Materialidades da comunicação e participação política na internet: potências e limitações

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IV Simpósio Nacional ABCiber - Dias 01, 02 e 03 de Novembro de 2010 - ECO/UFRJ 1 Materialidades da comunicação e participação política na internet: potências e limitações 1 Rodrigo Carreiro 2 UFBA (Universidade Federal da Bahia) Resumo Diante da discussão acerca das possibilidades democráticas da internet, o presente artigo visa contribuir para o debate ao abordar a questão da perspectiva das materialidades da comunicação (GUMBRECHT & PFEIFFER, 1994). Tal linha teórica trata o suporte material do meio e suas características como determinantes de processos midiáticos, inclusive a utilização que se faz da internet em busca de novos ideais democráticos, engajamento cívico e participação política. Para tanto, analisamos tópicos de argumentação das possibilidades democráticas da internet, dimensionando-os com posicionamentos quanto à materialidade da internet e da forma como essa pode influenciar a participação política em rede, seja em nível potencial ou limitador. Palavras-chave: materialidades; comunicação; democracia; internet 1.0 Introdução O surgimento de novas tecnologias da informação e comunicação sempre esteve relacionado à transformação de práticas sociais. No caso da política e da democracia, novos meios de comunicação suscitam debates em torno do acesso à informação, fator intimamente ligado à possibilidade de participação e engajamento político dos cidadãos. Isso ocorreu, e ainda ocorre, em relação à internet, mesmo que o contexto político mundial aponte para a consolidação da democracia representativa ao redor do globo. Inegavelmente, a rede mundial de computadores trouxe consigo novos elementos que injetaram uma certa “novidade” no campo das ações políticas, mobilização, acesso à informação política e transparência do Estado (COLEMAN; BLUMLER, 2009). A partir disso, a lógica legitimadora de participação civil na esfera política ganha outro dispositivo, encontrando na internet novas possibilidades técnicas de acesso à informação e acionamento ideológico. A esperança defendida por muitos foi de que a internet suprisse algumas deficiências do Estado democrático participativo, que sofre do hiato existente entre a esfera 1 Artigo científico apresentado ao eixo temático “Políticas, Governança e Regulação da Internet”, do IV Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Especialista em convergência midiática e mestrando do PPGCCC (Facom-UFBA). Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Internet e Democracia.

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Artigo apresentado na ABCiber 2010 (UFRJ).

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Materialidades da comunicação e participação política na internet: potências e

limitações1

Rodrigo Carreiro2

UFBA (Universidade Federal da Bahia)

Resumo

Diante da discussão acerca das possibilidades democráticas da internet, o presente artigo visa

contribuir para o debate ao abordar a questão da perspectiva das materialidades da

comunicação (GUMBRECHT & PFEIFFER, 1994). Tal linha teórica trata o suporte material

do meio e suas características como determinantes de processos midiáticos, inclusive a

utilização que se faz da internet em busca de novos ideais democráticos, engajamento cívico e

participação política. Para tanto, analisamos tópicos de argumentação das possibilidades

democráticas da internet, dimensionando-os com posicionamentos quanto à materialidade da

internet e da forma como essa pode influenciar a participação política em rede, seja em nível

potencial ou limitador.

Palavras-chave: materialidades; comunicação; democracia; internet

1.0 – Introdução

O surgimento de novas tecnologias da informação e comunicação sempre esteve

relacionado à transformação de práticas sociais. No caso da política e da democracia, novos

meios de comunicação suscitam debates em torno do acesso à informação, fator intimamente

ligado à possibilidade de participação e engajamento político dos cidadãos. Isso ocorreu, e

ainda ocorre, em relação à internet, mesmo que o contexto político mundial aponte para a

consolidação da democracia representativa ao redor do globo.

Inegavelmente, a rede mundial de computadores trouxe consigo novos elementos que

injetaram uma certa “novidade” no campo das ações políticas, mobilização, acesso à

informação política e transparência do Estado (COLEMAN; BLUMLER, 2009). A partir

disso, a lógica legitimadora de participação civil na esfera política ganha outro dispositivo,

encontrando na internet novas possibilidades técnicas de acesso à informação e acionamento

ideológico. A esperança defendida por muitos foi de que a internet suprisse algumas

deficiências do Estado democrático participativo, que sofre do hiato existente entre a esfera

1 Artigo científico apresentado ao eixo temático “Políticas, Governança e Regulação da Internet”, do IV

Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Especialista em convergência midiática e mestrando do PPGCCC (Facom-UFBA). Membro do Grupo de

Pesquisa Comunicação, Internet e Democracia.

