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CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

Dezembro de 2009

Coletânea de Redações

Os vencedores do

9º Concurso de Redação

Certas PalavrasNível III (1ª e 2ª séries) e Nível IV (3ª série e Pré.Vest.)

COMENTÁRIOS:

Profª Virgínia B. B. Abrahão

Observação: As redações dos alunos foram transcritas na íntegra para que seja respeitado o processo de escrita em que se encontram tais estudantes. Alguns desvios lingüísticos podem ser percebidos, porém isso não desmerece o texto por eles construído.

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DIRETORES Adriano Pratti PissarraEnoch Lellis de Oliveira

Fabrício Henrique S. SilvaJociel Moreira HemerlyJony Jones M. e Mota

Lucihel Wagner Sarmento CostaRicardo Gonçalves de Assis

Sandra Patricia Souza de LimaSilvio Pantaleão

Ana Paula Gomes de OliveiraLúcio Vieira de Almeida (Manga)

DIAGRAMAÇÃO

Elias Severiano de Oliveira

REDAÇÃO

R. Desemb. Vicente Caetano, 116Mata da Praia - Vitória - E.S.

Tel.: (27) 3212-5000

EDITADO POR Centro Educacional Charles Darwin

CNPJ: 36.049.104/0001-38Tiragem: 2000 exemplares

COORDENAÇÃO

Expediente

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INTRODUÇÃO

Intimamente ligada à leitura, a produção de textos representa um modo de

se colocar no mundo, uma vontade de interagir pela via da linguagem escrita.

Escrevemos porque lemos o que nos rodeia, sentindo necessidade de intervir. A leitura

nos interessa na medida da nossa vontade de nos inscrever na busca de organizar

nossos argumentos de modo que eles produzam um certo efeito sobre os outros. Não

há, portanto, escrita sem leitura e leitura sem escrita. Quem de fato lê, sente necessida-

de de se inscrever, de marcar o seu ponto de vista no rasgo da página em branco. A

leitura gera a necessidade da escrita e a escrita é, já em si, uma leitura. Não estou

tratando aqui da leitura de livros, somente, mas da leitura de mundo, em que ler

significa um modo de participação, de troca e em que escrever significa inscrever-se.

É com carinho que aceitei a tarefa de selecionar e comentar 5 (cinco) dentre

15 redações previamente selecionadas em cada um dos níveis (III e IV). Discutir a

escrita parece-me libertador no sentido de destravar amarras e desassombrar. Esse é o

terceiro ano consecutivo em que participo desse concurso (estratégia de ensino) e,

dessa vez, alegrei-me por perceber que a preocupação com a forma está dando lugar ao

vínculo com a temática. No primeiro concurso do qual participei como comentarista

dos textos, as redações me pareciam muito semelhantes, com parágrafos iniciais em

que se levantava uma questão, um outro parágrafo de leve problematização e uma

solução final, como se coubesse àqueles que se propõem a argumentar levantar

soluções para problemas históricos. Essa era a mesma situação que encontramos nas

provas de vestibular, textos iguais nos quais não conseguimos visualizar quaisquer

traços do sujeito produtor dos textos. Um texto vazio de um olhar, de um jeito de ver e

de se colocar, sem marcar qualquer traço de diferença. Nesses momentos, a tarefa do

leitor de redações é muito triste, porque solitária, já que os textos estão desprovidos de

diálogo, de identidade, de pessoalidade.

Esse tempo se foi, para o bem de todos, mas percebo nas redações desse ano

uma preocupação excessiva com a coletânea. A maior parte das redações aceitou a

leitura proposta pelas charges ou textos selecionados pelos professores como uma

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Professora Virgínia B. B. AbrahãoLeciona Semântica na UFES, atuando como professora do quadro permanente no curso de Letras-Português. Sua dissertação de mestrado versou sobre produção de textos e seu trabalho de doutorado sobre Semântica e Discurso, linha de pesquisa na qual atua no Mestrado em Estudos Lingüísticos. Seu artigo mais importante sobre redação: “Era uma vez uma centopéia...”, publicado no livro: Olhares e perguntas: sobre ler e escrever, da editora Flor e Cultura.

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verdade. A coletânea não foi questionada e os argumentos ali sugeridos foram

tomados como direcionadores das discussões o que provocou grandes distorções nas

ideias propostas. Assim, o Rio de Janeiro de 1832 foi considerado como possuindo

melhores condições de vida que o Rio atual, inclusive no que diz respeito a escolas e

saneamento básico (Nível III). Já no Nível IV, a teoria da evolução de Darwin, no

que diz respeito à seleção natural das espécies, foi transferida para a análise da

sociedade e, desse modo, em muitos textos, os políticos foram considerados mais

evoluídos. As charges não diziam isso, mas a transposição de uma teoria da biologia

para a análise da complexidade da relação social, pura e simplesmente, resultou

nisso. Vejam como a falta de questionamentos pode levar a certo estrangulamento na

argumentação.

É possível compreender as dificuldades inerentes à produção de uma redação

escolar. As condições de produção são as mais desfavoráveis, pois não temos como

leitor um companheiro de conversa e sim um avaliador, temos tempo limitado e o que é

pior, limite de linhas, tudo isso aliado à necessidade de coerência com relação à

temática. Creiam que nem eu, nem os seus professores e nem mesmo muitos escritores

conseguiriam fazer muito melhor que o que vocês conseguem. Um bom texto não

requer somente argumentos críticos, não crítica em relação à sociedade, mas um olhar

crítico, questionador sobre as coisas que nos rodeiam. Mas se fosse só isso que se

exigisse de um texto para que ele se torne interessante, os filósofos seriam os melhores

escritores, o que não é acontece. O texto deve ainda ser criativo no sentido de se fazer

próprio, particular, curioso, no desenvolvimento das ideias. E ainda deve possuir um

formato com a norma padrão da escrita, para que não corra o risco de ser prejudicado

no momento da leitura. Os argumentos devem estar bem posicionados, colocados com

precisão e clareza e não se pode assumir pontos de vista incoerentes, pelo menos nos

textos argumentativos. Portanto, a tarefa não é das mais fáceis.

Por isso, parabenizo a todos os que se arriscaram a se colocar por escrito e

digo que de fato não selecionei os melhores textos, afinal “melhor” é só um ponto de

vista, e, sim, aqueles que me possibilitavam comentários mais fecundos a fim de

contribuir com a atividade de escrita nesse ambiente escolar.

Tive como perspectiva a escrita como ato, ato de se inscrever, de marcar a

linha, de intervir com um jeito próprio de ser. Isso porque só consigo buscar nos textos

as pessoas que falam ou que se deixam contaminar pelas falas dos outros. Enfim, são

vocês que me interessam como pessoas e não o seu texto considerado em si mesmo.

