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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS SOBRE RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA DO INCA A PARTIR DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS Autora: Giselle Gomes Borges Orientadora: Prof.ª Dr.ª Zenith Rosa Silvino Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde Niterói, outubro de 2015

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS SOBRE RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE

QUIMIOTERAPIA DO INCA A PARTIR DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E

PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS

Autora: Giselle Gomes Borges

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Zenith Rosa Silvino

Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde

Niterói, outubro de 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM

ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

GISELLE GOMES BORGES

MANUAL DE BOAS PRÁTICAS SOBRE RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE

QUIMIOTERAPIA DO INCA A PARTIR DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E

PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Enfermagem Assistencial da

Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa

da Universidade Federal como parte dos

requisitos para obtenção do título de mestre.

Linha de pesquisa: O Contexto do Cuidar em

Saúde.

Orientadora: Dr.ª Zenith Rosa Silvino (UFF)

Niterói, outubro de 2015

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B 732 Borges, Giselle Gomes.

Manual de boas práticas sobre o risco químico na central

de quimioterapia do INCA a partir dos conhecimentos,

atividades e práticas dos enfermeiros. / Giselle Gomes

Borges. – Niterói: [s.n.], 2015.

xx f.

Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem

Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2015.

Orientador: Profª. Zenith Rosa Silvino.

1. Enfermagem oncológica. 2. Conhecimentos. 3.

Atitudes e práticas em saúde. 4. Risco ocupacional. 5.

Quimioterapia. 6. Biossegurança. I. Título.

CDD 610.73

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GISELLE GOMES BORGES

MANUAL DE BOAS PRÁTICAS SOBRE RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE

QUIMIOTERAPIA DO INCA A PARTIR DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E

PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Enfermagem Assistencial da

Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa

da Universidade Federal como parte dos

requisitos para obtenção do título de mestre.

Linha de pesquisa: O Contexto do Cuidar em

Saúde.

Aprovada em ___ de ___________ de 2015.

Banca Examinadora:

_____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Zenith Rosa Silvino – UFF

Presidente

_____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Lia Cristina Galvão dos Santos – HFB/MS

1ª Examinadora

_____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ana Karine Ramos Brum – UFF

2ª Examinadora

Suplentes:

_____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Marléa Chagas Moreira – UFRJ

_____________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Simone Cruz Machado Ferreira – UFF

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus pela sua infinita misericórdia, pela força, amparo para que essa

caminhada chegasse ao fim.

Às queridas professoras doutoras Zenith Rosa Silvino e Lia Cristina Galvão dos Santos; se

não fossem vocês essas páginas estariam em branco. À professora Zenith, muito obrigada

pela acolhida e confiança no momento em que estava sem rumo para dar continuidade ao

trabalho. À professora Lia, muito obrigada por acreditar na viabilidade da minha ideia de

pesquisa e pelos ensinamentos na construção do trabalho

Aos meus pais pelo dom da vida e ensinamentos.

Ao meu esposo Rafael pelo incentivo e suporte.

À minha querida amiga Maria de Lourdes pela companhia nos eventos, trabalhos e aulas.

Às minhas amigas Rejane e Graziela pela parceria, amizade e cumplicidade.

À Divisão de Enfermagem do HC III, nas gestões de Maria Cristina Ramos Goulart Caldas

e Alessandra Sampaio Pimenta Bueno, pela compreensão nos momentos de ausência e pela

confiança depositada em mim.

À minha amiga de caminhada no Mestrado, Márcia Pires, que conseguiu com suas

dinâmicas de vida tornar o curso mais leve e prazeroso.

À professora doutora Ana Karine Ramos Brum pelas contribuições no estudo e

acompanhamento desde a defesa do projeto.

À Dr.ª Laísa Lós de Alcântara pelas importantes contribuições na primeira etapa da

dissertação.

Aos enfermeiros que participaram do estudo; sem vocês esse sonho não se realizaria.

Aos meus colegas de trabalho da Central de Quimioterapia do HC III, em especial Eli,

Andreia e Paula por “tocarem o barco” nas minhas ausências.

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Cada sonho que você deixa para trás é um

pedaço do seu futuro que deixa de existir

Steve Jobs

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Créditos:

Assessoria estatística: Rosângela Aparecida Gomes Martins

Designer Gráfico: Simone Nunes Gonçalves

Fotografias: Giselle Gomes Borges e Rejane de Mello Cordeiro

Revisão e formatação de texto: Ana Cristina Paes Pires

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RESUMO

O câncer é um evidente problema de saúde pública mundial. A quimioterapia trouxe uma

maior taxa de cura para muitos tumores através da utilização de agentes químicos. Durante

o manuseio dos quimioterápicos antineoplásicos (QA) é recomendado que o profissional

utilize equipamentos de proteção individual (EPI) já que estes agentes oferecem efeitos

indesejados e podem vir a constituir risco ocupacional. Este estudo tem como objeto o

risco químico a que estão expostos os enfermeiros que desenvolvem suas atividades

laborais em Centrais de Quimioterapia (CQT). Objetivo geral: implantar um manual de

boas práticas com a finalidade de minimizar a exposição ao risco químico na CQT.

Objetivos específicos: analisar os Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) dos

enfermeiros a respeito do risco químico na CQT e elaborar um manual de boas práticas

para os enfermeiros na CQT sobre a exposição ao risco químico a partir dos resultados do

inquérito CAP. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, do tipo

inquérito CAP. O estudo teve como amostra 26 enfermeiros de duas CQT. Utilizado para a

coleta de dados um questionário autoadministrativo sem identificação, misto, contendo

perguntas em que se utiliza uma escala de resposta paramétrica tipo Likert. Antecedendo a

coleta dos dados o trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com

aprovação nº 12361613.4.00005274 em 12/09/2014. Resultados: Constatou-se que o

conhecimento constituído a respeito do risco químico foi adequado nas duas CQT.

Contudo, as atitudes e práticas diante do risco químico não foram coerentes. Dos

enfermeiros, 96,2% consideram-se vulneráveis ao risco químico; o uso de EPI é

considerado por 76,9% como um cuidado para que ocorra o manuseio seguro dos QA;

quanto aos cuidados dispensados pelo Instituto aos que manuseiam QA, 53,8% citam os

exames periódicos. O manual foi elaborado a partir dos resultados do inquérito CAP e

implantado no Instituto, cenário do estudo, através do sistema Intranet. Para complementar,

o manual de boas práticas, foram confeccionados sinalizadores com o intuito de embasar

os enfermeiros a minimizarem a exposição ao risco. Conclusão: os profissionais que

trabalham em CQT conhecem e consideram-se expostos ao risco químico. São necessárias

intervenções para ampliar a adesão às medidas preventivas como o uso de EPI e subsídios

com infraestrutura estratégica para a segurança do trabalhador.

Descritores: Conhecimentos, atitudes e práticas em saúde; Riscos químicos;

Quimioterapia; Biossegurança; Enfermagem oncológica.

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ABSTRACT

Cancer is an obvious problem of global public health. The chemotherapy brought greater

cure rate for many tumors through the use of chemical agents. During handling of

antineoplastic drugs (QA) is recommended that professionals use personal protective

equipament (PPE) as these agents provide unwanted effects and are liable to occupational

risk. This paper studied the chemical risk they are exposed to nurses who develop their

work activities on Chemotherapy Centers (CQT). Overall objective: to implement a

manual of good practices in order to minimize exposure to chemical risk in the CQT.

Specific objectives: to analyze the Knowledge, Attitudes and Practices (KAP) of nurses

about the chemical risk in the CQT and prepare a manual of good for nurses in CQT on

exposure to chemical risk from the KAP survey results. It is a descriptive research with a

quantitative approach, the KAP. The study had as sample 26 nurses from two CQT. Used

to collect data one auto administrative questionnaire unmarked, mixed, containing

questions which uses a parametric response Likert scale. Preceding data collection work

was submitted to the Research Ethics Committee (CEP) with approval number

12361613.4.00005274 on 09/12/2014. Results: It was found that knowledge made about

chemical risk was adequate in both CQT. Yet attitudes and practices before the chemical

risk were not consistent. 96,2% of nurses consider themselves vulnerable to chemical risk;

the use of PPE is considered by 76,9% as a caution to occur safe handling of QA; as the

care provided by the Institute to handling QA 53,8% cite the periodic examinations. The

manual has been prepared from the KAP survey results and implanted in the study setting

Institute through the Intranet system. In addition to the manual of good practice were made

flags in order to base nurses to minimize exposure to risk. Conclusion: professionals

working in CQT know and consider themselves exposed to chemical risk. Interventions are

needed to increase the adherence to preventive measures such as the use of PPE and

subsidies to strategic infrastructure for worker safety.

Descriptors: Knowledge, attitudes and health practices; Chemical risks; Chemotherapy;

Biosafety; Oncology nursing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Caracterização da Hierarquia de Controles .......................................... 32

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estudos que relatam riscos/efeitos adversos à saúde pelo manuseio de

quimioterápicos ..................................................................................... 35

Quadro 2 - Estudos que relatam riscos pelo manuseio de quimioterápicos ............ 36

Quadro 3 - Estudos que relatam riscos pelo manuseio de quimioterápicos ............ 38

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Vulnerabilidade ao risco químico ......................................................... 61

Gráfico 2 - Distribuição (em %) dos eventos adversos já sentidos pelos

enfermeiros da CQT ............................................................................. 62

Gráfico 3 - Cuidados no manuseio seguro dos QA ................................................. 63

Gráfico 4 - Cuidados que o instituo dispensa aos enfermeiros que manuseiam QA 63

Gráfico 5 - Exames que considera importantes ....................................................... 64

Gráfico 6 - Justificativa quanto à realização da Educação Permanente .................. 65

Gráfico 7 - Afastamento do trabalho em CQT relacionado ao risco químico ........ 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização da Amostra de 26 profissionais .................................... 53

Tabela 2 - Tempo de trabalho em CQT (em anos) segundo a exposição contínua

aos agente químicos .............................................................................. 54

Tabela 3 - Tempo de trabalho em CQT (em anos) segundo o conhecimento sobre

o afastamento pela exposição ............................................................... 55

Tabela 4 - Conhecimento acerca dos riscos químicos pelos Enfermeiros da CQT 56

Tabela 5 - Atitudes/Crenças dos Enfermeiros da CQT relacionadas ao risco

químico ................................................................................................. 57

Tabela 6 - Práticas dos Enfermeiros realizadas na CQT frente ao risco químico .. 59

Tabela 7 - Percepção em relação a vulnerabilidade e exposição contínua ............ 61

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CA - Certificado de Aprovação

CAAE - Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CAP - Conhecimentos, Atitudes e Práticas

CBA - Consorcio Brasileiro de Acreditacao

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

CQT - Central de Quimioterapia

CGGA - Coordenação Geral de Assistência

CNS - Conselho Nacional de Saúde

COFEN - Conselho Federal de Enfermagem

CONEP/MS - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde

EPI - Equipamento de Proteção Individual

HEPA - High Efficiency Particulate Air

INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva

INSAG - Grupo Consultivo Internacional em Segurança Nuclear

IAEA - Agencia Internacional de Energia Nuclear

JCI - Joint Comission Internacional

MS - Ministério da Saúde

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego

NECIGEN - Núcleo de Pesquisa Cidadania e Gerencia em Enfermagem

NR - Norma Regulamentadora

OMS - Organização Mundial da Saúde

OSHA - Occupational Safety and Health Administration

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PGRSS - Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

PNSST - Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador

POP - Procedimento Operacional Padrão

QA - Quimioterapia Antineoplásica

RDC - Resolução de Diretoria Colegiada

SBEO - Sociedade Brasileira de Enfermagem Ontológica

STA - Serviço de Terapia Antineoplásica

SUS - Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 16

2 BASES CONCEITUAIS .................................................................................... 23

2.1 MODALIDADES DE TRATAMENTO PARA O CÂNCER ....................... 23

2.2 INTEGRAÇÃO COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E

LEGISLAÇÕES VIGENTES ....................................................................... 26

2.2.1 A política de segurança no trabalho 30

2.3 HIERARQUIA DE CONTROLE 31

2.4 A CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA E O COTIDIANO DO

PROFISSIONAL ENFERMEIRO ................................................................. 33

2.5 O TRABALHO EM SAÚDE E OS RISCOS ENVOLVIDOS:

MORBIDADE DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS QUE LIDAM

COM ANTINEOPLÁSICOS ......................................................................... 34

2.6 BIOSSEGURANÇA EM UMA CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA

DANDO ENFOQUE AOS EPIS .................................................................... 39

2.7 O CONCEITO DE VULNERABILIDADE E SUA RELAÇÃO COM O

TRABALHO EM SAÚDE ............................................................................. 43

3 ABORDAGEM METODOLÓGICA ................................................................. 45

3.1 TIPO DE PESQUISA ...................................................................................... 45

3.2 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO .................................................................. 47

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................ 48

3.3.1 Critérios de inclusão e exclusão ............................................................ 48

3.4 ASPECTOS ÉTICOS ...................................................................................... 49

3.5 COLETA DOS DADOS .................................................................................. 49

3.6 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS ................................................................. 50

3.6.1 Implantação do manual .......................................................................... 51

3.6.2 Sinalizadores .......................................................................................... 51

4 RESULTADOS .................................................................................................... 53

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 53

4.2 CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS A

RESPEITO DO RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA 55

4.2.1 Conhecimentos dos enfermeiros sobre o risco químico ........................ 56

4.2.2 Atitudes dos enfermeiros sobre o risco químico ................................... 57

4.2.3 Práticas dos enfermeiros sobre o risco químico .................................... 59

4.3 VULNERABILIDADE X EXPOSIÇÃO CONTÍNUA E IMPORTÂNCIA

DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E REALIZADAS PELOS

ENFERMEIROS DA CQT ............................................................................. 60

4.4 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS ................................................................. 66

4.4.1 Sinalizadores .......................................................................................... 66

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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS .......................................................... 68

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 68

5.2 OS CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS

A RESPEITO DO RISCO QUÍMICO ............................................................ 69

5.2.1 Conhecimentos dos enfermeiros relacionados ao risco químico ........... 71

5.2.2 Atitudes e crenças dos enfermeiros relacionados ao risco químico ...... 72

5.2.3 Práticas dos enfermeiros relacionados ao risco químico ....................... 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 77

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 79

APÊNDICES ........................................................................................................... 91

Apêndice A: Termo de consentimento livre e esclarecido ....................................... 92

Apêndice B: Instrumento de coleta de dados (questionário) – inquérito de

conhecimentos, atitudes e práticas ...................................................... 94

Apêndice C: Manual de boas práticas ...................................................................... 97

ANEXOS .................................................................................................................. 130

Anexo A: Parecer consubstanciado do CEP ............................................................. 131

Anexo B: Declaração do Comitê Editorial do INCA ................................................ 134

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objeto de estudo o risco químico a que estão expostos os

enfermeiros que desenvolvem suas atividades laborais em Centrais de Quimioterapia

(CQT).

A motivação para este trabalho advém da experiência da pesquisadora como

enfermeira oncológica, que no período de 08 anos exerce suas atividades laborais em CQT,

em serviços de natureza privada, e nos dias atuais, no setor público. No decorrer dessa

trajetória surgiram preocupações quanto à exposição do profissional enfermeiro ao

manusear fármacos antineoplásicos, o que pode ser considerado como uma situação de

vulnerabilidade no ambiente de trabalho frente ao risco químico.

A experiência de ingressar como enfermeira residente em uma CQT incitou o

questionamento a respeito da existência de preocupação por parte dos profissionais

enfermeiros quanto à necessidade e importância da utilização das medidas de

biossegurança com o intuito de diminuir a exposição ao risco químico.

Hoje, liderando uma CQT de um hospital para tratamento de câncer de mama, é

forte a inquietação quanto à possibilidade do adoecimento dos profissionais enfermeiros

pelo risco químico a que estão expostos, por muitas vezes não aderirem ao uso dos

equipamentos de proteção individual (EPI) fornecidos pela instituição.

A quimioterapia antineoplásica (QA) começou a ser estudada e utilizada no final do

século XIX, com a descoberta da solução de Fowler (arsenito de potássio) por Lissauer, em

1865, e da toxina de Coley (associação de toxinas bacterianas), em 18901.

Os fármacos quimioterápicos podem vir a constituir risco, que vai desde leves

processos alérgicos até o câncer. Estes, em determinado nível, promovem, preservam e

recuperam a saúde da população, mas, no ambiente hospitalar podem provocar riscos à

saúde do trabalhador de enfermagem, entre outros2. Como exemplos de grupos expostos,

podem ser citados os pacientes, os indivíduos que trabalham nas indústrias farmacêuticas,

os trabalhadores que o preparam e o administram, os médicos e as enfermeiras que cuidam

dos pacientes, o pessoal relacionado à limpeza, os familiares dos pacientes e os

pesquisadores3.

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Os riscos advindos da manipulação de quimioterápicos envolvem a inalação de

aerossóis, o contato direto do medicamento com a pele, a mucosa e a ingestão de alimentos

contaminados por resíduos do mesmo. O risco pode advir também das excretas dos

pacientes submetidos aos tratamentos quimioterápicos, já que uma parcela dessas

substâncias permanece inalterada ou sob a forma de metabólitos inativos; podendo ser

encontrada nas fezes, urina e vômito dos pacientes e servindo de agentes contaminantes

que podem prejudicar a saúde dos trabalhadores, acarretando-lhes mutagenicidade,

infertilidade, aborto, malformações congênitas, genotoxicidade, câncer, irregularidades

menstruais, perda do cabelo e sintomas imediatos como tontura, cefaleia, náuseas, vômitos,

irritação da garganta e olhos, alterações de mucosa, bem como possíveis reações alérgicas

e cutâneas4-6

.