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política (interesses dos representantes do Estado e do próprio Estado) e a esfera pública

(anseios e necessidades da população) (GOMES, 2005a). Argumentos demonstram que por

um lado a internet é o local das novas disposições políticas e ambiente propício para

democracia mais horizontal (LEMOS, 2009; LÉVY, 1999; CANAVILHAS, 2009;

RHEINGOLD, 2002), enquanto que outra linha acadêmica entende que a internet não altera a

força democrática do cidadão (KEETER et al, 2002; ZUKIN et al, 2006; ESTER & VINKEN,

2003).

A fim de contribuir para o debate, o presente artigo apresenta a discussão do tema sob

a luz das materialidades da comunicação, programa de pesquisa formulado inicialmente por

Gumbrecht & Pfeiffer (1994) e que entende o suporte material dos meios como determinante

dos processos midiáticos. Partindo do pressuposto de que as tecnologias “permitem” práticas

sócio-culturais próprias, analisamos as potências e limitações da internet em direção à

democracia sob a perspectiva da materialidade da internet. Discutiremos como essa

materialidade pode influenciar no engajamento cívico ou participação política, seja no âmbito

potencial ou limitador.

2.0 – Engajamento cívico e participação política na internet

A discussão em torno das potencialidades e limitações da democracia face às

utilizações da internet surgiu no hiato de dois aspectos que falharam. Primeiro, no “cardápio

restrito” (GOMES, 2005b) de ferramentas oferecidas pelo Estado para aproximação entre

população e Estado, seja no âmbito de participação política local, regional ou nacional; e

segundo, na falha do jornalismo em ser uma alternativa fiscalizadora as ações desse mesmo

Estado. “O papel democrático primário dos meios e agentes da comunicação de massa é

funcionar como cão de guarda a vigiar o Estado, em defesa do interesse público ou do

domínio da cidadania” (GOMES, 2005a, p. 215).

A internet, portanto, teria o desafio de agregar, em uma rede global de inteligência

(LÉVY, 1999), todos os cidadãos interessados em se aproximar das decisões políticas, seja

através de discussões públicas, promovendo mobilizações, propondo ações afirmativas, dentre

outras situações. Então, diversas iniciativas tentaram dar poder ao cidadão no sentido de se

aproximar das decisões políticas (FLEW; WILSON, 2010) – ou então o próprio Estado dispôs

algumas ferramentas para promover accountability e orçamentos participativos (SAMPAIO,

2010a), só para ficar em dois exemplos. A partir disso, a lógica legitimadora de participação

civil na esfera política ganha outro dispositivo, encontrando na internet novas possibilidades

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técnicas de acesso à informação e acionamento ideológico. De qualquer modo, é perigoso

falar em “crise” na democracia:

Como aponta Gomes (2005b, 2007), nunca houve tantos países no mundo que

adotassem o regime democrático, as teorias sobre democracia avançaram em

décadas o que foi preciso séculos no passado e, finalmente, a idéia de democracia

nunca esteve em tão alta conta. A “crise”, segundo o autor, está, como apontado

acima, nas práticas, instituições e valores da política contemporânea que se afastam

da democracia desejável (Gomes, 2005b, p. 58). (SAMPAIO, 2010b).

Como os valores políticos, refletidos em seus representantes, sofrem de certo desgaste,

Vitale (2007) expõe duas situações limites que apontam para o enfraquecimento da

representação política. Primeiro, existe um déficit na prestação pública de contas, o que

“borraria” o entendimento da população das ações do Estado. Segundo, os representantes do

povo não conseguem se alinhar a interesses em comum que justifiquem suas decisões. É

dentro dessas falhas, portanto, que se devem criar novas iniciativas, dispositivos e ferramentas

democráticas capazes de ampliar o elo entre políticos e população para camadas mais efetivas

de ação.

Lévy (1999) e toda uma tradição de cibercultura vêm defendendo que o ciberespaço

não deve servir apenas como repositório de atividades comerciais ou de entretenimento. Deve

também dar base para formação do que ele chama de “inteligência coletiva”, um processo

social que resulta da conversação e distribuição do conhecimento em escala global, ligada em

rede, resultando em “enriquecimento” mútuo.

