Material de Apoio - Apostila
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Geografia
Leitura, Interpretação e Produção Textual
Maria Divanira de Lima ArcoverdeRossana Delmar de Lima Arcoverde
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Leitura, Interpretação e Produção Textual
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Natal – RN, 2011
Geografia
Leitura, Interpretação e Produção Textual
Maria Divanira de Lima ArcoverdeRossana Delmar de Lima Arcoverde
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Governo Federal
Presidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff
Vice-Presidente da RepúblicaMichel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da EducaçãoAloizio Mercadante Oliva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz
Vice-ReitoraMaria de Fátima Freire Melo Ximenes
Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)Secretária de Educação a DistânciaMaria Carmem Freire Diógenes Rêgo
Secretária Adjunta de Educação a DistânciaEugênia Maria Dantas
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
Reitor(a)Prof°. Antônio Guedes Rangel Júnior
Vice-Reitor(a)Prof°. José Ethan de Lucena Barbosa
Coordenador(a) Institucional de Programas Especiais – CIPEEliane de Moura Silva
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS
Marcos Aurélio Felipe
GESTÃO DE PRODUÇÃO DE MATERIAISCarolina Aires Mayer
Rosilene Alves de Paiva
PROJETO GRÁFICOIvana Lima
REVISÃO DE MATERIAISCamila Maria Gomes
Cristinara Ferreira dos Santos
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
Eugenio Tavares Borges
Janaina Tomaz Capistrano
Janio Gustavo Barbosa
Jeremias Alves de Araújo
Kaline Sampaio de AraújoLuciane Almeida Mascarenhas de Andrade
Margareth Pereira Dias
Orlando Brandão Meza Ucella
Priscila Xavier de Macedo
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Verônica Pinheiro da Silva
EDITORAÇÃO DE MATERIAIS
Adauto Harley
Alessandro de Oliveira Paula
Amanda Duarte
Ana Paula Resende
Anderson Gomes do Nascimento
Carolina Aires Mayer
Carolina Costa de Oliveira
Davi Jose di Giacomo Koshiyama
Dickson de Oliveira Tavares
Elionai Augusto Silva de Melo
Elizabeth da Silva Ferreira
José Antonio Bezerra Junior
Leonardo dos Santos Feitoza
Letícia Torres
Luciana Melo de Lacerda
Rafael Marques Garcia
Roberto Luiz Batista de Lima
Rommel Figueiredo
IMAGENS UTILIZADAS
Acervo da UFRN
www.depositphotos.com
www.morguefile.com
www.sxc.hu
Encyclopædia Britannica, Inc.
FICHA TÉCNICA
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB
© Copyright 2008. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem
a autorização expressa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
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Apresentação Institucional
ASecretaria de Educação a Distância – SEDIS da Universidade Federal do Rio Grandedo Norte – UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no âmbito local, dasPolíticas Nacionais de Educação a Distância em parceira com a Secretaria de Educaçãoa Distância – SEED, o Ministério da Educação – MEC e a Universidade Aberta do Brasil –UAB/CAPES. Duas linhas de atuação têm caracterizado o esforço em EaD desta instituição: aprimeira está voltada para a Formação Continuada de Professores do Ensino Básico, sendoimplementados cursos de licenciatura e pós-graduação lato e stricto sensu ; a segunda volta-se
para a Formação de Gestores Públicos, através da oferta de bacharelados e especializaçõesem Administração Pública e Administração Pública Municipal.
Para dar suporte à oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto demeios didáticos e pedagógicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que sãoelaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto gráfico para atender às necessidades
de um aluno que aprende a distância. O conteúdo é elaborado por profissionais qualificados e
que têm experiência relevante na área, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material
impresso é a referência primária para o aluno, sendo indicadas outras mídias, como videoaulas,
livros, textos, filmes, videoconferências, materiais digitais e interativos e webconferências, que
possibilitam ampliar os conteúdos e a interação entre os sujeitos do processo de aprendizagem.
Assim, a UFRN através da SEDIS se integra o grupo de instituições que assumiram odesafio de contribuir com a formação desse “capital” humano e incorporou a EaD como moda-
lidade capaz de superar as barreiras espaciais e políticas que tornaram cada vez mais seleto oacesso à graduação e à pós-graduação no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRN está presente
em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regiões, ofertando cursos degraduação, aperfeiçoamento, especialização e mestrado, interiorizando e tornando o EnsinoSuperior uma realidade que contribui para diminuir as diferenças regionais e o conhecimentouma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.
Nesse sentido, este material que você recebe é resultado de um investimento intelectuale econômico assumido por diversas instituições que se comprometeram com a Educação ecom a reversão da seletividade do espaço quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE
O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA como modalidade
estratégica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIASEDIS/UFRN
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Sumário
Aula 1 Linguagem: diferentes concepções 7
Aula 2 Leitura: perspectivas teóricas 29
Aula 3 O jogo discursivo no processo de leitura 53
Aula 4 Leitura: antes e além da palavra 71
Aula 5 A leitura como prática social 89
Aula 6 O ato de escrever: perspectivas teóricas 117
Aula 7 A tessitura do texto 137
Aula 8 Gêneros textuais ou discursivos 155
Aula 9 Gêneros textuais e ensino 177
Aula 10 A escrita como processo 195
Aula 11 Recursos de textualidade: a coesão textual 215
Aula 12 Recursos de textualidade: a coerência textual 233
Aula 13 Produzindo gêneros textuais: o resumo 253
Aula 14 Produzindo gêneros textuais: a resenha 275
Aula 15 Produzindo gêneros textuais: o memorial 301
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Linguagem: diferentes concepções
1Aula
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual 9
Apresentação
A
o nascer, utilizamos, pela primeira vez, uma linguagem: o choro. Com o tempo,aprendemos a balbuciar as primeiras palavras. Progressivamente, por meio deinterações sociais, usamos a linguagem de forma mais efetiva e diversificada, em
diferentes situações.
É nesta perspectiva que, nesta disciplina, vamos refletir sobre a natureza social dalinguagem e as noções básicas para desencadear o conhecimento e as práticas sociais sobreLeitura e Produção Textual.
Para tanto, algumas ações são necessárias para que você tenha um bom aproveitamentoneste curso. Desta forma:
siga as orientações deste material;
realize as atividades propostas;
faça sua auto-avaliação;
tire dúvidas, quando necessário.
Assim, convidamos você para percorrer esse caminho desafiador, que exigirá leituras,aprofundamentos das teorias abordadas e produção textual.
Nesta primeira aula, discutiremos, especificamente, sobre as concepções de linguagem.Trabalharemos textos e atividades relacionadas com esse conteúdo e apresentaremos uma
síntese do que foi abordado, além de indicações de leituras complementares e glossário.
ObjetivosCom esta aula, esperamos que você:
compreenda que a linguagem é uma atividade de natureza social edialógica, que se constitui na interação verbal.
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Referente:
contexto/situação relacionadosa emissor e a receptor.
Código:conjunto de signos usados na
transmissão e recepção damensagem.
Mensagem:
conteúdo que perpassa entreemissor e receptor.
Emissor:emite, codificaa mensagem
Receptor:recebe, decodifica
a mensagem
Canal:meio pelo qual circula a
mensagem.
Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual10
Para começo de conversa...Você sabia que no início do século XX a língua foi concebida como um sistema de
signos? Por quê?
Porque no campo dos estudos lingüísticos, a língua era vista como um conjunto deregras, um código desvinculado de suas condições de uso.
A partir dos anos 60 do século XX, a linguagem passou a ser entendida comoinstrumento de comunicação. Um código que serve apenas para transmissão de informação,como mostra o esquema a seguir:
Importante - Nessa tendência, usar a língua/linguagem era participar de um circuitocomunicativo, no qual um emissor comunicava determinada mensagem a umreceptor e a linguagem exercia, apenas, a função de informar.
Signo
Para Saussure (o pai
da Lingüística), o signo
lingüístico é uma forma
(sinal) verbal que
representa um significado.
A palavra é um signo por
excelência.
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual12
Funções da linguagem
Função emotivaEstá centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1ª
pessoa do singular, interjeições e exclamações. Em geral, essa função é vista nas produçõesde biografias, memórias, poemas e cartas de amor.
Função referencialEstá centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da
realidade. Nessa função predomina uma linguagem objetiva, direta, denotativa e prevalecea 3ª pessoa do singular. Trata-se de uma linguagem muito utilizada nas notícias de jornal,artigos de revistas e livros científicos.
