Kyu Won Kim - intranet.fcf.usp.br · 1 LISTA DE ABREVIATURAS ACC acetil-CoA carboxilase ACOX...
Transcript of Kyu Won Kim - intranet.fcf.usp.br · 1 LISTA DE ABREVIATURAS ACC acetil-CoA carboxilase ACOX...
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
POSSÍVEIS EFEITOS BENÉFICOS DA ALIMENTAÇÃO DE KIMCHI PARA
DIMINUIÇÃO DOS RISCOS OCASIONADOS PELA OBESIDADE
Kyu Won Kim
Trabalho de Conclusão do Curso de
Farmácia-Bioquímica da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas da
Universidade de São Paulo.
Orientador(a):
Prof. Dr. João Paulo Fabi
São Paulo
2017
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................... 1
RESUMO ............................................................................................ 3
1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 4
2. OBJETIVO(S) ................................................................................... 7
3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 7
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 8
5. CONCLUSÃO ................................................................................... 26
6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 26
7. ANEXOS ..................................................................................................................... 30
1
LISTA DE ABREVIATURAS
ACC acetil-CoA carboxilase
ACOX acyl-CoA oxidase
ANPEP aminopeptidase N
aP2 adipocyte fatty acid binding protein
ASCL1 acyl-CoA synthetase long-chain family member 1
C/EBP CCAAT/enhancer-binding protein
CPT-1 carnitina palmitoiltransferase-1
CRP proteína reativa C
EAT tecido adiposo endotelial
FAS fatty acid synthase
GHR-Rs receptores do hormônio de crescimento secretagogo
ICAM-1 molécula de adesão intermolecular 1
IGF-1 insulin like growth factor-1
IL-6 interleucina 6
KNHANES Korean National Health and Nutrition Examination Survey
LAB bactérias do ácido láctico
LDL lipoproteínas de baixa densidade
LXRα liver X receptor α
MAT tecido adiposo mesentérico
MCP-1 monocyte chemoattractant protein-1
OMS Organização Mundial da Saúde
PPARγ peroxissome proliferator activated receptor γ
SCD1 stearoyl-CoA desaturase 1
SP Soypro™
2
SREBP sterol regulatory element binding protein
TG triglicerídeos
TNF-α tumor necrosis factor α
VCAM-1 molécula de adesão de célula vascular
WHR waist hip ratio
3
RESUMO
KIM, KW. Possíveis efeitos benéficos da alimentação de kimchi para diminuição dos riscos ocasionados pela obesidade. 2017. no. 32. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Palavras-chave: Korean kimchi, obesity, kimchi INTRODUÇÃO: O kimchi é um dos alimentos fermentados derivados de vegetais mais tradicional da cultura coreana, sendo considerado um dos cinco alimentos mais saudáveis no mundo. Produzido a partir da salga de vegetais frescos e mistura de outros ingredientes seguido de uma fase de maturação, o kimchi é caracterizado pelas mudanças na textura e sabor dos vegetais utilizados. Alterações na composição química e microbiológica resultam em um produto altamente nutritivo que, de acordo com diversos estudos científicos, pode influenciar na melhoria e manutenção da saúde humana. Um dos possíveis efeitos estudados do kimchi é o seu potencial em diminuir os riscos atrelados ao quadro de obesidade auxiliando na redução de tecido adiposo (estudos com cobaias). OBJETIVO: Relatar evidências científicas que indicam os possíveis efeitos positivos do consumo do kimchi para a diminuição dos riscos ocasionados pela obesidade e melhoria da saúde. MÉTODOS: Pesquisas foram realizadas em bancos de dados de publicações científicas (PubMed, SciElo e SciFinder) utilizando as palavras chaves “kimchi’, “Korean kimchi” e “obesity”, com o intervalo de publicação de 10 anos (2007 a 2017), em língua inglesa ou coreana. De 29 artigos obtidos pela pesquisa foram incluídos 18 artigos para análise. RESULTADOS: Os estudos científicos sobre kimchi e obesidade são fundamentados em diversos temas, dentre eles: 1) padrões alimentares associados aos riscos do desenvolvimento da obesidade; 2) a comparação dos efeitos benéficos entre o consumo de kimchi fresco, fermentado e fermentado com starters; 3) estudos sobre os benefícios da suplementação com probióticos isolados a partir do kimchi; e 4) a influência de um ingrediente presente em alguns tipos de kimchi sobre o organismo e riscos associados à obesidade. CONCLUSÃO: Foi possível reunir informações de diversas áreas da ciência abordando as propriedades benéficas da alimentação do kimchi e como o seu consumo poderia atuar positivamente na redução dos riscos associados à obesidade.
4
1. INTRODUÇÃO
O kimchi é um alimento fermentado composto por determinados tipos de
vegetais (principalmente acelga e nabo) amplamente consumido na Coreia e
em outros países do leste asiático. O baechu kimchi (kimchi de acelga,
Brassica rapa spp. pekinensis) e o kaktugi (kimchi de nabo, Raphanus sativus
var. longipinnatus, em cubos) são os mais consumidos (Patra et al., 2016). Há
registros de que o kimchi tenha sido preparado e consumido desde os meados
dos séculos III e IV d.C. na Coreia, e que o nabo teria sido o ingrediente
majoritário destas preparações. O kimchi semelhante ao consumido atualmente
pode ter a sua origem a partir do século XVIII (Cheigh et al., 1994).
Este alimento foi criado com o intuito de aumentar a vida de prateleira
(tempo até a sua deterioração) de alguns vegetais. Essa técnica de
conservação visava preservar e até melhorar as características organolépticas
de vegetais frescos durante o longo período de escassez de alimentos
provocado pelo inverno rigoroso e pela disposição geográfica da região. O
kimchi é uma fonte importante de vitaminas, minerais e fibras alimentares na
dieta da população coreana (Patra et al., 2016). O kimchi poderia ser
considerado um alimento restrito aos lares dos coreanos, mas atualmente uma
quantidade considerável é produzida industrialmente e comercializada
internacionalmente. Os procedimentos envolvidos na produção do kimchi são:
o pré-tratamento (separação de ingredientes frescos, lavagem e corte, sendo
de extrema importância não desinfetar os vegetais, com, por exemplo,
hipoclorito de sódio), produção da salmoura (com sal sólido ou solução salina),
mistura dos temperos (especiarias) e maturação (fermentação), ocorrendo as
devidas adaptações para o processo industrial (Cheigh et al., 1994; Patra et al.,
2016).
Durante a fermentação do kimchi diversas transformações na textura,
sabor, composição nutricional e microbiológica do vegetal ocorrem. A
digestibilidade dos vegetais é aprimorada pelo resultado da atividade osmótica
ocasionada pela salga e também pela acidificação do meio por ação de
enzimas presentes nos ingredientes e nas bactérias responsáveis pela
fermentação. A hidrólise de substâncias pécticas da parede celular do vegetal
5
por ação de enzimas bacterianas pectinolíticas como a poligalacturonase,
juntamente com a metabolização de manose, glicose e galactose pelas
bactérias que resultam na formação de ácidos orgânicos, manitol e dióxido de
carbono contribuem para o incremento das qualidades sensoriais e o possível
aumento da digestibilidade das hortaliças (Cheigh et al., 1994; Patra et al.,
2016). Essas transformações bioquímicas ocorrem devido à presença de
bactérias probióticas produtoras de ácido lático que influenciam positivamente
na saúde humana devido à ação colonizadora na microbiota intestinal (Cheigh
et al., 1994; Saad, 2006; OMG, 2011; Patra et al., 2016).
Além disso, alterações biológicas nas plantas são ocasionadas pelas
próprias enzimas endógenas dos vegetais utilizados. Pectinases e celulases,
responsáveis pela hidrólise de pectinas e celuloses da parede celular dos
vegetais, exercem maior atividade no pH resultante da fermentação do kimchi
(pH em torno de 4,0 a 5,2) fazendo com que o vegetal tenha uma textura mais
mole (Cheigh et al., 1994; Patra et al.,2016).
