Luciano Vasconcelos Antunes Companhia Paranaense de...
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XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica
SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro
Curitiba - PR - Brasil
Luciano Vasconcelos Antunes
Companhia Paranaense de Energia
Utilização de Silhueta de Ave de Rapina a Fim de Evitar a Nidificação de Aves Silvestres em Subestação da
Copel Distribuição
Palavras-chave
Barramento
Ninhos de pássaros
Subestação
Resumo
Este artigo apresenta a solução adotada, utilização de silhueta de ave de rapina em subestação da Copel
Distribuição, que tem por finalidade erradicar a formação de ninhos de pássaros silvestres nos equipamentos e
no barramento da Subestação Carambeí 34,5 kV.
Uma solução que apresenta baixo custo e tem como objetivo minimizar a atuação de equipes de linha viva no
atendimento a chamados para remoção de ninhos e melhorar os indicadores de qualidade da Copel Distribuição.
Consiste na instalação de silhueta de aves de rapina que amedrontam as aves, as quais deixam de construir
seus ninhos, evitando assim eventuais desligamentos.
1. Introdução
Todos os anos, principalmente na época da primavera, a Subestação (SE) Carambeí 34,5 kV era invadida por pássaros
silvestres, principalmente da espécie Bem-te-vi. Este pássaro se caracteriza por construir seus ninhos nos lugares
menos prováveis e indesejáveis, tais como as instalações de SEs, especialmente sobre transformadores de força e entre
as buchas de religadores automáticos.
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Este comportamento de nidificação costuma trazer grandes riscos para a operação do sistema, bem como à vida do
próprio pássaro. Sendo o primeiro fato indesejável, ainda mais nos dias atuais, onde as concessionárias de energia tem
exigências regulatórias para os indicadores de qualidade, DEC e FEC, cada vez mais rígidas, sendo urgente a solução
deste tipo de problema.
Após algumas observações e sabendo que as aves de rapina são os predadores da maioria das aves silvestres, surgiu a
ideia da utilização de silhueta destas com a intenção de afugentar o Bem-te-vi e outros pássaros.
Utilizando para tanto a mesma lógica que é empregada em edificações com vasta área envidraçada ou com paredes
brancas, as quais se confundem com o horizonte, onde há o problema dos pássaros se chocarem contra estas. Nestes
caso a fim de evitar esta situação, instala-se silhueta de ave de rapina nas vidraças e parede. Com esta técnica, ao
avistar a silhueta de ave de rapina no falso horizonte formado pela vidraça ou parede branca, a ave muda a trajetória do
seu voo.
Em 2012, foi adotado o mesmo princípio na SE Carambeí, foram para tanto instaladas algumas silhuetas distribuídas
nos pontos mais elevados do barramento da SE. A partir da instalação das silhuetas, não houve mais registro de
formação de ninhos nos barramentos e equipamentos desta SE.
2. Desenvolvimento
2.1 - O PROBLEMA
A SE Carambeí localiza-se na cidade de mesmo nome e opera na tensão de 34,5 kV com potência instalada de 14 MVA,
suprida por 2 transformadores de 7 MVA e atendida de forma radial pela a SE Ponta Grossa Norte. Ela atende toda
demanda da região de Carambeí, que possui aproximadamente 21 mil habitantes.
A cidade de Carambeí tem uma economia forte, com um PIB na ordem de 910 milhões de reais. A cidade faz parte da
maior bacia leiteira do Paraná, junto com as cidades de Castro e Tibagi. Além da vasta área de plantio de grãos, tais
como soja, milho e trigo, ela possui também muitas granjas de suínos, perus e frangos que abastecem uma grande
indústria do ramo alimentício da região.
Figura 01 - Localização da cidade de Carambeí
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Figura 02 - PIB de Carambeí
Era uma preocupação muito grande da Copel resolver o problema de ninhos de pássaros, a fim de evitar o desligamento
geral da SE, o qual trazia enormes prejuízos para a economia da cidade e para Copel.
Cada desligamento desta SE gera um impacto sobre o DEC da ordem de 6538 clientes desligados a cada hora, sendo
31 destes de grande porte.
Nos meses entre setembro e dezembro, época em que os Bem-te-vis se acasalam, eram atendidas ocorrências para
retirar os ninhos da SE, em média 3 ninhos por ocorrência. Muitas vezes retirava-se os ninhos numa semana, mas na
outra semana já havia outros ninhos. Na figura 03 é mostrado o histórico das ocorrências atendidas.
Figura 03 – Número de ocorrências atendidas anualmente
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Cada ocorrência atendida consumia 4 horas da equipe de linha viva, gerando um custo de R$ 920,00.
Figura 04 - Custo anual da atuação da equipe de linha viva para remoção dos ninhos
O ninho do Bem-te-vi costuma ser bem volumoso, é construído com pequenas ramas de vegetais, podendo inclusive
utilizar material de origem humana: papel, plástico e fios. Seu ninho tem uma forma fechada e esférica, com a entrada
na parte lateral, diferentemente dos ninhos em forma de xícara, a entrada é pelo lado, medindo cerca de 25 centímetros
de diâmetro.
