6,84 35,19

9(o) 57,72 0,767 9,32 0,84 11,11 3631,9 7,00 27,24

10(n) 4 6,5

60,96 0,993 6,26 0,67 10,77 3267,2 3,57 20,93

10(o) 59,44 0,806 8,19 0,72 10,15 3495,3 4,49 22,58

11(n) 4 6,5

61,52 0,956 6,29 0,65 10,89 3585,9 3,85 22,22

11(o) 57,47 0,769 8,16 0,77 12,09 3030,2 5,05 23,43 (n) e (o) se referem a corridas feitas com ácido tânico não-modificado e oxidado, respectivamente. AT se refere

ao teor de ácido tânico (não-modificado ou oxidado, em massa% de zeína). SA: solubilidade em água (massa%);

PVA: permeabilidade ao vapor de água (g.mm.kPa-1.h-1.m-2); RT: resistência à tração (MPa); ER: elongação na

ruptura (%); ME: módulo elástico (MPa); OP: opacidade (A.nm.mm-1); ΔL: diferença de luminosidade entre a

amostra e a referência branca; ΔE: diferença de cor entre a amostra e a referência branca.

Page 60: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

58

Tabela 6 - Coeficientes de regressão para propriedades dos filmes com ácido tânico não

modificado

Termo PVA SA RT ER ME OP ΔL ΔE

Constante 0,943 60,41 6,66 0,68 11,03 3540,61 4,75 26,11

AT -0,072 -9,68 1,79 -0,33 2,01 386,42 1,97 5,21

pH -0,063 -8,47 1,09 0,31 -0,09 88,07 4,47 7,40

AT2 0,005 1,93 0,88 0,35 1,08 73,59 -0,15 -2,95

pH2 -0,031 0,36 1,27 0,15 0,14 167,94 3,18 5,04

AT,pH 0,037 2,71 0,55 -0,16 0,09 15,09 1,27 -1,63

R2(%) 78,39 91,30 97,07 87,64 97,15 76,64 95,72 86,59

F 3,63 10,50 33,16 7,09 34,08 3,28 22,35 6,46

P 0,09 0,01 <0,01 0,02 <0,01 0,11 <0,01 0,03 PVA: permeabilidade ao vapor de água; SA: solubilidade em água; RT: resistência à tração; ER: elongação na

ruptura; ME: módulo elástico; OP: opacidade; ΔL: diferença de luminosidade; ΔE: diferença de cor. Termos da

regressão e valores F em negrito são significantes (p < 0,05).

Tabela 7 - Coeficientes de regressão para propriedades dos filmes com ácido tânico oxidado

Termo PVA SA RT ER ME OP ΔL ΔE

Constante 0,781 58,21 8,56 0,78 11,11 3335,82 5,52 24,42

AT -0,085 -9,75 2,50 -0,37 2,19 475,70 1,34 2,16

pH -0,076 -5,19 1,40 0,08 1,56 -231,57 4,27 10,06

AT2 0,064 0,66 0,76 0,41 1,37 39,15 0,02 -1,66

pH2 0,022 -4,21 0,58 -0,04 1,02 570,57 2,71 6,00

AT,pH 0,034 0,10 0,15 -0,13 0,09 -94,96 1,50 1,90

R2(%) 96,98 87,21 87,61 86,57 87,32 87,06 85,23 78,14

F 32,16 6,82 7,07 6,45 6,89 6,73 5,77 3,58

P <0,01 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,09 PVA: permeabilidade ao vapor de água; SA: solubilidade em água; RT: resistência à tração; ER: elongação na

ruptura; ME: módulo elástico; OP: opacidade; ΔL: diferença de luminosidade; ΔE: diferença de cor. Termos da

regressão e valores F em negrito são significantes (p < 0,05).

Page 61: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

59

Figura 13 - Curvas de contorno representando regressões para as propriedades dos filmes

contendo ATn.

Figura 14 - Curvas de contorno representando regressões para as propriedades dos filmes

contendo ATo.

Page 62: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

60

4.2.2 Solubilidade em água e permeabilidade a vapor de água

A zeína por si só é capaz de produzir filmes razoavelmente resistentes à água devido

à sua relativa hidrofobicidade, como previamente demonstrado (CHO, LEE; RHEE, 2010).

Nesse estudo, o filme de zeína não modificado (corrida 5 na Tabela 5) apresentou solubilidade

em água de 80% após 24 horas de imersão, o que é comparável com valores reportados para

filmes de gelatina (PÉREZ-MATEOS, MONTERO; GÓMEZ-GUILLÉN, 2009; DENAVI et

al., 2009). A solubilidade em água dos filmes de zeína foi diminuída pelo aumento da

concentração de AT (Tabelas 6 e 7), corroborando Hager et al. (2012) e Peña et al. (2010) para

filmes de kafirina e gelatina, respectivamente. Este efeito suporta a ocorrência de interações

entre zeína e AT não-oxidado ou oxidado, desde que sugere diminuição da disponibilidade da

proteína por interação com a água (HAGER et al., 2012). O aumento de pH também diminuiu

significativamente a solubilidade em água para ambos ATn e ATo (Tabelas 6 e 7). A presença

de ATn ou ATo em quantidades em torno de 7% a pH 8 produziu valores de solubilidade em

água menores que 50% (Figuras 13 e 14), melhorando a aplicabilidade dos filmes sob condições

úmidas. Apesar de proteínas serem mais solúveis em pHs alcalinos (acima do ponto isoelétrico)

por causa do excesso de cargas de mesmo sinal, produzindo repulsão entre as moléculas e,

consequentemente, contribuindo para sua maior solubililidade (PELEGRINE; GASPARETTO,

2005), o desdobramento das proteínas devido ao aumento da repulsão eletrostática promove o

aumento de grupos funcionais disponíveis para reticulação induzida pelos compostos fenólicos

entre as moléculas de proteína (NUTHONG et al., 2009a). Por isso, o aumento do pH

provavelmente favoreceu a reticulação, diminuindo consequentemente a solubilidade dos

filmes.

Para ATn e ATo, os modelos de permeabilidade a vapor de água (PVA)

apresentaram termos significativos e negativos tanto para o teor de AT como para o pH (Tabelas

6 e 7), indicando uma tendência de diminuição com o aumento de AT em maiores valores de

pH, embora o modelo de PVA para ATn não tenha sido significativo (Tabela 6). Esses

resultados corroboram com os de solubilidade, indicando que maiores pHs e maior teor de AT

diminuem a afinidade dos filmes com a água. Provavelmente, o favorecimento da formação de

ligações cruzadas entre AT e proteína pelo aumento do pH colabora para a diminuição da

passagem de vapor de água devido à diminuição de espaços na estrutura da matriz. Nuthong et

al. (2009a) não conseguiram diminuição de PVA com o uso de AT em filme proteico de plasma

de porco, provavelmente por causa da baixa concentração utilizada (abaixo de 4%).

Emmambux, Stading e Taylor (2004) não obtiveram redução significativa de PVA com o uso

Page 63: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

61

de AT como reticulante em filmes de kafirina sem modificação de pH, o que confirma que o

pH alcalino favoreceu a reticulação de zeína com AT, como explicado na análise de

solubilidade.

4.2.3 Propriedades Mecânicas

O aumento do teor de AT (ambos ATn e ATo) resultou em aumento de resistência

à tração e módulo elástico. A adição de 8% de AT resultou em aumentos na resistência à tração

de mais de 30% para filmes com ATn e quase 70% para filmes com ATo. Os aumentos no

módulo foram ainda mais evidentes para ambos os tipos de filmes (quase 70% para ATn e mais

de 80% para ATo). A elongação dos filmes, por outro lado, que foi muito pobre no filme não

modificado (em torno de 1%), foi ainda menor com AT. Estes resultados corroboram alguns

estudos (CAO; FU; HE, 2007; EMMAMBUX et al., 2004; HAGER et al., 2012 e PRODPRAN

et al., 2012, para filmes de gelatina, kafirina, glúten e proteína miofibrilar, respectivamente), e

são relacionados à restrição de mobilidade das cadeias resultante da reticulação, tornando os

filmes mais rígidos (HAGER et al., 2012). Nenhuma evidência foi encontrada de que o ácido

tânico apresente efeito plastificante em maiores concentrações, como reportado por Zhang et al

(2010) sobre filmes de gelatina.

Houve tendência de incremento da resistência à tração dos filmes com AT (ambos

ATn e ATo) e módulo dos filmes com ATo (Tabelas 6 e 7) com o aumento dos valores de pH,

resultados corroborados por Cao et al. (2007), que reportaram que a resistência à tração máxima

dos filmes de gelatina modificados com AT ocorreu em pH 9. Pode ser evidenciado pelas curvas

de contorno (Figuras 13 e 14) que houve aumento de resistência e módulo com o uso de AT

mesmo em valores baixos de pH. Porém, esses incrementos só são possíveis com maior teor de

AT (em geral a partir de 7%), o que indica que o uso de pHs alcalinos torna a reticulação com

AT mais eficiente, possibilitando a utilização de menor concentração. O AT em condições de

pH alcalino é exposto à oxidação a quinona (YI et al., 2011), então, mesmo nos filmes com AT

não modificado este pode ter sido oxidado em soluções com pH alcalino, favorecendo a

reticulação e aumento de resistência mecânica. A elongação dos filmes com ATn também foi

favorecida por maiores valores de pH, especialmente em baixo teor de ATn (Tabela 6, Figura

13), o que foi inesperado, mas pode estar relacionado à diminuição de interações eletrostáticas

acima do ponto isoelétrico da zeína (6,8, de acordo com CABRA et al., 2005).

Page 64: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

62

4.2.4 Propriedades Ópticas

As propriedades ópticas também foram influenciadas pelas propriedades de

processamento. Maiores valores de pH resultaram em maiores valores de ΔL e ΔE (para os

filmes com ATn e ATo), significando que o aumento do pH contribui para mudanças em

luminosidade e cor, mas não mudanças de opacidade. Uma possível explicação para o aumento

de opacidade e intensidade de cor dos filmes em maior pH (durante a reação de reticulação em

pH básico ocorre escurecimento da solução de zeína), é a possível oxidação de pigmentos de

cor naturais como xantofilas e outros carotenoides presentes na zeína (SHUKLA; CHERYAN,

2001), pois algumas xantofilas são instáveis em meio alcalino (MELÉNDEZ-MARTÍNEZ;

VICÁRIO; HEREDIA, 2004). Maiores quantidades de AT também contribuem para mudanças

na cor do filme (para ATn) e perda de transparência (para ambos filmes com ATn e ATo),

corroborando com outros estudos que reportaram mudanças de cor e perda de transparência por

filmes de proteína reticulados com ácido tânico (HAGER et al., 2012, para glúten; NUTHONG

et al., 2009b, para proteína de plasma de porco; PEÑA et al., 2010, para gelatina; PRODPRAN

et al., 2012, para proteína miofibrilar do peixe).

4.2.5 FTIR e comparação entre filmes com ácido tânico não-oxidado e oxidado

A Figura 15 apresenta os espectros de FTIR de alguns filmes, apresentando algumas

bandas derivadas da estrutura da zeína, como amida A em 3288 cm-1, amida I em 1647 cm-1,

amida II em 1538 cm-1, e amida III em torno de 1242 cm-1 (BARTH, 2007). A banda amida A

foi ampliada na presença de AT, especialmente ATo em pH 9. Este aumento de banda foi

reportado também por outros autores (HE et al., 2011; MADHAN et al., 2005) como resultado

das interações de colágeno com procianidina e catequina, respectivamente. A banda amida III

se deslocou levemente para maiores frequências. Essas mudanças são relacionadas

provavelmente à formação de pontes de hidrogênio entre o componente fenólico e a matriz da

proteína (HE et al., 2011; MADHAN et al., 2005; ARCAN; YEMENICIOĞLU, 2013). A banda

em 1044 cm-1, relacionada ao estiramento C-O, foi aumentada em intensidade em presença de

AT, também indicando interação da zeína com o ácido fenólico (AEWSIRI et al., 2010;

AEWSIRI et al., 2013). A banda em 1450 cm-1, descrita como estiramento simétrico de grupos

COO- (YANG et al., 2010), foi mais evidente no espectro de filmes produzidos em pH 9

(tratamento 8 para ATn e ATo). A banda em 1406 cm-1 (estiramento C–N) se tornou mais

intensa em pH 9, possivelmente indicando uma quantidade maior de pontes amida devido a

Page 65: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

63

interações zeína-AT (XING et al., 2014). Contudo, não foram encontradas evidências nos

espectros de FTIR para suportar a ocorrência de reticulação covalente.

Figura 15 - Espectros de FTIR de filmes produzidos em diferentes valores de pH com

diferentes concentrações de ATn ou ATo.

Tabela 8 - Médias e testes-t pareados para as propriedades dos filmes com ácido tânico não-

modificado (ATn) e oxidado (ATo).

Propriedades ATn Ato

Valor T p Média DP Média DP

PVA 0,924 0,104 0,843 0,117 3,59 0,005

SA 62,07 12,27 55,63 11,22 3,26 0,009

RT 8,23 2,21 9,53 2,82 -3,17 0,010

ER 1,040 0,530 1,044 0,516 -0,05 0,963

ME 11,92 2,01 12,85 2,85 -1,60 0,142

OP 3716 431 3829 696 -0,72 0,490

ΔL 6,96 5,23 7,50 5,02 -1,08 0,305

ΔE 27,63 10,37 27,57 12,06 0,02 0,981

DP: desvios padrão. SA: solubilidade em água (m%); PVA: permeabilidade a vapor de água (g.mm.kPa-1.h-1.m-2);

RT: resistência a tração (MPa); ER: elongação na ruptura (%); ME: modulo elástico (MPa); OP: opacidade

(A.nm.mm-1); ΔL: diferença de luminosidade entre a amostra e a referência branca; ΔE: diferença de cor entre a

amostra e a referência branca.

Page 66: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

64

O espectro dos filmes com ATn e ATo foram similares, como também observado

por Aewsiri et al. (2010) para filmes de gelatina com ATn e ATo. Por outro lado, os resultados

dos testes t pareados (Tabela 8) sugerem que a interação de zeína com ATo foi provavelmente

mais forte que a interação com ATn, já que os filmes com ATo tiveram maior resistência média

à tração e menores valores de permeabilidade a vapor de água e solubilidade em água.

4.2.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A Figura 16 apresenta as imagens de MEV de alguns filmes que representam pontos

extremos do estudo com ATn e ATo. Todos os filmes apresentaram estruturas heterogêneas,

que também foram observadas por outros autores em filmes de zeína (PENA-SERNA; LOPES-

FILHO, 2013; LIANG et al., 2015), e podem ser associados à agregação de glóbulos de zeína

devido à exposição de superfícies hidrofílicas de zeína em presença de uma alta concentração

de etanol (KIM; XU, 2008). A ligação de glicerol nas regiões hidrofílicas sobre a superfície de

agregados de zeína possivelmente pode facilitar essa agregação pelo aumento da viscosidade

(PENA-SERNA; LOPES-FILHO, 2013). Ainda, a agregação de ácido oleico, que já tinha sido

observada anteriormente por outros autores utilizando etanol 80%, mesma concentração do

presente estudo (PENA-SERNA; LOPES-FILHO, 2013), também contribui para a

heterogeneidade dos filmes. Comparando os filmes em pH 6,5 com e sem AT, observa-se que

a presença de orifícios foi diminuída especialmente com a presença de ATo, indicando que este

favorece a continuidade do filme nesse pH em comparação com ATn. Esses resultados

condizem com os resultados para T6 (8% AT, pH 6,5, Tabela 5) de menor solubilidade e

pequeno aumento de RT e ME dos filmes com ATo em relação aos filmes com ATn.

Na comparação dos filmes com 4% de AT em pH 4 e pH 9, observamos que em pH

4 ocorre uma quantidade bem maior de perfurações ou orifícios ao longo do filme com pH 4

em relação ao de pH 9, o que explica que o filme em pH 4 seja mais quebradiço e corrobora

com os resultados das outras análises (Tabela 5), comprovando que o uso de pH 4 não favorece

a reticulação de zeína com AT. Os filmes com pH 9 são mais rugosos, provavelmente por causa

do maior pH favorecendo a oxidação do ácido tânico. Também foi reportado que o aumento da

rugosidade nos filmes de proteína foi promovido pela presença de ácido ferúlico oxidado

(ARABESTANI et al., 2016).

Comparando os filmes com ATn e ATo em pH 6,5 e especialmente em pH 9, os

filmes com ATo parecem mais ásperos, o que pode estar associado à agregação de proteínas

induzida pelas quinonas derivadas da oxidação do AT (NUTHONG et al., 2009b). Os filmes

Page 67: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

65

produzidos com 4% de ATo em diferentes pHs (4 e 9) também são notavelmente diferentes,

sendo o último mais áspero, provavelmente porque o pH alcalino favorece a oxidação de AT.

A presença de poros nos filmes, mesmo sendo estes superficiais (não passam de um lado para

o outro do filme) favorece uma maior PVA, devido às diminuições localizadas (nos poros) de

espessura, o que pode explicar o aumento de permeabilidade em pH 4 e a diminuição não ter

sido tão expressiva em relação à diminuição de PVA em pH 9. A diferença de cor nas

micrografias dos filmes com AT indica que os componentes do filme, matriz e plastificantes,

se agregam de forma diferente em presença de AT e em diferentes pHs, provavelmente por

causa da diferença da carga da zeína em pHs acima ou abaixo de seu ponto isoelétrico, alterando

sua forma de interação com o ácido tânico.

Figura 16 - Imagens de MEV de filmes produzidos em diferentes valores de pH com diferentes

concentrações de ATn ou ATo (magnificação de 500 x).

4.2.7 Propriedades Térmicas

As degradações térmicas da zeína na sua forma nativa (pó), do ácido tânico em pó,

e de filmes de zeína são apresentadas nas Figuras 17 e 18, respectivamente, através das curvas

de termogravimetria (TGA) e da primeira derivada de cada curva (DTG, do inglês derivative

thermogravimetry); a Tabela 9 resume algumas informações das temperaturas de degradação.

Page 68: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

66

Figura 17 - Curvas de TGA e da primeira derivada (DTG) para a zeína em pó e para o ácido

tânico em pó, respectivamente.

Figura 18 - Curvas de TGA para filmes de zeína.

Primeira linha: T5 (0% AT, pH 6,5), T6 (8% AT, pH 6,5), T7 (4% AT, pH 4), T8 (4% AT, pH 9) e curvas da

primeira derivada (DTG), respectivamente. Segunda linha: T5 (0% AT, pH 6,5), T6ox (8% AT, pH 6,5), T7ox

(4% AT, pH 4), T8ox (4% AT, pH 9) e curvas da primeira derivada (DTG), respectivamente.

Observamos na Figura 17 que a degradação da zeína e do ácido tânico ocorrem em

maior intensidade entre 250 e 350 °C. Ocorre pequena perda de massa em torno de 100 °C,

relacionada à evaporação de água e de compostos voláteis (NEO et al., 2013; XIA et al., 2015).

A temperatura que dá a maior razão de perda de massa no termograma de DTG é considerada

a temperatura de degradação (Td) do composto (YOKSAN; JIRAWUTTHIWONGCHAI;

ARPO, 2010). A curva de DTG da zeína revelou Td em 307,6°C (valor próximo ao encontrado

por Magoshi et al., 1992, de 320°C) e a curva do ácido tânico apresenta inflexão em 275 e

Page 69: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

67

306,6°C, mostrando que o ácido tânico apresenta degradação inicial um pouco maior que a

zeína. Porém, após a Td, o AT mantém uma taxa de perda de massa menor que a zeína,

demonstrando possuir maior estabilidade térmica.

Pode ser visto na Figura 18 e na Tabela 9 que os filmes de zeína apresentaram

comportamento térmico similar ao da zeína pura, porém com valores menores de Td, por causa

do efeito dos solventes e plastificantes. Observa-se deslocamento das curvas de DTG dos picos

dos filmes de zeína com AT para menores temperaturas em relação ao filme de zeína (T5), o

que mostra que filmes de zeína reticulados apresentam início de degradação com maior perda

de massa inicial (T80%), além de menor Td (Tabela 9), especialmente dos tratamentos T7, T7ox,

T8 e T8ox, devido à presença de AT. O aumento inicial do evento de perda de água nos filmes

com AT ocorre porque o ácido tânico possui muitos grupos hidroxila que podem interagir com

água, e a reticulação aumenta o número de pontes de hidrogênio (SIONKOWSKA et al., 2015);

esse fato explica a menor estabilidade inicial.