Sendo assim, trata-se de um processo de fermentação que resulta na
hidrólise lenta de substâncias orgânicas promovido por bactérias e enzimas
presentes no meio que resultam na metabolização de carboidratos em ácidos
orgânicos ou álcoois. Dentre o grupo de bactérias citadas podemos destacar
cepas de Lactobacillus brevis, Lactobacillus fermentum, Lactobacillus
plantarum, Leuconostoc mesenteroides, Weissella koreensis e Pediococcus
pentosaeus (Jung et. al, 2014), que são as bactérias responsáveis pela
fermentação e a maturação do kimchi e que podem ser utilizadas como starters
quando isoladas (Cheigh et al., 1994). Bactérias láticas são membros
importantes da microbiota intestinal humana e quando dispostas em
quantidades significantes geram alguns efeitos benéficos que não apenas da
função intestinal, mas também de outras funções fisiológicas ou alívio de
sintomas de doenças, como colesterol sérico, metabolismo lipídico, pressão
sanguínea, sistema imunológico e obesidade (Ikeda et al., 2014; Lee et al.,
2013).
Existem evidências na literatura de que a ingestão regular do kimchi
diminui os riscos de desenvolvimento de diversos tipos de câncer, estimula o
sistema imunológico, age sobre processos inflamatórios diminuindo os
possíveis efeitos deteriorantes no organismo humano, possui propriedades
6
antioxidantes e, especialmente, reduz os riscos provocados pelo quadro de
obesidade (Lee et al., 2012; Park et al., 2014; Dharaneedharan e Heo, 2016;
Tamang et al., 2016).
A obesidade é uma doença crônica definida como um acúmulo anormal
ou excessivo de gordura que se apresenta como um risco para
desenvolvimento de outras doenças crônicas não transmissíveis. Um conjunto
de fatores associados à obesidade (distúrbios na regulação do apetite e
metabolismo de energia interligados com fatores genéticos, ambientais e
psicossociais) aumenta os riscos de desenvolvimento de doenças cardíacas e
outros problemas de saúde como diabetes e infarto. Uma das abordagens
comuns utilizadas para tratar esta condição tem sido o controle a longo prazo
do peso de massa corporal através da alimentação (OMS, 2000).
A alimentação com o kimchi demonstrou que houve uma melhora
significativa na redução da obesidade em experimentos realizados com
camundongos (Park et al., 2012), com uso de comprimidos de kimchi em ratos
(Kong et al., 2007), com uso de bebida láctea produzida a partir de bactérias
isoladas do kimchi em ratos obesos (Hong et al., 2015) e com indivíduos
obesos comparando o kimchi fresco com o fermentado (Kim et al., 2011). A
presença de fibras alimentares, vitaminas e cálcio (presente nos vegetais
utilizados) além de capsaicina e alicina (presentes nas especiarias utilizadas)
podem ser os fatores chave para as prováveis diminuições no peso corporal,
IMC e gordura corporal (Sheo e Seo 2004; Kim et al. 2011). Além disso, as
bactérias lácticas do kimchi, que impedem a proliferação de outras bactérias
nocivas pela mudança nas condições físico-químicas do ambiente no alimento
conservando-o por um longo período de tempo (Patra et al. 2016), ao
alcançarem o ambiente intestinal podem recuperar a microbiota alterada pela
obesidade (Kim et al., 2011).
Apesar de ter sua origem na península da Coreia, o kimchi tem
alcançado o interesse mundial pelos benefícios que proporciona para a saúde.
Por todas as propriedades que apresenta, o kimchi é uma opção viável e
acessível para aqueles que buscam alternativas de alimentação saudável,
mesmo no Brasil, ingerindo um alimento complexo com provável efeito benéfico
de diminuição dos riscos maléficos ocasionados pela obesidade.
7
2. OBJETIVO(S)
Relatar evidências científicas que indicam os possíveis efeitos positivos
do consumo do kimchi para a diminuição dos riscos ocasionados pela
obesidade. Para tanto, uma relação entre os artigos publicados com os efeitos
benéficos da alimentação com kimchi foi realizado para este trabalho.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi realizado na forma de revisão bibliográfica com base nos
critérios a seguir.
3.1. Estratégias de pesquisa
Pesquisa de palavras-chave “kimchi”, “obesity” ou “Korean kimchi” nos
bancos de dados de publicações científicas (PubMed, SciElo e SciFinder)
utilizando as palavras também traduzidas para a língua coreana.
3.2. Critérios de inclusão
Uso de filtros de buscas para artigos científicos dos últimos 10 anos
(2007 a 2017) na língua inglesa ou coreana e que haviam sido publicados por
periódicos indexados.
3.3. Critérios de exclusão
Artigos em qualquer outra língua diferente das propostas e que abordam
outros temas não relacionados ao consumo de kimchi e obesidade ou
publicados em periódicos não indexados.
8
3.4. Coleta e análise dos dados
Os artigos obtidos foram selecionados inicialmente pelo título e
disponibilidade de acesso na rede da Universidade de São Paulo, e escolhidos
de acordo com a relevância para abordar o tema proposto.
A pesquisa no banco de dados do PubMed com filtros de busca
contendo as palavras-chave forneceu 29 artigos relacionados. Destes, cinco
foram excluídos com base na leitura de seus abstracts pela discordância com o
tema de pesquisa proposto da obesidade (e.g. riscos associados à dermatite
atópica) e seis artigos pela impossibilidade de seu acesso pelo VPN da USP,
resultando em 18 artigos inclusos na análise.
A pesquisa nos bancos de dados da SciElo e SciFinder utilizando as
mesmas palavras-chave não resultou em nenhum artigo relacionado ao tema
proposto na análise.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela análise dos artigos obtidos pela pesquisa do tema, pode-se
observar que a maioria dos trabalhos referentes ao kimchi foram realizados na
Coreia do Sul por ser um alimento com profundas raízes culturais. Estes
trabalhos publicados podem ser subdivididos de acordo com seus temas em
comum:
4.1. Pesquisa de padrão alimentar
Foram encontradas seis publicações abordando o tema da obesidade e
como o padrão alimentar das pessoas, delimitado pela idade, pode influenciar
no risco associado ao desenvolvimento da doença: crianças normais e obesas
de 9 a 11 anos (Lee, Ahn, 2007), homens de 40 a 59 anos (Lee et al., 2011),
adultos de 19 anos ou mais (Kim, Jo, 2011; Kim, Lee, Jung, 2012),
adolescentes de 16 a 18 anos (Joung et al., 2012) e mulheres de 40 a 69 anos
(Kim, Jo, Joung, 2012), indicando que uma dieta balanceada associada à
ingestão do kimchi pode reduzir os riscos associados à obesidade.
9
Em estudo de identificação de padrão alimentar de crianças (Lee, Ahn,
2007), crianças normais costumam ingerir maiores quantidades de frutas,
vegetais e kimchi em suas dietas diárias, enquanto as crianças obesas focam a
sua dieta com alimentos mais calóricos e industrializados. O consumo elevado
de vários tipos de alimentos altamente calóricos e baixo consumo de kimchi e
frutas podem ser comportamentos alimentares importantes na relação aos
riscos associados à obesidade em crianças de 9 a 11 anos.
Os padrões de alimentação por produtos de origem animal e massas-
pães estão associados positivamente com obesidade, obesidade abdominal, ou
dislipidemia, que podem levar a aumentos dos riscos de desenvolver outras
doenças crônicas, mesmo ajustando os parâmetros sócio demográficos. A alta
ingestão de vegetais (com inclusão de kimchi na dieta), associada à redução
do consumo de carnes e ingestão de baixa concentração de sódio dos
alimentos poderiam diminuir os riscos associados ao desenvolvimento da
obesidade (Lee et al., 2011).
Com base em dados obtidos pelo Korean National Health Nutrition and
Examination Survey (KNHANES) de 2001 e 2005, estudos transversais
realizados nacionalmente pela Korea Centers for Disease Control and
Prevention que utilizou de uma amostragem de probabilidade estratificada para
avaliar a população de adultos coreanos, uma análise fatorial foi realizada para
definir os padrões alimentares em quatro grupos de acordo com o alimento
predominante na dieta: arroz branco e kimchi; carne e álcool; rico em lipídeos,
doces e café; e grãos, vegetais e peixe (no qual inclui o kimchi) (Kim, Jo, 2011).
