Manual Boas Praticas Plantas Medicinaisl

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    Ministrio da Agricultura,Pecuria e Abastecimento

    Secretaria de DesenvolvimentoAgropecurio e Cooperativismo

    Braslia, DFOutubro, 2006

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    Este documento representa a materializao de um esforo, realizado de forma conjunta por

    instituies e pessoas dedicadas ao cultivo, beneficiamento e distribuio de Plantas Medicinais eFitoterpicos, para a produo de materiais instrucionais voltados a programas de capacitao demultiplicadores e de produtores rurais, como uma estratgia capaz de fomentar e de expandir a

    produo dessas plantas no pas, disponibilizando, assim, produtos de qualidade e de efeitosteraputicos de comprovada eficincia, obtidos de plantas especficas, organicamente cultivadas.

    A iniciativa tomada pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA foicompartilhada com profissionais, pesquisadores, extensionistas, executivos de diferentesministrios, produtores rurais, comerciantes e industriais que contriburam na seleo

    regionalizada das plantas e das prticas que compem o elenco das publicaes relacionadas comesse tema, que constavam no Plano Plurianual do MAPA de 2000/2004.

    Operando sob gide deste ministrio, participaram de todo este trabalho os Ministrios daSade, da Cincia e Tecnologia, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrrio, a Embrapa, oIbama, a Associao Paranaense da Plantas Medicinais e as universidades Unicamp, UnespBotucatu, Federal do Cear e a UnB.

    O MAPA definiu como orientao bsica que esses esforos compartilhados se

    concentrariam nos aspectos agronmicos dessas plantas, contemplando a seleo de material gentico, tcnicas de cultivo, de colheita, secagem e comercializao, relevando ainda aimportncia que cada uma delas tem nas respectivas regies, podendo de imediato propiciarbenefcios s populaes locais. As plantas selecionadas compem a srie Plantas Medicinais &Orientaes Gerais para o Cultivo.

    O propsito da iniciativa do MAPA est em consonncia com a Poltica Nacional de PlantasMedicinais e Fitoterpicos (Decreto n 5.813, de 22 de junho de 2006) e a Poltica Nacional dePrticas Integrativas e Complementares, visando oferecer ao Sistema nico de Sade SUS

    a possibilidade de tratamento com Plantas Medicinais e Fitoterpicos, conforme o disposto naPortaria n 971, de 3 de maio de 2006, do Ministrio da Sade. O Programa de Plantas Medicinaisdo MAPA prope tornar o cultivo das Plantas Medicinais um negcio que gere renda, emprego eocupao produtiva no campo, atendendo ao mercado interno e aumentando a participaobrasileira no mercado mundial, que sinaliza tendncia acentuada de expanso.

    Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e CooperativismoMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    APRESENTAO

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    Equipe TcnicaJoo Alencar de Souza, Marianne Christina Scheffer, Mario Soter Frana, Renato Inecco,Pedro Melillo de Magalhes, Roberto Vieira Fontes, Edson Junqueira Leite, Jean Kleber

    Matos, Cirino Corra Jnior, Ana Paula Artmante Vaz, Maurcio Reginaldo dos Santos

    FotosCirino Corra Jnior, Valdir da Silva e Mauro Scharnik

    Permitida a reproduo desde que citada a fonte.

    Catalogao na fonteBiblioteca Nacional de Agricultura BINAGRI

    Brasil. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.Boas Prticas Agrcolas (BPA) de plantas medicinais, aromticas e

    condimentares / ed. preliminar Marianne Christina Scheffer, Cirino Corra Jnior; Coordenao, Maria Consolacion Udry, Nivaldo Estrela Marques eRosa Maria Peres Kornijezuk. Braslia : MAPA/SDC, 2006.

    48 p. (Plantas Medicinais & Orientaes Gerais para o Cultivo ; 1)

    ISBN

    1. Planta medicinal. 2. Planta Aromtica. 3. Condimento. I. Secretaria deDesenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo. II. Scheffer, MarianneChristina. III. Corra Jnior, Cirino. IV. Udry, Maria Consolacion. V. Marques,Nivaldo Estrela. VI. Peres Kornijezuk, Rosa Maria. VII. Ttulo.

    AGRIS F01cdu 633.8

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    SUMRIO

    1. Importncia do cultivo e manejo sustentvel dos recursos naturais ........................... 82. Questo bsica de cultivo de Plantas Medicinais ......................................................... 9

    2.1. Legislao ........................................................................................................... 92.2. Organizao ....................................................................................................... 92.3. Qualidade ......................................................................................................... 10

    2.3.1. Fatores externos que influem no cultivoe na produo de princpios ativos .......................................................... 10

    2.3.2. Identidade das plantas ........................................................................... 122.3.3. Atuao multiprofissional ....................................................................... 132.3.4. Que agricultura praticar? ....................................................................... 13 2.3.5. Tecnologia ............................................................................................. 13

    3. Boas Prticas Agrcolas (BPA) de Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares ..... 143.1. Princpios e diretrizes para BPA na produo de Plantas Medicinais ........ 15

    3.1.1. Sementes e material de propagao ....................................................... 153.1.2. Cultivo ................................................................................................... 16

    3.1.2.1. Solo e adubao ...................................................................... 163.1.2.2. Irrigao .................................................................................. 18

    3.2. Manejo e proteo da cultura ....................................................................... 183.2.1. Colheita ................................................................................................ 20

    3.3. Beneficiamento primrio ................................................................................ 233.3.1. Pr-limpeza e preparo ............................................................................ 23

    3.4. Secagem ........................................................................................................... 243.4.1. Mtodos de secagem ............................................................................. 243.4.2. Modelos de secadores ............................................................................ 263.4.3. Operaes ps-secagem ........................................................................ 28

    3.5. Embalagem ....................................................................................................... 283.6. Armazenamento e transporte ........................................................................ 303.7. Equipamento .................................................................................................... 323.8. Pessoal e instalaes ........................................................................................ 323.9. Documentao ................................................................................................. 33

    3.10. Garantia de qualidade ............................................................................................... 394. Comercializao ......................................................................................................................................... 40

    4.1. Importncia e situao do mercado mundial e nacional de Plantas

    Medicinais, Aromticas e Condimentares ..................................................... 404.2. Como entrar no mercado ............................................................................... 424.3. Aspectos socioeconmicos da atividade ........................................................ 42

    4.3.1. Custo de produo ................................................................................. 424.3.2. Receita .................................................................................................. 43

    Referncias bibliogrficas .................................................................................................. 46

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    A retomada ao uso oficial de Plantas Medicinais teve como marco importante, alm da

    declarao de Alma Ata, a reunio realizada em 1977 pela Organizao Mundial da Sade, que

    resultou na Declarao de Chiang Mai e teve como mxima: Salvem plantas que salvem vidas.

    No entanto, com a industrializao, a populao menos favorecida e com maior dificuldade de

    acesso aos sistemas de sade e industrializao no teve alternativa. Na verdade 80% da

    populao mundial depende da medicina tradicional para atender a suas necessidades bsicas detratamento de sade. Para esse fim so utilizadas espcies nativas, bem como espcies exticas

    trazidas pelas diferentes correntes migratrias

    No Brasil ocorre o mesmo, sendo um dos pases que possuem maior biodiversidade no

    mundo. De 1,4 milho de organismos catalogados, 10% encontram-se aqui, com destaque para

    vegetais superiores, que somam 55 mil espcies. A populao tem tradio no uso de plantas para

    tratamento de suas necessidades bsicas em sade, oriunda dos povos nativos indgenas, da

    influncia africana e da colonizao europia, expresso de sua diversidade cultural.

    Os resultados das pesquisas, que comprovam cientificamente o efeito teraputico de

    Plantas Medicinais utilizadas pela populao brasileira, formam a base cientfica para uso dos

    recursos naturais e de espcies exticas, permitindo assim os elevados preos dos medicamentos

    e a dependncia externa nesta rea, bem como o oferecimento de uma opo teraputica. Alm

    disso, cresce a procura mundial por plantas que produzem corantes e aromas naturais, seguindo a

    tendncia de mercado de valorizao do meio ambiente e de responsabilidade socioambiental na

    produo.

    Estas declaraes reafirmaram o que est descrito desde os primrdios da civilizao:

    a utilizao de Plantas Medicinais.

    1. Corra Jnior, C.; Scheffer, M.C. Colheita e ps-colheita de espcies medicinais aromticas e condimentares. CD-ROM.Trabalho apresentado no Seminrio Taller de Plantas Medicinais, 2. e Simposio Internacional del Gnero Phlebodium,1., 2004, Tegucigalpa, Honduras [realizado pelo Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnologa para el Desarrollo(Cyted) / Red Iberoamericana de Productos Fitofarmacuticos (Riprofito)]. Complementado e reenviado pela coordenaoe equipe tcnica.

    PLANTAS MEDICINAIS E

    ORIENTAES GERAIS PARA O CULTIVO

    Boas Prticas Agrcolas (BPA)

    de Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares1

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    I. Importncia do cultivo e manejo sustentveldos recursos naturais

    O fornecimento de matria-prima derivada de Plantas Medicinais, Aromticas eCondimentares est em risco. As reas onde plantas se desenvolvem naturalmente esto cada vezmais reduzidas pelas presses exercidas pelo desmatamento, agricultura extensiva, urbanizao,entre outros. Este fato tem colocado em risco certas espcies mais populares para o consumo e debaixa ocorrncia em ambientes naturais. Atualmente h consenso de cientistas, indstrias eorganizaes ambientalistas de que uma das iniciativas para reduzir a presso sobre o ambiente e

    preservar os recursos genticos tem, por um lado, o desenvolvimento de sistemas que permitam ouso sustentvel das espcies nativas exploradas e, por outro, o cultivo com base em pesquisas

    agronmicas, matria-prima com qualidade e em quantidade. No entanto, no existe reacultivada suficiente para atender a toda a demanda.