Obrigada pela oportunidade e desculpe-me aqueles que tiveram seus textos

utilizados para comentários críticos visando ao aprimoramento da escrita de textos

argumentativos. Peço, por favor, que não aceitem passivamente os comentários, e,

sim, que exerçam sobre eles suas críticas produtivas.

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Autora: Gabriela Ribeiro de Araújo - 1ª série A

Unidade: Vila Velha

Autora: Thaís Simões Lacerda - 2ª série A

Unidade: Vila Velha

Autora: Isadora Scaramussa De Angeli - 2ª série D

Unidade: Jardim da Penha

Autora: Jordana Sarmenghi Salamon - 2ª série A

Unidade: Campo Grande

Autor: Bruno Maroquio de Freitas - 2ª série C

Unidade: Jardim da Penha

Autor: Lucas Padilha Azevedo - 3ª série M5

Unidade: Jardim da Penha

Autora: Flávia Silva de Paiva - 3ª série M1

Unidade: Vila Velha

Autor: Tássio Côrtes Cavalcante - 3ª série N2

Unidade: Jardim da Penha

Autora: Paula Soares Campeão - 3ª série M2

Unidade: Vila Velha

Autora: Talita Silveira Barbosa - 3ª série M2

Unidade: Vila Velha

Conheça os vencedores

1º lugar

2º lugar

3º lugar

4º lugar

5º lugar

Nível IV

1º lugar

2º lugar

3º lugar

4º lugar

5º lugar

Nível III

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Charles Darwin, famoso naturalista botânico, registrou honrosamente

descrições sobre a terra brasileira ao chegar na mesma. Tais escritos diziam respeito à

uma cidade maravilhosa. Será mesmo que ele aportou no Rio de Janeiro? Sim, mas,

ao que tudo indica, esta e a maioria das cidades brasileiras se transformaram

irreconhecivelmente desde 1832.

Com o desenvolver dos anos, a população se tornou predominantemente

urbana, e cresceu consideravelmente. Visto isso, os terrenos, encostas e morros foram

ocupados desordenadamente, ocasionando o surgimento de favelas e também

problemas ambientais. Os ideais passaram a ser capitalistas, e a mentalidade cada

vez mais consumista.

O governo negligencia a desigualdade social, sendo que a maioria dos

políticos pertence à classe A. A realidade política brasileira é bem distinta da que

aparece em propagandas televisivas de partidos nacionalistas. Vê-se um claro

exemplo da má administração pública na falta de saneamento básico em regiões mais

pobres dos centros urbanos.

A falta de investimentos e ações concretas para a preservação do meio-

ambiente evidenciam um governo e uma sociedade descompromissada. O resultado

disso é a destruição do verde que caracterizava o Brasil.

A economia gira em torno de máquinas, e a industrialização, mesmo que

em parte benéfica, elevou o índice de desemprego. Muitas vezes, o desempregado, em

desespero, busca no crime a solução, constituindo outro problema social. A base de

uma sociedade realmente democrática e humana é a educação. Investindo na

educação, garante-se o futuro.

Darwin viu uma cidade sublime e pitoresca. Hoje se vê cidades escuras e

poluídas. Darwin ouviu o barulho da brisa nas plantações de café. Hoje o que se ouve

é o barulho das fábricas que premeiam a cidade.

Primeiro Lugar - Nível III

Aluna: Gabriela Ribeiro de Araújo

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 1ª série A

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Comentário da Professora:

O que chama atenção na redação da Gabriela Ribeiro é a capacidade de

concisão aliada a uma seleção muito precisa de argumentos. Nesse sentido, essa

redação se desiguala das demais. Não que ela seja melhor, mas diferente na medida

em que na maioria das outras redações analisadas encontramos uma preocupação

excessiva em listar problemas sem estabelecer relações de causalidade entre eles.

Após levantar a problemática proposta, que está de acordo com a temática

do concurso, Gabriela trabalha os seguintes paralelos na relação de causa e efeito:

! crescimento desordenado da população — ocupação desordenada do

espaço público.

! capitalismo — consumismo.

! maioria dos políticos de classe A — negligência com a desigualdade

social.

! má administração — falta de saneamento básico.

! sociedade e governo descompromissados — falta de investimentos.

! avanço tecnológico — desemprego — problemas sociais diversos.

Resultado: destruição do verde

Solução: educação

Os parágrafos foram muito bem estruturados, cada qual focando uma ou

mais dessas relações acima mencionadas, correlacionando-as. O início e o final do

texto mantêm-se interligados à coletânea proposta que diz respeito ao relato de Charles

Darwin quando da sua visita ao Brasil.

Devido ao seu raciocínio esquemático que relaciona pontos importantes dos

problemas brasileiros levantados, Gabriela não se perdeu em seus argumentos e

propôs uma análise da situação nacional atual no comparativo com a de 1832,

segundo a descrição de Charles Darwin.

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Segundo Lugar

Aluna: Thaís Lacerda

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 2ª série A

- Nível III

O Brasil, país de tantas paisagens e belezas, que vão de montanhas a praias belíssimas, vem sofrendo certas mudanças em relação aos aspectos sociais, políticos, econômicos e ambientais. O que Darwin encontrou nessa nação em 1832, como exemplo as extensas plantações de café e açúcar, foram substituídas ao longo dos anos pelos grandes centros urbano, caracterizados por altíssimos prédios, e a calma do campo foi tomada pela rotina de ‘‘stress’’ e correria da população na cidade. Também se observa, por consequência, nesse ‘‘novo Brasil’’, a luta diária do povo para superar as dificuldades da falta de emprego e o descaso do governo com grande parte das pessoas.

Essa nação em sua política tem como quase sinônimo a palavra ‘‘corrupção’’. Nos noticiários o que mais se observa são os escândalos em que os próprios dirigentes do país se envolvem. Mensalão, dinheiro na cueca e CPIs ficam cada vez mais comuns. Os governantes roubam o pouco que muitos têm, e a bipolaridade social – ricos e pobres – cresce cada vez mais. Com isso, observa-se o pouco crescimento econômico e a situação cada vez mais precária de parte da sociedade, por falta de investimento em áreas consideradas primordiais para se ter uma vida digna, como, por exemplo, educação, saúde, moradia, alimento e emprego. Também se vê a escassez de saneamento básico em certas regiões mais precárias das cidades e o péssimo transporte público, incapaz de suprir as necessidades da população, que buscam nos transportes informais uma solução para esse problema. E por consequência da falta do governo no cumprimento do retorno de impostos investidos pela população, muitos buscam, nos empregos não regulamentados e, às vezes, ilegais, uma fonte alternativa de renda e por falta de locais para a instalação de suas moradias, muitos veem como saída as favelas, que fazem crescer cada vez mais as desordens na cidade e onde a higiene e o saneamento básico são escassos. Outro aspecto a se citar é o ambiental. O Brasil possui a maior floresta do planeta, a Amazônia, e ainda assim, não preserva sua área verde. Hoje, só existe 8% de toda a Amazônia e isso é consequência do desmatamento provocado por pessoas em busca de lucros, para o bem pessoal. Uma verdadeira forma de egoísmo, que bota a vida do planeta em risco. E já se observa as consequências desse ato, como exemplo o aquecimento global e a falta de água doce, necessária para todos.

