Luz e Vida_N01_Fev1905

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  • 5RIE 1- N. 1 f evereiro e 1905

    . .

    (uisa ffiicbet

    lia j algum tempo que no perten\..l:!'oo--"' ao nmero dos que vivem lutando pela verda-deira Vida, Luisa Michel, a famosa Virgem Ver-mellza, Luisa Michcl, essa nobilssima, inolvi-davel figura de Mulher, 'esse perfil augusto de Revolucionria. Desde alguns meses que uma doena terrvel a havia derribado; resistira-lhe -infelismente por pouco tempo.

    Todos os jornaes franceses, enganados por intempestivas noticias, lhe tinham consa-grado ento sentidos necrolgios que ela lra, experimentando assim o goso extranho de as-sistir, antecipadamente, ao seu prprio entrro.

    E, coisa curiosa, que foi, para aqula pobre alma sofredora, o melhor lenitivo, -mesmo os seus mais acrrimos adversrios haviam deposto armas peran te esse tmulo que julgavam aberto.

    O prprio Oanlois e a Libre Parole., esquecendo, por uma hora, o papel revolucio-

    mirio que essa nobre Mulher havia desempenhado, dedicavam sua morte as mais sincras frases de desconforio e srntimento.

    E' que do perfil moral de Luisa Michel, a boa, a santa Luisa, irrad~ava tal esplendor ele bondade, de desinteresse e d'abuegao, que jmais as mesquinhas pai-xes politicas, os pequeninos preconceitos particlarios, conseguiro, sequer, escu-renta-lo ...

    * * *

    Lusa J\\ichcl foi, no pnnc1p10 de sua carreira, mulher de letras. Compunha ento versos por onde pe1passava um forte spro de misticismo, novelas, libretos, etc. Segundo as suas moa estas expresses,

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    E' esse o prnblema intrincado que todos os estreiantes se formulam um belo dia ... A obra a que Luisa Michel. havia dado ento as derradeiras pinceladas, ra

    um poemto tendo por tma a Morte de Gilberto, assunto, afinal, inofensivo.

    Quanto a esse livro, acrescentava ela, deixe-me dizer-lhe que o no con-sidro m11. E eis aqui porqu: tendo tomado para here um autor desgraado, semeando ao acaso, nsse livro d

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    fracos, pelos deserdados, pelos miseraveis, pelas vtmas duma organisao social apoiada sobre o Crime, formada pelo Roubo e pela Expoliao! Em vs de pleitear a sagrada Causa dos Sem-Po, pena em riste, como a princpio imaginra faser, foi diretamente ter com eles, despojando-se, para os ajudar, do que lhe pertencia, parti-lhando os seus sofrimentos, nutrindo-os com seu po, dando, com seu ltssimo exem-plo, lies inesqueciveis de Virtude s proprias damas da aristocracia, que publica-mente a elogiavam.

    No quer isto diser, de frma alguma, que Luiza Michel houvesse sido, lite-rariamente, uma perfeita nulidade. No. Se no pde ou no quiz ser, na Arte, uma estrela de primeira grandesa, deixou, em compensao, bem afirmado um ldimo ta-lento, uma clara intel igencia. A comprova-lo, os trabalhos que, sob os titulo de His-toire de la Comune1 N adine, Le coq rouge, Le monde nouveau, La misre, A travers de la Vie, e outros, nos legou.

    O seu amor entranhado legio inumeravel dos Calcados, dos Esmagados, a sua abnegao por todos os que tinham fome de Verdade e sde de Justia, fasiam-na implacavel para com todos os tirnos, cheia d'odio sagrado contra todos os mus e todos os dspotas:

    Se eu estivesse no logar do presidente da rpublica, abriria os bancos e as prises, e a Frana seria imediatamente renovada. Quando a sociedade mo-derna, cavrna escura de ladres, fr destruda, a harmonia e o amor reinaro en-tre os homens!

    A sua participao na Comuna, as suas prdicas veementes, as suas estrepit-sas manifestaes, do bem o conhecimento do seu carter varonil, do seu tempera-mento inabalavel de Revoltada. O rasgo extranho de perdo praticado a qdando da tentativa d'assassinato contra ela, por banda dum semi-doido chamado Lucas, d bem a medida da grandesa da sua alma, das inestimaveis qualidades aftivas do seu co-rao virginal: -

    Deixem o homem! No foi a mim que ele tentou matar? O caso co-migo s, pois, e ninguem tem nada que vr com isso! Esse desgraado tem mu-lher e filhos .. . Se eu no quero que lhe faam mal algum, que teem vocs que se meter nisto? !

    Ha j algum tempo que no petience ao numero dos que vivem lutando pela Vida verdadeira, a Vida d'Amanh, Luiza Michel, a Virgem Vermelha, - Luiza Michel, essa nobre, colossal figura de Mulher, esse perfil augusto de Revolucionria. Deu o corpo, emfim1 alquima misteriosa da Terra.