3.0 – As materialidades da comunicação

Antes de tentar se aprofundar na teoria em questão, é preciso ter noção que sua

aplicabilidade em qualquer processo comunicacional depende do contexto social e histórico

em que está sendo produzido. A internet, a qual, em parte, estudaremos nas páginas seguintes,

é fruto de um contexto democrático próprio, uma vez que suas concepções globais de acesso e

exploração são reflexos diretos das democracias contemporâneas, da abertura de mercados,

globalização e rápida evolução das tecnologias da informação e comunicação. Por outro lado,

essa mesma internet também tem o poder de nos fazer repensar concepções sobre práticas

tradicionais, como a democracia, por exemplo, e buscar objetivos reconfigurados.

A partir dessa relação dialogante, podemos observar que as tecnologias “permitem”

práticas sócio-culturais próprias, na medida em que “o significado da tecnologia na

comunicação não está na sua funcionalidade” (TANG, 2006, p. 2). É a relação dessa

funcionalidade com o uso material que o homem faz que vai produzir resultados e

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representações de mundo. Então, a partir da criação de uma nova tecnologia, vemos nosso

“mundo” se modificar pela reutilização de antigas técnicas – que, em certo nível, são

repensadas – e apropriação de novas, essa já “moldadas” pela articulação das anteriores

(DUARTE, 2007). Por ser um processo multifacetado e que desperta interpretações em vários

níveis da comunicação, as materialidades podem servir como um amplo quadro de análise

desses fenômenos.

Em linhas gerais, praticamente qualquer campo pode ser pensado sobre a ótica das

materialidades. Como observa Felinto (2001), o que importa “é a busca por um novo modo de

encarar os objetos culturais” (p. 10), por isso que é possível projetar suas bases de análise em

direção à internet, o ciberespaço e as relações que se estabelecem nesse ambiente. No entanto,

é preciso ter cautela ao abordar as materialidades na comunicação. O campo das teorias da

comunicação tem tradição consolidada em diversos aspectos e caminho tortuoso em outros, o

que nos leva, portanto, a tratar a teoria em questão sem tentativas de estabelecer definições e

aplicações definitivas. Enfatizamos que a escolha por um novo caminho teórico nesse artigo é

na tentativa de problematizar o assunto em questão e ampliar os horizontes relacionados à

mediação das novas tecnologias da informação e comunicação, política e o usuário.

Então, além do nível da interpretação, existe um nível “inalcançável”, que serve como

ponto de partida para o processo comunicacional: as materialidades (FELINTO, 2001). A

gênese do programa de pesquisas está nos estudos literários, conduzidos pelo professor

Gumbrecht e que têm referência de outros campos e autores da comunicação, como Marshall

McLuhan e Walter Benjamin. “Materialidade da Comunicação (MdC) é um programa de

pesquisa, que pretende indagar sobre as condições, o lugar, o suporte e as modalidades de

produção de sentido, que, por si, são isentos de sentido” (HANKE, 2005, p. 2). Portanto, falar

em materialidades é ter a noção de que todo ato de comunicação pressupõe um suporte

material para se formar.

Pela teoria das materialidades devemos reconhecer o papel dos artefatos e dos

atores na comunicação. É, portanto contra a imaterialidade da comunicação que

essa teoria surge. Para Gumbrecht, o sentido não deve se sobrepor ao suporte e à

materialidade. Isso, no entanto, não significa que seja impossível uma

interpretação do processo comunicacional (LEMOS, 2010, p. 6).

Mcluhan (1962) e seus estudos sobre comunicação também seguem linha parecida.

Para o autor, se o “meio é a mensagem”, então o meio é também definidor de parâmetros

limitadores e potencializadores da informação. O meio vai além da simples transmissão de

mensagem, pois ele permite (ou força) a transformação do ambiente midiático já formado.

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Mais do que isso, “constrói espaço e tempo e desenvolve sociabilidade específica entre

pessoas como também entre pessoas e os objetos mediados” (TANG, 2006, p.9). Isso é

perceptível nas relações diárias que estabelecemos, desde a forma como vemos televisão,

passando pelo modo como lidamos com correspondências (virtuais ou não), até na maneira

como procuramos garantir nossos direitos civis.

Então, o sentido perderia importância para a concepção material do meio? Para

Gumbrecht (2004) isso não é o mais importante, e sim a noção de que a produção de sentido

só se concretiza a partir do diálogo entre formas materiais. Felinto (2001) exemplifica essa

lógica recorrendo à primeira instância da teoria, isto é, os estudos literários. Esses têm papel

fundamental para formação do pensamento das materialidades, visto que a teoria carrega a

ideia de repensar o texto para além do próprio sentido, levando em consideração experiências

de leituras particulares, contexto histórico e a forma como a pessoa tem acesso ao conteúdo.