Figura 05 – Ninho em religador automático Figura 06 – Ninho em isolador de passagem
2.2 - A SOLUÇÃO
A utilização de silhuetas de ave de rapina a fim de afugentar outros pássaros dos barramentos da SE foi a ideia
levantada. Esta técnica é amplamente utilizada em edificações com área envidraça ou com paredes claras muito
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extensas, a fim de evitar que pequenos pássaros choquem-se contra a vidraça ou parede branca, utiliza-se silhuetas de
aves de rapina fixadas nas paredes e vidraças, a fim de afugentar as aves, pois ao avistarem a silhueta, as aves
desviam, a fim de evitar o predador.
Figura 07 - silhuetas de aves de rapina utilizadas em vidraças, a fim de evitar choque de pássaros
O que são aves de rapina?
Assim são chamados todos os pássaros carnívoros e caçadores. Os mais conhecidos são as águias, os gaviões e os
falcões, mas também fazem parte algumas espécies de corujas e abutres. Os rapinantes representam 10% das aves do
planeta, concentrados em sua maioria na América Latina, só no Brasil existem 83 espécies (36% do total mundial).
Predadores perfeitamente equipados para matar, são temidos especialmente por roedores, aves silvestres, répteis a
pequenos mamíferos.
Mãos à Obra
Feitas algumas pesquisas, foram encontradas as imagens abaixo.
Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11
A escolha ficou entre a figura 08 e a 10, mas a preferida acabou sendo a 08, mas o ideal é mesclar duas silhuetas ou
mais.
Foi impresso um modelo em papel A3 com as dimensões abaixo, com cerca de 45 cm de envergadura.
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Figura 12 - Modelo impresso em papel A3
Deste modelo foi feito um molde de madeira com espessura de 4 mm e utilizado este para riscar as silhuetas em uma
placa de poliestireno (PS) de 2000 mm de comprimento, por 1000 mm de largura, com 3 mm de espessura, na cor preta.
As silhuetas foram cortadas com serra tico-tico e foram fixadas em uma haste metálica através de rebites, a haste
metálica foi reaproveitada de ferragens que seriam sucateadas. Na haste foram feitos dois furos na parte inferior a fim de
possibilitar a instalação na ferragem do barramento da SE.
Figura 13 - Corte da silhueta com serra tico-tico Figura 14 - silhueta pronta
Foram confeccionadas as silhuetas e instaladas na SE Carambeí
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Figura 15 - Instalação das silhuetas Figura 16 - Silhuetas instaladas
Foi possível confeccionar 12 silhuetas com a placa de poliestireno adquirida e utilizou-se 2 rebites para fixar a silhueta
na haste.
Custo do material empregado nas silhuetas:
Tabela 01 - Custo do material
3. Conclusões
A adoção de silhuetas de ave de rapina a fim de afugentar outras aves silvestres, de modo a impedir a formação de
ninhos nos equipamentos da SE Carambeí, foi uma alternativa eficaz, pois além da técnica adotada, tudo foi feito com
material de baixíssimo custo. Após a utilização desta solução não foi atendida mais nenhuma ocorrência para retirada de
ninhos na SE em questão, gerando uma redução de custo de mão de obra na média de R$ 2.148,61 por ano. Trouxe
ganho para cidade de Carambeí e para os indicadores de qualidade da Copel Distribuição, bem como a preservação da
boa imagem da empresa e do meio ambiente.
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A mesma técnica foi adotada no ano de 2016 na SE Vendrami 34,5 kV, com o mesmo resultado de sucesso e pode ser
adotada por qualquer concessionária de energia que enfrenta o mesmo problema.
Sabendo-se que algumas aves de rapina também são predadoras de Curucacas. Há a intenção de adotar a mesma
técnica, mas utilizando silhuetas com envergadura maiores, com aproximadamente 01 (um) metro, nas estruturas de
linha de transmissão (LT), onde a defecação da Curucaca sobre a cadeia de isoladores causa grande número de falhas
momentâneas (FMs). Ocasionando grandes problemas para o sistema elétrico.
4. Referências bibliográficas
SESC - Guia de aves do Pantanal – disponível em http://www.avespantanal.com.br/paginas/85.htm
FRISH, Johan Dalgas e FRISH, Christian Dalgas. Aves Brasileiras e Plantas que as Atraem. 3ª ed. São Paulo, SP. 2005.
SANTOS, Thiago Moura e CUNHA, João Gabriel e MONTEIRO, Alberto Resenda. Utilização de silhuetas para minimizar
e / ou evitar, colisão de aves sobre as vidraças na passarela do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D em São
José dos Campos, SP/Brasil.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - disponível em www.ibge.gov.br
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