    A aprovao da Poltica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos atravs do Decreton 5.813, de 22 de junho de 2006, e da Poltica Nacional de Prticas Integrativas eComplementares, prevendo o tratamento com Plantas Medicinais e Fitoterpicos no Sistema nicode Sade SUS, conforme disposto na Portaria n 971, de 3 de maio de 2006, do Mistrio daSade, constitui um incentivo ao mercado interno sem precedentes na histria do pas.

    Neste sentido a este manual de Boas Prticas Agrcolas (BPA) seguir-se- a edio da sriePlantas Medicinais & Orientaes Gerais para Cultivo II, com as principais Plantas Medicinais aser utilizadas pelo SUS.

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    Aquele que pretende participar do mercado de Plantas Medicinais deve-se apoiar no tripLegislao Organizao Qualidade. No Anexo I, consta um roteiro bsico que orienta o

    produtor segundo as exigncias do mercado.

    2.1. Legislao

    imprescindvel queles que pretendem participar do mercado de Plantas Medicinais

    que conheam e cumpram a legislao pertinente. A organizao e sistematizao da legislao

    relativa coleta, produo e comercializao tem sido objeto de constantes levantamentos edebates, pois as Plantas Medicinais so pouco contempladas diretamente e a legislao

    especfica parcial, pouco divulgada e com interpretaes da legislao variantes conforme a

    regio.

    Alm dos aspectos legais referentes legislao trabalhista e legislao tributria, h mais

    duas reas que devem ser observadas: a legislao ambiental, que trata da coleta, comrcio e

    industrializao de espcies nativas e do manejo sustentado de espcies em seu ambiente natural;

    e a legislao sanitria, que regulamenta a comercializao das plantas no varejo e na forma dealimento ou medicamentaes. Estas leis devem ser obtidas, respectivamente, junto aos rgos

    ambientais de cada estado e junto s Secretarias de Sade nos Servios de Vigilncia Sanitria.

    Pode-se consultar tambm osite da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa), o do Ibama

    e outros que tratam de legislao. Para importao e exportao necessrio consultar ainda o

    Banco do Brasil e o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Para mais informaes,

    acesse os seguintessites:

    www.anvisa.gov.br/legis/index.htm

    www.ibama.gov.br/legis

    www.agricultura.gov.br

    2.2. Organizao

    Para competir no mercado de Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares necessrioum elevado grau de organizao e capacidade gerencial, desde a produo at a comercializao.

    O mercado bastante dinmico e concentrado, o que exige administrar uma atualizao

    2. Questes bsicas de cultivo de Plantas Medicinais

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    constante, contatos freqentes com potenciais compradores nacionais e internacionais para poderantecipar as tendncias tanto de aumento quanto de queda de consumo do produto.

    2.3. Qualidade

    A maioria das Plantas Medicinais comercializadas seja in natura ou embalada

    apresenta-se fora do padro, portanto o produto utilizado pela populao, principalmente urbana,

    no tem asseguradas suas propriedades teraputicas e aromticas preconizadas e/ou est

    contaminada por impurezas (terra, areia, dejetos animais, outras espcies vegetais, coliformes

    fecais, etc.). Esta situao foi gerada pela pouca exigncia dos consumidores com relao

    qualidade do produto e ao incipiente da fiscalizao oficial. Devido a isso os compradores

    pagam preos baixos e, em conseqncia, os produtores oferecem um produto de baixa qualidade,

    ocasionando um crculo vicioso, em prejuzo ao pblico interno fraco e desinformado.

    Porm, h consumidores de Plantas Medicinais que esto cada vez mais exigentes em

    relao qualidade das plantas que adquirem. Para atender a estas exigncias necessrio usar

    prticas agrcolas adequadas no cultivo, no beneficiamento e na armazenagem da produo.

    No caso das Plantas Medicinais, antes de partir para o cultivo propriamente dito, deve-se dar

    ateno a algumas particularidades especiais das Plantas Medicinais.

    2.3.1. Fatores externos que influem no cultivo

    e na produo de princpios ativos

    O valor das Plantas Medicinais, aromticas ou condimentares determinado pelos compostos

    qumicos que elas produzem e que chamaremos deprincpios ativos. Assim, deve-se ter em mente

    que o objeto do cultivo de Plantas Medicinais um produto (folha, flor, raiz) que contmprincpios

    ativos num teor adequado, cujo primeiro passo reside na identidade botnica (item 2.3.2).

    Os fatores ambientais como altitude, latitude, temperatura, umidade relativa do ar, durao

    do dia, solo, disponibilidade de gua e nutrientes influenciam na produo de princpios ativos

    pelas plantas, ou seja, no porque uma planta cresce em uma determinada regio que ela vai,

    necessariamente, conter osprincpios ativos exigidos pelo mercado.

    O teor de princpios ativos pode aumentar ou diminuir de acordo com os fatores

    climticos cuja ao simultnea e inter-relacionada. As caractersticas climticas de uma regio

    so determinadas, em grande parte, pela altitude e latitude, que atuam sobre cada espcie de

    forma distinta: fato que determina a necessidade para cada planta em cada lugar.

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    Altitude Altitude a altura de uma regio em relao ao nvel do mar. medida que

    aumenta a altitude, diminui a temperatura (cerca de um grau a cada 200 metros),

    interferindo no desenvolvimento das plantas e na produo deprincpios ativos.

    Latitude Latitude se refere distncia de determinada regio em relao linha doEquador, para o Sul ou para o Norte. Numa latitude equivalente, Norte e Sul, o

    comportamento das plantas diferente. Por exemplo, no caso da trombeteira (Datura

    stramonium e Hyosciamus s.), as plantas cultivadas em latitude Sul so mais ricas em

    alcalides do que as cultivadas em latitude Norte equivalente. As diferenas esto

    relacionadas, entre outros, inclinao da terra e influncia das correntes martimas

    sobre o clima. devido a estes fatores que, tambm, algumas espcies originrias do

    hemisfrio Norte no florescem ou no frutificam no hemisfrio Sul. Exemplos dessas

    espcies so o alecrim (Rosmarinus officinalis), o tomilho (Thymus vulgaris), a erva-doce (Pimpinella anisum).

    Temperatura Para cada espcie existe uma temperatura mnima, uma temperatura

    mxima e uma faixa de temperatura ideal para o seu desenvolvimento. Deve-se saber qual

    a temperatura ideal de cultivo para cada espcie. Por ex.: no Brasil, a camomila

    cultivada no inverno; o capim-limo se desenvolve melhor em climas quentes.

    O termoperodo, ou seja, a diferena de temperatura entre o dia e a noite, outro

    fenmeno que interfere no desenvolvimento das plantas. Exemplos disso so as plantas

    originrias de clima temperado, que reduzem sua florao quando a diferena da

    temperatura entre o dia e a noite no atinge 7C.

    Luz A luz desempenha um papel fundamental na vida das plantas, influenciando na

    fotossntese e em outros fenmenos fisiolgicos, como crescimento, desenvolvimento e

    forma das plantas. A falta de luminosidade adequada provoca o estiolamento, problema

    comum em sementeiras e viveiros muito adensados ou sombreados.

    As plantas tambm respondem s modificaes, na proporo de luz e escurido, dentro de

    um ciclo de 24 horas. Este comportamento chamado fotoperiodismo. Em muitas espcies,

    o fotoperodo o responsvel pela germinao das sementes, desenvolvimento da planta e

    formao de bulbos ou flores. A hortel-pimenta (Mentha piperita) uma planta de dias

    longos com fotoperodo crtico entre 12 e 14 horas, encontrando tais condies no Sul do

    Brasil, onde ela floresce.

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    A capacidade de germinao das sementes tambm pode estar associada iluminao. H

    espcies cujas sementes necessitam de luz para germinar, como a camomila (Chamomilla

    recutita ), a erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides ) e a tanchagem

    (Plantago spp ). Este comportamento determina o modo adequado de plantio destas

    espcies (no devem ser cobertas com terra).

    Umidade A gua um elemento essencial para a vida e o metabolismo das plantas,

    porm o excesso de gua reduz o teor de alcalides produzidos, em solanceas (Datura e

    Atropa). Com relao produo de leos essenciais, observou-se um aumento de sua

    concentrao quando no so irrigadas, como por exemplo o capim-limo (Cymbopogon

    citratus). Por outro lado, plantas irrigadas podem compensar o menor teor deprincpios

    ativos com uma maior produo de biomassa, o que resultar num maior rendimento final

    deprincpios ativos/rea.

    O alecrim (Rosmarinus officinalis), em solo muito argiloso e rico em matria orgnica,

    no produz tanto leo essencial quanto se cultivado em solos arenosos, seu hbitat

    natural europeu. A alfazema (Lavandula officinalis) no floresce no Paran, logo no

    possvel colher as sumidades floridas, que tm maior teor de princpios ativos.

    Os fatores do solo e do clima no podem ser controlados, mas podem ser utilizados em

    favor do cultivo de Plantas Medicinais aplicando-se as prticas agrcolas adequadas, especialmente

    no que diz respeito seleo das espcies a cultivar, poca de plantio e correo e adubao de

    solo. A forma de plantio, os tratos culturais e os aspectos fitossanitrios determinam o estado geral

    de desenvolvimento da planta e, conseqentemente, sua produtividade.