Ao descrever sobre estes fármacos a literatura afirma que: "são substâncias capazes

de produzir todos os tipos de lesão celular e os efeitos da exposição aos mesmos podem se

manifestar imediata ou tardiamente [...].”7:221

. Portanto, durante a preparação desses

medicamentos é obrigatório que o profissional responsável utilize EPI, já que estas

substâncias oferecem potenciais efeitos indesejados exigindo ainda que sejam manipulados

por profissionais capacitados e informados sobre o risco potencial a que estão expostos e

sobre as recomendações a serem seguidas, em todas as fases de contato com esses agentes.

O EPI é todo dispositivo ou produto de uso individual destinado a proteger a saúde

e a integridade física do trabalhador dos riscos suscetíveis de ameaças à segurança e saúde

no trabalho, incluindo luvas, aventais, protetores oculares, faciais e auriculares, protetores

respiratórios e para os membros inferiores. É responsabilidade do empregador o

fornecimento gratuito do EPI adequado ao risco e o treinamento dos trabalhadores quanto à

forma correta de utilização e conservação. Os equipamentos devem ser aprovados por

órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e receber um certificado

de aprovação (CA)7,8

.

No âmbito das práticas laborais dos profissionais da saúde as questões referentes a

risco e/ou vulnerabilidade estão ainda mais presentes, uma vez que esses profissionais se

expõem rotineiramente aos múltiplos riscos. Na perspectiva da vulnerabilidade, o que vem

a ocasionar um acidente por risco ocupacional é determinado por um conjunto de

condições individuais e institucionais9. Nas pesquisas em saúde, os termos

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“vulnerabilidade” e “vulnerável” são comumente empregados para designar suscetibilidade

das pessoas a problemas e danos de saúde10

.

No caso dos trabalhadores que manipulam quimioterápicos, durante o preparo,

administração e descarte (do medicamento ou material contaminado, inclusive

perfurocortantes) é significativo o risco a que estão expostos. Além disso, há trabalhadores

que podem se expor indiretamente por conta da contaminação nas áreas de trabalho, em

caso de acidentes com derramamento de QA, reforçando-se que a contaminação ambiental

deve ser igualmente considerada2,11

.

A equipe de enfermagem merece atenção especial por estar entre as principais

categorias sujeitas à exposição ocupacional, tornando-se vulnerável. Possui o maior

número de trabalhadores inseridos na área de saúde (técnicos e enfermeiros), executa uma

diversidade de tarefas, sendo necessário muitas vezes o contato físico para a

implementação das mesmas; tem a responsabilidade por cerca de 60% das ações

direcionadas ao cliente e à prestação de assistência ininterrupta durante as 24 horas do

dia10

. É uma equipe reconhecida por ser responsável pelo maior contingente da força de

trabalho dos estabelecimentos hospitalares, e é considerado o conjunto de trabalhadores

que mais sofre com a inadequada condição de trabalho e com a insalubridade do ambiente

laboral assistencial12

.

Esses trabalhadores, frequentemente, estão expostos ao risco químico no dia a dia

da assistência13

, gerado pelo manuseio de uma variedade de substâncias e também pela

administração de medicamentos. A exposição ao risco químico está relacionada com a área

de atuação do trabalhador, com o tipo de produto químico e tempo de contato, além da

concentração do produto14

. Esta exposição constitui um importante fator predisponente às

doenças profissionais e uma ameaça à segurança em muitos ambientes laborais, como por

exemplo, em uma CQT15

.

Esses desafios exigem cada vez mais trabalhadores qualificados e aperfeiçoados

para lidar com as novas demandas do exercício profissional, direcionadas à realidade

epidemiológica do nosso país; devido ao alto grau de complexidade no tratamento a que

estão sujeitos os pacientes diagnosticados com câncer. No que concerne à oncologia é

necessário congregar esforços para uma participação mais efetiva dos profissionais de

saúde no diagnóstico precoce, no controle da doença e na melhoria da qualidade da

assistência prestada. As próprias instituições devem ter o compromisso de proporcionar

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oportunidades para a formação complementar, necessária ao exercício profissional em área

especializada, como é o caso da oncologia16

. Ressalta-se que a equipe de enfermagem tem

papel fundamental no cuidado prestado diretamente ao paciente, incluindo-se a

administração de medicamentos, em especial, os quimioterápicos antineoplásicos4.

Entretanto, existe uma lacuna na oncologia, na graduação, uma vez que a maioria

dos cursos de formação do enfermeiro, geralmente, não oferece um aprofundamento nessa

área17

. Por essa razão, os recém-formados que desejam seguir a carreira de enfermagem

oncológica procuram inserção nos programas de residência em oncologia, e aqueles que já

encontram-se inseridos nesta área de trabalho, sentem a necessidade de capacitar-se em

cursos no nível lato sensu ou em adquirir um título de especialista, fornecido pela

Sociedade Brasileira de Enfermagem Oncológica (SBEO), àqueles que detêm tempo

comprovado de experiência na área e são aprovados no exame específico.

Partindo da realidade prática, observamos no cotidiano dos profissionais

de enfermagem certo desconhecimento em relação ao processo de

trabalho e sua relação com a saúde/doença, ocasionado muitas vezes pelo

despreparo desses profissionais em reconhecer o trabalho como um

possível agente causal nos agravos à saúde, aliado à falta de informações

sobre os riscos ocupacionais aos quais estão susceptíveis18:89

.

Este estudo tem o intuito de analisar os Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP)

dos enfermeiros que trabalham em CQT a respeito do risco químico.

O CAP é um inquérito representativo, realizado em uma determinada população,

para identificar os conhecimentos, atitudes e práticas sobre um tema específico.

Constitui-se em situação problema a inadequação do trabalho do enfermeiro diante

do risco químico, tendo em vista as medidas de segurança que são padronizadas em CQT,

que muitas vezes não são levadas em consideração por essa classe de profissionais.

Assim sendo, foram elaborados os seguintes objetivos:

Objetivo geral:

Implantar um manual de boas práticas, com a finalidade de minimizar a exposição

ao risco químico pelos enfermeiros na CQT a partir do inquérito CAP.

Objetivos específicos:

Analisar os CAP dos enfermeiros a respeito do risco químico na CTQ.

Elaborar um manual de boas práticas para os enfermeiros na CQT sobre a

exposição ao risco químico, a partir dos resultados do inquérito CAP.

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20

No Brasil existem lacunas no conhecimento sobre a temática a ser estudada. As

pesquisas existentes em nível internacional têm trabalhado somente um aspecto da questão,

como é o caso dos problemas reprodutivos, onde ocorre o afastamento do profissional19

.

O que se pode observar em CQT reforça um questionamento alicerçado no fato de

que os enfermeiros que manuseiam quimioterápicos tornam-se expostos, muitas vezes pela

não adesão ao uso dos EPI fornecidos pela instituição, o que pode ser considerado um falso

sentimento de segurança para o não adoecimento à exposição química19

.

A tese de doutorado intitulada “Morbidade da equipe de enfermagem de um serviço

de quimioterapia” corrobora com a afirmativa acima19

.

O estudo torna-se relevante para o ensino, assistência em enfermagem e para o

campo da pesquisa, uma vez que contribuirá para minimizar as chances do adoecimento da

força de trabalho.

Para o ensino, inserindo a temática nos cursos de graduação e pós-graduação,

indicando caminhos que devam ser seguidos e mostrando as não conformidades no

ambiente de trabalho. Uma vez que no futuro, serão os profissionais que assumirão os

serviços e deverão assegurar um ambiente de trabalho saudável, com o desempenho das

funções alicerçadas pelas normas de biossegurança.

No contexto da assistência, proporcionar-se-á a oportunidade de reflexão acerca do

CAP, subsidiando a discussão de correções nos cenários, que quando adequadamente

equipados têm, pelo desconhecimento e crença do profissional, baixa adesão ao uso dos

equipamentos de segurança. Isso também possibilitará a aquisição de novos conhecimentos

que subsidiarão reivindicações para a melhoria quando o ambiente de trabalho não se

encontrar adequado. Considerando-se a principal mudança de paradigma.

A importância desta temática, no campo da pesquisa, justifica-se ainda pela

necessidade de maior exploração científica do contexto da prática dos enfermeiros que

trabalham com quimioterapia, para que o conhecimento nessa área possa expandir-se e

desta forma servir de estratégias para a segurança do trabalhador em seu ambiente laboral.

Sua relevância encontra-se na possibilidade de evidenciar lacunas importantes na literatura,

que possam ser elucidadas ou indicar pesquisas futuras, bem como trazer contribuições

relevantes para a gerência e assistência no que concerne à saúde de quem cuida.

Pretende-se auxiliar na minimização de agravos à saúde dos trabalhadores de

enfermagem, mediante a otimização ou transformação das práticas de biossegurança,

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21

prevenção e sensibilização para diminuir os riscos ocupacionais. Espera-se o

aprimoramento e implementação das práticas seguras nas instituições de saúde. Outra

importante contribuição da pesquisa será a construção de novos conhecimentos científicos

relacionados à prática de enfermagem, voltados para o cliente oncológico e também para

os profissionais, em especial os de enfermagem, propondo potenciais mudanças de

comportamento.

Sendo assim, urge investigar se os enfermeiros, nas CQT, conhecem e preocupam-

se com o risco químico a que estão expostos, os déficits desse conhecimento quanto às

normas de biossegurança, boas práticas e riscos potenciais envolvidos para um manuseio

adequado dos quimioterápicos e os fatores que possam contribuir para minimizar a

exposição e consequentemente a morbidade dos envolvidos.

Apesar de estar falando de uma instituição normatizada (órgão auxiliar do

Ministério da Saúde-MS, no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a

prevenção e controle do câncer no Brasil), observa-se, na prática, que uma parcela

significativa dos profissionais não tem adesão completa ao uso dos EPI e aos

Procedimentos Operacionais Padrões (POP) relacionados à biossegurança dos profissionais

em CQT.

O POP é um documento que descreve o passo a passo de como executar as tarefas.

Destaca as etapas das tarefas, os responsáveis por fazê-las, os materiais necessários e a

frequência em que devem ser realizadas. Tem como finalidade: garantir os resultados

esperados para cada tarefa executada, roteiro padronizado para executar uma atividade.

Como os POP são documentos aprovados pela instituição, é dever de cada funcionário

segui-lo20

.

A construção de um manual de boas práticas vem somar às finalidades do POP

visando à segurança do profissional enfermeiro e minimizar sua exposição ao risco

químico. Vale ressaltar que será disponibilizado na rede Intranet do Instituto, para acesso

de todos os profissionais envolvidos na assistência, com divulgação prévia para que todos

tomem ciência.

O manual descreve o trabalho executado e a forma correta de fazê-lo, inclui o que

há de mais substancial, isto é, o essencial da matéria. Trata-se de um guia que ajuda a

entender o funcionamento de algo20

. É considerado de maior abrangência quando

comparado ao POP.

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22

Essa pesquisa se insere na linha de pesquisa, O contexto do cuidar em saúde, do

Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial; e no núcleo de Pesquisa Cidadania e

Gerência em Enfermagem (NECIGEN), do CNPQ; na linha de pesquisa, Gerenciamento

de Segurança e Saúde do Trabalhador, que tem por objetivo analisar os aspectos

envolvidos na investigação e intervenção dos agravos à saúde do trabalhador.

Essa dissertação está dividida em seis capítulos:

Capítulo I: Apresentado uma introdução à temática exposição ao risco

químico na CQT.

Capítulo II: Bases conceituais que fundamentam o estudo.

Capítulo III: Caminho metodológico percorrido.

Capítulo IV: Resultados obtidos a partir do inquérito Conhecimentos,

Atitudes e Práticas.

Capítulo V: Analisou-se e discutiu-se os dados corroborando com a

literatura.

Capítulo VI: Conclusões e contribuições do estudo.

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23

2 BASES CONCEITUAIS

Neste capítulo aborda-se: as modalidades de tratamento para o câncer dando

enfoque à QA; as legislações vigentes na CQT, integração com as políticas estabelecidas

pelo SUS, a política de segurança no trabalho; o conceito da hierarquia de controle com o

intuito de eliminar ou minimizar riscos; a descrição do cenário de uma CQT e o cotidiano

do profissional enfermeiro; os riscos envolvidos e a morbidade dos enfermeiros que

manuseiam antineoplásicos; o conceito de biossegurança e os riscos ocupacionais na CQT;

e, por último, o conceito de vulnerabilidade e sua relação com o profissional enfermeiro.

2.1 MODALIDADES DE TRATAMENTO PARA O CÂNCER

Conhecido há muitos séculos, o câncer, foi considerado como uma doença dos

países desenvolvidos e de grandes recursos financeiros. Há aproximadamente quatro

décadas a situação vem mudando e a maior parte do ônus global do câncer pode ser

observada em países em desenvolvimento, principalmente, naqueles com pouco e médios

recursos21

.

A explicação para o ocorrido seria o atual padrão de vida adotado em relação ao

trabalho, nutrição e consumo, que expõe os indivíduos a fatores ambientais mais

agressivos, relacionados a agentes químicos, físicos e biológicos resultantes de um

processo de industrialização cada vez mais evoluído22

.

Assim, nas últimas décadas, o câncer ganhou uma dimensão maior, convertendo-se

em um evidente problema de saúde pública mundial, acompanhando o envelhecimento

populacional, decorrente do aumento da expectativa de vida. A Organização Mundial da

Saúde (OMS) estimou que no ano de 2030, podem-se esperar 27 milhões de casos

incidentes de câncer, 17 milhões de morte por câncer e 75 milhões de pessoas vivas,

anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e

média renda21

. Além disso, este aumento é um resultado direto das transformações globais

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24

das últimas décadas, que alteraram a situação dos povos pela urbanização acelerada, novos

estilos de vida e padrões de consumo22

.

No Brasil, as estimativas esperadas para 2014 serão válidas também para o ano de

2015 e apontam a ocorrência de aproximadamente 576.000 casos novos da doença,

incluindo os casos de câncer de pele não-melanoma reforçando a magnitude do problema

do câncer no país. Excluindo os casos do tipo de câncer mais incidentes, estima-se um total

de 395.000 casos novos. Considerando como os mais ocorrentes: próstata, pulmão, cólon e

reto, e estômago para o sexo masculino; e os cânceres de mama, colo de útero, cólon e

reto, e glândula tireoide para o sexo feminino21

.

O tratamento do câncer envolve uma série de procedimentos e fármacos que podem

ser utilizados de forma isolada ou combinados, que são capazes de combater por

mecanismos diversos as neoplasias. Englobando múltiplas terapias: cirurgia, radioterapia e

clínica; esta última envolve quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, anticorpos

monoclonais e o uso de bloqueadores enzimáticos23

.

Os quimioterápicos são compostos químicos, primeiramente, utilizados no

tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicados ao tratamento

do câncer são chamados de quimioterápicos antineoplásicos ou antiblásticos24

.

Os citostáticos são fármacos capazes de inibir o crescimento desordenado das

células, alterando a divisão celular e destruindo as células que se multiplicam rapidamente.

Seu efeito citotóxico não se limita somente as células malignas, exercendo também sua

ação sobre os tecidos de proliferação rápida como pele, mucosas, medula óssea, intestino e

outros25

.

Os estudos clínicos a respeito da QA, inciaram-se em um projeto de pesquisa

desenvolvido por farmacologistas do Pentágono. A partir de casos de mielodepressão

intensa e morte por hipoplasia de medula óssea entre os soldados, vítimas dos efeitos da

explosão de um depósito de gás mostarda em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1946, teve início a era que marcaria o desenvolvimento da moderna quimioterapia para

o tratamento dos tumores malignos1.

Atualmente, a quimioterapia é, dentre as modalidades de tratamento, a que possui

maior percentual de cura dentre muitos tumores, incluindo os mais avançados, além de ser

a terapia que mais aumenta a sobrevida dos pacientes com câncer. É uma terapêutica que

utiliza agentes químicos que interferem no processo de crescimento e divisão celular,

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25

podendo ser usados tanto isolados como em combinação com a finalidade de eliminar

células tumorais do organismo1.

Pode-se classificá-la como quimioterapia neoadjuvante, quando realizada antes da

cirurgia objetivando avaliar a resposta antitumoral e reduzir o tumor. Como quimioterapia

adjuvante, quando feita após tratamento cirúrgico a fim de erradicar micrometástases1. E

em paliativa, quando visa à melhoria da qualidade de vida, minimizando os sintomas da

proliferação tumoral22

.

A poliquimioterapia, ou seja, a utilização de mais de um desses agentes citotóxicos

em combinação, é capaz de retardar o mecanismo de crescimento tumoral, possibilitando

melhores respostas ao tratamento. Suas principais vantagens são o efeito aditivo que é

produzido; a potencialização do efeito terapêutico de uma droga com o uso de outra; o

retardo da resistência tumoral; a possibilidades de doses menores e, consequentemente, a

diminuição dos efeitos tóxicos e colaterais1.

As vias de administração destes fármacos podem ser: oral, intramuscular,

subcutânea, intravenosa, intra-arterial, intratecal, intraperitoneal, intravesical, aplicação

tópica e intrarretal, sendo a intravenosa a mais utilizada.