    A memria d'Ela jmais se desvanecer, porm, do crebro de todos os ho-mens de Corao, do corao de todos os que amam a Verdade e pelejam pela Justia.

    Luiza Michel a santa que todos ns devemos pr em frente aos olhos de nossas Esposas, de nossas Companheiras, - para que estudem no seu exemplo de virtude imaculada, d'abnegao, d'amor, de desinteresse extraordinrio pelos Esma-gados, pelos Ns, para que aprendam nas palavras altssimas que lhe tombaram dos lbios - a ser Mulheres e Revoltadas!

    1905. ADAM BUVIER.

    Sofre-se como se toma o ar: naturalmente.

    TOMS da FONSECA.

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    .. A MORAL RELIJIOSA

    Ora GNTI SEAUT0:-1 a inscripo que sobre a porta do telllplo de Delfos chama a ateno dos hu111anos para uma auto-inspeo 111ental1 para um exame pro-prio da sua consciencia. . Como muito bem pensa o metafisico Hegel, (Philosop!tie de l'esprit, trad. de

    Vl'ra, Tomo 1.0 , pag. 1 ), esse preceito encerra a iclca do conhecimento da pura e ver-dadeira essencia do homem. Di: bem o inimigo ele Schopcnhauer. S se conhece bein o homem quando houver uma idea nitida do que a sua personalidade, considerada na mais requ intada abstrao, na sua 111ais extrema simplicidade. Reunindo todas as suas qualidades, enfeixando-as por assim dizer, fazendo-as convergir para um ponto 111101 adquirimos as suas mais variadas manifestaoens e encontramo-nos em frente do sr, idea irreductivel, accessivel a analyse propriada, a estudo proveitoso.

    J:. d'esse estudo qu.c nos \'em o conhecimento ela norma da existen:ia, da meta, que, na evollio, no o sendo, no-lo parece, comhtdo, arrastando-nos, por tal, a confundi-la com o principio teleologico.

    E o que a norma da existencia seno a mora l? Ora o problema moral ur1 dos mais complexos, um dos que maior ateno

    requer,' pela sua poderosa i nterferencia nas acoens humanas. e, por isso 111s11101 no modo de ser das proprias sociedades. "

    A elle andam ' ligadas as questoens mais serias da intelligencia porque hesta que elle se orgina.

    E assim que tendo a intelledualidade humana passado pelos tendenciais trez estados da lei de Augusto Comte, vemos que aos estados teologicos, metafisico e po-sitirn correspondem trez variedades de moral.

    E porque nos encontramos num momento de mera passagem, a moral d'hoje ainda no a verdadeira.

    Olhando a moral nu111 aspecto amplo, ,geral, completo, encontramos dois cam-pos absolutamente definidos, caracterisadamente distanciados: a moral humana e a tricfral reli] i6sa. ,

    Esta que abranje os dois perodos da intelligencia (o teologico e o metafisico) 11o por isso s referente ao catholicismo - mascara garatujada das doutrinas d Christo - mas sim referente a todas as relijioens que tm desde longa data amoldado O. esprito humano a Uni V\'er parasitario, subseniente e indigno.

    A 111ora1 d'hoje e nesta designao encerra-se a moral relijiosa um codigo elaborado r)elo precohceito a favor d'alguns contra outros.

    Btichner, no Fora e Ma teria, diz: ~ O Paganismo estabelecia como virtude e) odio aos iniri1 igs; o christia11 is1110 manda-nos que os amemos. (Trad. franceza' de Rcgnard, pag.' 394). . =

    .- A lei moral inata ou imperativo caiegorico de f(ant, diz na nota da pagina seguinte, o materialista allemo, hoje repudiada ~ .

    -o, deve se-lo. A moral a resultante da complicao organica duma raa submetida a umas determinadas circunstan

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    s ha as sciencias naturais e 1sta designao abranjo a Economi~ Poljtica.; ellas-st). a sisfcmatisao das leis qpe rejctll a existe1Jcia, so o conjuncto do~ princpios iv!1~_: rentes - propria existencia e porisso essas leis no f ora111 inveniadas, fora111 dcscoheda;;. Mas porque o foram pode dizer-se que a harmonia {principio abs,ql_uto) reina 1a. n~-tureza? . . . .

    No. A harmonia harmonia segundo ns, harmonia e~clusi\'a111ente relativa. A moral modifica-se maneira que a sciencia se enriquece, que o esprito

    nrnior numero de factos abranje, que se mudam ns proprias condiqens materiais da ~xistencia. (Letourneau, Science et. Matrialisme, pag. 284-285).

    Elia. diversa de individuo para individuo, de povo p~ra povo, de raa j)ar.a raa, e d.e epocha para epocha. Unifica-la como pretende fazer. o catolicismo uma insensatez. O proprio catolicismo o reconhece, pois que tem vindo num caminhar d~ continuas transijencias, de amoldaoens constantes. Quand il est le plus fort, il eni~ prisonne ou il tue; quand il cst le pl us .faible, il pleure et fl att~ndrit. > (Eugenc Pel-letan, Les Uns et Les Autres, pag. 109).