Tabela 9 - Temperaturas de degradação de filmes de zeína reticulados com ácido tânico em

diferentes pHs

Amostras Temperatura (°C)

T80% Td T20%

Zeína pura 294,3 307,6 457,1

AT puro 265,8 306,6 *acima de 500

T5 (0% AT, pH 6,5) 262,1 308,7 401,3

T6 (8% AT, pH 6,5) 260,0 302,8 482,3

T7 (4% AT, pH 4) 240,3 286,3 408,9

T8 (4% AT, pH 9) 255,3 286,8 471,3

T6ox (8% AT, pH 6,5) 253,5 306,8 450,3

T7ox (4% AT, pH 4) 247,5 310,4 397,3

T8ox (4% AT, pH 9) 235,5 277,5 421,8

T80%: resta 80% da massa inicial; T20%: resta 20% da massa inicial. *O AT se manteve com 29% da sua massa

inicial a 500°C, que foi a temperatura máxima utilizada.

Porém, observa-se que os tratamentos T6, T6ox, T8 e T8ox apresentaram maiores

temperaturas T20%, indicando que o AT aumentou a estabilidade térmica dos filmes,

provavelmente devido à eficiência da formação de ligações cruzadas nessas condições. Esse

resultado corrobora com o encontrado por Auriemma et al. (2015) em que o AT mostra efeito

positivo na estabilidade térmica de PHB, prolongando o processo de degradação térmica a

tempos maiores. T7 e T7ox apresentaram menores temperaturas, confirmando que o uso de pH

4 não favorece a reticulação de filmes de zeína com AT. De forma geral, verifica-se que filmes

com ATo mostraram maior Td (T6ox e T7ox), porém menor T20%, o que sugere que a oxidação

Page 70: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

68

do AT não foi eficiente para melhorar a estabilidade térmica da zeína em comparação com o

AT não-oxidado. Comprova-se que o uso de AT pode ser vantajoso por conferir maior

estabilidade térmica (XIA et al, 2015).

Os termogramas de DSC para filmes de zeína com AT oxidado ou não em diferentes

pHs estão expostos na Figura 18 e os valores de temperatura de transição vítrea (Tg) na Tabela

10, em que Tg é a temperatura média entre o início e o fim da mudança na linha de base.

Figura 19 - Curvas de DSC para filmes de zeína.

T5 (0% AT, pH 6,5), T6 (8% AT, pH 6,5), T7 (4% AT, pH 4), T8 (4% AT, pH 9) e T9 (4% AT, pH 6,5), com AT

não-oxidado e oxidado, respectivamente. Termogramas do segundo ciclo.

Tabela 10 - Temperaturas de transição vítrea de filmes de zeína obtidas por DSC.

Amostras Temperatura de transição vítrea (°C)

Sem AT AT não-oxidado AT oxidado (ox)

Zeína pura 170,0 - -

T5 (pH 6,5) 79,6 - -

T6 (8% AT, pH 6,5) - 89,2 82,3

T7 (4% AT, pH 4) - 86,0 82,9

T8 (4% AT, pH 9) - 100,9 102,2

T9 (4% AT, pH 6,5) - 88,7 87,9

A Tg de zeína é 170 °C e a de filmes de zeína é na faixa de 80°C, valor similar ao

encontrado por Gu et al., 2013 e Chen; Ye e Liu (2014). Esta é diminuída em filmes de zeína

devido aos efeitos de plastificação dos solventes e do glicerol. Os filmes analisados

apresentaram transição vítrea na faixa entre 75 e 120°C. Verifica-se que houve um

deslocamento da faixa de Tg dos filmes com ATn e ATo para maiores temperaturas em relação

ao filme sem AT (T5) e Tg maior do que a encontrada por Gu et al. (2013), que foi de 70°C.

Esse pequeno aumento de Tg, principalmente de T8 e T8ox, se deve provavelmente ao aumento

de resistência mecânica e de rigidez dos filmes de zeína reticulados. Comparando os filmes com

Page 71: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

69

ATn em relação aos filmes com ATo, pode ser observado que não houve mudanças expressivas

na Tg dos filmes. O aumento de Tg, especialmente com o uso de AT em pH 9, confirma que

houve interação positiva entre AT e a matriz de zeína, com diminuição de mobilidade

molecular, corroborando com os resultados de aumento de resistência à tração e de módulo

elástico. Emmambux; Stading e Taylor (2004) e Weng e Qiu (2014) também encontraram

incremento dos valores de Tg com o uso de AT devido à interação deste com a matriz.

4.3 Etapa 3 - Efeito da funcionalização com UV/ozônio e antimicrobiano catiônico

(nisina) sobre filmes de zeína reticulados com ácido tânico

4.3.1 Efeito do UV/Ozônio sobre propriedades físicas de filmes de zeína

A Figura 20 mostra os resultados das análises de solubilidade, PVA, propriedades

mecânicas e ângulo de contato dos filmes expostos a UVO entre 0 e 150s. É possível observar

que houve aumento considerável de solubilidade em água (de quase 30%), com valor máximo

no filme tratado com 120s de UVO, e aumento da PVA dos filmes com o aumento do tempo de

exposição à UVO. Esses resultados indicam que houve aumento de hidrofilicidade da superfície

com o tratamento UVO. Embora tenha ocorrido aumento de PVA, esse aumento não foi

expressivo (de 0,9 para 1,1 g.mm.kPa-1.h-1.m-2), indicando que a permeabilidade não foi afetada

expressivamente. No caso da solubilidade, o contato do filme com superfície mais hidrofílica

direto com a água pode facilitar a penetração (ou difusão) de água na estrutura, aumentando a

solubilidade.

O aumento de hidrofilicidade da superfície dos filmes pode ser comprovado com a

análise de ângulo de contato, pela diminuição do ângulo com o aumento do tempo de UVO.

Esta diminuição do ângulo indica maior afinidade da água com a superfície do filme devido à

formação de cargas negativas na superfície (compostos COO-), resultado semelhante ao

encontrado por Shi; Kokini e Huang (2009) na oxidação da superfície de filmes de zeína.

Verifica-se que esta diminuição se estabiliza a partir de 120s, indicando que este tempo é

suficiente para a oxidação da superfície. Por isso, o tempo de 120s foi escolhido como tempo

ideal de tratamento para ser estudada a adsorção com nisina, além de caracterização química e

morfológica para comparação. Shi; Kokini e Huang (2009) avaliaram os tempos de exposição

a UVO de 0, 30, 60, 90, 120, 150 e 180s e verificaram que o ângulo de contato também se

estabiliza a partir de 120s.

Page 72: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

70

As propriedades mecânicas de resistência à tração, elongação na ruptura e módulo

elástico não foram modificadas de forma expressiva pelo tratamento UVO, o que sugere que

esta modificação tem caráter superficial, não afetando a estrutura mais interna da matriz do

filme, ou seja, que a alteração não resultou em modificação das propriedades mecânicas. Essa

característica de manutenção das características mecânicas é importante para que a utilização

do tratamento UVO seja viável.

Figura 20 - Propriedades físicas de filmes de zeína submetidos a diferentes tempos de

exposição em UVO.

4.3.2 FTIR de filmes tratados com UVO e nisina

Os espectros obtidos por FTIR dos filmes oxidados por UVO nos tempos de 0, 60

e 120s, sem nisina e com nisina estão apresentados na Figura 21. Podem ser observadas bandas

características de proteínas em todos os espectros, especialmente da zeína, como amida A em

3288 cm-1, amida I em 1647 cm-1, amida II em 1538 cm-1, e amida III em torno de 1239 cm-1

(BARTH, 2007, WANG et al., 2013). De forma geral, os espectros dos filmes com e sem nisina

se mostraram semelhantes entre si, apresentando as mesmas bandas de absorção.

Page 73: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

71

Analisando os espectros dos filmes sem nisina, foi percebido que, com o aumento

do tempo de exposição ao UVO, não houve o aparecimento de uma banda referente ao

estiramento assimétrico da carbonila do grupo carboxilato (-COO-) que se encontra entre 1650-

1550 cm-1, como esperado pela formação dessas cargas devido ao tratamento UVO. Mesmo

sendo demonstrado que a banda da Amida I, referente ao estiramento da carbonila da ligação

peptídica (-CONH-), se encontra dentro dessa faixa, não houve um aumento da intensidade

desta banda quando a banda da Amida II, referente à deformação angular da ligação N-H da

ligação peptídica, foi utilizada como padrão interno (ou referência).

Figura 21 - Espectros de FTIR de filmes tratados com diferentes tempos de UVO com e sem

nisina.

Pode ser percebido na Figura 21 dos filmes com nisina, que estes espectros são

semelhantes com os espectros dos filmes sem a presença da nisina. Como a zeína e nisina são

proteína e peptídeo, respectivamente, é difícil determinar as bandas especificas de cada

componente, visto que as bandas destas duas macromoléculas são parecidas (BERNELA et al.,

2014; WANG et al., 2013).

O fato de estes espectros serem semelhantes pode ter sido pela forma de tratamento

do filme e o método realizado para as análises do FTIR, podendo ser levados em conta que: os

filmes foram expostos sob UVO por no máximo de 2 min, o que proporciona a oxidação

somente da superfície, e não de toda a matriz do filme, como mostrado pela manutenção das

propriedades mecânicas; deve ser observado que a análise de FTIR por ATR requer altas

pressões, o que faz com que a radiação de infravermelho penetre mais o interior do filme do

que a superfície. Isso explicaria porque não foi possível observar processos oxidativos nos

Page 74: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

72

espectros de FTIR. A análise de XPS pode auxiliar na confirmação da modificação pelo

tratamento UVO e na verificação da presença de nisina na superfície.

4.3.3 Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X (XPS – X-Ray Photoelectron

Spectroscopy)

4.3.3.1 Modificação da superfície com UV e Ozônio (UVO)

A técnica de XPS foi utilizada para investigar modificação da superfície de filmes

de zeína expostos a UV e ozônio (UVO) e imersos em nisina, através da verificação da

composição elementar e de grupos funcionais presentes na superfície. Os resultados da

composição de filmes expostos a diferentes tempos de tratamento com UVO estão resumidos

na Tabela 11.

Tabela 11 - Composição elementar da superfície de filmes de zeína com ácido tânico

submetidos a diferentes tempos de exposição em UVO com e sem nisina a partir de espectros

de varredura de XPS.

Tempo

de

UVO

Composição elementar

C (%) O (%) N (%) S

(%)

O/C N/C S/C

0 85,20±0,31a 10,16±0,25a 0,93±0,09a - 0,1192 0,0109 -

60 83,44±0,54a 11,05±0,26a 1,91±0,08b - 0,1324 0,0229 -

120 80,99±0,58b 12,56±0,18b 2,60±0,43b - 0,1551 0,0321 -

0s +

Nis 76,31±0,14c 15,17±0,40c 6,89±0,19c 0,53 0,1988 0,0903 0,0069

60s +

Nis 77,01±1,56c 15,49±0,46c 6,88±0,44c 0,46 0,2011 0,0893 0,0060

120s +

Nis 75,63±0,30c 15,18±0,12c 7,92±0,16d 0,59 0,2007 0,1047 0,0078

Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Os resultados mostram que as superfícies de todos os filmes de zeína são compostas

principalmente de carbono (C), nitrogênio (N) e oxigênio (O), assim como a maioria das

proteínas (KARAM et al., 2013; KAYACI; UYAR, 2012; SHI et al., 2009). Foram encontrados

nas superfícies teores de C superiores e teores de N inferiores aos encontrados por Shi et al.

(2009), provavelmente devido à possível presença de ácido tânico (C76H52O46) e plastificantes

glicerol (C3H8O3) e ácido oleico (C18H34O2) na superfície, compostos que não apresentam o

elemento N. Pode ser observado que durante o tratamento UVO, o teor de C diminuiu, enquanto

o teor de O aumentou significativamente com o aumento do tempo de exposição a UVO (120

Page 75: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

73

s), resultado semelhante ao encontrado por Shi et al. (2009) para filmes de zeína tratados com

UVO. Para esclarecer melhor o mecanismo de aumento do teor de oxigênio, espectros de XPS

de alta resolução foram realizados do carbono 1s de filmes de zeína, como mostra a Figura 22.

Na Figura 22 podem ser observados três componentes em todos os espectros de alta

resolução do carbono 1s: Pico C1s A, localizado em torno de 284,8 eV, com energia de ligação

característica de carbonos alifáticos (C–H e/ou C–C); Pico C1s B, em torno de 285,9 eV, do

carbono C-OH; e Pico C1s C, em 288 eV, correspondente ao carbono relacionado a COOH.

Esses três picos foram similares aos encontrados por Shi; Kokini e Huang (2009) em filmes de

zeína e por Kayaci e Uyar (2012) na superfície de fibras de zeína. A área de cada pico, que

corresponde à composição de cada pico de carbono relevante, foi calculada por ajuste para uma

função gaussiana e estão resumidos na Tabela 12. Os resultados de alta resolução de C1s

indicam que o tratamento com UVO promoveu o aumento do pico C que representa –COO de

6,59% em 0s para 8,85% em 120s, enquanto a composição do pico A (–C–H, –C–C), diminuiu

de 87,25 em 0s para 82,90% em 120s, comprovando que o aumento do teor de oxigênio se deve

principalmente à formação de –COOH na superfície de filmes de zeína, resultado semelhante

ao encontrado por Shi et al. (2009). Os resultados de XPS comprovam que a utilização de

tratamento UVO na superfície de filmes de zeína reticulados com ácido tânico promove a

oxidação dos grupos funcionais da superfície, com formação de –COO-, formando filme com

cargas negativas que podem favorecer a ligação de compostos catiônicos de interesse na

superfície. Shi et al. (2009) retificam que a modificação no filme é somente superficial, o que

também pode ser reforçado pela análise de FTIR, que não mostra mudanças relevantes nos

compostos funcionais dos filmes de zeína, mas indica também oxidação da superfície por UVO.

O método de utilização de UVO mostrou ser eficiente na oxidação da superfície de

filmes de zeína reticulados com ácido tânico, possibilitando facilitar a ligação de compostos de

interesse na superfície que tenham afinidade com cargas negativas para aplicação em alimentos,

como compostos antimicrobianos catiônicos.

Page 76: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

74

Figura 22 - Espectros de XPS de alta resolução do carbono 1s de filmes de zeína tratados

usando tempos de exposição a UVO de 0, 60 e 120s.*

*Os picos são obtidos a partir de deconvolução de três funções Gaussianas.

Tabela 12 - Composição do carbono 1s de filmes de zeína tratados com diferentes tempos de

exposição a UVO. *

Tempo de

UVO (s)

Composição e energia de ligação de sinais de C 1s

C–C, C–H –C–OH –COOH

0 87,25% (284,8 eV) 6,16% (285,9 eV) 6,59% (288,0 eV)

60 83,33% (284,8 eV) 8,45% (285,9 eV) 8,22% (288,0 eV)

120 82,90% (284,8 eV) 8,24% (286,2 eV) 8,85% (288,0 eV)

*Os resultados foram ajustados de espectros de carbono 1s de XPS de alta resolução usando três funções

Gaussianas.

4.3.3.2 Interação da nisina na superfície de filmes de zeína

Os resultados da composição dos filmes imersos em solução de nisina (Nis) para

verificar se houve adsorção de nisina na superfície de filmes de zeína tratados ou não com UVO

estão dispostos na Tabela 11. A melhor forma de verificar se a nisina se ligou ou não aos filmes

Page 77: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

75

é pela comparação do teor de nitrogênio, já que a nisina (C143H230N42O37S7) é um peptídeo, e,

portanto, contém teor considerável desse elemento químico, enquanto os outros compostos que

fazem parte da amostra, como o reticulante ácido tânico e os plastificantes, não contém esse

elemento. Comparando os teores de N dos filmes sem nisina e com nisina (Tabela 11), observa-

se que houve aumento significativo em todos os filmes com nisina, de 0,93% a 2,60% para

6,88% a 7,92%, indicando que houve adsorção de nisina na superfície de filmes de zeína.

A adsorção de nisina mesmo sem a oxidação da superfície nos filmes não tratados

com UVO (0s UVO + Nis), pode ser explicada pela estrutura anfifílica da zeína (WANG et al.,

2004), que contém resíduos de aminoácidos hidrofílicos em sua estrutura, apesar de possuir

mais aminoácidos hidrofóbicos não-polares que hidrofílicos (NONTHANUM; LEE; PADUA,

2013; PALIWAL; PALAKURTHI, 2014). A imersão dos filmes em solução de nisina

solubilizada em solução de ácido clorídrico diluído (HCl 0,01 M) pode ter facilitado a exposição

dos resíduos hidrofílicos presentes na zeína, facilitando a interação entre a nisina e os filmes. A

adsorção de nisina a superfícies hidrofílicas por interações eletrostáticas foi previamente citada

(BOWER et al., 1995b), entretanto, partes não-polares na nisina podem ter se ligado à zeína

por interações hidrofóbicas, o que corrobora com à ligação de nisina a filmes de polietileno,

mesmo sem modificação (KARAM et al., 2013), pois a nisina possui caráter anfifílico, com um

conjunto volumoso de resíduos hidrofóbicos na extremidade N-terminal e resíduos hidrofílicos

na extremidade C-terminal (VAN DE VEN et al., 1991).

Comparando os tratamentos com UVO e nisina, verifica-se que houve aumento do

teor de nitrogênio de 6,89% significativo no filme com 0s +Nis para 7,92% no filme com 120s

+ Nis, e também aumento na proporção N/C, indicando que houve aumento do teor de nisina

adsorvido na superfície do filme. Esse aumento de nisina adsorvida também pode ser indicado

pelo pequeno aumento do teor de enxofre, presente na molécula de nisina, e da proporção S/C

no tratamento 120s. Verifica-se que o tratamento com 60s de UVO não promove o aumento da

proporção N/C e S/C, sendo o tratamento com 120s mais adequado para aumentar a quantidade

de nisina adsorvida na superfície. Provavelmente, a quantidade de cargas negativas criadas pelo

tratamento UVO presentes no filme 60s não foram suficientes para aumentar a atração

eletrostática com as cargas positivas da nisina. Karam et al. (2013) também obtiveram adsorção

de nisina em filmes de polietileno (hidrofóbicos), otimizada após tratamento da superfície dos

filmes para torná-los hidrofílicos (plasma).

Page 78: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

76

4.3.4 Microscopia Eletrônica de Varredura

A Figura 23 apresenta as imagens de MEV de filmes que representam os principais

pontos do estudo com UVO e nisina. Todos os filmes apresentaram alguns poros superficiais,

em maior ou menor quantidade, assim como obtido na etapa 2, do estudo da reticulação da zeína

com AT, os quais foram relacionados com a evaporação do etanol durante a secagem do filme,

e pequenos aglomerados (pontos brancos) que podem ser atribuídos à zeína não-solubilizada

(PENA-SERNA; LOPES-FILHO, 2013). A presença de poros superficiais também foi

observada por Gu et al. (2013) em filmes de zeína. O filme tratado com 120s UVO apresentou

estrutura semelhante à do filme não-tratado com UVO.

Comparando os filmes com e sem Nis, pode ser vista maior presença de orifícios

nos filmes que foram imersos em solução de nisina, assim como o aumento de linhas que

indicam pequenas fraturas na superfície. Este aumento de falhas pode ser atribuído à exposição

dos filmes em solução composta em grande parte por água (HCl 0,01 M), já que a zeína se

solubiliza em parte em água, com solubilidade maior que 55%, que se potencializa ainda mais

após o tratamento com UVO por 120s, como mostrado na Figura 20. Apesar de ser verificado

este aumento de falhas superficiais, pode ser observado que estrutura do filme foi mantida, sem

comprometimento da integridade do filme após a adsorção com nisina. Ao comparar os filmes

com 0s UVO + Nis e 120 UVO + Nis pode ser visto que estes são semelhantes, embora o filme

120s UVO apresente mais pontos brancos, que podem ser atribuídos à presença de pequenos

aglomerados de nisina na superfície, como encontrado por Imran et al. (2014) em filmes de

hidroxipropilmetil-celulose (HPMC) e quitosana com nisina.

Page 79: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

77

Figura 23 - Imagens de MEV de filmes tratados com UVO e/ou nisina.