Novas drogas com poder de cura, tais como os anticorpos monoclonais, muitas

vezes utilizados em combinação com a QA, são usadas no tratamento do câncer. Em

contrapartida, apresentam toxicidade e efeitos adversos, o que aumenta a exposição dos

trabalhadores dos Serviços de Terapia Antineoplásicas (STA) aos riscos ocupacionais

químicos que advém do manuseio destas drogas26

.

A indústria farmacêutica vem desenvolvendo medicamentos para tratar o câncer

com efeitos colaterais menos agressivos, os quais além de toleráveis são de fácil manejo.

Trata-se dos quimioterápicos antineoplásicos, administrados por via oral, o que

corresponde a 5% no mercado internacional27

.

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26

2.2 INTEGRAÇÃO COM O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E LEGISLAÇÕES

VIGENTES

A preocupação com a saúde do trabalhador em uma CQT vem embasada por

diversas legislações implantadas pelo SUS como: as Normas Regulamentadoras (NR) em

especial a NR nº 32, que traça a Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de

Saúde; a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 50 de 2002, que dita a estrutura e

organização dos estabelecimentos de saúde; a RDC nº 220 de 2004, o primeiro

regulamento técnico para funcionamento dos serviços de terapia antineoplásica, que tem

como objetivo principal fixar requisitos mínimos para o funcionamento do serviço e a

Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de 2012.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) consolidou as Leis do Trabalho

através da Portaria nº 3214 de 08 de junho de 1978, aprovando as NR que fornecem

orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança do

trabalho no Brasil, oferecendo suporte técnico e legal a diversas atividades laborais28

.

A estrutura e a organização das Centrais de Quimioterapia foram avaliadas e

normatizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na RDC nº 50 de

21/02/2002 que dispõe sobre o regulamento técnico destinado ao planejamento,

programação, elaboração, avaliação e aprovação de projetos físicos de estabelecimentos de

saúde. Estabelece os critérios básicos para o preparo e administração dos quimioterápicos

antineoplásicos quanto à adequação da área física das seguintes estruturas: apoio

administrativo, recepção, armazenamento de medicamentos e materiais, limpeza e

higienização de insumos, paramentação, sala independente para manipulação de

quimioterápicos antineoplásicos e armazenamento de resíduos1.

Devem ser compostas de: consultórios com 7,5 m2; sala de aplicação de

quimioterápico com 7,0m2 por leito ou 5m

2 por poltrona; com área exclusiva para

atendimento pediátrico, área de material e medicamentos quando o preparo for feito na

farmácia, com 3,0m2; sala de preparação de quimioterápicos com 5,0m

2 por cabine de

fluxo laminar; posto de enfermagem a cada 12 poltronas; leitos com 6,0m2. Os ambientes

de apoio são constituídos por: área para registro e espera de pacientes, sala de utilidades,

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27

sanitário de pacientes, depósito de material de limpeza, sala administrativa, copa e área

para guarda de macas e cadeira de rodas29

.

Conforme citado anteriormente, no Brasil, em 2004, foi publicado o primeiro

regulamento técnico para funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica (STA)

por meio da RDC nº 220 de 2004, da ANVISA, o qual teve como objetivo principal fixar

requisitos mínimos exigidos para o funcionamento de tais serviços, em âmbito público ou

privado, respeitando as orientações da RDC nº 50 de 2002. Importante regulamentação,

pois descreve as normas de manipulação, transporte e administração de fármacos

antineoplásicos e até o descarte dos resíduos ali gerados e estabelece a equipe

multiprofissional do STA30

.

Em novembro de 2005, o MTE, através da Portaria nº 485, aprovou a NR que

recebeu o nº 32, a qual trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde31

. Esta

norma intitula-se: Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à

Saúde. Estabelece medidas para proteger a segurança dos trabalhadores em qualquer

serviço de saúde, inclusive os que trabalham nas escolas, na área de ensino ou pesquisa.

Foi publicada em 11 de novembro de 2005 e entrou em vigor em 16 de abril de 200632

. Seu

objetivo é prevenir acidentes e adoecimentos provocados pelo trabalho em profissionais de

saúde, através da eliminação ou controle das condições de risco presentes nos serviços de

saúde.

A NR 32 é considerada de extrema importância no cenário brasileiro, como

legislação federal específica que trate das questões de segurança e saúde no trabalho, no

setor da saúde As normatizações existentes encontram-se esparsas, reunidas em diversas

outras NR e resoluções, que não foram construídas especificamente para tal finalidade.

Acredita-se que mudanças benéficas poderão ser alcançadas por meio da referida

normatização, uma vez que procedimentos e medidas protetoras deverão ser realizados

com vistas a promover segurança no trabalho e prevenção de acidentes e doenças

ocupacionais8.

Pode-se considerar que o principal objetivo desta NR, nada mais é do que tornar o

ambiente hospitalar mais agradável, seguro e saudável, visando sempre a saúde e

segurança do trabalhador.

Esta legislação recomenda, para cada situação de risco, a adoção de medidas

preventivas e a capacitação dos trabalhadores para o trabalho seguro. A instituição deve

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28

assegurar capacitação em biossegurança aos seus funcionários, bem como fornecer EPI

específicos32,33

. Essa norma específica deveria ser bem conhecida pelos profissionais que

trabalham na área, para se evitar o risco de operações ineficazes, que possuem significativo

potencial para causar danos ao paciente, ao próprio profissional da saúde e até mesmo ao

meio ambiente34

.

No Brasil e no mundo esta é a primeira norma criada para estabelecer diretrizes

básicas para implementar medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores na

área da saúde. Em todo o mundo, anualmente, de acordo com a estimativa da Organização

Internacional do Trabalho, acidentes e doenças do trabalho levam à morte cerca de 2

milhões de trabalhadores35

.

O interesse pela preservação da saúde do trabalhador tem aumentado em relação a

outras épocas da história, e a conversão do potencial humano de uma empresa em

realizações é um dos principais desafios atuais35

. A Resolução nº 257 de 2001, do

Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), delibera competências ao enfermeiro e

estabelece que o preparo dos agentes antineoplásicos somente pode ser executado pelo

enfermeiro na ausência do farmacêutico, uma vez que é de competência do farmacêutico o

preparo das drogas antineoplásicas36,37

. Entretanto, é importante ainda ressaltar que a

Resolução COFEN nº 210 de 1998, já deliberava ao enfermeiro a responsabilidade legal

pela administração de quimioterápicos, sendo que técnicos e auxiliares de enfermagem

somente poderão assumir o controle de infusão do quimioterápico em apoio operacional ao

enfermeiro, na indispensável presença deste38

.

Já a NR 6 trata da utilização dos EPI pelos trabalhadores que, segundo ela, são

equipamentos que se destinam a proteger a integridade do trabalhador, contra os riscos

eminentes do trabalho. O fornecimento dos EPI deve ser feito pela empresa, sem nenhum

custo para o empregado, e precisam ser adequados aos tipos de riscos que o trabalhador

estará exposto, visando sua completa proteção contra tais riscos. Além disso, os EPI devem

ser de uso obrigatório e possuir o certificado de aprovação (CA) expedido pelo MTE, de

modo a garantir sua qualidade e eficiência contra os riscos39

.

A NR 9 visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores que,

segundo a própria, se dá através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente

controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham existir no ambiente

de trabalho, levando em conta a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

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29

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) determina como sendo

riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos locais de

trabalho, que possam vir a causar danos à saúde dos trabalhadores. O item 9.1.5.2 desta NR

define agentes químicos como sendo as

[...] substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no

organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,

neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza da atividade de

exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da

pele ou por ingestão 40:1

.

Por exigência legal as CTQ devem elaborar e implementar o Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que tem sua obrigatoriedade estabelecida pela

NR 7 a todos os serviços e instituições na admissão dos empregados, tendo como objetivo

a promoção e preservação da saúde dos trabalhadores30,41

.

Outras ações indispensáveis em relação ao gerenciamento da segurança dos

profissionais são: manter fichas de registro para acompanhamento de acidentes

profissionais, com registros completos e precisos, para fins legais, registros

epidemiológicos, controle clínico e pesquisa; estabelecer avaliações clínica e laboratorial

inicial, semestral ou anual dos trabalhadores, para detectar precocemente alterações que

possam estar relacionadas ao manuseio de QA e avaliar as medidas de proteção

empregadas, de acordo com o PCMSO; supervisionar o cumprimento das normas de

segurança; redimensionar mulheres grávidas e nutrizes das atividades que envolvam QA;

limitar o número de profissionais que a manipulam e fazer rodízio entre as pessoas

envolvidas no preparo e administração4.

Em 2012, foi publicada a Portaria nº 1.823, que institui a Política Nacional de

Saúde do Trabalhador e Trabalhadora42

. Os objetivos dessa política são: de fortalecer a

vigilância em saúde do trabalhador; promover a saúde, ambientes e processos de trabalhos

saudáveis; garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador e ampliar o

entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida com uma ação transversal.

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30

2.2.1 A política de segurança no trabalho

A Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho (PNSST) tem por objetivos

a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de

acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso

dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos no ambiente de trabalho43

.

Essa política estimula e permite um conjunto definido de programas,

responsabilidades e ações para prevenir acidentes e doenças ocupacionais. A obrigação de

implantar políticas dessa natureza é prevista de várias formas na legislação da maioria dos

países e deve incluir, no mínimo, os elementos requeridos pela legislação aplicável à

instituição ou empresa.

Ao estabelecer princípios e regras, uma PNSST orienta ações de saúde do

trabalhador. Uma política indica o comprometimento da hierarquia de controle dos riscos e

dos trabalhadores com saúde e segurança. Para o comprometimento dos trabalhadores com

saúde e segurança é importante ressaltar a cultura de segurança no ambiente de trabalho.

A cultura de segurança é definida como o produto de valores, atitudes,

competências e padrões de comportamento individuais e de grupo, os quais determinam o

compromisso, o estilo e a proficiência da administração de uma organização saudável e

segura44

.

Avaliar a cultura de segurança permite identificar e gerir prospectivamente questões

relevantes de segurança nas rotinas e condições de trabalho. Permite acessar informações

dos funcionários sobre suas percepções e comportamentos relacionados à segurança,

identificando pontos fracos e fortes de sua cultura de segurança e as áreas mais

problemáticas para que se possa planejar e implementar intervenções44

.

Na literatura, o termo cultura de segurança foi utilizado pela primeira vez, na

década de 1980, pelo Grupo Consultivo Internacional em Segurança Nuclear (INSAG) ao

publicar o relatório sobre o acidente nuclear de Chernobyl em 1986, cuja causa foi

atribuída a uma falha na cultura de segurança da organização. A partir de então, o termo

vem sendo utilizado por indústrias consideradas de alto risco45

.

A Agência Internacional de Energia Nuclear (IAEA) define o termo cultura de

segurança como um produto de valores, atitudes, percepções e competências, grupais e

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31

individuais, que determinam um padrão de comportamento e comprometimento com o

gerenciamento de segurança da instituição45

.

Clima de segurança pode ser conceituado como a medida temporal do estado da

cultura de segurança da instituição, e pode ser medido pelas percepções individuais sobre

atitudes da organização quanto à cultura de segurança46

. Ainda, pode ser compreendido,

também, como a percepção do profissional sobre atitudes e iniciativas de segurança em seu

ambiente de trabalho47

.

Estudos sobre cultura de segurança enfatizam que dentre os fatores que influenciam

o clima de segurança os que apresentam maiores déficits e que necessitam ser trabalhados

nas instituições de saúde são as falhas na própria estrutura organizacional, sobretudo as

falhas de comunicação entre os membros da equipe, satisfação profissional e falta de

treinamento dos profissionais48

.

Diante da multiplicidade de definições, a cultura de segurança pode ser classificada

em três grupos. O primeiro grupo inclui as definições relacionadas às atitudes, valores,

crenças e práticas relativas à segurança. O segundo grupo trata das definições que abordam

as percepções dos profissionais. O terceiro grupo é uma combinação das definições que

compreendem as atitudes e as percepções dos profissionais sobre questões de segurança49

.

2.3 HIERARQUIA DE CONTROLE

É a ordem que deverá ser seguida para definir o controle de um determinado risco.

Entretanto, quando se fala em controle de risco pensa-se, na maioria das vezes, no

fornecimento de EPI. A hierarquia que deverá ser seguida para eliminar ou minimizar

riscos obedecendo a fases: eliminação do risco, redução do risco a níveis aceitáveis, ações

de controle do risco através de projetos de engenharia, ações de administração do risco e

obrigatoriedade do uso de EPI. Essa hierarquia define que os controles mais efetivos são os

que estão no topo da pirâmide (Figura 1), ou seja, em primeiro lugar deve-se pensar em

eliminar o risco, se não for possível, reduzi-lo a níveis aceitáveis. Outra estratégia é

controlar os riscos através de projetos de engenharia, administração do risco, e por último,

tornar o uso obrigatório50

.

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32

Figura 1 - Caracterização da Hierarquia de Controles (2013)

Fonte: NIOSH (www.cdc.gov/niosh/)

Há poucos anos, os serviços de saúde vêm adotando, como modelo para seus

programas de prevenção, o conceito de hierarquia de controles usado na higiene do

trabalho para priorizar as intervenções de prevenção. Quando essas estratégias não estão

disponíveis ou não fornecem proteção completa, só então é que o foco deve ser na

implementação das mudanças na prática de trabalho e do uso de EPI51

.

O foco principal vai para o controle do comportamento e das atitudes individuais,

exemplificado pelo uso de EPI e por mudanças nas práticas de trabalho de cada indivíduo.

Os trabalhadores da saúde têm dificuldades em alterar práticas antigas e que já se tornaram

hábitos. Fatores psicossociais e organizacionais que retardam a adoção de práticas de

segurança incluem: baixa percepção do risco ou minimização do risco, percepção de um

“clima de segurança” fraco no ambiente de trabalho, percepção de um conflito entre prestar

o melhor atendimento ao paciente e se proteger da exposição, acreditar que as precauções

não são justificadas em algumas situações específicas, falha em antecipar uma exposição

potencial, e aumento das demandas, causando um aumento no ritmo de trabalho. A

mudança de comportamento ocorre mais rapidamente quando pensam que: estão correndo

risco, o risco é significativo, a alteração de comportamento fará a diferença, e a mudança

valerá o esforço51

.

A OSHA descreve as engenharias de controle como as modificações em

instalações, equipamentos, processos ou materiais para reduzir a exposição do trabalhador

a materiais tóxicos e agentes nocivos6.

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33

2.4 A CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA E O COTIDIANO DO PROFISSIONAL

ENFERMEIRO

O Serviço de Terapia Antineoplásica (STA) ou CQT é o serviço de saúde composto

por equipe multiprofissional especializada na atenção à saúde de clientes diagnosticados

com câncer que necessitem de tratamento medicamentoso. Neste estudo, optou-se pela

denominação CQT. A equipe multiprofissional deve ser constituída no mínimo, por

médico especialista (oncologista), enfermeiro e farmacêutico. Contudo, devem integrar a

equipe de apoio: psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e técnicos de enfermagem,

com treinamento especializado, visando atender às necessidades do cliente, no decorrer do

tratamento quimioterápico, de forma integral30

.

A composição dos trabalhadores das CTQ são escolhidas conforme as

competências: técnicas, científicas e legais, exigidas em todas as etapas do processo de uso

dos quimioterápicos antineoplásicos. A prescrição de antineoplásicos cabe ao médico

oncologista clínico e o preparo dessas drogas é atribuição exclusiva do farmacêutico, ao

qual compete o exercício da atividade de manipulação de fármacos antineoplásicos e

similares nos estabelecimentos de saúde37

.

Ao enfermeiro compete a administração da QA, conforme a farmacocinética da

droga e o protocolo terapêutico. Os demais trabalhadores, da equipe de enfermagem, fazem

o transporte, manuseiam excretas e materiais contaminados, fazem a limpeza e desinfecção

dos ambientes e o descartes de resíduos. Todos os trabalhadores, lotados na CQT, estão

expostos às condições adversas no ambiente de trabalho, devido ao risco químico36,38

.

Essas competências deveriam compor a bagagem de conhecimento dos

profissionais que trabalham na área, em função do risco de operações que promovem riscos

aos profissionais, ao meio ambiente e pacientes34

.

Os profissionais da CQT prestam assistência aos clientes com câncer executando

procedimentos de alta complexidade, pois estes requerem atenção e cuidados específicos e

especializados, em especial por parte da equipe de enfermagem, responsável por grande

parte das atividades desenvolvidas no setor52

. Vê-se, portanto, a importância do

planejamento da assistência oncológica.

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34

Ao enfermeiro cabe o planejamento, execução e supervisão das atividades

desenvolvidas pela equipe de enfermagem, dentre elas: a consulta de enfermagem

(atividade exclusiva do enfermeiro), manipulação de cateteres centrais e punção de veias

periféricas, administração de medicamentos, realização de curativos, monitorização dos

sinais vitais, identificação e intervenção nas situações de emergência, e a orientação dos

clientes e seus familiares.

Espera-se deste profissional a elaboração de rotinas e protocolos terapêuticos

voltados para a prevenção, tratamento e minimização dos efeitos adversos inerentes à

terapia antineoplásica, o treinamento permanente da equipe, o gerenciamento dos recursos

humanos, materiais e do ambiente, visando segurança, conforto e bem estar para todos nele

inseridos. Ao profissional de nível médio de enfermagem cabe executar as ações de

enfermagem, sendo muitas vezes de caráter complementar e sob a supervisão do

enfermeiro52

.

