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LIO 10 - 07 DE SETENBRO DE 2014O PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAO HUMANATexto ureoHumilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltar - (Tg 4.10).

VERDADE PRTICA

A realizao humana, impossvel de acontecer, pois a criatura no pode viver longe do Criador.

LEITURA BBLICA EM CLASSE: TIAGO 4 .1 - 10.

1-De onde vm as guerras e pelejas entre vs? Porventura no vm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?

2-Cobiais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcanar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque no pedis.

3-Pedis, e no recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.

4-Adlteros e adlteras, no sabeis vs que a amizade do mundo inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.

5-Ou cuidais vs que em vo diz a Escritura: O Esprito que em ns habita tem cimes?

6-Antes, ele d maior graa. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas d graa aos humildes.

7-Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugir de vs.

8-Chegai-vos a Deus, e ele se chegar a vs. Alimpai as mos, pecadores; e, vs de duplo nimo, purificai os coraes.

9-Senti as vossas misrias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza.

10-Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltar.

INTRODUOAo falar, no final do captulo 3, sobre a sabedoria que vem do Alto, o apstolo contrasta-a com a falsa sabedoria, a sabedoria terrena, que se baseia na amarga inveja e no sentimento faccioso (Tg 3.14,16). Prosseguindo, ento, nesse raciocnio, Tiago comea o

Captulo 4 falando sobre a origem das disputas e dos conflitos entre as pessoas, e dos males do orgulho humano. E o apstolo j vai direto ao assunto no primeiro verso do captulo, ao encet-lo com a pergunta: Donde vm as guerras e pelejas entre vs? (v.la).

Ora, no poucas vezes, somos tentados a culpar as pessoas ou a situao nossa volta pelos conflitos, mas Tiago claro quanto real origem das disputas e conflitos: ele afirma que tudo comea dentro de ns (v.lb). Sendo assim, urge atentarmos para a repreenso do apstolo, at porque ela nos apresenta alguns passos que devemos tomar para evitar que nos tornemos fontes de conflitos, como veremos a seguir.

O captulo 4 comea com um desafio para que eles mudem o seu comportamento habitual. As perguntas de Tiago impem a firmeza e o comprometimento de uma pessoa que compreende que o mal inalterado no ir desaparecer. Tiago deseja que os seus irmos e irms resistam no somente s prticas da sabedoria maligna, mas tambm fonte desta sabedoria. O seu plano exige uma declarao de fidelidade a Deus e uma rebelio declarada contra o exrcito do diabo.

Precisamos sentir o impacto destas mesmas verdades, medida que Tiago descreve as situaes que so terrivelmente verdadeiras nas igrejas da atualidade. As disputas e brigas que Tiago observava ainda caracterizam a vida do corpo de Cristo e prejudicam gravemente a transmisso eficiente do Evangelho. Os de fora, que consideram a igreja como um lugar de consolao e salvao, frequentemente a encontram repleta de discrdias. Precisamos desesperadamente da sabedoria de Deus em nossas igrejas.

I - A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCRDIAS (Tg 4.1-3)

1. Que sentimentos so esses?

Tg 4.1 Guerras exteriores vm de guerras interiores. Aqui est a verdade que Tiago procura deixar claro para os seus leitores. Ele estava tratando de um problema que ocorria no crculo de crentes. Ele continua se dirigindo aos meus irmos (1.2; 2.1; 3.1,10; 4.11). Esses eram cristos professos, mas eles no estavam dando um bom exemplo como seguidores de Cristo. Na sua comunho, havia inveja e sentimento faccioso (3.14). Em um apelo conscincia, Tiago pergunta: Donde vm as guerras e pelejas entre vs? (v. 1). No so elas guerras travadas em seu prprio esprito?

a. Desejos Errados e Desastre Espiritual (4.1,2b); Tiago d uma resposta afirmativa sua prpria pergunta, mas ele sabe que a mesma resposta que seus leitores ouviro de uma conscincia acusadora. Vocs colocaram seu corao naquilo que o mundo pode lhes dar e, como resultado, vocs esto em dificuldade. Desejos mundanos conflitam uns com os outros. Esses deleites (prazeres, ARA), que nos vossos membros guerreiam (v. 1), perturbam vossa prpria paz de esprito, por isso vocs brigam e matam e espalham o conflito aos outros. O principal problema que vocs permitem que desejos profanos possuam seu esprito. Esses desejos, se impuros e incontrolados, levam ao desastre espiritual.