A ideia do “não-hermenêutico” de Gumbrecht é, antes de qualquer coisa, provocadora.

Não tem um sentido substitutivo nem muito menos vem para criticar profundamente a

hermenêutica. Essa também é a intenção do presente artigo, que permanece com suas bases

fincadas naquilo que Hanke (2005) chama de dicotomia entre “uma materialidade, uma

presença de coisas e situações num nível de „realidade‟ fora da interpretação, e, de outro lado,

as respectivas interpretações” (p. 2). Essa imbricada relação leva ao entendimento de que não

só o agente humano é reflexo do contexto social, mas também as tecnologias que são

produzidas. Pode-se dizer, portanto, que “cada prática de armazenamento e transmissão de

informação tem uma história material que diz tanto dos produtos e usos das tecnologias

quanto da noção de sujeito” (DUARTE, 2007, p. 48). Há uma espécie de mediação mútua,

que muito tem, em sua concepção primeira, dos elementos de sua própria materialidade.

Essa noção parece bastante interessante para entender como as pessoas podem se

apropriar da internet para fins democráticos, buscar garantias cidadãs, lutar por direitos

cívicos e se engajar em causas de bem comum. No caso da rede mundial de computadores e

das novas tecnologias da informação e comunicação, o estudo das materialidades lida com o

“não palpável” e com o fluxo de bits “invisíveis”. São os bancos de dados e suas

especificações, códigos e processos; interfaces acessíveis ou não; conexão banda larga ou

lenta; habilidade técnica etc. Todos fatores no âmbito da materialidade específica da internet e

que vão determinar o uso que será feito dela.

4.0 – Materialidades da internet e democracia: potências e limitações

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No campo da comunicação, estudos sobre internet e democracia trilham diversos

caminhos, como já apontado na primeira parte desse artigo. A intenção dessa parte é pensar a

participação política e os potenciais democráticos da internet através da teoria das

materialidades da comunicação, buscando entender como a materialidade da internet pode

influenciar no engajamento cívico, seja no nível potencial ou limitador. O objetivo é que

possamos contribuir para um debate que aproxime as áreas de comunicação política e

cibercultura.

Para fins de sistematização, iremos adotar uma categorização de potenciais

democráticos da internet que foi resumida e discutida por Gomes (2005b). Como lembra o

autor, “sem pretender, com isso, uma síntese das sínteses, mas apenas produzir um sumário do

debate” (p. 66), nossa abordagem enumera sete blocos temáticos e faz a respectiva discussão.

Além disso, essa categorização segue argumentos de vantagens democráticas da internet

apresentada por outros autores (LÉVY, 1999; SAMPAIO, 2010; COLEMAN & BLUMLER,

2009; BIMBER, 2001; SILVA, 2009):

a) Superação dos limites de tempo e espaço para a participação política. De uma

maneira geral, vivemos atualmente em um espaço de fluxos (dinheiro, informação, tecnologia

etc.), e é esse espaço que irá se refletir nas relações sociais e na produção de conteúdo na

internet (CASTELLS, 1999). Se temos cada vez mais informação circulando em rede, temos

também inúmeras ferramentas que contribuem para isso, inclusive em busca de efeitos

democráticos.

Tratamos de fluxos de conteúdos cada vez mais robustos, super vias do conhecimento

global em constante colaboração e, como afirma Lévy (1999), ambientes interligados por nós.

Esses são formados também por dados, que seriam, na visão de Manovich (2001),

condicionadores de relações sociais e de como entendemos nós mesmos. Talvez não tão

determinantes, mas que implicam ações diretas, como novas formas de acessar informação

política, por exemplo, e como agir diante de uma nova possibilidade de engajamento cívico.

Com dados e tecnologia de acesso disponíveis, as pessoas têm a potencialidade de engendrar

estratégias cognitivas diferentes, levar à frente ações mais efetivas de democracia e moldar

realidades sociológicas, ideológicas e imaginárias da sociedade contemporânea.

A característica desterritorializante da internet põe o cidadão num jogo político mais

complexo ainda, pois qualquer cidadão pode se comunicar com pessoas de qualquer lugar do

mundo. Isso não acontecia com as mídias de massa. As mídias de funções pós-massivas

(LEMOS, 2007), como a internet, permitem uma conexão global sem obstáculos e,

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principalmente, sem intermediários. Daí que emergem iniciativas que visam uma junção

global de esforços na defesa de causas genéricas da população mundial, como meio ambiente.