    Outros fatores tcnicos, como a poca e a forma de colheita e transporte, a secagem e o

    armazenamento, complementam o quadro. Esses aspectos tcnicos devem ser adequados s

    caractersticas de cada espcie e aos princpios ativos que produz.

    O mercado tambm possui uma influncia grande sobre o cultivo, na medida em quedetermina quais espcies sero cultivadas e qual tecnologia pode ser adotada em funo do preo

    de comrcio do produto.

    2.3.2. Identidade botnica das plantas

    necessrio tratar as Plantas Medicinais pelo nome cientfico, pois os nomes populares

    esto sujeitos a regionalismos, originando uma confuso com plantas txicas ou com plantas com

    princpios ativos diferentes. Um exemplo o caso de erva-cidreira, nome popular pelo qual so

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    conhecidas trs espcies diferentes: Cymbopogon citratus,Melissa officinalis e Lippia alba.

    necessria, portanto, a correta identificao botnica das plantas a cultivar. Em seguida

    importante manter um viveiro com as espcies mais bem adaptadas na regio, para dispor sempre

    de material de propagao de boa qualidade e com identidade botnica assegurada.

    2.3.3. Atuao multiprofissional

    O cultivo das Plantas Medicinais, dentro de sua especificidade, requer um trabalho

    integrado de diversos profissionais, conforme sua rea de atuao. Por exemplo: os botnicos

    identificam as plantas e descrevem o ambiente onde determinada espcie ocorre; os agrnomos

    desenvolvem a domesticao, tcnicas de cultivo e beneficiamento; os farmacuticos realizam o

    controle de qualidade. fundamental que haja uma constante troca de informaes em todas as

    etapas.

    2.3.4. Que agricultura praticar?

    Considerando a tendncia mundial de busca por produtos naturais e o fato de as Plantas

    Medicinais se destinarem ao uso em pessoas com algum tipo de debilidade, fundamental que

    estejam livres de agroqumicos, o que equivale a dizer que o sistema de agricultura a ser praticado

    deve ser o orgnico. Outros fatores desaconselham o uso de agroqumicos: o processo de secagem

    e extrao que pode concentrar os ingredientes ativos dos agrotxicos; o uso de adubos qumicos

    e agrotxicos pode alterar a composio da planta. Isto faz que percam seu valor medicinal,

    podendo at provocar efeitos colaterais ou txicos.

    2.3.5. Tecnologia

    Alm da infra-estrutura de cultivo usual, necessrio dispor de uma unidade de secagem e

    de armazenagem para preservar a qualidade das plantas em todo o processo.

    Em funo da diversidade das espcies com as quais normalmente se trabalha,

    importante que o produtor esteja sempre buscando novas tcnicas ou aperfeioamento das

    existentes. A atividade de produo de plantas requer uma grande quantidade de mo-de-obra,

    porm j esto sendo desenvolvidas ou adaptadas mquinas e equipamentos para a mecanizaopossvel. A criatividade dos produtores em adaptar as mquinas e equipamentos utilizados para

    outras culturas extremamente valiosa neste sentido. O produtor tambm deve estar atento s

    informaes de mercado, preparando-se para atender com agilidade demanda.

    O produtor pode se orientar pelos princpios e as diretrizes para Boas Prticas Agrcolas

    (BPA) na produo de Plantas Medicinais apresentados a seguir.

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    As Boas Prticas Agrcolas tm por objetivo realizar uma agricultura sustentvel do pontode vista tcnico, ambiental, social e econmico. A preocupao com os componentes ambiental e

    social foi agregada mais recentemente, diante de uma maior conscientizao da sociedade sobre

    o impacto que um modelo agrcola que faz uso intensivo de mquinas e insumos qumicos podeprovocar no ambiente e na estrutura social.

    No meio rural, a inviabilizao econmica de pequenas propriedades (agricultores

    familiares) mais um fator que ameaa a integridade ambiental e social. Com observncia das

    particularidades das Plantas Medicinais, estas espcies podem representar um componenteimportante no sistema produtivo dessas propriedades. Considerando o baixo custo de produo e

    os rendimentos por rea relativamente elevados, o cultivo de Plantas Medicinais pode constituir-se

    como alternativa de renda para unidades de agricultura familiar: por ser uma atividade poucomecanizada e geradora de oportunidades de trabalho que podem ser planejadas e distribudas ao

    longo do ano.

    O desenvolvimento e uso de sistemas de produo sustentveis proporcionam, tambm,

    agregao de valor pela adoo de prticas agrcolas que satisfaam as exigncias dos

    processadores e consumidores, desde que isso seja feito seguindo diretrizes claras previamenteestabelecidas.

    As diretrizes aplicam-se ao cultivo e beneficiamento primrio de todas as plantas

    comercializadas e utilizadas como Plantas Medicinais, mesmo quando utilizadas em alimentos,

    como nutrientes ou para fins aromatizantes e corantes, nas indstrias de perfumaria e outras.

    As diretrizes so especficas para o cultivo de Plantas Medicinais, pois pressupe-se que os

    agricultores j adotam medidas para minimizar os danos ao ecossistema existente e que estosendo feitos esforos para manter e aumentar a biodiversidade em suas propriedades. Em caso decoleta de Plantas Medicinais em reas de ocorrncia natural, recomenda-se que sejam observadas

    diretrizes especficas, elaboradas em conformidade com a legislao ambiental vigente [ver Boas

    prticas de manejo].

    As diretrizes de BPA no fornecem orientao tcnica especfica sobre o cultivo de uma

    determinada espcie, mas orientaes gerais que visam limitar os efeitos negativos nas plantas

    3. Boas Prticas Agrcolas (BPA) de Plantas Medicinais,Aromticas e Condimentares

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    durante o cultivo, processamento e armazenamento, bem como aspectos relacionados com ahigiene, especialmente na produo para reduzir, ao mnimo, a carga microbiana.

    Espera-se que estas diretrizes sejam teis para os participantes do processo de produo

    desde os produtores primrios at os comerciantes.

    3.1. Princpios e diretrizes para BPA na produode Plantas Medicinais

    3.1.1. Sementes e material de propagao

    A importncia da certificao da identidade botnica da espcie a ser cultivada j foi enfatizada.Alm disso, as sementes utilizadas devem indicar, quando for o caso, a variedade da planta, cultivar,quimiotipo e origem. O material usado deve ser 100% rastrevel, ou seja, deve-se ter inclusive o

    nome/local da empresa fornecedora. O mesmo se aplica ao material para propagao vegetativa(ex.: estacas). As matrizes usadas em produo no sistema orgnico devem ter certificado de origemorgnica.

    O material de propagao (sementes, mudas, estacas, etc.) deve atender s exigncias e/ou padres estabelecidos relativos pureza e germinao se estiverem estabelecidos nas Normas deProduo de Sementes e Mudas do Ministrio da Agricultura. Quando disponveis, devem ser utilizadassementes ou material de propagao certificados. O material de propagao deve ser livre de pragas e

    doenas o mais possvel para garantir o crescimento de plantas saudveis. Se houver espcies ouvariedades resistentes ou tolerantes, deve-se dar preferncia a elas.

    Quando no h material de propagao disponvel no comrcio, o prprio produtor ter de obt-lo fazendo coletas. Esta situao mais comum no caso de espcies nativas. Antes de iniciar a coleta,o produtor deve certificar-se da identidade botnica do material a ser coletado fazendo uma exsicatada planta, ou seja, deve coletar um ramo florido da planta e envi-lo para anlise por um profissionalhabilitado (agrnomo, bilogo, engenheiro florestal, etc.). Se esse material no puder ser analisado nomesmo dia, o ramo florido deve ser prensado entre folhas de jornal ou outro papel absorvente que

    devem ser trocadas diariamente at que a anlise e identificao possam ser feitas.

    O material de propagao deve ser coletado de plantas livres de pragas e doenas e queapresentem boas caractersticas produtivas. Se a coleta for de estacas, mudas, etc., deve-se transferi-las para um viveiro, na propriedade, para multiplicao. Ao longo desse processo, devem-se eliminaraquelas plantas/mudas que apresentam pragas, doenas ou baixo desenvolvimento. No caso de coletade sementes, deve-se anotar a data e local da coleta, nmero de plantas das quais as sementes foramcoletadas, tratamento dispensado s sementes, condies e tempo de armazenagem. O plantio deve ser

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    realizado no menor prazo possvel aps a coleta. Recomenda-se que o produtor tenha suas prpriasmatrizes para coleta de sementes. Estas matrizes devem ser selecionadas com base nos critriosanteriormente descritos de sanidade e produtividade e no devem ser em nmero muito reduzido. Onmero mnimo de matrizes numa populao varia conforme as caractersticas da espcie. Para rvores,

    recomendam-se pelo menos cinqenta plantas; para espcies herbceas este nmero pode chegar aalgumas centenas. O produtor deve manter um registro da origem das matrizes contendo as mesmasinformaes previstas para origem das sementes: identidade botnica da espcie e, quando for o caso,a variedade da planta, cultivar, quimiotipo e origem, bem como a data de implantao do matrizeiro.

    A ocorrncia de plantas e partes de plantas que no so da espcie/variedade cultivada deve sercontrolada durante todo o processo de produo (cultivo, colheita, secagem, embalagem). Qualquerimpureza deve ser prontamente eliminada.

    3.1.2. CultivoOs produtores devem seguir as recomendaes tcnicas previstas para cada espcie. A

    presente srie de publicaes Plantas Medicinais & Orientaes Gerais para o Cultivo prev aedio das recomendaes para vrias espcies de interesse econmico. Recomendaes paraespcies no publicadas nesta srie podero ser encontradas em outras publicaes tcnicas dediversos rgos de pesquisa e extenso. Consultar especialmente as empresas estaduais de

    pesquisa agrcola, as Ematers e as escolas de agronomia.