Se analisarmos esse texto de acordo com 3.14, ele melhor interpretado por sois invejosos (matam, cf. KJV e NVI e ARA), combateis e guerreais de maneira figurativa. No provvel que essas coisas tenham, na verdade, ocorrido na comunidade crist. Tanto Tiago quanto seus leitores cristos estariam familiarizados com a interpretao de Jesus de que abrigar o desejo perverso consistia, na tica de Deus, na violao dos mandamentos (cf. Mt 5.21-22). A maioria dos tradutores modernos entende que o versculo 2 apresenta duas sentenas equilibradas, ou seja: Vocs desejam, mas no possuem; por isso cometem assassinato. E vocs so invejosos e no conseguem obter; por isso, lutam e brigam (NASB).

Tg 4.1 A palavra pelejas refere-se a lutas sem armas, como em conflitos pessoais. Estes conflitos no tm nada a ver com as disputas no mundo pago; so disputas dentro da igreja, entre os crentes. Tiago est descrevendo uma situao em que um grupo chega a um estado de guerra, com escaramuas declaradas surgindo em meio s pessoas. Os lados foram escolhidos, as trincheiras foram cavadas. Em casos como este, os crentes deixaram de ser pacificadores (3.18) e vivem em um antagonismo aberto uns contra os outros. A palavra guerras refere-se a batalhas com armas, um conflito armado. Esta palavra usada de maneira figurada para indicar a luta entre poderes, tanto terrenos quanto espirituais.

Obviamente, haver desacordos em qualquer igreja. Mas, quando isto acontecer, ser que seremos suficientemente sbios para entender a razo? Identificaremos a sua origem? Quando tratados de maneira correta, com sabedoria devota, estes problemas podem levar ao crescimento.

Guerras e pelejas tm sido causadas no por alguma fora externa, mas pelos maus desejos (verso NTLH) das pessoas. Quando cada pessoa procura o seu prprio prazer, o resultado s pode ser conflito, dio, e diviso. A expresso lutando dentro de vocs (verso NTLH) sugere uma batalha furiosa entre o desejo de fazer o bem e o desejo de fazer o mal.

b. A realidade da falta de paz (v. 1).Tg 4.1 Guerra, em grego plemos: trata-se do combate a um adversrio com todos os meios disponveis, inclusive as armas, com a finalidade de aniquil-lo. Quantas guerras tambm o nosso sculo presenciou em todos os quadrantes do mundo! Quantas repetidas vezes as guerras nos ameaam! E como j nos acostumamos com os conflitos! O mundo est cheio de guerras e clamores de guerras (Mt 24.6).

Lutas: essa a expresso mais abrangente. Refere-se tambm aos atritos menores. Eles ocorrem em toda parte: no dia-a-dia poltico, entre parceiros sociais, na vida econmica e profissional, entre vizinhos e moradores da casa, entre as geraes e entre cnjuges.

Entre vs: significa no mbito da igreja de Jesus. Isso consternador. Ser que, ao falarmos da discrdia, pensamos apenas nos outros ou primeiramente em ns? Est em negociao a nossa causa. Repetidamente ocorrem rivalidades, ciumeiras, suscetibilidades, necessidade de afirmao, tenses, irreconciliabilidade, dissenses entre cristos, em igrejas, congregaes e grupos cristos. Tambm quando est em jogo a necessria luta pela verdade, muitas coisas humanas esto envolvidas. Com frequncia a luta est infectada por um esprito falso. A palavra representa um chamado ao arrependimento que nosso Senhor dirige a todos ns. Entre vs significa literalmente: em vs. A expresso refere-se nossa comunho, ou seja, realidade das interaes humanas. Mas igualmente pode ser relacionado com cada um de ns: em ns mesmos trava-se a luta. Pelo fato de frequentemente existir em ns mesmos tanta desordem, falta de paz, dilaceramento, temos reaes to negativas. A falta de paz entre as pessoas nas coisas pequenas e grandes, em discrdias e guerras, no mais do que a multiplicao daquilo que existe em cada indivduo.

c. A causa da discrdia de onde ela vem (v. 1).

De onde vm as guerras e de onde as contendas entre vs? De onde, seno dos desejos que militam em vossos membros?