4.3.5 Microscopia de Força Atômica (AFM)

A técnica de AFM tem se tornado uma técnica fundamental no campo da ciência da

superfície e ciência biomédica (STYLIANOU; ALEXANDRATOU, 2014); é uma ferramenta

muito poderosa e sua maior vantagem sobre a microscopia óptica convencional e eletrônica é

sua habilidade de oferecer resolução molecular/submolecular sem tratamento especial

(MORRIS; KIRBY, 2008). As imagens topográficas dos filmes obtidas por AFM podem ser

observadas na Figura 24. Pode ser observado que o filme sem nenhum tratamento (0s UVO)

apresentou matriz contínua e superfície com topografia não uniforme e com presença de linhas

formadas provavelmente no processo de secagem, assim como o filme 120s UVO. Essas linhas

podem ser comparadas com as linhas vistas na análise de MEV do filme 0s UVO, e podem ser

também atribuídas ao processo de obtenção por casting. É possível que os aglomerados ou

regiões mais volumosas presentes (cor branca) ocorram devido à presença de glicerol (LIANG

et al., 2015) ou aglomerados de zeína, que podem estar na superfície do filme, como mostram

as imagens de MEV (Figuras 11, 16 e 23). De acordo com Liang et al. (2015), as ligações de

Page 80: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

78

glicerol a pontos hidrofílicos sobre a superfície de agregados de zeína podem facilitar a sua

agregação pelo aumento de viscosidade na superfície.

Figura 24 - Imagens de Microscopia de Força Atômica de filmes de zeína tratados com UVO

e imersão em solução de nisina.

O filme tratado com 120s UVO apresenta superfície mais rugosa que o 0s UVO,

resultado consistente com os encontrados anteriormente por outros autores, que obtiveram

superfície dos filmes mais rugosa em filmes de zeína mais hidrofílicos (GEZER et al. 2015;

SHI et al., 2009; WANG et al, 2004). De acordo com Shi et al. (2009), a rugosidade depende

do resultante de cargas da superfície, pois as moléculas de zeína podem se alinhar

perpendicularmente para obter maior estabilidade, resultando em maior rugosidade da

superfície, o que ocorre com superfície mais polar, ou mais hidrofílica. A altura do relevo do

filme 120s UVO teve uma pequena diminuição em relação a 0s UVO, a qual pode ser atribuída

somente ao acaso da região analisada, devido ao maior preenchimento das reentrâncias na parte

escolhida para análise, que diminui o valor entre os máximos e mínimos de altura. De forma

geral, o tratamento com UVO por 120s não muda a estrutura dos filmes de zeína.

Os filmes 0s e 120s UVO funcionalizados com nisina apresentaram superfície mais

lisa que os filmes sem nisina, embora possa ser notada a presença de poros, a qual também é

observada em filmes de zeína por Biswas et al. (2009) pela técnica de AFM. Estes poros ou

falhas observados na superfície de filmes funcionalizados com nisina podem ter ocorrido devido

à solubilização de parte da matriz de zeína na solução de nisina, o que pode explicar também a

Page 81: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

79

superfície mais lisa em comparação com os filmes sem Nis, e os pequenos relevos brancos

presentes no filme com Nis podem ser devido a aglomerados de zeína ou de nisina na superfície,

assim como explicado na análise de MEV.

4.3.6 Atividade antimicrobiana - Método de difusão em ágar

A nisina possui um amplo espectro especialmente para bactérias gram-positivas

(IMRAN et al., 2014), então os microrganismos Staphylococcus aureus e Listeria

monocytogenes foram escolhidos para testar sua eficácia, além da levedura Saccharomyces

cerevisiae para avaliar tendência de inibição de fungos. Os resultados de atividade

antimicrobiana pelo teste estão dispostos na Figura 25. Pode ser observado que não houve

formação de halo para S. aureus e L. monocytogenes, porém, houve inibição de crescimento

microbiano sob a superfície de todos os filmes, mesmo o filme 1 (sem Nis), indicando que a

inibição pode ou não ser associada à presença de nisina na superfície dos filmes. É possível que

presença do AT em todos os filmes tenha contribuído para o efeito de inibição no contato nos

filmes avaliados, como relatado por Ünalan et al. (2013), que mostram atividade antimicrobiana

de compostos fenólicos. O mesmo comportamento foi observado nos filmes para S. cereviseae.

Ou seja, o teste realizado não mostra se houve efeito antimicrobiano atribuído à funcionalização

dos filmes com nisina, já que a inibição na região de contato com o filme ocorreu também para

os filmes sem nisina, provavelmente por efeito do ácido tânico presente em todos filmes.

O estudo de Karam et al. (2013) mostrou que os filmes de polietileno com adsorção

de nisina na superfície estudados também não apresentaram formação de halo para Listeria

innocua, porém houve inibição sob a superfície e em torno do filme somente nos filmes com

nisina, o que indica que a adsorção de nisina na superfície proporcionou filmes com atividade

antimicrobiana. Provavelmente, a adsorção de nisina na superfície dos filmes de zeína não

permite que haja dessorção no meio. Esta dessorção depende muito do tipo de interação da

nisina com a matriz e da matriz utilizada, como mostrado por Imran et al. (2014), em que o

filme de poliácido láctico (PLA) apresentou inibição somente sob os filmes devido à sua

natureza hidrofóbica e à sua alta capacidade de retenção de nisina, ao contrário do observado

pelos autores em filmes de quitosana e HPMC, em que houve formação de halo de inibição.

Page 82: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

80

Figura 25 - Atividade antimicrobiana de filmes de zeína controle (1) e expostos à solução de

nisina 10000 UI/mL (2, 3, 4 e 5) contra (a) L. monocytogenes e (b) S. aureus em placas com

ágar Mueller-Hinton, e (c) S. cereviseae em placas com ágar Batata Dextrose.

1 – controle (0s UVO e sem Nis), 2 – 0s UVO com Nis, 3 – UVO 60s com Nis, 4 – UVO 120s com Nis, 5 – UVO

150s com Nis

4.4 Etapa 4 – Revestimentos de zeína na preservação de goiabas

4.4.1 Análise de sobrevivência

Estudos de análise de sobrevivência são utilizados quando se tem interesse em saber

o intervalo de tempo até a ocorrência de determinado evento (TEIXEIRA, FAERSTEIN,

LATORRE, 2002), porém levando-se em conta que pode haver censura, ou seja, quando ocorre

interrupção de forma que não é possível observar o evento. Por exemplo, na análise de um

agente que promova o amarelecimento da casca de frutos, em que foram observados os tempos

para o desenvolvimento da cor amarela até 15 dias, pode-se dizer que os frutos que não

chegaram à cor amarela até 15 dias foram censurados. Como o interesse principal desse trabalho

é verificar o efeito de aumento de vida útil com o uso de revestimentos de zeína em goiabas, a

análise de sobrevivência é uma importante ferramenta. A Tabela 13 mostra os resultados de

tempo em que ocorrem dois eventos que foram observados durante o armazenamento: o tempo

em que as frutas atingiram o estádio de cor amarela, e o tempo em que as frutas foram

Page 83: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

81

descartadas devido à presença de danos, fungos ou podridão em proporção acima do aceitável,

pela aparência.

Tabela 13 - Dados de sobrevivência (média e intervalo de confiança) de goiabas revestidas e

não revestidas armazenadas a 23°C.

Tratamento

Evento observado (dias)

Amadurecimento total

(cor amarela)

Descarte por presença de

danos, fungos ou podridão

Média + IC Média + IC Δ (%)

Controle 6,64 ± 1,01 9,46 ± 0,90 a -

Z -* 13,04 ± 1,02 b 37,9

ZR -* 12,46 ± 0,79 b 31,7 Z: revestimento de zeína, ZR: revestimento de zeína reticulada com AT; Δ: variação (% a mais) em relação ao

controle. Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey

(p<0,05). * indica que a observação foi interrompida antes de ocorrer o evento (os tratamentos Z e ZR não

chegaram à cor amarela).

Os resultados da Tabela 13 mostram que o uso de revestimentos Z e ZR foram

eficientes em aumentar o tempo até as goiabas chegarem à cor amarela e também o tempo até

o descarte dos frutos. Pode ser visto que o aumento de tempo até o descarte dos frutos foi

significativo para Z e ZR, com aumento de 37,9% de Z em relação a C, e de 31,7% de ZR em

relação a C. Isso significa que o uso de revestimentos de zeína implica em aumento importante

da vida útil de goiabas vermelhas, de pelo menos 4 dias, ou seja, um terço a mais de vida útil

para consumo. Os tratamentos Z e ZR não diferiram significativamente entre si, porém somente

os estudos de suas propriedades físicas e químicas serão capazes de esclarecer se os

revestimentos são similares quanto aos atributos de qualidade dos frutos e se proporcionam

manutenção da qualidade em relação aos frutos sem revestimento, o que será apresentado nos

tópicos posteriores.

A mudança de cor é um indicador natural de maturação (FORATO et al., 2015).

Em relação ao evento de amadurecimento, deve-se destacar que todos os frutos revestidos Z e

ZR foram descartados antes que se completasse o evento (antes de chegarem a cor amarela -

nota 5), por presença de podridão ou fungos, tendo sido descartados com cor verde-amarelada

(nota 3), verde-clara (nota 2), ou cor amarelo-esverdeada (nota 4). Entre os frutos com

revestimento Z, 50% deles foram descartados com nota 3, 8,3% com nota 4, e o restante se

manteve entre 1 e 2 até o descarte. Já entre os frutos com revestimento ZR, 45,8% foram

descartados com nota 3, 12,5% com nota 4 e o restante foi descartado ainda com notas 1 e 2.

Então, a partir dos dados obtidos, pode-se deduzir que os frutos revestidos demoram

mais de 12 dias para chegarem à cor amarela. Esse resultado é interessante, pois, o estádio 2

(cor verde-clara) corresponde à maturidade fisiológica, o estádio 3 (cor verde-amarelada), que

Page 84: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

82

é o início de desenvolvimento da cor amarela, precisa ser comercializado rapidamente, pois

apresenta curto período de vida útil, o estádio 4 (cor amarelo-esverdeada) precisa ser

comercializado o mais breve possível e o estádio 5 (cor amarela) é normalmente destinado à

indústria (CAVALINI et al., 2006). Isso significa que o uso de revestimento é vantajoso, pois

mantém a fruta por mais tempo em estádio de maturação conveniente para a comercialização,

com aumento de até seis dias em relação ao controle. Porém, os revestimentos não foram

eficientes para impedir o desenvolvimento de danos físicos como a presença de manchas

escuras e na maioria dos casos de censura a presença de patógenos, especialmente fungos, a

partir de 12 dias de armazenamento. De acordo com Barkai-Golan (2001), as doenças pós-

colheita podem ser divididas em dois tipos: as típicas, causadas por patógenos que infectam os

frutos após a colheita, geralmente através de ferimentos; e as quiescentes, causadas por

patógenos que infectam o fruto antes da colheita, mesmo sem ferimentos, permanecendo

latentes até a maturação. Os principais patógenos que causam podridões pós-colheita em

goiaba, como Colletotrichum gloeosporioides, C. acutatum, Guignardia psidii e Fusicoccum

sp., pertencem à categoria de doenças quiescentes, embora patógenos pós-colheita comuns,

como os dos gêneros Rhizopus e Pestalotia, também ocorram (Barkai-Golan, 2001; Amaral et

al., 2006). Isto quer dizer que é possível que os frutos utilizados no estudo pudessem estar

infectados antes da colheita, não sendo possível o efeito dos revestimentos nesse caso em

proteger o fruto contra danos e contaminação.

Outras análises são necessárias para esclarecer se os revestimentos impedem

somente a mudança de cor da casca, ou se também retardam as mudanças bioquímicas que

caracterizam o amadurecimento, que podem ser observadas pela diminuição de firmeza,

aumento de sólidos solúveis totais, dentre outros atributos. Também é importante avaliar se os

revestimentos provocam condições de estresse ou impedem o desenvolvimento completo do

fruto, o que será apresentado mais a frente nos resultados do metabolismo oxidativo enzimático.

4.4.2 Atividade respiratória e taxa de produção de etileno

A goiaba é um fruto considerado climatérico com elevada atividade respiratória e

alta taxa de produção de etileno, o que leva a um rápido processo de senescência em temperatura

ambiente. A Figura 26 mostra a atividade respiratória e taxa de produção de etileno dos frutos

revestidos com Z e ZR em comparação com o controle. Foram obtidas médias entre 47,7 e

150,9 mg.kg-1.h-1 de CO2, ou entre 30 e 100 mL.kg-1.h-1 (dados não mostrados na Figura 26),

próximas aos valores encontrados por Mattiuz (2002) para goiabas ‘Paluma’ (23,6 °C, 66%UR)

Page 85: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

83

até 6 dias de armazenamento, entre 60 e 180 mg.kg-1.h-1, e dos valores encontrados por Azzolini

et al. (2005) para goiabas ‘Pedro Sato’ (23°C, 85% UR), entre 30 e 90 mL.kg-1.h-1. As médias

obtidas de taxa de produção de etileno foram entre 4 e 20 µg.kg-1.h-1, ou entre 0,3 e 5,2 µL.kg-

1.h-1, comparáveis às obtidas por Cavalini (2008), entre 0 e 6 µL.kg-1.h-1, e Azzolini et al. (2005)

e Abreu et al. (2012), entre 0 e 5 µL.kg-1.h-1 em goiabas ‘Pedro Sato’ a 23°C. Pode ser observado

que não houve pico climatérico de CO2 definido em nenhum dos tratamentos analisados. A taxa

respiratória foi significativamente menor para os frutos revestidos Z e ZR em relação ao

controle, enquanto para o etileno, somente ZR foi significativamente menor (Tabela 14).

Figura 26 - Efeito de revestimentos de zeína sobre a atividade respiratória (CO2) e produção

de etileno (C2H4) de goiabas armazenadas a 23°C.

Tratamentos com letra minúscula diferente no mesmo dia diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tempos

de armazenamento sem nenhuma letra indicam que não houve diferença significativa entre os três tratamentos.

Apesar de as goiabas controle mostrarem ter completado o processo de

amadurecimento durante o armazenamento através de profundas mudanças em alguns atributos

como cor da casca e firmeza, como os frutos climatéricos, estas não apresentaram pico típico

climatérico de atividade respiratória e nem de produção de etileno, com pequena tendência de

aumento na taxa respiratória até o oitavo dia, decréscimo no 10° dia, e posterior aumento no

12° dia de armazenamento. A senescência do controle a partir do 10° dia é comprovada pelos

parâmetros de cor (totalmente amarela), perda de firmeza e de acidez e diminuição significativa

de sólidos solúveis totais (apresentados mais a frente na Tabela 15), e mesmo assim, houve

aumento crescente de produção de etileno durante esse período, o que condiz com os resultados

de produção de CO2, de que essas goiabas não apresentam padrão climatérico perfeito. Esse

comportamento também foi encontrado em outros trabalhos (ABREU et al., 2012; AZZOLINI

et al., 2005). Segundo Azzolini et al. (2005), a diminuição da taxa respiratória durante o pós-

climatérico representa a perda da habilidade homeostática da mitocôndria, com predominância

Page 86: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

84

da senescência durante esse período; sendo assim, goiabas ‘Pedro Sato’ mostram habilidade de

manter a capacidade de homeostase da célula, o que leva a um aumento na respiração e na

síntese de etileno na senescência, que foi observado no 12° dia de armazenamento

principalmente nos frutos controle.

Tabela 14 - Médias globais e testes de Dunnett para as propriedades das goiabas controle (C),

revestidas com zeína (Z) e revestidas com zeína reticulada (ZR) ao longo de 12 dias de

estocagem a 23°C, UR 88%.

Propriedades C Z ZR

Média + DP Média + DP Média + DP

TR (CO2) 117,33 ± 33,67 91,50 ± 38,91 85,15 ± 41,98

Etileno 10,18 ± 6,83 8,17 ± 4,31 5,70 ± 2,56

PM 3,13 ± 1,50 2,53 ± 1,24 2,39 ± 1,18

L* 62,73 ± 6,67 55,77 ± 4,67 52,76 ± 3,73

a* -7,11 ± 7,36 -10,76 ± 4,25 -12,89 ± 2,56

b* 42,47 ± 5,67 36,80 ± 4,22 35,02 ± 3,95

Firmeza 21,25 ± 16,63 34,42 ± 17,23 42,33 ± 15,79

ATT 0,87 ± 0,10 0,95 ± 0,09 0,88 ± 0,10

pH 4,27 ± 0,27 4,13 ± 0,09 4,13 ± 0,11

SST 7,39 ± 1,38 8,94 ± 0,56 8,96 ± 0,71

Vitamina C 38,05 ± 7,54 40,96 ± 6,61 39,66 ± 6,44

Clorofila 0,62 ± 0,54 1,11 ± 0,12 1,26 ± 0,18

Carotenoides 0,32 ± 0,07 0,26 ± 0,07 0,31 ± 0,04

H2O2 0,0429 ± 0,03 0,0369 ± 0,02 0,0276 ± 0,02

Peroxidação

lipídica 31,56 ± 5,69 33,80 ± 6,50 38,42 ± 4,01

SOD 61,06 ± 25,40 55,25 ± 15,23 40,26 ± 11,30

CAT 331,1 ± 103,7 360,6 ± 142,3 239,9 ± 63,50

DP: desvios padrão. PM: perda de massa (m%); Firmeza (N); TR: taxa respiratória (mg.kg-1.h-1 de CO2); Etileno

(µg.kg-1.h-1); ATT: Acidez total titulável (ácido cítrico, g/100g); SST: Sólidos Solúveis Totais (°Brix); Vitamina

C (mg/100g); Clorofila (mg/100g); Carotenoides (mg/100g), H2O2 (µmol.H2O2g-1), Peroxidação lipídica (MDA

nmol. g-1, atividade da superóxido dismutase (SOD) (UA.mg-1.P) e catalase (µmol.H2O2mg-1min-1P) Controle:

goiabas não revestidas, Z: goiabas revestidas com revestimento de zeína, ZR: goiabas revestidas com revestimento

de zeína reticulada com ácido tânico. Médias em negrito diferem do controle pelo teste de Dunnett (p<0,05).

A taxa respiratória, expressa em produção de CO2, foi significativamente menor até

o 8° dia de armazenamento nas goiabas revestidas (Figura 26), confirmando o efeito de redução

da taxa respiratória devido ao uso de revestimentos de zeína; porém, a partir do décimo dia os

frutos revestidos não diferiram do controle, indicando tendência de aumento. Em geral, a

atividade respiratória está diretamente relacionada com a velocidade das reações metabólicas

que ocorrem no vegetal, o que explica o aumento de vida útil das goiabas revestidas.

Page 87: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

85

Revestimentos comestíveis podem retardar o amadurecimento de frutas e hortaliças pela

modificação de suas atmosferas internas através de permeabilidade seletiva a gases

metabólicos, diminuindo o consumo de O2 e/ou aumentando a produção de CO2, assim como

inibição da biossíntese e ação do etileno (SÁNCHEZ-GONZÁLEZ et al., 2011).

Verifica-se que a produção de etileno foi significativamente menor para os frutos

revestidos a partir do 8° dia para ZR e 10° dia para Z (Figura 26), corroborando com os

resultados anteriores de atividade respiratória e manutenção da cor e firmeza para os frutos

revestidos. O atraso no aumento da produção de etileno em Z e ZR comparados com o controle

sugere que o revestimento comestível exerce uma barreira a trocas gasosas, retardando a

senescência (ALI et al., 2010; VISHWASRAO; ANANTHANARAYAN, 2016). O tratamento

Z apresentou tendência de aumento no oitavo dia, assim como os frutos controle, enquanto o

tratamento ZR manteve taxa significativamente menor, com tendência de aumento após o

décimo dia, o que também condiz com os parâmetros físicos de Z e ZR, em que ZR mantém a

firmeza e os parâmetros de cor mais do que Z. Provavelmente, a taxa respiratória foi bem menor

nas frutas revestidas devido à menor produção ou liberação de etileno, já que este hormônio

acelera a deterioração e a senescência dos tecidos vegetais, aumentando a permeabilidade das

membranas e reduzindo a biossíntese de fosfolipídios (WATADA; ABE; YAMAUCHI, 1990).

Vishwasrao e Ananthanarayan (2016) estudaram o efeito de revestimentos de

hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) em goiabas variedade ‘Lalit’ e verificaram que estes foram

efetivos em reduzir o teor de etileno somente até três dias de armazenamento, com aumento

significativo nos frutos revestidos em relação ao controle no sexto dia, indicando que os

revestimentos de zeína são bem mais eficientes em retardar o amadurecimento de goiabas.