A assistência de enfermagem, em oncologia, evoluiu muito como especialidade e a

literatura existente mostra o importante papel do enfermeiro no apoio ao cliente

oncológico. Tendo como funções: preparar o cliente para o autocuidado, assumir o papel

de educador e agente do cuidado terapêutico, e principalmente, ouvir o que o indivíduo

vem passando53

.

2.5 O TRABALHO EM SAÚDE E OS RISCOS ENVOLVIDOS: MORBIDADE DOS

PROFISSIONAIS ENFERMEIROS QUE LIDAM COM ANTINEOPLÁSICOS

O risco ocupacional é a probabilidade de ocorrer um evento bem definido no

espaço ou no tempo, que cause danos à saúde, às unidades operacionais ou dano

econômico/financeiro. O risco ocupacional químico existe mediante a ocorrência de um

evento definido de contaminação. Quando um medicamento de risco é preparado, cada

uma das etapas deste processo deve ser realizada sob condições e uso de práticas seguras,

com vista a promover um ambiente laboral seguro e salubre ao trabalhador22

.

A importância do tema está sinalizada na Política Nacional de Segurança e Saúde

do Trabalhador (PNSST), onde traz na alínea 23 que o impacto das novas tecnologias está

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35

causando uma mudança de perfil de saúde, de adoecimento e de sofrimento dos

trabalhadores. Sabe-se que os quimioterápicos antineoplásicos estão incluídos neste

contexto tecnológico e que manuseá-los envolve riscos ocupacionais, especialmente

quando as recomendações de segurança não são seguidas corretamente e as condições de

trabalho são inadequadas 26,54

.

Muitos agentes quimioterápicos são cancerígenos em animais, como exemplo a

dacarbazina e ciclofosfamida. Destes, a ciclofosfamida é considerada como sendo um

carcinógeno humano55

. É descrito que a ocorrência das alterações sanguíneas é o principal

problema proveniente da manipulação dos antineoplásicos. No entanto, esses

medicamentos afetam principalmente a reprodução humana. Enfermeiras que as

manipulam apresentam, com maior frequência, irregularidades menstruais e amenorreia.

Abortos espontâneos podem ocorrer principalmente no primeiro trimestre de gravidez;

além de anormalidades cromossômicas e malformações congênitas6.

Quadro 1 - Estudos que relatam riscos/efeitos adversos à saúde pelo manuseio de

quimioterápicos

ANO AUTORES CONSIDERAÇÃO SOBRE O RISCO

1983 Sotaniemi56

Descreve três casos de lesão hepática graves em enfermeiras que atribuiu à

exposição a citostáticos.

1985 Slevan57

Publicou o primeiro estudo de caso controle conduzido em enfermeiras de

17 hospitais finlandeses, tendo detectado associação significativa entre

exposição a citostáticos e risco fetal.

1990 Stucker58

Publica um terceiro estudo de caso controle, realizado em 4 hospitais

franceses, no qual é evidenciado, em profissionais expostos a citostáticos,

um aumento do risco de aborto espontâneo.

2003 Krstev59

186 enfermeiras expostas a fármacos antineoplásicos em comparação com

um grupo controle de 77 enfermeiras não expostas. Foi constatada no

grupo exposto uma frequência maior de alopecia, lipotimia e rash cutâneo

com uma regressão significativa nos fins de semana quando não havia

expediente.

2003 Walusiak60

Estudo semelhante ao anterior, constatou-se que 104 profissionais expostos

e 103 controle não expostos, há uma prevalência aumentada de cefaleia no

grupo exposto.

Fonte: Adaptado de Suspiro e Prista61

.

Estudos realizados em unidades hospitalares mostraram níveis detectáveis de

agentes citotóxicos no ar, em superfícies, em luvas, e em diferentes partes do corpo.

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36

Métodos de monitorização biológica foram desenvolvidos para detectar a exposição

ocupacional aos agentes antineoplásicos. A presença destas drogas na urina dos

funcionários, que estão no ambiente hospitalar (farmacêuticos e enfermeiros), tem sido

amplamente estudada. Isso tem levado organizações a desenvolver orientações ou

recomendações com o objetivo de melhorar a segurança durante a manipulação de

fármacos antineoplásicos e reduzir o risco de contaminação no local de trabalho62

.

Quadro 2 – Estudos que relatam riscos pelo manuseio de quimioterápicos

ANO AUTORES CONSIDERAÇÕES SOBRE O RISCO

1979 Falck & cols63

Aumento da atividade mutagênica detectada através da

análise da urina de enfermeiras que manipulavam

quimioterapia.

1980,1981

1991

1992

Norppa64

,Waksvik65

,

Milkovik-Kraus66

,

Brumen67

Aumento na incidência de troca de cromátides irmãs nos

linfócitos de enfermeiras que manipulavam quimioterapia

(aberrações cromossômicas).

1981 Kleinberge & Quinn68

Foi detectada e quantificada fluoruracila dispersa no ar

durante a manipulação em capela de fluxo laminar

horizontal. Partículas chamadas de aerossóis que podem

ser inaladas, absorvidas pela pele e deglutidas.

1982 Jagun et al69

Inclui excreção urinária de tioéter.

1999 Tagliari, Cecchini,

Saridakis70

Teste de Ames (Salmonella typhimirium his reversion

assay): agentes que induzem a mutação genética podem

causar câncer pelo dano celular ao DNA. Não é específico

para mutagenicidade induzida por citostáticos. Determina a

atividade mutagênica da urina em funcionários. É um dos

testes de triagem recomendados pela EPA (órgão de

Controle Ambiental dos Estados Unidos) para uso em

programas de monitoramento e controle da poluição

ambiental.

Fonte: Adaptado de Bonassa e Gato 1

A presença de risco ocupacional no desempenho das atividades laborais do

profissional de enfermagem apresenta uma etiologia multifatorial, devido à diversidade dos

fatores de risco a que estão expostos, dependendo da atividade realizada. Nessa vertente,

verifica-se a importância da análise destes riscos para os profissionais71

.

Os riscos ocupacionais têm origem nas atividades insalubres e perigosas, aquelas

cuja natureza, condições ou métodos de trabalho, bem como os mecanismos de controle

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37

sobre os agentes biológicos, químicos, físicos e mecânicos do ambiente hospitalar podem

provocar efeitos adversos à saúde dos profissionais72

.

Os enfermeiros podem ser expostos aos antineoplásicos durante o manuseio e

administração, acidentes e derramamentos, e manipulação de excretas do paciente como:

suor, vômitos, fezes e urina. Embora exista a instrução sobre os riscos da exposição, os

níveis detectáveis de antineoplásicos ainda são relatados na urina de profissionais que o

manuseiam, o que indicaria a exposição ocupacional5.

Uma descrição do parágrafo anterior vem da ocorrência de um estudo alemão

realizado com 21 profissionais que manuseavam quimioterápicos, onde foram coletadas

amostras de urina por um período de 24 horas, nos dias em que houve a manipulação de

ciclofosfamida ou ifosfamida. Foi detectada ciclofosfamida na urina em 12 das 31

amostras, já a ifosfamida foi detectada em 4 de 21 amostras de urina dos profissionais55

.

A razão para citação deste estudo veio por serem fármacos muito utilizados na

instituição cenário do estudo. Trazendo para reflexão a importância da adesão dos EPI, da

cabine de fluxo laminar e a monitorização biológica, assim como os exames periódicos

solicitados.

Investigações epidemiológicas acerca do risco da ocorrência de câncer de

enfermeiros expostos a drogas antineoplásicas e o aumento do risco de câncer de mama e

leucemia foram relatados62

. Evidências indicam que a exposição aos antineoplásicos pode

gerar radicais livres, que por sua vez levam à condição de estresse oxidativo5. O estresse

oxidativo decorre de um desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação

dos sistemas de defesa antioxidante. A geração de radicais livres e ou espécies reativas não

radicais é resultante do metabolismo de oxigênio. O sistema de defesa antioxidante tem a

função de inibir ou reduzir os danos causados pela ação deletéria dos radicais livres ou

espécies reativas não radicais73

.

Além disso, sabe-se que os antineoplásicos têm efeitos mutagênicos e

teratogênicos. Uma situação cada vez mais preocupante, considerando o fato de que os

profissionais envolvidos no manuseio desses medicamentos são ocasionalmente expostos a

seus efeitos nocivos. Consequentemente, estes trabalhadores enfrentam uma exposição

cumulativa e contínua no cotidiano laboral que atuam55

. Esses fármacos têm o potencial de

causar alterações genéticas, que podem levar ao desenvolvimento de câncer se ocorrem em

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proto-oncogenes ou genes supressores tumorais, que estão envolvidos no controle do

crescimento ou diferenciação celular72

.

Quadro 3 – Estudos que relatam riscos pelo manuseio de quimioterápicos

ANO AUTORES CONSIDERAÇÕES SOBRE O RISCO

1982 Andersen et al74

Utilizado o teste de Ames e os aspectos de proteção quanto à

utilização de luvas, máscaras e cabines de fluxo laminar. Quando os

agentes citostáticos foram manipulados em cabine de fluxo laminar

horizontal, a urina dos funcionários foi considerada mutagência.

Nenhuma mutagenicidade foi encontrada quando a manipulação foi

realizada em cabine de segurança biológica.

1984 Venitt et al75

Níveis urinários de platina.

1984 Hirst et al76

Níveis urinários de ciclofosfamida.

1993 Saurel e Cubizolles77

Em estudo feito em Paris, envolvendo 734 gestações, 15 delas

ectópicas (2%), observou-se a relação significativa entre a gravidez

ectópica e o manuseio de antineoplásicos no primeiro trimestre de

gravidez.

1995 Fuchs78

Estudo alemão com 91 enfermeiras submetidas a exames de sangue

para detecção de alterações cromossômicas. Dez enfermeiras que

manipulavam quimioterapia sem medidas de proteção apresentaram

alterações cromossômicas 50% maiores que as demais.

1996 Baker e Connor79

Efeitos crônicos à exposição incluindo dano hepático, em três

enfermeiras oncológicas, atribuído ao manuseio de agentes

citotóxicos no período de 6 a 16 anos e carcinoma nasofaríngeo, em

uma enfermeira que sofreu exposição ocupacional sem a utilização

de medidas de segurança.

Fonte: Bonassa e Gato1.

Efeitos mutagênicos de antineoplásicos fornecem um mecanismo explicativo para

riscos elevados de câncer e resultados adversos reprodutivos. Os efeitos mutagênicos dos

antineoplásicos aumentam o risco de anomalias congênitas e natimortos entre enfermeiras

expostas80

.

A exposição ocupacional muitas vezes é subestimada pelos profissionais da equipe

de enfermagem. Soma-se a isso, o fato das atividades de prevenção desenvolvidas pelos

hospitais não incluírem programas de vigilância epidemiológica das doenças provocadas

pelo quimioterápico, com vistas a monitorar a gravidade dos efeitos dessa exposição. No

caso do serviço de quimioterapia, observa-se que algumas enfermeiras apresentam sinais e

sintomas de doenças que podem estar relacionados com a exposição a determinados fatores

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de risco ocupacional, no entanto, não são considerados, nem relacionados e não estão

recebendo atenção adequada19

.

Apesar de existirem estudos que apontam para a realização de exames de urina

como recurso de monitorização da saúde da equipe de enfermagem e de farmácia, que

trabalham em CQT, desde o final da década de 197022

, este exame ainda não é rotina na

instituição cenário do estudo. Não foi encontrado na literatura registros a respeito dos

exames de rotina preconizados pelas instituições privadas.

2.6 BIOSSEGURANÇA NA CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA COM ENFOQUE NO

USO DOS EPI

O primeiro serviço a se preocupar com a medicina no trabalho surgiu na Inglaterra,

em 1830, dentro de uma indústria têxtil. A primeira forma de atuação consistia em medicar

o adoecimento relacionado ao trabalho, a fim de evitar associações com outros processos

de doenças advindos do ambiente laboral. Com o passar do tempo a medicina do trabalho

ampliou a sua atuação; não apenas medicava o adoecimento, com também trabalhava para

disciplinar e educar os trabalhadores, para de evitar qualquer tipo de doença relacionada ao

trabalho81

.

A construção da concepção de biossegurança iniciou-se na década de 70, na reunião

de Asilomar, na Califórnia, onde a sociedade científica iniciou a discussão sobre os

impactos da engenharia genética na sociedade. Ao longo dos anos, o conceito de

biossegurança vem sofrendo alterações82

. A biossegurança é “a condição de segurança

alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar

riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e

o ambiente”83

.

Posteriormente, a Comissão de Biossegurança, da Fundação Oswaldo Cruz,

destacou que a biossegurança compreende: o quadro de ações voltadas para a prevenção,

minimização ou eliminação de riscos inerentes a atividades de pesquisa, produção, ensino,

desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos que possam comprometer a

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saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos

desenvolvidos84

.

Refere-se à prevenção de acidentes em ambientes ocupacionais, sendo apresentada

como o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais e médicas empregadas

para prevenir acidentes em ambientes biotecnológicos, clínicas e hospitais85

.

O autor aborda os riscos ocupacionais relacionados ao trabalho de enfermagem. Diz

que a palavra risco origina-se do latim risicus, do verbo resecare – cortar; significa perigo,

inconveniente, dano ou fatalidade eventual, provável, às vezes, até previsível. No ambiente

de trabalho podem ser: ocultos, quando o trabalhador não suspeita da sua existência;

latentes, quando causam danos em situações de emergência; reais, quando conhecidos por

todos, mas com pouca visibilidade de controle quer pelos elevados custos exigidos, quer

pela ausência de vontade política para solucioná-los7.

A preocupação com a biossegurança cresceu com a circulação, cada vez mais

intensa, de pessoas e mercadorias em todo o mundo. O tema ultrapassou os limites dos

laboratórios e hospitais, com a constatação de que os riscos biológicos e químicos estão

presentes em outros ambientes. Segundo a opinião de especialistas, que discutem o tema

biossegurança, o grande problema não está nas tecnologias disponíveis para eliminar ou

minimizar os riscos, e, sim, no comportamento dos profissionais86

.

Os autores reiteram que “a biossegurança pode ser entendida, hoje, como uma

ocupação, agregada a qualquer atividade onde o risco à saúde humana esteja presente”82

. A

biossegurança tem como base a riscologia que é uma ciência que avalia os riscos e/ou suas

interações que possam afetar a integridade e o bem-estar87

.

A biossegurança constitui-se por um conjunto de normas que visam

prioritariamente à prevenção, ou pelo menos a minimização desses riscos, diminuindo suas

possibilidades de ocorrência, tomando decisões técnicas e administrativas para propor

mudanças ou adequações. Na área da saúde tem apontado contribuições com um campo de

conhecimento e um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e

ambientais, destinados a conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao

ambiente e à vida de profissionais e pacientes88-90

. É uma área de conhecimento

relativamente recente, que impõe desafios não só à equipe de saúde, mas também às

empresas que investem em pesquisa.

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A forma como o trabalho de enfermagem é organizado pode ocasionar os processos

de desgaste dos trabalhadores pela exposição, entre outras, às cargas químicas. Essa

exposição ocorre pela interação do trabalhador com substâncias químicas em salas mal

ventiladas e espaços físicos inadequados, que são potencializados por problemas com

equipamentos, misturas químicas, uso inadequado de EPI e falta de medidas de proteção

coletiva que possibilitam ou intensificam essa exposição91

. Fica evidente a necessidade da

utilização de medidas de segurança pelos profissionais que manipulam antineoplásicos,

quer seja no preparo, administração, descarte de material ou manuseio de excretas dos

pacientes4.

É vetado iniciar qualquer atividade relacionada ao manuseio de QA, na falta de

EPI. Estes devem ser avaliados diariamente, quanto ao estado de conservação e segurança,

estando disponíveis e armazenados em locais de fácil acesso. Por vezes, o não uso de

medidas protetoras é tida como uma forma de tornar o contato com os usuários mais

agradável, por estes já se encontrarem sensibilizados com a doença. Porém, é obrigatório o

uso de EPI, especificamente, para o manuseio de QA11,26

.

A agência norte-americana Occupational Safety and Health Administration

(OSHA) estabelece o uso de luvas de látex ou prolipropileno, descartáveis e sem talco;

aventais descartáveis, com mangas longas, fechados na parte frontal, punhos com elásticos

e com baixa permeabilidade; máscaras com proteção de carvão ativado, que age como

filtro químico; óculos de proteção, que impeça a contaminação frontal e lateral de

partículas, sem reduzir o campo visual4.

A mesma agência estabelece o uso de capela de fluxo laminar no preparo dos

antineoplásicos. Ela garante a proteção pessoal e ambiental, já que seu fluxo incide

verticalmente em relação à área de preparo e a seguir é totalmente aspirado e submetido à

nova filtragem através do filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air). Esses filtros

devem ser trocados a cada seis meses. Os tipos de aparelhos considerados mais seguros são

os verticais de classe II, tipo B ou classe III. Aparelhos do tipo horizontal são

desaconselháveis, pois oferecem riscos ao manipulador4.