A fim de se tornar um país melhor, os governantes brasileiros devem investir nas áreas de interesse da população, tentando combater ao máximo a bipolaridade social e promover campanhas para a mobilização de toda a população em prol do meio ambiente.

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Comentário da Professora:

A Thaís Lacerta conseguiu levantar problemas primordiais vividos pelo

povo brasileiro, acentuando a questão da corrupção como fonte da disparidade entre

as classes e o agravamento dos problemas sociais. Ela busca fazer, em seu texto, um

paralelo entre a questão social e a ambiental e vê, no governo, a solução dos

problemas.

É um texto bem conduzido, com argumentos corretamente colocados,

trazendo dados interessantes, o que enriquece os argumentos. As colocações são feitas

com compromisso de modo a não jogar dados aleatoriamente, buscando entrelaçar

causas e consequências. Trata-se, portanto, de um bom texto.

Esse texto, entretanto, peca ao contrapor passado e presente, afirmando

que o passado era bom e o presente ruim, sem provas concretas. Além disso, os

problemas levantados são tantos que fica para o leitor a impossibilidade de se buscar

soluções. Isso deixa o texto pesado, sem mobilidade em suas reflexões e fraco em suas

proposições.

Resta à Thaís jogar mais com questões centrais e deixar as periféricas para

que o leitor complete, com o seu conhecimento de mundo. Desse modo, o texto pode

ganhar em mobilidade e em argumentos mais envolventes e criativos.

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Terceiro Lugar

Aluna: Isadora Scaramussa De Angeli

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 2ª série D

- Nível III

Problemáticas cidades atuais

A realidade das cidades brasileiras, hoje, é muito diferente em relação a

alguns anos atrás. Com o passar do tempo, elas sofreram impactos do crescimento

desordenado da população e passaram a ser vítimas de governos descompromissados

com a preservação do meio ambiente. O governo encontrou dificuldades em planejar

uma sociedade com o propósito de atender à necessidade de toda a sua população.

Esse crescimento desordenado da população foi a causa dos inúmeros problemas dos

espaços urbanos.

Dentre as problemáticos existentes nas cidades brasileiras, atualmente,

podemos citar a falta de saneamento básico, desemprego, comida, casa e educação

para a população mais pobre; a degradação da natureza e a extinção de animais.

Entretanto, como já foi colocado, antigamente não era bem assim. Um exemplo disso

foi a impressão que o naturalista britânico Charles Darwin teve ao visitar o Rio de

Janeiro, em 1832. Darwin observou que a cidade era sublime e pitoresca, com cores

intensas e muitas borboletas grandes e brilhantes. Também citou que a floresta de

mimosas era um véu natural, além de comentar o azul do céu prevalecendo nas

plantações, um céu azul e livre de poluição ou borboletas voando. Isso demonstra

como a cidade sofreu com os impactos do crescimento populacional.

Para superar as dificuldades do desemprego, por exemplo, muitos pobres

encontram a solução em empregos ilegais, traficando drogas, usando violência ou até

roubando. Já na área de saneamento básico, os que sofrem com a falta dele procuram

a casa de familiares ou outras pessoas para não adquirirem doenças, por exemplo,

devido a situações precárias que vivem. Essa realidade precisa ser modificada. Nas

escolas, deve-se implantar uma educação social e ética para os jovens, para estes se

tornarem adultos mais conscientes. Os governantes eleitos precisam ser mais honestos

e dispostos a contribuir para a melhoria desse quadro, e o povo precisa votar com mais

responsabilidade, a fim de estruturar uma sociedade mais democrática e mais

humana, para o espaço público ser, literalmente, de todos.

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Comentário da Professora:

Chama atenção na redação da Isadora o foco na “realidade das cidades

brasileiras atuais”, muito bem situado no primeiro parágrafo e desde o título, tendo

como problema levantado o “crescimento desordenado da população”.

Isadora prossegue o texto trazendo as consequências desse problema e

contrapondo passado e futuro, mantendo-se, portanto, dentro da temática proposta.

Ao final do texto, ela aponta soluções para os problemas levantados. Trata-

se, desse modo, de um texto bem estruturado.

Contudo, a redação mantém-se dentro dos argumentos previsíveis, do já

dito, isso porque a autora não se propõe a questionar a coletânea e os argumentos do

senso comum, nos quais ela se apoia. Afinal, será mesmo que em 1832 a cidade do

Rio de Janeiro possuía saneamento básico, escolas, emprego para todos? Educação

social e ética e governantes honestos e dispostos seriam as soluções para o problema

central levantado: “crescimento desordenado da população”, o que acarretou várias

outras consequências? Afinal, se pretendemos redigir um texto argumentativo,

necessitaremos de levantar argumentos para além do já posto ou questioná-los

minimamente.

Outro fato que demonstra a pouca reflexão pela qual passou a temática

pode ser demonstrado nos argumentos desconexos, como por exemplo, quando, no

primeiro parágrafo, acusam-se os governantes de descompromisso. Logo a seguir, no

entanto, diz das suas dificuldades de planejamento social urbano; ou quando se fala

da extinção dos animais (segundo parágrafo), quando se propõe a falar da questão

urbana.

Mas o texto está, sem dúvida, muito bem conduzido, demonstrando

progressão nos argumentos, coerência na abordagem e coesão entre as partes. Só falta

a nós, que pretendemos redigir textos argumentativos, questionar mais e repetir

menos.

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Quarto Lugar

Aluna: Jordana Sarmenghi Salamon

Unidade: Campo Grande

Série e Turma: 2ª série A

- Nível III

Superpovoamento das cidades. Infra-estrutura precária. Ausência de

preocupação com o meio ambiente. Essas são características vistas atualmente em

grande parte dos centros urbanos brasileiros. Mas não foi o que o cientista e pesquisa-

dor Charles Darwin encontrou ao desembarcar no Rio de Janeiro em 1832.