Indivíduos praticantes de uma dieta centrada em cereais, vegetais e
peixes apresentaram menores riscos associados à síndrome metabólica (14%
menor), especificamente ao menor risco de desenvolvimento de
hipertrigliceridemia em adultos, quando comparado a outros grupos por estar
associado à baixa ingestão de gorduras saturadas e gorduras trans, e ingestão
elevada de ácidos graxos n-3 e carboidratos complexos, incluindo fibras, além
de vitamina A, betacaroteno, vitamina C e cálcio (Kim, Jo, 2011).
10
Tabela 1 – Resultados dos estudos relacionados aos padrões alimentares da população.
Autores/Ano/País/Revista Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Lee S, Ahn H, 2007, Coreia do Sul
Nutrition Research and Practice
Crianças normais e obesas
[9 a 11 anos; n = 290]
Estudo transversal de padrão alimentar de crianças
normais e obesas através de um questionário de
frequência alimentar elaborado e padronizado a partir
dos resultados obtidos do KNHANES de 2001.
Crianças normais (n=148; M: 48,0%) e obesas (n=142; M: 62,7%). Crianças normais ingerem 13,5% (p < 0,05) a mais de kimchi
do que as crianças obesas. O grupo obeso também apresentou maior ingestão diária de alimentos calóricos como
ddeokbokggi (bolinhos de arroz em molho picante, 26,0 g), espaguete (26,9 g), presunto grelhado (12,9 g) e lombo de porco
(12,3 g).
Lee JE et al., 2011, Coreia do Sul
Nutrition
Homens
[40 a 69 anos; n = 3.581]
Estudo transversal de padrão alimentar de homens
coreanos através de questionário validado de
frequência alimentar semiquantitativo a partir dos dados
obtidos no Korea Health and Genome Study realizado no
período de maio de 2001 a fevereiro de 2003.
Análise fatorial revelou três perfis de dietas, que explicam 24,8% de variação da ingestão total de alimento:
1) Origem animal
2) Arroz-vegetal
3) Massa-pão
Grupo 1 foi associado positivamente com IMC e circunferência abdominal, que estão relacionados com a obesidade e
obesidade abdominal, apresentando associação positiva com níveis de LDL mas uma associação negativa com HDL,
resultando em uma associação positiva com TC; também apresentou associação negativa com pressão sistólica, ORs para
desenvolvimento de obesidade foram de 1,0 para 1,59 com p < 0,0001 e para hipercolesterolemia de 1,0 para 1,92 com p <
0,0001 do menor para o maior quintil. Grupo 2 foi associado positivamente com pressão sistólica e negativamente com TC e
LDL, apresentando ORs para hipertensão de 1,0 para 1,47 com p < 0,05 do menor para o maior quintil. Grupo 3 foi associado
positivamente com TC, apresentando ORs para obesidade abdominal de 1,0 para 1,38 com p < 0,05 e para hipercolesterolemia
de 1,0 para 1,48 com p < 0,01 do menor para o maior quintil.
Kim JH, Jo IH, 2011, Coreia do Sul
American Dietetic Association
Adultos
[19 anos ou mais; n = 9.850]
Estudo transversal da influência do padrão da dieta nos
parâmetros fisiológicos associados aos riscos da
síndrome metabólica, a partir dos dados obtidos das
KNAHNES de 2001 e 2005.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 26,7% de variação da ingestão total de alimento:
1) Arroz branco e Kimchi
2) Carne e álcool
3) Rico em lipídeos, doces e café
4) Grãos, vegetais e peixe
O grupo 2 foi positivamente associado com riscos de hipertrigliceridemia e pressão sanguínea elevada, em que ORs (p = 0,01
em ambos) aumentaram significantemente de acordo com as categorias de tercentis de pontuação do grupo. Em contraste o
grupo 4 foi inversamente associado com o risco de hipertrigliceridemia, com OR diminuindo significantemente ao longo dos
tercentis do grupo (p = 0,0002), indicando uma associação inversa de risco de desenvolvimento da síndrome metabólica (p =
0,02).
Joung HJ et al. , 2012, Coreia do Sul
Korean Journal of Pediatrics
Adolescentes
[16 a 18 anos; n = 3.168]
Revisão sistemática de 6 artigos publicados no intervalo
de 10 anos. Dados do KNHANES de 1998, 2001, 2005
e de 2007 a 2009 foram utilizados para analisar
associação entre os padrões alimentares e os fatores
de risco associados à síndrome metabólica.
Obtidos 3 padrões alimentares: arroz e kimchi; pães, carne, frutas e leite; e massas e cogumelos. O estudo não apresentou
diferenças significativas de possíveis riscos de obesidade entre as diferentes dietas, porém o padrão de arroz e kimchi foi
altamente correlacionado com triglicérides séricos; portanto, padrões alimentares com mais frutas, vegetais e cereais integrais e
menos refinados devem ser recomendados para prevenção da síndrome metabólica.
Kim JH, Lee JE, Jung IK, 2012, Coreia do
Sul
Journal of Academy of Nutrition and
Dietetics
Mulheres
[40 a 69 anos; n = 3.742]
Estudo transversal de padrão alimentar de mulheres
através de um questionário de frequência alimentar
elaborado e padronizado a partir dos resultados obtidos
do KNHANES de maio de 2001 a fevereiro de 2003.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 28,9% de variação da ingestão total de alimento:
1) Origem animal
2) Arroz-vegetal
3) Pão-laticínio
4) Massa
Não houve diferenças significativas entre os padrões alimentares com o risco de desenvolvimento da obesidade. Porém o risco
de obesidade abdominal foi associado com os grupos 2 (aumento de 1,0 para 1,07 com p < 0,05 do menor para o maior quintil)
e 4 (aumento de 1,0 para 1,08 com p < 0,05 do menor para o maior quintil). Com o grupo 3 apresentando redução ao risco de
obesidade abdominal (1,0 para 0,88 com p < 0,001).
Kim JH, Jo IH, Joung HJ, 2012, Coreia do
Sul
Journal of Academy of Nutrition and
Dietetics
Adultos
[19 anos ou mais; n = 10.089]
Estudo transversal da influência do padrão da dieta nos
parâmetros fisiológicos associados aos riscos da
obesidade, a partir dos dados obtidos das KNAHNES
de 2001 e 2005.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 26,7% de variação da ingestão total de alimento:
1) Arroz branco e Kimchi
2) Carne e álcool
3) Rico em lipídeos, doces e café
4) Grãos, vegetais e peixe
Os grupos 1 e 3 foram positivamente associados ao risco de desenvolver obesidade, com OR para obesidade aumentando
significativamente de acordo com o tercentil destes grupos (p = 0,0039 e 0,0054, respectivamente).
11
Joung e colegas (2012) realizaram uma revisão sistemática de artigos de
metodologias semelhantes e utilizaram os dados dos KNHANES de 1998,
2001, 2005 e de 2007 a 2009 para avaliar os riscos de desenvolvimento da
síndrome metabólica em adolescentes. Os resultados apontaram três padrões
alimentares: arroz e kimchi; pães, carne, frutas e leite; e massas e cogumelos.
O estudo não apresentou diferenças significativas de possíveis riscos de
obesidade entre as diferentes dietas, porém o padrão de arroz e kimchi foi
altamente correlacionado com baixos níveis de triglicerídeos séricos; portanto,
padrões alimentares com mais frutas, vegetais e cereais integrais e menos
alimentos refinados devem ser recomendados para redução dos riscos de
desenvolvimento de síndrome metabólica (Joung et al., 2012).
Com dados do The Korean Health and Genome Study, porém com
mulheres, foram obtidos quatro padrões alimentares: alimentos de origem
animal, arroz-vegetais (incluindo kimchi), pães-laticínios e massas. Uma dieta
balanceada de teor energético e nutritivo seria a ideal por apresentar relação
negativa com o aumento da circunferência abdominal, do IMC e de possíveis
riscos associados à obesidade. A obesidade abdominal pode estar associada
não somente ao regime alimentar como ao fator sócio demográfico, idade e
atividade física (Kim, Lee, Jung, 2012).