Esses desejos e cobias se dirigem ao que o prprio ser humano precisa para viver, ao que a gerao posterior necessita, ao que traz alegria e gera felicidade ou facilidade para ns, ao que promete sublimar nossa vida, ao que promete nos preservar de sermos esquecidos no mundo vindouro, ao que deve assegurar a ns e nossos filhos o futuro, ao que vemos em outros Muitas dessas expectativas tm razo de ser. Contudo, em ns elas surgem permeadas, atacadas, embebidas pelo esprito de baixo, ao qual muitas vezes abrimos as portas. Esto contaminadas e deterioradas desde que o pecado est no mundo. Vivemos no reino do pecado, no mundo, e, por natureza, o mundo est em ns. Essa condio do ser humano chamada de carne pela Bblia. Todas as esferas da vida esto marcadas por ela: a luta por bens, por ascenso social, por poder, por realizao na vida, por felicidade. Tambm nossa sexualidade abarcada por ela.

Em vossos membros: todos os rgos humanos, dons, possibilidades, esferas de vida so igualmente atacados por esse esprito. Essa condio est sediada em nosso sangue. Em vo procuramos no ser humano o muito citado cerne bom. Pelo contrrio, de acordo com a sentena da Bblia ele possui um cerne mau, durssimo. Ela fala de coraes de pedra (Ez 36.26s). Unicamente o prprio Deus capaz de realizar o transplante cardaco que salva. O em vossos membros diz ainda mais: esses rgos, dons e mbitos da vida se tornam praticamente instrumentos, armas (cf. Rm 6.13) nessa ferrenha luta por autoafirmao, reconhecimento e auto realizao do ser humano: foras intelectuais, capacidade de contatos, olhos, ouvidos, capacidade de falar, mos, ps, rgos sexuais, em suma: corpo, alma e esprito.

Os desejos militam em vossos membros: Assim o ser humano atormentado e agitado. Preocupao e medo como consequncia desses desejos (do prprio desejo e do desejo dos outros) tornam-se contingncia bsica de sua existncia, como dizem os filsofos. Ele como um animal que precisa sempre garantir-se, estar alerta e buscar um ponto fraco no outro para se defender.

EXEMPLOS: Assistimos o maior massacre da histria contra os cristos pelas mos do comunismo entre os anos de 1917 a 1985. Assistimos sangrentas guerras tribais na frica, batalhas fratricidas na Irlanda, massacres no Oriente Mdio.

Hoje vemos o domnio blico dos Estados Unidos sobre seus rivais. Essas guerras so uma projeo da guerra instalada em nosso prprio peito. Carregamos uma guerra dentro de ns. Desejamos o nosso prprio prazer custa dos outros

2. A origem dos males (Tg 4.2).

Tg 4.2 Os desejos aqui descritos tornam-se to fortes, que as pessoas esto prontas at para matar (verso NTLH), com a finalidade de conseguir aquilo que querem. A palavra matar pode ser interpretada como uma hiprbole para o dio e a amargura. Em lugar de reavaliarem os seus desejos, as pessoas descritas por Tiago recorrem inveja, a lutas, a disputas, e a coisas piores do que estas. Mas, apesar de todo o seu egosmo e antagonismo para conseguirem o que desejam, elas ainda no podem alcanar estas coisas.

Por que? Ns aprendemos (desde quando tivemos o nosso primeiro triciclo ou a nossa primeira boneca at quando dirigimos o nosso primeiro automvel) que os desejos satisfeitos no trazem tanta satisfao quanto prometem.

Algumas vezes, conseguimos realmente aquilo que queramos, e ento descobrimos que ainda no temos aquilo de que realmente necessitvamos - a profunda satisfao que somente nos vem quando somos justificados para com Deus. Se confiarmos somente nos nossos desejos, eles apenas nos levaro s coisas desta terra, e no s coisas de Deus. Era resumo, a mensagem de Tiago : Nada tendes, porque no pedis a Deus. Em outras palavras: Vocs no tm o que querem porque no querem a Deus.

Tg 4.2 a) O v. 2 demonstra o comportamento humano por meio de trs palavras que expressam um crescendo. Desejais trata de uma avidez insacivel e egosta: Quanto mais tem, tanto mais deseja possuir. Assassinais e vos fanatizais: seramos capazes de servir veneno ao outro. Lutais e fazeis guerras: agora, de maneira grosseira e refinada, tudo tambm se torna explcito.

I Sam 16.7 No atentes para a sua aparncia. Saul era homem de elevada estatura, algo muito apreciado pelos antigos. Ver os comentrios sobre I Sam. 9.2 e 10.23. Samuel estava caindo no erro de julgar um homem por sua aparncia fsica. Samuel no estava olhando para 0 interior, mas Yahweh era observador dos coraes.