Darwin, ao contrário, vislumbrou uma cidade bela, gloriosa e com uma

grande variedade de espécies, sons e vida. No entanto, hoje essa mesma cidade e

muitos outros ‘‘cantos’’ do Brasil mostram um má preservação do meio ambiente e

das condições básicas de sobrevivência de sua ́ população. O surgimento das favelas

e a implantação da agricultura em larga escala são algumas causas do desmatamento

de florestas, o que origina desequilíbrio ambiental. Também fruto desse descaso, os

desempregados residentes nas cidades são obrigados a procurarem emprego em outros

lugares ou se tornarem profissionais informais, temendo a miséria que atinge outra

parte da população.

Outros problemas enfrentados pelos moradores das cidades são a falta de

transporte público de qualidade e o descaso com o saneamento básico. Ônibus

depredados, tarifas altas e medo de assaltos ou outros tipos de violência praticados nas

unidades de transportes coletivos fazem com que a frota de carros particulares e o

índice de acidentes aumente. A falta de tratamento de água e esgoto remetem a

doenças, a epidemias e à superlotação dos postos de saúde.

Conclui-se, então, que as realidades encontradas por Darwin e por nós hoje

são completamente diferentes. Deve-se, então, atentar para o fato de que o espaço é de

todos e deve ser respeitado, cuidado, utilizado com moderação e preservado para que

as futuras gerações também usufruam dele.

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Comentário da Professora:

A Jordana conseguiu uma redação correta em seus argumentos, bem

estruturada e com boa progressão de ideias, mas muito previsível. Ao limitar-se a

listar os problemas brasileiros sem estabelecer relações fecundas entre eles, torna o

texto fraco na sua proposta.

O texto, todavia, apresenta-se muito bem estruturado, coeso e rico na

problemática que levanta. Curiosamente, não ocorrem incoerências, problemas na

coesão das ideias, problemas linguísticos e textuais. Deveria ser, portanto, um texto

perfeito, contudo, na medida em que não se relacionam ou são questionados, os

argumentos adquirem pouca força e o texto não prende o leitor. Portanto, apesar de

bem estruturado, o texto passa a ter o simples papel de cumprir espaço, pois nele a

autora não deixa a sua marca, não estabelece a sua diferença, bastando-se nos

argumentos mesmos, no lugar comum.

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Quinto Lugar

Aluno: Bruno Maroquio de Freitas

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 2ª série C

- Nível III

De Darwin aos dias atuais

O povo brasileiro tem muito o que se orgulhar da história do país, que há cerca

de 177 anos recebeu elogios de um importante personagem da história, não só da

ciência, como de todo o mundo. Este chama-se Charles Darwin. Dentre as palavras de

Darwin, ele menciona a beleza encantadora que se encontra no Rio de Janeiro, tal

beleza que nos dias atuais vem deixando de ser tanta, embora ainda muito notável. Isso

vem ocorrendo graças à ignorância do ser humano, que ao contrário do grande cientista,

não dá valor ao que o Brasil tem de muito bom.

Porém, infelizmente, o morador, não só da considerada ‘‘Cidade

Maravilhosa’’, Rio de Janeiro, mas como de todo o país, tem tido ultimamente motivos

suficientes para se envergonhar das autoridades governamentais que não aproveitam os

benefícios das terras e do clima brasileiro para a economia do país.

Além da economia, existem outras áreas que sofrem com a má distribuição de

renda, com o preconceito e o racismo, e inclusive com os frequentes crimes. Tudo isso é

completamente diferente do que foi encontrado por Darwin em sua breve visita.

Entretanto, é esta mesma sociedade que ‘‘não desiste nunca’’, e, nos momentos mais

difíceis e críticos, encontrar forças para superar as dificuldades, tanto do desemprego,

quanto da falta de saneamento básico e transporte público. Mas de que forma?

Batalhando sempre, acreditando como ninguém em uma vida melhor e mais justa, e, em

alguns casos, conseguindo reivindicar seus direitos frente ao governo.

Com essa forma de pensar, conclui-se que é de extrema importância e

necessidade que sejam feitos planos políticos mais eficazes para evitar e cessar todos

esses problemas. Além de haver uma melhor distribuição de renda e de direitos, com a

finalidade de se estruturar uma cidade mais democrática e mais humana, com mais

respeito e seriedade com o próximo, permitindo que todos possam entender o espaço

público como um espaço de todos.

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Comentário da Professora:

O texto do Bruno, diferentemente dos demais, possui um tom de

valorização do Brasil de hoje e de seu povo. Logo no início, ele fala do encanto que o

país provoca nos visitantes; no segundo parágrafo, fala dos benefícios da terra e do

clima brasileiros; e no terceiro parágrafo, diz da força do povo brasileiro que “não

desiste nunca”.

Outro fato que chama atenção é que o Bruno joga tanto os problemas

quanto as soluções para as questões políticas e, nesse ponto, se mantém coerente,

durante todo o texto. Também não elenca problemas demais, pois eles estão contidos

na fraca economia e na má distribuição de renda e de direitos.

Enfim, Bruno consegue bons e fecundos argumentos, porém se descuida

dos detalhes do texto, os quais garantem a sua legibilidade. Como quando no primeiro

parágrafo diz que Darwin não é “um personagem só da ciência, mas de todo o

mundo”, opondo ciência e mundo; ou quando, no terceiro parágrafo, ele diz que

“Além da economia existem outras áreas, como a sociedade, que sofre com a má

distribuição de renda, com o preconceito e o racismo e inclusive com os crescentes

crimes”. Falta, portanto, cuidar melhor dos argumentos, já que a sociedade não é uma

área e a economia outra, elas se imbricam, além disso, os problemas levantados não

estão correlacionados, mas justapostos e, dessa maneira, soam desconexos e parecem

jogados ao acaso, pois não se percebe a relação de causalidade entre eles.

Contudo, o tom proposto ao texto do Bruno é envolvente, cativante,

motivando o leitor a prosseguir na leitura.

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Primeiro Lugar

Aluno: Lucas Padilha Azevedo

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 3ª série M5

- Nível IV

A Igreja Católica sempre teve uma grande influência no aspecto cultural da

humanidade. Tal fato é comprovado pelo advento da Santa Inquisição, época em que

a Igreja, além de exercer um controle populacional através dos batismos, controlava o

que as pessoas podiam ler, por meio do ‘‘index proibidorum’’ (lista de livros proibidos).

Essa influência, embora mais atenuada, perdura até os dias de hoje, visto que o

catolicismo é uma dentre as religiões com maior número de adeptos do mundo.