Com dados das KNHANES de 2001 e 2005 para avaliar os padrões
alimentares com o desenvolvimento da obesidade, foram obtidos quatro
padrões alimentares: arroz branco e kimchi; rico em lipídeos, doces e café;
carne e álcool; e grãos, vegetais e peixes (Kim, Jo e Joung, 2012). O grupo de
lipídeos, doces e café está associado com a obesidade em adultos, pela
ingestão elevada de lipídeos e açúcares que tem relação causal com índices
de massa corporal (IMC) elevado e o consumo de café pela ingestão de
aditivos altamente calóricos como creme de leite e açúcar. Arroz branco e
kimchi também se mostrou associado à obesidade, devido à ingestão elevada
de carboidratos (Kim, Jo e Joung, 2012).
12
4.2. Comparação da efetividade entre o kimchi fresco, fermentado, e
amplificação dos efeitos positivos do kimchi fermentado com um starter
A comparação entre os efeitos do consumo do kimchi fresco vs. kimchi
fermentado foi abordada em dois artigos: pacientes com sobrepeso e obesos
(Kim et al., 2011) e mulheres obesas de 30 a 60 anos (Han et al., 2015), sendo
que ambos apresentaram que o kimchi fermentado possui melhores resultados.
Já a adição de starter em kimchi fermentado para testar se há resultados
melhores com o seu consumo foi comprovada em dois artigos: efeitos da
alimentação em camundongos C57BL/6J (Park et al., 2012) e um modelo in
vitro utilizando adipócitos 3T3-L1 (Lee et al., 2015), mostrando que a adição de
starters melhorou o efeito positivo já existente do kimchi.
Pacientes obesos foram designados em dois grupos experimentais para
um estudo cruzado para comparar os resultados da alimentação com 300 g/dia
de kimchi (quatro semanas de kimchi fresco e quatro de kimchi fermentado)
(Kim et al., 2011). Houve melhorias significativas em dados fisiológicos dos
pacientes associados à síndrome metabólica (redução de massa corporal, IMC
e porcentagem de gordura corporal) nos dois períodos de dietas que pode
estar associado aos efeitos benéficos dos ingredientes (acelga, pimenta
vermelha, alho, cebolinha e gengibre) que possuem fibras alimentares,
vitaminas, cálcio, capsaicina e niacina.
A ingestão do kimchi fermentado apresentou melhores resultados na
diminuição dos riscos associados à obesidade (redução da relação cintura
quadril [WHR], glicemia e insulina sérica em jejum, além de possíveis efeitos
benéficos nas pressões sistólica e diastólica, colesterol total e gordura
corporal). Níveis de insulina sérica em jejum estão associados à resistência à
insulina, maior em pacientes de síndrome metabólica, e mesmo em indivíduos
com glicemia em níveis normais que apresentam insulina em jejum elevada
(Kim et al., 2011). Além disso, houve uma redução significativa de leptina após
o consumo de kimchi fermentado. A leptina é um hormônio que controla o
sistema pituitário para redução de apetite e aumento de consumo de energia
para controle do peso. Obesos possuem possuem concentrações circulantes
elevadas desse hormônio podendo estar diretamente relacionada com a
resistência à insulina.
13
O estresse oxidativo, níveis elevados de colesterol em indivíduos com
aterosclerose, doença inflamatória crônica associada ao consumo excessivo de
lipídeos, e danos causados às paredes dos vasos sanguíneos atraem células
pró-inflamatórias que induzem a expressão das moléculas de adesão,
agravando o processo inflamatório. Apesar de não terem sido observadas
mudanças nos níveis de ICAM-1 e VCAM-1, houve redução dos níveis de E-
selectina com a ingestão de kimchi fresco. A síndrome metabólica e casos de
diabete tipo 2 também apresentam níveis elevados de moléculas de adesão
como ICAM-1 (molécula de adesão intermolecular 1), VCAM-1 (molécula de
adesão de célula vascular) e E-selectina, e estão relacionados com
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Kim et al., 2011).
Dentre as citocinas pró-inflamatórias incluindo CRP (proteína reativa C),
TNF-α (tumor necrosis factor), IL-6 (interleucina 6) e MCP-1 (monocyte
chemoattractant protein-1) também associadas ao desenvolvimento de
aterosclerose, apenas MCP-1 teve seus níveis diminuídos com a ingestão de
kimchi fermentado (Kim et al., 2011). O kimchi poderia ainda apresentar
maiores efeitos nas funções nutricionais e biológicas pela maior concentração
de bactérias lácticas que surgiram com o processo de fermentação e que
possuem potencial probiótico (sendo as principais espécies presentes L.
plantarum, L. brevis, Pediococcus cerevisiae, Streptococcus faecalis e
Leuconostoc mesenteroides) (Kim et al., 2011).
O estudo com camundongos para comparar os efeitos de kimchi
fermentado tradicionalmente e outro com a adição de um starter W. koreensis
OK1-6 demonstrou que o kimchi fermentado com a adição de starter
apresentou resultados mais satisfatórios na redução dos parâmetros
fisiológicos associados aos riscos da obesidade como por exemplo o ganho de
massa de gordura epididimal (Park et al., 2012).
Foi constatado que o kimchi com starter é mais eficaz na redução do
acúmulo de gordura visceral e hepática e previne contra esteatose hepática.
Também houve uma reversão do aumento do colesterol sérico total causado
pela dieta altamente lipídica. A única diferença entre o kimchi tradicional e o
fermentado com starter é a concentração elevada de ornitina, que pode ter
funções anti-obesidade pela possível atividade contra a ansiedade melhorando
o comportamento alimentar, e concentração diminuída de arginina. A ornitina é
14
também facilmente convertida em citrulina que é conhecida por diminuir fadiga
e aumentar a eficiência do exercício físico em camundongos, além de possuir
um papel importante na secreção de hormônio do crescimento (GH), que
auxilia na perda de massa corporal e aumenta a lipólise e oxidação lipídica. A
citrulina obtida pode ser convertida em arginina que também reduz a massa de
gordura e aumenta a massa magra (Park et al., 2012).
Além da presença da ornitina, a própria presença de bactérias lácticas
no kimchi como a W. koreensis OK1-6 auxiliam a perda de peso, inibe o
acúmulo intracelular de lipídeos em adipócitos em fase de diferenciação pela
fração citoplasmática da bactéria e estimulação da resposta imunológica do
hospedeiro, muito provavelmente devido aos efeitos positivos dessa cepa na
função biológica da microbiota intestinal (Park et al., 2012).
A redução dos efeitos da obesidade foram auxiliados também pela
redução de níveis de leptina e insulina séricas (que indicam perda de gordura
corporal e diminuição dos efeitos da resistência à insulina) e a expressão de
mRNA de LXRα (fator de transcrição ativado por ligante que regula outros
fatores de transcrição como SREBP-1c, que regula genes ligados ao processo
de lipogênese), SREBP2 (sterol regulatory element binding protein 2, fator de
transcrição que regula a homeostase lipídica ligado à síntese de colesterol),
ACC (acetil-CoA carboxilase, que catalisa a carboxilação de acetil-CoA para
formar malonil-CoA, potente inibidor da oxidação de ácidos graxos pela
supressão alostérica de CPT-1), FAS (fatty acid synthase, enzima catalisadora
da síntese de palmitato a partir de acetil-CoA e malonil-CoA em presença de
NADPH para formar ácidos graxos de cadeia longa), SCD1 (stearoyl-CoA
desaturase-1, que está associado com obesidade, esteatose hepática e
expressão do gene lipogênico hepático), PPARγ (peroxisome proliferator-
activated receptor γ, expresso no fígado, regulador da diferenciação de
adipócitos e associado à obesidade por cooperar com CCAAT/enhancer-
binding protein α [C/EBP-α]; que modula a expressão de genes envolvidos na
regulação do ciclo celular e na homeostase de massa corporal], pela promoção
de adipogênese) e aumento significativo de CPT-1 (carnitina
palmitoiltransferase-1, enzima essencial no transporte de ácidos graxos de
cadeia longa para a membrana interna da mitocôndria, o que resulta no
aumento da β-oxidação neste estudo) (Park et al., 2012).
