LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 26 · Mais louco é quem me diz Que não é feliz, não é...

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LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 26 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias OSG.: 73420/13 PROPOSTA I (ENEM) Texto I “Dizem que sou louco Por pensar assim Se eu sou muito louco Por eu ser feliz Mais louco é quem me diz Que não é feliz, não é feliz.” BAPTISTA, Arnaldo & LEE, Rita. “Balada do louco”. www.ritalee.com.br “Normalidade é a habilidade para se adaptar ao mundo exterior com satisfação e para dominar a tarefa de culturação.” MENINGER, K. In: Ballone GJ – Diagnóstico Psiquiátrico – in: PsiqWeb, Internet, disponível em: www.psiqweb.med.br, revisto em 2005. Texto II LOUCURA “A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável.” LUCIDEZ “Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza de imaginação.” ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 928. Pensar ou agir de modo distinto do da maioria das pessoas pode ser visto como algo simplesmente diferente, ou como inadequação, ou até mesmo como loucura. Considerando a afirmativa e os trechos acima, elabore um texto dissertativo-argumentativo em que você apresente suas reflexões a respeito do olhar sobre a normalidade/anormalidade. PROPOSTA II (ENEM) Texto I ESPECIAL: CHOQUE DE CULTURAS Reação exagerada à publicação de charges de Maomé acirra o confronto entre o Islã e o Ocidente, duas civilizações com algumas características em comum e muitos valores incompatíveis. O desafio é fazer com que o abismo entre elas pare de crescer. Diogo Schelp CONTRA A DINAMARCA Palestinos pintam a marca de um pé – um gesto ofensivo no mundo árabe – na bandeira dinamarquesa. Shawn Baldwin/The New York Times.

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LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 26

Linguagens, Códigos e suas TecnologiasOSG.: 73420/13

PROPOSTA I (ENEM)

Texto I

“Dizem que sou loucoPor pensar assimSe eu sou muito loucoPor eu ser felizMais louco é quem me dizQue não é feliz, não é feliz.”

BAPTISTA, Arnaldo & LEE, Rita. “Balada do louco”. www.ritalee.com.br

“Normalidade é a habilidade para se adaptar ao mundo exterior com satisfação e para dominar a tarefa de culturação.”MENINGER, K. In: Ballone GJ – Diagnóstico Psiquiátrico – in: PsiqWeb, Internet,

disponível em: www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.

Texto II

LOUCURA

“A loucura é diagnosticada pelos sãos, que não se submetem a diagnóstico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão, e a loucura ainda é razoável.”

LUCIDEZ

“Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza de imaginação.”ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003, p. 928.

Pensar ou agir de modo distinto do da maioria das pessoas pode ser visto como algo simplesmente diferente, ou como inadequação, ou até mesmo como loucura.

Considerando a afi rmativa e os trechos acima, elabore um texto dissertativo-argumentativo em que você apresente suas refl exões a respeito do olhar sobre a normalidade/anormalidade.

PROPOSTA II (ENEM)

Texto I

ESPECIAL:CHOQUE DE CULTURAS

Reação exagerada à publicação de charges de Maomé acirra o confronto entre o Islã e o Ocidente, duas civilizações com algumas características em comum e muitos valores incompatíveis. O desafi o é fazer com que o abismo entre elas pare de crescer.

Diogo Schelp

CONTRA A DINAMARCAPalestinos pintam a marca de um pé – um gesto ofensivo no mundo árabe – na bandeira dinamarquesa.

Shawn Baldwin/The New York Times.

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OSG.: 73420/13

Doze charges, dez delas com caricaturas do profeta Maomé, publicadas num pequeno jornal em um país igualmente pequeno e, em geral, distante de encrencas internacionais, colocaram o mundo islâmico em clima de guerra santa. A histérica reação diplomática dos países muçulmanos, os boicotes econômicos, as multidões enfurecidas e as ameaças de morte dos terroristas mostraram que o fosso de valores, ideias e hábitos entre o mundo islâmico e o Ocidente se aprofundou perigosamente. Dada a dimensão geográfi ca e humana das partes e em vista das diferenças radicais, vem à mente a famosa metáfora proferida por Winston Churchill quando ele viu o império soviético se agigantar e alienar o resto do mundo. Churchill disse que uma “cortina de ferro” havia descido sobre a Europa. Desde a Guerra Fria não se via com tanta clareza a existência de dois mundos crescentemente hostis e que, rapidamente, esquecem o muito que têm em comum exacerbando o pouco, mas fundamental, que os separa. É um sinal dos tempos – e também um paradoxo. O abismo se torna mais intransponível exatamente em um mundo interligado por comunicações instantâneas e pela intensifi cação do comércio global. Por que, com tantas condições favoráveis, o diálogo está se tornando impossível?