Função apelativa (ou conativa)Está centralizada no receptor e o emissor procura influenciar o comportamento do
receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum observarmos o uso de tu evocê, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos, quando se faz uso dessa
função. Em geral, ela é usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigemdiretamente ao consumidor.
Função fáticaEstá centralizada no canal e tem como objetivo prolongar ou não o contato com o
receptor ou testar a eficiência do canal. Essa função é vista na linguagem das falas telefônicas,saudações e situações similares.
Função poéticaEstá centralizada na mensagem e revela recursos imaginativos criados pelo emissor.
Trata-se de uma função afetiva, sugestiva, conotativa e metafórica, além de valorizar aspalavras e as possíveis combinações. É, assim, uma linguagem figurada apresentada emobras literárias, letras de música, em algumas propagandas, entre outras.
Denotativavem de denotação que é o
significado da palavra num
plano real, sentido próprio.
Conotativa
vem de conotação que
diz respeito à significação
da palavra em sentido
figurado.
Metafórica
vem de metáfora, figura de
linguagem, que é o desvio
da significação própria de
uma palavra, advindo de
uma comparação mental
ou característica comum
entre dois seres ou fatos.
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual14
E o amor sempre nessa toada:
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,a gente vive, depois esquece.Só o amor volta para brigar,para perdoar,
amor cachorro bandido trem.[...]
Carlos Drummond de Andrade.
Site Humortadela
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Atividade 3
Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual 15
Como vimos, a linguagem é usada em várias situações, de acordo com os
propósitos do usuário da língua.
Analise as situações de uso da linguagem a seguir. Escreva qual a funçãoda linguagem que predomina às situações propostas, justificando seuposicionamento.
Situação 1
Imagine que você precisa viajar para apresentar um trabalho em um congresso
e não dispõe de recursos suficientes. Para isso, você tem que convencer alguéma ajudá-lo no financiamento.
Função da linguagem:
Por quê?
Situação 2
Numa redação de vestibular, um(a) candidato(a) deve escrever uma notícia sobredeterminado acontecimento em sua cidade para ser publicada em um jornal.
Função da linguagem:
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual 17
Situação 4
Imagine que você é um(a) professor(a) de Geografia e está planejando umaaula sobre “Urbanização Brasileira”. Na organização do material a ser utilizado
você deve produzir um Glossário com termos que possivelmente seus alunosdesconheçam o significado.
Função da linguagem:
Por quê?
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Atividade 4
Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual18
Continuando nossa conversa...Vale a pena entendermos ainda, que a linguagem se realiza em situações sociais diversas
e é carregada de sentido, dependendo de vários aspectos lingüísticos e extralingüísticos.
Vejamos o exemplo a seguir tomado de Koch (1992, p.14)“O enunciado ‘o dia está bonito’, em diversas situações de enunciação, pode ter sentidos
bastante diferentes”. Pode tratar-se de uma:
asserção que simplesmente constata – o dia está bonito. pergunta: o dia está bonito? sugestão de convite para um passeio – como se o enunciador falasse: o dia está bonito
(pressupõe: vamos passear?)
Em resumo, para que os enunciados nos façam sentido é preciso conhecer: o que édito, o modo como se diz e a situação na qual o enunciado é produzido. Isso é o que torna oenunciado pleno de significado.
A atividade que segue ajudará você a compreender como se dá esse processo deconstrução do sentido dos enunciados.
Extralingüísticos
São aspectos não-verbais
que completam os dadosfornecidos pela linguagem
verbal para a efetivação
do processo interativo na
comunicação humana.
Os enunciados a seguir, com entonações diversas, podem produzir sentidosdiferentes, dependendo das situações de uso.
Enunciado 1: A porta está aberta.
Enunciado 2: Você tem fósforo?
Imagine situações comunicativas em que esses enunciados possamcorresponder a sentidos diferentes, conforme uma dada entonação e diferentesobjetivos de enunciador.
Escreva detalhando os sentidos que você atribuiu a esses enunciados.
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Mais um pouco de conversa...Como você deve ter percebido, para cada sentido dado aos enunciados foram
considerados alguns aspectos que permeiam o uso da linguagem e definem a sua concepção:
a) a intenção do usuário da língua;b) a situação social imediata da produção do enunciado;
c) o contexto social;
d) a interação verbal entre os interlocutores.
Devemos compreender, assim, que a interação verbal é o lugar de produção dalinguagem, pois
a língua não está pronta como um sistema de que o sujeito se apropria para usá-la,mas que é o processo de interação verbal entre os interlocutores que faz com que alinguagem se realize;
as interações verbais só acontecem inseridas em uma situação social imediata e emcontextos social, cultural e histórico mais amplos.
A linguagem é, então, nessa perspectiva, considerada como atividade de natureza sociale dialógica, que se constitui na interação verbal. Os indivíduos, participantes ativos no fluxodessa interação, apropriam-se da língua, enquanto linguagem em uso, e, envolvidos nessa
interação, tomam consciência da língua que usam e de si mesmos. Ao nos apropriarmosda língua, tomamos posse do conteúdo ideológico e da história que construímos. Há, nissotudo, um movimento ininterrupto, que faz a língua/linguagem circular entre sujeitos, entrediscursos, entre gêneros, estilos e linguagens sociais.
Desse modo, a linguagem é um lugar de ação ou interação entre os usuários da línguaou interlocutores que interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais.
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual24
Questão: Como esse fato interferiu na linguagem de Nell? Justifique.
2) Apesar de Nell ter mais de vinte anos, sua linguagem se aproxima da linguagem de umacriança de seis anos.
Questão: Será que a relação de Nell com sua irmã, explica a linguagem utilizada porela? Justifique.
3) Nell, apesar de suas limitações conceituais ou representativas do mundo real, conseguereintegrar-se à comunidade.
Questão: Como isso foi possível? Explique.
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Resumo
Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual26
Nesta aula aprendemos que há várias concepções sobre língua/linguagem:1)língua como um código, conjunto de signos; 2) língua como instrumento decomunicação. Aprendemos assim, que a linguagem, além de informar, pode
ser utilizada para perguntar, pedir, convencer, amedrontar, bajular, ofender,elogiar. Assume, portanto, funções diversas, conforme a intenção do usuário dalíngua, quais sejam: Referencial – transmite informações; Emotiva – prevaleceo sentimento do emissor; Apelativa – usada para convencer o receptor;Metalingüística – usa a linguagem para explicar a própria linguagem; Fática –serve apenas para fazer contato; Poética – usa a linguagem de forma figurada;3) língua como processo de interação verbal: a linguagem é vista, assim, apartir de um horizonte dialógico que nos obriga a centrar nosso olhar sobre aspráticas discursivas que se instauram como um fio dialógico/ideológico, que seinterconectam, em contextos sociais, históricos e culturais diversos.
AutoavaliaçãoLeia as afirmações a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de suaaprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim,avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
A linguagem pode ser utilizada em situações sociais diferentes.
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Aula 1 Leitura, Interpretação e Produção Textual28
Anotações
Fontes e créditos de imagens P. 5, Tirinha Mafalda. http://clubedamafalda.blogspot.com/ Consulta: em 14/03/2007.
P. 5, Tirinha humortadela. http://humortadela.uol.com.br/tiras/ Consulta: em 14/03/07
P. 5, ANDRADE, Carlos Drummond de. Toada do amor. Sentimento do Mundo. Rio deJaneiro: Record. 2000, p.19.
P. 12, Tirinha Laerte. LAERTE. Em Séries Idéias. n. 29.São Paulo, FDT, 1994.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 31
ApresentaçãoTradicionalmente, desde os primeiros anos de escolaridade, convivemos com atividades
de leitura. Não é verdade? Mas, você já pensou que mesmo antes de freqüentar a escola,você já realizava leituras de mundo e de textos?
Pois é, desde a mais tenra idade, nós fazemos leituras e leituras... Leitura do mundoque nos cerca, leitura das pessoas, leituras táteis e leituras nos mais variados códigos.
Historicamente, as práticas educacionais em leitura têm sido subsidiadas por modelosteóricos. É nessa direção que, nesta aula, apresentamos e vamos refletir sobre as váriasconcepções que evidenciam o processo de ensino-aprendizagem da leitura.
Para tanto, discutiremos quatro perspectivas teóricas: teoria da decodificação, teoriacognitiva, teoria interacional e teoria discursiva. O glossário disponível no decorrer da aulae as sugestões de leitura poderão auxiliá-lo no processo de compreensão de noções maiscomplexas para a realização das atividades propostas.