Sabedora desse fato, a Igreja, na pesoa do papa Bento XVI, sente-se

confiante para desafiar a ciência em algumas questões. Uma delas é o conflito entre a

teoria do Evolucionismo e a teoria do Criacionismo. A primeira defende a ideia de que

havia um ancestral comum a todos os seres vivos, seres esses que se multiplicaram e

adaptaram-se melhor a determinados ambientes, conforme suas características. Em

contrapartida, a teoria do Criacionismo enuncia que Deus criou o mundo e tudo que

nele há, incluindo os seres vivos. Ao manifestar-se contrário à seleção natural, teoria

englobada na evolucionista, o papa parece ignorar fatos do cotidiano. Os mais altos

costumam ter melhor desempenho no basquete e os mais inteligentes logram êxito em

provas e concursos, por exemplo. Teórica e ironicamente, os candidatos mais bem

preparados tornam-se papas, mostrando a teoria aplicada na própria fé.

A Igreja precisa entender que a fé pode conviver pacificamente com a

ciência. Os fatos existem para comprovar as hipóteses. E hoje os fato mostram que o

mundo passa por um constante processo de evolução, à exceção dos pensamentos e dos

dogmas apresentados pela Igreja. Evoluir é um processo do qual a natureza precisa,

seja ela criada ou não por Deus.

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Comentário da Professora:

O Lucas Padilha demonstra grande habilidade no encadeamento de ideias

na forma escrita. Tendo como foco o que está expresso logo na primeira frase, não

perdeu o fio condutor da temática em nenhum momento. Além disso, cumpriu muito

bem o requerido pela questão que seria relacionar a teoria evolucionista de Darwin

com a proposta 1, por ele selecionada, a qual apresenta uma charge que coloca frente

a frente a teoria da evolução e um representante da igreja católica, ou seja, o Lucas

conseguiu explorar muito bem a temática proposta.

Seu texto flui com maestria e envolve o leitor com informações relevantes

(primeiro parágrafo), com um contraponto ou problematização (segundo parágrafo),

com um toque irônico genial (final do segundo parágrafo) e, por fim, com um

posicionamento que levaria a uma resolução da problemática levantada, jogando

com argumentos fortes, porque são irrefutáveis dentro da universidade, lugar em que o

Lucas almeja entrar (terceiro parágrafo). Além disso, seus argumentos são muito

precisos e bem posicionados, no desenvolvimento de todo o texto.

No entanto, o Lucas cometeu alguns deslizes que compensa apontar a fim

de trazê-los à atenção. O primeiro deles é quando situa o atual papa Bento XVI como

aquele que desafiou a ciência sendo que, na redação, o conflito entre igreja e ciência é

tratado como um conflito histórico. E o segundo deslize é quando afirma, no terceiro

parágrafo, que “A Igreja precisa de entender que a fé pode conviver pacificamente com

a ciência”. É sempre bom evitarmos as imposições em textos argumentativos:

“precisa entender”. Além disso, os argumentos subsequentes são tão interessantes,

pois afirmam que os fatos comprovam as hipóteses, dentro da teoria evolucionista,

que não seria necessário esse argumento inicial que soa autoritário. E o que é o mais

importante de se considerar é que se a Igreja se recusa a considerar as comprovações

empíricas advindas da teoria científica de Darwin (os fatos) é porque se sente

irremediavelmente abalada. Portanto, não basta dizer que a fé pode conviver

pacificamente com a ciência; a questão é mais complexa.

Gosto muito do tom irônico do Lucas, porque dá ao texto jovialidade e os

argumentos irônicos por ele arquitetados não ferem, não são agressivos ou descabidos.

De fato é muito arriscado jogar com a ironia quando se está sendo avaliado, mas ao

que parece o Lucas tem a ironia marcada na sua personalidade e por isso poderia

explorá-la mais.

Lucas, parabéns pela sua habilidade com a argumentação escrita. Isso

reflete trabalho e atenção a essa tarefa pouco gratuita e nem um pouco natural, que é a

aventura pelos caminhos da palavra escrita.

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Segundo Lugar - Nível IV

Aluna: Flávia Silva de Paiva

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 3ª série M1

Em 2009, comemoram-se duzentos anos do estudioso que revolucionou a

Biologia: Charles Robert Darwin. Com sua “Teoria da Evolução”, enunciou, em

síntese, que os mais adaptados ao meio sobrevivem, transmitindo sua auspiciosa

carga genética à prole. Em contraponto, aos menos aptos pode restar a extinção, não

gerando novos indivíduos. Essa ideia é amplamente difundida e aceita pelo mundo

científico. Entretanto, e não raro, é aplicada também a contextos sócio-culturais. O

que ratifica esse fato é a máxima brilhantemente escrita pelo modernista Machado de

Assis: “Ao vencedor, as batatas”, referindo-se às relações sociais.

Essa citação e a teoria darwiniana acabam relatando, lamentavelmente, a

atual situação da política brasileira. Nesta, é incontestável que em detrimento da

saúde e bem-estar da população, governantes tomam o dinheiro público para

sustentar um alto (e auto) padrão de vida. Corroborando esta vertente estão os

recorrentes escândalos de desvio de verbas de merenda escolar e aposentadoria para

contas pessoais em “paraísos fiscais”.

Diante dessa situação está uma população que trabalha em média cinco

meses só para pagar impostos abusivos e manter amorais corruptos “trabalhando”. O

mais fraco soçobora à proporção que o mais forte sobrevive. Enquanto as grandes

massas vivem um retrocesso na qualidade de vida, os “chefões’’ evoluem, multipli-

cando seu poder de compra e influência sobre a socidade. Desse modo, esta novamen-

te vota nos seus opressores, formando, assim, um ciclo vicioso. Mantêm-se,

consequentemente, a obscura evolução social. Portanto, anos atrás, em uma de suas

viagens à América do Sul, Darwin seria inequívoco em aplicar sua teoria à

exploração social dos latino-americanos.

Enfim, o quadro atual é preocupante, porém, não é detentor de caráter

irreversível. As batatas machadianas podem e devem estar em poder das grandes

massas. Isso será possível com a conscientização política do eleitorado, que tem em

mãos a decisão de quem o governa. Enfim, basta a evolução de um poder: o voto-

consciente.

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Comentário da Professora:

A redação da Flávia está muito bem conduzida em direção à proposição da

questão da prova do concurso. Ela retoma os argumentos da coletânea (primeiro

parágrafo), explorando a temática da sobrevivência do mais forte em detrimento dos

demais da mesma espécie. Fecha o primeiro parágrafo trazendo uma ideia correlata

encontrada no escritor Machado de Assis: “Ao vencedor, as batatas”. Com essa

máxima machadiana, transpõe a questão da biologia para as relações sociais.

