Lygia Merini de Oliveira Psiquiatra Especialista em Dependência Química pela UNIAD/ UNIFESP...
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Lygia Merini de OliveiraPsiquiatra
Especialista em Dependência Química pela UNIAD/ UNIFESP
Psiquiatra Assistente do Grupo de Álcool e Drogas – AME Vila Maria
TRATAMENTO DA SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL
“Beber começa como um ato de vontade, caminha para um hábito e finalmente afunda na necessidade.”
Benjamin Rush (1943 – 1813)
Prevalência
• Na população mundial: 10 a 12 % (WHO 2009)
• Entre brasileiros nas 107 maiores cidades do país: 11,2% (SENAD 2002)
• Mais prevalente entre homens do que entre mulheres (Br J
Addict 1987)
• Mais incidente entre jovens (18 a 29 anos) (Acta Psychiat Scand)
• O álcool é responsável por +- 60% dos acidentes de
trânsito, e consta em 70% dos laudos cadavéricos de
mortes violentas (CEBRID 1997)
História do tratamento dos problemas relacionados ao consumo de álcool
Pré Século XVIII: Influência da Igreja – embriaguez como pecado; assim o pecador tinha o poder de arrepender-se e parar de pecar sem recorrer a um médico.
Obscurantismo x Influência das religiões sobre os hábitos
Século XVIII: Beber excessivo não como pecado, mas como hábito a ser desaprendido – doença passível de intervenção médica (Benjamin Rush e Thomas Trotter)
Século XIX: Internações prolongadas, métodos físicos (Norman Kerr e Thomas Crothers).
Século XX: Alcoolismo como doença crônica (The disease concept of alcoholism, M Jellinek, 1960)
Considerações sobre o diagnóstico da Síndrome de Dependência de
Álcool
1. Ter problemas com álcool não significa ser dependente de álcool (dependência x uso nocivo);
2. Há diferentes graus de dependência de álcool
(a dependência não é uma entidade fixa);
3. É necessário o reconhecimento dos fatores ambientais, culturais e de personalidade do paciente (fatores de risco e proteção);
4. Identificação de comorbidades.
Elementos-chave da Síndrome de Dependência de
Álcool
1. Estreitamento do repertório;
2. Saliência do beber;
3. Aumento da tolerância ao álcool;
4. Síndrome de abstinência;
5. Alívio ou esquiva dos sintomas de abstinência;
6. Consciência subjetiva da compulsão por beber;
7. Reinstalação da síndrome de dependência.
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
Proposta terapêutica individualizada:
Entrevista motivacional;
Abordagem psicossocial;
Grupos de mútua-ajuda;
Farmacoterapia.
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
REPOSIÇÃO VITAMÍNICA
Tiamina 100 mg IM por 14 dias em dias alternados
Após:Tiamina 300 mg 1 cp VO ao diaÁcido fólico 5 mg 1 cp VO ao dia
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
DISSULFIRAM (1940)
Álcool Acetaldeído AcetatoÁlcool
DesidrogenaseAldeído
Desidrogenase
Manejo da Síndrome de Dependência de
ÁlcoolDISSULFIRAM (1940)
Álcool Acetaldeído AcetatoÁlcool
DesidrogenaseAldeído
Desidrogenase
• Inibição da dopamina β-hidroxilase
• Contra-indicado para pacientes com comorbidades
clínicas
• Dose: 500 mg/dia por 1 a 2 semanas, após
manutenção com 250mg/dia
• Início no mínimo 12hs após último uso de álcool
• Tempo de tratamento: 3 meses a 1 ano
• Termo de consentimento (interações e meia-vida)
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
NALTREXONA
• Antagonista opióide: ação sobre o craving e sobre a euforia
ligada à ingestão de álcool
• Dose: em geral, 50 mg/dia
• Início 3 a 7 dias após o início da abstinência
• Tempo de tratamento: em média, 3 meses
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
ACAMPROSATO
• Em uso para o tratamento do alcoolismo desde 1996
• É um análogo gabamimético – mas não interage com o
álcool ou com benzodiazepínicos
• Dose: 1332 mg/dia (1 cp VO 3x/dia)
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
TOPIRAMATO
• Inicialmente um anticonvulsivante, em estudo para o
tratamento do alcoolismo (agonista gabaérgico)
• Dose: 200 a 400 mg/dia (início com 25mg/dia, com
aumento gradativo em 3 a 8 semanas)
Manejo da Síndrome de Dependência de
Álcool
Perspectivas futuras:
• Baclofen (estimulante gabaérgico)
• Nalmefeno (antagonista opióide)
• Ondansetron (antagonista serotoninérgico)
• LY686017 (bloqueio de receptores de neuroquinina 1)
Referências Bibliográficas
1. Dependência Química, Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas. Diehl, Cordeiro, Laranjeira e cols, 2011.
2. O Tratamento do Alcoolismo. Edward, Marshall e Cook, 2005.
3. Usuários de Substâncias Psicoativas. CREMESP/ AMB, 2003.