Martinet. Elementos da Linguística Geral

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Linguista básico para estudantes

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. .1 A UNGuJS71CA. DISCIPLINA NÃO PRESCRITlY A

;.1 UNoufmCA Ó.O ~8TUDO ,CIBN'Tf~ICO da linguagem~ ) umana. ,'..". :{ Diz-se que um estudo 6científico quando se ba$eia na obser-

..i tl\'ação dos factos c se a~ de propor quaJquC'rescolha entre 'I{tais factos, em nome de certas principios estéticos ou morais.~<Científico»opõo-sc portanto a «prescritivo». No caso da lio-kulstica, importa a~,,1~tc insistir no carácter cientlfico.:

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nlio prcsaitivo do estudo: como o objecto desta ciência coos-; 'tui uma actividadc-bumana, 6 grande a tentação de abandonar

.:,. domlnioda observaçãoimparcialpara recomendardctenninado!J:omportarnento, de deixar de notar o que realmente se diz para .

..t.assar.a recomendar o que deve dizer-se.A dificuldade de distin-ir a linguistica cientffica da gramática norrnativa lembra

.,_ de extrair dá. moral uma autentica ciência dos costumes.

. Mostra-nos a história qUeaté há pouco a maioria dos autoresque se ocupanún. da linguagem 011 das linguas o fez com

,intenções prcscritivas, declaradas ou evidentes. Ainda hoje,ta maioria das próprias pcssÓãScultas quase ignora que existe

. . ~ma ciência da linguagem distinta da gramática escolar e da

~actiVidade nonnativa exercida, por exemplo na imprensa, por~onistas mundanos c puristas. Mas, perante casos como os de

o . r'vende-selivros, haviam muitas lutas,'a pessoa que eu n/e disse onome, etc., Q.fu!~~.ço~!c:.~!i.I!.Ç..O ignora tanto a indignação(10 purista coi1sc:rvadorcomo o júbilo do iconoclasta revolu-cionário. Casos como esses representam para ele simples factosa observar e explicar dentro dos usos em que aparecem. O se~papel não o inibe: de apontar as censuras ou apreciações tro- ;eistas a que tais «barbarismos» ou <<solccismosHse prestam na :boca de uns, nem a indiferença em que deixam outros; masele abstém-se de tornar partido a favor ou contra, porque não :é esse o seu papel /)

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ELEMENTOS DE LlNGPt~l'I .I:""..~.:~:;.~

i~<.,.:.,1.2CA~ACTER rOCAL DA LlNGUAGEl>! ';.y~...o, ' .:;!S- ~'_..,

~ A lingua~e?" qm:~. linguista estuua é ~A~..h~.

~efu~g:.tt~~:~F(

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desneccssano prc:asa-Io, dado o valor quase sempre metafonco~:;::~ ' '

dos outros usos da palavra linguagem: a «linguagem dos ant~'~.. ,ll ~,'

ma!s» ~ invenção IIosfabulistas, a «linguagem da~ formigas»,'tí .

1: . ~

maIS hIpótese que resultado da observaçáo. a «Imguagem ~âF~~..' f\oo'\ Oores» ~ um código como tantos outros. Na fala corrcn&e;

1

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«Iinguage~» _designa propriamente a fa~uldade .de qu~'~. ~~; .homens dlspoem para se compreenderem 'por meIo de sJgn~. 'Lt.,/ ' 'vocais. DetenhalID-nos um pouco neste carácter vocal ~ ~':linguagem.

Há milhares de anos que nos países civilizadosse usam co.mfrequência signos picturais ou gráficos correspondentes a~ 1

_ -signos vocais da tinpl3gem: é a chamada esc!ita. Antes de inv~tado o fonógrafo, qualquer signo vocal ou era imediatam~~jouvido ou se perdia para sempre. Pelo contrário. o signo cscrit~.conservava-seenquanto se conservassemo seu suporte- ~..

pergaminho, papel- e os traços nele deixados pelo b~~i"'pelo estilete ou pela.pena: dai o adágio uerba ul?l!znJ.!CTip,.

l

i manent. O carácter !fefinitivQda coisa escrita deu.Jhc co~d!/: o rável prestígio. e foi nessa forma que nos chegaram. ~aindà,. . ttoje chegam, 'as obas literárias (assim chamadas ira~.:cxáé:!a.~

,"ente à escrita), em que assenta a nossa cultura. As csc:nw. a1fa~ticas represenlam os signos por sucessões de lettas.~,~:.. , '.separadas umas das outras nos textos impressos. Aprendep'lC!t;na escola a reconhece-Ias,e quem quer que a frequentou ~bc'~de que letras se compõe o signo escrito também; distinguir-oScomponentes do sigIlOvocal que ele representa já lhe será DO"'t;"'entanto mais difícil. senão impossível. É que, na realidade. f ~

tudo contribui para que os alfabetizados identifiquem o sigrio.:o.~ I~

)1 vocal e o seu equivalc:nJegráfico e para Ihes impor ao espirito I,.I o último comõ sendo o úpico repl esentante válido do, r' -_o - u._o._____.___.__..., complexo. '

~ Mas não esqueçamosque os signos da linguagem humana.- sâ!!-prc:cipuamcnte \'ocais, que foram exchislvãmc:ntevocais

'([urante centenasde milharesde anos, e que ainda hoje a maioriados homens sabe falar sem saber escrever nem ler. Nós apren-

...