ObjetivosEsperamos que você, ao final desta aula, entenda que
o conteúdo leitura pode ser estudado sob váriosenfoques teóricos;
a relação dessas teorias com as práticas de leituraconcorrem para a formação do leitor.
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Atividade 1
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual32
Para começo de conversa...Você sabia que existe uma abordagem teórica que defende a idéia de que a atividade
da leitura consiste numa mera identificação dos códigos lingüísticos e das informações queos textos trazem?
Realize a atividade que segue e vamos discutir e aprender sobre essa perspectiva teórica.
Teoria da decodificaçãoLeia o texto a seguir e responda às questões:
Saga da Amazônia
Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta mata verde, céu azul, a maisimensa floresta no fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoas e os riospuxando as águas.
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores os peixes singrando os rios,
curumins cheios de amores sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir era: fauna,flora, frutos e flores
[...]
FARIAS, Vital. Saga da Amazônia.
Disponível em: http://vital-farias.letras.terra.com.br /letras/380162/ Consulta em 19/03/07
a) Qual o título do texto?
b) Quem é o autor do texto?
Questões
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 33
Como você deve ter percebido, a atividade acima exigiu de você algumas capacidadespara poder responder às questões, identificando informações expressas no texto.
Por exemplo, você precisou decodificar palavras, ler com fluência o texto, localizar ereproduzir informações. Foi, apenas, uma tarefa de mapeamento entre a informação gráficada pergunta e sua forma repetida no texto.
Para estabelecer esse processo, sua prática de leitura se baseou na teoria da decodificação,tendo em vista que você apenas decifrou o código lingüístico e relacionou-o ao significado.
Segundo essa teoria, o processo de leitura consiste numa habilidade decorrentede um aprendizado particular, cabendo ao leitor realizar apenas um processo lineardo que está escrito.
Ler, nessa perspectiva, é uma atividade que explora
a dimensão individual do leitor;
as habilidades cognitivas e os conhecimentos lingüísticos.
Trata-se de um processo em que o leitor faz uma relação entre signos lingüísticos eunidades sonoras presentes no texto escrito.
Essa concepção valoriza, assim, as informações explícitas no texto. O leitor põe emprática estímulos visuais do código (grafia), partindo daí para apreender a informaçãocontida no texto. Nessa visão, o processo de leitura está centrado no texto, e não, no leitor.Este, só se utiliza das informações contidas na escrita para entender o texto.
c) Em que região está localizada a mais bonita e imensa floresta?
d) Identifique e transcreva da segunda estrofe do texto as ações praticadas pelos animais.
Decodificar
Segundo o dicionário
de Houaiss decodificar
vem da palavra código e
quer dizer “interpretar o
significado de palavra ou
sentença de uma dada
língua natural, consideradacomo código”.
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Atividade 2
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 35
Problematizando a teoria cognitivaLeia todas as informações do texto a seguir e responda às questões.
Disponível em: http://www.canoanews.mus.br/informacoes_canoa/nordeste1.htm Consulta em 23/03/07
Considerando a legenda que acompanha o mapa, justifique por que as capitais João Pessoae Natal, apenas são consideradas “Centros Regionais” e não “Metrópoles Nacionais”?
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Atividade 3
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual36
Com base nesta atividade, pudemos constatar que o processo de leitura vai além dadecodificação de informações. Para responder a atividade anterior, você precisou ativar seusesquemas cognitivos e estabelecer relações com as informações trazidas no texto.
Compreenderemos melhor essa concepção, refletindo sobre o que diz Coracini(1995, p. 14)
O bom leitor seria aquele que, diante dos dados do texto fosse capaz de acionar o queRumelhart chama de esquemas, verdadeiros ‘pacotes de conhecimentos’ estruturados,acompanhados de instruções para seu uso.
Nesse modelo, então, as significações construídas pelo leitor ultrapassam asinformações literais do texto e põem o leitor em ação com seu conhecimento de mundo,levando-o a entrar nas malhas do texto e a elaborar a sua interpretação.
Esquemas
Está relacionado às
estruturas cognitivasque se refere a uma
classe de seqüências
de ação semelhantes
que consistem no
conhecimento parcial
adquirido e estruturado na
mente do sesr humano.
Quanto você contribui para o aquecimento global?
Se você pensa em chaminés industriais quando alguém fala em aquecimentoglobal, saiba que, todos os anos, cada “pessoa física” do planeta produz, emmédia, 7 toneladas de gás carbônico. A estimativa, feita pela ONU, não incluifábricas e usinas, só a soma de todas as emissões que as pessoas provocam aoligar o carro, acender o fogão ou comer carne. Somadas, elas são responsáveispor 0,9% das 7 gigatoneladas anuais de gás carbônico que a humanidade jogana atmosfera (número semelhante à emissão de fenômenos naturais, comovulcões e incêndios florestais). “O impacto pessoal na formação do efeitoestufa é muito grande. Quanto mais prejudicamos o clima, fica mais urgente
ainda tomar uma atitude”, diz Oswaldo Martins, da ONG Iniciativa Verde.
Não há mais muita dúvida de que o homem é responsável pelas alterações queo clima do planeta sofreu nos últimos 50 anos.
[...]
CORDEIRO, T.Revista Superinteressante,São aulo, Editora Abril, mar, 2007, p. 38
Leia o texto a seguir e elabore duas questões, conforme as orientações que vêmexpostas depois do texto.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 37
1) Uma questão de compreensão inferencial, de forma que o leitor estabeleça uma deduçãoque não se encontra de maneira explícita no texto.
2) Uma questão de compreensão do texto, que exija do leitor explorar o seu conhecimentode mundo.
Podemos concluir que, nessa visão, o texto ainda é o único caminho que o leitorpersegue, embora implique numa participação ativa e criativa daquele que lê. Dessa forma,é a partir do ponto de vista do leitor e por meio de suas experiências que ele pode expor econtrapor a sua leitura do texto.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual38
Indicadores educacionais mostram
“distância” do Oiapoque ao Chuí http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/outras/news04_15.htm
Interagem
Interagir significa agir
reciprocamente; exerceração junto ao outro.
Um pouco mais de conversa...Vejamos então que, segundo uma outra abordagem, é possível constatar que a
significação de um texto não se encerra nele mesmo, nem tampouco nas habilidadescognitivas de quem lê.
A próxima teoria que vamos estudar defende a idéia de que a atividade de compreendero que se lê vai além do texto e das capacidades do leitor. Trataremos agora da leitura, como
um processo de interação social, evidenciado pela teoria interacionista.
A teoria interacionista
Uma situação de interação em questão
O texto a seguir constitui um bom exemplo em que o processo de construção de
sentido de um texto requer, além dos conhecimentos lingüísticos que o leitor possui, outrosconhecimentos que interagem nessa procura de significação.
O título da notícia publicada no site do Inep, em 1994, nos mostra que a linguagemé usada não apenas para informar ao leitor sobre a distância em quilômetros do Oiapoqueao Chuí advinda dos “indicadores educacionais”. Não é à toa que a palavra distância estáacompanhada de aspas. Quando lemos “do Oiapoque ao Chuí”, que dimensiona o tamanhodo Brasil, interpretamos que, nesse contexto, essa expressão revela as desigualdades doPaís, com relação aos índices educacionais. O Brasil, imenso em tamanho, também é gigantena desigualdade social e educacional.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 41
Conversando um pouco mais...Como estamos vendo, o processo de leitura, com base na teoria interacional,
diferentemente da teoria da decodificação (centrada no texto) e da teoria cognitiva (centradanas capacidades do leitor), focaliza as situações de interação em que estão envolvidos leitor,texto e autor. Essa forma de conceber o processo de leitura, de modo que seja produtivoe que a interpretação possa ser realizada efetivamente, exige que, como afirma Rauen(2006) os produtores de sentido do texto - autor e leitor - estejam sócio-historicamente
determinados e ideologicamente constituídos.Nesse sentido, leitor e escritor vivenciam uma relação resultante das situações histórica
e social que determinam o processo de produção de sentido e ressignificação do texto, vistoque como diz Antunes (2003, p. 67)
A atividade da leitura completa a atividade da escrita. É, por isso, uma atividade deinteração entre sujeitos e supõe muito mais que a simples decodificação de sinaisgráficos. O leitor, como um dos sujeitos da interação, atua participativamente, buscandorecuperar, buscando interpretar e compreender o conteúdo e as intenções pretendidospelo autor.