Ongs e entidades do gênero continuam sua atuação “offline”, mas utilizam da materialidade

desterritorializante da internet para angariar mais seguidores e lutadores da mesma causa.

Além disso, a mesma característica propicia disseminação de cada vez mais informação

pública, o que gera a criação de novas iniciativas por parte da esfera civil no sentido de

cobrança de atitudes políticas e acompanhamento a partir dessa publicação.

b) Extensão e qualidade do estoque de informações on-line. Algumas

características materiais da internet podem ser importantes para pensar o engajamento cívico

do ponto de vista da quantidade de informação disponível. É possível, por exemplo, acessar

uma infinidade de informações das mais variadas fontes existentes, fato esse que contribui

para o que alguns autores apontam como o grande problema da falta de participação política:

a pouca informação. Antes da internet, obviamente, era possível ler em bibliotecas, informar-

se com vizinhos e amigos, ver televisão etc. A partir disso, criaria uma “camada” de

informação que subsidiaria argumentos e pensamentos em direção a processos democráticos,

desde participação em reuniões de bairro, passando por discussões políticas em âmbito local,

até o engajamento em causas maiores.

A supressão do espaço tratado no tópico anterior faz da internet um meio em que

praticamente não há limite para tal. A estocagem pode ser feita de várias formas e é

justamente nesse ponto que reside um importante ponto a ser discutido. A informação na

internet não tem “cara”, não se apresenta de forma igual para todos, pois é possível

disponibilizá-la e acessá-la por inúmeras plataformas. Manovich (2001) trata essa

característica como a que dá base de sustentação das novas mídias. A transcodificação

transforma a mídia em dado de computador, em códigos baseados em “zeros” e “uns”.

Mesmo considerando que textos digitalizados ainda são sentenças gramaticais, continua o

autor, isso tudo está transcodificado em linguagem de programação computacional.

Resgatando Mcluhan (1962) e sua já clássica frase, “o conteúdo do meio também é um

meio”, Strate (2008) exemplifica como o meio se reconfigura: o meio do discurso se tornou o

conteúdo da escrita, o meio da leitura se tornou a impressão, o meio da impressão se tornou o

conteúdo do hipertexto. É justamente esse hipertexto um dos qualificadores da internet como

meio que pode servir de base para iniciativas democráticas. No entanto, essa relação

dialogante de hipertextos na internet não garante qualidade da informação política, por

exemplo. Gomes (2005b) questiona: “Como pode o cidadão comum distinguir num volume

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absurdo de informação política entre aquela confiável, veraz e relevante e aquela errônea,

distorcida e falsa?” (p. 70). A resposta talvez esteja no que Gumbrecht (2004) chame de

“produção de presença”, isto é, “aquilo que é palpável, concreto, evidente, e tem um impacto

corporal” (HANKE, 2005, p. 4). A extensão da estocagem de informação é justamente isso:

apesar de estar acessível de forma “invisível”, é algo perfeitamente à disposição do uso por

parte das pessoas. No entanto, para “digestão” dessa informação é preciso traduzir conteúdo

em efeitos de significado, prática que, no âmbito da comunicação política, só ocorre se o

cidadão tiver alto nível de educação e renda (KEETER et al, 2002; ZUKIN et al, 2006).

c) Comodidade, conforto, conveniência e custo. Com a internet e sua característica

de conexão de pessoas em rede, o espaço físico da política se “transporta”, em parte, para o

espaço de bits. Já há eleição via internet3 e proposição de emendas a projetos de lei, essa

última uma prática até comum no Brasil atualmente4. É importante entender que a internet dá

essa potencialidade aos cidadãos. A comodidade, conforto, conveniência e custo atuam em

duas vias. Primeiro, na clara potência de liberação do pólo de emissão da informação, isto é,

na possibilidade que o meio internet propicia de forma intrínseca. Mesmo que criada com

determinado propósito, o meio se tornou outro quando foi apropriado pelo público, “revirado”

e “remixado”. Segundo, a potencialidade também facilita iniciativas de participação no

modelo up-down, pois a mesma lógica se repete para o poder público: é mais fácil

disponibilizar contas públicas (accountability), mais cômodo e barato.