:.'~.".'".o:~.~.:.:j.t.:.,.'f.j.;>~. ,;.;;:".~,~.,;~.;~;.. , . "'..<:;~:CK.':A'UNGtTAGEM'E A LtNGUA -~S':~,s

~~~~~:~~;~~~~.:;::f"~:" A"- .. '~'~{.ç~:

'~ics' &"apü:l1dcra lei: i; a leitura que vem a~i .'!:'ccntar=se;wbrepor:SÕ:..;~A':t~if'é-'n1o.esta àqUela.Embora.::~~'-,prâtica. lheseJ~micx(ft"ó~'Cstüdõ"d8~csaitá constituFdisciplioa :;--::.distinta da IinjÜlitiC8i1órjór;,'üSô'ô Unguista abstrai. em priD4~~~.

cipio. da grafia':fl6a:1C:ià~êiD:Jjnbadcc:onta na medida em qUe ~J..

ela' inftuencia a'!.o~~riig;sM:v~-o que afinal pouCaS'j:.~. ..,"t"~:';:~";"Ã,",'.'-"":;J':\;..~'t'. . '",vezes acon_, ,-;>..~,.,.. ~,. .., " '

. . ..:;-~;;~~.,~~~~~~:~.. '1.3 A LlNGUAêiEM,rNSrIrinçÃ.O HUMANA

... ... ..:..: ~... . , . . -'Ouve-se Dor vcZeSfalar dá IíiiKüagemcomo duma faculdadehumana. e nós próprios jâ. acima empregámos este termo. semOOC'iltanto lhe bavCrmos'ÍLtnlnildo valor rigoroso. Talvez as,relaçõcsentre o boméãiic'.a'1inguagem de que ele se serve sejamd,::masiado espCclficiàS",para'que Possamosintegrar deliberada-mente a linguagem~num"tipo mais vasto de funções definidas.9 que não pode :.diiCroo8C.6qUe ela resulte do exercicionatural de algum6ij1ó{'Como por, exemplo a respiração ouà' marcha~que. c:Onstitueiiiipoi' asSim dizer. a razão de'ser dos1i1lmões e daS pemas;S"certo'que se rala de órgãos da fala, deaparelho fonador; mas logo se ac:rcsa:nta. em geral, ser outra~ função pri~ de cada. um daquel~_ c?r~!~ de cada umdóS elementos deste aj)ãi'cll1c):"7a-bocã'servepara ingerir os ali-mentos, as fossas n8sais'pm - respirar, etc:. É possivel que acircunvolução cerebral em que se pretendeu localizar o centroda fala (em virtude de terem relação com a afasía as lesõesque nela intervêcm) se 'relacione com o cxerclcio da lingua-gem. .Mas nada pr~va q~. ~ ~j~ ~ ~ua fu~ção primeira eessencial. .' r- _"__ . I'

Somos assim levados a situar a linguagem entre as INSTI- ,.....

~IÇ~~ !1.Emanas. maneira de ver que apresenta inegáveis van-.tagcns: as instituições humanas resultam da vida em sociedade. ./,c o mesmo sucede com a linguagem, que é essencialmente um t.; ,

instrumento de .comunicação. As instituições humanas supõemo exercício das mais diversas faculdad::s, podem encontrar-semuito espalhadas c ser até. como a linguagem. universais,sem se identificarem nas várias comuniuades. A família. porexemplo, caracteriza talvez todos os grupos humanos. mas aprc-

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ELEMENTOS DE UNGÚ . :'k.UNGUAGEM B A UNOUA ;",7. :'....i~~~~.:. '!'~~::'" ~.. ~"':"" 't::~ '.. . '4."C~::f~:..:~;~'i1. .~:"~~?~~::;;.~,'bi;:~:::., ,r:- ."l'-J\';"i:;

senta« dum ponlo para oulro com difcreil~; .. .. , . .. .~~~: &lar duma f~o eSt!tica'a&:';l~~mbán a Iioguagell!'idênticanas s~as funÇÕC$,.diferi: '~;~,j~" ",:' '.. ,. Iiogwig~~;~~~~(~~':~~ analisar .q~l~ 6vcr1lãae"~u.~.~'.:~.mdade para comuDldade,de ,maneIra que só pode fUDclo~;,:~'~ ~ I ..L se ~m:UDdc:~:~.~~:runções CO~UDlca~ c cxp~css~~.'.;-Wentre os mcmb~os ~e delcrml?~do gru~. Como não co~~ ;~~f.,,..! "Em úlüma R.~~!~~ ~ comumcação, ISto6, na co~. ;~r{

"tuem ~ pnm~l~ .essenclaIS,ma~sIm'P~odu~ ~ VI~,;.~, ",',..:. !. ~n:cnsão. m~;~.:.~.;.dc~~~ a funçãoc:entmI~o " :~,

~::CD1 soc:redade, as msl1bUÇÕC5não são imutáveIS; mas sun SUS-'~H'::

I' ..~ " :...:~~~~::t:.~~~~J~~';~ ~ ,,:

ceptIVCISde variar sob a prêssãõde-necessidades diversas c 'a.:;.." r' mdlvfduos'qud.:1ahin?'ibzinhos ~soli16quio. ou seja. da uü. .. influênciade outras comunidades: havemoS~e ver que as coisas;~..~'f ~' lização da 1in8ua8~

,

)ara fiqiJLmam~tt: e~rcssi~. Para n!o '. o

não se passam doutro modo com as diferenles modalidades C1a~: : t. se expor a ~~ o~cm qU~r exPnnur=~9c:veprocurar umlinguagemque as linguas representam. .' '. TI. P~

'bli' -aiantc do,

ciua1 repn:seniará-'a-êomédia do comércio'. . ", . lin tico. 'AIiAs, tudo 'indica que a JioÍua de cada UD,1se cor~ "

IA AS FUNÇ(JES DA LINGUAGEM :~. . . {=~i.; 1," o,. mperia ràpidam.Cn~1C ~ fosse a n~sidade de '~~ ". . .. '. ";'f' . mpreendcr..:o.6,cstà'nCCC:SSldadc pennanente que conserva em i'

A nalureza .do fenómeuo linguistico não fica conludo intc~':'~ 1JOÜf.-cstado~O':"ut~io.;.. ' __--.----ramentc csclarccida quando consideramos a linguagem comO1;,.: ,~:.", --:-: '::-<--~~~i:r::":--~uma inslituição.D>izerque uma língua 6 um instrufnentoOÚoI~ sERio~~~i.tNG1J.uNOMENCLATURAS1 .ulensDio! ulilizar uma designação que, apesar de métaf'óri " "::~:;~:O;-:"'.,'o/~;:-:~;;.i" .

.tem a vanlagem de chamar a atenção para o que distiniuc. ~ acoidocOD1=:coiíceito in2énuomas muito es~o. 'alinguagemde muitas outras inslituições. A função essencial'

~Ungua' seria' um: rcPc:rt6rio de natams. quer dizer, de p~odu-

-:-~~~ ~~! IiD~ !~~r: !1_~~~~~ÇÃo: por exempl ções vocais' (ou gráficas);'~da uma delas corresl'ODdeDtca ~mao português 6, anles de mais, o utensilio que -Permileaos in ') çgja: a ,dete:rminadOanimaJ, digam~ o cavalo, correspo~deria

. vlduos «de línguaportuguesa»entrarem.em relaçãouns COJD; no repertórioparticuJãt conbçcidocomo «a língua portuguesa»os outros. Se as IingU3!.~_l!1oditicam ao longo dos tcm~ "', ,determinado. produto ."locaJ..ortogràficamentc represeDta40 porveremos .que é essenciaIment~pa~ se<adaptarem da 'manei{a:.. cavalo. Â$ dif' n,.u':' entre 85 IInlruaSrcduzi~~~~mais econQmicaà satisração das n~idades comUnicativas,.~ . .cas dl'J d~iV"çAo o cavalO» diz-se em francês Cheval.dos grupos ~ ':"~+;: -inglês ho~, em aIem!o PjerrJ-, c assimaprenderu~ lln--

Não se esqueça todavia que, além de assegurar a éo~ . segunda Consistiriaapeoas em aprender nova nomenchllura,preensão mútua, a linguagemexerce ainda outras funções. ~. Dto por. pOnto . Para1eJa.. antcrionnente conhecida, com

~ primeiro lugar, serve ela, por assim dizer, de supo~ ao pcns'a- . .' 'cxcepçAode algum, 4àdiotismos», ~ 6, de caso:; enuJu~. não- .~lO. e~t(Lque podemos até perguntar. se mereceria pro.; .: 7.:.: funcio~ ~..fllni'inrUlM maJ. tal .paralelismo. As próprias' ;'.

priarncnteo nome de pensamentouma actlvidademéntal ciue ,~,' ; produçõesvoc8is):oEQpOr-sc.iáinnormalmente,em l~ as .";se Dão exercesseno âmbilo duma língua; mas é ao psicólogo Ifnguai, dos.~ft\()$som. c as ímicas diferenças de'UDgua para .