    De modo geral estas recomendaes visam obteno de um produto de boa qualidade

    com o menor impacto ambiental possvel. Recomendam-se, assim, todas as prticas que visampreservar o solo e as guas, prevenir pragas e doenas e manter o equilbrio ecolgico da rea.Algumas destas recomendaes so destacadas a seguir.

    Todas as informaes relativas conduo da lavoura devem constar da Ficha deInformaes Agronmicas [ver o item 3.9. Documentao].

    3.1.2.1. Solo e adubao

    J no incio do cultivo devem ser observadas as prticas de

    conservao de solos, como cobertura vegetal (figura 1), preparo emnvel, curvas de nvel, cordo de contorno (figura 2) e outras que se

    fizerem necessrias na rea de plantio.

    O preparo do solo deve ter por base o cultivo mnimo, ou seja,revolver o solo o mnimo possvel para o desenvolvimento e as

    necessidades de cada espcie. O manejo correto do solo auxilia no controle de pragas, doenas einvasoras, na manuteno da fertilidade e, conseqentemente, na produtividade. Os cordes de

    Figura 1

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    contorno e curvas de nvel devem ser todosvegetados, o que pode ser feito comespcies medicinais. Algumas das espciesrecomendadas so capim-limo, citronela e

    o confrei.

    Ainda para evitar a proliferaoindesejada das pragas, doenas e invasoras,recomenda-se mudar as culturas de lugarregularmente. No caso de espcies anuais ebienais, recomenda-se dar um intervalo de 2a 4 anos entre o plantio de uma mesmaespcie no mesmo local.

    Mesmo que aparentemente no se perceba uma infestao grave de pragas e doenas, estaprtica necessria, pois o cultivo de uma mesma espcie, no mesmo local, por um longo perodo,pode esgotar alguns nutrientes do solo. necessrio planejar a rotao de culturas, para fazer umbom uso da rea disponvel para cultivo. Recomenda-se alternar espcies cujo produto so razes

    como a bardana, a ffia ou o gengibre com espcies cujo produto so flores ou folhas comocalndula ou organo. A seleo das espcies para rotao deve considerar ainda os efeitosalelopticos (ao de uma espcie sobre o desenvolvimento da outra).

    O solo no deve ser deixado descoberto para evitar a eroso provocada pelo vento e pelachuva. No intervalo entre as culturas, devem-se cultivar adubos verdes, que alm de proteger o solocompem a sua fertilidade (figura 3).

    O cultivo de Plantas Medicinais deveser feito em reas isentas de contaminao

    por metais pesados, resduos de agrotxicosou qualquer outra substncia qumica no-natural. Alm disso, estas reas devem estarsituadas longe de rodovias de movimentointenso (pelo menos 2km) e reas industriais,

    pois os poluentes lanados no ar nestasregies tambm podem depositar-se sobre as

    plantas e contamin-las. Produtos qumicoseventualmente utilizados devem ter o menorefeito negativo possvel.

    Figura 2

    Figura 3

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    No se recomenda fazer adubao com lodo de esgoto. O adubo aplicado no deve conter fezes humanas. Se for orgnico, de origem animal, deve estar completamente curtido ou(vermi)compostado [transformado em composto por minhocas] antes da aplicao, para reduzir aomximo a carga microbiana no produto. Resduos de culturas e de outros vegetais tambm devem,

    preferencialmente, ser compostados paraevitar a proliferao de doenas (figura 4).

    A aplicao de adubos deve ser feitacom moderao, conforme a anlise de solo eas necessidades especficas das espcies(inclusive aplicao entre colheitas). O uso deadubos e fertilizantes deve estar associado amedidas para minimizar a lixiviao de

    substncias que possam contaminar o lenolfretico e os rios.

    3.1.2.2. Irrigao

    A irrigao deve ser aplicada de acordo com as necessidades de cada espcie em relao quantidade e o sistema de irrigao e de acordo com as caractersticas do solo (figura 5). Porexemplo, camomila deve ser irrigada por aspersores, pois a irrigao por meio de piv centralarranca as plantas. Sugerem-se outros sistemas de irrigao: por gotejamento, por gravidade.

    A gua a ser irrigada uma importante fontede contaminao, principalmente microbiolgica. Poresta razo deve-se fazer uma anlise da guautilizada, certificando-se de que est dentro dos

    padres de qualidade estabelecidos em relao acontaminantes, como fezes, metais pesados,agrotxicos. O resultado da anlise deve ser includona Ficha de Informaes Agronmicas.

    3.2. Manejo e proteo da cultura

    A consorciao plantio conjunto de duas ou mais espcies reduz o risco desurgimento de pragas e doenas e aumenta a produo para espcies compatveis (figura 6). necessrio, entretanto, fazer um planejamento desta consorciao, prevendo os efeitosalelopticos (efeito aleloptico a influncia de uma espcie sobre o desenvolvimento daoutra). Como exemplo de associao benfica, podemos citar o alecrim e a slvia; e, como

    Figura 4

    Figura 5

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    exemplo de plantas incompatveis, o funcho, que em geral no se d bem com nenhuma planta.Quando no h informaes sobre o efeito da consorciao, ela deve ser testada primeiro emuma pequena rea.

    alfavaca: no deve ser plantada perto da arruda.

    cravo-de-defunto: protege as lavouras dos nematides. Aparentemente no prejudicial a nenhuma planta.

    hortel: seu cheiro repele lepidpteros, tipo borboleta-da-couve, podendo serplantada como bordadura de lavouras. Exige ateno, pois se alastra com facilidade.

    manjerona: melhora o aroma das plantas. a associao alcachofra e alfavaca benfica para ambas. catinga-de-mulata: pode ser plantada em toda a rea. tomilho: seu aroma mantm afastada a borboleta-da-couve. losna: como bordadura, mantm os animais fora da lavoura, mas sua vizinhana

    no faz bem a nenhuma planta. Mantenha-a um pouco afastada. mil-folhas: planta-se como bordadura perto de ervas aromticas: aumenta a

    produo de leos essenciais. arnica: inibe a germinao das sementes de algumas plantas daninhas. manjerico e arruda: no crescem juntas ou prximas uma da outra.

    Os efeitos alelopticos devem ser levados em considerao tambm na rotao de culturas.Outra prtica importante para o sucesso do cultivo de Plantas Medicinais no sistema de

    agricultura orgnica o cultivo em faixas (figura 7).

    1919

    Figura 6

    Figura 7

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    No cultivo em faixas importante selecionar espcies de alturas semelhantes, sem efeitosalelopticos desfavorveis.

    A rotao de culturas, cultivo em faixas e consorciao devem ter registros prprios

    permanentes, para que se possa fazer um bom aproveitamento da rea.

    Um adensamento excessivo de plantas pode produzir um ambiente favorvel aodesenvolvimento de pragas e doenas. Por outro lado, um plantio muito espaado pode favorecero desenvolvimento de plantas invasoras. Para evitar estes problemas, cada espcie possui umadensidade ideal de plantas por rea, que deve ser observada.

    Para combater pragas e doenas em Plantas Medicinais, deve-se inicialmente, aplicar asprticas culturais recomendadas que visam a reduzir seu ataque. As prticas culturais devem ser

    selecionadas de acordo com as caractersticas da cultura e o tipo de problema mais comum naregio, local de produo.

    Todo produtor de Plantas Medicinais deve ter o hbito de acompanhar o desenvolvimentode suas culturas. Desta forma poder ser detectado, logo no incio, o surgimento de pragas edoenas, o que torna seu controle e erradicao muito mais fcil. A eliminao de plantas ou

    galhos atacados uma medida bastante eficaz no incio do surgimento de uma doena. O materialpodado deve ser retirado da lavoura e queimado. A constatao da existncia de pragas, no inciode sua infestao, reduz muito o custo de seu controle, pois pode ser feito em reas localizadas.

    A fiscalizao das reas cultivadas no deve se restringir bordadura, mas abranger toda alavoura sistematicamente.

    A aplicao de agrotxicos em lavouras de Plantas Medicinais no recomendada, poisestes produtos podem alterar a composio qumica da planta e deixar resduos. Alm disso noh produtos registrados para estas culturas. H uma crescente rejeio, pelos compradores, aquisio de Plantas Medicinais originrias de lavouras onde foi feito uso de agrotxicos. Aaplicao de produtos qumicos em armazns vazios para desinfestao/desinfeco deve estar emconformidade com as recomendaes dos fabricantes e os regulamentos das autoridades nacionaisresponsveis. A aplicao s deve ser realizada por pessoal qualificado e com o equipamento de

    proteo aprovado. O uso de produtos qumicos, mesmo em armazm vazio, deve serdocumentado.

    3.2.1. Colheita

    Todo esforo despendido no cultivo das plantas pode ser posto a perder quando no se dateno s etapas de colheita, beneficiamento e armazenagem. O valor comercial das Plantas

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    Medicinais determinado por sua qualidade. A qualidade das drogas vegetais depende, entreoutros, de:

    a) colheita no estgio de maior teor de princpios ativos;b) correto manuseio durante e aps a colheita;

    c) beneficiamento adequado;d) armazenagem apropriada.

    O teor de princpios ativos nas plantas depende das caractersticas da prpriaespcie/variedade e das condies de cultivo. A colheita deve ser realizada quando as plantasestiverem com a melhor qualidade possvel. A determinao do momento ideal de colheitadepende da anlise de trs elementos inter-relacionados:

    a) o ponto de maior produo de biomassa;b) o ponto de maior produo de princpios ativos;

    c) a variao na composio dos princpios ativos ao longo das diferentes fases dedesenvolvimento da planta.