    Os preceitos morais que os Evanjelhos apresentam tm sido apresentados sob os mais multiplos aspectos de hermeneutica, atendendo-se sempre ao mr proveito que possa advir. Pro\'eito para quem? Para a collectividade- humana? No. Para .a cotterie ambiciDsa que se afirma crente num deus em que no cr, respeitadora dum deus que no respeita. . . . .

    Porisso a marcha do catolicismo no tem sido ascensional, mas degradante, baixa e. imbecil. .

    Elle no tem prncurado arrancar as 1}ntl tidocns a qma .. escravido cconoo1icil intoleravel, a uma into leravel es.cravido poltica. Elle no ten} pu$ado hannqnizaf humanamente as pretensocns barbaras do capital com a~ reclamaoen.s justas dQ tra-balho. Elle no tem tentado satisfazer a ancja de l.t1z da~ almas, .. nem a fme cruel das boccas; tem em compensao, tratado de, por todos os meios, . engrandecer-se,. ip1-pr-se, insinuar-se, desmoralisando, insultando, bestificando consciencias e cerebros.

    A base da sua moral fundamentalmente egosta: comment serais-je heu-reux de soufrir la faim, la soif, les maladies, l'opprobre pour le bi~n des autres, si je n'en dois pas tre rcompens? , .

    No um jacobino quem diz isto, no ~ ateo quem isto escreve, no 1J1aon quem isto pensa, no livre-pensador quc1:n estas palavras nos .lana .. E' Q ab.ade Oui-not num folheto de propaganda (Faut-il une relijion? pag. 38)., Isto no o egosmo social; no a utilidade das multicloens, no o egosmo . de Stirner, hega a ser to cruel como o egosmo de Nietzche. E' o mero bem estar do i_ndividuo

  • LUZ e VIDA

    embrulhada de palavras de tal ordem que a gente fica impossibilitado de dar uma res-posta definitiva. E' afinal o processo seguido por quem no sabe o que diz. Escreve o jezuita: Na opinio de S. Tomaz e doutros teologos, no houve idolatria antes do diluvio i>. Mas dado que a houvesse, Deos no castiga quem o no merece, e de resto Deos bem sabe o que faz . (Respostas populares s objeoens mais comuns con-tra a relijio, trad. de Jos Franco de Souza, tom. 1 pag. 15-1 7). Pois sim, pois sim!

    A zero. Mas o que demonstrado fica que a crena nniversal em deos, , hoje,

    inadmissivel. Assim, no bate celio a affirmativa de que a moral relijiosa seja coisa de monta, imponente e grande, pelo orbe acatada, ou, pelo menos, atendida.

    Mas, excerpto dum ensaio, sem pretensoens, sem resaibos de erudio ba-fienta ou profunda, no toleravel que, casualmente abordando o caso de consenso unanime, nos alonguemos por'hi fra. Outro rumo levamos.

    De comeo se disse que a moral uma mera conveno e em ensaio anterior se demonstrou que na Natureza no ha Bem nem ha Mal.

    II n'y a dans l'tat de Nature. ni juste, ni injuste. (Spinoza, trad. de mile Saisset, thiqae, IV, prop. 37, schol 2). Sim? Mas brada Schopenhauer: Si le monde est une thophanie ... il n'y a plus de moral (de monde comme volont et comme reprsentation, trad. de Burdeau, pag. 402 do tomo lll). Ahi temos por linhas tra-vessas a condemnao do catolicismo, os princpios da sua moral.

    Se o mundo manitesta.1o de deos, as obras ms como as boas obras por deus so causadas. A objeco livre-arbtrio sabida mas no pega. O proprio co-nhecimento das regras de conducta a condena. Mostrar o bem, mostrar o mal, j, de per si, consequentemente, determinar. Dar li berdade a quem, sabendo-o ns an-teriormente, vai cahir por via dessa mesma liberdade, num abismo, criminoso.

    De modo que com a pretensa inveno misteriosa do universo sr a ema-nao da essencia de deus, o catolicismo arranja lenha para se queimar, desfaz o que primeiro construi ra: a sua moral.

    Mas nem s com isso : com o seo procedimento, tem bem. Para se prgar uma doutrina necessario, primeiro que tudo, ter-se auctoridade.

    Bouddha abandonou riquezas e palacios, grandezas e lar; arranjou adeptos. Christo chicoteou os vendilhoens, perdoou adultera, passou faminto e entediado pelas praas, deixou-se crucificar; conseguiu crentes. l(ropotkine desprezou garantias e hon-ras, rasgou os pergaminhos heraldicos e a farda de prncipe e fo i para o exlio sonhar o verd?deiro rejime do Amor e da Verdade; hoje um santo.