.. e não ao linguista que compete responder a tal pergunta. Por .. llngua il::SidiJ:iam.n~ .domlnio, na simples escolha dos sons cI .~ outro lado, muitas vezes o homem se serve da lingua para SE' namaneiradc'~.~mbinaremcadapalavra..Confirmaes.scponto,I - EXPRIMIR,ou seja, para analisar o que sente, ~~!Il~.J!~. 8c ~Ja. q~dj).~~!"os ~ letras e não nos sons, o empregoI granClemeotecom as. !~cções de eventuaisouvintes,e assim. do mesmo aJfabeto nas mais diversasImguas: cavalo.cheval,i encontra ao mesmo tempo um processo de se afirmar aos seus' horse, Pjerd ac:rcvcDHIOdectivamentc com letras dum só aIfa-

olhos e aos dos oUlros,sem pretensões de comunicar o que quer. ., . .. beto'-C; a. "O I em CIJWllo'e chewú, o em cavglo e horse, e em. .~;..: :~.:;;., .

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. ELEMENTOSDE LlNGU1S!,}~~G~~:"~:'''~;

if{'t!1:'',:J~~q:~~~,'A LINGUAGEM E A LlNGUA 9

1\ ~~~ ~/.:'~;:.;'!':.~.'.::-; ,!,"-':~~~~~jI.~'~~,."':.~; ..~.. ~~tf:_.:..:.....

i chewd, "rse e P/erd, h em che~'a/ e horse, r em ~~;!1;'~~J;};;.~:<~~;t:',l~~~~~~;~~'/~,J)~~:'~~'~~'~ tod~ estas palavras são suscep-Como.8J1a vez pronunciadas as palavras, o ouvido se dá conta. ~ ,tiveis de 'aplicaçãO' a coiSaS que o francês deSignaria de modode difCll'lças que não são apenas de escolha e dispoSiÇão~dc diferente de «bow>: o alo Wa/d é as mais das vezes lorê!, o russoelemed& idênticos, fala-se do chamado <<sotaque»- que -içri8 .' ~ .dérevo fi o' ciia: tFt. COt'I"CSpondemnormaJmente ao fr. arbre.algo de \)astante marginal, sobreposto à aniculaçlo' noiiDal _' 'Os poriugacscs;i<é)i,prânoescS C,em geral os Ocidentais distin-dos SOIIda linguagem, cuja imitação, ~9 aprender-se umá ~a guem no éSpcctit/"solli. as' cores violeta. azul, verde, amarelo,estraDJim, pareceria, scnãQ indecente, pelo menos ridItubL ,.. cor-de-lara1\ià"'o'VCrmelbo;, que não se cncontrain todavia no

o', ~, : ' . . , próprio espec:trO;constituldo por um continuo que vai do violeta1.6 ~ DNGUAGEM NÃO ~DECLAaA À REALIDADE" ". ao vermelho. Ora ~te contlnpo ~ diversamente aniculado pe~

f\ r linguas. Sem"Sáirmos da Buropa, ve~ificamosq~e O bretão e oEssa-oão de línggitl..ç~rt~ baseia-sena ideia.simplista,de r, gãIêsdesignamcoma mesmapalavraglasa porçãodo espectroque, ~ pelos homens, todas as coisas se organiza- ,"; correspondente aproximadamente às zonas ponuguesas do azulriam ca categorias de objectos perfeitamente distintas umas :'~.. e do verde. 'O que nós chamamos 'IIerdeapar~ com frequênciadas oulm, cada uma das quais deveria receber uma designação :... dividido em duas unidades, uma das quais corresponde ao queem cadafingua. Se, com efeito, tal acontece, até ceno J.";nto;j~ designamo~f,porazul c a outra ao que designamos pOr amarelo.no quetlizrespeito às espécies vivas, por exemplo, deixa de ser i' E certas Unguas'contentam-se com duas cores fundamentais,exacto pndo passamos a outros donúnios: podemos consi-! grosso modo equivalentes às duas metades do espectro. As con-dem nlDral a diferença entre a água que corre e a que não sideraÇÕC5precedentes mantêm-se válidas em aspectos maiscorre, .., dentro das duas categorias assim estabelecidas, quão abstractos da expcriencia bumaná: palavras como ingI. wist/uf;arbitráõs são as subdivisões em oceanos, mares, lagos, ,pão- aJ. gemiillich,rusSo nicev6 nIo conespondcm em francês ~ nadatanos, duros, ou em rios, ribeiras, ribeiros e cursos de águal ae "precisO; fr. saguse ~ dificilmente traduzível em português,Para osOcidentais, que companilham uma mesma civilização, c muitas Unguas Dio' coJ1bc:cemequivalente cxacto para ptg.o Mar JIono é um mar e o Grande Lago Salgado um. lago; ilmdãde(s). E at6 Palavras consideradas equivalentes, como ptg.mas Daltodos distinguem entre o rio, que desagUa no mar, c tomar, fr, preNÚe. ingl:- lake, alo nehmen, russo brat', não sea ribein"l)ue desagua noutro curso de água. Pa~ndo a Qutro empregam sempre. nas tne.c1'lUl5circunstâncias, isto é, não' sedomlnio.lemos que o francês usa o mesmo termo bois para situam nos mesmos' campos semânticos. Na realidade, cadadesig~nm lugar p!antado de ~rvores" a madeira em geral; ap' ~';J ( itngua organiza à sua maneira os_dados .da experiência, e pormadearai: q>nst~uçaoe,a madeira destma,da a arder, sem f: " ~ ~." '- isso aprender uma UnRUa.nova nao ':"OSISteem ,colocar novQsde cmpqos maIs particulares como boIS de cer/ «haste de W~ \ rótulos em coisas conheadas, J!!!S sIm em ~t~,~~.!!QL!-veado»; D po~ugués de~igna o lugar plantado de, árvor~ por $;:~~ t8E~lisar doutro modo os om~ das calDllpi..".\n~ lim!Uis1.iJ<as.-bosque, escntldo «madeira» por madeira, e a madeira destmada ~'~;J:;-' . , '

a a~der fGI'achas; o dinama,rqués possui uma palavra tr~, que ~ . -L 1.7 CADA UNGUA POSSUI OS SEUS SONSdesIgnaa árvoree a madeiraem geral,e, concorrendocom - --tõmmer.amadeira de construção. mas não se serve de tal pala- Não se passam diferentem~nte as coisas no dominio dos sonsvra paR 4esignar o bosque, que se diz SkOI', nem as achas, da linguagem. A vogal do ingI. boit não é um c pronunciadochamada br~l/de. Para os principais sentidos do fr. bois, o com sotaque Inglés, nem a de bit um i deformado por idénlicaespanholGistingueenlre bosque. modera, lena, O italiano entre razão: compenetrcmo-nos de que, na zona arliculatória embosco,Iql(), legna,legname,o alcmãoentre Wald,Gehõlz,Ho/z, .' que o portuguêsdistingueum i e um e «fechado»(devi e vê,

~'~.~. . '-'--~' ... " ~"~~'"~, ../ _r. .' ~ ... . ~!I'"_ .

~, . ,0;...,,.'" '1.,;~~f~ &r._ '~~_'~.- .. 4r",..,.. ..~~i!~ .. .

Page 5: Martinet. Elementos da Linguística Geral

J8.kJI_.' .

11'ELEMeNTOS DE UNGU1Sfl

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.,i, ,. _10). O;n.'" ... tiO"'0","""' "O",,.tadal-,', ... po1a'P' """. bUCboi'Ci"",uU"," .. I. , portu........

. A espanholaort rada '. c.ja O,ouúocia...1". "'" um"-' i_I do .,.. C do r.. chl.n.

...b_ ...' _umchportu ou r_' de certaS~ arti<>JIaII>rias.o r.."", c o portO,," ..........

tipoS(Ir._ c , chãoc ,;o). CoquaolOo .,pa'abOIuti\i.. identifica"'.. qu.t.ue,d.....\oStIoii-ea- ..." "",,,em ali" deo'" dU'""......._ q _ dial- oudu"ralarparaou""