    Em geral, a passagem da fase de desenvolvimento vegetativo para a fase reprodutiva(florescimento) representa um ponto de inverso quando a planta deixa de acumular biomassa e

    passa a canalizar sua energia para a produo de sementes. O incio da fase reprodutiva, em geral,marca tambm uma alterao na composio das substncias produzidas, em especial a do leoessencial. Um exemplo clssico a hortel (Mentha arvensis), na qual a porcentagem mxima dementol, componente de maior interesse no leo, atingida quando a planta est florida. Na prtica, necessrio compatibilizar a poca com os aspectos prticos e econmicos da colheita.

    Pode ocorrer tambm uma flutuao na quantidade de princpios ativos ao longo do dia. Asespcies com heterosdeos apresentam maior concentrao dessas substncias no final do dia. J nasespcies produtoras de leos essenciais, as plantas apresentam maior quantidade desses compostosno incio do dia. importante conhecer as caractersticas da espcie que se pretende colher.

    A colheita de Plantas Medicinais deve ser feita com tempo seco e aps a evaporao do orvalho.

    No se recomenda a colheita logo aps um perodo prolongado de chuvas, pois o teor de princpiosativos pode diminuir em funo do aumento do teor de umidade da planta. Alm disso, esse aumentode umidade dificulta a secagem e aumenta a possibilidade de aparecimento de fungos no produto. Oexcesso de umidade tambm aumenta os custos de transporte e secagem.

    Os cuidados que devem ser tomados durante a colheita visam a preservar a integridade daspartes colhidas para diminuir a perda de princpios ativos. A sensibilidade das espcies em relao colheita est bem caracterizada nas plantas produtoras de leos essenciais e na localizao das

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    estruturas secretoras e armazenadoras de leo essencial, que determinam o mtodo da colheita.Espcies que armazenam leo essencial em plos glandulares na superfcie das folhas ou nas flores (ex.:hortel, camomila) exigem mais cuidado na colheita do que espcies em que o leo se acumula emestruturas internas (ex.: funcho e canela-sassafrs).

    importante evitar a coleta de material que ter de ser eliminado mais tarde, como ramos domeio das flores de camomila, plantas indesejveis (invasoras) e plantas txicas. Partes de plantadanificadas ou deterioradas tambm devem ser eliminadas prontamente (figura 8).

    Nas espcies que so colhidas mais de uma vez, deve-se cuidar para no provocarferimentos nas plantas, pois isto prejudica futuras colheitas. O corte deve ser feito em bisel. Porexemplo, a slvia, a carqueja e o capim-limo no devem ser cortados rentes ao solo. Deve-seobservar o ponto de crescimento da espcie. No caso da carqueja, o corte deve ser 10cm acima dosolo. Para o capim-limo, este ponto situa-se cerca de 25cm acima do solo. A slvia deve sercolhida a partir do primeiro n dos ramos secundrios (no mais do que 1/3 da planta). Do alecrimdeve-se colher somente metade do nmero de ramos. Estes cuidados favorecem uma rebrota mais

    fcil, permitindo um acmulo maior de biomassa e princpios ativos em intervalos menores.

    Durante a colheita, devem-se usar ferramentas apropriadas para cada tipo de planta. Asferramentas usadas na colheita (tesoura de poda, gadanha e outras) devem ser bem limpas apscada colheita para evitar que resduos de uma planta se misturem com outra, comprometendo aqualidade. O mesmo se aplica s outras mquinas e equipamentos utilizados.

    Durante a colheita, deve-se cuidar para no coletar partculas de solo junto com as plantas,pois a terra possui uma elevada carga microbiana. Pela mesma razo, o material colhido no deve sercolocado em contato direto com o solo, mas recolhido de forma a impedir este contato (figura 9).

    Figura 8

    Figura 9

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    Colocar por exemplo: em sacos, cestas, sobre lonas ou diretamente na carreta que far otransporte para o local de secagem.

    Para evitar perda de qualidade, deve-se evitar o dano mecnico e a compactao do

    produto. Com relao a isso, deve-se assegurar que: os sacos no sejam enchidos alm de sua capacidade; o empilhamento de sacos no resulte em compactao do produto; o produto colhido seja transportado e mantido em recipientes ou sacos de modo

    a evitar o aquecimento (fermentao = perda de princpios ativos).

    Todos os recipientes utilizados na colheita devem ser limpos e mantidos livres de restos decolheitas anteriores. Recipientes que no esto em uso devem ser mantidos secos, livres de pragase em local inacessvel a roedores e animais domsticos.

    A entrega de produto colhido no local de beneficiamento deve ocorrer o mais rpido possvelpara evitar aquecimento (fermentao). Por exemplo, no caso da camomila este intervalo no deveser superior a trs horas. Durante a colheita e o transporte, o material deve ser protegido do sol

    para evitar o aquecimento. Quando o transporte feito em veculos, recomenda-se que o secadoresteja localizado dentro de um raio de 20km da rea de produo.

    O produto colhido deve ser protegido de pragas, roedores e animais domsticos. Qualquer

    medida de controle de pragas deve ser documentada.

    3.3. Beneficiamento primrio

    O beneficiamento primrio refere-se s operaes executadas ainda na propriedade, paradistingui-las do beneficiamento industrial subseqente. As etapas do beneficiamento primrio mais

    freqentes so a pr-limpeza, a secagem, as operaes de ps-secagem e, quando for o caso,extrao de leos essenciais.

    3.3.1. Pr-limpeza e preparoAs partes frescas colhidas devem ser preparadas para a secagem. As operaes de pr-

    limpeza tm por objetivo aumentar a eficincia da secagem. As partes desnecessrias eindesejadas devem ser eliminadas. As operaes de pr-limpeza e preparo, conforme a espcie,

    podem envolver ainda: lavar, descascar, picar, rasurar, fatiar e desfolhar (figura 10). Por exemplo,na alcachofra separa-se a nervura central do limbo foliar, pois o tempo de secagem de ambos diferente. No caso da ffia, a raiz fatiada ou triturada, pois partes menores requerem menosenergia para secar e a secagem mais rpida.

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    As operaes de beneficiamento devem ser realizadas em construes limpas, bem arejadase de uso exclusivo para este fim, visando proteger o material da exposio direta luz do sol e chuva. Elas tambm devem proteger o produto de pssaros, insetos, roedores, bem como animaisdomsticos. Portanto, as construes destinadas ao beneficiamento devem estar cercadas e possuir

    telas em todas as janelas, bem como portas teladas nos acessos. Em toda a rea devem serinstaladas medidas satisfatrias de controle de pragas, como iscas e aparelhos eltricos para atraire matar insetos. O funcionamento destas medidas de controle deve ser verificado regularmente.

    Cestos de lixo devem ser claramente marcados e mantidos mo, esvaziados e limposdiariamente.

    Em todas as fases de manipulao das plantas deve-se estar com as mos limpas; apslavagem com sabo neutro, utilizar lcool 70% + 2% de glicerina, para evitar contaminao

    microbiolgica.

    3.4. Secagem

    O contedo de umidade das partes das plantas colhidas geralmente alto, em torno de60% a 80%. Para evitar a fermentao ou degradao dos princpios ativos necessrio reduzir ocontedo de gua. A secagem deve ser realizada corretamente para preservar as caractersticas decor, aroma e sabor do material colhido e deve ser iniciada o mais rpido possvel. A secagem deveser realizada at que a planta atinja 8% a 12% de gua, conforme a espcie e a parte da planta.Com essa umidade, a maior parte das espcies pode ser armazenada por um bom perodo sem queocorra deteriorao. No se deve esquecer que vrias espcies reabsorvem umidade do ar. Issodeve ser levado em considerao na definio do mtodo de embalagem e armazenagem.

    O tempo de secagem depende do fluxo de ar, da temperatura e da umidade relativa do ar.Quanto maior a temperatura e maior o fluxo de ar, tanto mais rpida a secagem. A temperaturade secagem determinada pela sensibilidade dos princpios ativos da planta; portanto, para cadaespcie, h uma temperatura ideal de secagem.

    3.4.1. Mtodos de secagem

    Na prtica, os mtodos de secagem se dividem em natural ou artificial. O mtodo artificialpode ser dividido em secagem com fluxo de ar frio ou aquecido. Todos os mtodos podem ser usadosna secagem de plantas, desde que haja um mecanismo de controle de temperatura que permitamant-las naquela temperatura recomendada para cada espcie.

    Uma srie de alteraes ocorre nas plantas durante a secagem. Devido remoo de gua,h uma perda de peso, cuja quantidade depende das partes das plantas submetidas ao processo. Em

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    termos de planejamento e economia, recomendvel saber a relao entre a quantidade de plantafresca necessria para produzir um quilograma de planta seca. Por exemplo, para a camomila estarelao de 5:1. A partir de observaes de vrios anos e com vrias espcies, concluiu-se sobre asseguintes mdias para obteno de um quilograma de produto seco: 5 a 8kg de flores frescas; 5 a 6kg

    de folhas frescas; 4 a 5kg de plantas frescas; 3 a 4kg de razes frescas; e 1,2 a 1,5kg de frutos.