    Ora o catolicismo no. As ordens relijiosas, a nata dos productos catolicos, esto gravadas bem flagrantemente no breve que extinguiu a Companhia de Jesus. Clemente XIV histora nesse notavel documento, a piedade, a humildade, a resignao de muitas dessas ordens a comear pela Ordem Regular dos Humilhados extincta por Pio V at Companhia de Jesus. E dizia elle:

  • LUZ e VIDA

    NAS BA R RICADAS

    A Marcellino Correia

    Eis-me na luta emfim ! Perguntam d'onde venho, Minha patria qual , quem sou e o que procuro ... J-lomens! venho buscar aquilo que no tenho, Alargar eu tambem a estrada do futuro!

    J-la q11anto tempo que eu, viseira desprendida, Venho correndo atraz desta miragem linda, Miragem que talvez no tocarei na vida, E meus filhos depois mal gosaro ainda.

    Desherdado da vida, olhos no cu distante, Resei, cantei, chorei, cavando a terra exa11gue, Mineiro e cavador, soldado e navegante, Minha estrada reguei com lagrimas de sangue.

    Uma manh, sentindo a fome no meu lar, Peguei n'uma sacola ao hombro e fui pedir, A vr se alguem me dava um po para jantar, A vr se alguem me dava um leito onde dormir.

    E do mundo atravez, sofrendo e mendigando, A dor no corao, tal qual a sinto agora, Aos palacios bati, a vida suplicando, Mas lanavam-me os ces para me porem forn.

    O' sonho virginal d'essa existencia pura, Em que eu sonhava o mundo e os homens irmanados: Nossa vida afinal como a noite - escura -Onde ha feras mordendo e uivando aos deshcrdados.

    Ah! antes tu, luz do sol, nunca me visses! Pois que vale eu viver n'esta miseria, quando Outros comem meu po, como ao guerreiro Ullisses Do seu proprio palacio s portas esmolando ?

    A vida! o que p'ra mim, sem norma e sem direito, Pobre filho da terra, obscuro, acutilado? Os assassinos tem-me engatilhada ao peito Uma espingarda, - eu vou morrer assassinado ...

    Embora! ho de encot11rar-me alerta, no meu posto, E hade descer a noite e a aurora hade subir, E quando o sol divino iluminar meu rosto, Os que me vem seguindo ho de depois fugir.

    No emtanto pesa a dor e eu vivo subjugado Ao peso d'essa dor, a dor que ninguem tem ... O' morte entrando noite ao quarto do noivado! O' lngrima d'um fi lho ao colo d'uma me!

    1.

  • LUZ e VIDA

    Na rua choram mes e os filhos pedem po, Operarios sem lar \'O maldizendo a \'ida ... o meu povo, or.de est quem te estendia a 11110, E te enganou, falando em Terra Prometida?

    Conheo bem que a nossa independencia morta, t: que s um sangue bom pode ressuscitai-a. Que se derra1ne, pois! Mo1Ter: viver que imporia Se os que ficam depois de ns vo alcanai-a?

    O ferro j lam1Jeja ao lume das forna lhac;, Nas vigornas esto-se amalgamando enxadas ... E' isto a que- se chama o sopro das bala lhas, Companheiros, assim que se fabricam espadas.

    Temos j os ps em sanglle e esfarrapada a farda, O' terra', nossas mos, vida no pode111 dar-la . Mas sabemos pegar inda n'uma espingarda Saberemos morrer como um soldado cm Esparta.

    1\fas ai! onde que ests, luz da felicidade, Quando te mostrars, Terra da PromisS

  • LUZ e VIDA

    UM CRIME -CELEBRE

    Ficava a matar como nome-reclamo duma pea diamatica e no passa da intitulao dulll facto triste, com desfecho previsto no codigo penal, que faz cocegas no organismo porti1guez e empresta um pouco de vicia externa, l'ra de casas, mes-quinha cidade provinciana.

    E' o crime chie, como podia ser o \'estido demier cri. Ambos despertam a atteno e se discutem, se analysam e se amam, ambos causam o espanto dos que o veem passar, entre a fora publica ou entre os adoradores senis, a caminho de casa, palacio ou pen itenciaria, pelos bou!evards ou pelas vielas. Entram, .egualmcnte, na categoria dos factos sociais, sa111 revelaes idcnticas da mesma al111a universal e figu-ram no jornalismo - seja no Noticias seja no Mundo Elegante.

    Amanhii, por uma coincidencia bisarra que no consente que se affastcm as coisas all iadas, apparecem como walsa ou como poema e na propria historia, que ns nos habituamos a respeitar, fora de palmatoadas na escola, como a senhora honesta, lei estaro, indissoluvelmente gemeos, para caractcrisar a feio duma epoca e dar ras~o de ser ao penoso labor intellectual dos sabios alfaatcs ou legistas.

    A logica social, tam fria e tam cruel, une assim os 111ovi111cntos da rna sob o mesmo aspecto, sob o mesmo valor, sob a lllCSma ne\TOSe que os gera e que os admira e liga-os ainda na cr as chapadas de S:!ngue que o punhal faz espirrar do peito para manchar o p e tonificar os troncos duros dos c:irdos, e o lao, artstico e 111aravil!10so, da fila de \'elludo purpura dum chapeu, para descnvoher, rapidamente, o modo elegante cios laos, dos ns, das fitas e dos chapeus.