H a aparncia e h a realidade. O homem v a aparncia de uma pessoa ou coisa, e assim faz julgamentos precipitados. Mas Deus v a realidade do homem ou coisa, e faz um juzo verdadeiro. Samuel tinha de ajustar-se maneira divina de avaliar pessoas e coisas. frequentemente verdadeiro que as aparncias enganam. Os homens so facilmente enganados e atos tolos ocorrem por causa de decepes. A questo da escolha do segundo rei de Israel era muito importante para ser feita de acordo com sua aparncia fsica. Por isso mesmo, Yahweh teve de intervir desde 0 comeo, certificando-se de que Davi fosse ungido. O corao de Eliabe no era to bom quanto a sua aparncia fsica. Ele no era um candidato apropriado.

OBSERVAES:Deus promete queles que oram, e no aos que lutam. Se orssemos, no haveria nem guerras e nem lutas . (Faucett, in loc.).

Os bens mundanos so os vossos deuses; no deixais pedra sobre pedra, a fim de obt-los; e visto que nada pedis de Deus, seno para o consumirdes em vossos maus desejos e propenses, vossas oraes no so ouvidas. (Adam Clarke, in loc.).

Eles no tentam suprir suas necessidades de um modo que cause perda a alguma outra pessoa-, a saber, orando a Deus; preferem empregar a violncia e a astcia contra os outros. Ou ento, se oram, pedindo o suprimento de suas necessidades terrenas, nada obtm, porquanto oram com mau intuito. Orar sem o esprito da orao namorar com o fracasso. (Plummer, in loc.)

II - A BUSCA EGOSTA (Tg 4.4,5)

1. Adlteros e amigos do sistema mundano (Tg 4.4).

A partir do versculo 4, Tiago entrelaa a busca pecaminosa com o sistema que domina a maior parte da humanidade, e que chamado na Bblia de mundo. O apstolo chama de adlteros e adlteras todos os crentes que, em vez de se afastarem da cultura humana pecaminosa, em vez de se distanciarem do sistema pecaminoso fomentado pelo Diabo, se unem a ele. Ou seja, o relacionamento do cristo com esse sistema traio a Deus, traio ao nosso relacionamento e compromisso com Ele, adultrio espiritual.

O meio-irmo de Jesus enftico: A amizade do mundo inimizade contra Deus e Qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4). Esse ensino frisado tambm pelos apstolos Paulo e Joo em 2 Corntios 6.14-18 e 1 Joo 2.15-17.

Tg 4.4 A chocante palavra adlteros descreve claramente a infidelidade espiritual das pessoas e tenciona despert-las para que encarem a sua verdadeira condio espiritual. Estes crentes estavam tentando amar a Deus e ter um romance com o mundo. O fato de Deus expressar, nos termos mais fortes possveis, a importncia da fidelidade deve nos inquietar. Os padres bblicos de comportamento pessoal, conjugal e espiritual esto sob constante ataque de eroso.

Ns somos constantemente bombardeados pela mensagem da transigncia. Do ponto de vista do mundo, ns devemos ser flexveis, tolerantes ao pecado, e complacentes. Mas isto no funciona, porque a amizade do mundo inimizade contra Deus. Para os crentes, o mundo e Deus so dois objetos distintos de afeto, mas so completamente opostos. O mundo o sistema do maligno, que est sob o controle de Satans; ele representa tudo o que contrrio a Deus. Ter amizade com o mundo, portanto, adotar os seus valores e desejos (veja tambm Rm 8.7,8; 2 Tm 4.10; I Jo 2.15-17). Estes crentes podem amar verdadeiramente a Deus, mas tambm so atrados pelos benefcios do sistema deste mundo. Eles adoram a Deus, mas podem desejar a influncia, os padres de vida, a segurana financeira, e talvez um pouco da liberdade que o mundo oferece. A busca destas coisas s ir minar a generosidade, os cuidados, e a diviso de recursos que deveriam caracterizar os cristos.