    Secagem temperatura ambiente O mtodo mais antigo e bastante simples asecagem ao sol, no local de cultivo. Tem como desvantagem o risco de perda do produtodevido s condies climticas adversas e aos compostos ativos, pela ao do sol. A fim dediminuir esses problemas, a secagem deve ser feita sombra, por exemplo, em galpes bemarejados e telados. A secagem natural no recomendada para cultivos comerciais e emregies com alta umidade relativa do ar. recomendada, sim, para a pr-secagem de ramose razes. Esse mtodo comumente utilizado na secagem de plantas obtidas por

    extrativismo. Outra desvantagem a necessidade de grandes reas para a secagem; emgeral 10% a 20% da rea de cultivo para folhas e flores. As Plantas Medicinais podem sercolocadas sobre bandejas sobrepostas emestruturas (tipo gaveta) para reduzir a reanecessria, diminuir a necessidade derevolvimento do material e os danos decorrentesdessa operao

    No caso de secagem natural ao ar, o produtocolhido deve ser espalhado em uma camadafina. Para garantir circulao ilimitada de ar, ossuportes (telados) devem estar localizados auma distncia suficiente acima do piso e das

    paredes. Deve-se buscar uma secagem uniforme do produto para evitar formao defungos. O local de secagem deve estar bem limpo para evitar que poeira (terra) contamineas camadas inferiores.

    As partes das plantas devem ser colocadas em camadas de espessura correspondente ao seu

    tamanho para se obter uma secagem adequada. Em 1m2 de rea, a quantidade de plantafresca deve ser a seguinte: 0,5kg de flores; 1 a 2kg de folhas e partes de plantas; e 2 a 2,5kgde razes. O tempo de secagem depende das condies climticas, do teor de umidade inicialda planta e do tipo de ambiente onde realizada. Por exemplo, no Sul, para flores e folhas,o tempo de secagem mdio de 5 dias.

    Secagem em secadores A secagem temperatura ambiente pode levar de alguns diasat vrias semanas, dependendo da espcie e das condies climticas. O tempo de secagem

    Figura 10

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    pode ser reduzido a horas em secadores. uma prtica recomendvel, pois, se for bemexecutada, mantm as caractersticas desejveis do produto. A secagem em secadores podeser feita com ou sem aquecimento do ar.

    Na secagem sem aquecimento, somente o movimento do ar controlado por meio deventiladores. utilizada para secar culturas cuja produo foi superior esperada

    (emergncia). Este mtodo funciona somente em dias quentes e secos, quando a umidade

    relativa do ar no superior a 50%. O tempo de secagem varivel, dependendo da

    espcie, do contedo de gua da planta e da umidade relativa do ar.

    A secagem com aquecimento de ar proporciona um produto de muito melhor qualidade. Por

    esta razo, considerado o melhor mtodo para secagem de Plantas Medicinais. Requer um

    sistema fechado com controle de temperatura por meio de fluxo de ar quente.

    O aquecimento do ar feito por fontes de calor alimentadas com lenha, combustveis

    (geralmente gs) ou eletricidade. Em caso de uso de lenha, deve-se ter muito cuidado para

    que no haja contaminao das plantas com fumaa. O uso de lenha requer, tambm,

    autorizao do rgo ambiental. Se o combustvel utilizado for leo, o ar de exausto no

    deve ser reutilizado. Secagem direta no permitida exceto com butano, propano ou gs

    natural.

    O material a ser secado colocado sobre bandejas prprias.

    Em geral, recomendam-se 2 a 3kg de flores ou folhas por m2. A

    temperatura, o fluxo e a umidade relativa do ar devem ser controlados

    no equipamento de aquecimento do ar. A preciso varia de acordo com

    o tipo do equipamento. O tempo de secagem com esses equipamentos

    de poucas horas.

    3.4.2. Modelos de secadores

    Existem vrios modelos de secadores disponveis. Pararegies de temperadas at

    subtropicais, com elevada umidade

    relativa do ar, recomendam-se os

    seguintes modelos:

    Tipo continer um

    sistema fechado de dimenses

    Figura 11

    Figura 12

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    variveis (ex.: 2m x 1m x 1,8m), com bandejas, onde o

    aquecimento do ar feito por aquecedores. Estes

    aquecedores podem funcionar com gs, lenha ou outros

    tipos de combustveis. O fluxo de ar produzido por uma

    ventoinha. No modelo a gs, o controle da temperatura totalmente automatizado. No modelo a lenha, o controle

    da temperatura manual. recomendado para reas de

    cultivo entre 3 e 5ha. O tempo de secagem varia conforme

    o modelo do secador. Para o modelo a gs de 5 a 10

    horas, para o modelo com caldeira de 4 a 8 horas. Uma limitao deste modelo que

    seca somente uma espcie de cada vez. Existem diversos fabricantes deste modelo no

    mercado e o seu custo varia de acordo com a empresa e requer

    a construo de uma rea coberta para sua instalao. Estarea deve estar no mesmo local onde ser feito o preparo

    do produto (retirada de partes indesejveis, entre outras) e

    ter sala separada para a pesagem, embalagem e pr-

    armazenagem.

    Tipo lanternim Este modelo tem cerca de 96m2 de rea construda, com uma

    cobertura para o sistema de aquecimento do ar (fornalha, queimador a gs ou caldeira).

    Inclui uma rea de recepo e preparo do produto, uma rea de secagem de

    aproximadamente 60m2 e uma sala de pesagem, embalagem e pr-armazenagem. Sob area de secagem h um sistema de dutos que distribui o ar aquecido nas diferentes clulas

    de secagem. Aps passar pela massa vegetal, o ar contendo a umidade sai pelo

    lanternim. possvel secar vrias espcies ao mesmo tempo ou unir todas as clulas em

    uma grande rea de secagem. As bandejas podem ser fixas ou mveis (em carrinhos).

    recomendado para reas entre 8 e 18ha. O tempo de secagem de 8 a 10 horas para

    o modelo com caldeira, 10 a 20 horas para o modelo com queimador e de 20 a 40 horas

    para o modelo a lenha/serragem (figura 14).

    Tipo elico-gs-solar da Embrapa2

    Este modelo, desenvolvido pela Embrapa-CTAA, recomendado para pequenas reas e tem

    como caracterstica a facilidade de construo e manuseio.

    2 Embrapa Agroindstria de Alimentos.Av. das Amricas, 29.501 Guaratiba, 23020-470 Rio de Janeiro, RJFone: (21) 2410-7400 Fax: (21) 2410-1090 Internet: www.ctaa.embrapa.br E-mail: [email protected]

    Figura 14

    Figura 13

    Cartilha_plantas_med_IV.qxd 10/13/06 6:28 PM Page 27

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    3.4.3. Operaes ps-secagem

    Aps a secagem, as plantas devem ser preparadas paracomercializao no atacado ou no varejo. As operaes necessrias

    para esta fase so chamadas operaes de manipulao. As mais

    freqentes so: separao e limpeza (remoo de partes indesejadas),classificao, rasura, corte e moagem.

    Todo o material deve ser separado ou peneirado para eliminarimpurezas como terra, restos de insetos e corpos estranhos. Pode-setambm trabalhar em mesas teladas para facilitar esta operao.

    As peneiras devem ser mantidas limpas e devem sofrer manutenoregularmente.

    O produto seco deve ser empacotado prontamente a fim deproteg-lo e reduzir o risco de ataques de pragas.

    3.5. Embalagem

    Depois de repetidos controles e eliminao de eventuais materiais de baixa qualidade equalquer corpo estranho, o produto deve ser embalado.

    A embalagem depende do tipo da droga (planta seca), quantidade, modo de transporte,distncia e exigncias especficas do comprador. As embalagens mais utilizadas so: fardos, sacos

    de papel ou plstico, sacos de papel + plstico e caixas depapelo. Em geral, grandes volumes de espcies que podemser comprimidas (folhas) so enfardados por mquinas, emvolumes de 60 a 100kg. Esses fardos so envolvidos por umtecido ou polietileno. As que no podem ser comprimidas(razes, cascas) so colocadas em sacos grandes, tambm

    chamados de fardos. Outra forma colocar a droga emsacos de polietileno e depois em barricas de papelo. Drogascom elevado peso especfico (sementes, frutos) soembaladas em sacos menores. Drogas valiosas, sensveis aomanuseio durante o transporte, como flores de camomila e

    folhas de hortel para chs, podem ser embaladas em caixasde papelo.

    Figura 15

    Figura 16

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    Figura 1 Fluxograma de ps-colheita

    2929

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    As embalagens devem ser devidamente identificadas de acordo com a Lei de Defesa doConsumidor e conter, pelo menos, o nome comum, nome cientfico, nmero do lote e cdigo da

    partida, data da colheita, prazo de validade, nome do produtor data da embalagem e nmero darespectiva ficha que contm as informaes agronmicas referentes ao lote de plantas produzido.

    Recomendam-se embalagens com uma ou duas camadas externas de papel tipo kraft, para evitarexposio luz, e uma camada interna de polietileno atxico, para evitar reidratao do produto.

    Os materiais para embalagem devem ser armazenados em lugar limpo e seco, livre depragas e outros animais domsticos. Deve-se garantir que no ocorra nenhuma contaminao do produto como resultado da embalagem utilizada, especialmente no caso de sacos de fibratranados.

    3.6. Armazenamento e transporte

    O produto embalado deve ser armazenado no menor tempo possvel, pois, em geral, ocorreuma diminuio e alterao dos princpios ativos. O local de armazenagem deve ser seco, escuro earejado, onde as flutuaes dirias de temperatura so limitadas. Para manter o ambiente arejado,

    podem-se utilizar, por exemplo, exaustores elicos. O armazm deve ter piso de concreto ou similar,de fcil limpeza, e estar livre de insetos, roedores ou poeira. Qualquer local com estas caractersticas considerado adequado.

    As drogas ocupam um grande volume, mas tm pouco peso. Para construes novas,recomenda-se que os armazns tenham um p-direito de 6m, pois em geral o custo da construono aumenta muito.