    E, como a loira, muito loira, mundana que agitou a novidade, a esquecida terra v-se, com um orgulho esquesito que se desabafa aos ch

  • 10 LUZ e VIDA

    A moda pega e declarar-se-ha constitucional, numa reunio do municpio ou numa sesso de irmandade e, quando ns quisermos dar uma festa, chamar forastei-ros, substituir o pobre do S. Torquato, j reumathico e aposentado, pensaremos e111 organisar, na capellinha da justia, o julgamento dum extraordinario crime, du111a causa de appetite.

    Alguem perder. As doceiras mudam-se, os pregadores bacharelam-se em direito. Porque, meus senhores, o sermo j parte integrante. O jurado aguenta-se

    como funccionario legitimo, especie de saca-rolhas de questes intricadas, por causa do discurso. O discurso tudo; fica-se para ouvir o discurso como na romaria para ver o fogo.

    Presentemente mesmo, a estreia dum advogado tem avolumado o interesse. A multido fita-o, a cada momento, como perguntando aos seus labios - que dirs tu? far-me-has chorar?

    E' uma ancia, uma febre que empilha na pequena sala tarn tragica e tam nua, os operarias e as toleradas, a elegancia e o clero.

    Chega a hora. O juiz sua para conseguir o silencio austero. E tudo saca do rclogio. A eloquencia mede-se pelas horas, critica-se pelo tempo - cinco horas: um talento, sete horas: um genio ! O reu absolvido e a pobre garganta do advogado no precisa de chlorato, precisa de concerto.

    Afinal, no crime que os snrs. jurados vam, amanh, sentenciar, eu encontro apenas um depoimento que merece registo especial. Em face das provas e pela opi-nio geral, o homem est condernnado.

    Os seus quarenta annos iro enterrar-se, sem que haja um unico grito de pie-dade, numa penitenciaria. A mo, que disparou a espingarda, hade procurar, num gesto de dor, a morte consoladora, a morte libertaria. O Zezinho de Segade, que um assumpto, passar a ser um enorme desgraado, que as leis mpias e a justia es-tupida dos homens esquecem, apodrecendo, sem moral e sem saude, na cella da in-quisio tenebrosa em que se no ri, em que se no geme. A sua fora impulsionante, perigosa, automatisa-se - um numero, um numero que trabalha, que come e que ouve missa. O recluso no ter um pensamento, na asphixia da sua individualidade, na medicina mortal do seu castigo e nenhum de ns pensar tambem n'elle.

    Foi o heroe dum dia! Da aldeia, onde era a festa, passou para a caverna he-dionda, para o tumulo de vivos, onde ser a besta.

    Matou. E, quando a victima arquejava afflicta, no carreiro infernal, sob o sol quente de junho, o assassino dava-se o majs louco suicdio, um suicdio demorado e solemne, um suicidio obrigatorio e coactivo. A agonia, enorme e obscura, um pas-mo horrvel em que se vai perdendo, anno a anno ou seculo a seculo, uma a uma as noes do caracter, uma a uma as foras do corpo.

    A lngua immobilisa-se, o olhar paralysa-se e as cellulas do cerebro, ordena-damente, dissolvem-se ou isolam-se e hoje o nome proprio que se esquece para amanh ignorar a existencia dum filho.

    Toda a cidade corre ao tribunal para o ver, num praser sensual e numa im-piedade execranda. Os jornais, speramente, gravam-lhe as feies. Haver rugidos de alegria, bravos

  • LUZ e VIDA li - -======--

    hade voltar para casa, s, eternameure s, sem amante p1rn o catre e sem pai para os filhos. A sua velhice principia, a sua morte comea, na aldeia aspera, fugida pelo monte com medo das mulhersinhas vi1iuosas, na soledade obscura onde no chegam as noticias d'elle.

    - O nosso pai ? O nosso pai ? Morreria? Quanto ter penado? S muito mais tarde, a Luiza o sentir quando

    a terra, sempre meiga, os transformar em novas foras, em novas vidas. Todo o drama se desenrola, custosamente, pergunta d'aqui, pergunta d'acol,

    na sala pintada de branco. Os jurados fingem reflectir. O escrivo dormita. O publico arrota.

    E a Luzia teima ainda, a Luiza mentir sempre. A mulher , mais uma vez, a companheira amorosa, a bondade persistente, o esforo divino.

    Os filhos do condemnado, por quem a desgraada luta, a quem s a desgra-ada ama, podero, um dia, saber de seu pai. Que leiam os jornais, que nos pergun-tem por elle. Recordando nma coisa interessante, entre quatro fumaas de charuto, ns contar-lhes-hemos, pandegamente, esta historia do crime celebre.

    - Vosso pai? o magano! Um julgamento que durou oito dias. A nossa memoria reproduzir mesmo algumas phrases mais salientes dos

    discursos. Mas, porque no nos julgaro a ns, cidade e ao pas, os filhos do Zzinho

    de Segade? Porque no hamde elles vingar-se da burguezia dominante e dizer-lhe que os crimes de seu pai sam os crimes que ns praticamos, de que todos ns so-mos auctores?