o efeitose lio d"or.O"" o pl&-

. armoaI(o que se por ",c..pIo. c.. Liabo' o. COi )., do_..odopata paço, pa'''' po.que

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u;.úo... _ o 000 Olaporç eU" .snfias"' nu .0 r.ta.deTIÚ- ;

_M- . .rticoIa u;ror"'"(. po,i... paçori :.' --1$0010 se confundctn Dapronúncia local). O chamado <($Ota- .

.. ..., uo OUtoca1",ulta da ideu'ili..",Oab de 'r6DicaSdeUU dial oa Ia"''' d""cn"!o..po

perigoso. _ b '" inidaldopro.,om''''dofI."'" .do ,."., do ai. Talc do "'" ..,i,ol" do ,tIpO. o "'_ qo' pl', ,o"",r.rr.p""'''' ino\."ai- ",""0 c b,of """","ood'" a ........

, .realidade~ " · .,Ia' dosi.o"'''' ... .

1.8 A DUPLA ARTICULAÇÃO DA LINGUAGEM

Di'" por.- a.io li.""". b .rti...!'~" _ra ·OS se i_ 0'" p.. ..i'" deddinU.

,.-te o quepoa,.d... direto0'0 li; dti,útad. quer/mn.taai . ..ra"."'ti.. .rceti" d. oS

UnIU'"Mos trn"Oli.., a .oção d. .rti..t.ção liooul'.1icac _ar q.' da .. "'0""" ,.. do;' Olaoo.d"",ol'"

efeito.asuo ",utla.'" deu... .".."ra articula,'oarticulam-se: por sua 1CZem unidades doutrO lipo.

Ycla~Ão da Iin.uag .. '".ei.. ·...""",ti<.as ...".,.,adosq.' .. O"".de <,,,tar· ou"....d.. ~~i~~"-"?da d~~~~T'!.-,~"j T~-r

.:~' "" d

11

.

.. Conoavocale deumsenti4p.Seeutiverdoresdecabeça,posso mandestar Omeu sofrimc:Dto.pormeio de gritos, os quais,quando involuntários. relevam da fisiologia,o quando mais ou

. menos voluntários 10 ~ a dai a conhccn'a quem morodeia os meus sofiimeDtõi:'Mâ .nem neste segundo caso nosencontramos perante uma comunicaçlo lingulstica. Os gritos .sio inanaJisivcis c correspoodem ao' coqjunto, inanalisado, dascnsaçIo de dor. Inteiramente diversa será a situação se eupronunciar a frase tenbo uinador de cabeça:nenhuma das cincounidades succssiv~ que a compõem(tenlw, uma,dor,de, ClJbeça)correspc;ndeao que na minha dor bi de especifico,c cada umadelas pode figurar noutros contcltos para CJlprimiroutra coisa(ten/w em, por CJlemplo,t~ multt» Inros, dor em dor de cot&-,elo, c:abe~ ~ça de prego). Para compreendermosmelhor.o que~nómico~-i1esta primeiraarticulação, bastará supor

,o que sCiiaum-í'ãstcÓJado comooic:açfioem que a cada situação,a cada dado,..da_~e~ corrcspondcsseum grito próprio:~o estas situações o ~ 4ados. ~riência são cxn nú-mero pràticamente i~finito, um sistema constitufdo por gritos

:.16 Poderia prestar os serviços que prestam as linguas I!ecom-'.Portasse um número de signos distintos tão considerável que ".a memória humana 010 CODSCBUiria~los. Alguns milhares. .-:de unidades do tipo do tenhD, dor, cabeça, de, u~, comlargas possibilidades com~tó@._J>emU~~.nos comunicar'mais co~_ dp. que vários mDhões de gritos inarticulados

. diféréJitcs.

A ~rimeira articulação 6 o modo DOrque se orden;t.â.~ :.,.ri!ncia comum a todos os mcmb~$J~_J!c:!~.!na_4a_CO[IJUDi-I\

/

i

~gy.Wjça. Só c:omUDiauDosIingolsticamcntcdentro d~;JUóitcsde ta) CJlperlêocia,Pela força das circunstâncias limitada.80 que 6 comum a consideráveln6mcro de individuos, e a.ori-~idade do pensamento só pode manüestar-se na disposiçãoin~~~~-~-~dades.lncomunicável na sua unicidadc. aoa-Gsa-sea experiência pessoal DUID8sucx:ssãode unidades poucoespcdficas e conhecidas de todos os membros comunitários.A especificidade só aumenta pela adjunçAo de novas uni-dades, por CJlemplode adjcctivos ao substantivo, de advérbiosao verbo, e de modo geia1 do dctc:rminantesa determinados.

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Page 6: Martinet. Elementos da Linguística Geral

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ELEMENTOS DE LlNGUfSTICA GE~.::':":':: :.'.

~--. ~.._:~..:.:..:..l;Como'vimos.cada uma das unidades de primeira articulaçlo t ..,r. i,

~cn\um'seniido e ~~~~~~ v~!=31(ió~icaj: :Não põdcinãS. :~81\.311Sá-bsem uf1idades ~~siYas_mais pcquertaLdQlad~s de...:. .(.senlido: -~ O colljún'tõcab"ça que significa «cabeça.). e não-a: ':~

. ~'~ma de eventuais sentidos de cada um dos segmentos.em que :~" '._pndP.IIItKdiyjdi:h~.:_ç~-. -be- e -ra, por exempl~ Mas a forma .~

vocal ~ .analisável numa sucessão de unidades, que contribuerd" .todas para distinguir cabeça de outras unidades. como cabaça ,0.

o. c CJlbero.A isso chamamos a SEGlINDAARTICULAÇÃOda lin- '.:guagem. No caso de cabeça. hásds unidades desse tipo. quepodemos representar pelas letras k,tt..b e 5-a, convencion'1l.mente :

. colocadas entre barras oblíqua~: (ka.'besa/. Po!..!..'l!!Lv~IT!~~_çp!"~ : :

{

"} tam~m a séguttda, articulaçãC;Llecoóómicã": se a cáda. unidade .Ii&!.t, srgiiifiéa1iva"1I1lnim:rcõtr'e5pondesse üma produção vocal cspe.

. . clficr'Cinanalisâvel;:-tcrlamos de 'disÜ"guir milhares delas. o '

~i quc' sciiã=iõ~~pollivel cõm'":ãi:rãiIiüdcs":irtic~latórias c a SCDS~

i! ' bilidadeauditiva do.ser.humano. p.racas-Uezunda a[ticulaç~o.;. \ j'-õilemas IInguas.contcntar-se.com.algumas-dezenas ode.produtos',..

\i róiiicõSdlstintOsuns dos outros, que se combinam para' se

,

'

1':.bkr-1donnn -_I- unid'd" -do.pdm"", an,ro',<"., '

.

'

,", I 'pSS1mem cab~ça aparece duas vezes a umdade que represen-h. \ .. .lamos por Q- a mesma que reencontramos em mesa, nos. .r' Iartigos Q e uma, ete. _ ' o" -, ,:)

~ .--I~" ( '--

~1.9 AS UNIDADES LINGulSTlc..cs DÁSICASJ. r_~/~f:~., :)9>-, , .' I' -!H)cA<-

Um enunciado como Imito uma dor de cabl'ça, ou uma parte'desse enunciado que, romo I~O IlDCLdOL.DÜdor ou cabeça,faz sentido, designa-se por SI<1NOlin ulstico. Qualquer signo

lingulstioo c~mporta um \SIGNlFlCADO.uc ~nstitui o ~e~~ ~'

t\l~alõr d~ que representamos sntre asP~( «tenho uma dor '~.:.. .,. \íde"Cabeçan, ccOP', «c.ll1cç3)'),e um\.~IGNIF1CA~~gr:J(;as ao qual ti:.):.'se manifesta o signo e que transcrevemos entre arras ~~!!quas .".- I(f'tci\u uma 'dORde b'be~a!, I'don/. Ika'hesa/LÉ ;WE!G...nificant~ -:

q.ue.a lin[:uage~ ~orrcnte costuma ch.1rnarI!;in~oLom ~~..s~~ I~!!!fu:!!!o e Slg!1~~~~te'Js unldade~ da ~i~~~~~~~~lação.!!!'1!!g!!9.s..1el~lgnos~limmos)por não poderem analisar-se emsucessõesde signos menores. Não existe termo universalmente

012

~:t~~'0J1'-. ~:~(.#''''~!'~ .' ~:...;...:..~~.:f: tt.' . .: ,,:....... ~ ,.~..t '-' ~