A internet modifica o sentido final do conteúdo público, que seria o que Gumbrecht &

Pfeiffer (1994) trata como produção de sentido através (a priori) do elemento material

disponível. Exemplo claro disso é o recente vazamento de informações militares da Guerra do

Afeganistão, mais de 90 mil documentos que, se estivessem fisicamente dispostos a qualquer

cidadão do mundo, dificilmente atrairia tanta atenção. Transformados em bits e organizados

em base de dados acessíveis globalmente, esses documentos se reconfiguram, tornam-se

passíveis de múltiplas utilizações. E são informações que podem perfeitamente servir para

fomentar manifestações públicas, mobilização popular e engajamento contra a guerra. Além

disso, como veremos no tópico “e”, o acesso global à informação pública questiona forças de

pressão e poder.

3 Países como Suíça e Estônia já realizaram eleições on-line, com votação feita via computador pessoal:

http://tek.sapo.pt/noticias/internet/suica_efectua_primeira_votacao_via_internet_c_878449.html;

http://www.dnt.adv.br/noticias/direito-eleitoral/estonia-um-pais-onde-ate-a-votacao-nacional-e-online/. 4 Sites do Governo Federal disponibilizam ferramentas que permitem discussões sobre leis a serem aprovadas,

além de realização de audiências públicas on-line, como no: http://www.edemocracia.camara.gov.br.

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d) Facilidade e extensão de acesso. Basicamente, parece claro a noção de que é

preciso traduzir códigos técnicos e de linguagem para que se possa consumir uma mensagem

midiática. O alcance do acesso a determinada tecnologia pode depender de diversos aspectos

e quando se fala de internet um dos temas mais comentados é a exclusão digital,

principalmente em países subdesenvolvidos. Porém, no contexto do presente artigo, a

dificuldade de acesso tem dois níveis. O primeiro é o mais óbvio, que é verdadeiramente o

alcance da internet, genericamente falando, na dimensão de disponibilização do acesso

primeiro da rede mundial de computadores. O segundo se refere ao nível em que o cidadão já

está conectado e navegando “perfeitamente”, porém encontra dificuldade no acesso à

informação política, gastos públicos, grupos de ativistas etc. Esse acesso à informação, já

tratado em parte aqui, pode se transformar em atitudes políticas mais direcionadas.

A literatura de materialidades da comunicação fala em “afford”, na perspectiva de que

as tecnologias “permitem” certas práticas sociais, isto é, a funcionalidade per se não existe

(TANG, 2006), o que existe é a utilização dessa funcionalidade para produzir resultados e

representações de mundo. Por isso que é necessário obter a habilidade de quebra de códigos

técnicos e de linguagem, a verdadeira “transdução” do meio. Voltando ao exemplo do

Wikileaks, qual o propósito de ter documentos secretos revelados se não houver habilidade

em traduzir isso em atitudes efetivas? Para a imprensa parece mais fácil, pois já há certa

tradição nisso, mas para o público em geral5 pode haver constrangimento técnico. De qualquer

forma, a oportunidade de acesso que a internet proporciona não é compartilhada por outros

meios de comunicação, principalmente se formos pensar em termos de transparência e

abertura (GOMES, 2005b).

e) Sem filtros nem controle. Ainda que um “novo mundo” de possibilidades

comunicacionais se abra no simples conectar da internet, há de se relativizar sua força

comunitária global. Steinberg (2004) tem uma visão cautelosa quanto a isso. Embora admita

que o poder de circulação da informação esteja mais diluído, o autor acredita que novas

formas de poder surjam ou simplesmente se transportem para o “mundo on-line”. Ele busca

na materialidade da internet subsídios para afirmar que a própria lógica de funcionamento

técnico da internet gera sistemas de controle. Obviamente que não são sistemas semelhantes

aos da transmissão em massa, como a TV, que concentra poder na produção e distribuição,

não no consumo. Para internet, sobretudo no atual cenário, a possibilidade é de vetores de

5 Talvez para heavy users e nativos digitais haja mais facilidade.

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produção, transmissão e consumo mais horizontais, mas que acabam tendo limitações em sua

própria concepção tecnológica. Steinberg (2004) explica que os sistemas de controle de fluxos

e a própria arquitetura da rede de redes limita, de certo modo, a circulação de conteúdo. Seja

nos endereçamentos de protocolo ou nas conexões estabelecidas por roteadores globais, há

sempre algum tipo de poder concebido. Ora, conexões não se formam sozinhas. Elas precisam

de “impulso”.