A partir dessa compreensão, acreditamos que esse modelo tem relevância para aprática pedagógica, tendo em vista que prioriza o trabalho com a leitura e a produção textual,sob a perspectiva da língua como instrumento de interação social, como foi estudado naaula anterior. Desta forma, vemos que há nesse enfoque um compromisso com a formaçãode sujeitos críticos e ativos no contexto histórico social em que estão inseridos.
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Atividade 5
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual42
Problematizando a teoria interacionalLeia o texto a seguir e elabore 2 questões que possibilitem ao leitor realizar um processo
de leitura interacional.
Leonardo da Vinci
A história de como um homem bastardo, canhoto, vegetariano, homossexual elibertador de passarinhos tornou-se o maior gênio ocidental de todos os tempos.
Em meio a tudo o que já se disse sobre Leonardo da Vinci, ao longo de 500anos, a frase de Freud brilha como uma pérola: “Ele foi como um homem queacordou cedo demais na escuridão, enquanto os outros continuavam a dormir”.
É admirável que Leonardo tenha conseguido suportar a sua solidão. “Seráque ninguém jamais ouvirá a minha voz, e que sempre estarei só, como nestemomento, nas trevas debaixo da terra, como se tivesse sido sepultado vivo,junto com meu sonho de asas?” Esse desabafo é de quando ele se refugiounuma adega, com seus livros, manuscritos e instrumentos científicos. Lá fora,as tropas francesas de Luís XII devastavam Milão a canhonaços.
[...]MODERNELL, R. Revista Terra. São Paulo: Editora Peixes. Ano 14, nº 169, maio 2006, p. 24-27.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual44
Nessa visão, a leitura é
uma ação, um trabalho do leitor no texto. Que sem dúvida envolve a recuperação dalógica posta pelo seu autor, da história contada, do argumento alinhavado, da idéiadefendida, mas que não pára aí. O leitor lê mais do que isso. Lê também o modo peloqual essas idéias se produziram e aí lê o texto na sua relação com o autor, com ahistória. Nesse mergulho o leitor traz para o texto “outros textos”, outras histórias que
nele estão escondidas. Faz o vai-vem (sic) entre sua vida e a vida contada no texto, asua interpretação e a interpretação já sancionada para o texto (GUEDES, 2006, p. 74).
Importante
Essa concepção exige que o leitor discursivo explore: o contexto de produção do texto;
as finalidades da atividade de leitura;
a intertextualidade temática;
a intertextualidade discursiva;
as apreciações estéticas e afetivas;
as apreciações relativas a valores éticos e políticos;
a discussão crítica do texto;
a possibilidade da interdisciplinaridade temática;
as imagens como elementos constitutivos do sentido do texto.
Para compreendermos melhor essa vertente teórica, vamos realizar a atividade a seguir.
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Atividade 6
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 45
1) Você gostou da idéia de Rubem Alves apresentada nesse texto? Justifique.
Leia o fragmento de texto e responda às seguintes questões:
“Um bibliotecário de verdade conhece os cenários que os livros desenham paraorientar-nos em nossas viagens. Cada professor, na sua área, deveria ser umbibliotecário. Sua função não é caminhar por trilhas batidas olhando para ochão. É mostrar os cenários literários que podem ser vistos se olharmos paracima... Assim se aprende o mundo.”
ALVES, Rubem. Sem notas e sem freqüência.Revista Educação. São Paulo: Segmento. Ano 9, nº 107, 2006, p. 66.
2) Você concorda que todo professor deve ser um bibliotecário? Por quê?
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Atividade 7
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual46
Como você deve ter percebido, a compreensão da leitura do texto envolveu o processo deleitura como função social. Para responder, você precisou se colocar como um sujeito sociale discursivo, no sentido de que é alguém que tem um lugar social, uma história determinada.
Assim, uma leitura discursiva de um texto permite que o leitor:
desenvolva uma consciência crítica;
instaure um confronto entre ele e o escritor;
estabeleça um diálogo com o texto e com “outros textos”;
torne-se co-autor do texto que lê;
Portanto, trata-se de uma prática social de leitura (letramento) que emerge do diálogosocial e histórico entre o leitor e todos os outros (discursos) advindos do processo da leitura.
Letramento
O uso da palavra
letramento vem esclarecer
sobre as “habilidades,conhecimentos e atitudes
necessárias ao uso efetivo
e competente da leitura
e da escrita nas práticas
sociais que envolvem a
língua escrita” (SOARES,
2003, p. 89).
Leia o texto e avalie, com base nas teorias estudadas, as questões que seguem.Justifique mostrando que capacidades o leitor mobilizaria para responder cada questão.
“A região Nordeste ocupa uma grande área do território brasileiro. Apresentacaracterísticas comuns ao país, mas também alguns aspectos que aparticularizam. Não é uma região homogênea, apresentando diferenças entre asáreas que a compõe. O Sertão é uma dessas áreas e possui condições naturaise humanas específicas, como, por exemplo, o clima semi-árido, vegetaçãode Caatinga, a pecuária e a agricultura de subsistência. O Cariri, por sua vez,localiza-se no Sertão. Também apresenta características comuns ao Nordeste e
particulares a essa região”.
[...]
Fragmento de texto retirado de MARTINS, D., BIGOTTO, F. e VITIELLO, M. A regionalização do espaço brasileiro.
In: Geografia: sociedade e cotidiano. São Paulo: Escala Educacional, 2006, p. 27.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 47
1) O que existe de comum entre as condições naturais do sertão e a região onde você mora?
2) Leia o fragmento do poema.
[...] Quando há inverno abundante
No meu Nordeste queridoFica o pobre em um instante
Do sofrimento esquecido [...]Patativa do Assaré
3) Qual a região de que trata o texto?
Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste. São Paulo,
Hedra, 2000. In: Geografia: sociedade e cotidiano. São
Paulo: Escala Educacional, 2006, p. 26.
A que se refere o “sofrimento esquecido” apresentado no poema?
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 49
Leituras complementaresRecomendamos como leituras essenciais que fundamentam a conversa que tivemos
nesta aula:
CORACINI, M. J. R. F. O jogo discursivo na aula de leitura: língua materna e línguaestrangeira. Campinas: SP: Pontes, 1995.
A autora aborda questões sobre o ensino-aprendizagem, em geral, e, de modo particular,o ensino de línguas centrando a atenção no aspecto da leitura, concepções de linguagem,texto, leitura, metodologia, que constituem, embora parcialmente, o imaginário discursivoque habita o sujeito sócio-ideológico constituído.
MOITA-LOPES, L. P. Um modelo interacional de linguagem. In: Oficina de LingüísticaAplicada. Campinas: SP: Mercado de Letras. 2001, p. 137-146.
O autor discute o modelo de leitura interacional, considerando que o fluxo dainformação opera em ambas as direções interacionalmente e mostra que leitores e escritoresestão posicionados social, política, cultural e historicamente ao agirem na construção dosignificado do texto.
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0402/04.htmArtigo desenvolvido pelo Prof. Dr. Fábio José Rauen/PPGCL/UNISUL. Consulta em 23/03/07.
O site traz um artigo no qual o autor discute a respeito da concepção sócio-interacional
de leitura. Para isso, mostra que no processo de interpretação é preciso oferecer ao leitorcondições, que vão além das estratégias de codificação. Ou seja, é necessário estabelecerrelações na construção do sentido dos textos, de modo que possa tornar “explícitas as idéiasimplícitas e obscuras”.
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Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual 51
Saber ler contribui de forma decisiva para a autonomia e
a formação crítica do leitor.
ReferênciasANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola. 2003.
BAKHTIN/VOLOCHINOV. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo, Hucitec, 1929.
CORACINI, M. J. R. F. O jogo discursivo na aula de leitura: língua materna e línguaestrangeira. Campinas: SP: Pontes, 1995.
GUEDES, P. C. A formação do professor de português: que língua vamos ensinar? SãoPaulo: Parábola, 2006.
MOITA-LOPES, L. P. Oficina de Lingüística Aplicada. Campinas: SP: Mercado de Letras, 2001.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: SP: Pontes, 1989.
SOARES, M. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, V. M. (Org.) Letramento no Brasil.São Paulo: Global, 2003, p. 89-113.