Prevenir é uma das formas de se evitar os problemas de saúde ocupacional, que

podem ser desencadeados por essa exposição. Porém, para a efetividade dessa prevenção, é

necessário que os trabalhadores tenham conhecimento sobre o risco propiciado pelas

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substâncias químicas6. O trabalho cotidiano e o conhecimento podem ser fundamentais, no

que diz respeito à vulnerabilidade de indivíduos92

.

O enfermeiro responsável pela administração dos quimioterápicos antineoplásicos

deve se basear em protocolos protetores, tais como os adotados no preparo pelo

farmacêutico sob fluxo laminar, cabine de segurança biológica e outros mecanismos de

segurança. Usar durante o procedimento os EPIs preconizados, como: óculos, máscara,

gorro, avental e luvas, requer o reconhecimentos dos riscos a que os profissionais estão

expostos, enquanto fator facilitador para mudanças no comportamento profissional de uma

equipe1.

Apresenta-se seguir uma síntese referente às recomendações de boas práticas e

biossegurança durante a administração de quimioterápicos antineoplásicos, conforme

recomendações internacionais da OSHA1: 242

.

Lavar as mãos rigorosamente antes e após a colocação das luvas.

Utilizar avental longo, com baixa liberação de partículas, baixa permeabilidade,

frente fechada, com mangas longas e punho elástico. Algumas referências

preconizam o uso de óculos de proteção e protetores faciais. Lembrar que

máscaras cirúrgicas não protegem da inalação de aerossóis.

Utilizar um campo descartável, impermeável na face inferior e absorvente na

face superior, na área de aplicação do quimioterápico antineoplásico.

Utilizar equipos, seringas e conectores, preferencialmente luer lock.

Manter uma gaze próxima às conexões para coleta de eventuais vazamentos, em

especial no momento de introdução e retirada de equipos ou conectores.

Não retirar o ar de seringas e equipos: eles devem vir prontos para aplicação.

Observar todas as conexões, respiros etc. para detectar vazamentos.

Para minimizar a contaminação por resíduos citotóxicos as principais atividades

são: acondicionar frascos e seringas com os quimioterápicos, a serem administrados, em

saco plástico fechado; utilizar os EPI no manuseio de secreção e excretas; descartar

agulhas e seringas em recipientes apropriados; manusear roupa de cama, camisolas e

pijamas contaminados com luva de procedimento; descartar frascos de soro e equipos em

saco plástico fechado, depositado em lixo e devidamente identificado como resíduo

químico93

.

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Assim, parece pertinente sugerir aos centros hospitalares, envolvidos no tratamento

de pacientes com câncer, que elaborem e promovam cursos de capacitação e recapacitação

para os trabalhadores, implementem programas de monitorização ambiental, biológica, de

vigilância à saúde e de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos6. Incluindo o

treinamento em casos de exposição acidental a QA, apresentando o kit derramamento. As

medidas de prevenção bem empregadas minimizam os acidentes e a exposição.

2.7 O CONCEITO DE VULNERABILIDADE E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO

EM SAÚDE

Vulnerabilidade, termo derivado do latim vulnus, significa ferida e expressa, de

uma forma geral, a possibilidade de uma pessoa ser ferida94

. Pode ser entendida como

condição humana persistente (enquanto limitados e mortais), e como situação dada nas

quais limites e feridas se verificam concretamente95

. A introdução do referencial da

vulnerabilidade abre oportunidade de reflexão sobre sua influência no trabalho exercido

pelo enfermeiro, na dimensão do cuidar e nas responsabilidades dos profissionais na

execução do processo de enfermagem94

.

O grupo de maior vulnerabilidade e de elevado risco para ocorrência de acidentes e

doenças profissionais corresponde ao dos profissionais de saúde, principalmente, aqueles

que atuam em unidades hospitalares, por estarem em constante contato com diversos

fatores de riscos ocupacionais, expondo-se mais do que outros grupos de trabalhadores18

.

O termo vulnerabilidade mostra a suscetibilidade do sujeito a uma possibilidade de

adoecimento, resultante de um conjunto de aspectos sociais, culturais, epidemiológicos,

psicológicos e biológicos, recolocando o sujeito em sua relação com o coletivo. Estes

aspectos devem ser analisados tanto objetivamente como subjetivamente, ou seja, devem

ser levadas em consideração a dimensão simbólica, a construção de processos de

identidade e as vulnerabilidades dos indivíduos 96

.

O adoecimento traz para o ser humano, em maior ou menor escala, apreensão e

ameaça, podendo produzir desequilíbrio e desconforto que levam o homem a debruçar-se

sobre o limite de sua própria condição, indagar-se sobre ela e pensar na vulnerabilidade.

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Passada a situação de adoecimento, o indivíduo se reequilibra, busca neste equilíbrio

restabelecer o sentimento de invulnerabilidade que o faz sentir-se forte para lidar com as

não conformidades da vida97

.

Sendo necessária a reflexão sobre:

o desafio que temos como profissionais e cidadãos em relação ao

desrespeito e ao desamparo legal a que estão submetidos os profissionais

da saúde, e especial os de enfermagem, no sentido de lutarmos por

políticas públicas, formação profissional e prática institucional que

favoreçam melhores condições de trabalho assim como uma melhor

qualidade de vida aos trabalhadores de enfermagem 18:89

.

Além de identificar as vulnerabilidades que emergem na vida desses sujeitos,

entender como estes organizam suas experiências a partir do modo como eles sentem,

representam e dão um sentido a estas experiências. É a meta a alcançar, qual é a percepção

de sujeito que se é e como relaciona-se consigo e com os outros, pois essa concepção é que

deveria nortear e fundamentar os conceitos e a prática do enfermeiro96

.

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3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Neste capítulo descreve-se o passo a passo da pesquisa, incluindo a caracterização

da instituição cenário do estudo, dos participantes da pesquisa atendendo aos critérios pré-

definidos de inclusão e exclusão, os aspectos éticos envolvidos, a etapa da coleta dos

dados, o produto tecnológico apresentado através do manual de boas práticas e seus

sinalizadores e o processo de implantação dos mesmos.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa, do tipo inquérito de

Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP). O CAP possui como objetivo a descrição das

características de uma população, fenômeno ou experiência. Traduz os números em

opiniões e informações para classificá-los e analisá-los98

.

Os conceitos de CAP foram estabelecidos a partir de estudos similares, conforme

segue99

:

Conhecimento – significa recordar fatos específicos (dentro do sistema

educacional do qual o indivíduo faz parte) ou a habilidade para aplicar fatos

específicos para a resolução de problemas ou, ainda, emitir conceitos com a

compreensão adquirida sobre determinado evento – dimensão intelectual.

Atitude – é, essencialmente, ter opiniões. É, também, ter sentimentos,

predisposições e crenças, relativamente constantes, dirigidos a um objetivo,

pessoa ou situação. Relaciona-se ao domínio afetivo – dimensão emocional.

Prática – é a tomada de decisão para executar a ação. Relaciona-se aos domínios

psicomotor, afetivo e cognitivo – dimensão social.

As fases de preparação do questionário são: identificação do assunto a ser estudado,

preparação das questões e validação das questões100

. O utilizado neste estudo tem como

objetivos medir o que uma população sabe sobre QA, qual o conhecimento, atitude e

prática a respeito do mesmo, servindo como base para construção de intervenções101

.

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Proporcionará reflexões acarretando contribuições para mudanças de condutas e

comportamento relativos à minimização da exposição ao risco químico em CQT, dando

embasamento para a confecção de um manual de boas práticas a ser seguido pelos

enfermeiros na CQT.

O inquérito CAP serve para ajudar no planejamento, implementação e avaliação do

trabalho, recolhendo informações a respeito do que as pessoas sabem, o que pensam sobre,

ou a resposta à determinada situação. Podem identificar falhas de conhecimento, crenças

culturais e padrões de comportamento que permitem a melhor compreensão da ação, assim

como detecção de barreiras. Também identificam fatores que influenciam o

comportamento não conforme das pessoas102

.

Os guidelines de estudos CAP orientam a validação do instrumento de coleta de

dados conduzida por um pré-teste em um pequeno grupo de representantes da população.

O questionário deve ser aplicado, em média, para 10 pessoas e, uma vez que este pequeno

grupo tenha concluído o questionário, os resultados devem ser analisados. Esta análise

deve validar o grau em que as questões foram devidamente compreendidas ou mal

interpretadas103

.

Assim, com este objetivo, os residentes de enfermagem, que já desenvolveram

atividades laborais no cenário, foram convidados e aceitaram participar do pré-teste com o

roteiro de coleta de dados. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) e responderam o questionário, que não suscitou nenhuma dúvida aos

mesmos.

Os residentes de enfermagem foram abordados em sala de aula após o término da

atividade e esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa. Todos que estavam presentes,

em número de 15, aceitaram colaborar e participaram do estudo.

O inquérito CAP, presente no estudo, foi construído com base na vivência da autora

e as questões relacionadas com suas inquietações a respeito da exposição ao risco químico.

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47

3.2 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) é o órgão

auxiliar do Ministério da Saúde (MS) no desenvolvimento e coordenação das ações

integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil. Essas ações compreendem a

assistência médico-hospitalar, prestada direta e gratuitamente aos pacientes com câncer

como parte dos serviços oferecidos pelo SUS, e a atuação em áreas estratégicas, como a

prevenção e detecção precoce, a formação de profissionais especializados, o

desenvolvimento da pesquisa e a geração de informação epidemiológica.

O INCA coordena vários programas nacionais para o controle do câncer e está

equipado com o mais moderno parque público de diagnóstico por imagem da América

Latina, o Centro de Pesquisa em Imagem Molecular, inaugurado em outubro de 2009. O

modelo de gestão participativa e compartilhada foi implementado na instituição e está em

vigor desde 2004. O que traz o conceito de uma instituição normatizada.

O Instituto é composto por cinco unidades Na unidade I é prestado atendimento a

adultos e crianças com diversos tipos de câncer; na unidade II são atendidos pacientes com

câncer ginecológico e tecido ósseo e conectivo (TOC); na unidade III são atendidos

pacientes com câncer de mama; na unidade IV são atendidos pacientes de cuidados

paliativos; e na unidade V são atendidos os pacientes que necessitam de transplante de

medula óssea.

Em relação à Acreditação, as cinco unidades já foram acreditadas pela Joint

Comission Internacional (JCI) nos anos abaixo:

Hospital do Câncer I: certificado em 2010.

Hospital do Câncer II: certificado em 2009 e recertificado em 2012.

Hospital do Câncer III: certificado em 2008.

Hospital do Câncer IV: certificado em 2008.

Centro de Transplante de Medula Óssea: certificado em 2009.

As referidas unidades receberam seus certificados pelo Consórcio Brasileiro de

Acreditação (CBA), órgão brasileiro ligado à JCI. As visitas de recertificação acontecem

após o término da validade dos selos, que são de três anos. O INCA perdeu o título de

Hospital Acreditado, com exceção do Hospital do Câncer II que busca a recertificação em

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48

2015. O departamento de Qualidade vem se esforçando para retomar o título em todo

Instituto.

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

A população alvo é composta por enfermeiros que exercem suas atividades laborais

em duas centrais de quimioterapia do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da

Silva (INCA), localizadas no Hospital do Câncer I e Hospital do Câncer II, o que

corresponde a aproximadamente 35 enfermeiros, considerados elegíveis por atuar no

cenário e prestar assistência direta ao cliente.

Dessa população alvo de 35 enfermeiros, 26 participaram do estudo. Sendo um

quantitativo de 18 profissionais do HC I e 8 profissionais do HC II.

3.3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Como critério de inclusão participaram da pesquisa os enfermeiros que atuam

direto na assistência e que aceitaram participar de maneira voluntária após assinatura do

(TCLE)a.

No critério de exclusão estão enfermeiros licenciados; em período de férias; e os

residentes de enfermagem, pelo fato de no período de 02 anos durante seu estágio

curricular, colaborarem nos diversos setores do hospital, realizando rodízios, não estando

lotados unicamente nas CQT do Instituto; e os enfermeiros da CQT do Hospital do Câncer

III, pelo fato de ser o local onde a pesquisadora executa suas atividades, assumindo a

função de líder, prezando a relação de chefe/subordinado.

a ver Apêndice A p. 98

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49

3.4 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Para a execução da pesquisa foi solicitada a autorização da Coordenação Geral de

Gestão Assistencial (CGGA) do INCA, e o estudo foi enviado ao Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da instituição, que o aprovou com o certificado de apresentação para

apreciação éticab (CAAE) nº 12361613.4.00005274, em 12/09/2014, após o envio de

emenda para a Universidade proponente do curso. Atendendo aos princípios da Resolução

nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Comissão

Nacional de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde (CONEP/MS), assegurou-se aos

sujeitos que o estudo observaria ao máximo a isenção do risco aos que aceitaram participar

do mesmo104

. Garantindo o anonimato dos participantes e o sigilo das informações.

3.5 COLETA DOS DADOS

A coleta dos dados com os enfermeiros iniciou-se em junho de 2014. Trata-se de

um questionário auto administrativoc sem identificação, misto, contendo perguntas, em que

utiliza-se uma escala de resposta tipo Likert. A escala de Likert é considerada uma escala

simples de resposta psicométrica, na qual cada participante atribui pontos de forma

independente, sendo que os escores alcançados pelas proposições enunciadas podem ser

correlacionados com os totais alcançados105

.

Neste estudo a finalidade da escala de Likert é somar as notas e fazer uma avaliação

média, a intenção é que a declaração represente diferentes aspectos de conhecimentos,

atitudes e práticas. Os valores da escala foram analisados quantitativamente pelo software:

SAS® System, versão 6.11 (SAS Institute, Inc., Cary, North Carolina).

O pesquisador convidou os participantes de acordo com os critérios de inclusão e

exclusão descritos previamente. O local da abordagem foi no próprio ambiente de trabalho

do participante da pesquisa onde explicou-se os objetivos do estudo e sua proposta de

trabalho. Entregou-se o TCLE e o questionário auto administrativo, e o combinado foi de

b ver Anexo A p. 135

c ver Apêndice B p. 100

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retornar em uma semana para o recolhimento do mesmo, a fim de que o tivesse tempo

hábil para respondê-lo e que não houvesse a interrupção de suas atividades no ambiente de

trabalho.

Como limitações registra-se o não retorno de todos os questionários entregues,

tendo como justificativa o esquecimento do formulário em domicílio.

O Manual de Boas Práticas foi elaborado a partir dos resultados do inquérito CAP,

e será apresentado aos enfermeiros das CQT através do sistema Intranet, acontecendo a

divulgação prévia para que todos tomem ciência.

3.6 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

O Manual de Boas Práticas é um documento que descreve o trabalho executado no

estabelecimento e a forma correta de fazê-lo. Nele, pode-se ter informações gerais das

rotinas do setor, os procedimentos para minimizar a exposição ao risco químico, o controle

da saúde do trabalhador e o descarte de resíduos contaminados. Tem como objetivo

subsidiar a orientação verbal aos profissionais enfermeiros, reforçando a educação em

saúde e a saúde do trabalhador106

.

É necessário buscar na literatura especializada o conhecimento científico existente

sobre o assunto, definindo seus conceitos, normas e rotinas importantes. Fazer uma

reflexão acerca dos assuntos que pretende abordar.

Selecionar as informações importantes porque ele precisa ser atrativo, objetivo, não

pode ser muito extenso, mas deve dar uma orientação significativa sobre o tema a que se

propõe106

.

A etapa de qualificação do Manual visa à avaliação do material construído. Esse

processo foi realizado com a participação de duas enfermeiras responsáveis pelas duas

CQT do Instituto, onde foi realizada a coleta de dados, e posteriormente avaliado pelo

Comitê Editorial do Instituto.

Esta etapa é também um aprendizado, pois exige que se esteja aberto às críticas

para construir algo que realmente venha atender as expectativas e as necessidades das

pessoas, as quais certamente podem ter pontos de vista diferentes do elaborador.

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51

Após a aprovação do Manuald, pelo Comitê Editorial

e do Instituto, o mesmo será

disponibilizado no sistema Intranet (local virtual onde todos os funcionários do Instituto

têm acesso). Os funcionários ao acessarem se depararão com uma sinalização para que

conheçam e acessem o material. O que será uma novidade no Instituto, pois hoje não se

tem nenhum material desse tipo disponível no sistema.

Seguindo as etapas já mencionadas obteve-se um material validado pela Instituição.

Lembrando que o conhecimento científico se renova constantemente e assim há a

necessidade de atualização permanente do material para que ele alcance seus objetivos20

.

3.6.1 Implantação do manual

O material educativo disponibilizado de forma digital tem sido utilizado para

ampliar o conhecimento. Recomenda-se o uso do material educativo, escrito por

profissionais de saúde, como ferramenta de educação. O enfermeiro deve atuar nas

intervenções educativas comunicando conteúdos para a educação em saúde. O uso

crescente de materiais educativos possibilita o processo de ensino/aprendizagem107

.

No processo de construção do manual foi realizado levantamento bibliográfico,

sendo que na construção de novos materiais escritos com vistas à educação em saúde e

elaborados por profissionais de saúde, esses precisam ser avaliados para comprovar sua

efetividade107

.

3.6.2 Sinalizadores

Acompanhando o manual foram confeccionados sinalizadores de alerta em relação

ao risco químico, em formato A4 de autoadesivos, que serão disponibilizados para as CQT

do instituto.

d ver Apêndice C p. 104

e ver Anexo B p. 138

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Os sinalizadores compõem peças gráficas com objetivo, expressamente,

comunicacional. É uma forma de se comunicar visualmente um conceito, uma ideia, pode-

se ainda considerá-lo como um meio de estruturar e dar forma a comunicação impressa, em

que se trabalha o relacionamento entre a imagem e o significado108

.