    O produto seco e embalado deve ser armazenado como segue: sobre estrados; a uma distncia suficiente da parede para evitar absoro de umidade; completamente separado de outros lotes de plantas, para evitar contaminao

    secundria; produtos orgnicos devem ser armazenados separadamente.

    Figura 17

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    Deve-se desenvolver um sistema de identificao e localizao dos lotes de plantas, como, por exemplo, etiquetas afixadas nas colunas das prateleiras. As embalagens no podem sercolocadas diretamente no cho, mas sobre estrados. Plantas fortemente aromticas devem sermantidas separadas (ex.: hortel).

    Durante a armazenagem, os produtos podem ser atacados por roedores, que estragam asembalagens, destrem o produto e podem, ainda, transmitir perigosas doenas, como aleptospirose. A preveno feita impedindo seu acesso ao armazm (que no pode ter frestas); eo controle, por meio de iscas, ratoeiras, etc. Durante a armazenagem, o local deve serinspecionado regularmente e eliminados os produtos contaminados. Outro grupo de inimigos dos

    produtos armazenados composto por traas e gorgulhos. Para evitar o ataque desses insetos,alguns cuidados devem ser tomados ainda antes da armazenagem:

    1. no deixar o material colhido exposto no campo ou em galpes abertos, poisfreqentemente a infestao ocorre nessa fase;

    2. ao beneficiar o material, certificar-se de que os locais estejam rigorosamentelimpos, sem restos de culturas anteriores, mesmo que sejam da mesma espcie.O mesmo vale para os equipamentos como picador e secador.

    3. o armazm deve ser limpo regularmente e pintado internamente com cor clara(tinta de cal, por exemplo) para facilitar a visualizao de insetos.

    Caso seja verificado o ataque de alguma praga, deve-se avaliar se a intensidade do ataquecomprometeu a qualidade da droga, enviando uma amostra do material para o laboratrio de

    controle de qualidade. Se houve comprometimento, deve-se eliminar o material atacado. Se nohouve, devem-se aplicar as medidas de controle recomendadas para a erradicao da praga. Almdisso, deve-se fazer o expurgo do armazm. O expurgo deve ser feito no armazm vazio, pois os

    produtos comercializados para esse fim no possuem registro especfico para Plantas Medicinais.O expurgo deve ser feito exclusivamente por pessoal com treinamento especfico. S devem serusadas substncias qumicas registradas. Qualquer tratamento deve ser informado na Ficha deInformaes Agronmicas.

    O transporte de drogas deve ser feito preferencialmente em veculos com carroceria

    fechada, mas bem arejada. Caso isto no seja possvel, importante garantir que, durante otransporte, o produto esteja abrigado da luz e de poeira e em ambiente seco.

    O armazenamento de leo essencial deve estar em conformidade com os padresapropriados de armazenamento de produtos qumicos. Deve-se consultar a legislao especfica.

    O transporte de leo essencial deve estar em conformidade com os padres apropriadospara transporte de produtos qumicos. Deve-se consultar e atender a legislao especfica.

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    Todo produto transportado para comercializao deve estar acompanhado dadocumentao pertinente, como nota fiscal ou do produtor; e, se for o caso, licena ambiental elaudo fitossanitrio.

    3.7. EquipamentoOs equipamentos utilizados no cultivo das plantas e no beneficiamento devem ser fceis de limpar,

    a fim de eliminar o risco de contaminao. Todas as superfcies que entram em contato com as plantasdevem ser de fcil limpeza e desinfeco (plstico, ao inoxidvel, frmica, cimento, etc.).

    Deve-se evitar o uso de equipamentos de madeira devido dificuldade de limpeza. Caso sejamutilizadas (por exemplo: estrados, prateleiras, depsitos, etc.), estas superfcies s devem entrar emcontato com o material vegetal/produto. Evitar o contato direto com substncias qumicas e outros

    materiais contaminados/infectados, para prevenir uma posterior contaminao do materialvegetal/produto.

    Todas as mquinas e equipamentos devem ser montados de forma a facilitar o uso seguro e alimpeza. Devem sofrer manuteno e ser limpos regularmente. As mquinas para aplicao de adubos,calcrio e de distribuio de sementes devem ser calibradas regularmente.

    3.8. Pessoal e instalaes

    Todos os funcionrios devem ser devidamente treinados para as funes que desempenharo.Este treinamento deve incluir desde aspectos botnicos para evitar mistura de plantas e rotulagenserradas at aspectos relacionados com a higiene na manipulao do material vegetal/produto.

    Todas as operaes durante o cultivo e o beneficiamento devem estar em completaconformidade com as diretrizes de Boas Prticas Agrcolas e princpios gerais de higiene paraalimentos.

    Aos encarregados da manipulao do material vegetal/produto ser exigida uma boa higienepessoal (inclusive do pessoal que trabalha no campo). Eles devem ter recebido treinamento adequadosobre sua responsabilidade higinica.

    Nas construes onde so realizadas as operaes de beneficiamento, deve haver instalaessanitrias adequadas e em nmero suficiente, com observncia dos regulamentos pertinentes. Porexemplo, a porta dos banheiros no deve abrir diretamente para as reas de manipulao de plantas.

    Aps o uso destas instalaes, devem-se lavar as mos e desinfet-las com lcool 70% glicerinado.

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    Durante a manipulao do material vegetal/produto, os funcionrios devem usar touca, luvas,avental e mscara tanto para evitar a contaminao do produto quanto para evitar o contato dos

    funcionrios com material vegetal/produto txico ou potencialmente alergnico (que provoca irritao dapele e das vias respiratrias), como o caso de plantas que liberam poeira, como confrei, alcachofra, etc.

    Pessoas que sabidamente sofrem de doena infecciosa transmissvel por alimentos, inclusivediarria, ou transmissoras de tais doenas, devem ter proibido seu acesso s reas onde pode havercontato com o material vegetal/produto, conforme os regulamentos pertinentes.

    Pessoas com cortes, feridas abertas, inflamaes e infeces de pele devem ser mantidaslonge das reas de beneficiamento de plantas, ou devem usar roupa protetora apropriada ou luvas,at sua recuperao completa.

    Deve-se assegurar o bem-estar de todo o pessoal envolvido no cultivo e beneficiamento de

    produtos de Plantas Medicinais e Aromticas.

    3.9. Documentao

    A origem de todos os materiais e passos do beneficiamento, bem como o local de cultivo,devem ser documentados. Registros de campo exibindo as culturas prvias e outros insumosutilizados devem ser mantidos por todos os produtores. Para tanto convm elaborar, anualmente,um croqui da rea com as espcies cultivadas.

    Plantas de reas diferentes s podem ser misturadas num mesmo lote se houver garantiade que a mistura ser homognea. Este procedimento de mistura tambm deve ser documentado.

    essencial documentar o tipo, quantidade e data de plantio e colheita, bem como prticasde correo de solo, aplicao de insumos (adubao qumica, orgnica ou verde), inseticidasnaturais ou qumicos e outras prticas de manejo adotadas durante a conduo da lavoura (vermodelo de Ficha de Informaes Agronmicas). Qualquer circunstncia especial, durante o perodode cultivo, que possa influenciar a composio qumica por exemplo: condies de tempo extremasou pragas, particularmente no perodo de colheita tambm deve ser documentada. A aplicao de

    raios gama no material vegetal e de produtos para expurgo no armazm deve ser registrada nadocumentao do lote. Deve ser preenchida a Ficha de Informaes Agronmicas de cada lote dematerial vegetal produzido. Entende-se por lote o material produzido na mesma lavoura, submetidos mesmas prticas de manejo, colhido na mesma poca e beneficiado sob as mesmas condies.Entre as informaes mnimas a ser includas na Ficha de Informaes Agronmicas deve constar alocalizao geogrfica do cultivo, o pas de origem e o produtor responsvel.

    Todos os acordos (especificaes em relao ao produto, contratos, preo, etc.) entre oprodutor e o comprador devem ser feitos por escrito.

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    No cultivo de espcies nativas devem ser registradas as reas de produo, junto aos rgosambientais, para obter as devidas licenas de comercializao do produto. No caso de exportao,alm da documentao mencionada anteriormente, o produto deve ter o laudo fitossanitrio

    fornecido pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

    Em caso de produo orgnica ou outra que exija algum tipo de certificao, os resultadosdas inspees devem ser documentados em um relatrio especfico e guardado durante o prazo

    previsto pela certificadora.

    3.10. Garantia de qualidade

    O produtor deve garantir que o produto fornecido esteja de acordo com as especificaesacerca da qualidade previamente acordadas com o comprador e registradas no contrato.

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    O mercado e a comercializao de Plantas Medicinais apresentam peculiaridades queexigem um conhecimento detalhado para que se possa ser bem-sucedido na comercializao da

    produo. Apresentam-se, a seguir, dados gerais sobre o mercado mundial e nacional de Plantas Medicinais. Cada produtor deve buscar os dados especficos de mercado e comercializaoreferentes s espcies que ele escolheu para cultivar.

    4.1. Importncia e situao do mercado mundial e nacional dePlantas Medicinais, aromticas e condimentares.

    Recente estudo feito pela PhytoPharm Consulting, a pedido da Associao Brasileira daIndstria Fitoterpica (Abifito), estima que os gastos em terapias naturais chegaro a 47 bilhesde dlares ao ano at 2007. Para a Amrica Latina, junto com a frica, faz-se uma estimativa de

    gastos de 3 bilhes de dlares (tabelas 1 e 2) (Herbarium, 2002).