~~~~)&;..;,:. ~",~l''~_~. . f'.~,...~~~!i..;.~~~,. J..\

A LINGUtSTICA, A UNGUAOBM B A ur-;GUA 13

aceite para designar tais unidades; pela nossa parte, chama-mos-Ihes MO~EMAS. .

Com os outros signos. ~ é uma unidade de duas

.§cesl a face ~ignificada(,)-:T"'idoou vai;r) e a. ace SI!;",cante.que omcamente a 1iiãniCcstà.e se compõe de umdades de~.!1~~ ~rtoi~,!':!~o:ditas fONEMAS.~ . . .-

Há no enunciado de que nos vimos servindo certo númerode monemas .que ocasionalmente coincidem com o que, nalinguagem corrente, se chamam (<palavras)):uma. de. dor.Mas não se conclua dai que mon~maé o equivalente eruditode palavra. Numa palavra como comemos há três mon~as.ql!~ ~ã_~~~;]KüiDI_ocstgn.IW~!U1.c.s~[I.Q.tJP9...deag~o.~- ILdesignativo. do .modo..vctba1..:c:llIPuQ\.!!.51Jlli!!.C?tivode ser aacção praticada pelo locutor e por mais alguém: comparem-se.por excmplo. "",IIcsrr]ku'mcstc! Ukum/, fe/.7ste/) c comamo!Iku'ma.musl (/kum/. lá? Imusf). A tradição distingue com- de

. ~_ e -mos. dizendo que por um lado temOSum semantemae por outro morfemas. mas esta tenninologia oferece o incon-veniente de sugerir que só o semantema tcria sentido. por,oposição ao morfema que o n1l0teria, o que não 6 exactq:Na- "ímedida em qüe for nccessário'man"iêfãdisiíõçãõ~'scrã"prererlvcl \Ifalar de LEXEMASa propósito dos monemas que se !:ituam no '

\léxico e não na gramática. e conservar a designação de MORFEMAS'(para os monemas que, como ~- e -mos,aparecem nas gramáticas.

Os mOncmas-comocontra.qÜetanto figuramno léxicocomo nagramática, devem classificar-se entre os morfemas. Note-seque um lexema como com- figura tradicionalmc,"!teno léxico

.com a forma com~r. isto ~ acompanhado do morfema de

:infinitiv«-er."'1.' .

1.1 O FO~MA LINEAR E CARÁCTERVOCAL

_ Todas as línguas se manifestam pois nà\fonTiã linear de enu~-,-:- clad~ que representam o que pC'rvezesse-ãi7.Cm Trancêscela

.~iãine parlécn. Essa FQRMALINEARda linl:uagcmhumana derivaem última análise do seu...s;:AJI.ÁCIE.."OCAL:05 enunciadosvocais .decorrem necessàriamente no tempo e são necessària-mente captados pcl~ _ ouvido como sucessõcs, Inteiramente--.

.,~...~,-..;:";.f"~~~~~~';~ :j..r . :r:[1;: \:.: ..',,~) !...'. . .\,;{~,.\:.:. ",..., : . '.