    A velha Oermania, communista e pag, de mulheres castas e de homens ro-bustos que punham em fuga, com o seu aspecto varonil e os seus cabellos abundan-tes, as hostes romanas, avilta-se e crapulisa-se sob a influencia da emigrao das suas raas e da propagao do christianismo.

    A coexistencia de elementos heterogeneos degenera o povo germano, sensua-lisa-lhe o amor e a caa, ergue um contraste doloroso entre a sua cupidez evolucio-nista e a sua personalidade sehagem.

    As mulheres adornam-se, os homens embriagam-se. As filhas dos principes dedicam-se diplomacia politica, os padres christos e os homens livres adoptm a polygamia.

    As leis da naturesa sam eternas e immutaveis. A decrepita burguezia, ao peso das suas paixes contradictorias e na luta

    reaccionaria contra as ideias luminosas de justia e de verdade, refocila-se no lamaal immenso dos seus vicios e, avaramente, no grande receio do sol que vai nascer, se-pulta na penitenciaria as provas dos seus crimes, as victimas da sua ignominia.

    - Mai, mai ! porque matou o pai aquelle homem? E a Luiza santifica-se na mentira.

    Guimares, 20 - Dezembro. 904 EDUARDO D'ALMEIDA.

    O Anarquismo, em toda a sua puresa, um sublime Ideal que as sociedades modernas vo dia a dia, realisando. Incrimin-lo , sobretudo prova d'ignorancia.

    DR. BERNARDINO MACHADO.

  • 12 LUZ e VIDA

    . '

    6' ,,

    A A ~A l~ QU IA 6 c'.J. O HDEl\1.

    Quasi todos os princpios fram admitidos com iguaes rases e idcntcos mo~ ti".OS .c-0m .qpe o fram os :Princpios religiosos. Primeiro uma conc~o que pareceu boa; mais tarde uma lese que ~e julgou i.11sta; cru ~egu ida, as sociedades que surgi-ran1 ~.p~ a doqtrina proclamaram-na corno indiSCl\live\ - o d.gma. O p1:incij)i da autoridade !an1be111 c.l'ess'arte foi formado; depois os homens imaginaram que sem

    a~1toridade no .Podiam viver, ignorando que os seus antepassados para nada pre".. cisaram dla. .

    Hoje a Anarquia o cos, e aceitamos tal principio sem admitir rases. A pr\'a disto .tudo fornecem-no-la os sculos. J\ \as quem nos . diz que a Anarquia a desordem? Os sabios que escreYem li\TOS e publicam dicionrios. Chega a ter graa, a coisa. Ac_aso so eles Anarquistas_? l'\o; so inimigos da Anarquia...

    Que nos diz o padre acrca do li\'re-pcnsamento? Que muito mu. Que diz o , livre-p~n.salor, do catolicismo? Que peor. Que diz ~ rpublicano, da moriarqtli~( Que uma frma de governo contraria c li berdade. Que diz o monrquico, da._r: publica? Que a morte e.los principios santos. Que h~o de, pois, diser. os autoritrios, da Anar.quia? ,Que a pilhagem, o deboche, o roubo, _ o assassinato, etc. E' lgico. , A Jpublica de\e ser o que dla nos disem os rpublicanos; o livr~-pen~-111ento o que dlc nos contam os livre-pensadores; a monarquia o que dla nos nar-ram os mona1:quistas, e o catolicismo o que dle nos ensinam os catlicos. 's Ol-tros, os Anarquistas, achmos pssimos o catolicismo, a monarquia e a rpublica, pelo que dles nos disem os seus partidrios; os nossos inimgos acham formoso em ex-cesso o que disem da Anarq.uia os Anarquistas; depois, porm, forjam uma anarquia paiiicular e brigam contra a conco que clles, inimgos da Liberdade, se fonnara~n da Aaca. /\ Anarquia no o que dise111 os autoritrios; a Anarquia , . to s o que disem os Anarquistas. Por isso a amam. Por isso a defende111.

    Raciocinc111os. Toda a necessidade sentida pela nat11resa do homem ju5ta; a qo satisfao

    dla infre um ataque Vida, antepondo uma conco errnea, imposta pelo fana-tismo e pela ignorancia, a um pedido, a uma exigencia da naturesa humana. As mani-festaes dsta nature

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    impossin~I. Qt1t esses pensem n leo ericerrado na jaula, o qual, no dise1: do 'do mador o verdt.go no p

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    o que os maiores scientistas da atualidade afirmam, e uma verdade que ninguem, raciocinando, se atrever a negar. Os factos a provam. .