Mesmo que se perceba práticas bem descentralizadas, a comunicação na rede ainda

mantém centros de pressão e poder. A materialidade específica da internet não trouxe a ideia

de comunicação global ou o estabelecimento do mito da biblioteca de Alexandria. Por outro

lado, é possível identificar algumas práticas políticas e comunicacionais bem direcionadas e

com propósito marcante, sem filtros nem controles. É o caso dos smart mobs (RHEINGOLD,

2002), que problematizam a questão dos movimentos sociais e, principalmente, questionam a

emissão de poder desses movimentos. Eles se caracterizam por organizar-se em torno de uma

rede complexa de atores sociais, em que uma das características principais é reunião de

identidades culturais distintas sem organização central ou hierárquica. Além disso, há um

resultado efetivo de ações em espaços públicos, de forma física. Esse é um exemplo em que

podemos compreender o caráter potencial da rede em reunir pessoas (o que parece óbvio), ou

seja, a materialidade da internet atua de forma quase que natural em conectar destinos

diferentes, locus de individualidades que, juntas, formam uma coletividade6. Porém, essa

materialidade em si não garante nenhuma atitude política mais organizada. A materialidade

nesse sentido atua em outra dimensão, isto é, ela não determina prática sócio-política, mas sim

permite e condiciona em certo alcance.

f) Interatividade e interação. Vimos na primeira parte desse artigo como se estrutura

a democracia deliberativa, calcada prioritariamente no debate público de idéias. A perspectiva

democrática da internet que mais salta aos olhos, portanto, diz respeito à possibilidade de

interação entre pessoas – que teria como uma das utilizações possíveis a discussão de temas

relacionados à política. E mais: também cria canais de comunicação entre Estado e população,

para que o primeiro informe o que está fazendo e também tenha acesso ao que o segundo

reivindica. Se a informação é unilateral e advinda do centro do poder apenas, então “falta a

esta democracia qualquer sentido de soberania popular que se supere o mero e episódico

exercício eleitoral” (GOMES, 2005b, p. 68).

6 O filósofo Pierre Lévy discute a inteligência coletiva em termos de processo social que resulta da conversação

e distribuição do conhecimento em escala global, ligada em rede, resultando em “enriquecimento” mútuo.

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É perceptível nas atuais apropriações da internet que os usuários não têm postura

passiva, como em parte possuem diante da televisão. Web 2.0, mídias locativas,

ciberativismo, wikis, são todas ações típicas do atual momento da rede mundial de

computadores. Basicamente, tudo isso pode ser usado a favor de um maior engajamento

cívico e participação política, pois estamos diante de um meio ainda novo, um working

progress global, que não nos permite “acostumar” com elementos estabelecidos. A acoplagem

humano-tecnologia é reconfigurada a todo momento, mas mantemos uma característica

importante: colaboração. Tal como os primitivos que não conseguem ver um filme e não

participar7 (MCLUHAN, 1962), o usuário da internet é parte dela, assim como ela já se tornou

parte dele.

Obviamente que essa visão tem contrapontos e, no caso do objeto do presente artigo,

também apresenta opositores. Sampaio (2010b) lembra que alguns debates poderiam se

formar à margem de decisões efetivas e “polarizados por posições extremas e acabariam se

tornando trocas de insultos (flames). A competição seria provocativa” (p. 40). Essa não é uma

regra, mas pode se tornar uma prática recorrente em ambientes políticos que são repositórios

de paixões partidárias, como redes sociais e sites de partidos. Mas se pensarmos em outros

dispositivos da web 2.0, constataremos exemplos mais palpáveis em que a criação de uma

rede de contatos pode gerar debates mais aprofundados8.

Andrade (2007) chama atenção para o caráter de conexão global de pessoas e

instituições. Esse aspecto vem ganhando mais forma com a introdução de novos dispositivos

móveis de comunicação, novas ferramentas de geolocalização e redes sociais, que estariam

deslocando o centro de atenção do objeto para as pessoas. A materialidade da internet, no

sentido da democracia, muda o paradigma de consumo do objeto (televisão, rádio, jornal) para

consumo do objeto com outro cidadão.