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Page 7: Martinet. Elementos da Linguística Geral

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I':~ A Lll~lJYl:Ul:A, A UNOUAOBM~ A UNGUA

, -' diverso ! o caso da comunicação de tipo plctural e poa1anto 'vantaRmL.d~ W~~1!N1Z DO!ALORDO SlGNlftCADOptada pela vista:~ certo que o pintor pinta um por um os , '; A fOR"'A DO ItONmCAH11IcOiTCSpondente c de assegurar assimj

elementos do seu quadro, mas o espectador recebe a mensagem ~; maior_~~"jndadet. r~nna linsulstica.~~~!m .ou como um todo ou dirigindosucessivamentea atençAópara ~~ llng~~~'!t!l!!!.!..~$t.l!!!!'J'1'I! aJrresl!O..!'.c!ep~-,.!m.grito.Jl'P.!i~

, as viria!' partes que o conslitucm;' r;egUodouma ordem vari~1o: _!~~ cJ!,,~_n1!!!.sávc:.I,.!lId"Jft1~j~a,as.~o~-:~e_modificarmu'\tiMvel e Indiferente para o vnlor 'd" mens:lgem. B um sisle"13

S

' :" :Br~ da ~ quc Ih~J'!tC~Se_ma1S_8dequada-JJad_~~ .visua~.CDmwúcaç."o,c;o~Q'! si!,alizaçãodas estradas, ~ao ' -. I ~vetCõm exas.'iídão Q.._O.Wcdo_designado.Mas como 8ena

. ~.-y.ne:u mas sim bidimen!>ional._O_carãeter.lincar:..dos,enlln:~ ,',! . impos51velchegar a acordo unânim~ em casos de. tal naturcza,',_' _cl:Jdos..cJtplica. su~o;~yid;l(lc d09 !"1~~~m.!!~o_foDcmas. I!m ;'f.' dificilmente se preservaria a compr~~n~? no meio da ,I~tabi- .

1:11, suceo;,õt's. lIUlto vnlor tem a ordem' dos lOnemn..1 como.. a ' :;. lidade crônica, em que depressa" se cairia. Mantém VIva CS3&

selecç1!ode que eles s:\o ohjecto: o rlg. 'limo /'Rumu! com- i!.~~ ., compreensão a exislêneia da ~egunda artieu1aç1o,que .liga .rorla p,; 111(':':010$rOllem:t.que murro/,mupu/, mas os dois signos ~-~. sorte de cada coml'o!,entedo significado(de cu!a um dos seg. ,

~\~ $!Ia di<õlinIO$;idêntico ~ o ~so do fr. ~/1f!'311 e Jame /bm/.. ~~! nif'tos !m/, lal, 1I1dc' plg. mal, por exemplo)não ao s~lido IO

~por c~cmplo, Quanto As.umdades de I'nmelra artIculação,:: ~"~ I «1lJBntOcado"ccsrrespOndcntc, neste caso cemal", ITL1SsIm 1!

1'\; oisas n;to se p:tuam "em assim: Evcrdadeque o ('açadormal ~,,~:, ~1t'qJOS componentes ,doutros, signilic.1ntesda IIngua-:- o 1m/I ,

~ 'Q o 1('lion:\o sicniflClo mesmo quc (7Irão maloll o cnrador, 111". i dt'CrlW', o lal de galo, o 1I1de sal, ete. Não quer isto dizer qu~ -

(

nno ~ (:Iro poder-se deslocar l!1Osigno dum flonto par:aoul i - ,:~ f,,'fI'ou o 1I1de mal nllo possam modificar-se no fuluro, ~ih.

~

\ do ~nunciado sem que dál res.lllte a.

"reci:\Vcl modificnçllo dl , ~ 'sl~ que, se tal acontecer,forçosamentese modificarãotam~111,/',. ( senltdo, CIJmn cllr~d~_ ~/c ~mf ~~IIM e. amn~1aa ~/t! ~/n!~ , . ,10mesmolempoe do mesmomodo, o 1m/de more o /I/ de sal.

. ror oulro lado, aos lexem:t'lagrrgam-se com fré:quênclamor- "..~ ' '. I~:." fcmas que, por indicarcm ! fUllção daqucles no enunciado,- ou ~. ':~1~12 CA-DA LlNGUA TEM A SUA ARTICULAÇÃO rRÓrRlA. sej:t, R!'511:15relaçõcs com os 0111ros sir,nos, Ihes pcrmitem figurar " ",: " . .

, em vArin!! r~içüc. :O;CIl1rc::JI01cnte se afeetar o sentido do "," ~lodas as IInguns praticam 'a dupla articulação, todas elasenllncia~o. Tal ~ mllila~vele:; o c:tso em I:ltim,em que p/lcrum, , , d ,Mercm na maneira como Os respectivos utentes analisam os '

~r?cteuz.'do como ohJl'Clo pcl~ scgmcnto -um, pode figurar .,~~ (,l- jos da experiência e se serVcm das possibilidades que Ihesandlfcrentcmcnte ROlei.011 dcpOl!! do vcrbo: put'Tllm uidrt ou~: :t.'U~rcccm os órg30s da fala. Por outras palavras" CADA,p..!'.2YA."ldr( p/lt'fltm cevl!a ellançnll. !~í' ;Ú.',.~CUl..A A SW-M.9QQ..enunciados e signi6cantcS, NaS m

.

es~ .-,.",.-' '-, , " o' " ' i.' '.ê:~cunstãnci8s em que um portugu~ diz l~nflo.'!.'!.'f.Ido,!!=. ca~ftl, j

,

1.11 ~ DU:~~, A~Tl~~LAÇÃO E A ECONOMIA ' :! ~.~-:rá um franc!s J'al mal d Ia téle e u~ ~panhol me. iIüelt Ia i I.- , ' 0'0 '... '.. . .' l 'weza. Em português c em francês, o SUJCltodo munaado será ,- Em ~as as IInguasalé !lOj~~~cril"l'lexist~~ tiplie prga::. r..,'i: ;'"11estecasp o locutor, enquanto em espanholserá a cabeçaque

ni7..1çã~que acabamos de C'iboçar.~ que parece impor~e .s.,.' , sofre; a 'expressão da dor será nominal em "ortugu~ e em rraoc!sfcomumd:tdeshumanas como sendo o que melhor se adapta ~s mas verbal em espanhol, c a atribui~o da dor irá para 8 cabeçancce;c;idadC!le di!'JIonibilid:!dcsdo homcm,. Só..a econ0!11ia em rrancês, para O paciente em espanhol, ao passo que o por-resullanle d:to;du:tSartiallaçõcs permite oblcr um instrumento de tuguês precisa a natureza da dor por meio de um delerminantc.comunicaçãode emprrgoI!cral.graç:lSao qual se pode tmns- rouco importa que, em lugar de lenflouma dor de caMça CImitir tanta illrornlaçãopor t10 baixo preço. Além da economia. j'ai mal à Ia lilt!, o português e o franr.ês possam dizer respec.