A resposta mais simples e correta – ainda que não explique tudo – é que o fanatismo diminui as chances de diálogo. O convívio poderia ser harmonioso e mutuamente enriquecedor não fosse o fato de que o poder crescente dos fanáticos esmaga aqueles mais moderados e transigentes. O caso das charges é exemplar por ter colocado em foco alguns dos mais agudos pontos de ruptura entre o Ocidente e o Islã: liberdade de expressão, direitos humanos e que o jornalista dinamarquês Flemming Rose chamou de “choque de civilizações” entre as democracias seculares e as sociedades islâmicas. Rose, editor de cultura do Jyllands-Posten, o jornal dinamarquês que publicou as charges cinco meses atrás, diz que a crise atual é sobretudo “sobre a questão da integração e sobre se a religião do Islã é ou não compatível com uma sociedade moderna e secular”. A ideia de um choque de civilizações não é nova. A expressão foi colocada em evidência pelo americano Samuel P. Huntington, professor de Harvard, num artigo que levou esse título na revista Foreign Affairs, em 1993, e que depois foi ampliado e publicado como livro. Sua opinião é a de que, passados os confl itos causados por interesses divergentes entre Estados-nações, as guerras do futuro seriam travadas entre grandes unidades conhecidas como culturas ou civilizações, cada uma delas constituída de grupos de países. Ele errou no atacado – a ponto de colocar a América Latina como uma cultura à parte do Ocidente e, dessa forma, um inimigo em potencial –, mas apontou com clareza para os indícios de que se ampliava o fosso entre as democracias ocidentais e o mundo islâmico.

CALMA, RAPAZES, É APENAS UM DESENHOFEITO POR UM DINAMARQUÊS.

CHARGES DA DISCÓRDIAAs charges fazem parte da série do jornal dinamarquês

Jyllands-Posten que provocou revolta no mundo islâmico, porfazer piada com Maomé. Abaixo, primeira página do

jornal francês France Soir, cujo editor foi demitido, com amanchete: “Sim, temos o direito de caricaturar Deus”

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OSG.: 73420/13

A disputa sobre as charges de Maomé faz parte de uma série de confrontos culturais similares entre o Islã e o Ocidente, começando pela sentença de morte decretada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini contra o escritor britânico Salman Rushdie, cujo livro Os Versos Satânicos o líder espiritual do Irã considerou “blasfêmia” em 1989. Em 2004, o cineasta holandês Theo van Gogh foi assassinado a tiros e facadas por um jovem muçulmano ofendido com seu fi lme Submissão, que critica o tratamento dado às mulheres nas sociedades islâmicas. Esses crimes em nome do Islã são, obviamente, obra de fanáticos, mesmo quando ocupam altos cargos em Estados islâmicos. Desde os ataques terroristas a Nova York de 11 de setembro de 2001, um esforço enorme é feito por muçulmanos e não muçulmanos para separar o fanatismo de Osama bin Laden da fé moderada e pacífi ca da maioria dos muçulmanos. A reação extremada diante das charges de Maomé faz o contrário, reforçando o estereótipo negativo dos muçulmanos.

O ponto crítico desse relacionamento difícil está na Europa, onde vivem 15 milhões de muçulmanos. Essa migração rompeu a fronteira entre a cristandade e o Islã, que permanecerá estanque por séculos. “Os muçulmanos têm mais difi culdade de se integrar e de aceitar alguns costumes do Ocidente do que outras populações, porque vivem de acordo com um conjunto de valores muito rígidos e tendem a se isolar”, disse a Veja o historiador dinamarquês Ulf Hedetoft, da Academia para Estudos de Migração de Aalborg, na Dinamarca. Há vários outros pontos de confronto. A invasão do Iraque pelos Estados Unidos parece feita sob medida para reforçar o sentimento generalizado entre os muçulmanos de que o mundo os persegue. (. . .)

Com base na leitura dos textos motivadores apresentados e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma culta da Língua Portuguesa, sobre o seguinte tema:

“O fanatismo diminui as chances de diálogo”

Apresente experiência e proposta de ação social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA III (OUTROS VESTIBULARES)

O editorial é um gênero do discurso argumentativo que tem a fi nalidade de manifestar a opinião de um jornal, de uma revista, ou de qualquer outro órgão de imprensa, a respeito de temas ou acontecimentos importantes no cenário nacional ou internacional. Não é assinado porque não deve ser associado a um ponto de vista individual. Deve ser objetivo e informativo. Além de apresentar opiniões assumidas pelo veículo de imprensa, costuma também resumir opiniões contrárias, para refutá-las.

Imagine que você seja editor de uma revista de circulação nacional e tenha que escrever o editorial referindo-se à matéria principal daquele número da revista, que é sobre o “Choque de culturas”. Em seu texto, você deve comentar fatos e dados que situem essa questão e defender o ponto de vista apresentado na matéria acerca da polêmica existente entre os valores culturais de cada povo e como desenvolver a tolerância e o respeito, única condição para realização da Paz mundial.

RBS – 16/08/2013 – REV.: MHC