4.4.3 Parâmetros físicos

A aparência das goiabas é de extrema importância na escolha e aceitação do

consumidor. A Figura 27 mostra a aparência de goiabas revestidas, comparando com o controle,

desde o dia em que os frutos foram comprados e revestidos, dia 0, até 12 dias de

armazenamento. As goiabas revestidas com zeína e zeína reticulada apresentaram boa aparência

após a secagem do solvente, com aspecto brilhoso assim como os frutos controle. Pode ser

observado que após 6 dias, a goiaba sem revestimento já se encontra sem brilho e no estádio

máximo de maturação, com coloração amarela, enquanto as frutas revestidas se encontram com

cor verde amarelada a verde escuro e ainda brilhosas, o que indica que os revestimentos de

zeína são eficientes para retardar o amadurecimento de goiabas. Estes resultados condizem com

Page 88: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

86

os da análise de sobrevivência (Tabela 13), em que os frutos controle se tornam totalmente

amarelos entre o sexto e o sétimo dia, enquanto os revestidos Z e ZR não ficam totalmente

amarelos até o 12° dia. Após 12 dias, observa-se que a goiaba não revestida apresenta cor da

casca amarela-avermelhada, indicando que está sobremadura, enquanto as frutas revestidas

continuam ainda com cor amarelo-esverdeada (Z) e verde-amarelada (ZR), indicando estarem

em estádio menor de maturação. Porém, a determinação da fase de maturação com base apenas

na aparência dos frutos é falha, porque é uma medida subjetiva que está sujeita a muitas

variações e, consequentemente, a grande margem de erros. Podem ser observadas pequenas

manchas escuras nos frutos revestidos a partir de 9 dias de armazenamento, que se enquadram

como danos leves (CEAGESP, 2016), o que sugere que os revestimentos não são eficientes

para impedir o surgimento de pequenos danos a partir de 9 dias de armazenamento, como

mostrado na análise de sobrevivência, porém esses danos não comprometem a integridade do

produto até 12 dias.

Figura 27 - Aparência de goiabas (C, Z, e ZR, respectivamente) revestidas com soluções de

zeína até 12 dias de armazenamento.

C: controle, Z: goiabas com revestimento de zeína, ZR: goiabas com revestimento de zeína reticulada com AT. Os

números indicam o tempo de armazenamento em dias.

Page 89: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

87

A Figura 28 mostra a perda de massa das goiabas com o tempo de armazenamento.

Verifica-se que houve perda de massa com média de até 5,6% após 12 dias, crescente com o

tempo, o que é esperado em armazenamento em temperatura ambiente (FORATO et al., 2015).

Os valores de perda de massa próximos a 6% foram semelhantes aos encontrados por Bassetto

et al. (2005) para goiabas (Pedro Sato) em temperatura ambiente. A perda de massa pode ser

atribuída à respiração e outros processos metabólicos relacionados à senescência durante a

estocagem (WATADA; QI, 1999); envolve transferência de água das células para a atmosfera,

e representa uma forma de avaliar a eficiência do revestimento na preservação de qualidade

(PÉREZ-GAGO; GONZÁLEZ-AGUILAR; OLIVAS, 2010). Verifica-se que houve pequena

redução de perda de massa dos frutos revestidos após 12 dias em relação ao controle (de 5,63%

em C para 4,36% em Z e 4,13% em ZR), significativa a partir da comparação das médias globais

(Tabela 14), que pode ser relacionada com a diminuição da taxa respiratória e de etileno (Figura

26).

Figura 28 - Efeito de revestimentos de zeína sobre a perda de massa de goiabas armazenadas

a 23°C.

C: controle, Z: goiabas com revestimento de zeína, ZR: goiabas com revestimento de zeína reticulada com AT.

As linhas representam modelos de regressão (C: y = 0,1104 + 0,8301Dia - 0,0864Dia2 + 0,0046Dia3, R2=0,9961;

Z: y = 0,0166 + 0,6366Dia - 0,0509Dia2 + 0,0023Dia3, R2=0,9988; ZR: y = 0,0308 + 0,5654Dia - 0,0392Dia2 +

0,0017Dia3, R2=0,9983).

A Figura 29 mostra os resultados dos parâmetros de cor L*, a* e b*, referentes à

luminosidade, cor variando do verde ao vermelho e do azul ao amarelo, respectivamente.

Verifica-se que as frutas controle apresentam uma variação bem maior com o tempo de

estocagem, enquanto as goiabas revestidas mantiveram sua cor quase que constante ao longo

do tempo, com médias globais de L* significativamente menores que o controle (Tabela 14). O

gráfico com os valores de L* indica aumento de luminosidade com o tempo, de 52 para 67,5

Page 90: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

88

no controle após 12 dias, e valores quase constantes nos frutos revestidos, de 52 para 59,8 para

Z e 54,9 para ZR após 12 dias. A tendência de aumento de L* é positiva, já que a diminuição

dos valores L* durante o tempo de armazenamento pode refletir o desenvolvimento do

escurecimento dos tecidos (SÁNCHEZ-GONZÁLEZ et al., 2011).

Figura 29 - Efeito de revestimentos de zeína sobre os parâmetros de cor L*, a* e b* de goiabas

armazenadas a 23°C.

C: goiabas não revestidas, Z: goiabas revestidas com revestimento de zeína, ZR: goiabas revestidas com

revestimento de zeína reticulada com ácido tânico. As linhas representam modelos de regressão.

L* (C: y = 51,4115 + 2,1635Dia + 0,0668Dia2 - 0,0116Dia3, R2 = 0,9879; Z: y = 51,8202 - 0,1119Dia + 0,2112Dia2

- 0,0127Dia3, R2=0,9488; ZR: y =51,5688 - 0,5680Dia + 0,1736Dia2 - 0,0087Dia3, R2=0,9225);

a* (C: y = -16,6651 + 0,7169Dia + 0,2622Dia2 - 0,0160Dia3, R2=0,9979; Z: y = -16,6411 + 1,9869Dia - 0,2097Dia2

+ 0,0102Dia3, R2=0,9975; ZR: y = -16,3730 + 1,6989Dia - 0,2612Dia2 + 0,0133Dia3, R2=0,9414);

b* (C: y =32,9935 + 2,2791Dia - 0,0954Dia2, R2=0,9935; b*Z: y = 33,2379 - 0,3301Dia + 0,1942Dia2 -

0,0104Dia3, R2=0,9756; b*ZR: y = 33,1034 - 0,8003Dia + 0,2073Dia2 - 0,0094Dia3, R2=0,9700).

Valores mais baixos de ‘a*’ representam que a cor da fruta está mais esverdeada, o

que é devido à dominância de pigmentos de clorofila, enquanto valores positivos de ‘b*’

mostram que a cor está mudando para amarelo (SAHOO et al., 2015). Os revestimentos Z e ZR

foram significativamente efetivos na manutenção da cor verde, representada por valores mais

negativos do parâmetro a* e menores valores de b* (Tabela 14). Enquanto as goiabas controle

tiveram aumento de a* de -16,6 para 2,1 após 12 dias, as goiabas com Z mostraram a* de -5,6,

e ZR valor de a* de -11. Em relação a b*, observa-se aumento mais expressivo nos frutos C, de

Page 91: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

89

33,3 para 46,7, enquanto Z e ZR tiveram aumento de 33,3 para 39,2 e 36,9, respectivamente,

após 12 dias, confirmando também que os frutos revestidos amadureceram mais lentamente que

o controle. Aquino et al (2015) também encontraram manutenção de a* e b* com o uso de

revestimentos de quitosana e amido de mandioca, porém os revestimentos de zeína

demonstraram manutenção mais expressiva da cor das goiabas durante o armazenamento.

Azzolini; Jacomino e Spoto, (2004) e Cavalini et al. (2006) consideram que a cor da casca é o

melhor índice para determinar o estádio de maturação de goiabas ‘Pedro Sato’. De forma geral,

os revestimentos Z e ZR se mostraram eficientes na manutenção de cor das goiabas em

temperatura ambiente em relação ao controle, mostrando que estes atuaram retardando o

amadurecimento.

A Figura 30 mostra os resultados de firmeza com o tempo de armazenamento. Os

frutos controle apresentaram média inicial de 59,3 N, com queda para 12,8 N no sexto dia, se

estabilizando até o final do tempo de análise, resultado similar ao de Azzolini et al. (2005) em

condições semelhantes de análise de goiabas ‘Pedro Sato’. Observa-se que houve efeito positivo

dos revestimentos, significativamente maiores que C, pela Tabela 14, em que ZR mostrou

firmeza quase igual à inicial até o 12° dia de armazenamento (médias entre 35 e 44 N entre o

1° e 12° dia), enquanto o tratamento Z apresentou firmeza de 51,3 N no primeiro dia com

diminuição para 25,5 N no sexto dia, com média significativamente menor que ZR a partir do

10° dia. Esses resultados concordam com os de manutenção da cor verde (Figura 29),

especialmente pelo frutos ZR, que mostram que esses frutos não amadureceram. A maior

eficiência do tratamento ZR se deve provavelmente à formação de redes cruzadas pelo ácido

tânico, que diminui os espaços livres na estrutura da matriz proteica, diminuindo assim a

permeabilidade do revestimento, a taxa respiratória e perda de umidade, o que contribui para

manutenção da firmeza dos frutos. Com a produção de etileno, há um aumento de atividade

enzimática nos componentes das células dos tecidos, causando amaciamento (FORATO et al.,

2015).

O revestimento ZR mostra ser vantajoso em comparação com os aplicados por

Aquino et al. (2015), de quitosana e amido de mandioca, e Forato et al (2015), de goma de

cajueiro e carboximetilcelulose, que não foram eficientes na manutenção da firmeza após 10

dias de armazenamento em temperatura ambiente. Alterações na resposta mecânica das frutas

são atribuídas a mudanças na estrutura celular dos tecidos durante o amadurecimento e

senescência, em que as forças de união das células através da lamela média são grandemente

enfraquecidas (CHIRALT et al., 2001).

Page 92: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

90

Figura 30 - Efeito de revestimentos de zeína sobre a firmeza de goiabas armazenadas a 23°C.

Tratamentos com letra minúscula diferente no mesmo dia diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tempos

de armazenamento sem nenhuma letra indicam que não houve diferença significativa entre os três tratamentos.

4.4.4 Parâmetros Químicos e Físico-Químicos

Os resultados dos parâmetros físico-químicos pH, acidez total titulável (ATT),

sólidos solúveis totais (SST), vitamina C, clorofila e carotenoides para os frutos controle e

revestidos (Z e ZR) podem ser vistos na Tabela 15. O aumento de atividade respiratória

desencadeia o aumento da produção de ácido cítrico, via ciclo dos ácidos tricarboxílicos, sendo

consumido posteriormente como substrato respiratório (BRODY, 1996; MATTIUZ, 2002);

sendo assim, o teor de ácidos orgânicos tende a diminuir com o processo de maturação e o teor

de ATT pode ser um indicativo do estádio de maturação do fruto. Os teores de ATT foram

próximos entre si variando de 0,80 a 1,03 g/100g, com valores próximos aos encontrados por

Cavalini (2008) em goiabas ‘Pedro Sato’ a 23°C e 85%UR (entre 0,7 e 1,0 g/100g). De acordo

com a Tabela 14, não houve diferença significativa de acidez entre as médias globais dos

tratamentos Z e ZR em relação ao controle. Não foi possível observar diferenças significativas

nos dias de armazenamento analisados entre os tratamentos C e Z, porém observa-se que a

acidez para ZR foi significativamente menor que o controle em 6 dias de armazenamento

(Tabela 15). Essa manutenção do teor de ATT (não desenvolvimento de maior acidez) condiz

com a menor taxa respiratória dos frutos ZR no sexto dia (Figura 26). Basseto et al. (2005)

encontraram valores próximos de acidez em goiabas ‘Pedro sato’ estocadas a 25°C, em torno

de 0,7 g/100g.

Page 93: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

91

Tabela 15 - Parâmetros físico-químicos das goiabas revestidas e não revestidas armazenadas a

23°C.

Dias de armazenamento

0 6 12

Acidez total titulável (ácido cítrico, g/100g)

Controle 0,87 ± 0,07 0,93 ± 0,07 a 0,82 ± 0,14

Z 0,87 ± 0,07 1,03 ± 0,10 ab 0,94 ± 0,04

ZR 0,87 ± 0,07 0,80 ± 0,03 b 0,98 ± 0,10

pH

Controle 4,04 ± 0,10 4,16 ± 0,09 4,62 ± 0,08 a

Z 4,04 ± 0,10 4,21 ± 0,06 4,15 ± 0,01 b

ZR 4,04 ± 0,10 4,10 ± 0,04 4,24 ± 0,04 b

Sólidos Solúveis Totais (°Brix)

Controle 8,63 ± 0,29 7,43 ± 0,31 a 5,40 ± 0,57 a

Z 8,63 ± 0,29 9,23 ± 0,90 b 8,97 ± 0,31 b

ZR 8,63 ± 0,29 9,20 ± 0,26 b 9,07 ± 1,27 b

Vitamina C (mg/100g)

Controle 43,90 ± 7,55 31,73 ± 4,09 a 38,52 ± 6,47

Z 43,90 ± 7,55 44,05 ± 2,25 b 34,95 ± 5,80

ZR 43,90 ± 7,55 41,49 ± 2,92 ab 33,60 ± 4,17

Clorofila (mg/100g)

Controle 1,19 ± 0,15 0,14 ± 0,01 a 0,26 ± 0,05 a

Z 1,19 ± 0,15 1,11 ± 0,03 b 1,01 ± 0,09 ab

ZR 1,19 ± 0,15 1,29 ± 0,04 c 1,33 ± 0,33 b

Carotenóides (mg/100g)

Controle 0,30 ± 0,02 0,27 ± 0,04 0,42 ± 0,04

Z 0,30 ± 0,02 0,16 ± 0,01 0,30 ± 0,01

ZR 0,30 ± 0,02 0,32 ± 0,09 0,32 ± 0,04

Controle: goiabas não revestidas, Z: goiabas revestidas com revestimento de zeína, ZR: goiabas revestidas com

revestimento de zeína reticulada com ácido tânico. Médias seguidas de mesma letra minúscula na mesma coluna

e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Os valores de pH também foram próximos entre si e as médias globais de Z e ZR

não diferiram estatisticamente em relação ao controle (Tabela 14). As médias obtidas de pH

(Tabela 15) mostram que houve aumento de pH do controle e ZR no 12° dia em comparação

com o dia 0, o que é esperado, devido à utilização dos ácidos orgânicos, como resultado do

amadurecimento (ZAMBRANO-ZARAGOZA et al., 2013). Os resultados de pH se mostraram

similares em 6 dias de armazenamento, porém houve aumento significativo do pH do controle,

de 4,15 a 4,24 nos frutos reticulados para 4,62, confirmando diminuição de acidez mais

proeminente nas goiabas controle, relacionada à maior atividade respiratória. Aquino et al.

(2015) encontraram maior valor de ATT das goiabas revestidas com quitosana em relação às

não-revestidas no final do armazenamento, o que pode indicar o efeito dos revestimentos em

retardar o amadurecimento.

Page 94: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

92

Observa-se que o teor de SST, com médias entre 5,40 e 9,23 °Brix, apresentou

diminuição no dia 12 em relação ao dia 0 somente para o controle, enquanto os frutos revestidos

tiveram médias similares nos 3 dias avaliados. Cavalini (2008) também encontrou diminuição

do teor de SST após o sétimo dia de armazenamento de goiabas ‘Pedro Sato’ (23°C, 85%UR).

As médias de SST de Z e ZR foram significativamente maiores que o controle no sexto e 12°

dias (Tabela 15) e as médias globais de Z e ZR também foram significativamente maiores em

relação ao controle (Tabela 14). Possivelmente, o aumento de SST nas frutas controle ocorreu

antes do sexto dia de armazenamento, e a diminuição de SST após esse dia corresponde ao

período da senescência dessas goiabas. O teor de açúcar (representado por SST) mais baixo nos

frutos controle pode ser explicado pela taxa de respiração mais elevada exibida por esses frutos,

com consumo de açúcares (ESPINOZA-ZAMORA et al., 2010). Essa maior taxa de respiração

foi observada comparando os frutos controle com os frutos revestidos (Tabela 14). O teor de

SST de Z e ZR se manteve semelhante ao de goiabas revestidas com amido de mandioca

estudado por Soares et al. (2011) após 12 dias de armazenamento em temperatura ambiente. A

manutenção dos valores de SST nos frutos revestidos Z e ZR indica manutenção da qualidade

desses frutos até o final do período avaliado. Aquino et al. (2015) encontraram diminuição de

SST de goiabas revestidas com quitosana a 25°C de 11°Brix no primeiro dia de armazenamento

para 8°Brix após 10 dias, sugerindo que os revestimentos de zeína foram mais eficientes na

manutenção dos açúcares (9° Brix no 12° dia).

Os teores de vitamina C (ácido ascórbico) obtidos apresentaram médias entre 43,9

e 31,7 mg/100g, menores que as obtidas por Cavalini et al. (2006) para goiabas ‘Paluma’, entre

62,8 e 72,0 mg/100g após colheita no estádio de maturação 1 (fruto verde-escuro) e 2 (fruto

verde-claro), e similares às obtidas por Azzolini; Jacomino e Bron (2004) para goiabas ‘Pedro

Sato’ após colheita nos mesmos estádios, entre 30,4 e 44,5 mg/100g. Não houve diferença

significativa na comparação das médias globais de Z e ZR em relação ao controle (Tabela 14).

Observa-se que a média de Z no sexto dia foi significativamente maior do que o controle,

indicando que esse revestimento pode ajudar a manter os níveis iniciais desse nutriente, mas Z

e ZR foram similares às frutas controle no 12° dia (Tabela 15). A senescência dos frutos, assim

como danos mecânicos e podridão, promovem a desorganização da parede celular, propiciando

a oxidação do ácido ascórbico. Vishwasrao e Ananthanarayan (2016) encontraram valores

semelhantes de vitamina C entre goiabas ‘Lalit’ revestidas com HPMC e sem revestimento no

6° dia de armazenamento (24°C).

A clorofila é o pigmento responsável pela cor verde das frutas; esta é degradada

com o amadurecimento, enquanto há síntese ou revelação de outros pigmentos como beta-

Page 95: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

93

caroteno, licopeno, xantofila, antocianina, dependendo do vegetal (CHITARRA; CHITARRA,

2005). Foram obtidas médias de teor de clorofila entre 0,14 e 1,33 mg/100g, com diminuição

com o tempo de armazenamento nos frutos controle a partir do sexto dia. Os revestimentos

favoreceram a manutenção dos valores iniciais de clorofila até o final do armazenamento,

especialmente o tratamento ZR, o qual mostrou média significativamente maior no 12° dia.

Esses resultados condizem com os dos parâmetros de cor a* e b*, em que ZR manteve a cor

verde dos frutos, diferindo significativamente do controle (Tabela 14). Vishwasrao e

Ananthanarayan (2016) também mantiveram maior teor de clorofila na casca de goiabas

revestidas com HPMC após 6 dias de armazenamento.

Durante o processo de amadurecimento, a clorofila se degrada expondo os

carotenoides, que são os principais pigmentos responsáveis pelo tom de cor amarela (FORATO

et al., 2015). Essa classe de pigmentos se encontra em frutas e vegetais amarelos, sendo

mascarados pela clorofila até que o tecido envelheça; então, a intensificação de cor amarela da

casca se deve em parte ao aumento que ocorre no amadurecimento do fruto, e em parte devido

à perda de clorofila. Os carotenoides são importantes na proteção dos sistemas biológicos,

exercendo função antioxidante em fases lipídicas pelo bloqueio dos radicais livres que

danificam as membranas lipoproteicas (SHAMI; MOREIRA, 2004). Verifica-se que o teor de

carotenoides foi significativamente igual entre os tratamentos (Tabelas 14 e 15). Watada; Abe

e Yamauchi (1990) mencionam que a perda do pigmento verde, com exposição do vermelho,

em vegetais está relacionada com a exposição do produto ao etileno, o que condiz com os

resultados de menor produção de etileno do tratamento ZR relacionados ao maior teor de

clorofila.

4.4.5 Metabolismo antioxidante enzimático

As atividades das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), o teor de

peróxido de hidrogênio (H2O2) e o grau de peroxidação lipídica da membrana celular estão

relacionados ao estresse oxidativo, o qual é definido como um desbalanço entre a produção e a

neutralização de espécies reativas como as espécies reativas de oxigênio (EROs) (CARVALHO

et al, 2016). Os resultados desses parâmetros podem ser vistos na Figura 31 e na Tabela 14. As

médias globais de H2O2 dos frutos revestidos não apresentaram diferença significativa em

relação ao controle (Tabela 14). De acordo com a Figura 31, de forma geral, os valores de H2O2

foram similares entre Z e o controle, com exceção do 8° dia, em que ocorre um pico de produção

de H2O2 nos frutos controle. Esse aumento coincide com o período em que estes estão no início

Page 96: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

94

do estádio de senescência e os frutos revestidos ainda estão verdes (pelos resultados de cor e

firmeza), e provavelmente está associado ao início de processos de degradação, e ao aumento

da atividade da enzima SOD no sexto dia, a qual tem como produto esse metabólito. Os frutos

revestidos com ZR apresentaram tendência de menor teor de H2O2 em relação ao controle a

partir de 8 dias de armazenamento; possivelmente, a redução do estresse oxidativo ocorre pela

menor taxa respiratória desse tratamento, com menor produção de EROs, assim como foi obtido

por Carvalho et al. (2016) com revestimentos de quitosana com trans-cinamaldeído em melão.