s~plemcntar que Itp~o_ofcrece ~o~~~r.td~_'~~iculaç3oo:'a J '. li ~. ~ . ,"\ ça e Ia Ii.lt m~ lail mal: o decisivo 6

W:'~~""~i::f!i" . ~~!'t:r.,~~,:~~Jn~wA ,~.ro1.,. -"'.'" ~

15

Page 8: Martinet. Elementos da Linguística Geral

que, araàM,a siluaç.,o,o portur,ues.o francb e ~ espanhol podemrecOntf a análises diferenles. Comparem-se, na mesma ordemde idcia.!,lal. po~nasdabanl, plg. sofriam casllgos, rr. Ils IIai(nlpunls; plg. I proibidofumar, fr. défins~ de 111m", ingl: mlt!klnlprol,i1Jilet!,russo kurll' .osp'ejcá~/sJa: plg. I/aro, 1r40~1I6i:1~. ,

1IIIr,ft..pr;~rtd~nepaI statlonn~r;ai. er IsI flII'erl4sslg,fr. onp'tUI '.complN sur lul. plg. pode contar.je com ele."" . . ..t:~', .

li sabemos que nual3.YJ81..dluDU!!!B.ua'!~~~ ~~>:~:' ;1.// lentes exaclOSnOJl!!IJ,o que naluralme.nt~acompanl1a !:!.!~~~\ da de lias análises dos dadQLda~xpcrlencla. é posslvel quó-!daJ .

d.fcrc"lI~ de análise resullem maneiras diferenles de considerar.um (ClÓIIICIIOe que concepções difcrenles dum fen6mcno con-

\\ dU7."'ua diferenles an:Uises da situação: nllo p~ifem disli~-I guir-~ um do oulro os dois, c.1S0S. ':'. ' , ,

. Qumloã cla.<;sificaçllodd, significmtes. não DOSbasecm~s..inas grafiaspara julgar os faclos, ainda que essas grafias corres:~;':ponda a transcriçõese não a rl'presenlaçõcs ortógráficas.. Pare. Ilindo li: /3 e mal ti Ia lell e Ime dude Ia kabcOa/, nllo se supOnhai.que ri lal de IkaheO~1corre,<;pon(feà mesma realidade lingulsiicA "

qlle o de Imal/: cómo o (rances üislingue,o lal de mal do lál 'de ,., ti arliculação do primeiro 6 relativamente pouco pr~;fimda.ao passo que o lal de cnbeza,~~-!ogal aberta do espa- 'j

~bol._~spõe de maiores latiludes..~ por ~~I1~ttitCm",\ ccon6aic:i""~ucse-i.mnscrevemeom 05 mcsm05caracterd ~ f~;:.,

\ nem:!s de "n~lI:!s d.fl'renlC'S. ~ - " . "~ ~"';,'_,' . '::r: '

J. J J "'Ullf1:no "OS loIONEMAS E DOS rONEloiAS'" ;.;,' ,-, .01,:,:... ,O 1II\lIero de cllllllciadns po~sh-ei~ em cada !Ingua 6, t~rica"'; .~' _.u.. . ,,_ .menlc infinilo, por ~cr ilill1il:1Iloo n~mero de monernas 8UCCS'!,~li

siyt"ç ~tle um cl11l11ci:ulopode coiliportar. Com c(eiló;~cr.üm.f1-,\ !:!:U"A AnFRTA LlhJs mOllelll:JS dl" ~da IInJ.:!':!: não.sc-pode.

" delcrminar com prl'cisão qllanlos moncmas distinlos possui.umaJlngu:!, porql.c a cada ra~~o ~1II(:cm..!!l'cc~<;idadcs novas quef:!7.l'1ncli:!r nov:!!, (Inir:lI:!o.;i,e~.Conlam.sc ror milh:!h:S 3<;p:!lavas que hoje cm dia IInl ch ili7:lIlo é capa1. dc e,"pree:!r oude cOllprcendcr; mas muilas de~~a<;p:.lavras compõem-sé qu~r

de mmemassusccpllvciJde aparl'Cl'rcom~~~~~f! /'j I :, ~:",...!("\ "'!~' ".I J.,-f..., n., , ."~ '.

.. .....-, .

dentes (por exemplo, plg. co'"~-flor, ~strnda de' autn-ej/rtlt!a, .fr. li",brt'-po.f/e, tI"'orou/~), quer de monemas que s6 aparecemem composiçilo (por CI. aulO de ptg. ollln-t.ftrada, plJ:. t~l;grafo,rr. I~I/gropl,e). Dondo resulll que, apesar do contributo dedesin!ncins como pilo -moI, -I, rr. enlts,e de sufixos como ptr:OSo,fr. -âtr~, os.moncmas do d~ IÓtlgemenos numeJOSÓsque

as palavras. , _ -'- 'õ'-..,.. " .

'\/ Pelo contrário, qroVr!nt~riôdn<:rnnl'rTi!'ttduma IIncuaconstitui.f.-tima.J.lSTAFECI'Af)~O castelhano, por exemplo, distiJigue24./ fonemas, nem mais nem menos um. O que torna por vezesdeli.

cada o resposta A pergunla '«Quantos fonemas tem esta IIngua7»6 o facto de. por se: falarem em 'vastos dORlinios.as IInguasde

-eivili~çlIo não ofercc:crem-'pcrfcltaunidadc"e 'variarem mais ,ou''mênõS-êõ'm as regiões, 'as 'classes sociais ou a gcrnção a que

pertence quem as fala. Vari3çõés desso'lSnão impedem por' viade regra a comprec:1São,.mas Podem provocar diferenças nl'inventário da.~ unidades - distinlivas (fonemas) e significativas(monemas ou signos mais wstos). Assim, o espanhol falado naAm~rica apresenta muitas YCJCS22 fonemas em vez dos 24 docastelhano. A variedade de franc& que o autor utili13comporta

":'34 fonemas, .mas não i raro enconlrar, nos p3risiensesnascidO!:depois de 1940, um sistema de 31 fonemas (do qual. por sermais simples, nos serviremos na transcrição dos exemplos fran-ceses). E já aludim05 atrAsoa ",ma variedade de portugub queconhece dois fonemas, ortogr~fad05 s e ç, aos quais no portu-cuês normal corresponde um s6; essa variedade dislinguetam~m

.. entre o que a ortogr:lIia representa por %c por ch. confundidosno falar normal. Na tr...nsaição dos 'cxemplos portugueses, 6o sislema do falar normal 'de Lisboa que teremos prc:scnle.