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Anotações
Aula 2 Leitura, Interpretação e Produção Textual52
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O jogo discursivono processo de leitura
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Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual 55
ApresentaçãoNesta aula, vamos estudar o “jogo discursivo no processo de leitura”. Não vai ser difícil,
pois você já conhece a atividade da leitura numa perspectiva discursiva. Lembra-se? Vimossobre esta concepção na aula anterior.
Dessa forma, vamos ampliar cada vez mais esses saberes que vão sempre estarentrecruzando as nossas conversas.
Vamos trabalhar, destacando que a leitura é mais do que um processo de decodificação.Para isso, iremos explorar a leitura de textos diversificados, o modo como eles funcionamsocialmente e realizar atividades que enfatizam o processo de ler, evidenciando esse jogodiscursivo.
ObjetivosCom esta aula, esperamos que você
estabeleça a relação discursiva que instaura o processode leitura;
entenda que esse jogo discursivo se dá por meio dasmúltiplas possibilidades de leitura do texto.
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Atividade 1
Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual56
Para começo de conversa...É bom lembrar que esta conversa parte do pressuposto de que ler é uma atividade que
se estabelece na relação dialógica e que se realiza em situações enunciativas concretas,mediante um processo de infinitas possibilidades de sentidos.
Assim, que tal iniciarmos nossa conversa, vivenciando esse jogo discursivo que faz dalinguagem um processo de interação social?
Uma leitura discursiva em questão:O enunciado abaixo foi retirado da revista Língua Portuguesa (2006, p. 54) e dá título a
um artigo. Vamos ler e discutir este enunciado, buscando nesse processo revelar seus sentidos.
A leitura superficial desse enunciado pode levar o leitor a se perguntar: E livro fala? Contudo, outras leituras podem surgir, considerando-se a relação dialógica que mantemoscom o enunciado. O autor deste título, por exemplo, colocou-o, relacionando-o à diversidadelingüística predominante no uso da linguagem.
Que outros sentidos você atribuiria ao enunciado “Ninguém fala como livro”?
Assinale as alternativas possíveis, colocando V para as verdadeiras ou F paraas falsas.
a) Ninguém fala a linguagem padrão que predomina na escrita de livros;
Liguagem padrão
Linguagem padrão diz
respeito ao uso de uma
linguagem que leva em
conta aspectos da norma
culta da língua.
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Atividade 2
Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual58
Leia a fábula e responda às questões que seguem.
O lobo e os cordeiros
Alguns lobos queriam surpreender um rebanho de cordeiros. Como não podiampegá-los, porque havia cães tomando conta deles, viram que seria preciso usarde uma artimanha para fazer isso. E, tendo enviado representantes deles aos
cordeiros, diziam que os cães eram os culpados de sua inimizade e que, seeles lhes entregassem os cães, haveria paz entre os lobos e os cordeiros. Oscordeiros, sem imaginar o que lhes iria acontecer, entregaram os cães aos lobos,que, desse modo, facilmente acabaram com o rebanho, que ficara sem guarda.
MORAL: Assim, também, as cidades que se entregam facilmente aos demagogos não percebem
que rapidamente estarão nas mãos de inimigos.
ESOPO – fábulas completas. Tradução de Neide SMOLKA. São Paulo: Moderna, 1994, p. 124.
Um pouco mais de conversa...O entendimento do enunciado traduz as infinitas possibilidades do processo de ler,
mostrando que a linguagem tem força inovadora, pois enquanto registro de códigos (sentidoliteral) representa formas que não se prendem apenas a um significado, mas conduzem o
leitor a múltiplos sentidos, a partir da relação dialógica que ele estabelece com o enunciado.
Essa relação não existe no sistema da língua, tendo em vista que, literalmente,sabemos que “livro não fala”. Entretanto, quando consideramos a produção de sentidonuma relação dialógica, compreendemos que no enunciado o escritor produziu umdiscurso possível de significar um outro discurso, permitido pelas infinitas possibilidadesde redizê-lo, pois como diz Bakhtin (1979, p. 382)
[...] A compreensão faz com que a obra se complete com consciência e revela amultiplicidade de seus sentidos. A compreensão completa o texto; exerce-se de umamaneira ativa e criadora. Uma compreensão criadora prossegue o ato criador, aumentaas riquezas artísticas da humanidade. [...]
Façamos, então, a leitura de uma fábula de Esopo para ampliar nosso entendimentosobre esse jogo discursivo que vivencia o leitor em sua relação dialógica com o texto,como evidenciamos desde o início de nossa conversa, ou seja, vendo as possibilidades deprosseguir o ato de criação da fábula.
Esopo
Esopo nasceu na Grécia,no século VI antes de
Cristo. Até hoje, o seu
nome e a história de sua
vida são cercados de
mistério. Dizem que era
corcunda, gago e dono
de uma rara inteligência.
Contava históriassimples e divertidas,
com intenções de moral,
utilizando os mais
variados animais como
personagens.
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Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual60
Continuando nossa conversa...Como você viu, a incidência de ações próprias do homem, propiciou um novo plano de
leitura. Ou seja, a fábula não trata apenas de uma simples história vivida por dois animais.Você atribuiu sentido ao que leu e percebeu que o texto ganhou uma dimensão que extrapolou
o plano lingüístico. O texto passou a ser visto pelo valor que lhe foi atribuído, relacionado àsquestões de poder existentes em grupos sociais.
Nesse sentido, “os lobos”, num segundo plano de leitura, são vistos como os homensfortes que oprimem os mais fracos, ou seja, “os cordeiros”.
Os enunciados que serviram de indícios para a transformação de uma história de animaisem uma história de homens estabeleceram a relação dialógica necessária que inscreveram oprocesso de interpretação do texto.
Nesse sentido, Orlandi (1988, p. 11) afirma que esse jogo discursivo nega:
Um autor onipotente, cujas intenções controlam todo o percurso da significação do texto;
A transparência do texto, que diria por si toda (e apenas uma) significação;
Um leitor onisciente, cuja capacidade de compreensão domina as múltiplasdeterminações de sentidos que jogam em um processo de leitura.
Importante - Faz parte também desse jogo discursivo a compreensão do leitorsobre:
os implícitos do texto (pressupostos e subentendidos) e
aspectos da intertextualidade.
O texto traz, além dos enunciados explícitos, outros que estão implícitos. Essesimplícitos participam também da organização textual e constituem aspectos importantespara a construção de sentido do texto.
A seguir, vamos analisar o que está implícito, isto é, por trás da linguagem em título esubtítulo de uma reportagem escrita por Ricardo Beliel. Observe que a linguagem utilizadarevela muito mais do que parece dizer num primeiro momento.
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Atividade 3
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Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual 61
Leia:
Soja: uma nova cruz na Amazônia.
O BRASIL JÁ É O SEGUNDO MAIOR
EXPORTADOR DE SOJA DO MUNDO. E
QUEM ESTÁ PAGANDO O PREÇO É A
FLORESTA.
Revista Terra , São Paulo: Editora Peixes, julho, 2006 Ano 14, nº 71, p. 10.Texto e foto: Ricardo Beliel
Por que o autor afirma que a soja é uma “nova cruz” na Amazônia?
Qual a intenção do autor ao usar o termo “cruz” no título dareportagem?
Por que a floresta amazônica é quem paga o preço, pelo fato do Brasilser o segundo maior exportador de soja do mundo?
O que revela a imagem que acompanha o texto?
Você concorda com a posição do autor? Justifique.
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Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual64
O subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o sujeito que enuncia, aosubentender, esconde-se por trás do sentido literal e pode dizer que não estava querendoafirmar o que o ouvinte depreendeu. Assim, se confirma os múltiplos sentidos dosenunciados que muitas vezes são subentendidos pela propriedade da linguagem quepermite inferir algo mais do que está escrito.
Dessa forma, pudemos ler também as insinuações escondidas “por trás” de umenunciado.
Os textos são questionados pelos leitores, uma vez que quando lemos, dialogamoscom o texto, nos colocamos no texto em relação a outros textos (discursos) conhecidos eestabelecemos o processo de intertextualidade entre temáticas ou conteúdos abordados nostextos. Podemos, ainda, estabelecer a intertextualidade discursiva, que é observada na relaçãoentre os discursos que constituem autor/texto/leitor situados social, cultural e historicamente.
Vamos analisar o título de uma matéria jornalística, divulgada na revista DiscutindoLíngua Portuguesa (2006), observando a intertextualidade que instaura o jogo discursivo
no processo de leitura.
“A lei, enfim, mostra os dentes”
Este título chama a atenção do leitor por meio da intertextualidade, evidenciando esterecurso criativo que é muito utilizado pela imprensa e pelos publicitários.