15
O consumo de kimchi fermentado por mulheres obesas trouxe melhorias
nos parâmetros fisiológicos tanto pela ingestão de nutrientes quanto pela
mudança na microbiota intestinal, gerando alterações no balanço energético,
nutricional, microbiano e no controle de genes reguladores do metabolismo e
imunidade (Han et al., 2015).
A obesidade poderia levar a um aumento da população de bactérias do
filo Firmicutes e redução de Bacteroidetes no intestino, em que a relação
Firmicutes/Bacteroidetes diminuída pode estar relacionada à perda de peso,
fenômeno que foi observado pela alimentação com kimchi. Também foi
observado um aumento em Proteobacteria e Actinobacteria após intervenção
com os dois tipos de kimchi (fresco e fermentado), com o segundo filo
apresentando correlação negativa com a porcentagem de gordura corporal no
grupo do kimchi fermentado. Houve aumento de Bacteroides, que apresenta
correlação negativa com obesidade, e Prevotella, que é encontrado em
indivíduos com dieta de lipídeos reduzida e ingestão de fibra elevada, e
diminuição de Blautia com ingestão do kimchi fermentado (Han et al., 2015).
Dentre as LAB presentes no kimchi fermentado, a Bifidobacterium
longum é uma das espécies majoritárias e conhecida por apresentar efeitos
benéficos contra a obesidade por reduzir o peso corporal, depósitos de
gordura, níveis de lipídeos séricos, glicemia em jejum e resistência à insulina.
Também foi observada uma correlação negativa entre B. longum e a
circunferência da cintura (Han et al., 2015).
Ao analisar a expressão de genes foi observado uma correlação
negativa de ACSL1 (acyl-CoA synthetase long-chain family member 1,
responsável de ativar proteína quinase ativada por AMP induzida por insulina e
adiponectina, que causa a inibição da biossíntese de ácidos graxos e
triacilgliceol, além de estimular a oxidação lipídica) e ANPEP (aminopeptidase
N, responsável pela regulação da dor, angiogênese, inflamação e apoptose). O
aumento da sua concentração sérica pode contribuir com a adaptação a altos
níveis de sal, indicando que poderia exercer um importante papel no combate à
hipertensão (Han et al., 2015).
A abundância de LAB presente no kimchi fermentado com starter
(Leuconostoc mesenteroides + Lactobacillus plantarum) inibiu a adipogênese
nas células 3T3-L1, por reduzir o acúmulo lipídico nestas células pela ação das
16
bactérias de regular o conteúdo de ácidos graxos e aminoácidos, e melhorou o
sabor do alimento por causa da presença de subprodutos da fermentação
bacteriana (Lee et al., 2015).
Em comparação dos efeitos do kimchi tradicional, adicionado de chá
verde (funcional) e adicionado de starter na fermentação, todos apresentaram
redução de níveis de triglicerídeos (TG), mas os últimos dois grupos
apresentaram melhores resultados. A hidrólise de TG libera glicerol e ácido
graxo livre de adipócitos e causa a lipólise. Todos os grupos apresentaram
níveis elevados de glicerol em comparação com o grupo controle de dieta
altamente lipídica com os dois últimos grupos apresentando concentrações
maiores, indicando que apresentaram maiores atividades lipolíticas do que o
grupo controle (Lee et al., 2015).
O metabolismo das LAB presentes no kimchi contribui nos benefícios à
saúde que apresenta, além de suprimir a diferenciação dos adipócitos pela
adipogênese/lipogênese. A adipogênese é regulada por fatores de transcrição
como IGF-1 (insulin like growth factor-1, envolvido no crescimento e
desenvolvimento), C/EBPα, C/EBPβ (importante na regulação de genes
envolvidos nas respostas imune e inflamatória), PPAR-γ e FAS.
A alimentação com kimchi reduziu significantemente os níveis de
expressão desses marcadores biológicos, com o kimchi fermentado com starter
apresentando os menores valores, reduzindo a adipogênese/lipogênese
levando a uma supressão do desenvolvimento da obesidade. Portanto, a
seleção de melhores ingredientes e o uso de bactérias lácticas de ação
probiótica comprovada como starters são essenciais para promover a ação de
redução dos riscos associados à obesidade (Lee et al., 2015).
17
Tabela 2 – Resultados dos estudos sobre os possíveis efeitos benéficos do kimchi fresco vs fermentado.
Autores/Ano/País/Revista Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Kim EK et al., 2011, Coreia do Sul
Nutrition Research
Pacientes com sobrepeso e obesos
[IMC ≥ 25 kg/m²; n = 22]
Estudo comparativo longitudinal da ingestão de Kimchi
fresco (1 dia) e fermentado (10 dias) em 22 pacientes
divididos em 2 grupos para dieta em regime cruzado,
com consumo de 300 g/dia.
Sete homens e 15 mulheres participaram do estudo. Idade 38,6 ± 8,5 anos, IMC médio de 27,7 ± 2,0 kg/m².
Ambos os kimchis (fresco e fermentado) apresentaram redução da massa corporal (73 ± 10,1 kg para 71,5 ± 9,7 kg e 72,9 ± 9,6
kg para 71,7 ± 9,4 kg, respectivamente, p < 0,05), IMC (27,0 ± 2,2 e 26,9 ± 2,2 kg/m²) e gordura corporal, apresentando uma
diferença significativa na % de gordura corporal entre os dois grupos (31,9 ± 4,0 para 31,6 ± 4,0 e 32,1 ± 4,3 para 31,4 ± 4,4,
respectivamente, p < 0,05).
A ingestão de kimchi fermentado apresentou redução significativa em glicemia de jejum comparado ao fresco (100 ± 10,2 para
94 ± 11,3 mg/dL vs 101 ± 11,1 para 96,6 ± 10,5 mg/dL, respectivamente, p < 0,05), redução dos níveis de insulina em jejum (14,9
± 6,2 para 11 ± 5,6 μIU/mL, p < 0,05), redução significativa de níveis de TC (171 ± 25,7 para 161 ± 29,9 mg/dL), MCP-1 (167 ±
50,9 para 154 ± 41 ρg/mL) e leptina (20,2 ± 1,3 para 15,7 ± 11,4 ng/mL). Diferenças na pressão sanguínea sistólica (126,1 ±
12,1 para 121,3 ± 6,9 mmHg) e diastólica (76,9 ± 9,7 para 72,7 ± 7,4 mmHg), porcentagem de gordura corporal, glicemia em
jejum (100 ± 10,2 para 94,1 ± 11,3 mg/dL) e TC (171 ± 25,7 para 161 ± 29,9 mg/dL) no grupo do kimchi fermentado foram
maiores em comparação com o kimchi fresco.
Park JA et al. , 2012, Coreia do Sul
Journal of Applied Microbiology
Camundongos
[C57BL/6J; n = 28]
Estudo longitudinal para testar os efeitos do Kimchi
fermentado com starter W. koreensis OK1-6.
Camundongos divididos em quatro grupos:
1) Dieta normal (ND)
2) Dieta rica em lipídeos (HF)
3) HF + 3% de kimchi fermentado (HF-KC)
4) HF + 3% de kimchi fermentado com starter W. koreensis OK1-6 (HF-KCO)
Kimchi fermentado com starter apresentou maior contagem de LAB quando comparado com o kimchi fermentado com as
bactérias do ambiente (7,76 ± 0,08 log UFC/mL vs 7,15 ± 0,05 log UFC/mL), com pH menor (4,30 ± 0,01 vs 4,80 ± 0,02) e maior
concentração de ornitina (117,06 mg/100 g vs 21,43 mg/100 g). Apesar da maior acidez e menor concentração de açúcares não
afetou as características organolépticas.
O grupo 4 apresentou menor ganho de massa corporal (14,45 ± 0,03 g) e menor massa de gordura corporal (1,5 g) quando
comparado aos grupos HF; redução do TG hepático (45,28 ± 10,39 mg/g) sendo comparável ao apresentado pelo grupo 1
(42,46 ± 6,66 mg/g); redução do TC sérico (144,92 ± 25,59 mg/dL); aumento da razão HDL sérico pelo TC (56,19 ± 11,25%)
quando comparado com grupo 2; expressão e secreção de leptina e insulina significantemente menores (20 ng/mL e 0,8 ng/mL,
respectivamente); e menor expressão de mRNAs de LXRα, SREBP-1c , ACC, SREBP2, SCD-1, PPARγ e FAS verificados por
quantitação relativa quando comparados aos outros grupos.