Contudo, por não ser uma transposição de fácil desenvolvimento, já que

Darwin não discutia as questões sociais, detendo-se exclusivamente nas

comprovações biológicas, o argumento central da redação prossegue prejudicado nas

críticas à condução política do país. A proposta escolhida pela Flávia (ideia 4)

explora comicamente a teoria da evolução através de uma charge, colocando no topo

da cadeia evolutiva o político corrupto, pois pega da teoria somente a ideia de

aniquilamento dos mais fracos, de modo metafórico. E é óbvio que a Flávia não quis

dizer que os políticos brasileiros são biologicamente mais evoluídos e por isso

dominam e exploram o restante da população, o que seria um argumento de contato

possível entre a teoria e a atual situação do país, contudo bastante descabido.

Ao que parece, ela teve receio de fugir ao tema, por isso continua, em todo o

texto, com as críticas à atual situação de exploração pela qual passa o país, ficando

muito restrita na sua leitura da charge.

No entanto, seu texto é muito bem conduzido, com bons argumentos,

organizados em parágrafos bem estruturados. Ao final, ela retoma a máxima

machadiana, dando ao texto organicidade e progressão. Só faltou trazer para o texto

um adendo que denotasse uma reflexão própria sobre a temática, pois nota-se que a

argumentação escrita não lhe causa espanto, ela a domina com destreza.

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Terceiro Lugar - Nível IV

Aluno: Tássio Côrtes Cavalcante

Unidade: Jardim da Penha

Série e Turma: 3ª série N2

Como grande observador da sociedade brasileira, Machado de Assis em seu romance ‘‘Quincas Borba’’ retrata um triste cenário do país: a desigualdade social. Por meio da sua teoria ‘‘humanitismo’’, o filósofo fictício Quincas Borba descreve a distinção entre classes como sendo um pouco evolutivo e necessário, em que os mais ‘‘adaptados’’ se sobrepujam aos demais. O contexto atual do Brasil não é diferente. Tanto no âmbito financeiro quanto no quesito poder, as disparidades são notórias, mas não são tidas como comuns. Será, então, esse processo uma evolução natural da sociedade ou um claro indício do retrocesso da mentalidade humana?

Evidentemente, com o passar dos tempos, a exploração das camadas pobres seja pelos patrões, políticos e até mesmo policiais, acentuou-se. Causas disso são as crescentes demandas consumistas, a falta de exemplos dos superiores e dos iguais, a pseudo-necessidade de se ter mais dinheiro sempre, entre outros fatores. Enfim, tudo contribui para criar uma dependência de explorar os outros para garantir sobrevivência. Uma sociedade dependente não se pode considerar evoluída.

Na verdade, a noção de comunidade, em que os indivíduos vivem em relação intraespecífica harmônica, se perdeu. Priorizou-se, por outro lado, o predatismo e a competição. Se outrora a sociedade sobrevivia estando todos se beneficiando, agora atrelou-se à sobrevivência a necessidade de superar e evoluir, em conceitos deturpados.

Fica evidente, portanto, o atrofiamento da percepção humana em relação à sociedade. De fato, as características de animais se fazem cada vez mais presentes ao ser humano. A evolução do ser humano chega ao ápice e agora regride. Dessa forma, a sociedade caminha para se tornar o mais bem acabado modelo de ecossistema selvagem.

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Comentário da Professora:

Tássio explora a ideia 2, na condução da temática sobre o evolucionismo,

que propõe a charge, em que a evolução resulta na transformação do homem em

animal (involução?).

O início do texto é muito interessante, pois liga a questão à exploração do

homem pelo homem como “um processo evolutivo e necessário”, ao dar voz a

Quincas Borba e levantar a questão: será esse processo evolução ou retrocesso na

mentalidade humana? Desse modo a proposta de discussão do evolucionismo liga-se

perfeitamente à ideia 2 proposta para o concurso.

Contudo, no restante do texto, o Tássio não conduz o problema para

reflexões mais fecundas, que dispusessem de causas e efeitos. Limita-se a levantar

dados que confirmem a hipótese caricaturada pela charge, chegando à conclusão de

que ela está correta, tendo em vista o “atrofiamento da percepção humana em relação

à sociedade”. E, ainda, no segundo parágrafo, os argumentos parecem bastante

destoantes e a hipótese de uma sociedade harmônica em tempos passados

(saudosismo utópico), presente no terceiro parágrafo, parece bastante complicada.

Mas seu texto é bem estruturado e curioso, mantendo-se na análise e

evitando buscar soluções apressadas. Um texto dinâmico e muito focado no tema

proposto.

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Quarto Lugar - Nível IV

Aluna: Paula Soares Campeão

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 3ª série M2

É fato que neste ano comemora-se 200 anos do naturalista britânico

Charles Robert Darwin, conclamado por desenvolver a teoria da seleção natural.

Esta defende a luta dos indivíduos de uma população pela sobrevivência, diante da

limitação na disponibilidade de recursos. Assim, os mais aptos sobrevivem e

reproduzem-se, permitindo, dessa forma, a adaptação de determinados indivíduos ao

ambiente e o surgimento de novas espécies.

Essa teoria, que explica, aos moldes do pensador britânico, a evolução

humana, quando relacionada aos dias atuais, é confrontada com diversos fatores que

associam a adaptação humana a um regresso evolutivo. A sociedade contemporânea

tem vivido um longo processo de avanços tecnológicos, que visam beneficiar o

homem, principalmente em suas atividades cotidianas. Todavia, todo esse aparato

tecnológico, a fim de oferecer um maior conforto aos consumidores, tem contribuído

para agravar o sedentarismo humano. Tal fato, associado à deturpação dos hábitos

alimentares, proporcionada pela invasão dos ‘‘fast-food’’ oferecidos pelas multinacio-

nais, tem provocado elevados índices de obesidade na população e acarretado

diversas doenças, que comprometem o equilíbrio da espécie humana. Além disso, os

recursos naturais não têm sido suficientes para sustentar o crescimento tecnológico e os

elevados padrões de consumo da sociedade, situação que ameaça diretamente a

sobrevivência da espécie.

Assim, grande parte dos avanços sociais, impulsionados pelo interesse do

capitalismo em obter lucro, vem contribuindo para a distribuição do homem. Logo,

cria-se uma contradição, uma vez que as técnicas criadas para beneficiar o homem e

seu processo de adaptação ao meio proporcionam um regresso em sua evolução, já que

o homem se depara com prejuízos em seus hábitos e em seu meio, que se tornarnam

irreparáveis.

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Comentário da Professora:

Paula Soares também explora a ideia 2, que traz a charge da evolução

humana resultando em um porco; no entanto, caminha pela via da crítica ao

capitalismo que gera recursos tecnológicos, mas amortece a mobilidade humana que

se torna sedentária e consumista, o que pode levar a humanidade a prejuízos

irreparáveis, segundo ela.