    Tabela 1 Evoluo e estimativa de gastos com terapias naturais no mundo

    Tabela 2 Gastos estimados com terapias naturais, por regio, em 2007

    4. Comercializao

    Ano Valor em bilhes de US$

    1997 14,52000 19,6

    2007* 47,0* estimativaFonte: Herbarium, 2002

    Regio Valor em bilhes de US$

    Estados Unidos 20Europa 14

    sia 10

    Amrica Latina e frica 3

    Fonte: Herbarium, 2002.

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    Segundo pesquisas realizadas na Unio Europia, cada habitante gasta, em mdia,US$84,00/ano em terapias naturais (dados de 2000).

    No Brasil, os dados tambm revelam um forte crescimento deste mercado. Segundo as

    ltimas estimativas, o mercado de fitoterpicos ir dobrar em 12 anos (tabela 3).

    Tabela 3 Evoluo e estimativa de gastos com fitoterpicos no Brasil

    Os dados do Departamento de Operaes de Comrcio Exterior (Decex) referentes ao comrciointernacional do Brasil confirmam o crescimento do mercado. No perodo de 1990 a 2000, o crescimentoda exportao de Plantas Medicinais foi de 159% e de especiarias foi de 65%; nas importaes,o crescimento foi de 148% para Plantas Medicinais e de 97% para especiarias (tabela 4).

    Tabela 4 Total de exportaes e importaes de Plantas Medicinais, Aromticas e

    Condimentares (Brasil, 1990 e 2000)

    Dentre as especiarias, a pimenta, o gengibre e o cravo-da-ndia foram responsveis por

    99% das exportaes do Brasil no perodo de 1996 a 2001. O cominho, anis e canela foram

    responsveis por cerca de 75% das importaes no mesmo perodo. No item plantas e suas partes

    utilizadas para perfumaria, medicina e fins similares, cerca de 95% do que o Brasil exporta no

    identificado nas estatsticas do Decex, aps a adoo da Nomenclatura Comum do Mercosul

    4141

    Ano Valor em milhes de US$

    1998 500

    2000 700

    2010 1.000

    Fonte: Herbarium, 2002.

    GRUPO DE

    PRODUTOSANO

    EXPORTAO IMPORTAO SALDO

    (EXP IMP)(MILHES DE US$)

    Plantas Medicinais1990 2,2 2,7 - 0,5

    2000 5,7 6,7 - 1,0

    Especiarias1990 50,7 7,3 + 43,4

    2000 83,9 14,4 + 69,6

    Fonte: Decex

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    (NCM). O mesmo ocorre com cerca de 55% a 60% das importaes. Dentre os produtos que so

    nominados, destacam-se o alcauz, a mostarda e o organo, responsveis por 35% a 40% das

    importaes.

    Os dados so suficientemente atraentes para despertar o interesse dos produtores, mas preciso conhecer mais detalhes deste mercado e a melhor forma para participar dele.

    4.2. Como entrar no mercado

    O mercado para Plantas Medicinais bastante restrito, embora crescente; portanto o

    primeiro passo localizar os compradores potenciais do produto. So ervanrios, farmcias de

    manipulao e laboratrios fitoterpicos, bem como atacadistas de Plantas Medicinais. Porm,

    outros compradores no podem ser esquecidos, tais como: programas de fitoterapia de prefeiturasmunicipais e pastorais da sade e da criana, indstrias de extrao de leo, indstrias de

    cosmticos e perfumaria, indstrias de alimentos e bebidas, indstrias de produtos de limpeza,

    lojas de produtos naturais e artesanais, restaurantes, feiras e outros. Para localizar empresas que

    atuam nas reas mencionadas, pode-se contatar o Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e

    Comrcio Exterior; o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; secretarias estaduais de

    indstria e comrcio e de agricultura; Sebrae; associaes e federaes do ramo. Com base em

    levantamentos de interesse de mercado, deve ser feita a seleo das espcies mais adaptadas

    regio de produo. Para o segmento de indstrias e laboratrios fitoterpicos, h uma relao de102 espcies, em ordem de interesse, fornecida pelo Sindusfarma, mas importante verificar quais

    destas so de interesse do comprador potencial especfico.

    4.3. Aspectos socioeconmicos da atividade

    O cultivo de Plantas Medicinais demanda uma quantidade de mo-de-obra grande se

    comparado a outras atividades e proporciona, em mdia, ocupao para uma pessoa por hectare.

    Alm disso, requer mo-de-obra sazonal na ordem de at 10 pessoas por mdulo (3 a 5 hectares).

    4.3.1. Custo de produo

    O custo de produo de Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares situa-se entre

    R$2.000,00 e R$3.500,00/ha/ano. Este valor envolve as despesas de custeio desde a implantao

    da cultura at o trmino da secagem e determinado pela espcie a cultivar e o sistema de cultivo

    (policultivo). Diante das espcies com potencial de cultivo, estimar-se- um custo de produo

    mdio de R$2.600,00/ha/ano.

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    Os preos mdios pagos pelas Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares encontram-

    se nas tabelas 6 e 7.

    Tabela 6 Preos mdios de importao, exportao e recebidos pelo produtor do

    Paran (2001)

    Tabela 7 Produtividade mdia e preo mdio recebido pelo produtor do Paran

    (2002)

    4.3.2. Receita

    Considerando os preos mdios recebidos pelos produtores (tabela 7), as espciesrecomendadas (tabela 1) e o fato de o produto ser obtido no sistema orgnico, estima-se que areceita bruta de Plantas Medicinais, Aromticas e Condimentares situa-se entre R$2.800,00 eR$12.000,00/ha/ano. O clculo tomou por base os coeficientes apresentados na tabela 8.Considerando que o custo de produo de camomila de R$1.200,00 e no policultivo o custo de

    R$2.600,00 (em mdia), a margem bruta estimada varia entre R$1.600,00 e R$9.000,00. Para fins de estimativa de rentabilidade, utilizou-se um preo mdio para venda na porteira deR$6,00/kg de planta seca antes da certificao e R$7,50/kg depois da certificao.

    Importao

    US$/kg (FOB)

    Exportao

    US$/kg (FOB)

    Interno

    US$/kgBR PR BR PR PR

    PlantasMedicinais

    2,09 4,60 1,30 2,30 1,60

    Especiarias 1,67 0,70 1,89 2,00 0,50

    Fonte: Secex, Emater-PR

    ProdutoProdutividade mdia

    (kg/ha/ano)

    Preo mdio (orgnico)

    (R$/kg)

    Camomila (flor) 400 6,50 (7,50)

    Policultivo 1300 4,00 (5,00)

    Fonte: Emater-PR

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    Tabela 8 Estudo comparativo de rentabilidade de trs espcies medicinais com

    base em dados mdios (2002)

    Para fazer um clculo mais preciso do custo de produo da espcie escolhida na sua regio,o produtor pode utilizar o modelo de planilha apresentado a seguir:

    Investimentos necessrios: uma infra-estrutura bsica importante; alm dosequipamentos de cultivo usuais, necessria uma unidade de secagem e armazenagem.

    Tempo de retorno do projeto: 3 anos. Informaes de mercado: apesar de ter um mercado limitado, as Plantas Medicinaise Aromticas, quando comparadas com os cultivos comerciais, apresentam maiorrentabilidade.

    Limitaes de mercado: como um nicho de mercado, o produtor dever contatarcom os compradores antes de cultivar em larga escala.

    Potencialidades do empreendimento: um mercado que cresce cerca de 10% aoano no mundo.

    Oportunidades na cadeia produtiva: desde a produo at o empacotamento,

    extrao de leo essencial, fitofrmacos, etc.

    4444

    Espcie

    Custo de

    produo

    (R$/ha/ano)

    Produtividade

    (kg/ha/ano)

    Preo (R$/kg)Renda bruta

    (R$)

    Margem bruta

    (R$)

    Capim-limo* 2.500,00 3.000 2,50 7.500,00 5.000,00

    Melissa** 3.000,00 2.000 6,00 12.000,00 9.000,00

    Camomila*** 1.200,00 400 7,00 2.800,00 1.600,00

    Fonte: Emater-PR

    * A partir do segundo ano** Cultura anual*** Os dados da camomila referem-se a seis meses de produo.

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    4545

    Material/operao*

    Unidade

    Quantidade

    Custo

    unitrio

    1ano

    (R$)

    2ano

    (R$)

    3ano

    (R$)

    Materialdepropagao

    Sementes(kg)ou

    Mudas(unidade)

    Calcrio

    Toneladas

    Fosfatonatural

    Toneladas

    Aduboorgnico

    Toneladas

    Arao

    Horas/mquina

    Gradagem

    Horas/mquina

    Calagem

    Horas/mquina

    Adubao

    Homens/dia

    Aberturadecovas

    Homens/dia

    Distribuiodemudas

    Homens/dia

    Plantio

    Homens/dia

    Tratosculturais

    Homens/dia

    Colheita

    Homens/dia

    Pr-l

    impeza

    Homens/dia

    Secagem

    Horas

    Ps-secagem

    limpezaeem

    balagem

    Homens/dia

    Embalagens

    Unidade

    TOTALCUSTOSVARIVEISDEPRODUO

    Modelo

    de

    planilha

    de

    custosvariveispara

    1,0

    hecta

    re

    de

    espcie

    selecionadapelo

    produtor,considerando

    os

    valoreslocais

    [preenchercomo

    svaloresloc

    ais]

    *Incluiraslinhasnecessrias

    paradetalharasoperaesespeciaisqueaespcierequer.Ex.:compactaocomr

    olonacamom

    ila;amarriode

    guaconasespaldeiras;poda

    deformaoeme

    spinheira-san

    ta.

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