A sinalização tem como objetivo primário a indicação rápida e eficiente dos

caminhos. Tem caráter de informar além do que se vê, propor decisões em tempo hábil e

alertar para a segurança do espaço.

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53

4 RESULTADOS

A análise descritiva apresentou na forma de tabelas os dados observados, expressos

pela média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo para dados numéricos, e frequência

(n) e percentual (%) para dados categóricos (qualitativos), e por gráficos ilustrativos.

As associações entre o tempo de trabalho em CQT (em anos) e o sexo (masc/fem),

com as questões dicotômicas do instrumento de coleta de dados, foram analisadas pelo

teste de Mann-Whitney e pelo teste exato de Fisher, respectivamente.

Foi aplicado método não paramétrico, pois o tempo de trabalho em CQT não

apresentou distribuição normal (Gaussiana), devido a rejeição da hipótese de normalidade

segundo o teste de Shapiro-Wilks. O critério de determinação de significância adotado foi

o nível de 5%. A análise estatística foi processada pelo software estatístico SAS®

System,

versão 6.11 (SAS Institute, Inc., Cary, North Carolina).

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Nessa seção apresenta-se a caracterização dos participantes do estudo. Suas

relações entre tempo de trabalho e exposição contínua e entre o tempo de trabalho e o

conhecimento da ocorrência de afastamento do trabalho por exposição química

Em relação à caracterização dos 26 enfermeiros, em estudo.

Tabela 1 - Caracterização da amostra de 26 profissionais. (CQT/INCA, 2014)

Variáveis

Valores

Sexo feminino n (%) 23 (88,5%)

Idade (anos) média ± DP 36,7 ± 7,5

Tempo de formado (anos) mediana (min - máx) 11,5 (5 - 28)

Tempo de trabalho em CQT (anos) mediana (min - máx) 8 (1 - 23)

Fonte: Dados da pesquisa

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54

Dos 26 enfermeiros, observou-se que, a maioria dos participantes deste trabalho é

do sexo feminino, com 23 participantes e 3 do sexo masculino. Característica já

comprovada nos cursos de graduação em Enfermagem. Trata-se de uma população jovem

com média de idade de 36,7 anos. As pessoas avaliadas nesse trabalho têm em média 36,7

anos, com um desvio padrão de 7,5, com tempo de formado mínimo de 5 anos e máximo

de 28 anos. Sendo que o tempo de trabalho em CQT apresentou uma mediana de 8 anos,

tempo mínimo de 1 ano e tempo máximo de 23 anos.

Em relação à associação entre tempo de trabalho e o auto reconhecimento da

exposição contínua aos agentes químicos, a tabela 2 fornece a média, desvio padrão (DP),

mediana, mínimo e máximo do tempo de trabalho em CQT correlacionados ao auto

reconhecimento da exposição contínua e o correspondente nível descritivo (p valor) do

teste de Mann-Whitney.

Tabela 2 - Tempo de trabalho em CQT (em anos) segundo a exposição contínua aos

agentes químicos. (INCA, 2014)

Observou-se que não existe diferença no tempo de trabalho em CQT entre os

subgrupos de enfermeiros que discordam/indiferente e os que concordam (p = 0,90) com a

afirmativa da exposição contínua aos agentes químicos. Observa-se que 20 participantes

concordam que trabalhar em CQT possibilita a exposição contínua.

Em relação à associação entre tempo de trabalho e o conhecimento de algum tipo

de afastamento por exposição do participante, a tabela 3 fornece a média, desvio padrão

(DP), mediana, mínimo e máximo do tempo de trabalho em CQT segundo a afastamento

por doença pela exposição ao risco químico e o correspondente nível descritivo (p valor)

do teste de Mann-Whitney.

exposição contínua

aos agentes

químicos

n média DP mediana mínimo máximo p valor

discordo / indiferente 6 12,7 5,8 13 6 21

concordo 20 13,6 6,8 11,5 5 28

DP: desvio padrão.

0,90

tempo de trabalho

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Tabela 3 - Tempo de trabalho em CQT (em anos) segundo o conhecimento sobre o

afastamento pela exposição. (INCA, 2014)

Os entrevistados foram questionados a respeito do conhecimento de afastamento do

trabalho em CQT por algum adoecimento relacionado ao risco químico. A questão do

afastamento foi relatada por 11 profissionais.

Observou-se não existir diferença no tempo de trabalho em CQT entre os subgrupos

de enfermeiros com e sem conhecimento de afastamento por doença pela exposição (p =

0,51).

Observou-se, segundo o teste exato de Fisher, que não existe diferença significativa

na proporção de mulheres entre o subgrupo com conhecimento de afastamento pela

exposição (n = 10/11; 90,9%) e o subgrupo sem conheciemnto (n = 13/15; 86,7%), com p

= 0,62.

4.2 CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS A

RESPEITO DO RISCO QUÍMICO NA CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA

Observa-se neste estudo que uma parcela elevada dos participantes, 88,5%

concorda que trabalhar em CQT impõe exposição ao risco químico no ambiente de

trabalho.

As tabelas 4, 5 e 6 fornecem a distribuição das respostas segundo as questões do

instrumento de coleta de dados, relacionadas ao inquérito de Conhecimentos, Atitudes e

Práticas.

tempo de trabalho

afastamento n média DP mediana mínimo máximo p valor

sim 11 13,9 6,3 12 6 23

não 15 12,9 6,7 10 5 28

DP: desvio padrão.

0,51

tempo de trabalho

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4.2.1 Conhecimento dos enfermeiros sobre o risco químico

Tabela 4 - Conhecimentos acerca dos ricos químicos pelos Enfermeiros da CQT. (INCA,

2014)

CONHECIMENTO

discordo

totalmente

discordo

parcialmente indiferente

concordo

parcialmente

concordo

totalmente

n % n % n % n % n %

Risco químico 0 0 3 11,5 0 0 0 0 23 88,5

Profissionais que não

manuseiam QA 3 11,5 1 3,8 2 7,7 8 30,8 12 46,2

Uso indispensável de

EPI na administração 1 3,8 0 0 0 0 0 0 25 96,2

EPI diminui a

exposição 0 0 0 0 0 0 2 7,7 24 92,3

Adornos influenciam

na segurança 1 3,8 4 15,4 1 3,8 8 30,8 12 46,2

Resíduos com

destinação específica 0 0 0 0 0 0 0 0 26 100,0

Manuseio de excretas

e o uso de EPI 0 0 0 0 2 7,7 1 3,8 23 88,5

Legislações abordam a

segurança 0 0 0 0 0 0 6 23,1 20 76,9

Protocolo padrão para

acidentes 1 3,8 0 0 0 0 5 19,2 20 76,9

Educação como

ferramenta para

minimizar o risco

0 0 0 0 0 0 0 0 26 100,0

Conhecimento atende

as necessidades de

trabalho

0 0 0 0 0 0 6 23,1 20 76,9

Na tabela 4 são apresentadas 11 afirmativas relacionadas ao conhecimento acerca

do risco químico na CQT.

Em torno de 46,2% concordam que os profissionais que não manuseiam

quimioterápicos, mas trabalham em CQT como profissionais da recepção e da limpeza

também estão sujeitos à exposição ao risco químico.

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57

Um percentual de 96,2% dos participantes reconhece que o uso de EPI é essencial

para o desenvolvimento das tarefas e 92,3% concordam totalmente que o uso de EPI

durante a administração dos quimioterápicos diminui a exposição do profissional ao risco

químico. Por outro lado, 23% discordam que são indiferentes quanto ao uso de adornos,

maquiagens e cosméticos como influência na segurança dos profissionais que manuseiam

quimioterápicos.

Foi unânime entre os participantes que os resíduos químicos da CQT necessitam

receber destinação específica. E que o enfermeiro pode contribuir com a educação

permanente dos profissionais como ferramenta de minimização do risco químico.

Foi evidenciado que 88,5% concordam totalmente que o uso de EPI é essencial para

manusear excretas dos pacientes que receberam QA nas últimas 48h, enquanto 76,9% dos

participantes concordam que as legislações que normatizam os serviços de quimioterapia

abordam a segurança do profissional, que o serviço dispõe de um protocolo padrão para

acidentes químicos e que os seus conhecimentos acerca do risco químico em uma CQT

atendem às suas necessidades de trabalho.

4.2.2 Atitudes dos enfermeiros sobre o risco químico

A tabela 5 está composta por 9 afirmativas relacionadas às atitudes. As atitudes

caracterizam-se por opiniões, sentimentos e crenças.

Tabela 5 - Atitudes/Crenças dos Enfermeiros da CQT relacionadas ao risco químico.

(INCA, 2014).

ATITUDES

discordo

totalmente

discordo

parcialmente

indiferent

e

concordo

parcialmente

concordo

totalmente

n % n % n % n % n %

Adornos fixam

partículas de QA 1 3,8 3 11,5 1 3,8 9 34,6 12 46,2

EPI minimiza a

exposição 0 0 0 0 0 0 2 7,7 24 92,3

continua

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58

conclusão

ATITUDES

discordo

totalmente

discordo

parcialmente indiferente

concordo

parcialmente

concordo

totalmente

n % n % n % n % n %

EPI utilizado durante

toda a jornada 0 0 0 0 0 0 2 7,7 24 92,3

Quimioterápicos podem

trazer prejuízos a saúde 1 3,8 0 0 0 0 5 19,2 20 76,9

Luvas e higienizar as

mãos atitudes

adequadas

0 0 0 0 0 0 2 7,7 24 92,3

Luva e álcool gel

substitui a higienização

das mãos quando não

há sujidade

3 11,

5 3 11,5 2 7,7 9 34,6 9 34,6

Questiona a chefia

quando não há EPI 1 3,8 0 0 0 0 0 0 25 96,2

Exemplos do trabalho

para atividade de

educação

0 0 0 0 0 0 1 3,8 25 96,2

Orientações do

protocolo em caso de

acidente protege o

profissional

0 0 0 0 0 0 6 23,1 20 76,9

A fixação de partículas (aerossóis) de QA quando utiliza-se adornos, maquiagens e

cosméticos foi reconhecida por 46,2% dos participantes que concordam totalmente com a

afirmativa.

Em relação ao uso de EPI, 92,3% concordam que o uso de EPI minimiza a

exposição ao risco químico, sendo importante seu uso durante toda a jornada de trabalho

em que são manuseados QA. Esse mesmo percentual considera atitudes adequadas a troca

de luvas e a higienização das mãos ao atender os pacientes.

Já em relação a não sujidade visível das mãos, 34,6% acreditam que o uso de álcool

gel e a trocas das luvas são suficientes não sendo necessária a lavagem. Acredita-se que

exista uma predisposição para lavar as mãos quando estas estão visivelmente sujas.

No que diz respeito ao prejuízo a saúde, 76,9% acreditam nesta assertiva. E em

relação aos acidentes químicos, 76,9% acreditam que as orientações do protocolo padrão

podem proteger o profissional.

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Entre os participantes, 96,2% consideram adequado questionar a chefia quanto à

ausência de EPI e que os exemplos da prática no trabalho podem ser utilizados para a

educação, vislumbrando a prevenção de riscos.

4.2.3 Práticas dos enfermeiros sobre o risco químico

A tabela 6 está composta por 9 afirmativas relacionadas às práticas.

Tabela 6 - Práticas dos Enfermeiros realizadas na CQT frente ao risco químico. (INCA,

2014).

PRÁTICAS

discordo

totalmente

discordo

parcialmente indiferente

concordo

parcialmente

concordo

totalmente

n % n % n % n % n %

EPI são utilizados 1 3,8 0 0,0 1 3,8 7 26,9 17 65,4

Adornos removidos 1 3,8 3 11,5 5 19,2 9 34,6 8 30,8

Higienização das

mãos antes e após

atender os pacientes

0 0,0 0 0,0 1 3,8 3 11,5 22 84,6

Ingesta de líquidos e

alimentos em local

apropriado

1 3,8 0 0,0 1 3,8 8 30,8 16 61,5

Acidente quando

ocorre inicia-se o

protocolo

0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 7,7 24 92,3

Elabora o registro do

acidente e notifica aos

responsáveis

0 0,0 0 0,0 1 3,8 2 7,7 23 88,5

EPI confortável 2 7,7 2 7,7 3 11,5 13 50,0 6 23,1

Questiona ausência de

EPI a chefia 0 0,0 1 3,8 2 7,7 7 26,9 16 61,5

Reunião como

atividade de educação 11 42,3 3 11,5 2 7,7 8 30,8 2 7,7

Apesar de 96,2% dos participantes concordarem totalmente com a afirmativa de

que o uso de EPI é indispensável para administração dos QA, na prática, 65,4% afirmam

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60

utilizá-los nos momentos de possível exposição química, enquanto apenas 30,8% retiram

seus adornos ao iniciar a jornada de trabalho.

Em relação à prática de higienização das mãos, 84,6% afirmam realizá-la

previamente e posteriormente ao atendimento dos pacientes.

Importante citar que diante de um acidente químico com derramamento de QA,

apenas 61,5% afirmam iniciar imediatamente o protocolo padrão. Este fato não ocorre

integralmente com a equipe, o que deveria ser esperado e preconizado. Porém, 88,5%

elaboram o registro do acidente e notificam aos setores responsáveis.

A metade dos participantes considera confortável o uso dos EPI, sendo que 61,5%

afirmam questionar a chefia quando ocorre a indisponibilidade dos mesmos no serviço.

As reuniões em serviço, com o intuito da melhoria do mesmo, para discussão de

atividades de educação não vêm ocorrendo mensalmente.

É notório que o inquérito CAP considerado sequencial não ocorreu na afirmativa a

respeito da higienização das mãos em relação às atitudes e práticas, visto que na questão

anterior foi dito que a higienização das mãos não foi considerada primordial e poderia-se

realizar a troca de luvas ou higienização com álcool gel.

Em CQT, pela obrigatoriedade do uso da luva como EPI, faz-se necessário lavar as

mãos após a troca das mesmas. Nesse caso, a higienização apenas com álcool não seria

suficiente, pois permaneceriam resíduos do talco.

As atividades de educação também deveriam ser inseridas nas reuniões de serviço

com a finalidade de sempre melhorar a prática com a aquisição e troca de conhecimentos.

4.3 VULNERABILIDADE X EXPOSIÇÃO CONTÍNUA E IMPORTÂNCIA DAS

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E REALIZADAS PELOS ENFERMEIROS DA

CQT

A tabela 7 apresenta as respostas ao questionamento quanto à vulnerabilidade ao

risco químico percebida pelos enfermeiros da CQT, bem como se a exposição aos agentes

químicos pode ser considerada contínua nesse ambiente.

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Tabela 7 - Percepção em relação a vulnerabilidade e exposição contínua. (INCA, 2014)

n %

vulnerável ao risco

sim 25 96,2

não 1 3,8

exposição contínua

discordo totalmente 0 0,0

discordo parcialmente 1 3,8

indiferente 5 19,2

concordo parcialmente 7 26,9

concordo totalmente 13 50,0

Em relação à percepção da vulnerabilidade ao risco químico em uma CQT, vinte e

cinco participantes relatam sentirem-se expostos, apenas um considera-se não estar nesta

situação, porém não justifica.

Quanto à referência a exposição contínua ao risco químico em uma CQT, observa-

se que 50% dos participantes concordam que a exposição ao risco químico na CQT pode

ser considerada contínua.

No gráfico a seguir é visto que os participantes consideram-se vulneráveis ao risco

químico por trabalharem em CQT. A justificativa em ordem crescente está relacionada

pelo manuseio de excretas, por trabalhar com quimioterápicos e pelos mesmos causarem

patologias, pelo EPI incompleto, pelo descarte do quimioterápico em coletor inadequado e

pelo trabalho constituir-se risco ocupacional.

Gráfico 1 - Vulnerabilidade ao risco químico. (INCA, 2014)

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Em relação à distribuição das respostas sobre a importância relatada pelos

enfermeiros quanto aos exames periódicos, às atividades desenvolvidas na educação

permanente, o recebimento de EPI e o conhecimento de afastamento por adoecimento:

Todos os participantes (n=26) concordam com a necessidade de exames periódicos,

e quase a totalidade (n=25) com as atividades de educação permanente. Apenas dois

profissionais relatam o não recebimento do EPI, e destes, somente um solicitou à chefia.

Quanto ao afastamento do trabalho em CQT por algum adoecimento relacionado ao

risco químico, 42,3% tem conhecimento sobre esta ocorrência. Importante ressaltar que a

exposição ao risco químico pode provocar a morbidade do profissional.

Os eventos adversos conhecidos e ocorridos durante o período de trabalho em CQT

estão descritos no gráfico a seguir.

Gráfico 2 - Distribuição (em %) dos eventos adversos já sentidos pelos enfermeiros da

CQT. (INCA, 2014)

Eventos adversos são efeitos indesejados de um medicamento. São ocorrências

indesejáveis, de natureza danosa ou prejudicial que comprometam a saúde do profissional.

Dessa maneira, observa-se no gráfico que os eventos adversos relatados pelos enfermeiros

da CQT são: ciclo menstrual irregular, alteração hematológica, alopécia, náusea, alergia e

cefaleia.