    Quem no notou ainda as influencias diversas que o calor e o frio exercem sobre o nosso sr? De vero o corpo alquebra-se, uma sonolencia grande nos invade ... d'inverno o estmago reclama mais alimento, ganham-se foras novas ... Que mudana se no opra em nosso humor, em nosso fisico e em nosso intelecto, para ns, ho-mens da cidade, com o viver alguns dias em pleno campo? Depois, quem no des-culpa a um homem adoentado a sua irritabilidade, a sua preguia? Quem no sabe que influencias exercem no corpo e no esprito as deficiencias ou m organisao das refeies? E a hereditariedade? E no estar mais sujeito do que outro qualquer a cometer um assassinato - um soldado, a quem ensinaram a matar e que era digno e nobre o matar? E no exercem influencia alguma sobre o individuo as boas ou ms leituras? E a educao? No frma, no modifica o caracter?

    A nica liberdade que o homem posse, meus caros, a liberdade d'ao. E' senhor de proceder - depois de haver sido determinado. A no sr assim, como con-ceber a abstraco Sociedade? Pois que uma sociedade? Um grupo, uma falange d'homens ligados para um fim comum - a Vida - , e imitando-se uns aos outros. Por-que no realisamos ns, Anarquistas, em particular, na nossa vida individual, a Anar-quia que apostolisamos?

    Porque s111os determinados pelo meio ambiente a viver uma vida que nos no agrada. De resto, na Naturesa no ha Bem nem Mal. Ha, to s, fenmenos v-rios, efeitos das causas determinantes.

    - Ora, sendo isto tudo assim, consoante , como reformar o corao humano, se os mus sentimentos - a intriga, a hipocrisia, o vicio, o roubo, etc. etc. - que, hoje em dia, se encerram a dentro do corao do homem, so o fruto dsta mesma so-ciedade contra a qual nos levantmos? Como faser cessar o efeito, sem destruir a causa?

    No, meus amigos, a Anarquia uma verdade inabalavel. E' a vida do futro, quer o queiraes quer no. Ela ha de nos ser trasida pela Revoluo Social prxima - Revoluo que eu no aconselho, no propgo, mas que presinto. Todos ns con-corremos para ela a gran Libertadora! O inventor que nos apresenta um novo mo-delo aperfeioado de mquina, aumentando a legio inumeravel dos Sem-Po, dos descontentes; o propritario duma tipografia imprimindo-me, para aumentar seu ca-pital, a revista, o jornal, ou o folheto com que auxilio a propaganda; o prprio ds-pota, o tirano, o verdugo, fazendo perder ao povo ingnuo a confiana nos governos, provocando revolta os mais timoratos.

    Ela vir, ela vir - a gran Libertadora. E depois, quando, para conseguirmos o Po, no tivermos de nos curvar ao jugo patronal, fingindo amisade e dedicao pelo que nos aluga, mas, hipocritamente, odeiando-o com cordealidade; quando, para conseguirem o que todas tem direito a possuir, mulheres no precisarem de vender trpemente o corpo; quando, sendo tudo de todos, no poder existir o roubo; quando, para faser js a um punhado d'oiro, um homem se no comprometer a assassinar outro, quando, em sma, para viver, o homem no precisar de sr mu, falso, hip-crita e canalha: ento a Humanidade ser feliz; ento os homens sero bons, puros, mansos; ento a Paz, o Bem, e o Amor reinaro na Terra.

    At l - no.

    ANOELO JORGE.

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    f'OVE ANOS D'IGNOMfNIA

    ( 13 d.e F eve:rei:ro - 1 896 - 1905)

    Nove anos d'ignomnia, sim! Nove anos d'ignomnia que, nste momento his-trico d'insaciavel investigao scientfica, representam acaso cem anos de cerrada treva intelectual, de cruel fanatismo, d'estpida opresso! Nove anos d'ignomnia que rebai-xam, aviltam e emporcalham a Conciencia Humana, calcam, en lameiam, prostituem a dignidade especfica! E' o homem tornado bsta. E' o cidado mudado cm escravo. E' a justia dos homens do sculo da Sciencia, que regressa aos tempos ominosos da Inquisio. E' a infamia triunfante. E' . o assassinato da Raso, o apedrejamento da Verdade!

    * "' .

    Encarcerar o Pensamento Humano! Onde se viu a maior infmia, mais tre-mendo ataque Raso e Sciencia? Pois se os meus pensamentos so o resultado dirto das minhas sensaes, das impresses que recebo do meio social ambiente, como pretendeis proibir-me de pensar dsta ou daqula frma, como pretendeis evi-tar que eu pense de maneira di\rsas daqula a que sou, fatalmente, obrigado a pen-sar?! Arrancai-me, ento, os olhos com que vejo o tumultuar contnuo das paixes humanas, com que leio o que as maiores cerebraes do mundo escreveram e os ti-pgrafos e impressores me dram em livros ou em jornaes. Tapai-me os ouvidos com que escuto os lamentos, as imprecaes de milhares de desgraados, com que ouo a palavra de meus semelhantes. Privai-me do dom natural da palavra. Privai-me do ol-fto e do tcto. Abri meu crebro, esvasiai-o. E ento - se podeis conceber a vida in-dividual nsses termos - eu deixarei de pensar!