No caso acima, o recurso foi usado para fazer uma relação entre a violência de determinadasraças de cães, animais que usam os dentes para atacar, e o enunciado “mostrar os dentes”, quepode conotar, em determinado contexto, agressividade e preparação para o ataque.
O enunciado, “A lei, enfim, mostra os dentes”, revela que como “cão feroz”, a lei estápronta para “atacar”, aplicando sanções àqueles que infringirem essa lei.
Você deve ter percebido que o processo de intertextualidade nesse título instaura umjogo discursivo entre o que é dito e o que já é conhecido. A intertextualidade é observada,comumente, em citações, em paródias, ironias, paráfrases, entre outros.
Vamos ler o texto a seguir, analisando aspectos da intertextualidade para aprofundarnosso entendimento sobre esse jogo discursivo.
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Aula 3 Leitura, Interpretação e Produção Textual 69
A constituição do sentido de um texto é infinita.
ReferênciasBAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
CORACINI, M. J. R. F. O jogo discursivo na aula de leitura: língua materna e línguaestrangeira. Campinas: SP: Pontes, 1995.
ORLANDI, E. P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 1988.
_____ (Org.) A leitura e os leitores. Campinas: SP: Pontes, 1998.
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Leitura: antes e além da palavra
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Aula 4 Leitura, Interpretação e Produção Textual80
Um pouco mais de conversa...O texto não-verbal oportuniza ao espectador uma interpretação da imagem pelo olhar.
Nessa perspectiva, o leitor apreende o sentido de uma imagem não por meio de palavras,mas pelos traços significantes do que vê em diferentes contextos.
A autora Tânia Clemente, ao discutir perspectivas sobre o estudo da imagem (fílmica,fotográfica, artística, gráfica, publicitária, entre outras) e os modos de realização deinterpretação de imagens, afirma que
o resultado dessa interpretação é a produção de outras imagens (outros textos),produzidas pelo espectador a partir do caráter de incompletude inerente, eu diria, àlinguagem verbal e não-verbal. O caráter de incompletude da imagem aponta, dentreoutras coisas, a sua recursividade. Quando se recorta pelo olhar um dos elementosconstitutivos de uma imagem produz-se outra imagem, outro texto, sucessivamente ede forma plenamente infinita.
http://www.uff.br/mestcii/tania1.htm.Consulta em 16/03/07
O texto não-verbal é, portanto, uma linguagem objeto sobre o qual se debruça o leitor,produzindo o sentido, numa tentativa de organizar convergências e divergências e de saberdistinguir, por comparação, o igual e o diferente.
Desse modo, a interpretação desse texto se efetiva pelos efeitos de sentidos que seinstitui entre o olhar, a imagem e os possíveis recortes.
É necessário, então, que o leitor acione valores perceptivos, compreenda o processode interação entre passado e presente, sensações de ontem e de hoje, refletindo sobre elas,comparando-as e percebendo os pontos de convergência ou divergência. Vale mencionarainda, que nesse processo o leitor pode transcender a si mesmo, ultrapassar seus próprioslimites e proceder uma renovação ilimitada de sentidos em um contexto novo.
A leitura do não-verbal supõe uma íntima relação com o contexto social, histórico ecultural que nos envolve, superando o cotidiano que nos habitua a interagir mecanicamente.
A leitura não-verbal relaciona visão/leitura, espécie de olhar tátil, multissensível, mastal como na leitura verbal, aciona um processo de construção de sentidos que, da mesmaforma, exige que se revele o leitor discursivo. Leitor este que mobiliza discursos ditos e nãoditos no não-verbal e, enquanto sujeito social e histórico, se inscreve numa relação dialógicapara a constituição do sentido do texto.
A leitura do cartum, a seguir, tem o objetivo de fazer com que você explore o não-verbale mobilize seu olhar crítico sobre o que vê.
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Aula 4 Leitura, Interpretação e Produção Textual 85
Leituras complementaresSugerimos como leituras fundamentais para o aprofundamento da conversa que
tivemos nesta aula:
FERRARA, L. D´Aléssio. Leitura sem palavras. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1993A autora aborda questões sobre a leitura do não-verbal, reconhecendo a existência de
signos que falam sem palavras. Para Ferrara, o texto não-verbal possui muitas faces e sediversificam entre o signo visual pictórico, o sonoro, a cor, a luz, a sombra e tem no espaço(lugares) sua propriedade plurissígnica. O livro foi relançado em 2007.
A análise do não verbal e os usos da imagem nos meios de comunicaçãoSOUZA, Tânia C. C. deLeia no site: http://www.uff.br/mestcii/tania3.htm
O texto da autora apresenta um trabalho, na perspectiva da Análise do Discurso daescola francesa, em que discute o estudo da imagem (fílmica, fotográfica, artística, gráfica epublicitária) em sua materialidade, no caso, o não verbal.
MARCONDES, B.; MENEZES, G e TOSHIMITSU, T. Como usar outras linguagens na sala deaula. São Paulo: Contexto, 2000.
A discussão das autoras sobre o uso de outras linguagens na sala de aula se dá nosentido de indicar possibilidades de ampliação com o trabalho sobre a linguagem em salade aula, enfatizando o aspecto social para o desenvolvimento de alunos críticos e para aformação do cidadão. Sendo assim, elas propõem várias atividades voltadas a analisar ediscutir os textos veiculados nos jornais, na televisão, nas revistas dirigidas ao públicoinfanto-juvenil, nos outdoors e nos rótulos de produtos e medicamentos.
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Resumo
Aula 4 Leitura, Interpretação e Produção Textual86
A linguagem não-verbal precede a linguagem verbal e permanece comosignos plurais que propiciam leituras diversas, uma vez que esses signos sãocombinados entre si, de forma que o leitor construa sentidos. Esta linguagem
apresenta-se de forma heterogênea e, muitas vezes, conforme o gênerotextual veiculado, forma um continuum . As imagens foram as referênciaspluridiscursivas para ampliar esse conteúdo, exemplificando a incorporaçãoe a decorrência de várias outras linguagens na leitura textual (a pintura, apublicidade, a fotografia, o cartum, entre outros). A leitura não-verbal, assimcomo na leitura verbal, consiste numa atividade de produção de sentidos. Oleitor mobiliza discursos ditos e não ditos no não-verbal e, enquanto sujeitosocial e histórico, se inscreve numa relação dialógica para a constituição dosentido do texto.
AutoavaliaçãoLeia as afirmações a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de suaaprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim,avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
A linguagem não-verbal impõe-se como signo plural que propicia
leituras diversas.
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Aula 5 Leitura, Interpretação e Produção Textual92
Para começo de conversa...
A
atividade da leitura cria para o leitor os laços possíveis que o integra ao mundo do belo,do contraditório, das verdades, das imprecisões. Pela leitura adentramos a um mundode infinitas realidades e assumimos papéis, travamos diálogos, concordamos, nos
opomos, apreciamos valores e nos posicionamos criticamente diante do conteúdo dos textos.
Essa atividade ganha sentido, no entanto, quando é exercida autonomamente nosdiversos domínios da vida, seja na escola, em casa, no ônibus, nas salas de leitura, embibliotecas, entre outros. Ler implica, assim, construir o sentido de um texto integralmente,localizar aquelas informações pretendidas, poder compará-las e, muitas vezes, para isso,extrapolar as informações apresentadas.
Para tanto, é preciso aprender a ler e a se posicionar criticamente sobre o que se lê.Nisso tudo, é válido buscar os sentidos nas relações intertextuais que se impõem nos textos
ou nos diversos gêneros textuais.
A inserção da leitura na escola, nesse sentido, é necessária e obrigatória, tendo emvista se tratar de uma responsabilidade social, antes de tudo, da qual a escola não pode sedesvencilhar. Trata-se, portanto, de se abrir espaços para a leitura e criar situações em queos alunos possam exercer essa prática, pois
a leitura é condição de vida do homem, se considerarmos vida no sentido detranscendência do próprio homem, ou seja, se considerarmos a vida não só a vida dohomem como ser do mundo, e como participante da sociedade dos homens.
FAZENDA, 1994, p. 59.Vale ressaltar que, assim como toda atividade humana, a leitura exige dedicação,
disposição para ler, além de ser preciso se despojar de si mesmo, muitas vezes, para seenveredar num novo mundo. Mundo esse que pelas linhas e entrelinhas dos textos vão seconstituindo num bem cultural e inestimável.