Na sua redação, a Paula ganha por manter-se estritamente no tema

proposto, mas perde por não propor reflexões mais aprofundadas a partir da crítica

proposta na charge, o que deixa o seu texto bastante comedido e muito previsível.

Com parágrafos muito bem organizados, uma escrita cuidada e uma

coesão textual impecável, o texto da Paula apresenta-se muito bem organizado e com

ótima fluência. Basta à Paula um pouco mais de ousadia na proposição de reflexões,

pois ela já possui toda a base necessária, tanto no desenvolvimento textual quanto na

apreensão temática que a possibilitaria alçar voos inusitados sem se perder. Seus

caminhos estão abertos na medida em que já possui a base para saltar. Espero que ela

não deixe de ousar mais por medo de se perder, pois falta ao seu texto esse salto em

direção à sua diferença, ao seu modo de ver e de se posicionar.

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Quinto Lugar - Nível IV

Aluna: Talita Silveira Barbosa

Unidade: Vila Velha

Série e Turma: 3ª série M2

A teoria evolucionista e a sociedade moderna

Há 200 anos, nasceu o naturalista britânico Charles Darwin que ganhou

notoriedade a partir da divulgação de sua teoria evolucionista. Darwin defendia a

ideia de que a luta dos indivíduos por recursos e pela sobrevivência permite que alguns

se adaptem ao ambiente e outros não, causando a formação de novas espécies, em um

processo denominado seleção natural. Essa teoria é importante para entender um fato

comum na sociedade atual, que gera desigualdade e insatisfação na maioria da

população.

Nos primórdios da humanidade, as pessoas viviam em sociedades que não

tinham governantes. Não havia lei, e cada um fazia o que parecia bem aos próprios

olhos. Porém, com o aumento da população e, consequentemente, dos conflitos

sentiu-se a necessidade de um governo organizado capaz de solucionar os problemas

da sociedade. Entretanto, nos dias de hoje, parece que os políticos esqueceram o

objetivo da existência de seus cargos. Não se preocupam mais com assuntos

pertinentes à nação, mas usam do poder investido a eles na satisfação de interesses

pessoais. Assim, como na teoria evolucionista de Darwin, lutam para se adaptar ao

ambiente e garantir a sobrevivência. Aos cidadãos comuns, representando a espécie

perdedora, resta apenas servir de base de apoio aos governantes, que abusam da

população com excessivos impostos, grande parte para alimentar despesas próprias e

a de familiares. Enquanto isso, o povo sofre com a falta de infra-estrutura e baixa

qualidade de vida. Entretanto, diferentemente do que defendia Darwin em sua teoria,

a espécie perdedora, nesse caso, não tende a desaparecer, pois os políticos precisam

dela para manter seus privilégios e, assim, ‘‘perpetuar a espécie’’.

Charles Darwin morreu há muitos anos, mas sua teoria encontra-se viva

ainda hoje, refletida metaforicamente na sociedade. Porém, nota-se uma importante

diferença: os cidadãos comuns, sendo essenciais na manutenção da espécie governan-

te, não virão a desaparecer. Entretanto, por se mostrarem passivos à dominação

política, abrem espaço para os abusos dessa classe que se fortalece mais a cada dia.

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Comentário da Professora:

A grande inovação de Talita foi pegar a teoria da evolução de Charles

Darwin, no que diz sobre a seleção natural das espécies, como uma metáfora da

sociedade. Desse modo, ela evita os problemas de transposição pura e simples da

teoria da evolução para a crítica social. Pena que ela coloque esse argumento da

metáfora ao final do texto (último parágrafo). Se colocado no início o argumento da

metáfora poderia ter dado ao texto uma perspectiva muito interessante, pois poderia

ter sido melhor explorado.

Dentro da condução proposta, fica, para o leitor, que os políticos são mais

evoluídos que a massa explorada. Além disso, Talita cai na armadilha do “passado

perfeito” (argumento saudosista), no segundo parágrafo.

Mas seu texto apresenta-se bem organizado, com argumentos muito bem

estruturados e uma boa organização argumentativa que faz com que ela não perca o

foco temático.

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Proposta de Redação - Nível III

Caros alunos, a nossa escola está completando

20 anos de existência. Coincidentemente, comemoram-se

200 anos do naturalista britânico, Charles Robert

Darwin, nascido em 12 de fevereiro de 1809. E, por

esse motivo, nós, da Equipe de Redação, não podíamos

deixar de falar de Darwin. Foi ele quem alcançou fama ao

convencer a comunidade científica da ocorrência da

evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá

por meio da seleção natural.

Para nós, é importante que você, aluno, saiba

mais um pouco sobre a história de Darwin e do contato

dele com o nosso país, Brasil. Leia a seguir um pouco dessa curiosa história.

Já no fim de dezembro de 1831, o navio inglês HMS Beagle deixava

Davenport, na Inglaterra, para iniciar uma viagem de 4 anos e 9 meses ao redor do

mundo. A bordo, um naturalista inglês muito jovem (22), que abandonara, para

desgosto do pai, a faculdade de medicina e estudava, na Universidade de Cambridge,

a fim de ser pastor anglicano: Charles Robert Darwin.

Essa viagem mudou a história da ciência, das concepções das igrejas de que

o homem descendia de Adão e Eva, e iniciou uma discussão que até hoje é terreno

fértil, mas escorregadio e perigoso. (Observação: Darwin não era o naturalista oficial

do navio, mas apenas o acompanhante, como cavalheiro, do capitão Robert

Fitzroy).

O Brasil fez parte do roteiro de aventuras: Salvador (29 fevereiro de

1833) e Rio de Janeiro (partida em 5 de julho do mesmo ano), quatro meses que

foram anotados, com encantamento, no diário do pesquisador, destacando que “é

impossível sonhar com algo mais delicioso que essa estada de algumas semanas num

país tão impressionante”.

A terra verde-amarela encantou o naturalista a ponto de motivá-lo a deixar

registros do que viu em terras tupiniquins. A seguir, você lerá um dos relatos de

Charles Darwin:

“A primeira impressão do Rio [de Janeiro] é sublime e

pitoresca. Cores intensas, com o azul prevalecendo nas grandes

extensões de plantação de açúcar, e o barulho da brisa nas plantações

de café; a floresta de mimosas é um véu natural, mas é mais gloriosa do

que nas gravuras; brilhos dos raios de sol; plantas parasitas [...] muitas

borboletas grandes e brilhantes.” (1832, na chegada ao Rio de Janeiro)

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Proposta de Redação - Nível III

Como você pôde perceber, a primeira impressão que Darwin teve da cidade

maravilhosa foi de encantamento. Entretanto, com o passar do tempo, não só o Rio

de Janeiro, mas também inúmeras capitais brasileiras sofreram impactos do

crescimento desordenado da população, e as cidades passaram a ser vítimas de

governos descompromissados com a preservação do meio-ambiente. Na verdade, os

espaços urbanos passaram a apresentar inúmeros problemas, entre eles a ausência de

administrações capazes de planejar uma cidade com o propósito de atender a

necessidade de toda a sua população.