O maior teor de H2O2 para no ZR no primeiro dia de armazenamento pode ser associado a

estresse devido à modificação da atmosfera interna do fruto. O aumento de H2O2 de Z e ZR no

12° dia indica início da senescência desses frutos.

Figura 31 - Efeito de revestimentos de zeína sobre parâmetros do metabolismo antioxidante

enzimático de goiabas armazenadas a 23°C.

Tratamentos com letra minúscula diferente no mesmo dia diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tempos

de armazenamento sem nenhuma letra indicam que não houve diferença significativa entre os três tratamentos.

Page 97: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

95

O processo de peroxidação lipídica (PL) representa uma cascata de reações

iniciadas pelos radicais livres como as EROs, que se inicia com uma reação entre um radical

livre e um ácido graxo insaturado, propagada por radicais peróxidos formando hidroperóxidos

lipídicos e aldeídos, como malonialdeído (MDA) (CARVALHO et al., 2016), causando danos

biológicos na membrana. O aumento do grau de peroxidação lipídica (PL) pode ser esperado

no fim do amadurecimento ou quando a fruta é exposta a condições de estresse (VICENTE et

al., 2006). A PL foi supreendentemente maior para os frutos revestidos, de forma geral, com

exceção do 8° dia de armazenamento, em que houve aumento de PL nos frutos controle, com

média global de PL de ZR significativamente maior que o controle (Tabela 14), indicando

estresse devido à modificação da atmosfera interna, com desequilíbrio oxidativo.

O aumento de MDA nos frutos revestidos indica aumento de estresse no início do

armazenamento, ou seja, desbalanço entre os sistemas oxidativos/antioxidativos por efeito do

revestimento, que pode ser relacionado com as atividades enzimáticas semelhantes ou menores

que o controle, tanto da SOD quanto da CAT, para os frutos revestidos, contribuído para um

maior efeito dos sistemas oxidativos. Uma possível explicação para o aumento de MDA nos

frutos revestidos pode ser a alta concentração de CO2 dentro das células, a qual pode causar

danos oxidativos e consequente acumulação de H2O2, o que pode levar a modificações na

membrana das células (LARRIGAUDIERE et al., 2001), porém isso não condiz com o menor

teor de H2O2 nos frutos revestidos, com exceção no primeiro dia de armazenamento. É possível

que o estresse no início do armazenamento pelo uso de revestimentos, especialmente ZR (já

que este impede mais a difusão de gases devido às ligações cruzadas, como mostrado na etapa

2), tenha sido controlado pela atividade antioxidante não-enzimática, representada por

compostos antioxidantes presentes nas goiabas e preservados pelos revestimentos, como ácido

ascórbico e clorofila (Tabela 15), levando a uma diminuição do teor de H2O2. Um composto

que diferencia os revestimentos Z e ZR é o ácido tânico utilizado como reticulante, um fenólico

com comprovada ação antioxidante, e que pode ter colaborado para as menores taxas de H2O2

e manutenção de clorofila nos frutos revestidos com ZR.

As enzimas antioxidantes, junto com antioxidantes não-enzimáticos, estão na linha

de defesa contra o excedente de EROs. A SOD é responsável pela dismutação do radical

superóxido O2• para O2 e H2O2 (espécie menos reativa), que pode ser eliminado por catalase e

diferentes peroxidases; SOD é considerada, portanto, a primeira linha de defesa antioxidante

enzimática (CARVALHO et al., 2016). A Tabela 14 mostra que a atividade da SOD de ZR foi

significativamente menor que a do controle. Os valores da SOD apresentaram maior atividade

no controle no 1° e no 6° dias de armazenamento, enquanto Z e ZR só tiveram aumento no final

Page 98: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

96

do armazenamento (Figura 31), o que confirma que houve alteração do metabolismo

antioxidante enzimático pelos frutos revestidos pela diminuição da taxa respiratória,

especialmente de ZR (Tabela 14). O aumento da SOD acompanhado de diminuição de atividade

da catalase para os frutos controle no 12° dia confirma estádio avançado de senescência, com

acúmulo de H2O2.

A enzima catalase converte H2O2 em H2O e O2 e é considerada uma das mais ativas

enzimas antioxidantes nos vegetais (BREUSEGEM et al., 2001). Pode ser visto que ocorreu um

pico de atividade da CAT no 6° dia para os frutos controle, que condiz com o período de

amadurecimento, seguido de diminuição da atividade, que pode ser relacionada ao aumento de

H2O2 e de peroxidação lipídica no 8° dia que indicam o início da senescência dos frutos. De

acordo com Mondal et al. (2009), o amadurecimento da goiaba acompanha um aumento

progressivo de estresse oxidativo que induz a um sistema antioxidante, mas este sistema não se

prolonga até os estádios mais avançados de maturação refletindo na disfunção celular e

consequente morte do fruto. A atividade da CAT do controle foi, de forma geral, similar a Z e

ZR de acordo com as médias globais (Tabela 14), porém pode ser observada menor atividade

da CAT em ZR do sexto ao décimo dias de armazenamento (Figura 31) que pode ser relacionada

com os menores níveis de H2O2 para esse tratamento, e também com a menor atividade da SOD,

já que seu produto é o substrato da CAT. Os resultados de menor atividade enzimática

antioxidante para os frutos revestidos corroboram com outros trabalhos de revestimento de

frutos, como quitosana em melão (CARVALHO et al., 2016) e goma arábica em mangas

(KHALIC et al., 2016).

Page 99: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

97

5. CONCLUSÕES

Os filmes de zeína reticulados com AT não-oxidado ou oxidado foram produzidos

com sucesso. Maiores quantidades de AT e valores de pH resultaram em filmes com melhores

propriedades de forma geral, notadamente menor solubilidade em água e melhores propriedades

mecânicas. Embora os espectros de FTIR não apresentem nenhuma evidência de reticulação

covalente, o AT oxidado resultou em filmes com melhor resistência mecânica (em torno de

20% melhor) e melhor barreira a vapor de água quando comparado ao não-oxidado, o que

sugere que reticulação mais forte (covalente) pode ter ocorrido quando o AT oxidado foi

utilizado. Os filmes de zeína reticulados apresentam potencial para serem utilizados como

embalagem de alimentos e em aplicações de revestimento.

O tratamento dos filmes de zeína com UVO proporcionou a modificação por

formação de cargas negativas na superfície com sucesso, proporcionando aumento de

hidrofilicidade da superfície, como e mantendo as propriedades mecânicas e integridade

estrutural dos filmes. A nisina se ligou à superfície, e o tratamento com UVO por 120 s

propiciou o aumento significativo na quantidade de nisina adsorvida, mostrando que pode ser

utilizado como tratamento preliminar para aumentar a eficiência da adsorção de compostos

catiônicos de interesse na superfície, sem comprometimento das propriedades mecânicas do

material. O teste microbiológico foi inconclusivo, então outros estudos com outras

metodologias não abordadas, como testes feitos diretamente no alimento ou testes in vitro, são

necessários para comprovar a eficiência da atividade antimicrobiana da nisina e garantir

propriedades físicas dos filmes adequadas após a adsorção e durante a utilização em alimentos.

A aplicação de revestimentos de zeína e zeína reticulada em goiabas se mostrou eficiente em

retardar o amadurecimento, com aumento da vida útil, com efeito mais expressivo do

revestimento de zeína reticulada. Foram observadas mudanças no metabolismo antioxidante

pelo uso dos revestimentos, com diminuição da atividade enzimática da SOD e CAT e menor

teor de peróxido de hidrogênio. Os resultados indicam que os revestimentos de zeína avaliados

agem positivamente como um agente conservante, aumentando a vida útil dos frutos pela

diminuição da taxa respiratória, e que o revestimento de zeína reticulada com ácido tânico

apresenta maior eficiência na manutenção de qualidade e aumento de vida útil que o

revestimento de zeína, possivelmente pela maior barreira a gases devido às ligações cruzadas

na matriz proteica em presença de ácido tânico. Os frutos revestidos com zeína apresentam

características aceitáveis até 12 dias de armazenamento em temperatura em torno de 23°C.

Page 100: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

98

REFERÊNCIAS

ABU-GOUKH, A. A.; BASHIR, H. A. Changes in pectic enzymes and cellulase activity

during guava fruit ripening. Food Chemistry, v. 83, p. 213-218, 2003.

AELENEI, N.; POPA, M. I.; NOVAC, O.; LISA, G.; BALAITA, L. Tannic acid

incorporation in chitosan-based microparticles and in vitro controlled release. Journal of

Materials Science: Materials Medicine, v. 20, p. 1095-1102, 2009.

AEWSIRI, T.; BENJAKUL, S.; VISESSANGUAN, W.; WIERENGA, P.A.; GRUPPEN, H.

Antioxidative activity and emulsifying properties of cuttlefish skin gelatin–tannic acid

complex as influenced by types of interaction. Innovative Food Science and Emerging

Technologies, v. 11, p. 712–720, 2010.

AEWSIRI, T.; BENJAKUL, S.; VISESSANGUAN, W.; WIERENGA, P.A.; GRUPPEN, H.

Emulsifying property and antioxidative activity of cuttlefish skin gelatin modified with

oxidized linoleic acid and oxidized tannic acid. Food Bioprocessing Technology, v. 6, p.

870-881, 2013.

AKBARI, Z.; GHOMASHCHI, T.; MOGHADAM, S. Improvement in Food Packaging

Industry with Biobased Nanocomposites. International Journal of Food Engineering, v. 3,

cap. 4, n. 3, 2007.

ALI, A.; MAQBOOL, M.; RAMACHANDRAN, S.; ALDERSON P.G. Gum Arabic as a

novel edible coating for enhancing shelf-life and improving postharvest quality of tomato

(Solanum lycopersicum L.) fruit. Postharvest Biology and Technology, v. 58, p. 42-47,

2010.

ALI, A.; MUHAMMAD, M. T. M.; SIJAM, K.; SIDDIQUI, Y. Effect of chitosan coatings on

the physicochemical characteristics of Eksotika II papaya (Carica papaya L.) fruit during cold

storage. Food Chemistry, v. 124, p. 620–626, 2011.

APPENDINI, P.; HOTCHKISS, J. H. Review of antimicrobial food packaging. Innovative

Food Science & Emerging Technologies, v. 3, n. 2, p. 113-126, 2002.

AQUINO, A. B.; BLANK, A. F.; SANTANA, L. C. L. A. Impact of edible chitosan–cassava

starch coatings enriched with Lippia gracilis Schauer genotype mixtures on the shelf life of

guavas (Psidium guajava L.) during storage at room temperature. Food Chemistry, v. 171, p.

108–116, 2015.

ARCAN, I., YEMENICIOĞLU, A. Development of flexible zein–wax composite and zein–

fatty acid blend films for controlled release of lysozyme. Food Research International, v.

51, p. 208–216, 2013.

ARCAN, I.; YEMENICIOĞLU, A. Incorporating phenolic compounds opens a new

perspective to use zein films as flexible bioactive packaging materials. Food Research

International, v. 44, p. 550–556, 2011.

ARABESTANI, A.; KADIVAR, M.; SHAHEDI, M.; GOLI, SAH; PORTA, R. The effect of

oxidized ferulic acid on physicochemical properties of bitter vetch (Vicia ervilia) protein-

based films. Journal of Applied Polymer Science, v. 133, n. 2, p. 42894, 2016.

Page 101: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

99

ARMENTANO, I.; Dottori, M.; Fortunati, E.; Mattioli, S.; Kenny, J.M. Biodegradable

polymer matrix nanocomposites for tissue engineering: A review. Polymer Degradation and

Stability, v. 95, p. 2126-2146, 2010.

ASTM. Standard test method for tensile properties of thin plastic sheeting. D882-01. In Annual

Book of ASTM Standards. Philadelphia: American Society for Testing and Materials. p. 162-

170, 2001.

ASTM. Standard test methods for water vapor transmission of materials. E96-00. In Annual

Book of ASTM Standards (pp. 1048–1053). Philadelphia: American Society for Testing and

Materials. p. 907-914, 2000.

ASTM. Standard Test Method for Corona-Treated Polymer Films Using Water Contact Angle

Measurements. D5946-01. In Annual book of American Standard Testing Methods.

Philadelphia, PA: American Society for Testing and Materials, 2001.

AURIEMMA, M.; PISCITELLI, A.; PASQUINO, R.; CERRUTI, P.; MALINCONICO, M.;

GRIZZUTI, N. Blending poly(3-hydroxybutyrate) with tannic acid: Influence of a

polyphenolic natural additive on the rheological and thermal behavior. European Polymer

Journal, v. 63, p. 123–131, 2015.

AZEREDO, H. M. C.; WALDRON, K. W. Crosslinking in polysaccharide and protein films

and coatings for food contact e A review. Trends in Food Science & Technology, v. 52, p.

109-122, 2016.

AZEREDO, H. M. C.; MIRANDA, K.W. E.; ROSA, M. F.; NASCIMENTO, D. M.; DE

MOURA, M. R. Edible films from alginate-acerola puree reinforced with cellulose whiskers.

LWT – Food Science and Technology, v. 46, p. 294-297, 2012.

AZZOLINI, M.; JACOMINO, A. P.; BRON, I. U.; KLUGE, R. A.; SCHIAVINATO, M. A.

Ripening of study on its climacteric or non-climacteric nature. Brazilian Journal of Plant

Physiology, v. 17, n. 3, p.299-306, 2005.

AZZOLINI, M.; JACOMINO, A. P.; SPOTO, M. H. F. Estádios de maturação e qualidade

pós-colheita de goiabas ‘Pedro Sato’. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 26, n. 1, p. 29-

31, 2004.

BAI, J.; ALLEYNE, V.; HAGENMAIER, R. D.; MATTHEIS, J. P.; BALDWIN, E. A.

Formulation of zein coatings for apples (Malus domestica Borkh). Postharvest Biology and

Technology, v. 28, n. 2, p. 259-268, 2003.

BARAIYA, N. S.; RAO, T. V. R.; THAKKAR, T. V. Improvement of postharvest quality and

storability of jamun fruit (syzygium cumini l. Var. Paras) by zein coating enriched with

antioxidants. Food Bioprocess Technology, v. 8, p. 2225–2234, 2015.

BARRY, C. S.; GIOVANNONI, J. J. Ethylene and fruit ripening. Journal of Plant Growth

Regulation, v. 26, p. 143-159, 2007.

BARTH, A. Infrared spectroscopy of proteins. Biochimica et Biophysica Acta (BBA) –

Bioenergetics, v. 1767, p. 1073-1101, 2007.

Page 102: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

100

BASHIR, H. A., ABU-GOUKH, A. A. Compositional changes during guava fruit ripening.

Food Chemistry, v. 80, p. 557–563, 2003.

BASSETTO, E.; JACOMINO, A. P.; PINHEIRO, A. L.; KLUGE, R. A. Delay of ripening of

‘Pedro Sato’ guava with 1-methylcyclopropene. Postharvest Biology and Technology, v. 35,

p. 303-308, 2005.

BAXTER, N. J.; LILLEY, T. H.; HASLAM, E.; WILLIAMSON, M. P. Multiple interactions

between polyphenols and a salivary proline-rich protein repeat result in complexation and

precipitation. Biochemistry, v. 36, p. 5566–5577, 1997.

BELMONTE, G. K.; CHARLES, G.; STRUMIA, M. C.; WEIBEL, D. E. Permanent

hydrophilic modification of polypropylene and poly(vinylalcohol) films by vacuum

ultraviolet radiation. Applied Surface Science, v. 382, p. 93-100, 2016.

BERNELA, M.; KAUR, P.; CHOPRA, M.; THAKUR, R. Synthesis, characterization of nisin

loaded alginate-chitosan-pluronic composite nanoparticles and evaluation against microbes.

LWT - Food Science and Technology, v. 59, p. 1093-1099, 2014.

BHATTACHARYA, A. Radiation and industrial polymers, Progress in Polymer Science, v.

25, p. 371-401, 2000.

BISWAS, A.; SELLING, G. W.; WOODS, K. K.; EVANS, K. Surface modification of zein

films. Industrial Crops and Products, v. 30, n. 1, p. 168-171, 2009.

BISWAS, A.; SESSA, D. J.; LAWTON, J. W.; GORDON, S. H.; WILLETT, J. L.

Microwave-Assisted Rapid Modification of Zein by Octenyl Succinic Anhydride. Cereal

Chemistry, v. 82, n.1, p. 1-3, 2005.

BOWER, C. K.; MCGUIRE, J.; DAESCHEL, M. A. Influences on the antimicrobial activity

of surface-adsorbed nisin. Journal of Industrial Microbiology, v. 15, p. 227-233, 1995b.

BOWER, C. K.; MCGUIRE, J.; DAESCHEL, M. A. Suppression of Listeria monocytogenes

colonization following adsorption of nisin onto silica surfaces. Applied and Environmental

Microbiology, v. 61, p. 992-997, 1995a.

BREUSEGEM, F. V.; VRANOVÁ, E.; DAT, J. F.; INZÉ, D. The role of active oxygen

species in plant signal transduction. Plant Science, v.161, p. 405-414, 2001.

BRODY, A. L. Envasado de alimentos em atmosferas controladas, modificadas y vácuo.

Zaragoza: Acribia, 1996. 220 p.

BRON, I. U.; RIBEIRO, R. V.; CAVALINI, F. C.; JACOMINO, A. P.; TREVISAN, M. J.

Temperature-related changes in respiration and Q10 coefficient of guava. Scientia Agricola,

v.62, n.5, p.458-463, 2005.

BYARUHANGA, Y. B.; EMMAMBUX, M. N.; BELTON, P. S.; WELLNER, N.; NG, K.

G.; TAYLOR, J. R. N. Alteration of Kafirin and Kafirin Film Structure by Heating with

Microwave Energy and Tannin Complexation. Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 54, p. 4198-4207, 2006.

Page 103: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

101

CABRA, V.; ARREGUIN, R.; GALVEZ, A.; QUIRASCO, M.; VAZQUEZ-DUHALT, A.

Zein: Isolation and purification. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p.

725–729, 2005.

CALBO, A. G.; MORETTI, C. L.; HENZ, G. P. Respiração de frutas e hortaliças. Brasília,

Embrapa Hortaliças, 2007. 10 p. (Embrapa Hortaliças, Comunicado Técnico, 46).

CAO, N.; FU, Y.; HE, J. Mechanical properties of gelatin films cross-linked, respectively, by

ferulic acid and tannin acid. Food Hydrocolloids, v. 21, p. 575-584, 2007.

CARVALHO, R. A.; GROSSO, C. R. F. Characterization of gelatin based films modified

with transglutaminase, glyoxal and formaldehyde. Food Hydrocolloids, v. 18, 717–726,

2004.

CARVALHO, R. L.; CABRAL, M. F.; GERMANO, T. A.; CARVALHO, W. M.; BRASIL,

I. M.; GALLÃO, M. I.; MOURAD, C. F. H.; LOPES, M. M. A.; MIRANDA, M. R. A.

Chitosan coating with trans-cinnamaldehyde improves structural integrity and antioxidant

metabolism of fresh-cut melon. Postharvest Biology and Technology, v. 113, p. 29-39,

2016.

CAVALINI, F. C. Fisiologia do amadurecimento, senescência e comportamento

respiratório de goiabas ‘Kumagai’e ‘Pedro Sato’. 2008. 91f. Tese (Doutorado em Ciências)

– Escola Superior de Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.

CAVALINI, F. C. Índices de maturação, ponto de colheita e padrão respiratório de

goiabas ‘Kumagai’ e ‘Paluma’. 2004. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola

Superior de Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.

CAVALINI, F. C.; JACOMINO, A. P.; LOCHOSKI, M. A.; KLUGE, R. A.; ORTEGA, E.

M. M. Maturity indexes for “Kumagai” and “Paluma” guavas. Revista Brasileira de

Fruticultura, v. 28, n. 2, p. 176-179, 2006.

CEAGESP. Classificação – goiaba. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/wp-

content/uploads/2015/07/goiaba.pdf>. Acesso em: 01/09/2016.

CERQUEIRA, M. A.; LIMA, A. M.; TEIXEIRA, J. A.; MOREIRA, R. A.; VICENTE, A. A.

Suitability of novel galactomannans as edible coatings for tropical fruits. Journal of Food

Engineering, v. 94, p. 372–378, 2009a.