34,6

26,9

7,7

7,7

7,7

3,8

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

cefaléia

alergia

náusea

alopécia

alteração hematológica

ciclo irregular

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Gráfico 3 - Cuidados no manuseio seguro dos QA. (INCA, 2014)

Quando questionados quanto aos cuidados que adotam para o manuseio seguro de

QA, em ordem crescente, foram mencionados o preenchimento do equipo do

quimioterápico primeiramente com soro fisiológico, a realização de exames periódicos,

ambiente de trabalho tranquilo, existência de kits de extravasamento e derramamento,

atenção durante o manuseio com QA, atualização do profissional, biossegurança e boas

práticas, transporte do quimioterápico em local seguro, lavagem das mãos, conferência

múltipla dos frascos e prescrição, embalagem dos frascos íntegras, descarte adequado e uso

de EPI. Todos relacionados com a biossegurança e risco ocupacional no ambiente de

trabalho.

Gráfico 4 - Cuidados que o instituto dispensa aos enfermeiros que manuseiam QA.

(INCA, 2014)

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Apesar dos relatos de não fornecimento do EPI e dos exames periódicos serem

considerados incompletos, como ressaltado pelos enfermeiros, ambos foram destacados

pelos participantes como cuidados que o instituto dispensa ao trabalhador. Seguidos pela

oferta de capotes de tecido, informação e descarte adequado. Os demais relatam que o

instituto não dispensa nenhum cuidado, afasta das atividades laborais as gestantes e

nutrizes, dispõe de boas condições de trabalho, educação permanente e reciclagem dos

profissionais e manuseio seguro.

Gráfico 5 - Exames que considera importantes. (INCA, 2014)

O exame referido como mais importante pelos trabalhadores da CQT, e citado por

22 participantes, foi o hemograma completo, que é o exame solicitado no instituto a cada 6

meses para os trabalhadores de CQT. Nove participantes consideram importante o RX de

tórax, nove o exame de urina, cinco a contagem de reticulócitos e função renal, quatro não

especificaram o exame hematológico que consideram importante, 3 citaram a dosagem

hormonal e bioquímica, e os demais apontaram como importante: proteína total, exame

clínico, coagulograma, sorologias, dosagem de QA na urina, fezes e IGG, IGE e IGM.

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Gráfico 6 - Justificativa quanto à realização da Educação Permanente. (INCA, 2014)

A justificativa para realização da educação no trabalho enfoca a atualização em

biossegurança e na temática quimioterapia. Seguida por reforçar e relembrar as normas

institucionais, acompanhar as mudanças, aumentar o conhecimento, utilização de EPI e

pelo fato dos técnicos não disporem de muito conhecimento. Um participante justifica que

raramente se tem atividades de Educação Continuada.

Gráfico 7 - Afastamento do trabalho em CQT relacionado ao risco químico. (INCA, 2014)

Os participantes já ouviram falar em: aborto espontâneo, dificuldade de engravidar,

neutropenia, plaquetopenia, leucopenia, gestação e problemas hematológicos não

especificados.

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4.4 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

O manual, composto de 32 páginas e intitulado de “Exposição ao risco químico na

Central de Quimioterapia: conceitos e deveres”, vem com o intuito de apontar os riscos

durante o manuseio de QA, as medidas protetoras e as normas preconizadas visando à

minimização do exposição ao risco químico.

Foram confeccionados sinalizadores em forma de adesivo que acompanharão o

manual alertando para o risco químico existente no ambiente de trabalho.

4.4.1 Sinalizadores

Integra a produção tecnológica do manual os sinalizadores de alerta que vão

apresentar:

a) A utilização do Kit derramamento em caso de acidentes com QA.

b) O descarte do QA em coletor adequado para resíduo químico.

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c) A paramentação correta do profissional enfermeiro na administração de QA.

d) A importância da higienização das mãos.

e) As proibições em sala de administração de QA: uso de adornos, ingesta de alimentos e o

afastamento de gestantes em atividades laborais com QA.

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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A partir do inquérito CAP, do tema proposto, foi possível identificar as ideias

centrais do estudo que são: o conhecimento da exposição ao risco químico na CQT, a

importância do uso do EPI e a necessidade de trabalhos de educação com a proposta de

atualização do tema em estudo.

Neste estudo, confirmou-se que os profissionais que trabalham em CQT

consideram-se vulneráveis ao risco químico. Acredita-se que a questão da exposição ao

risco químico é complexa e não deve ficar restrita a normas e leis, mas, abranger a

discussão sobre a prática profissional da enfermagem. Recentemente, os serviços de saúde

do trabalhador vêm adotando como modelo o conceito de hierarquia de controle usado na

higiene do trabalho para priorizar as intervenções de prevenção da exposição ao risco.

Essa estratégia envolve fases de análise, entre as quais a primeira opção seria o

afastamento ou eliminação do problema, seguida pelo degrau de redução do risco em

níveis aceitáveis, ações de controle do risco por meio de projetos de engenharia, ações de

administração do risco e, por fim, a obrigatoriedade do uso de EPI. Ou seja, somente

quando essas estratégias não estão disponíveis ou não fornecem proteção completa, é que o

foco deve ser na implementação das mudanças na prática de trabalho e no uso do EPI51

.

Além da identificação das situações de vulnerabilidade que ocorrem na vida desses

profissionais, entender como categorizam suas vivências, a partir da maneira como sentem,

representa e dá um sentido a essas vivências. O desejável é evidenciar a percepção do

indivíduo frente ao seu relacionamento interpessoal e com os demais, e a sua prática como

enfermeiro96

.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Analisando o perfil dos enfermeiros em estudo, observa-se uma predominância de

trabalhadores do sexo feminino (88,5%) na amostra pesquisada, coerente com o perfil da

Enfermagem em pesquisa realizada pelo COFEN em 2010. Nesta, constatou-se que mais

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de 1 milhão de enfermeiros são do sexo feminino e em torno de 185 mil do sexo

masculino109

.

A faixa etária média encontrada foi de 36,7 anos, podendo ser explicada pela

aquisição de profissionais do último concurso realizado em 2010, onde exigia-se

especialização na área. No entanto, recém-formados não participaram do estudo. Sendo a

mediana do tempo de formado de 11,5 anos e a do tempo de trabalho em CQT de 8 anos.

5.2 OS CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ENFERMEIROS A

RESPEITO DO RISCO QUÍMICO

O risco ocupacional ao qual os trabalhadores estão expostos pode ocorrer causando

danos à saúde, às unidades operacionais ou dano econômico/financeiro22

. Tem origem nas

atividades insalubres e perigosas, aquelas cuja natureza pode provocar efeitos adversos à

saúde dos profissionais4.

Os riscos advindos da manipulação de quimioterápicos envolvem a inalação de

aerossóis, o contato direto da droga com a pele e mucosa, ingestão de alimentos

contaminados por resíduos e por meio do manuseio das excretas dos pacientes submetidos

ao tratamento. Dessa forma, atuam como agente contaminante que pode prejudicar a saúde

dos trabalhadores, acarretando-lhes danos tardios, advindos da exposição cumulativa e

contínua no cotidiano laboral, como: mutagenicidade, infertilidade, aborto, malformações

congênitas, genotoxicidade, câncer, irregularidades menstruais, perda do cabelo. Além de

danos imediatos manifestados através de sintomas como tontura, cefaleia, náuseas,

vômitos, irritação da garganta e olhos, alterações de mucosa, bem como possíveis reações

alérgicas e cutâneas4-6

.

Apesar de descrito na literatura que os profissionais que manuseiam QA podem

apresentar resíduos de quimioterápicos na urina, esse exame de baixo custo não é

solicitado no Instituto para os profissionais da CQT.

Além disso, evidências indicam que a exposição aos antineoplásicos pode gerar

radicais livres, que, por sua vez, levam à condição de estresse oxidativo. Isso decorre de

um desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de

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defesa antioxidante. O sistema de defesa antioxidante tem a função de inibir ou reduzir os

danos causados pela ação deletéria dos radicais livres ou espécies reativas não radicais8,73

.

Portanto, quando um medicamento de risco é preparado, cada uma das etapas desse

processo deve ser realizada sob condições e uso de práticas seguras, com vistas a promover

um ambiente laboral salubre ao trabalhador22

.

A literatura aponta para as atitudes que envolvem a prática dos profissionais de

enfermagem ao discorrer sobre o contexto geral das ações da enfermagem permeado pelas

“[...] crenças, valores e hábitos, além dos sentimentos e experiências vivenciados por eles

no exercício cotidiano de suas atividades”18:89

. Incitam a uma reflexão sobre o desafio,

como profissionais e cidadãos, em relação ao desrespeito e ao desamparo legal a que estão

submetidos os profissionais da saúde, e, em especial, os de enfermagem, no sentido de

lutar por políticas públicas, formação profissional e prática institucional que favoreçam

melhores condições de trabalho, assim como uma melhor qualidade de vida.

Sendo assim, acredita-se que se deva ampliar a questão da biossegurança para além

de questões relativas ao ambiente físico, abrangendo questões relativas ao comportamento

do grupo. Uma das maneiras de se familiarizar com o comportamento do indivíduo no

ambiente de trabalho pode se dar a partir de estudos que contemplem a abordagem das

variáveis: conhecimento, atitude e prática (CAP) além da questão ambiental110

.

O CAP serve para ajudar no planejamento, implementação e avaliação do trabalho.

podendo identificar falhas de conhecimento, crenças culturais e padrões de

comportamento102

.

O foco principal deveria ir além do controle do comportamento e das atitudes

individuais, visto que os trabalhadores da saúde apresentam resistências em mudar práticas

que já realizam e com as quais estão habituados. Os fatores psicossociais e organizacionais

que podem contribuir para o não cumprimento de práticas de segurança incluem: a não

percepção para o risco, o sentimento de não valorização da segurança no local de trabalho,

pensar que ocorre uma situação conflitante entre prestar atendimento de excelência ao

paciente e se proteger da exposição, crer que não existe justificativa para a precaução em

determinadas situações, e o aumento do número de pacientes, causando uma sobrecarga no

trabalho, o que pode gerar falha na utilização dos equipamentos de proteção necessários51

.

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5.2.1 Conhecimentos dos enfermeiros relacionados ao risco químico

Em relação aos conhecimentos da exposição ao risco químico em uma CQT, há

concordância que trabalhar em CQT ocorre e impõe o risco, inclusive para os profissionais

que não manuseiam QA como os administrativos e auxiliares de serviços gerais.

O conhecimento acerca da biossegurança no ambiente da quimioterapia enfatiza

aspectos relacionados ao ambiente e ao uso de EPI. Essa abordagem, embora importante,

não deveria ser o único foco, uma vez que nos deparamos na prática, principalmente, com

a baixa adesão ao uso dos EPI, resultando em possíveis danos a saúde do trabalhador110

.

O trabalhador destes serviços tem noção dos riscos e dos possíveis danos existentes

no ambiente de trabalho e, na sua percepção, estes riscos estão intimamente ligados ao

aparecimento de sintomas, doenças e acidentes. Considera-se isto bastante positivo, pois

pode ser um ponto de partida para elaboração de programas de treinamento e discussões

sistemáticas com todos os seguimentos (instituição, sindicatos, trabalhadores, clientela e

escola)111

.

Como exemplos de grupos expostos podem ser citados os pacientes, os indivíduos

que trabalham na indústria farmacêutica, os trabalhadores que preparam e administram os

QA (farmacêuticos, enfermeiros e técnicos de enfermagem), os médicos o pessoal

relacionado à limpeza, os familiares e os pesquisadores3.

Os afastamentos do trabalho pela exposição ao risco químico como aborto

espontâneo, dificuldade para engravidar, alterações hematológicas e gestação, são descritos

na literatura como possíveis causas de adoecimento.

A simples exposição a um agente químico pode provocar um determinado efeito no

profissional, porém, se diminuirmos a exposição com o uso dos EPI os efeitos e

toxicidades serão de menor intensidade19

.

Em relação ao EPI foi notória, no inquérito, a existência de que o conhecimento é

essencial para o desempenho do trabalho e que diminui a exposição ao risco químico. A

utilização do EPI é necessária para manusear excretas de pacientes que receberam QA até

48h após a administração.

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Os riscos advindos do manuseio de QA envolvem a inalação de aerossóis, o contato

direto com a pele e mucosas e a ingestão de alimentos contaminados por resíduos do

mesmo. O risco pode advir também das excretas dos pacientes em uso de QA4-6

.

Sendo importante que não use adornos como maquiagens e cosméticos, pois podem

influenciar na segurança do profissional com a possibilidade de fixação de partículas

(aerossóis) de QA. A exposição ocupacional muitas vezes é subestimada pelos

profissionais da enfermagem19

.

Há o conhecimento de que as legislações abordam a segurança do profissional, e

em casos de acidentes existe no serviço, protocolo padrão com a finalidade de minimizar a

exposição.

Tem-se como ações indispensáveis em relação ao gerenciamento da segurança dos

profissionais: manter fichas de registro para acompanhamento de acidentes, estabelecer

avaliação clínica e laboratorial com a finalidade de detectar precocemente alterações que

possam estar relacionadas ao manuseio de QA e avaliar as medidas de proteção

empregadas4.

Foi trazido que o enfermeiro pode contribuir com a ferramenta da educação

permanente visando à minimização do risco químico. No entanto, discutiu-se que essas

reuniões, com intuito educativo, não vêm acontecendo com frequência.

Foi visto, ainda, que existem lacunas na capacitação e no conhecimento em

oncologia ainda na graduação, pois grande parte das universidades não oferece um

aprofundamento na área17

.

5.2.2 Atitudes e crenças dos enfermeiros relacionados ao risco químico

De acordo com os achados foi possível perceber que os participantes acreditam que

trabalhar em CQT impõe a situação de exposição ao risco químico.

O trabalhador tem noções do risco e dos possíveis danos, embora, na sua crença

esses riscos estão intimamente ligados com o aparecimento de sintomas e doenças

relacionadas à exposição111

.

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Os profissionais de enfermagem assinalam as substâncias químicas como risco,

mas, muitas vezes, desconhecem de que forma essas substâncias apresentam-se no

ambiente de trabalho ao não visualizarem as névoas. Essa forma é uma das mais frequentes

no serviço de quimioterapia. Por ser invisível e por não ser reconhecida como risco

químico pelos profissionais, a utilização dos EPI e coletiva pode ser negligenciada112

.

Os participantes consideram que a utilização de adornos, maquiagem e cosméticos

fixam partículas (aerossóis) de QA quando manuseados. Sendo que o uso de EPI minimiza

a exposição ao risco químico e importante o uso dos mesmos durante toda a jornada de

trabalho. Ocorrendo a necessidade de questionar a chefia quando o estabelecimento não

disponibilizar do equipamento.

É vetado iniciar as atividades relacionadas ao manuseio de QA na falta de EPI. A

OSHA estabelece o uso de luvas de látex ou polipropileno, descartáveis e sem talco;

aventais descartáveis, com mangas longas, fechados na parte frontal, punhos com elásticos;

máscaras com proteção de carvão ativado e óculos de proteção4, 11,26

.

Há a crença de que os QA possam trazer algum prejuízo à saúde como doenças

ocupacionais. No caso de acidentes com QA as orientações do protocolo padrão

minimizarão a exposição do profissional. Considerando atitude favorável à prevenção de

riscos atividades de educação usando exemplos da prática no trabalho.

Em relação à higienização das mãos, afirmam que são atitudes adequadas, assim

como, a troca de luvas. No entanto, acreditam que a higienização das mãos pode ser

substituída pela troca de luvas e o uso do álcool gel quando não há sujidade visível.

É importante ressaltar que, de acordo com as Normas da Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar do INCA, o profissional deverá realizar a higienização das mãos antes

e após manusear pacientes. O uso de luvas e álcool gel são importantes somente após a

higienização das mesmas no caso das CQT. Considerando que em CQT a luva é utilizada

durante toda a jornada de trabalho e a lavagem das mãos deve ser realizada antes e pós o

uso das mesmas112

.

Estudos sobre o tema avaliam que a adesão à prática da higienização das mãos de

forma constante e na rotina diária ainda é insuficiente. Dessa forma, é necessária uma

especial atenção, incentivo e sensibilização do profissional de saúde à questão. Todos

devem estar conscientes da importância da higienização das mãos, na assistência à

saúde113

.

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O uso de água e sabonete/detergente comum deve ser orientado nas seguintes

situações: quando estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros

fluidos corporais, antes e após ir ao banheiro, antes e depois das refeições, antes de

preparar alimentos, antes de preparar e manipular medicamentos, após várias aplicações

consecutivas de produto alcoólico e após a remoção de luvas 114

.

A higienização das mãos com preparação alcoólica sob a forma gel ou líquida só

deve ser realizada quando as mãos não estiverem visivelmente sujas. No caso das

atividades laborais em CQT é de extrema importância a higienização das mãos com água e

sabão antes e após o uso de luvas. Visto que a luva é utilizada durante toda jornada de

trabalho pela condição de ser EPI114

.

5.2.3 Práticas dos enfermeiros relacionados ao risco químico

No que se referem às atitudes de proteção aos riscos observados, verificou-se que

essas não são seguidas regularmente pelos sujeitos da pesquisa, embora os mesmos refiram

adesão e conhecimento quanto às normas. Isto leva a inferir que há uma lacuna entre o

conhecimento citado e a ação, o que, na opinião do autor, poderá ser suprido por um

processo de educação transformadora112

.