Han KS et al., 2015, Coreia do Sul
Molecular Nutrition and Food Research
Mulheres obesas
[30 a 60 anos; IMC ≥ 25 kg/m²; n = 24]
Estudo clínico avaliando as diferenças da influência das
dietas com os kimchis fresco e fermentado (8 dias).
Ingestão de kimchi fresco ou fermentado por oito semanas reduziu a massa corporal (71,4 ± 6,84 para 70,9 ± 6,66 kg e 69,4 ±
7,02 para 69 ± 7,70 kg, respectivamente), circunferência abdominal (95 ± 5,79 para 92,7 ± 5,07 e 95,9 ± 5,77 para 94 ± 5,73 cm,
respectivamente), IMC (28 ± 2,31 para 27,7 ± 2,36 e 27,8 ± 2,20 para 27,6 ± 2,50 kg/m², respectivamente), porcentagem de
gordura corporal (38,9 ± 4,03 para 37 ± 4,46 e 39,4 ± 4,63 para 38 ± 5,31 %), glicemia em jejum (97,2 ± 9,29 para 96,4 ± 9,92 e
95,5 ± 8,91 para 96,2 ± 7,88 mg/dL), TC (199,3 ± 35,56 para 190,5 ± 22,34 e 203,1 ± 40,24 para 193,1 ± 29,39 mg/dL), HDL (59
± 9,50 para 55,2 ± 11,98 e 60,1 ± 11,00 para 55,3 ± 9,49 mg/dL), insulina em jejum (8,6 ± 4,76 para 7,7 ± 3,84 e 7,2 ± 2,24 para
8,8 ± 5,37 μIU/mL), pressão sistólica (118,3 ± 8,21 para 113,2 ± 8,00 e 128,2 ± 9,08 para 118,7 ± 11,94 mmHg) e pressão
diastólica (77,8 ± 7,82 para 72 ± 6,82 e 82,6 ± 9,987 para 76,8 ± 9,31 mmHg) e aumentou TG (110,8 ± 51,84 para 145,7 ± 79,20
e 108 ± 31,36 para 105,7 ± 36,81 mg/dL). Além disso, houve aumento de Proteobacteria e Actinobacteria , abundância relativa
de Bacteroides e Prevotella enquanto a de Blautia reduziu após ingestão de kimchi fermentado. Dentre as LAB presentes no
kimchi fermentado, Bifidobacterium longum é uma das espécies mais presentes. E houve o aumento na expressão do gene que
codifica ACSL1, importante fator na regulação da biossíntese de ácidos graxos e triacilglicerol e estimulação da oxidação
lipídica.
Lee KH et al. , 2015, Coreia do Sul
Preventive Nutrition and Food Science
In vitro
[Adipócitos 3T3-L1]
Estudo comparativo dos efeitos anti-obesidade dos
kimchis fermentados de maneiras distintas: fermentado
naturalmente (NK), funcional adicionado de chá verde
(FK) e FK suplementado com starters (FKS).
Grupos NK e FK apresentaram glóbulos lipídicos menores e tratamento com FKS aumentou tais efeitos e houve lise destes
glóbulos nas células 3T3-L1. Níveis de TG se mostraram menores em relação ao grupo controle ([NK] 0,34 ± 0,05 mg/dL; [FK]
0,30 ± 0,09 mg/dL; [FKS] 0,27 ± 0,04 mg/dL) e maior concentração de glicerol ([NK] 17,0 ± 3,3 μg/mL; [FK] 19,1 ± 2,2 μg/mL;
[FKS] 21,4 ± 1,5 μg/mL). Houve supressão de fatores ligados à adipogênese e níveis de lipogênese, justificado à expressão dos
genes PPAR-γ ([NK] 0,32; [FK] 0,21; [FKS] 0,11), C/EBPα ([NK] 0,41; [FK] 0,23; [FKS] 0,13), e FAS ([NK] 0,81; [FK] 0,71; [FKS]
0,39), em comparação à do controle.
18
4.3. Suplementação com probióticos isolados do kimchi
A abordagem da suplementação alimentar com bactérias probióticas
derivadas da fermentação do kimchi foi verificada em seis artigos: efeitos
benéficos de SoyproTM (SP) fermentado com starters isolados do kimchi
(Leuconostoc kimchii, L. citreum e L. plantarum) em modelo in vitro com
adipócitos 3T3-L1 e in vivo com ratos Sprague-Dawley (Kim et al., 2008),
Lactobacillus rhamnnosus GG e L. sakei N28 em camundongos (Ji et al.,
2012), Weissella koreensis OK1-6 in vitro (Moon et al., 2012), bebida láctea
fermentada com L. plantarum DK211 em ratos SD obesos (Hong et al., 2015),
L. sakei OK67 em camundongos (Lim et al., 2016), L. plantarum HAC01 em
camundongos (Park et al., 2017), em que apresentaram resultados positivos na
redução dos riscos associados à obesidade.
Em um estudo para investigar os efeitos benéficos de SoyproTM
fermentado com bactérias isoladas do kimchi sobre a obesidade através da
diferenciação de adipócitos 3T3-L1, massa corporal, ingestão alimentar, e
níveis séricos de lipídeos em ratos alimentados com dieta rica em lipídeos,
constatou-se a ação inibitória de SP na expressão de mRNA de PPAR-γ2 e
C/EBP-α, biomarcadores da diferenciação de adipócitos e fatores de
transcrição ligados à obesidade (Kim et al., 2008).
Animais submetidos a dietas ricas em lipídeos podem desenvolver
obesidade grave, hiperglicemia e hiperinsulinemia, aumentando os riscos de
esteatose hepática por promover resistência à insulina ou alterar a sinalização
da insulina em hepatócitos, gerando um acúmulo de ácido graxo intracelular
(Kim et al., 2008). Apesar de não haver alterações significativas na massa
corporal, a alimentação com SP reduziu os níveis de LDL (lipoproteína de baixa
densidade) séricos, que também podem ter sido influenciados pela composição
nutricional de 100 g da bebida, que consiste de: 5,2 g de carboidratos, 3,0 de
lipídeos, 3,1 g de proteína, 21 mg de cálcio, 40 mg de fosfato, 90 mg de
potássio, 2 mg de sódio, 0,7 mg de ferro, 170 mg de vitamina E, 0,03 mg de
vitamina B1, 0,2 mg de vitamina B2, 2,7 mg de niacina, 88,4 g de umidade, e
vários fitoquímicos, como genisteína, daidzeína, gliciteína, lecitina e ácido
linolênico. Estes compostos exercem efeitos benéficos sobre a fisiologia como:
anticolesterolemia, redução de lipídeos neutros, antiarteriosclerose, prevenção
19
da doença cardiovascular, anti-hipertensão, melhoria da função hepática,
anticâncer e propriedades antioxidantes (Kim et al., 2008). Portanto a redução
dos níveis de LDL pela suplementação com SP é parcialmente devido à
concentração de isoflavonas e produtos secundários da fermentação de
SoyproTM com LAB isolados do kimchi (Kim et al., 2008).
Uma comparação entre as suplementações com cepas de L. rhamnosus
GG e L. sakei NR28 demonstrou que houve uma redução significativa de
gordura epididimal e expressão de biomarcadores de obesidade como FAS,
ACC e SCD-1 no fígado, sugerindo que o consumo de probióticos pode
modular significantemente a microbiota intestinal, especialmente no intestino
delgado, impactando o metabolismo do hospedeiro. Foi observado uma
redução de bactérias do gênero Firmicutes, Bacteroidetes e Clostridium cluster
XIVab, possivelmente causada pela suplementação com bactérias do gênero
Lactobacillus spp (Ji et al., 2012). A correlação entre a microbiota e obesidade
tem sido alvo de muitos estudos, sugerindo que um filo ou espécie de bactéria
em particular poderia regular o metabolismo de energia no organismo. Um
grupo proposto com tal função seria o Clostridium cluster XIVab, por promover
a degradação (fermentação) de polissacarídeos complexos não digeríveis
elevando a eficiência do metabolismo de energia no alimento (Ji et al., 2012).