Tg 4.4 Adlteros (literalmente: adlteras), no sabeis que a amizade com o mundo inimizade contra Deus? Quem, portanto, pretende ser um amigo do mundo revela-se inimigo de Deus.

a) Mundo: o que a Bblia visa dizer com isso?

a.1) A palavra grega ksmos significa enfeite (o termo cosmtico origina-se dela). Segundo a opinio dos gregos, portanto, o mundo uma coisa linda, uma bela ordem. Uma srie de autores entende por mundo a bela e maravilhosa criao de Deus. Deus fez o mundo e tudo o que ele contm (At 17.24; cf. Hb 11.3; Sl 50.1; 90.2; Pv 30.4).

a.2) Um grande nmero de referncias bblicas, particularmente no NT, emprega mundo no sentido de humanidade, mundo das pessoas, com determinada natureza e inteno homogneas: o ser humano, ao qual Deus confiou a terra (Gn 1.28), abriu as portas para o inimigo, deu-lhe ateno. Agora este o domina. Toda a humanidade territrio ocupado pelo inimigo. Jesus fala do diabo como prncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Paulo chega a designar o inimigo como deus deste mundo (2Co 4.4). E Joo diz que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19; cf. tambm o comentrio a Tg 1.27). Deus amou o mundo (Jo 3.16), porm no para confirmar sua natureza, mas para, por meio de seu Filho, salvar o que possvel salvar.

2. Inimigos de Deus.

Nessa passagem, um aspecto muito importante ressaltado por Tiago sobre o nosso relacionamento com Deus que o Esprito, que em ns habita, tem cimes (v. 5). A construo do versculo 5 no original grego no muito clara, podendo esse texto significar que o esprito humano tem a tendncia natural de opor-se a Deus e ao prximo,4 o que estaria implcito na expresso traduzida como cimes; ou ento que o Esprito Santo tem cimes de ns, isto , zelo intenso por ns. A maioria esmagadora dos comentaristas bblicos, luz do que afirmam o final do versculo 4 e o incio do versculo 6, prefere a segunda interpretao para o versculo 5, que tambm a interpretao aceita por mim: Tiago quer dizer aqui que o Esprito Santo de Deus tem cimes de ns. O Consolador, aquEle que intercede por ns e em ns com gemidos inexprimveis (Rm 8.26,27) e se entristece frente aos nossos pecados (Ef 4.30), o nosso Ajudador, que nos guia na caminhada espiritual e no relacionamento com o Pai celestial atravs de Cristo (Rm 8.5-11), tem um forte, intenso e amoroso zelo por ns.

Em guerra contra Deus (Tg 4.4-10) A raiz de toda a guerra rebelio contra Deus. Mas como um crente pode estar em guerra contra Deus? Cultivando amizade com os inimigos de Deus. Tiago cita trs inimigos com quem no podemos ter amizade, se desejamos viver em paz com Deus. Tiago fala de tentaes que esto fora de ns (o mundo e o diabo) e tentaes que esto dentro de ns (a carne). b) A amizade com o mundo: colocando em ltimo plano ou at mesmo negando o que Deus , concede e deseja, o ser humano busca concordncia com aquilo que prevalece nos seres humanos e obtm reconhecimento, aprovao e aplausos deles. Adapta-se ao entorno, para no prejudicar sua aceitao. Isso tambm acontece porque seu desfavor e sua inimizade acarretam desvantagens ou at mesmo poderiam tornar-se perigosos.

O efeito nefasto da amizade com o mundo: inimizade contra Deus. Deus deseja se reconciliar com o pecador. Mas ele inconcilivel em vista do pecado, do inimigo e de sua natureza. Uma linha de confrontao perpassa o mundo, fazendo diviso entre Deus e Satans. Quem se volta para esse ltimo e para pessoas determinadas por sua natureza obrigatoriamente se distancia de Deus e se volta contra ele. No possvel ser simultaneamente um bom amigo de Deus e do mundo controlado pelo inimigo (cf. Mt 6.24; 12.30). prefervel perder o mundo todo que perder a Deus! Quando o ser humano diz no a Deus, Deus por fim dir no a ele e sua vida. Horrvel coisa cair nas mos do Deus vivo (Hb 10.31). Fazer a mesma troca que Judas, largando Jesus, e com isto tambm Deus, para obter a amizade (e os bens) do mundo tem consequncias quase inimaginveis para ns.3. O Esprito tem cimes (Tg 4.5).

Sim, Deus tem cimes dos seus filhos!

Parece estranha a ideia de que Deus tem cimes, mas exatamente disso que Tiago est falando no versculo 5. E a expresso ...diz a Escritura... no quer dizer que as palavras que vm a seguir O Esprito que em ns habita tem cimes se trata de uma citao fiel, ao p da letra, de algum texto do Antigo Testamento. O que Tiago diz que essa uma das mensagens das Sagradas Escrituras no Antigo Testamento: o Esprito do Senhor tem cimes de seus filhos.