Vamos agora nos debruçar sobre algumas situações de leituras, procurando refletirsobre a leitura como uma prática social de gêneros textuais diversos.
Gêneros textuaisOs gêneros textuais são
realizações lingüísticas
concretas, profundamente
vinculados à vida cultural
e social; constituem
textos empiricamente
realizados cumprindo
funções em situações
sócio-comunicativas
(MARCUSCHI, 2002). Este
conteúdo será estudado
nas próximas aulas.
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Para ler o texto
Texto 2Por ocasião do Dia Mundial da Água, 22 de março, o jornal “A União” promoveu reflexão
e discussão sobre o tema água, contemplando-o numa publicação de uma revista especial.Para tanto, enfatizou o argumento de que a água é “um bem precioso e insubstituível”.
Leia a capa dessa revista.
Para pensar e conversar...Você concorda com o argumento do jornal sobre a água?
Você sabia que existia o dia mundial da água?
O que representa a água em sua vida?
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Para ler o textoPara dar continuidade às nossas atividades, que tal mais leitura?
Texto 3O Brasil detém 11,6% da água doce superficial do mundo. Os 70% das águas
disponíveis para uso estão localizados na Região Amazônica. Os 30% restantes distribuem-se desigualmente pelo país.
O texto a seguir é uma representação do Brasil criada por Ziraldo, que mostra um Brasildiferente. Um Brasil que detém a violência.
Para pensar e conversar...Por que o texto é intitulado Lição de Geografia?
Que sentido o autor do texto provocou com essa imagem?
Revista Manchete. Rio de Janeiro, Bloch. 14/9/1996.
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Para refletir sobre o texto...
2) Segundo o texto, o homem é responsável pela destruição da natureza. Comente ascausas dessa destruição ocorridas no interior do Rio Grande do Norte.
3) O texto registra que pela pintura rupestre já existiu clima úmido naquela região. O queterá levado o autor a essa conclusão? Apresente hipóteses a esse respeito.
1) Por que o autor intitulou o texto “Sem a arca de Noé”?
Para pesquisar...
O desmatamento, a desertificação e as vendas ilegais de animais silvestres são causasde extinção de muitos animais em todo o país. Você sabe que animais estão em risco deextinção em sua região?
Pesquise e registre o resultado da pesquisa.
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Concluindo nossa conversa...É sempre bom lembrar:
“Ler é percorrer marcas, correr riscos, reescrever, sobre a trilha das palavras”.
CRUVINEL, 2003, p. 144.
“A leitura é parte da interação verbal escrita, enquanto implica a participação cooperativa doleitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidas do leitor”.
ANTUNES, 2003, p. 66.
“...trabalhar em sala de aula com uma visão de linguagem que fornece artifícios paraos alunos aprenderem, na prática escolar, a fazer escolhas éticas entre os discursos
em que circulam. Isso possibilita aprender a problematizar o discurso hegemônico daglobalização e os significados antiéticos que desrespeitam a diferença”.
JURADO e ROJO, 2006, p. 53.
”O ato de ler precisa ser compreendido como prática social. É necessário ler literaturapara experienciar o texto, transformar-se no ato da leitura, entender o mundo contidonos textos, articulando-o com a realidade empírica.”
MARTINS, 2006, p. 95.
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Resumo
Aula 5 Leitura, Interpretação e Produção Textual 113
AutoavaliaçãoLeia a afirmação a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de sua
aprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim,avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
A prática social de leitura deve
ser cotidiana e uma busca contínua de significados.
Nesta aula vivenciamos um trabalho com diversos gêneros textuais, mostrandoa importância da pluralidade de leituras no universo da linguagem. Verificamosque as atividades de leituras propiciam um leque de oportunidades para o
aluno aprender a gostar de ler, como uma prática social. Mostramos ainda, quepela leitura adentramos em um mundo de diversas realidades e assumimospapéis sociais específicos, travamos diálogos, concordamos, nos opomos,nos divertimos, apreciamos valores e nos posicionamos criticamente diantedo conteúdo dos textos. No entanto, enfatizamos que essa atividade deve serexercida autonomamente nos diversos domínios da vida. Para isso, é necessárioque a escola desempenhe efetivamente seu papel político na formação do leitorcrítico e transformador, possibilitando a conquista desse bem cultural.
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ReferênciasANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola. 2003.
AGUIAR, V. T. de (Coord.). Era uma vez na escola: formando educadores para formar
leitores. Belo Horizonte: Formato editorial, 2001.AGUIAR, V. T. de e PENTEADO, M. A. A. (Orgs.) Territórios da leitura: da literatura aosleitores. Araraquara, UNESP – FCL, 2007.
CRUVINEL, M. de F. O caso da maleta. In: GREGOLIN, M. do R. e BARONAS, R. (Org.). Análisedo discurso: as materialidades do sentido. São Carlos, SP: Clara Luz, 2003, p. 135-144.
DELL’ISOLA, R. L. P. Leitura: inferências e contexto sócio-cultural. Belo Horizonte: Formatoeditorial, 2001.
FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1994.
JURADO, S. e ROJO, R. A leitura no ensino médio: o que dizem os documentos oficiais e oque se faz? In: BUNZEN, C. e MENDONÇA, M. (Org.) Português no ensino médio e formaçãodo professor. São Paulo: Parábola, 2006, p. 37-55.
KLEIMAN, A. B. Os significados do letramento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.
LERNER, D. Ler e aprender na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:Artmed, 2002.
MARTINS, I. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor. In: BUNZEN, C.e MENDONÇA, M. (Org.) Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo:Parábola, 2006, p. 83-102.
RIBEIRO, V. M. (Org.) Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF. São Paulo:Global, 2003.
SCHNEUWLY, B. e DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado deLetras, 2004.
SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
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O ato de escrever:perspectivas teóricas
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Atividade 1
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As propostas a seguir foram retiradas de um livro. Não são para vocêrealizar, mas para ler e analisar. Assim, responda:
Como você se posiciona em relação a essas propostas?
Questões para nortear seu posicionamento:
Qual o foco central das propostas? A proposta contempla as condiçõesnecessárias para a realização de um texto? Qual a finalidade dessaatividade? O que o professor espera do aluno?
a) Reduza o texto seguinte a aproximadamente um quarto de suaextensão original. Dê-lhe um título.
b) Observe a gravura e escreva um texto com começo, meio e fim.
Sem consultar o conteúdo que será apresentado posteriormente,
recrie uma dessas propostas, considerando sua avaliação anterior.É importante que você produza sem estudar o conteúdo que viráa seguir na aula.
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Atividade 3
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Aula 6 Leitura, Interpretação e Produção Textual126
CartaCapital. Ano XIII, 4 de abril de 2007, n. 438, p. 20
Onde foi publicado o texto?
Qual o fato noticiado?
Que motivos levaram a produção da notícia?
Para quem você acha que se dirige o texto?
Qual o ponto de vista de quem escreveu o texto?
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Segundo a autora desta notícia, Celina Côrtes, o Rio passará por uma “cirurgia plástica”e na voz de Antônio Barbosa “o investimento na questão urbana da cidade está muitodefasado”. Os enunciadores usam a linguagem escrita para dizer de um fato, para um leitorvirtual – o leitor da revista “Isto é”, com o objetivo de informar, criticar, expor argumentos, oque os levam a fazer escolhas, no sentido de não perder esse leitor de vista.
Neste exemplo, podemos ver como na relação entre o título da reportagem e as vozesda imprensa se constroem consensos, se apresentam desencontros, conflitos que podemdesvelar as múltiplas faces dos discursos. A escolha das palavras/enunciados, as formas dedizer revelam e representam o discurso do outro que podem nos ajudar a entender o fato,nos fornecendo subsídios para criticar, aceitar ou rejeitar, num jogo complexo de dizeres comentoações valorativas que orientam e direcionam nosso modo de interagir com a notícia.
Produzir um texto, então, é trilhar os percursos dos discursos já ditos, os não-ditos eaqueles que ainda estão por dizer , evidenciando o grande embate dialógico de duas palavrasou de dois enunciados. E essa produção se dá por meio da escrita de gêneros textuais ou
discursivos, imbricados em uma rede discursiva que os institui, como modos particularesde enunciar (ARCOVERDE, 2004).