Uma investigação sobre o efeito inibitório da W. koreensis OK1-6 isolada
do kimchi sobre a acumulação lipídica em adipócitos em diferenciação concluiu
que os níveis de expressão de mRNA de C/EBP-α, um dos principais fatores de
transcrição envolvidos na diferenciação dos adipócitos, foram significantemente
reduzidos (Moon et al., 2012).As expressões de genes de aP2 (adipocyte fatty
acid binding protein, responsável pela captação, transporte e metabolismo de
ácidos graxos), FAS e SREBP1 (regulador da homeostase lipídica) foram
reduzidas significantemente. Assim, sugere-se que W. koreensis OK1-6 pode
ter um papel crucial na prevenção de acúmulo lipídico por inibir tais genes
específicos (Moon et al., 2012).Também foi observado que as amostras de W.
koreensis OK1-6 contendo altas concentrações de ornitina tanto no meio de
cultura quanto na fração citoplasmática teve maiores efeitos inibitórios do
acúmulo de triglicerídeos e lipídeos nas células 3T3-L1, além da própria
ornitina apresentar efeito redutor de concentração de triglicerídeos de forma
dose-dependente (Moon et al., 2012).
20
Ratos alimentados com bebida láctea fermentada com LAB L. plantarum
DK211 isolados do kimchi e alimentados com dieta rica em lipídeos e
suplementados com a bebida láctea apresentaram reduções significativas em
parâmetros fisiológicos associados aos riscos da obesidade. Observou-se um
menor ganho de massa corporal, massa visceral e formação de tecido adiposo
branco, além de redução de níveis de lipídeos séricos e hormônios
relacionados à apetite (leptina e grelina [hormônio peptídico endógeno que se
liga aos receptores do hormônio de crescimento secretagogo, GHR-Rs, que
tem papel importante na iniciação da alimentação]) (Hong, Chung, Kim, 2015).
Sugere-se que a bebida fermentada pôde suprimir o ganho de massa
corporal, de gordura visceral e formação do tecido adiposo, reduzindo os níveis
de lipídeos séricos e hormônios reguladores de apetite e melhorando a
sensibilidade da insulina em ratos obesos. Tanto a proteína isolada do leite
quanto a bebida fermentada podem contribuir nos efeitos de redução dos
lipídeos e dos riscos associados à obesidade (Hong, Chung, Kim, 2015).
A suplementação de L. sakei OK67 (isolados de kimchi) em
camundongos melhorou a hiperglicemia induzida por uma dieta rica em lipídeos
por reduzir a inflamação crônica e aumentar a expressão de proteínas
presentes nas tight junctions das células epiteliais intestinais do cólon dos
camundongos. Sugere-se que esta bactéria pode ter um papel de supressão de
doenças metabólicas exatamente por regular a permeabilidade intestinal (Lim
et al., 2016).
A administração de uma única linhagem de L. plantarum HAC01 em
camundongos com obesidade induzida trouxe melhorias nos sintomas
negativos associados à obesidade enquanto modulava a sua composição
microbiana intestinal. Foi proposto que o processo dinâmico de modulação e
influência da regulação da expressão do gene associado ao metabolismo
lipídico no tecido adiposo mesentérico poderia levar a uma redução da gordura
total corporal e melhorar o metabolismo do camundongo hospedeiro (Park et
al., 2017).
O tecido adiposo é um dos locais de maior acúmulo de triglicerídeos e
possui um papel como órgão endócrino na homeostase energética, com
impacto direto no desenvolvimento de doença cardiovascular e diabete mellitus
tipo II. Tanto o tecido adiposo mesentérico (MAT) quanto o endotelial (EAT) são
21
depósitos de gordura visceral e os alvos primários para desenvolvimento de
disfunções imunometabólicas. A suplementação com L. plantarum HAC01
induziu um aumento da regulação da expressão do gene relacionado à
oxidação lipídica (ACOX, acyl-CoA oxidase, primeira enzima da cascata de β-
oxidação), indicando que pode promover redução da massa de MAT, glicemia
e níveis de triglicerídeos além de melhoria da razão leptina/adiponectina nos
camundongos obesos (Park et al., 2017).
22
Tabela 3 – Resultados dos estudos sobre os possíveis efeitos benéficos da suplementação de probióticos obtidos do kimchi.
Autores/Ano/País/Revista Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Kim NH et al. , 2008, Coreia do Sul
BioFactors
In vitro e in vivo
[Adipócitos 3T3-L1;
Ratos Sprague-Dawley (n = 50)]
Estudo longitudinal dos efeitos de Soypro (SP)
fermentado com starters isolados do kimchi
(Leuconostoc kimchii, L. citreum e L. plantarum ) em
modelo in vitro com adipócitos 3T3-L1 e in vivo com
ratos Sprague-Dawley com dieta com alto teor de
lipídeos.
In vitro: Viabilidade de células 3T3-L1 não foi afetada.
Concentração de 10 μg/ml de SP - redução de TG (0,8 mg/mg proteína) e inibição da diferenciação de adipócitos. Redução na
expressão de mRNAs de PPAR-γ2 (50%) e C/EBP-α (50,8%).
In vivo : Ratos divididos em cinco grupos:
1) controle (dieta padrão de laboratório + solução salina)
2) gordura + solução salina
3) gordura + estatina
4) gordura + 25% SP
5) gordura + 50% SP
Ganho de massa (aumento significativo no grupo 2), sem diferenças significativas na ingestão de alimento e eficácia de
alimentação. Sem diferença significativa nas concentrações de TG, TC ou glicose entre os grupos. Aumento de níveis de LDL no
grupo 2 (39,1%) e redução nos grupo 3 (47,8%), grupo 4 (52,1%) e grupo 5 (34,8%) comparados ao grupo 2. Níveis de HDL
similar em todos os grupos.
Ji YS et al. , 2012, Coreia do Sul
Beneficial Microbes
Camundongos
[C57BL/6J; n = 24]
Estudo longitudinal de suplementação de camundongos
com cepas de Lactobacillus rhamnnosus GG e
Lactobacillus sakei NR28, isolados do kimchi e de
ação probiótica conhecida, para avaliar os níveis de
expressão de mRNA de diversos biomarcadores
relacionados à obesidade e monitoração de alteração
da microbiota intestinal por PCR por três semanas.
Camundongos divididos em 3 grupos:
1) Controle
2) L. sakei NR28
3) LGG
Suplementação probiótica de ambos os grupos apresentou redução de microorganismos tanto nas fezes (11,005 [grupo 2] e
11,023 [grupo 3]) quanto no intestino delgado (8,782 [grupo 2] e 8,444 [grupo 3]).
Menor ganho de massa (50%) e massa total no grupo 2. Sem diferenças significativas no consumo alimentar entre os três
grupos. Redução significativa na gordura epididimal nos grupos 2 (0,5 g) e 3 (0,52 g).
Redução significativa dos níveis relativos de mRNA dos biomarcadores relacionados à obesidade em ambos os grupos:
ACC: [2] 0,45 [3] 0,60; FAS: [2] 0,70 [3] 0,70; SCD-1: [2] 0,55 [3] 0,49
Moon YJ et al., 2012, Coreia do Sul
Journal of Applied Microbiology
In vitro
[Adipócitos 3T3-L1]
Estudo in vitro dos efeitos da W. koreensis OK1-6 na
diferenciação dos adipócitos 3T3-L1.
Inibição de TG intracelular pela fração citoplasmática (S3, 20%) e pelo extrato do meio de cultura (S4, 40%) de W. koreensis
OK1-6 em relação ao controle. Redução do acúmulo de lipídeos em 3T3-L1 pelo meio de cultura (32%) e fração citoplasmática
com 1% de arginina (28%). Reduções significativas das expressões de níveis de mRNA de SREBP1, aP2, FAS e C/EBP-α
comparados ao controle.