H inmeras passagens do Antigo Testamento que revelam isso, especialmente aquelas que dizem respeito ao relacionamento entre Deus e o povo de Israel. Em seu clssico O Conhecimento de Deus, o telogo britnico James I. Packer dedica um captulo inteiro para relembrar algumas dessas fortes passagens do texto sagrado com o objetivo de refletir sobre esse aspecto divino pouco abordado hoje em dia o cime de Deus. Escreve Packer:

Quando Deus tirou Israel do Egito, levando o povo para o Sinai e dando-lhes sua lei e aliana, seu cime foi um dos primeiros fatos a respeito de Si mesmo que lhes ensinou. A sano do segundo mandamento, pronunciado em voz audvel para Moiss nas tbuas de pedra escritas pelo dedo de Deus (Ex 31.18) era este: Porque Eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso (Ex 20.5). Mais tarde, Deus falou a Moiss de modo mais direto: O nome do Senhor Zeloso; sim, Deus zeloso Ele (Ex 34.14). [...] De fato, a Bblia fala bastante sobre o cime de Deus. H diversas referncias no Pentateuco (Nm 25.11; Dt 4.24; 6.15; 29.20; 32.16,21), nos livros histricos (Js 24.19; 1 Rs 14.22), nos Profetas (Ez 8.3-5,16; 38 e 42; 23.25; 36.5; 38.19; 39.25; J1 2.18; Na 1.2; Sf 1.18; 3.8; Zc 1.14; 8.2) e nos Salmos (78.58; 79.5). Ele [seu zelo] constantemente apresentado como um motivo para [Deus] agir, seja em ira ou misericrdia: Terei zelo pelo meu santo nome (Ez 39.25); Com grande zelo estou zelando por Jerusalm e Sio (Zc 1.14); O Senhor um Deus zeloso e vingador (Na 1.2).

No h nenhuma passagem especfica no Antigo Testamento que corresponda ltima parte do versculo 5. As palavras dizem a Escritura, que Tiago cita, no so uma citao, mas um resumo dos ensinamentos do Antigo Testamento: Deus quer a pessoa inteira, nossa lealdade completa (Berk. nota de rodap).

Deus fica condodo com a nossa simpatia dividida e nossa amizade com o mundo que resulta disso. Ele deseja que a plenitude do seu Esprito controle a nossa vida; Ele nos convida a chegarmos a Ele e nos submetermos ao seu ministrio. Deus d essa ajuda especial queles que humildemente a aceitam. Para provar seu ponto, Tiago cita Provrbios 3.34 exatamente como ocorre na Septuaginta (cf. 1 Pe 5.5).

III - A BUSCA DA AUTORREALIZAO (Tg 4.6-10)

1. Humilhando-se perante Deus (Tg 4.6,7).

Submetendo-se a Deus

Nos versculos 6 a 10, o apstolo Tiago exorta seus leitores a fugirem das paixes pecaminosas se submetendo a Deus. Ele comea nos lembrando que o Esprito de Deus, que em ns habita e tem zelo santo por ns, nos admoesta para que obtenhamos maior graa (v.6). Para isso, basta que, seguindo sua admoestao, sujeitemo-nos a Deus, isto sua vontade, que boa, agradvel e perfeita (Rm 12.2).

Assevera Tiago que os orgulhosos, os soberbos, os egostas, so resistidos por Deus, que d graa, isto , a maior graa, apenas aos humildes (Tg 4.6b). Na sequncia, Tiago relaciona o sujeitar-se a Deus com o resistir ao Diabo (v.7), o que significa que o Diabo procura de todas as formas atrapalhar para que no nos sujeitemos vontade de Deus. Porm, se resistirmos s suas sugestes, afirma o apstolo, ele fugir de ns. Ou seja, a melhor forma de mantermos o Diabo afastado de ns nos sujeitarmos vontade de Deus.

Tg 4.6 Ns precisaremos confiar no poder de Deus para resistir a tais desejos malignos. Este poder est disponvel. Citando Provrbios 3.34, Tiago oferece esperana queles que desejam a comunho com Deus. Deus resiste aos soberbos porque o orgulho nos torna egocntricos e nos leva a concluir que ns merecemos tudo o que podemos ver, tocar, ou imaginar. Ele cria apetites avarentos que superam em muito aquilo de que necessitamos.