    Encarcerar o Pensamento Humano . .. Nsta frase, assim despida de atavios, resume-se, condensa-se, concretisa-se

    toda a vossa infamia, toda a vossa indignidade, toda a irracionalidade e toda a des-umanidade da vossa justia hedionda - oh homens do Governo, oh carrascos da Hu-manidade!

    * *

    E num paiz cuja religio oficial se diz apoiada nas doutrinas de jesus Cristo, e numa sociedade que se diz crist, - que tais tos d'iniquidadc se praticam, que tais infmias clamorosas tem logar!

    Mas Cristo, oh burguses! foi um bom - e ,s sois infames. Cristo, oh ho-mens do Governo! foi cheio de perdo - e \S sois intolerantes. Cristo prgava a hu-mildade, e ra um humilde; prga,a e egualdade e a frate1 nidade, e oferecia metade da sua tnica aos que um farrapo no cobria. E \S, burguses ! e vs, homens do Governo! sois os zanges da colmeia social, sois os parasitas do trabalho, sois o monstro de fauces sempre aberlas, prontas a tragar quanto de bom, quanto de util e de necessrio no mundo prodz esse etrno Condendo, esse etrno Expoliado que se chama - o Trabalhador!

    Discpulos de Cristo! ... Ah! sim, vs o sois! - o discpulo traidor que vende, a cada passo, por um

    prato de lentilhas ... Andasse ainda pelo mundo o meigo Rabi da Galileia, com sua tnic(singela

    e suas alpercatas, a prgar a Egualdade e a fraternidade, a incitar guerra santa .aos opressores e aos tiranos, a apostolisar a ps e o amor entre os homens, ele que foi,

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    tal vs, o primeiro A11arq11ista de todo o mundo, e vs, burguses, e vs, homens do Governo! manda-lo-eis para o degrdo, a apodrecer o magro crpo anemisado na in-fo dum charco nauseabundo!

    t-lomens do Go\erno ! Se este sangue impetuoso que me esta nas \'eias po-desse acaso pagar a vida, a li bertao dsses centos cl'infelises, de desgraados, que a vossa arbitrariedade, que a \'Ossa monstruosa iniquidade condenou morte lenta, a mais horrorosa de- todas as mortes, ah! eu deixa-lo-ia correr bem vontade, com a satisfao e a conciencia de bem ter cumprido o llleu dever de homem!

    Nada vale o sacrifcio duma vida, porm, cm tal conjuntura. Ergo, no emtanto, eu tambem, a minha vz indignada, e sem temor, brado

    aos vossos ouvidos indiferentes : - Rerngai ! revogai a lei scelerada de 13 de Fevereiro de 1896 ! N'oye anos d'ignomnia, que ho rebaixado Portugal condio do mais in-

    digno, do mais vi l dos paizes do mundo, s.1o o suficiente, j. Basta! basta d'opresso !

    Basta cl'iniquidade! Esmagai, calcai, pulverisai essa lei traidora, essa lei infcta, essa lei-imunda!

    essa frca, esse calvt\t"io, esse padro de bestificante ignomnia! No uma s1plica, isto, splica feita de joelhos, erguida de mos postas. E'

    uma exigencia. Exige-o a Conciencia Humana. Exige-o a Raso. Exige-o a Sciencia. Homens do Governo: basta! basta! ...

    13 1 B LI OG lxAl~' IA

    NS.

    IL TRAMO TO DEL DIRITTO PNALE. Luigi Molinari, diretor da in-teressantssima revista italiana < L'Universit Popolare, apreciada sobretudo pelos so-cilistas e pelos anarquistas scientficos, acaba de publicar um gracioso volumesinho intitulado /l tramo11to del Diritto pnale, cheio dum vivo interesse, onde o atltor com-bate \'alorosamente pela verdadeira Justia. Recomenda-se essa obra a todos os ho-mens d'esprito independente, bem como queles escritores que necessitem documen-tar-se para lutar contra o que se convencionou chamar - a justia burguesa, e tentar substitui-la por uma justia real, em harmonia com as aspiraes modernas. Preo, ! lira. Pedidos revista ~ L'Universit Populare, 13, via Tito Speri, Mantova (Itlia)

    Henri Zisly. ALRTA. Ano 1.0 N.o 1. Dirtor, Domingos Ferreira. Secretrio de redao,

    I'rancisco Guimares. E' um novo e bravo combatente que vem tomar seu posto na falange dos que lutam pelo Bem. Este 111111ero inicial traz o sumrio seguinte: O nosso aparecimento, A Redao. Blasfemias, Heliodoro Salgado. - O pssimismo, Angelo Jorge . ..: A montaria, Ouil!terme de Sousa. Abutres. Importante, A Redao.

    Avulso, 20 reis. A' venda cm nossa administrao, e na sua redao, em Barcelos.

    EDITOR RESPONSAVEL j oaq11 /m do Carmo.

    TIP. UNIVERSAL Trav. do Cedofeita, 54