A adesão aos EPI ocorre em momentos de possível exposição química, porém, os

adornos não são removidos por todos os profissionais no início das atividades laborais,

apesar de conhecerem e acreditarem na ocorrência de fixação de partículas (aerossóis) de

QA.

Alguns trabalhadores apresentam como justificativa para a não utilização dos EPI, a

sua inexistência, o que é bastante preocupante, uma vez que as instituições deveriam,

obrigatoriamente, fornecê-los quando necessário, em perfeito estado de conservação e

funcionamento115

.

A prática de higienização das mãos vem em controvérsia com a atitude. Apesar de

afirmarem que realizam o procedimento antes e depois do atendimento do paciente. Existe

a crença de que o uso de luvas e álcool gel quando não há sujidade substitui a higienização

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75

das mesmas. De acordo com a OSHA1:242

há a recomendação de lavar as mãos

rigorosamente antes e após a colocação das luvas.

Em relação à ingesta de líquidos e alimentos, a mesma é realizada fora da sala de

administração de QA, conforme preconizado.

Quanto aos acidentes com QA, inicia-se imediatamente o protocolo padrão, assim

como a elaboração do registro dos acidente e a notificação aos setores responsáveis para o

acompanhamento do mesmo.

Não foi unânime a consideração que o uso dos EPI são confortáveis. Pode-se

considerar que esse pode ser um dos motivos para não aderi-los e aumentar as chances de

exposição ao risco químico. Porém, consideram importante o questionamento à chefia

quando ocorre a ausência do equipamento para iniciar o trabalho.

As atividades de educação não vêm ocorrendo nos serviços, e teria a finalidade de

sempre melhorar a prática com a aquisição e troca de conhecimento. Considera-se

importante que a educação em serviço deva ser iniciada na instituição.

Parece pertinente sugerir às CQT que elaborem e promovam cursos de capacitação

e recapacitação para os trabalhadores. Incluindo programas de monitorização ambiental,

biológica, de vigilância à saúde e de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos3.

Considera-se que os objetivos desse estudo foram atingidos ao identificar a

associação entre os conhecimentos, atitudes e práticas sobre a existência do risco químico

na CQT, sendo que o conhecimento nem sempre está ligado a uma boa prática.

Um comportamento em saúde prende-se a um processo sequencial: tem origem na

aquisição de um conhecimento cientificamente correto, que pode explicar a formação de

uma atitude favorável à adoção de uma determinada prática de saúde. Assim, espera-se que

um conhecimento cientificamente correto, na área da saúde, leve a uma mudança

comportamental.

No entanto, este referencial teórico tem-se mostrado insuficiente para explicar os

fenômenos relacionados à opção comportamental do ser humano em relação à manutenção

de sua saúde. Ao analisar o conjunto de fatores que incidem sobre o ato de tomada de

decisão, observa-se, muito frequentemente, uma inconsistência entre conhecimentos (o que

se sabe), atitudes (o que se acha) e práticas (o que se faz) em relação ao objeto da saúde

pública. Tal fenômeno ocorre mesmo entre os indivíduos mais racionais e informados a

respeito de assuntos relacionados à medicina preventiva. Não é raro encontrar indivíduos

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76

que tiveram acesso a conhecimentos cientificamente corretos, acham que deveriam

abandonar determinada prática e, não obstante, continuam a adotá-la116

.

Neste trabalho, constata-se que o conhecimento constituído a respeito do risco

químico foi adequado nas duas CQT. O conhecimento significa recordar fatos específicos

(dentro do sistema educacional do qual o indivíduo faz parte) ou a habilidade para aplicar

fatos específicos para a resolução de problemas, ou emitir conceitos a partir da

compreensão sobre determinado evento. Caracteriza-se também como o conhecer não

definitivo, ou seja, é uma busca constante em aprender, reaprender e sempre buscar

aumentar o conhecimento93

.

As atitudes/crenças não apareceram de maneira uniforme entre os participantes.

Atitude é essencialmente ter opiniões, sentimentos, predisposições e crenças, relativamente

constantes, direcionados a um objetivo, pessoa ou situação. Relaciona-se ao domínio

afetivo na dimensão emocional93

.

O inquérito apresentou discordância entre as afirmativas que os adornos fixam QA,

os QA podem trazer prejuízos à saúde e em relação à higienização das mãos.

Já a prática não apareceu de maneira tão corrente com o conhecimento. Prática é a

tomada de decisão para executar a ação. Está relacionada aos domínios psicomotor, afetivo

e cognitivo na dimensão social. Importante salientar que as práticas são executadas, às

vezes, em consonância cognitiva, mas muitas vezes, em total dissonância. Encontra-se

exemplo de dissonância em situações nas quais o indivíduo adota práticas negativas a

despeito de conhecer todo o potencial de seus efeitos para a saúde93,117

.

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77

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada com enfermeiros, em duas Centrais de Quimioterapia, de um

hospital público especializado, no município do Rio de Janeiro, cujo objetivo geral foi

implantar um manual de boas práticas com a finalidade de minimizar a exposição ao risco

químico a partir do inquérito de Conhecimentos, Atitudes e Práticas, permitiu concluir que

os profissionais que trabalham em CQT conhecem e consideram-se expostos ao risco

químico, contudo, as atitudes e práticas não são coerentes.

Entende-se que a abordagem aos profissionais a partir do inquérito CAP possibilita

a discussão no coletivo, não só do conhecimento desse profissional quanto aos riscos a que

está submetido, mas também, e, principalmente, quanto aos aspectos relacionados às suas

atitudes e práticas diante do mesmo. Nesse sentido, novos estudos devem utilizar essa

ferramenta como estratégia de gestão do risco químico na Central de Quimioterapia.

Há vários fatores que podem prejudicar a segurança do profissional em seu

ambiente de trabalho como: falta de treinamento permanente, necessidade de melhorias nas

condições e ambiente de trabalho, maior fiscalização dos ambientes de trabalho e uma

avaliação médica mais rigorosa. Sendo necessárias intervenções para ampliar às medidas

preventivas como o uso de EPI e subsídios com infraestrutura estratégica para a saúde do

trabalhador.

A verificação das adequações das práticas relacionadas ao manuseio de QA às

normas preconizadas é tema de muitos estudos, sendo que uma das principais conclusões a

que chegam é a existência de um distanciamento entre a regulamentação e a prática

relacionada à manipulação de QA.

Somente o conhecimento das boas práticas não é suficiente para minimizar a

exposição do risco químico na CQT. Torna-se necessário a criação de uma cultura de

segurança voltada para o compartilhamento das responsabilidades.

Reputa-se como limitações desse estudo o número de participantes reduzido e a não

contemplação de todas as unidades CQT do Instituto.

Com base na análise dos dados pode-se sugerir:

A utilização do instrumento de coleta de dados para possíveis pesquisas futuras.

A realização do estudo em outras CQT de natureza pública e privada.

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Divulgação dos resultados e da produção tecnológica em eventos.

Promover capacitação dos profissionais que trabalham em CQT quanto às

normas de segurança.

As contribuições deste estudo vão além da produção do conhecimento a respeito da

existência do risco químico a que os profissionais estão expostos em CQT, e poderão servir

de guia e subsidiar em práticas corretas e uniformes nesse ambiente de trabalho.

Acreditando que o conhecimento se renova, poder-se-ia propor revisões no produto

tecnológico (manual e sinalizadores) com as equipes que trabalham em CQT

A lógica do modelo CAP, pressupõe que comportamentos em saúde prendem-se a

um processo sequencial: a aquisição de um conhecimento correto leva a uma atitude

favorável, que por sua vez, pode conduzir às práticas saudáveis. Com isso, espera-se que o

conhecimento adequado seja uma das características que favoreça mudanças positivas de

comportamento.

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APÊNDICES

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92

Apêndice A - Termo de consentimento livre e esclarecido

Rua Dr. Celestino, 74

24020-091 – RJ – Brasil

Tel (21) 2629-

9493 e-mail:[email protected]

www.uff.br/mpea

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(1ª VIA – PESQUISADOR) (2ª- VIA PROFISSIONAL)

Título do Estudo: Proposição de um manual de boas práticas de condutas para os

enfermeiros da CQT sobre a exposição ao risco químico

Pesquisador Responsável: Giselle Gomes Borges

Instituição a que pertence o Pesquisador Responsável: UFF- Mestrado Profissional em

Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Zenith Rosa Silvino

Telefones para contato: (21) 99294-3904. E-mail: [email protected]

Nome ou sigla do Participante: ____________________________________________

Você está sendo convidado para participar voluntariamente como sujeito da pesquisa Antes

de concordar em participar desta pesquisa e responder este questionário, é muito

importante que você compreenda as informações e instruções contidas neste documento.

Objetivos: Implantar um manual de boas práticas de condutas com a finalidade de

minimizar a exposição ao risco químico pelos enfermeiros na CQT através do inquérito

CAP; analisar os CAP do enfermeiro a respeito do risco químico na CTQ e elaborar um

manual de boas práticas de condutas para os enfermeiros na CQT sobre a exposição ao

risco químico, a partir dos resultados do inquérito CAP.

Procedimento do estudo: Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no

preenchimento deste questionário autoadministrativo utilizando a escala de Likert.

Riscos: Todos os nossos esforços estarão dirigidos para que não exista nenhum desconforto

para o sujeito da pesquisa e nem risco para a integridade da sua saúde do mesmo.

Benefícios: Acreditamos que os resultados desta pesquisa tragam futuramente

contribuições para a prática dos enfermeiros que trabalham com quimioterapia, a fim de

que o conhecimento nessa área possa expandir e subsidiar estratégias para a segurança do

trabalhador em seu ambiente laboral.

Caráter confidencial: Garantimos que na apresentação dos dados será mantido o sigilo

quanto a sua identidade. Os roteiros do questionário serão identificados por algarismos

arábicos garantindo a sua privacidade e o seu anonimato.

Custos: Não haverá nenhum custo para o sujeito da pesquisa.

Bases da participação: A pesquisadora deverá responder todas as suas dúvidas antes da sua

decisão em participar do estudo em caráter voluntário. Você tem o direito de desistir de

participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os

benefícios aos quais tenha direito.

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Garantia de esclarecimento: Os participantes do estudo poderão entrar em contato com a

pesquisadora para novos esclarecimentos pelo telefone e e-mail descritos acima.

_____________________________ _____________________________

Rubrica do voluntário Rubrica do pesquisador

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Rua do Resende, 128 – sala 203

Tel: 21 3207-4550 e 3207-4556

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins que fui devidamente orientado(a) quanto à finalidade e

objetivos do projeto, e concordo (ASSINANDO EM DUAS VIAS) em participar do

mesmo como sujeito de Investigação, uma vez que não terei qualquer prejuízo pessoal ou

profissional.

ENTREVISTADO: ________________________________________________

Eu, abaixo assinado, expliquei completamente os detalhes relevantes deste estudo ao

sujeito da pesquisa indicado acima.

PESQUISADOR: _________________________________________________

____________________, ___ de ____________ de 20__.

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Anexo B - Instrumento de coleta de dados (questionário) – inquérito de

conhecimentos, atitudes e práticas

SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino

IDADE: ___________ TEMPO DE FORMADO: ___________________________.

TEMPO DE TRABALHO EM CENTRAL DE QUIMIOTERAPIA: _______ anos.

1) Você se considera vulnerável ao risco químico.

( ) SIM ( ) NÃO

Justifique: _______________________________________________________________.

NAS QUESTÕES A SEGUIR, PARA DEFINIÇÃO DAS RESPOSTAS, FAVOR

CONSIDERAR A ESCALA NUMÉRICA ABAIXO:

ESCALA DE LIKERT

0 Discordo totalmente

1 Discordo parcialmente

2 Indiferente

3 Concordo parcialmente

4 Concordo totalmente

2) Em uma escala de “0” a “4” na qual “4” é considerada exposição contínua, como você

pontua a sua exposição aos agentes químicos. ( )

3) Em uma escala de “0” a “4”, na qual “4” refere-se a pontuação máxima a respeito dos

conhecimentos acerca da exposição ao risco químico em seu ambiente de trabalho, dê

uma nota a cada item citado abaixo de acordo com o grau de importância atribuída às

afirmativas.

1) Trabalhar em central de quimioterapia impõe risco químico. ( )

2) Os profissionais presentes nas centrais de quimioterapia que não manuseiam

quimioterápicos estão sujeitos ao risco químico. ( )

3) O uso de EPI é indispensável no desenvolvimento de suas tarefas. ( )

4) Na administração dos quimioterápicos antineoplásicos o uso de EPIs diminui a

exposição do profissional ao risco químico. ( )

5) O uso de adornos, maquiagem e cosméticos influencia na segurança dos

profissionais que manuseiam quimioterápicos antineoplásicos. ( )

6) Os resíduos químicos da central de quimioterapia necessitam receber destinação

específica. ( )

7) Ao manusear excretas dos pacientes que receberam quimioterapia antineoplásica

nas últimas 48h é indispensável o uso de EPI. ( )

8) As legislações que normatizam os serviços de quimioterapia abordam a segurança

do profissional. ( )

9) O serviço dispõe de um protocolo padrão para acidentes químicos. ( )

10) O enfermeiro pode contribuir com a educação permanente dos profissionais como

ferramenta de minimização do risco químico. ( )

11) Os seus conhecimentos acerca do risco químico em uma central de quimioterapia

atendem às suas necessidades de trabalho. ( )

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4) Em uma escala de “0” a “4”, na qual “4” refere-se a pontuação máxima a respeito das

atitudes/crenças acerca da exposição ao risco químico em seu ambiente de trabalho, dê

uma nota a cada item citado abaixo de acordo com seu grau de importância.

1) Considera que utilizar adornos, maquiagem e cosméticos fixam partículas

(aerossóis) de quimioterápicos antineoplásicos quando manuseados. ( )

2) Crê que o uso de EPI minimiza a exposição ao risco químico. ( )

3) Considera importante usar EPI durante toda a jornada de trabalho em que são

manuseados quimioterápicos antineoplásicos. ( )

4) Acredita que os quimioterápicos antineoplásicos possam trazer algum prejuízo a

sua saúde. ( )

5) Considera que trocar as luvas e higienizar as mãos ao atender os pacientes são

atitudes adequadas. ( )

6) Considera que o uso de luvas e álcool gel quando não há sujidade visível nas mãos

substitui a higienização das mesmas. ( )

7) Considera adequado questionar a chefia quanto à ausência de EPI disponíveis para o

seu trabalho. ( )

8) Acredita que utilizar os exemplos do trabalho para atividades de educação

permanente com a sua equipe é atitude favorável à prevenção dos riscos. ( )

9) As orientações do protocolo padrão em caso de acidentes químicos protegem o

profissional. ( )

5) Em uma escala de “0” a “4”, na qual “4” refere – se a pontuação máxima a respeito das

práticas que minimizem a exposição ao risco químico em seu ambiente de trabalho, dê

uma nota a cada item citado abaixo de acordo com seu grau de importância.

1) Os EPI são utilizados por você nos momentos de possível exposição química. ( )

2) Os adornos são removidos ao iniciar a sua jornada de trabalho. ( )

3) A higienização das mãos acontece prévia e posteriormente ao atendimento dos

pacientes. ( )

4) A ingesta de líquidos e alimentos é realizada em local apropriado (copa),

localizada fora da sala de administração dos quimioterápicos. ( )

5) Diante de um acidente químico com derramamento de quimioterápicos

antineoplásicos inicia-se imediatamente o protocolo padrão. ( )

6) Elabora o registro do acidente e notifica os setores responsáveis pelo

acompanhamento do mesmo. ( )

7) O uso dos EPI é sempre confortável. ( )

8) Questiona a chefia na ausência de EPI para o seu trabalho. ( )

9) No último mês sua equipe foi reunida para uma discussão como atividade de

educação permanente. ( )

6) Quais cuidados são observados por você para que ocorra um manuseio seguro dos

quimioterápicos antineoplásicos?

7) Quais os cuidados que o instituto dispensa aos enfermeiros que manuseiam

quimioterápicos antineoplásicos?

8) Você considera importante a realização de exames periódicos semestrais aos

enfermeiros que manipulam quimioterápicos?

( ) SIM ( ) NÃO

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9) Em caso afirmativo, cite os exames que considera indispensáveis.

10) Quanto as normas de biossegurança, você considera importante a realização de

educação permanente com uma maior frequência?

( ) SIM ( ) NÃO

11) Em caso afirmativo, justifique.

12) Você recebeu nos últimos 6 meses EPIs para a realização do seu trabalho?

( ) SIM ( ) NÃO

13) Em caso negativo, foi solicitado o EPI a chefia imediata?

( ) SIM ( ) NÃO

14) Você já ouviu falar a respeito do afastamento do trabalho em central de quimioterapia

por algum adoecimento relacionado ao risco químico?

( ) SIM ( ) NÃO

15) Em caso afirmativo, poderia citar qual foi?

16) Durante o período em que trabalha na central de quimioterapia em algum momento já

sentiu alguns dos efeitos adversos citados abaixo.

( ) náuseas

( ) cefaleia

( ) reações alérgicas ou dermatológicas

( ) queda de cabelo

( ) alterações ou irregularidades no ciclo menstrual

( ) alterações hematológicas.

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Apêndice C - Manual de boas práticas

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ANEXOS

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Anexo A – Parecer consubstanciado do CEP

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Anexo B - Declaração do Comitê Editorial do INCA