CERQUEIRA, T. S.; JACOMINO, A. P.; SASAKI, F. F.; ALLEONI, A. C. C. Recobrimento

de goiabas com filmes proteicos e de quitosana. Bragantia, v. 70, 216–221, 2011.

CERQUEIRA, T. S.; JACOMINO, A. P.; SASAKI, F. F.; AMORIM, L. Controle do

amadurecimento de goiabas ‘kumagai’ tratadas com 1-metilciclopropeno. Revista Brasileira

de Fruticultura, v. 31, n. 3, p. 687-692, 2009b.

CHANDRA, R.; RUSTGI, R. Biodegradable polymers. Progress in Polymer Science, n. 23,

p. 1273–1335, 1998.

CHEN, Y.; YE, R.; LIU, J. Effects of different concentrations of ethanol and isopropanol on

physicochemical properties of zein-based films. Industrial Crops and Products, v. 53, p.

140–147, 2014.

Page 104: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

102

CHIRALT, A., MARTINEZ-NAVARRETE, N., MARTINEZ-MONZO, J., TALENS, P.,

MORAGA, G., AYALA, A; FITO, P. Changes in mechanical properties throughout osmotic

processes: Cryoprotectant effect. Journal of Food Engineering, v. 49, p. 129-135, 2001.

CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e

manuseio. 2. ed. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2005. 783 p.

CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B.; CARVALHO, V.D. Algumas características dos

frutos de duas cultivares de goiabeira (Psidium guajava L.) em fase de maturação. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 6., 1981, Recife. Anais. Recife:

Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1981. v.2, p.771-780.

CHO, S. Y.; LEE, S. Y.; RHEE, C. Edible oxygen barrier bilayer film pouches from corn zein

and soy protein isolate for olive oil packaging. LWT – Food Science and Technology, v. 43,

p. 1234-1239, 2010.

CIESLA, K.; SALMIERI, S.; LACROIX, M. g-Irradiation influence on the structure and

properties of calcium caseinate-whey protein isolate based films. Part 1. Radiation effect on

the structure of proteins gels and films. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54,

p. 6374-6384, 2006.

CLEVELAND, J.; MONTVILLE, T. J.; NES, I. F.; CHIKINDAS, M. L. Bacteriocins: safe,

natural antimicrobials for food preservation. International Journal of Food Microbiology,

v. 71, p. 1-20, 2001.

CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE (CLSI) (2012). Performance

standards for antimicrobial disk susceptibility tests; approved standard: Eleventh edition,

M02–11. Wayne, PA: CLSI.

COLZATO, M.; SCRAMIN, J. A.; FORATO, L. A.; COLNAGO, L. A.; ASSIS, O. B. G. 1H

NMR investigation of oil oxidation in macadamia nuts coated with zein-based films. Journal

of Food Processing and Preservation, v. 35, p. 790-796, 2011.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de

grãos. SAFRA 2015/16, v. 3, n. 9, jun. 2016. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/

OlalaCMS/uploads/arquivos/16_06_09_16_49_15_boletim_graos_junho__2016_-final.pdf.>.

Acesso em: 06 jul. 2016.

CORRÊA, M. O. G.; PINTO, D. D.; ONO, E. O. Análise da atividade respiratória em frutos

de jabuticabeira. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, p. 831-833, 2007.

DANGARAN, K.; TOMASULA, P.M.; QI, P. Structure and formation of protein-based

edible films and coatings. In: EMBUSCADO, M.E.; HUBER, K.C. (Eds.) Edible films and

coatings for food applications. New York: Springer, 2009. p. 25-56.

DAWSON, P. L.; HIRT, D. E.; RIECK, J. R.; ACTON, J. C.; SOTTHIBANDHU, A. Nisin

release from films is affected by both protein type and film-forming method. Food Research

International, v. 36, p. 959-968, 2003.

DELVES-BROUGHTON, J. Applications of the bacteriocin, nisin. Antonie Van

Leeuwenhoek, v. 69, p. 193-202, 1996.

Page 105: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

103

DENAVI, G. A.; PÉREZ-MATEOS, M.; AÑÓN, M. C.; MONTERO, P.; MAURI, A. N.;

GÓMEZ-GUILLÉN, M. C. Structural and functional properties of soy protein isolate and cod

gelatin blend films. Food Hydrcolloids, v. 23, p. 2094–2101, 2009.

DÍAZ, O.; CANDIA, D.; COBOS, A. Effects of ultraviolet radiation on properties of films

from whey protein concentrate treated before or after film formation. Food Hydrocolloids, v.

55, p. 189-199, 2016.

DOSKOCIL, L.; GRASSET, L.; VÁLKOVÁ, D.; PEKAR, M. Hydrogen peroxide oxidation

of humic acids and lignite. Fuel, v. 134, p. 406–413, 2014.

EMMAMBUX, M. N.; STADING, M.; TAYLOR, J. R. N. Sorghum kafirin film property

modification with hydrolysable and condensed tannins. Journal of Cereal Science, v. 40, n.

2, p.127−135, 2004.

ESPINOZA-ZAMORA, J.; BAEZ-SAÑUDO, R.; SAUCEDO-VELOZ, C.; MERCADO-

SILVA, E. Effect of application of waxes with vegetable oil and sucrose on the quality of

Mexican guava cv. “Media China”. Acta Horticulturae, v. 849, p. 393-400, 2010.

ESPITIA, P. J. P., DU, W.; AVENA-BUSTILLOS, R.; DE, J.; SOARES, N. F. F.;

MCHUGH, T. H. Edible films from pectin: Physical-mechanical and antimicrobial properties

– A review. Food Hydrocolloids, v. 35, p. 287–296, 2014.

FAKHOURI, F. M.; BATISTA, J.; GROSSO, C. Efeito de coberturas comestíveis aplicadas

em goiabas in natura (Psidium guajava) I: Desenvolvimento e caracterização de filmes

comestíveis de gelatina, triacetina e ácidos graxos. Brazilian Journal of Food Technology,

v. 6, p.301-308, 2003.

FAN, Y.; XU, Y.; WANG, D.; ZHANG, L.; SUN, J.; SUN, L.; BIN, Z. Effect of alginate

coating combined with yeast antagonist on strawberry (Fragaria x ananassa) preservation

quality. Postharvest Biology and Technology, v. 53, p. 84-90, 2009.

FORATO, L. A.; BRITTO, D.; RIZZO, J. S.; GASTALDI, T. A.; ASSIS, O. B. G. Effect of

cashew gum-carboxymethylcellulose edible coatings in extending the shelf-life of fresh and

cut guavas. Food Packaging and Shelf Life, v. 5, p. 68–74, 2015.

FRUTAS CLIMATÉRICAS E NÃO CLIMATÉRICAS. Disponível em: <

http://frutasbioquimica2015.blogspot.com.br/2015/11/frutas-climatericas-e-nao-

climatericas_3. html>. Acesso em: 25/07/2016.

GAIANI, C.; MULLET, M.; ARAB-TEHRANY, E.; JACQUOT, M.; PERROUD, C.;

RENARD, A.; SCHER, J. Milk proteins differentiation and competitive adsorption during

spray-drying. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 983-990, 2011.

GALUS, S.; KADZINSKA, J. Food applications of emulsion-based edible films and coatings.

Trends in Food Science & Technology, v. 45, p. 273-283, 2015.

GENNADIOS, A.; RHIM, J.W.; HANDA, A.; WELLER, C. L.; HANNA, M. A. Ultraviolet

radiation affects physical and molecular properties of soy protein films. Journal of Food

Science, v. 63, p. 225-228, 1998.

Page 106: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

104

GEZER, P. G.; BRODSKY, S.; HSIAO, A.; LIU, G. L.; KOKINI, J. L. Modification of the

hydrophilic/hydrophobic characteristic of zein film surfaces by contact with oxygen plasma

treated PDMS and oleic acid content. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 135, p.

433-440, 2015.

GHANBARZADEH, B.; MUSAVIB, M.; OROMIEHIEC, A. R.; REZAYIB, K.; RADB, E.

R.; MILANI, J. Effect of plasticizing sugars on water vapor permeability, surface energy and

microstructure properties of zein films. LWT – Food Science and Technology, v. 40, p.

1191–1197, 2007.

GHANBARZADEH, B.; OROMIEHI, A. R. Biodegradable biocomposite films based on

whey protein and zein: Barrier, mechanical properties and AFM analysis. International

Journal of Biological Macromolecules, v. 43, p. 209-215, 2008.

GIOVANNONI, J. Molecular biology of fruit maturation and ripening. Annual Review of

Plant Physiology and Plant Molecular Biology, v. 52, p. 725-749, 2001.

GOL, N. B.; RAO, T.V. R. Influence of zein and gelatin coatings on the postharvest quality

and shelf life extension of mango (Mangifera indica L.). Fruits, v. 69, p. 101-115, 2014.

GÓMEZ-ESTACA, J., LOPEZ-DE-DICASTILLO, C., HERNÁNDEZ-MUÑOZ, P.,

CATALÁ R., GAVARA, R. Advances in antioxidant active food packaging. Trends in Food

Science & Technology, v. 35, p. 42-51, 2014.

GRIGIO, M. L.; NEVES, L. C.; TOSIN, J. M.; NASCIMENTO, C. J.; CHAGAS, E. A.;

VIEITES, R. L. Efeito da modificação atmosférica em goiabas var. Paluma na redução de

danos mecânicos em pós-colheita. Revista Agro@mbiente On-line, v. 5, n. 1, p. 57-65,

2011.

GROSS, E.; MORELL, J. L. Structure of nisin. Journal of the American Chemical Society,

v. 93, p. 4634-4635, 1971.

GU, L.; WANG, M.; ZHOU, J. Effects of protein interactions on properties and

microstructure of zein–gliadin composite films. Journal of Food Engineering, v. 119, p.

288-298, 2013.

GÜÇBILMEZ, Ç. M.; YEMENICIOFLU, A.; ARSLANOFLU, A. Antimicrobial and

antioxidant activity of edible zein films incorporated with lysozyme, albumin proteins and

disodium EDTA. Food Research International, v. 40, p. 80-91, 2007.

GUILBERT, S.; GONTARD, N. Agro-polymers for edible and biodegradable films: review

of agricultural polymeric materials, physical and mechanical characteristics. Innovations in

Food Packaging, p. 263-276. 2005.

HAGER, A-S.; VALLONS, K. J. R.; ARENDT, E. K. Influence of gallic acid and tannic acid

on the mechanical and barrier properties of wheat gluten films. Journal of Agricultural and

Food Chemistry, v. 60, p. 6157-6163, 2012.

HAGIWARA, A.; IMAI, N.; NAKASHIMA, H.; TODA, Y.; KAWABE, M.; FURUKAWA,

F.; DELVES-BROUGHTON, J.; YASUHARA, K.; HAYASHI, S. M. A 90-day oral toxicity

study of nisin A, an anti-microbial peptide derived from Lactococcus lactis subsp. lactis, in

F344 rats. Food and Chemical Toxicology, v. 48, n. 8-9, p. 2421-2428, 2010.

Page 107: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

105

HAN, J. H.; GENNADIOS, A. Edible Films and Coatings: a Review. In: HAN, J. H. (Org.)

Innovations in Food Packaging. Academic Press, 2005. cap. 5, p. 239-262.

HE, L.; MU, C.; SHI, J.; ZHANG, Q.; SHI, B.; LIN, W. Modification of collagen with a

natural cross-linker, procyanidin. International Journal of Biological Macromolecules, v.

48, p. 354-359, 2011.

HERNANDEZ-IZQUIERDO, V. M.; KROCHTA, J. M. Thermoplastic processing of proteins

for film formation: a review. Journal of Food Science, v. 73, p. 30–39, 2008.

HONG, K.; XIE, J.; ZHANG, L.; SUN, D.; GONG, D. Effects of chitosan coating on

postharvest life and quality of guava (Psidium guajava L.) fruit during cold storage. Scientia

Horticulturae, v. 144, p. 172–178, 2012.

IMRAN, M.; KLOUJ, A.; REVOL-JUNELLES, A. M.; DESOBRY, S. Controlled release of

nisin from HPMC, sodium caseinate, poly-lactic acid and chitosan for active packaging

applications. Journal of Food Engineering, v. 143, p. 178-185, 2014.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-

químicos para análises de alimentos. 4ª ed. (1ª Edição digital), 2008.

IRISSIN-MANGATA, J.; BAUDUIN, G.; BOUTEVIN, B.; GONTARD, N. New plasticizers

for wheat gluten films. European Polymer Journal, v. 37, p. 1533-1541, 2001.

JACOMINO, A. P.; OJEDA, R. M.; KLUGE, R. A.; SCARPARE-FILHO, J. A. Conservação

de goiabas tratadas com emulsões de cera de carnaúba. Revista Brasileira de Fruticultura,

v. 25, p. 401–405, 2003.

JANES, M. E.; KOOSHESH, S.; JOHNSON, M. G. Control of Listeria monocytogenes on the

surface of refrigerated, ready-to-eat chicken coated with edible zein film coatings containing

nisin and/or calcium propionate. Journal of Food Science, v. 67, n. 7, p. 2754-2757, 2002.

JANJARASSKUL, T.; KROCHTA, J. M. Edible packaging materials. Annual Review of

Food Science and Technology, v. 1, p. 415-448, 2010.

JANJARASSKUL, T.; Rauch, D. J.; McCarthy, K. L.; Krochta, J. M. Barrier and tensile

properties of whey proteinecandelilla wax film/sheet. LWT - Food Science and Technology,

v. 56, p. 377-382, 2014.

JANOSEVIC, A.; CIRIC-MARJANOVIC, G.; PAUNKOVIC, B. S.; PASTI, I.;

TRIFUNOVIC, S.; MARJANOVIC, B.; STEJSKAL, J. Simultaneous oxidation of aniline and

tannic acid with peroxydisulfate: Self-assembly of oxidation products from nanorods to

microspheres. Synthetic Metals, v. 162, p. 843– 856, 2012.

KALE, A.; ZHU, F.; CHERYAN, M. Separation of high-value products from ethanol extracts

of corn by chromatography. Industrial Crops and Products, v. 26, p. 44–53, 2007.

KARAM, L.; JAMA, C.; NUNS, N.; MAMEDE, A-S.; DHULSTERA, P.; CHIHIBA, N-E.

Nisin adsorption on hydrophilic and hydrophobic surfaces: evidence of its interactions and

antibacterial activity. Journal of Peptide Science, v. 19, p. 377–385, 2013.

Page 108: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

106

KAYACI, F.; UYAR, T. Electrospun zein nanofibers incorporating cyclodextrins.

Carbohydrate Polymers, v. 90, p. 558-568, 2012.

KAYS, J. S. Postharvest Physiology of Perishable Plant Products. Van NostrandReinhold,

New York, 1991.

KELLY, G. M.; O’MAHONY, J. A.; KELLY, A. L.; HUPPERTZ, T.; KENNEDY, D.;

O’CALLAGHAN, D. J. Influence of protein concentration on surface composition and

physico-chemical of spray-dried milk protein concentrate powders. International Dairy

Journal, v. 51, p. 34-40, 2015.

KESSLER, F. Funcionalização superficial de materiais poliméricos induzida por

radiação eletromagnética em presença de gases e vapores reativos. 2010. 132 f.

Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

KESSLER, F.; KÛHN, S.; RADTKE, C.; WEIBEL, D. E. Controlling the surface wettability

of poly(sulfone) films by UV-assisted treatment: benefits in relation to plasma treatment.

Polymer International, v. 62, p. 310-318, 2013.

KHALIQ, G.; MOHAMEDA, M. T. M.; GHAZALIC, H. M.; DINGA, P.; ALI, A. Influence

of gum arabic coating enriched with calcium chloride on physiological, biochemical and

quality responses of mango (Mangifera indica L.) fruit stored under low temperature stress.

Postharvest Biology and Technology, v. 111, p. 362-369, 2016.

KHAN, A.; GALLAH, H.; RIEDL, B.; BOUCHARD, J.; SAFRANY, A.; LACROIX, M.

Genipin cross-linked antimicrobial nanocomposite films and gamma irradiation to prevent the

surface growth of bacteria in fresh meats. Innovative Food Science and Emerging

Technologies, v. 35, p. 96-102, 2016.

KIM, S.; SESSA, D. J.; LAWTON, J. W. Characterization of zein modified with a mild cross-

linking agent. Industrial Crops and Products, v. 20, p. 291–300, 2004.

KIM, S.; XU, J. Aggregate formation of zein and its structural inversion in aqueous ethanol.

Journal of Cereal Science, 47, 1-5, 2008.

KONG, B.; XIONG, Y. L. Antioxidant Activity of Zein Hydrolysates in a Liposome System

and the Possible Mode of Action. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p.

6059-6068, 2006.

KROCHTA, J. M.; DE MULDER-JOHNSTON, C. Edible and biodegradable polymer films:

challenges and opportunities. Food Technology, v. 51, n. 2, p. 61-74, 1997.

KUGEL, A.; STAFSLIEN, S.; CHISHOLM, B. J. Antimicrobial coatings produced by

“tethering” biocides to the coating matrix: A comprehensive review. Progress in Organic

Coatings, v. 72, p. 222-252, 2011.

LAI, H. M.; PADUA, G. W. Properties and microstructure of plasticized zein films. Cereal

Chemistry, v. 74, n. 6, p. 771−775, 1997.

Page 109: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

107

LANCASTER, C. A.; SHUMAKER-PARRY, J. S. Surface preparation of gold nanostructures

on glass by ultraviolet ozone and oxygen plasma for thermal atomic layer deposition of Al2O3.

Thin Solid Films, v. 612, p. 141-146, 2016.

LARRIGAUDIERE, C.; PINTO, E.; LENTHERIC, I.; VENDRELL, M. Involvement of

oxidative processes in the development of core browning in controlled atmosphere stored

pears. Journal of Horticultural Science and Biotechnology, v. 76, p. 157-162, 2001.

LELIÉVRE, J. M.; LATCHÉ, A.; JONES, B.; BOU ZAYENEN, M.; PECH, J. C. Ethylene

and fruit ripening, Physiologia Plantarum, v. 101, n. 4, p. 727-739, 1997.

LI, Y.; LI, J.; XIA, Q.; ZHANG, B.; WANG, Q.; HUANG, Q. Understanding the Dissolution

of α-Zein in Aqueous Ethanol and Acetic Acid Solutions. The Journal of Physical

Chemistry B, v. 116, n. 39, p. 12057-12064, 2012.

LI, T.; JIANG, Z.; ZHANG, L.; TAN, D.; WEI, Y.; YUAN, H.; LI, T.; WANG, A. Apple

(Malus domestica) MdERF2 negatively affects ethylene biosynthesis during fruit ripening by

suppressing MdACS1 transcription. The Plant Journal, v. 88, p. 735-748, 2016.

LIANG, J., XIA, Q., WANG, S., LI, J., HUANG, Q., LUDESCHER, R. D. Influence of

glycerol on the molecular mobility, oxygen permeability and microstructure of amorphous

zein films. Food Hydrocolloids, v. 44, p. 94-100, 2015.

LIANG, J.; LUDESCHER, R. D. Antioxidants Modulate Molecular Mobility, Oxygen

Permeability, and Microstructure in Zein Films. Journal of Agricultural Food Chemistry,

v. 59, p. 13173–13180, 2011.

LICHTENTHALER, H. K. Chlorophylls and carotenoids: pigment photosynthetic

biomembranes. Methods in Enzymology. London: Academic Press, v.148, p. 350-382, 1987.

LIMA, M. A.; DURIGAN, J. F.; DE SOUZA, B. S.; DONADON, J. R. Post-harvest

conservation of guavas using calcium and gibberellic acid together with different plastic

films. Revista Brasileira de Armazenamento, v. 28, p. 31-40, 2003.

LIN, L-S; WANG, B-J; WENG, Y-M. Quality preservation of commercial fish balls with

antimicrobial zein coatings. Journal of Food Quality, v. 34, p. 81-87, 2011.

LIU, T-C.; LIU, W-C.; CHEN, K-E.; CHAO, C-W.; WU, C-T. The nonclimacteric guava

cultivar ‘Jen-Ju Bar’ is defective in system 2 1-aminocyclopropane-1-carboxylate synthase

activity. Postharvest Biology and Technology, v. 67, p. 10–18, 2012.

LUO, Y.; WANG, Q. Zein-Based Micro- and Nano-Particles for Drug and Nutrient Delivery:

A Review. Journal of Applied Polymer Science, v. 131, n. 16, p. 1-12, 2014.

MACMANUS, L. F.; WALZAK, M. J.; McINTYRE, N. S. Study of ultraviolet light and

ozone surface modification of polypropylene. Journal of Polymer Science Part A: Polymer

Chemistry, v. 37, n. 14, p. 2489-2501, 1999.