7 McLuhan (1962), ao analisar o consumo de um filme por uma tribo primitiva, explica que a diferença de

percepção de tempo e espaço deles não permitia que "consumissem" um filme da forma que sociedades iniciadas

na arte faziam. Para os integrantes da tribo, não havia código social formado sobre como assistir a filmes, além

do fato daquela tecnologia ser estranha a seus hábitos. Portanto, a atitude imediata foi a de participação e

imitação do que era visto na tela, isto é, a percepção e tradução da tecnologia foi a da colaboração. Com a

internet, esse parece ser também um caminho para seu próprio entendimento: desde sua criação, sua lógica

remetia à cooperação e ligação em rede, mesmo que para fins completamente diferentes dos de hoje. 8 Iniciativa de engajamento cívico na internet, o Cidade Democrática (www.cidadedemocratica.com.br) se

constitui num exemplo de formação de rede social em torno de discussões sobre problemas locais. É possível

criar perfil, estar em contato com outros cidadãos e cooperar em debates sobre determinada cidade, propor

propostas e apontar problemas. Órgãos das prefeituras e demais entidades políticas também fazem parte da rede.

Além desse, o Adote um Vereador (www.adoteumvereador.net) também cria uma rede de cidadãos, só que de

blogs que fiscalizam as ações de vereadores da cidade de São Paulo.

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g) Oportunidade para vozes minoritárias ou excluídas. Sem barreiras espaciais e

físicas, qualquer grupo social marginalizado pode ganhar “terreno” nos bits da internet, saindo

do gueto para o mundo. Essa perspectiva libertária é uma das bandeiras mais claras da e-

democracia, pois é a partir da ultrapassagem da barreira do desconhecimento que ONGs,

grupos, ativistas e pessoas que estavam à margem da hegemonia comunicacional de massa

podem passar a ser vistas. Assim, Mcluhan (1962) afirma que o meio é a mensagem porque o

usuário é o conteúdo.

E o próprio cidadão é portador da sua mensagem na internet. Se não há projeção

material num meio físico, cada pessoa pode ter seu quinhão cibernético, local de discussões

das mais variadas. O engajamento toma forma a partir de cada usuário, como dito antes, a

partir da conexão de individualidades projetadas em ações políticas em busca de uma causa

em comum. Esses espaços podem não ser latifúndios comparados à grandes conglomerados

de comunicação, mas estão disponíveis para acesso global.

Se a internet sozinha não modifica cultura política de participação (GOMES, 2005b;

SAMPAIO, 2010; BIMBER, 2001), pelo menos acrescenta mais uma camada de

possibilidades informativas e propicia que movimentos sociais se manifestem. O Movimento

Zapatista talvez tenha sido umas das primeiras ações efetivas de manifestação política

utilizando a internet como meio de mobilização e disseminação de informação, assim como

hoje podemos ver movimento de garantia de direitos homessexuais9 se articulando ou até

movimentos em busca do fim da corrupção eleitoral10

.

5.0 – Considerações finais

Em linhas gerais, as materialidades da comunicação podem ser usadas para estudos

dos mais variados – inclusive contribuir para a discussão da internet como modificadora de

processos democráticos. Diante de linhas de pesquisas antagônicas, jogamos luz sobre o

assunto a partir dessa perspectiva mais voltada para a cibercultura, embora não haja intenção

em estabelecer resultados definitivos. Isso significa que o presente artigo é mais um esforço

no sentido de entender como a internet potencializa ou enfraquece iniciativas democráticas,

exemplificadas no engajamento cívico.

Mesmo que haja um hiato entre anseios da população e práticas políticas, a internet

não conseguiu se tornar o meio que vai modificar essa situação. Antes vinculada aos meios de

9 http://www.naohomofobia.com.br

10 http://www.mcce.org.br/

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comunicação de massa, essa ideia passa a ser vinculada também à internet, pois, como vimos,

ela apresenta algumas características que possibilitam mais comodidade de acesso,

hiperligação de pessoas e instituições públicas, liberdade de expressão, superação dos limites

de tempo e espaço e acesso global à informação. Esse último fator é particularmente

importante para entender como uma característica material de determinada tecnologia pode

ser determinante para mudança de práticas sociais. Ao promover acesso mais fácil, cômodo e

“universal” à informação, a internet pode ser um passo importante para mudança da cultura de

iniciativas e interesse político. Um dos pontos primordiais para participação ou engajamento

político é a obtenção de informação (KEETER et al, 2002), para que ela possa ser processada,

digerida e transformada em atitudes políticas. Uma vez que essa informação está à disposição

como nunca antes esteve, pelo menos a primeira etapa do processo já pode ser realizada.

Naturalmente, esse parece ser um processo lento. Mesmo que cada vez mais tenhamos

pessoas acessando a internet e participando dela, é preciso ainda criar a cultura política

necessária para que esses cidadãos transformem informação em atitudes e práticas em direção

a novas garantias democráticas.

6.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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