É válido lembrar, então, que quando escrevemos, usamos enunciados/discursos,produzimos gêneros textuais (orais ou escritos), engendrados no contexto social que circulamsocialmente. Devemos produzir textos/enunciados que queremos dizer para alguém, comfinalidades específicas e por razões diversas. Escrevemos para opinar, formar opinião, enviarrecados, informar, para analisar conceitos, para defender ou se contrapor a pontos de vista,para orientar como se faz uma comida, para indicar caminhos, mostrar índices, entre outros.
Cabe, portanto, à escola diversificar as atividades de produção textual e levar emconsideração as práticas sociais de uso da linguagem (oral ou escrita) nas diferentes esferasda comunicação. É importante que na escola, as situações de produção escritas estejamrelacionadas às necessidades de uso da linguagem, assim como acontece na vida cotidiana.A escola não deve, portanto, artificializar esse processo, pois pode correr o risco de falsearsituações reais e significativas de uso da linguagem.
Gêneros textuais(orais ou escritos)
Retomaremos a questão
dos gêneros textuais
(orais ou escritos) nas
próximas aulas.
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Resumo
Aula 6 Leitura, Interpretação e Produção Textual 133
Nesta aula aprendemos que a atividade de produzir textos escritos emergedas diferentes concepções de linguagem que produzem tendências de práticasdivergentes sobre essa atividade. Isso significa que o trabalho de produção escrita
pode ser visto como: a) o resultado de um produto final, centrado no produto textualque o indivíduo é capaz de escrever, o que implica na fragmentação das práticasde ensino da escrita, isoladas de outros conteúdos, sendo, muitas vezes, tratadascomo momentos específicos, em sala de aula para “Redação”; b) um processoque deve levar em conta as etapas de planejamento, revisão e reescrita. Podemosconsiderar um avanço nas práticas de ensino de produção textual, contudo aindaestá centrada na capacidade cognitiva de quem escreve e na superficialidade doprocessamento do texto; c) um processo sócio-interacionista em que produzirum texto requer a participação conjunta do leitor e do interlocutor, interagindo
na busca de uma mesma finalidade. Escrever é uma prática social que requerconhecimento das condições de realização do texto: para quê, para quem, como,quando e onde se escreve; d) um processo de produção de discursos/enunciadosque circulam socialmente. Um texto se produz pelo permanente diálogo quese instaura entre os enunciados/discursos e os interlocutores envolvidossócio-historicamente. O entendimento dessas abordagens sobre a produçãoescrita mostra que a escola deve diversificar as práticas de produção textual,oferecendo situações de escrita que estejam relacionadas às necessidades de usoda linguagem, assim como acontece na vida cotidiana.
Autoavaliação
Leia as afirmações a seguir e teça comentários.
Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de suaaprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim,avalie seu desempenho como aluno nesta aula.
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A tessitura do texto
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Aula 7 Leitura, Interpretação e Produção Textual140
Para começo de conversa...
T
exto e tecido têm a mesma origem. Tecer um tecido e tecer um texto podem, então,metaforicamente, representar o mesmo processo: tecer os fios que os compõem.Tecer um texto, assim, é um processo que envolve o autor e o leitor com suas linhas
– palavras/enunciados sócio-historicamente constituídas.
Ao construir um texto, o escritor faz uso de diferentes conhecimentos, procurandointeragir com outros indivíduos em determinados contextos sociais. Por sua vez, osindivíduos são seres que não vivem isolados. Ao contrário, cada indivíduo é um agente socialinserido numa rede de relações que acontecem em lugares específicos em uma sociedadecultural. Cada instituição, como sabemos, tem suas práticas, seus valores, seus significados,proibições e permissões que exercem influência direta sobre os indivíduos que convivem emdiferentes grupos sociais e que se articulam por meio da linguagem.
A linguagem funciona, pois, como um potencial de opções e possibilidades de interaçãosocial, que formam a base a partir da qual os indivíduos produzem os seus textos, fios quese unem na composição de um texto.
Vejamos então, como se dá o processo de construção de um texto.
O processo de construção do textoSempre que alguém escreve, há uma expectativa de que o texto produzido espelhe as
maneiras de falar ou escrever das diferentes instituições que regulam a comunidade onde oindivíduo esta inserido. Espera-se, portanto, que todos os textos tenham formas, funções econteúdos específicos, que necessariamente estejam imbricados com os discursos.
Que são, então, texto e discurso?
Etimologicamente, texto significa tecido.
Do ponto de vista lingüístico, texto é “[...] qualquer passagem falada ou escrita, queforma um todo significado, independente de sua extensão” (FÁVERO e KOCK, 1983, p. 25)
Garcez (1998, p. 66) conceitua texto como...uma unidade lingüística, um exemplar concreto e único, o produto material de uma açãoverbal, que se caracteriza por uma organização de elementos ligados entre si, segundoregras coesivas que asseguram a transmissão de uma mensagem de forma coerente.
Mas para a realização do texto é preciso que esse “todo significativo” seja produzidonum espaço e num tempo determinados.
O texto é pois, “um evento dialógico, de interação entre sujeitos sociais, contemporâneosou não, co-presentes ou não, do mesmo grupo social ou não, mas em diálogo constante”
Contextos
Contexto pode ser
entendido como o
conjunto de elementos que
influenciam na significação
dos enunciados. Os
contextos são múltiplos:
sociais, históricos, entre
outros.
Texto
Etimologicamente a
palavra texto vem do latim
textus,us que significa
‘tecer, fazer tecido,
entrançar, entrelaçar;
construir sobrepondo ou
entrelaçando, compor ou
organizar o pensamentonas modalidades
escrita e oral’.
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Aula 7 Leitura, Interpretação e Produção Textual148
Continuando nossa conversa...Em nossa trajetória escolar colecionamos alguns preconceitos a respeito da escrita.Ninguém saiu imune a esse conjunto equivocado de crenças e influências negativas sobre atarefa de escrever.
É muito comum, em nossas andanças, como professoras, ouvirmos depoimentos dealunos confirmando a dificuldade que sentem para produzir um texto, fruto talvez dessasfalsas crenças, o que os fazem introjetar que nunca serão bons escritores, que escrever étarefa complexa e que só alguns nascem com esse dom.
Você pode ser um desses que adota essas premissas e acredita que não há formas demelhorar seu desempenho. Se não é, parabéns!
Na visão de Lucília Garcez (2002), esses equívocos são cristalizados em verdadeiros“mitos que cercam o ato de escrever”, sendo mais devastadores os que levam alguém aacreditar que escrever é: um dom; um ato espontâneo que não exige empenho; uma questãoque se resolve com “dicas”; um ato isolado; algo desnecessário do mundo moderno; um atodesvinculado das práticas sociais. Porém, não é verdade, pois escrever
é uma habilidade que pode ser desenvolvida e não um dom que poucas pessoas têm;
é um ato que exige empenho e trabalho e não um fenômeno espontâneo;
exige estudo sério e não é uma competência que se forma com algumas “dicas”;
é uma prática que se articula com a prática da leitura;
é necessário no mundo moderno;
é um ato vinculado a práticas sociais.
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Aula 8 Leitura, Interpretação e Produção Textual 161
Um pouco mais de conversa ...
Conforme a concepção bakhtiniana, produzir linguagem é o mesmo que produzirdiscursos sociais. Institui-se, nessa abordagem, a linguagem em sua essência e naturezadialógicas e sócio-históricas, ressaltando-se a diversidade e riqueza da produção dalinguagem, perpassada por fatores lingüísticos e não-lingüísticos. Nesse sentido, a produçãodos gêneros discursivos está diretamente relacionada ao meio social, às condições deprodução, aos interlocutores sociais e às esferas de circulação social dos discursos, sejamorais ou escritos.
Os gêneros podem ser transformados, pois não são estáticos, mas “relativamenteestáveis”. Por isso, em cada novo momento histórico podem surgir muitos gêneros novos.Nesse sentido, vemos hoje uma série de outros gêneros, a exemplo dos gêneros que circulam
no contexto da Internet (e-mail, chats, blogs, hipertextos).Vejamos agora um exemplo de um gênero textual.
O gênero notícia, por exemplo, relata fatos de interesse público de maneira objetiva eclara. As notícias transmitem informações sobre os fatos que acontecem, que aconteceramou que ainda estão para acontecer.
Ao escrever uma notícia, o redator procura dar informações com detalhes, quasesempre respondendo às perguntas: o quê; quem?; quando?; onde?; como?; por quê?.
O gênero notícia, em geral, tem a função principal de mencionar os acontecimentosmais relevantes, de modo que possa atrair o interesse do público a que se destina. Numanotícia pr