O orgulho pode sutilmente fazer com que no mais vejamos os nossos pecados ou a nossa necessidade de perdo. Mas a humildade abre o caminho para que a graa de Deus flua em nossa vida; assim. Deus d graa aos humildes. A humildade no uma fraqueza; ao contrrio, a nica maneira pela qual os crentes conseguem coragem para enfrentar todas as suas tentaes e provaes com o poder de Deus

Tiago fala do diabo (4.6,7). O pecado predileto do diabo a vaidade, o orgulho. Ele tenta as pessoas nessa rea (4.6,7). Ele tentou Eva e tenta os novos crentes (iTm 3.6). Deus quer que dependamos dEle enquanto o diabo quer que dependamos de ns. O diabo gosta de encher a nossa bola. O grande problema da igreja hoje que temos muitas celebridades e poucos servos. H tanta vaidade humana que no sobra espao para a glria de Deus.

Como podemos vencer esses trs inimigos? Tiago nos informa que Deus est incansavelmente do nosso lado (4.6). Ele sempre nos d graa suficiente para vencer. Mas a graa de Deus no nos isenta de responsabilidade. Nos versculos 7-10 h vrios mandamentos para obedecer. A graa no nos isenta da obedincia. Quanto mais graa, mais obedincia.

Tiago menciona quatro atitudes, segundo Warren Wiersbe, que podem nos dar vitria; submisso a Deus, resistncia ao diabo, comunho com Deus e humildade diante de Deus.

Em primeiro lugar, devemos nos submeter a Deus (4.7).

Essa palavra um termo militar que significa fique no seu prprio posto, ponha-se no seu lugar. Quando um soldado quer se colocar no lugar do general ele tem grandes problemas. Renda-se incondicionalmente. Ponha todas as reas da sua vida sob a autoridade de Deus. Por isso um crente rebelde no pode viver consigo nem com os outros. Davi pecou contra Deus, adulterando, mentindo, matando Urias e escondendo o seu pecado. Mas quando ele se humilhou, se submeteu e confessou, encontrou paz novamente com Deus.

Em segundo lugar, devem os resistir ao diabo (4.7). O diabo no para ser temido, mas resistido. Somente quem se submete a Deus pode resistir ao diabo. A Bblia nos ensina a no dar lugar ao diabo (Ef 4.27).

2. Convertendo a soberba em humildade (Tg 4.8,9)

O apstolo explica em detalhes como se d essa submisso a Deus, no que ela consiste.

Em primeiro lugar, diz ele que preciso se aproximar de Deus, isto , busc-lo sinceramente: Chegai-vos a Deus (v.8a). A consequncia disso que Deus se chegar a ns (v. 8b) ou seja, teremos comunho com Ele e seremos abenoados pela sua presena em nossas vidas. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso corao (Jr 29.13).

Em segundo lugar, preciso se arrepender dos pecados e mudar de atitude: Limpai as mos, pecadores (v.8c). Ter as mos limpas fala de chegar-se a Deus com a conscincia limpa devido ao arrependimento sincero. Paulo fala de levantar as mos em orao diante do Senhor sem ira nem contenda (1 Tm 2.8), purificado.

Em terceiro lugar, preciso dar fim ao duplo nimo (v.8d), isto , ao hesitar entre Deus e o mundo, ao coxear entre a vontade de Deus e as paixes pecaminosas.

Em quarto lugar, purificai o corao (v.8e), que significa aqui ter um corao sincero, sem falsidade, sem maldade. S os puros de corao vero a Deus (Mt 5.8), isto , s os sinceros de corao podero ter um relacionamento real com Deus.

Ao final, Tiago refora a necessidade de arrependimento sincero, de quebrantamento verdadeiro perante Deus: Senti as vossas misrias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza (v.9).

Tg 4:8 Arrependimentos total significa purificao. H promessa e ao mesmo tempo exigncia na convocao chegai-vos a Deus, e ele se chegar a vs. promessa recproca de Deus: torne-se para ele o que ele se tornar para voc (Malaquias 3:7), volte-se para Deus, que Deus se voltar para voc (Zacarias 1:3).

Deus um Pai amoroso que aguarda a oportunidade de responder a seu filho em perdo, mas h uma exigncia: que o filho se arrependa e se aproxime, chegai-vos.