J.14QUI: t UMA LlNGUA 7

Podemosagora tcotar uma formulaçãoque reveleo que entdl-demos por /ingua: -.::: ? ç(' ?

, /"'- " -='

UMA LINOUA i UM ~UM1!NTO DJ!.iCOMUNTCAÇÃQ);'EOUNDOo QUAL, Da MODO VARIÁVEL DU CONUNtDADê-ji.uti\.tDMuNrDAD!,8B ANALIS4 A lIXI'I!:IU!NaA HUMANA EM UNIDADESrltOVlDAS DI

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Page 9: Martinet. Elementos da Linguística Geral

.~. I I ,J-.. 111:, 1 ""..t..\.I\ "8:'1(/\1.

com1!ÍIDO sf,,'.hfTlCO I! r)e f."XrRE..~t~OrÓNtCA - OS MONEMAS;r.ITA DCrRE."~;'() rÓNICA A" flCUIA.SE rOR SUA VEZ F.MUNJOADU

OISTlNnVAS E SIlCr.~tIV"5 -I» FONFMAS-, DF NÚMF.RO nxoUf CJeA LINCotIAP. CI/JA NAT11RF7.Ae RELAÇÕr:.sMúTUAS TAtof-nf.M rsr:RfM nr: 1.!Nm;" rARA t.lN(!tlA.

,-

I~i(a isto: 1.0 <lI/Cresen'amos o termo lin/:/I(Jp~ra d~i!:-"~f ,.. inslrumell'o tle comUllic.1çào duplamentc articulado ede nUllifcslaç;1o vO(~II; 2.ft qlle. abtlraindo dess:I b:tSe comum,e conlO indic:tm as fOIIl11/laçõcsdr n/nd(. mTid..cI e di!rTr17ldanos~a Elilliç;io. N.\I'" IIÁ I»r. "nill'RlAMfNfr: UNCHJlsTICOOUI!N~O ~A IIIrrltlR 1Ir. I.lNO!IA r.\RA I.lNOUA. Ú 110 e,.;plritodesle sq;undo corol;irio que se deve entender a afirmaçãode seran ccarhilr;iri(itl)ou Ucon\'encionais'los fenómellos lin-r,ulstico;. ,f ~ c <I"l

~--- /'" - --- -- --t. t5 À "'ARr,T:M n.. nc.:rl.A ATl1"1CUI.AÇ.10

Todas a 1I1I&lIaSapresentam o tipo de organização que ac.1-b:lmos d::descrever. o que não signific.1que n:lo possam recorrera pfOCClro'l que nito entrcm no âmbito da dupla articulaçào.Assim. 0'11portllr,UCS01/ f.ancct. ror e:!templo, é frequente mar-C;'Ir-SCo car:icter illterrol.;:llivo do enunciadu por uma simple-;Sllhida ~I(!dic:l da V07.11:1última pal:lvfa, o que permite dis.tineuir reC. de .Ioi" (alir1l1:1ção)de r/c soi,,? (pergunla), ou fr.i! plr'" de il plr,,'? Cumo ctlc "'liimo enllnciAdo equivale a eSI.ct'q,,'i/ rlrftl~. a ~lfhi(Ia (tr: \'01. e1l1iI "I,'r/'? de~empenha o n1esmopapel qla: o sigilo Ic~k/, nlllll:raf:ltlo n,.(t! q/lC. rodemos por-t:llllo (rl1ErqllC. e~:tct:lll1el1tcCOI\IOr.".ce que. tal curva meló-dic:l ~ 1m ~il:no. de :;if!lIilic:ldo ((interrogação)) e significanteCO !;(i\II"O pela ~uhid:l lia V07.. Ma~. 30 contrário do 5ignifi-c:lllle de r.tI.a 1/11',(I"C rr:tpcil:J :I sC(!\lndaarticulação com ossrus Ilêç fOllcnms ~lIcr~~i\'os C a primeira por se inserir na!Hlccss;'lncios mOlle"':1~.li si/:llific.,nleda_c.un'a melódiCo1nãof:J7. otllrGl 1:llIto: (li'" ("(l'iIO, ette úllilllo nem ocupa potiçãop:1rlicul:u no CI1I1I1C;:lIlo(sllbrcrce.~c, por assim di7.cr, iç uni-dades das du:tt arliclllaçlics). nem se deixa analisar numa~uce..~5ão4e foncn1:tt. Ü$ f:lctos lingulSlicos que n!lo respeitam a

A LlN(iUI~IICA. A LINGUAGEM E A LlNGUA .,

articulação em fonemas di7.em-se por "czes SlIpra-scgme",als oformam um capitulo inlilulado PIlOSÓDlA.di~linlo da fONEMÁ-TICAque trata dai unidades da segunda arliculaçJo.

1.16 CAR-ICTER N.lO DISCRETO DA ENTOAÇ.lO

Existe uma OJ)O!iiç50fundamental enlre a diferença melódicaque di5tingue a afirmaç101IplcII' da pergllnla il plell'?e a dife-rença entre dois fonem:ts:a fisiologiados órl.!ãosda fala provocanormalmenle no inicio do enunciado uma subida da voz corres-pondenle a IInta tenslo pror.ressivae nas proximidadesdo fimu~'a descida da voz correspondente a uma progrcstiva diSlens30.Se não se reali7.aresta distensão. o auditor terá -a impressãodeque o enunciado n50 terminou e que requer qUiilquercomple-menlo. na forma de resposta a uma pergunla. por excmplo.É assim que se pode fazer de i/ plclIl?um equivalenle de.eJI-ct!qll'il plclIl? Mas lal 1130significa que à subida da voz no fimdo cnunciado inlcrrocalivo correspond3 um valor bem definido.por oposição a outro valor, igu~lImenlebem definido. da des-cida que ela apresenta no final do enunciado afirmalivo,rorquanto a sicnific::t~ocxaela do enunciado \'ari:u3 com o~rau de altura ou de profundidade atina;ido: uma nota muitobaixa implica lima afirmação brulal, mas a asserç30 ser!tania O1enoscategórica quanlo menos r:ipida for a descidamelódica: e à medida que a curva for subindo passaremos inscn-slvelmcnte a afirmaçõcs matizadas de menor ou maior dúvidac dai a rerguntas cada ycz mais dubilativas. Não $CtraIa pois,de modo algum. de alea como uma escada que se sobe degrau adegrau. onde a c:scolhade certo nlvel conduzisse a um enun-ciado radicalmente diverso dos outros. mas sim de uma situaçãoem que qualquer modirlCaçãoda cun'a melódica implica umal1Iodilic.,~10paralela e proporcional do sentido do enunciado.

I, J 7 AS UNIDADE."DISCRETAS

A situa~o modifica-sc inteiramente quando de duas direcçõc>difercntes da 'curva cntonacional passamos a dois fonemas. I!mportugu&, palavras como pala /,pataJ e bala l'batal distin-