MADHAN, B.; SUBRAMANIAN, V.; RAO, J. R.; NAIR, B.U.; RAMASAMI, T.

Stabilization of collagen using plant polyphenol: role of catechin. International Journal of

Biological Macromolecules, v. 37, p. 47-53, 2005.

Page 110: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

108

MAGOSHI, J.; NAKAMURA, S.; MURAKAMI, K. I. Structure and Properties of Seed

Proteins. I. Glass Transition and Crystallization of Zein Protein from Corn. Journal of

Applied Polymer Science, v. 45, p. 2043–2048, 1992.

MARTÍNEZ-ROMERO, D.; ALBURQUERQUE, N.; VALVERDE, J. M.; GUILLÉN, F.;

CASTILLO, S.; VALERO, D.; SERRANO, M. Postharvest sweet cherry quality and safety

maintenance by Aloe vera treatment: A new edible coating. Postharvest Biology and

Technology, v. 39, p. 93–100, 2006.

MASAMBA, K.; LI, Y.; HATEGEKIMANA, J.; MA, J.; ZHONG, F. Effect of drying

temperature and pH alteration on mechanical and water barrier properties of transglutaminase

cross linked zein-oleic acid composite films. LWT - Food Science and Technology v. 65, p.

518-531, 2016.

MATHEW, S.; ABRAHAM, T. E. Characterisation of ferulic acid incorporated starch–

chitosan blend films. Food Hydrocolloids, v. 22, p. 826–835, 2008.

MATSUSHIMA, N.; DANNO, G.; TAKEZAWA, H.; IZUMI, Y. Three-dimensional

structure of maize alpha-zein proteins studied by small-angle X-ray scattering, Biochimica et

Biophysica Acta, v. 1339, p. 14–22, 1997.

MATTIUZ, B.H. Injúrias mecânicas e processamento mínimo de goiabas: fisiologia e

qualidade pós-colheita. 2002. 120f. Tese (Doutoramento em Produção Vegetal) – Faculdade

de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2002.

MCGUIRRE, R. G.; HALLMAN, G. J. Coating guavas with cellulose or carnauba based

emulsions interferes with postharvest ripening. Hortscience, v. 30, p. 294–295, 1995.

MCMURCHIE, E. J.; MCGLASSON, W. B.; EAKS, I. L. Treatment of fruit with propylene

gives information about the biogenesis of ethylene. Nature, v. 237, p. 235-236, 1972.

MEHYAR, G. F.; EL ASSI, N. M.; ALSMAIRAT, N. G.; HOLLEY, R. A. Effect of edible

coatings on fruit maturity and fungal growth on Berhi dates. International Journal of Food

Science and Technology, v. 49, p. 2409-2417, 2014.

MELÉNDEZ-MARTÍNEZ, A. J.; VICARIO, I. M.; HEREDIA, F. J. Importancia nutricional

de los pigmentos carotenoids. Arquivos Latino-Americanos de Nutrición, v. 54, n. 2, p.

209-215, 2004.

MELLINAS, C.; VALDÉS, A.; RAMOS, M.; BURGOS, N.; GARRIGÓS, M. C. Active

edible films: current state and future trends. Journal of Applied Polymer Science, v. 132, p.

42631, 2016.

MIRMOGHTADAIE, L.; ALIABADI, S. S.; HOSSEINI, S. M. Recent approaches in

physical modification of protein functionality. Food Chemistry, v. 199, p. 619-627, 2016.

MONDAL, K.; MALHOTRA, S. P.; JAIN, V.; SINGH, R. Oxidative stress and antioxidant

systems in Guava (Psidium guajava L.) fruits during ripening. Physiology and Molecular

Biology of Plants, v. 15, n. 4, p. 327-334, 2009.

Page 111: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

109

MORADI, M.; TAJIK, H.; ROHANI, S. M. R.; MAHMOUDIAN, A. Antioxidant and

antimicrobial effects of zein edible film impregnated with Zataria multiflora Boiss. essential

oil and monolaurin. LWT - Food Science and Technology, v. 72, 37-43, 2016.

MORRIS, V. J.; KIRBY, A. R.; GUNNING, A. P. Atomic Force Microscopy for Biologists.

London: Imperial College Press, 2008.

MOURA NETO, L. G.; AMARAL, D.S.; MOURA, S.M.A.; PEIXOTO, L.G. Qualidade pós-

colheita de goiabas cv. “Paluma” submetidas à aplicação de cloreto de cálcio armazenadas em

temperaturas ambiente. ACSA – Agropecuária Científica no Semi-Árido, v. 4, p. 27-31,

2008.

MULAUDZI, R. B., NDHLALA, A. R., KULKARNI, M. G., & STADEN, J. V.

Pharmacological properties and protein binding capacity of phenolic extracts of some Venda

medicinal plants used against cough and fever. Journal of Ethnopharmacology, v. 143, p.

185-193, 2012.

NAKASONE, H. Y.; PAULL, R. E. Tropical Fruits. Wallirgford: CAB International

Queensland Agric. J. III, 1998. p. 93-98.

NAWAZ, M. A.; GAIANI, C.; FUKAI, S.; BHANDARI, B. X-ray photoelectron

spectroscopic analysis of rice kernels and flours: Measurement of surface chemical

composition. Food Chemistry, v. 212, p. 349-357, 2016.

NEO, Y.; PING., R. S.; JIN, J.; GIZDAVIC-NIKOLAIDIS, M.; NIEUWOUDT, M. K.; LIU,

D.; QUEK, S. Y. Encapsulation of food grade antioxidant in natural biopolymer by

electrospinning technique: A physicochemical study based on zein–gallic acid system. Food

Chemistry, v. 136, p. 1013–1021, 2013.

NGUYEN, V. T.; GIDLEY, M. J.; DYKES, G. A. Potential of a nisin-containing bacterial

cellulose film to inhibit Listeria monocytogenes on processed meats. Food Microbiology, v.

25, p. 471-478, 2008.

NIMISHA, S.; KHERWAR, D.; AJAY, K. M.; SINGH, B.; USHA, K. Molecular breeding to

improve guava (Psidium guajava L.): Current status and future prospective. Scientia

Horticulturae, v. 164, p. 578–588, 2013.

NONTHANUM, P.; LEE, Y.; PADUA, G. W. Effect of pH and ethanol content of solvent on

rheology of zein solutions. Journal of Cereal Science, v. 58, n. 76-81, 2013.

NUR HANANI, Z. A.; ROOS, Y.H.; KERRY, J. P. Use and application of gelatin as potential

biodegradable packaging materials for food products. International Journal of Biological

Macromolecules, v.71, p. 94-102, 2014.

NUTHONG, P.; BENJAKUL, S.; PRODPRAN, T. Effect of phenolic compounds on the

properties of porcine plasma protein-based film. Food Hydrocolloids, v. 23, p. 736-741,

2009a.

NUTHONG, P.; BENJANKUL, S.; PRODPRAN, T. Effect of some factors and pretreatment

on the properties of porcine plasma protein-based films. LWT-Food Science and

Technology, v. 42, n. 9, p. 1545-1552, 2009b.

Page 112: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

110

OKADA, T.; CHANG, C-Y.; KOBAYASHI, M.; SHIMIZU, T.; SASAKI, M.; KUMAGAI,

S. Plasma-on-chip device for stable irradiation of cells cultured in media with a low-

temperature atmospheric pressure plasma. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 605,

p. 11-18, 2016.

OU, S.; WANG, Y.; TANG, S.; HUANG, C.; JACKSON, M. G. Role of ferulic acid in

preparing edible films from soy protein isolate. Journal of Food Engineering, v. 70, p. 205-

210, 2005.

ÖZÇAM, A. E.; EFIMENKO, K.; GENZER, J. Effect of ultraviolet/ozone treatment on the

surface and bulk properties of poly(dimethyl siloxane) and poly(vinylmethyl siloxane)

networks. Polymer, v. 55, p. 3107-3119, 2014.

OZDAL, T.; CAPANOGLU, E.; ALTAY, F. A review on protein-phenolic interactions and

associated changes. Food Research International, v. 51, p. 954-970, 2013.

PADUA, G. W.; WANG, Q. Formation and properties of corn zein films and coatings. In

A. Gennadios (Ed.), Protein-based films and coatings (pp. 43–67). Boca Raton: CRC Press,

2002.

PALIWAL, R.; PALAKURTHI, S. Zein in controlled drug delivery and tissue engineering.

Journal of Controlled Release, v. 189, p. 108–122, 2014.

PATEL, A. R.; VELIKOV, K. P. Zein as a source of functional colloidal nano- and

microstructures. Current Opinion in Colloid & Interface Science, v. 19, p. 450–458, 2014.

PEELMAN, N.; RAGAERTA, P.; DE MEULENAER, B.; ADONSC, D.; PEETERS, R.;

CARDOND, L.; IMPEF, F. V. I. DEVLIEGHERE, F. Application of bioplastics for food

packaging. Trends in Food Science & Technology, v. 32, p.128-141, 2013.

PELEGRINE, D. H. G.; GASPARETTO, C. A. Whey proteins solubility as function of

temperature and pH. LWT, v. 38, p. 77-80, 2005.

PEÑA, C.; DE LA CABA, K.; ECEIZA, A.; RUSECKAITE, R.; MONDRAGON, I.

Enhancing water repellence and mechanical properties of gelatin films by tannin addition.

Bioresource Technology, 101, 6836–6842, 2010.

PENA-SERNA, C.; LOPES-FILHO, J. F. Influence of ethanol and glycerol concentration

over functional and structural properties of zein–oleic acid films. Materials Chemistry and

Physics, v. 142, n. 2–3, p. 580-585, 2013.

PEREIRA, F. M. Cultura da goiabeira. Jaboticabal: Funep, 1995. 47 p.

PÉREZ-GAGO, M. B.; GONZÁLEZ-AGUILAR, G. A.; OLIVAS, G. I. Edible coatings for

fruits and vegetables. Stewart Postharvest Review, v. 6, n. 3, p. 1-14, 2010.

PÉREZ-MATEOS, M.; MONTERO, P.; GÓMEZ-GUILLÉN, M. C. Formulation and

stability of biodegradable films made from cod gelatin and sunflower oil blends. Food

Hydrocolloids, v. 23, p. 53-61, 2009.

Page 113: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

111

PETERSON, K.; NIELSEN, P. V.; BERTELSEN, G.; LAWTHER, M.; OLSEN, M. B.;

NILLSON, N. H.; MORTENSEN, G. Potential of biobased materials for food packaging.

Trends in Food Science and Technology, v. 10, p. 52-68, 1999.

PETROV, I.; KALINKEVICH, O.; POGORIELOV, M.; KALINKEVICH, A.;

STANISLAVOV, A.; SKLYAR, A.; DANILCHENKO, S.; YOVCHEVA, T. Dielectric and

electric properties of new chitosan-hydroxyapatite materials for biomedical application:

Dielectric spectroscopy and corona treatment. Carbohydrate Polymers, v. 151, p. 770-778,

2016.

PODARALLA, S.; PERUMAL, O. Influence of formulation factors on the preparation of zein

nanoparticles. AAPS Pharm SciTech, v. 13, n. 3, 2012.

POPOVIC, S.; PERICIN, D.; VASTAG, Z.; POPOVIC, L.; LAZIC, V. Evaluation of edible

film-forming ability of pumpkin oil cake; effect of pH and temperature. Food Hydrocolloids,

v. 25, p. 470–476, 2011.

PRODPRAN, T.; BENJAKUL, S.; PHATCHARAT, S. Effect of phenolic compounds on

protein cross-linking and properties of film from fish myofibrillar protein. International

Journal of Biological Macromolecules, v. 51, p. 774-782, 2012.

PURVIS, A. C. The role of adaptative enzymes in carbohydrate oxidation by stressed and

senescing plant tissues. Hortscience, v.32, n. 7, p. 195-198, 1997.

QUINTAVALLA S.; VICINI L. Antimicrobial food packaging in meat industry. Meat

Science, v. 62, p. 373-380, 2002.

REDDY, N.; LI, Y.; YANG, Y. Wet Cross-Linking Gliadin Fibers with Citric Acid and a

Quantitative Relationship between Cross-Linking Conditions and Mechanical Properties.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, p. 90-98, 2009.

RENSMO, H.; SIEGBAHN, H. Photoelectron spectroscopy for chemical analysis. CHIMIA

International Journal for Chemistry, v. 69, p. 22-29, 2015.

RHIM, J. W.; GENNADIOS, A.; FU, D.; WELLER, C. L.; HANNA, M. A. Properties of

ultraviolet irradiated protein films. LWT – Food Science and Technology, v. 32, p. 129-133,

1999.

RHIM, J.-W.; PARK, H.-M.; HA, C.-S. Bio-nanocomposites for food packaging applications.

Progress in Polymer Science, v. 38, p. 1629– 1652, 2013.

RIBEIRO, V. G.; ASSIS, J. S.; SILVA, F. F.; SIQUEIRA, P. P. X.; VILARONGA, C. P. P.

Armazenamento de goiabas ‘paluma’ sob refrigeração e em condição ambiente, com e sem

tratamento com cera de carnaúba. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 27, n. 2, p. 203-206,

2005.

RIVERO, S.; GARCÍA, M. A.; PINOTTI, A. Crosslinking capacity of tannic acid in

plasticized chitosan films. Carbohydrate Polymers, v. 82, p. 270-276, 2010.

RODRIGUEZ-TURIENZO, L.; COBOS, A.; DÍAZ, O. Effects of edible coatings based on

ultrasound-treated whey proteins in quality attributes of frozen Atlantic salmon (Salmo salar).

Innovative Food Science and Emerging Technologies, v. 14, p. 92-98, 2012.

Page 114: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

112

ROSE, N. L.; SPORNS, P.; STILES, M. E.; MCMULLEN, L. M. Inactivation of nisin by

glutathione in fresh meat. Journal of Food Science, v. 64, p. 759-762, 1999.

ROUXHET, P. G.; GENET, M. J. XPS analysis of bio-organic systems. Surface and

Interface Analysis, v. 43, p. 1453-1470, 2011.

SANTOS, T. M.; SOUZA FILHO, M. S. M.; CACERES, C. A.; ROSA, M. F.; MORAIS, J.

P. S.; PINTO, A. M. B.; AZEREDO, H. M. C. Fish gelatin films as affected by cellulose

whiskers and sonication. Food Hydrocolloids, v. 41, p. 113-118, 2014.

SALMASO, S.; ELVASSORE, N.; BERTUCCO, A.; LANTE, A.; CALICETI, P. Nisin-

loaded poly-l-lactide nano-particles produced by CO2 anti-solvent precipitation for sustained

antimicrobial activity. International Journal of Pharmaceutics, v. 287, p. 163-173, 2004.

SAHOO, N. R.; PANDA, M. K.; BAL, L. M.; PAL, U. S.; SAHOO, D. Comparative study of

MAP and shrink wrap packaging techniques for shelf life extension of fresh guava. Scientia

Horticulturae, v. 182, p. 1-7, 2015.

SALGADO, P. R.; ORTIZ, C. M.; MUSSO, Y. S.; DI GIORGIO, L.; MAURI, A. N. Edible

films and coatings containing bioactives. Current Opinion in Food Science, v. 5, p. 86-92,

2015.

SALINAS-HERNÁNDEZ, R. M.; ULÍN-MONTEJO, F.; SAUCEDO-VELOZ, C. Effect of

waxing and temperature of storage on the conservation of guava (Psidium guajava L.) cultivar

‘Media China’. Acta Horticulturae, v. 849, p. 401–408, 2010.

SÁNCHEZ-GONZÁLEZ, L.; VARGAS, M.; GONZALEZ-MARTINEZ, C.; CHIRALT, A.;

CHAFER, M. Use of essential oils in bioactive edible coatings: A review. Food Engineering

Reviews, v. 3, p. 1-16, 2011.

SCRAMIN, J. A.; BRITTO, D.; ASSIS, O. B. G. Caracterização da ação protetora de filmes à

base de zeínas e ácido oléico aplicados em maçãs in natura. Circular Técnica 37, Embrapa

Instrumentação Agropecuária, 2007. 3 p.

SCRAMIN, J. A.; BRITTO, D.; FORATO, L. A.; BERNARDES-FILHO, R.; COLNAGO, L.

A.; ASSIS, O. B. G. Characterisation of zein–oleic acid films and applications in fruit coating.

International Journal of Food Science and Technology, v. 46, p. 2145-2152, 2011.

SEGAT, A.; MISRA, N. N.; FABBRO, A.; BUCHINI, F.; LIPPE, G.; CULLEN, P. J.;

INNOCENTE, N. Effects of ozone processing on chemical, structural and functional

properties of whey protein isolate. Food Research International, v. 66, p. 365-372, 2014.

SELLING, G. W.; WOODS, K. K.; SESSA, D.; BISWAS, A. Electrospun zein fibers using

glutaraldehyde as the crosslinking reagent: effect of time and temperature. Macromolecular

Chemistry and Physics, v. 209, p. 1003–1011, 2008.

SELLING, G.; SESSA, D. J. Multivalent carboxylic acids to modify the properties of zein.

Industrial Crops and Products, v. 25, n. 1, p. 63-69, 2007.

SESSA, D. J.; CHENG, H. N.; KIM, S.; SELLING, G. W.; BISWAS, A. Zein-based

polymers formed by modifications with isocyanates. Industrial Crops and Products, v. 43,

p. 106– 113, 2013.

Page 115: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

113

SESSA, D. J.; MOHAMED, A.; BYARS, J.A.; HAMAKER, S.A.H.; SELLING, G. W.

Properties of films from corn zein reacted with glutaraldehyde. Journal of Applied Polymer

Science, v. 105, p. 2877-2883, 2007.

SHAMI, J. I. E.; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante. Revista de

Nutrição, v. 17, n. 2, p. 227-236, 2004.

SHARMA, J.; MISHRA, I. M.; KUMAR, V. Mechanistic study of photo-oxidation of

Bisphenol-A (BPA) with hydrogen peroxide (H2O2) and sodium persulfate (SPS). Journal of

Environmental Management, v. 166, p. 12-22, 2016.

SHI, K.; KOKINI, J. L.; HUANG, Q. Engineering zein films with controlled surface

morphology and hydrophilicity. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 57, p.

2186–2192, 2009.

SHUKLA, R.; CHERYAN, M. Zein: the industrial protein from corn. Industrial Crops and

Products, v. 13, p. 171–192, 2001.

SHUTAVA, T.; PROUTY, M.; KOMMIREDDY, D.; LVOV, Y. pH Responsive

Decomposable Layer-by-Layer Nanofilms and Capsules on the Basis of Tannic Acid.

Macromolecules, v. 38, p. 2850-2858, 2005.

SILVA, J. M.; CORREIA, L. C. S. A.; MOURA, N. P.; MACIEL, M. I. S.; VILLAR, H. P.

Use of ionising radiation technology as a method of postharvest conservation of guava.

International Journal of Postharvest Technology and Innovation, v. 2, p. 168-179, 2011.

SINGH, S. P.; PAL, R. K. Controlled atmosphere storage of guava (Psidium guajava L.) fruit.

Postharvest Biology and Technology, v. 47, p. 296-306, 2008a.

SINGH, S. P.; PAL, R. K. Ionizing radiation treatment to improve postharvest life and

maintain quality of fresh guava fruit. Radiation Physics and Chemistry, v. 78, p. 135-140,

2009.

SINGH, S. P.; PAL, R. K. Response of climacteric-type guava (Psidium guajava L.) to

postharvest treatment with 1-MCP. Postharvest Biology and Technology, v. 47, p. 307-314,

2008b.

SIONKOWSKA, A.; KACZMAREK, B.; GNATOWSKA, M.; KOWALONEK, J. The

influence of UV-irradiation on chitosan modified by the tannic acid addition. Journal of

Photochemistry and Photobiology B: Biology, v. 148, p. 333–339, 2015.

SIQUEIRA, A. M. A.; SANTOS, S. M. L.; LIMA, B. S.; AFONSO, M. R. A.; COSTA, J. M.

C. Vida útil pós-colheita de goiaba cv. ‘Paluma’ submetida ao resfriamento rápido por ar

forçado. Revista Ciência Agronômica, v. 45, n. 1, p. 45-51, 2014.

SIRACUSA, V.; ROCCULI, P.; ROMANI, S.; ROSA, M. D. Biodegradable polymers for

food packaging: a review. Trends in Food Science & Technology, v. 19, p. 634-643, 2008.

SIVAROOBAN, T.; HETTIARACHCHY, N. S.; JOHNSON, M. G. Physical and

antimicrobial properties of grape seed extract, nisin, and EDTA incorporaded soy protein

edible films. Food Research International, v. 41, p. 781-785, 2008.