Baseado nessa observação, escreva um texto, em prosa, a fim de discutir a

realidade das cidades brasileiras nos aspectos sociais, políticos, econômicos e

ambientais e trace um paralelo entre o que o britânico Darwin encontrou e o que hoje

vemos nos centros urbanos. Procure abordar as maneiras encontradas pelos

brasileiros para superarem as dificuldades do desemprego, da falta de saneamento

básico e transporte público. Apresente também propostas capazes de estruturar uma

cidade mais democrática e mais humana, de maneira a permitir que todos possam

realmente entender o espaço público, como um espaço de todos.

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Proposta de Redação - Nível IV

Caros alunos, a nossa escola está completando 20 anos de existência. Coincidentemente, comemoram-se 200 anos do naturalista britânico, Charles Robert Darwin, nascido em 12 de fevereiro de 1809. E, por esse motivo, nós, da Equipe de Redação, não podíamos deixar de falar de Darwin.

Nesse caso, atente para os seguintes aspectos da teoria de Darwin:

A limitação na disponibilidade de recursos faz com que indivíduos de uma população lutem, diretamente ou indiretamente, por esses e pela sua sobrevivência. Dessas variações, algumas podem ser vantajosas neste sentido, permitindo que alguns, neste cenário, se destaquem e outros não. Esses últimos podem não sobreviver e, tampouco, reproduzirem-se. Aqueles que sobrevivem (os mais aptos), podem transmitir à prole tal característica que permitiu sua vitória, caso seja hereditária. Esse processo, denominado seleção natural, resulta na adaptação de determinados indivíduos ao ambiente, frente a outros não-adaptados, e também no surgimento de novas espécies.

A partir deste recorte teórico, desenvolva um texto argumentativo, de modo que você relacione – quer para confirmar, quer para questionar – a teoria de Charles Darwin com UMA das ideias relacionadas abaixo.

Ideia 01

Ideia 02

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Proposta de Redação - Nível IV

A viatura foi chegando devagar E de repente, de repente resolveu me parar Um dos caras saiu de lá de dentro Já dizendo, ai compadre, você perdeu Se eu tiver que procurar você ta fodido Acho melhor você ir deixando esse flagrante comigo No início eram três, depois vieram mais quatro Agora eram sete samurais da extorsão Vasculhando meu carro Metendo a mão no meu bolso Cheirando a minha mão

De geração em geração Todos no bairro já conhecem essa lição Eu ainda tentei argumentar Mas tapa na cara pra me desmoralizar

Tapa na cara pra mostrar quem é que manda Pois os cavalos corredores ainda estão na banca Nesta cruzada de noite encruzilhada Arriscando a palavra democrata Como um santo graal Na mão errada dos homens Carregada de devoção

Ideia 03Tribunal De Rua

(O Rappa)

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De geração em geração Todos no bairro já conhecem essa lição O cano do fuzil, refletiu o lado ruim do Brasil

Nos olhos de quem quer E me viu o único civil rodeado de soldados Como seu eu fosse o culpado No fundo querendo estar A margem do seu pesadelo Estar acima do biótipo suspeito Mesmo que seja dentro de um carro importado

Com um salário suspeito Endossando a impunidade a procura de respeito Mas nesta hora só tem sangue quente E quem tem costa quente Pois nem sempre é inteligente Peitar um fardado alucinado Que te agride e ofende para te Levar alguns trocados Era só mais uma dura Resquício de ditadura Mostrando a mentalidade De quem se sente autoridade Nesse tribunal de rua...

Ideia 04

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Conclusão final

Sobre as redações do Nível III

A proposta das redações para esse nível foi de… O que se esperava era que...Em sua maioria as redações caíram no argumento saudosista do passado,

dizendo que o Brasil de 1882, quando da vinda de Charles Darwin ao Brasil, era melhor que o Brasil de hoje, principalmente no que se refere à cidade do Rio de Janeiro. E passam a listar os problemas atuais como falta de saneamento básico e de educação adequada, o que nos leva a inferir que isso existia no Rio de 1800. Além disso, as questões ambientais ficaram misturadas com as questões sociais e por vezes as redações tornaram-se um “muro de lamentações”. Problemas sem fim foram listados e as soluções giravam em torno do governo e da educação. A população apareceu, no geral, como vítima. O impacto da descrição parece ter sido forte, o que fez com que se visualizasse o hoje pelos olhos do ontem, sem qualquer questionamento.

Sobre as redações do Nível IV

A proposta da coletânea, nesse nível, era de também relembrar Charles Darwin, mas agora pelo viés da teoria evolucionista, focando na questão da seleção natural das espécies. Seguia ao tema quatro possibilidades de relação: teoria da evolução e igreja católica (charge); teoria da evolução e retrocesso humano (charge); violência urbana (música do Rappa) e evolução das espécies do Australopitecus Australianus ao Homo Deputadus e Homo Eleitoris (charge).

O resultado trágico dessa proposta foi a correlação pura e simples da teoria da evolução (estritamente voltada para a biologia) para a questão social, que possui relações histórico-sociais que envolvem muitas outras variáveis, diferentes daquelas aplicadas à teoria da evolução. Isso resultou em inferências do tipo: se os políticos dominam é porque estão na ponta do processo evolutivo e tendem a exterminar os demais, ou a Igreja domina porque é mais evoluída. Outros fizeram uma leitura estrita da charge e, assim, concluíram que os homens estão se animalizando, sem sequer levar em conta a ironia proposta. Muitas redações, ainda, limitaram-se a listar problemas sociais infinitos e por vezes propunham soluções apressadas.

Certo é a necessidade de se atentar para as armadilhas da coletânea e questioná-la muito fortemente, afinal, o seu papel é o de sugerir temáticas e não de traçar os caminhos para o texto argumentativo.

Contudo, os textos apresentaram-se bem estruturados, com argumentos bastante firmes e organizados de modo a deixar a redação coesa. Os alunos parecerão ter compreendido a lógica da paragrafação, bem como a organização do texto argumentativo. Poucos foram os textos descuidados em seus argumentos e distantes da norma culta. Os estudantes entenderam bem o que significa produzir um texto argumentativo e o que é esperado deles, de modo que muitos limitaram-se ao mínimo exigido.

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