Este termo normalmente indica um ato de culto. Mas toda a adorao naquela igreja deixa de ser uma aproximao, para alguns, pois sua desarmonia comunitria, enraizada na preocupao com o sucesso mundano, impossibilita tal aproximao, por ser inaceitvel. Aproximem-se de mim, clama o Senhor. Adorem-me em esprito e em verdade! Cultuem-me em obedincia! (cf. 1:27).

Prosseguindo a metfora, clama Tiago: Lavai as mos, pecadores. O culto no Antigo Testamento exigia mos cerimonialmente puras (e.g., xodo 30:19-21).

Esses crentes no esto preparados no momento para o culto, porque esto em pecado. O termo pecadores forte, pois Tiago no aceita desculpas. As aes dessas pessoas so pecaminosas de fato so pecado indesculpvel. E s mudaro seu comportamento (lavaro as mos) depois de aceitarem esse fato.

Tiago deixa o comportamento de lado e trata agora do problema interior, ao exigir: vs de duplo nimo, purificai os coraes. Outra vez temos um termo do cerimonial tirado do Antigo Testamento (cf. xodo 19:10), mas a imundcia agora no est no exterior (e.g., pelo fato de o judeu ter tocado num cadver), mas no interior. A natureza da purificao que se faz necessria transparece no termo duplo, o mesmo encontrado em 1:8. No se aplica a uma pessoa que conscientemente oculta seus motivos reais, mas a uma pessoa cuja motivao encontra-se dividida. Por um lado, a pessoa deseja seguir a Cristo e ser um bom cristo; por outro lado, no est disposta a desistir do mundo (cf. Romanos 6:8; 2 Corntios 5:11-17). As pessoas assim apresentam desculpas pelo fato de seguir os padres do mundo a respeito de influncia e modos de ganhar dinheiro (cf. 4:13-17). Contudo, Tiago j declarou que Deus no quer repartir tais crentes com o mundo; Deus os deseja para si, com exclusividade total (4:4). Pelo que preciso que esses crentes se purifiquem por dentro, eliminem os motivos mundanos e busquem a Cristo e seu reino, e a mais ningum3. Humilhai-vos perante o Senhor (Tg 4.10).

Sujeitar-se a Deus, submeter-se a Ele, ou, como acrescenta Tiago ainda, humilhar- se diante do Senhor. O resultado dessa atitude claro: Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltar (v. 10 grifo meu).

Em suma, Tiago nos ensina nessa bela passagem de sua epstola que no h vitria sobre as paixes pecaminosas e nem exaltao espiritual na vida do cristo sem humilhao diante de Deus, sem submisso total sua vontade.

Tg 4.10 Humilhar-nos perante o Senhor e admitir a nossa dependncia dele significa reconhecer que o nosso valor vem somente de Deus. reconhecermos a necessidade desesperada que temos de sua ajuda e sujeitarmo-nos sua vontade para a nossa vida. Embora ns no mereamos a graa de Deus, Ele nos alcana no seu amor e nos d valor e dignidade, apesar dos nossos defeitos humanos. Quando fazemos isto, a promessa certa: Ele nos exaltar e nos dar honra. Um dos exemplos bblicos mais comoventes desta verdade encontrado na parbola de Jesus sobre o pai que perdoa (veja Lc 15.11-32).

O filho tinha tomado a sua herana e sado de casa para ser amigo do mundo. Somente depois que se encontrou falido em todos os aspectos que ele se arrependeu e, entristecido, voltou para casa. O filho confessou ao seu pai que era indigno de ser chamado de filho. Mas o pai o exaltou e o recebeu de volta famlia.

O ato de retornar exigiu submisso. As palavras de arrependimento do filho rebelde exigiram humildade. O resultado final foi uma grande alegria. A humildade perante Deus ser seguida da nossa exaltao.

Concluso:

A partir dos ensinamentos do Senhor Jesus, desfrutaremos da verdadeira felicidade em Deus. Que venhamos atentar para o ensinamento dessa lio, humilhando-nos na presena de Deus atravs de Cristo Jesus.

BBLIOGRAFIA:

Comentrio do Novo Testamento Aplicao Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 685.

Alexandre Coelho e Silas Daniel. F e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Crist Autntica. Editora CPAD. pag. 123.

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Simom J. Kistemaker. Comentrio do Novo Testamento Tiago e Epistola de Joo. Editora Cultura Crist. pag. 183-185.

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Harper. Comentrio Bblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10.ntica. Editora CPAD. pag. 119-120.

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Fritz Grunzweig. Comentrio Esperana Carta De Tiago. Editora Evanglica Esperana.

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CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versculo por versculo.