Page 116: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

114

SLEPICKA, P.; KASALKOVA, N. S.; STRANSKA, E.; BACAKOVA, L.; SVORCIK, V.

Surface characterization of plasma treated polymers for applications as biocompatible

carriers, Express Polymer Letters, v. 7, p. 535-545, 2013.

SOARES, N. F. F.; SILVA, D. F. P.; CAMILLOTO, G. P.; OLIVEIRA, C. P.; PINHEIRO,

N. M.; MEDEIROS, E. A. A. Antimicrobial edible coating in post-harvest conservation of

guava. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, 281–289, 2011.

SOLIMAN, E. A.; FURUTA, M. Influence of γ-irradiation on mechanical and water barrier

properties of corn protein-based films. Radiation Physics and Chemistry, v. 78, p. 651–654,

2009.

SOUSA, F. F. O.; LUZARDO-ÁLVAREZ, A.; BLANCO-MÉNDEZ, J.; OTERO-ESPINAR,

F.J.; MARTÍN-PASTOR, M.; SÁNDEZ MACHO, I. Use of 1H NMR STD, WaterLOGSY,

and Langmuir monolayer techniques for characterization of drug–zein protein complexes.

European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics, v. 85, n. 3, p. 790-798, 2013.

STRAUSS, G.; GIBSON, S. M. Plant phenolics as cross-linkers of gelatin gels and gelatin-

based coacervates for use as food ingredients. Food Hydrocolloids, v. 18, p. 81-89, 2004.

STYLIANOU, A.; YOVA, D.; ALEXANDRATOU, E. Investigation of the influence of UV

irradiation on collagen thin films by AFM imaging. Materials Science and Engineering C,

v. 45, p. 455-468, 2014.

TAI, Y. C.; JOSHI, P.; McGUIRE, J.; NEFF, J. A. Nisin adsorption to hydrophobic surfaces

coated with the PEO–PPO–PEO triblock surfactant Pluronic® F108. Journal of Colloid and

Interface Science, v. 322, n. 1, p. 112-118, 2008.

TEIXEIRA, GUSTAVO H. A.; CUNHA JÚNIOR, L. C.; FERRAUDO, A. S.; DURIGAN, J.

F. Quality of guava (Psidium guajava L. cv. Pedro Sato) fruits to red in low-O2 controlled

atmospheres is negatively affected byincreasing levels of CO2. Postharvest Biology and

Technology, v. 111, p. 62–68, 2016.

TEIXEIRA, M. T. B.; FAERSTEIN, E.; LATORRE, M. R. Técnicas de análise de sobrevida.

Cadernos de Saúde Pública, v. 18, n. 3, p. 579-594, 2002.

TIHMINLIOGLU, F.; ATIK, I.D.; ÖZEN, B. Water vapor and oxygen-barrier performance of

corn-zein coated polypropylene films. Journal of Food Engineering, v. 96, p. 342–347,

2010.

ÜNALAN, I. U.; ARCAN, I.; KORE, F.; YEMENICIOGLU, A. Application of active zein

based films with controlled release properties to control Listeria monocytogenes growth and

lipid oxidation in fresh Kashar cheese. Innovative Food Science and Emerging

Technologies, v. 20, p. 208-214, 2013.

VAN DE VEN, F. J. M.; VAN DEN HOOVEN, H. W.; KONINGS, R. N. H.; HILBERS, C.

W. NMR studies of lantibiotics. European Journal of Biochemistry, v. 202, p. 1181-1188,

1991.

VELHO, A. C.; AMARANTE, C. V. T.; ARGENTA, L. C.; STEFFENS, C. A. Influência da

temperatura de armazenamento na qualidade pós-colheita de goiabas serranas. Revista

Brasileira de Fruticultura, v. 33, n. 1, p. 14-20 2011.

Page 117: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

115

VICENTE, A. R.; MARTÍNEZ, G. A.; CHAVES, A. R.; CIVELLO, P. M. Effect of heat

treatment on strawberry fruit damage and oxidative metabolism during storage. Postharvest

Biology and Technology, v. 40, p. 116-122, 2006.

VISHWASRAO, C.; ANANTHANARAYAN, L. Postharvest shelf-life extension of pink

guavas (Psidium guajava L.) using HPMC-based edible surface coatings. Journal of Food

Science and Technology, v. 53, n. 4, p. 1966–1974, 2016.

WAN, Z.; WANG, L.; YANG, X.; GUO, J.; YIN, S. Enhanced water resistance properties of

bacterial cellulose multilayer films by incorporating interlayers of electrospun zein fibers.

Food Hydrocolloids, v. 61, p. 269-276, 2016.

WANG, L.; QIN, G.; GENG, S.; DAI, Y.; WANG, J. Y. Preparation of zein conjugated

quantum dots and their in vivo transdermal delivery capacity through nude mouse skin.

Journal of Biomedical Nanotechnology, v. 9, p. 367–376, 2013.

WANG, Q.; WANG, J. F.; GEIL, P. H.; PADUA, G. W. Zein adsorption to hydrophilic and

hydrophobic surfaces investigated by surface plasmon resonance. Biomacromolecules, v. 5, p.

1356-1361, 2004.

WANG, Y.; RAKOTONIRAINY, A. M.; PADUA, G. W. Thermal behavior of zein-based

biodegradable films. Starch – Stärke, v. 55, p. 25-29, 2003.

WANG, Y.; SU, C-P.; SCHULMERICH, M.; PADUA, G. W. Characterization of core-shell

structures formed by zein. Food Hydrocolloids, v. 30, p. 487-494, 2013.

WATADA, A. E.; QI, L. Quality of fresh-cut produce. Postharvest Biology and

Technology, v. 15, p. 201-205, 1999.

WATADA, A.; ABE, K.; YAMAUCHI, N. Physiological activities of partially processed

fruits and vegetables. Food Technology, Chicago, v. 20, p. 116-122 , 1990.

WENG, M.; QIU, Z. Miscibility and crystallization behavior of biodegradable poly (butylene

succinate-co-butylene carbonate) and tannic acid blends. Thermochimica Acta, v. 575, p.

262– 268, 2014.

WERNER, E. T.; OLIVEIRA, L. F. G. JR.; BONA, A. P.; CAVATI, B.; GOMES, T. D. U.

H. Efeito do cloreto de cálcio na pós-colheita de goiaba Cortibel. Bragantia, v. 68, p. 511-

518, 2009.

WIHODO, M.; MORARU, C. I. Physical and chemical methods used to enhance the structure

and mechanical properties of protein films: A review. Journal of Food Engineering, v. 114,

p. 292–302, 2013.

WOODS, K.; SELLING, G. W. Melt reaction of zein with glyoxal to improve tenxile strength

and reduce solubility. Journal of Applied Polymer Science, v. 109, p. 2375-2383, 2008.

XIA, Z.; SINGH, A.; KIRATITANAVIT, A.; MOSURKAL, R.; KUMAR, J.;

NAGARAJAN, R. Unraveling the mechanism of thermal and thermo-oxidative degradation

of tannic acid. Thermochimica Acta, v. 605, p. 77–85, 2015.

Page 118: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

116

XING, Q.; YATES, K.; VOGT, C.; QIAN, Z.; FROST, M.C.; ZHAO, F. Increasing

mechanical strength of gelatin hydrogels by divalent metal ion removal. Scientific Reports,

v. 4, p. 4706, 2014.

XU, H., CHAI, Y. W., ZHANG, G. Y. Synergistic Effect of Oleic Acid and Glycerol on Zein

Film Plasticization. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 60, p. 10075−10081,

2012.

YANG, C.; XU, L.; ZHOU, Y.; ZHANG, X.; HUANG, X.; WANG, M.; HAN, Y.; ZHAI,

M.; WEI, S.; LI, J. A green fabrication approach of gelatin/CM-chitosan hybrid hydrogel for

wound healing. Carbohydrate Polymers, v. 82, p. 1297-1305, 2010.

YI, Z.; LI, X.; XUA, X.; LUO, B.; LUO, J.; WU, W.; YI, Y.; TANG, Y. Green, effective

chemical route for the synthesis of silver nanoplates in tannic acid aqueous solution. Colloids

and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 392, p. 131-136, 2011.

YOKSAN, R.; JIRAWUTT HIWONGCHAI, J.; ARPO, K. (2010). Encapsulation of

ascorbylpalmitate in chitosan nanoparticles by oil-in-water emulsion and ionic gelation

processes. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, v. 76, n. 1, p. 292–297.

YONG, Z.; LILI, C.; XIAOXIA, C.; HENG, Z.; NIANQIU, S.; CHUNLEI, L.; YANA, C.;

WEI, K. Zein-based films and their usage for controlled delivery: Origin, classes and current

landscape. Journal of Controlled Release, v. 206, p. 206-219, 2015.

YUN, J.; FAN, X.; LI, X.; JIN, T. Z.; JIA, X.; MATTHEIS, J. P. Natural surface coating to

inactivate Salmonella enterica serovar Typhimurium and maintain quality of cherry tomatoes.

International Journal of Food Microbiology, v. 193, p. 59-67, 2015.

ZAMBRANO-ZARAGOZA, M. L.; MERCADO-SILVA, E.; RAMIREZ-ZAMORANO, P.;

CORNEJO-VILLEGAS, M. A.; GUTIÉRREZ-CORTEZ, E.; QUINTANAR-GUERRERO,

D. Use of solid lipid nanoparticles (SLNs) in edible coatings to increase guava (Psidium

guajava L.) shelf-life. Food Research International, v. 51, p. 946–953, 2013.

ZAPATA, P. J.; GUILLÉN, F. N.; MART´INEZ-ROMERO, D.; CASTILLO, S.; VALERO,

D.; SERRANO, M. Use of alginate or zein as edible coatings to delay postharvest ripening

process and to maintain tomato (Solanum lycopersicon Mill) quality. Journal of the Science

of Food and Agriculture, v. 88, p. 1287-1293, 2008.

ZHANG, B.; LUO, Y.; WANG, Q. Effect of acid and base treatments on structural,

rheological, and antioxidant properties of α-zein. Food Chemistry, v. 124, p. 210-220, 2011.

ZHANG, B.; WANG, Q. Development of Highly Ordered Nanofillers in Zein

Nanocomposites for Improved Tensile and Barrier Properties. Journal of Agricultural and

Food Chemistry, v. 60, p. 4162−4169, 2012.

ZHANG, H.; MITTAL, G. Biodegradable Protein-based Films from Plant Resources: A

Review. Environmental Progress & Sustainable Energy, v. 29, n. 2, p. 203-220, 2010.

ZHANG, X.; DO, M. D.; CASEY, P.; SULISTIO, A.; QIAO, G. G.; LUNDIN, L.;

LILLFORD, P.; KOSARAJU, S. Chemical Modification of Gelatin by a Natural Phenolic

Cross-linker, Tannic Acid. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 58, p. 6809-

6815, 2010.

Page 119: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

117

ZHAO, X.; ZHU, H.; ZHANG, B.; CHEN, J.; AO, Q.; WANG, X. XRD, SEM, and XPS

analysis of soybean protein powders obtained through extraction involving reverse micelles.

Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 92, p. 975-983, 2015.

ZHOU, T.; ZHU, Y.; LI, X.; LIU, X.; YEUNG, K. W. K.; WU, S.; WANG, X.; CUI, Z.;

YANG, X.; CHU, P. K. Surface functionalization of biomaterials by radical polymerization.

Progress in Materials Science, v. 83, p. 191–235, 2016.

Page 120: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

118

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma geral, este trabalho de tese teve seus objetivos atingidos, abordando uma

ampla área de conhecimentos que incluíram, tanto a parte de modificações químicas pela

técnica de reticulação, quanto a modificação da superfície por uso de técnicas físicas, como o

tratamento UVO. Foi possível a melhoria das propriedades físicas do filme de zeína e a adsorção

do composto antimicrobiano nisina na superfície, o que indica que filmes de zeína apresentam

grande potencial de utilização como embalagem de alimentos.

A aplicação de revestimentos de zeína em goiabas apresentou ótimos resultados,

retardando o amadurecimento e possibilitando o aumento de vida útil. As goiabas mostraram

ser um modelo adequado para verificar a eficiência de revestimentos pela sua curta vida útil.

Esses revestimentos podem ser utilizados em outros frutos ou outros alimentos, como produtos

cárneos para avaliar a eficiência dos filmes com nisina. Ainda há muito o que ser estudado e

aprofundado para possibilitar o uso das tecnologias utilizadas nesse trabalho de forma mais

efetiva, especialmente na obtenção de filmes antimicrobianos de zeína com adsorção de nisina,

e no aumento de vida útil de goiabas e outros alimentos. Este trabalho abre caminhos para o

uso de novas tecnologias para a utilização de zeína, possibilitando a sua utilização em produtos

com maior valor agregado, e ainda para o uso dessas tecnologias em outros materiais

biodegradáveis.

Page 121: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

119

APÊNDICE A – Avaliação da atividade antimicrobiana de revestimentos de zeína com

nisina pelo método de difusão em ágar

O efeito antimicrobiano das dispersões filmogênicas foi avaliado pelo método de

difusão em ágar de acordo com a norma de Desempenho para Testes de Sensibilidade

Antimicrobiana, recomendada pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI, 2012).

O cultivo das bactérias avaliadas Listeria monocytogenes e Escherichia coli e da levedura S.

cereviseae foi feito segundo o tópico 3.3.5. Suspensões de células com aproximadamente 1 x

108 UFC/ml de E. coli, L. monocytogenes e S. cerevisiae foram espalhadas na superfície de

placas de Petri de ágar e caldo infuso de cérebro e coração (BHI) para L. monocytogenes e E.

coli e ágar Batata Dextrose para a levedura, com auxílio de um swab. Após a inoculação, o ágar

foi perfurado para obter poços de 5 mm de diâmetro, aos quais foram adicionados 60 µl das

diferentes soluções testadas. Foram testadas as seguintes dispersões: Z - zeína, ZR - zeína

reticulada, ZN1 - zeína com nisina 7% (m/m de zeína ou 7000 UI/mg), ZRN1 - zeína reticulada

com nisina 7%, ZN2 - zeína com nisina 14% (m/m de zeína ou 14000 UI/mg), ZRN2 - zeína

reticulada com nisina 14%, preparadas de acordo com o tópico 3.5.1, e a nisina adicionada por

último e agitada em agitador magnético. As placas foram incubadas a 35 °C/24 h e 25 °C/48-

72h, para bactérias e levedura, respectivamente. A atividade inibitória foi observada pela

inibição de crescimento microbiano ao redor dos poços e quando houve formação de halo

(inibição em torno do filme), este foi quantificado pela medida do diâmetro total.

Para verificar se a diminuição de pH melhora a atividade da nisina, foi testada a

substituição de 17% do solvente (etanol 80%) por ácido acético, o qual também é utilizado

como solvente para zeína. Foi realizado o mesmo procedimento anterior, com os mesmos

microrganismos, todos com 7% de nisina. Foram testadas as soluções: ZN1 - zeína com nisina,

ZN(ac) – zeína com nisina e substituição de 5 mL de ácido acético em 30 mL de solução

etanol/água 80%, ZNR1 - zeína reticulada com nisina e ZRN(ac) – zeína reticulada com nisina

e substituição de 5 mL de ácido acético em 30 mL de solução etanol/água 80%.

Os resultados de atividade antimicrobiana estão dispostos nas Figuras 32 e 33. Pode

ser observado na Figura 32 que houve formação de halo para L. monocytogenes e E. coli

somente para as soluções reticuladas com ácido tânico (ZR, ZRN1 e ZRN2), indicando que o

ácido tânico pode estar atuando como um antimicrobiano nas soluções de zeína. Ao contrário

do esperado, a presença de nisina não favoreceu a atividade antimicrobiana, o que pode ser

observado nos halos de ZN1 E ZN2. O aumento da concentração de nisina, além de não ter

efeito, ainda diminuiu o halo (Tabela 16), comparando ZRN1 (16 e 15,5 mm) com ZRN2 (10,5

Page 122: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

120

e 11 mm). Não houve atividade antimicrobiana para S. cereviseae, pois não houve inibição de

crescimento para nenhuma das soluções testadas, apesar de ser possível ter ocorrido inibição na

região de contato.

Figura 32 - Atividade antimicrobiana de soluções filmogênicas de zeína Z, ZR, ZN1, ZRN1,

ZN2, ZRN2 (60µL) em placas com ágar BHI e PDA (levedura). (a) Listeria monocytogenes;

(b) Escherichia coli; (c) Saccharomyces cerevisiae. Concentrações de nisina (m/m de zeína):

ZN1, ZRN1- 7%; ZN2, ZRN2 - 14%.

Tabela 16 - Diâmetros de zonas de inibição (mm) para soluções filmogênicas de zeína contra

bactérias L. monocytogenes e E. coli.

Solução Listeria

monocytogenes Escherichia coli

Z 7,0 ± 0,0 8,0 ± 0,0

ZR 16,5 ± 0,5 15,5 ± 0,5

ZN1 6,0 ± 0,0 6,5 ± 0,5

ZRN1 16,0 ± 1,0 15,5 ± 0,5

ZN2 6,0 ± 0,0 6,5 ± 0,5

ZRN2 10,5 ± 0,5 11 ± 0,0 Soluções: Z- solução de zeína, ZR – solução de zeína reticulada, ZN1 – solução de zeína com nisina 7% (m/m de

zeína ou 7000 UI/mg), ZRN1 – solução de zeína reticulada com nisina 7%, ZN2 – solução de zeína com nisina

14% (m/m de zeína ou 14000 UI/mg), ZRN2 – solução de zeína reticulada com nisina 14%.

A Figura 33 mostra que a nisina em pH ácido foi efetiva, apresentando efeito

antimicrobiano para L. monocytogenes e E. coli, mesmo sem a presença de ácido tânico em

solução, pois houve formação de halo para ZN(ac) (sem reticulação), como mostra a Tabela 17,

assim como para ZRN(ac). Provavelmente, isso se deve à diminuição do pH de solução pelo

uso de ácido acético, que favorece a atividade de nisina, já que esta apresenta maior solubilidade

em pH ácido (SALMASO et al., 2004). Então, foi mostrado que a nisina só tem efetividade em

pH ácido e foi escolhido o tratamento ZRN (ac) para teste como revestimento de goiabas.

a

Z

ZN1

ZR

ZRN1

ZRN2

ZN2

b

Z

ZN1

ZR

ZRN1

ZRN2

ZN2

c

Z

ZN1

ZR

ZRN1

ZRN2

ZN2

Page 123: Melhoria de propriedades físicas em filmes de zeína para ... · MELHORIA DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE FILMES E REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS DE ZEÍNA FORTALEZA 2016 . TALITA MACEDO

121

Figura 33 - Atividade antimicrobiana de soluções filmogênicas de zeína ZN1, ZN(ac), ZRN1

e ZRN (ac) (60µL) em placas com ágar BHI. (a) Listeria monocytogenes; (b) Escherichia coli.

Tabela 17 - Diâmetros de zonas de inibição (mm) e pH para soluções filmogênicas de zeína

contra bactérias L. monocytogenes e E. coli.

Solução pH da solução Listeria

monocytogenes Escherichia coli

ZN1 5,1 7,0 ± 1,0 6,5 ± 1,5

ZN(ac) 3,1 24,0 ± 0,0 15,0 ± 0,0

ZRN1 8,3 10,5 ± 0,5 10,5 ± 0,5

ZRN(ac) 4,0 25 ± 0,0 25,0 ± 0,0 Soluções: ZN1 – solução de zeína com nisina 7% (m/m de zeína ou 7000 UI/mg), ZN(ac) – solução de zeína com

nisina 7% em ácido acético, ZRN1 – solução de zeína reticulada com nisina 7%, ZRN2 – solução de zeína

reticulada com nisina 7% em ácido acético.

Teste preliminar da solução de nisina em goiabas

Com relação ao tratamento ZRN (ac), foi observado durante testes preliminares na

superfície de goiabas que este provocou um dano na casca caracterizado por manchas escuras

que tornou a aparência destas inaceitável (Figura 34), e por isso esse tratamento não foi utilizado

no estudo do revestimento de goiabas. Possivelmente, a composição do solvente utilizado para

as dispersões com nisina, com diminuição do pH para que esta pudesse ter atividade

antimicrobiana, provocou injúrias na superfície do fruto. Por isso, o revestimento ZRN foi

considerado inadequado para utilização em goiabas, e não foi dada continuidade nas análises

posteriores com esse tratamento.

Figura 34 - Goiabas revestidas com revestimento ZRN.

a b a

ZN(ac)

ZRN1

ZN1

ZRN(ac)

ZN(ac)

ZRN1

ZN1

ZRN(ac)