Concentração de ornitina por TLC e HPLC:
[S1] 0∙01 mmol [S2] 0∙15 mmol [S3] 41∙84 mmol [S4] 0∙23 mmol
Hong SM, Chung EC, Kim CH, 2015,
Coreia do Sul
Korean Journal for Food Science of Animal
Resources
Ratos obesos
[♂; Sprague-Dawley; n = 24]
Estudo longitudinal para testar os efeitos de diminuição
dos parâmetros associados à obesidade de bebida
láctea fermentada com Lactobacillus plantarum DK211
isolado do kimchi.
3 grupos:
1) Dieta normal (ND)
2) Dieta rica em lipídeos (HD)
3) HD + bebida láctea fermentada
Grupo 3 apresentou menores ganhos de massa (103,24 ± 12,04 g), menor aumento de ingestão de alimento (17,51 ± 2,22 g),
menor ganho de massa dos órgãos (fígado [8,76 ± 1,41 g], baço [0,58 ± 0,11 g], rins [1,97 ± 0,10 g] e testículos [2,91±0,15 g]) e
gorduras abdominais e epididimais [3,08 ± 1,27 g], redução dos perfis de TG (65,63±1,78 g), TC (73,75±2,05 g), LDL
(56,88±2,94 g) e HDL (16,50±0,83 g), e glicemia (180 mg/dL), insulina (0,9 ng/dL), níveis de leptina (1,3 ng/mL) e grelina (0,5
ng/mL) similares aos perfis apresentados na dieta normal.
23
Tabela 3 (cont.)
Autores/Ano/País/Revista Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Lim SM et al. , 2016, Coreia do Sul
Nutrition Research
Camundongos
[C57BL/6J; n = 28]
Estudo longitudinal para avaliar os efeitos
antihipoglicêmico ou antiinflamatório da suplementação
com Lactobacillus sakei OK67, que inibe produção de
LPS pela microbiota intestinal.
Suplementação com L. sakei OK67 em uma dieta rica em lipídeos:
- supressão da produção de LPS pela microbiota intestinal (0,58±0,1 em comparação com o controle), níveis de LPS do fluido
do cólon (1,8 EU/μg fezes) e do sangue (6,0 EU/mL);
- controle o aumento glicemia de jejum (comprovado por teste de tolerância oral à glicose - redução da AUC em 60 minutos);
- diminuição do ganho de massa corporal (24,6%, p<0,05) e gordura epididimal (25,8%, p<0,05);
- inibição da adipogênese em células 3T3-L1, reduziu expressão de PPARγ, C/EBP-α, FAS e mRNAs de proteínas ligantes de
ácidos graxos;
- redução da expressão de TNF-α induzido pela obesidade (0,8, p<0,05) e dos biomarcadores de infiltração de macrófagos
CD68 e F4/80;
- inibição da colite e a atividade de mieloperoxidase no cólon;
- inibição potencial da expressão de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β e IL-6) e aumento de níveis de IL-10.
Park SY et al. , 2017, Coreia do Sul
Applied Microbial and Cell Physiology
Camundongos
[C57BL/6J; n = 24]
Estudo longitudinal para avaliar os efeitos da
suplementação com Lactobacillus plantarum HAC01,
isolado do kimchi, na gordura corporal, biomarcadores
imunometabólicos e disbiose em modelo murino com
camundongos obesos.
Camundongos tratados com dieta rica em lipídeos em três grupos:
1) Controle (HF-PBS)
2) L. plantarum HAC01 (HF-HAC)
3) L. rhamnosus GG (HF-GG)
Grupo 2 apresentou menor ganho de massa corporal (11,35 ± 1,22 g), além da redução de gordura mesentérica – localizada em
torno do intestino (0,54 ± 0,10 g) – gordura hepática (1,08 ± 0,08 g) e epididimal (2,09 ± 0,22 g); redução de glicemia (187,50 ±
23,63 mg/dL) e níveis de TC (162,50 ± 15,00 mg/dL) e TG (87,50 ± 17,08), além de redução de níveis de leptina (35,86 ± 12,12
ng/mL) e aumento de adiponectina (7,08 ± 0,67 μg/mL). Níveis de expressão de mRNA envolvendo oxidação de tecido adiposo
como ACOX, CPT1, PGC-1α e PPAR-α foram significantemente aumentados no grupo 2, além de melhorar a regulação do
quadro de inflamação resultando em diminuição do metabolismo lipídico como mostrado nas mudanças de perfis de
adiponectina e leptina. Análise de amostras fecais mostrou mudanças na microbiota intestinal principalmente no grupo 2 quando
comparado com o controle, com abundância de bactérias do filo Firmicutes (10,64 ± 0,53%), baixa concentração da família
Deferribacteraceae (0,25 ± 0,03%) devido a uma possível redução do gênero Mucispirillum , redução do filo Bacteroidetes
([Bacteroidete , 4,95 ± 0,41%] e [Rikenellaceae , 2,20 ± 0,11%]), abundância de S24-7 (6,71 ± 0,34%), redução da razão da
família Ruminococcaceae (16,26 ± 1,34%), e diminuição relativa da família Lactobacillaceae (7,52 ± 0,94%).
24
4.4. Possíveis efeitos benéficos de um determinado ingrediente presente
na receita do kimchi
Há um estudo sobre os efeitos do extrato de Platycodi radix (doraji, uma
raiz que pode ser utilizada em determinados tipos de kimchi) em pacientes
saudáveis em que foi constatado uma melhoria dos parâmetros fisiológicos
(Twiner et al., 2011). Já outro estudo verificou a detecção quantitativa de um
dos ingredientes do kimchi tradicional (pó de pimenta vermelha) e seus efeitos
sobre a densidade bacteriana de W. koreensis no kimchi, resultando em
resultados positivos e expressivos (Kang et al., 2015), indicando que a pimenta
possui um papel fundamental na proliferação dessa bactéria e possivelmente
de outras bactérias com função probiótica.
Em experimento realizado para avaliar os efeitos de extrato da planta
Platycodi radix utilizada em algumas receitas de kimchi, foi demonstrado o
efeito da inibição do mecanismo de angiogênese pela ação da platicodina D
presente na planta em modelo in vitro. Entretanto, a extrapolação para o
modelo humano é dificultado pela baixa biodisponibilidade desse composto.
Como experimento piloto, foi realizado um grupo amostral muito reduzido,
havendo a necessidade da realização de mais estudos investigando os
parâmetros farmacocinéticos do soro padronizado (Twiner et al., 2011).
A quantificação da densidade de W. koreensis para avaliar se a
presença de pimenta vermelha na receita gera alterações na composição do
kimchi concluiu que a proporção de W. koreensis é muito maior no kimchi
preparado com o pó de pimenta vermelha do que na sua versão sem a
pimenta, independentemente da temperatura ou período de fermentação. Isso
pode indicar que os kimchis preparados com pimenta poderiam trazer mais
efeitos benéficos pela maior densidade de bactérias probióticas, diminuindo
ainda mais os riscos associados à obesidade (Kang et al., 2015).
25
Tabela 4 – Resultados dos possíveis efeitos da presença de um determinado ingrediente na receita do kimchi.
Autores/Ano/País/Revista Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Twiner EM et al., 2011, Estados Unidos
Springer Healthcare
Voluntários saudáveis
[18 a 65 anos; IMC 18 a 35 kg/m²; n = 5]
Estudo comparativo in vitro e in vivo com voluntários
para avaliar o efeito inibitório da platicodina D na
angiogênese.
Saponinas de Platycodi radix em 1% inibiram angiogênese, e inibição total em 10-4M. Os cinco voluntários apresentaram IMC
médio de 23,1 ± 2,2 kg/m² e massa corporal média de 63,1 ± 5,9 kg. Os três que consumiram o extrato oral padronizado a 414
mg de platicodina D apresentaram pico de redução de 25,76% ± 4,93 (p < 0,002) na angiogênese da linha de base em 60
minutos e uma média de redução de 17,8% da angiogênese durante o tratamento. Houve apenas um voluntário que ingeriu o
extrato com alimentos, apresentando uma resposta tardia de aproximadamente 3,5 horas e ao final do experimento, às 5 horas,
a redução da angiogênese ainda estava elevando. Um dos indivíduos apresentou náusea moderada e azia após a ingestão do
extrato que poderiam estar relacionados a ele.
Kang BK et al. , 2015, Coreia do Sul
Scientific Reports
Weisseria koreensis KACC15510 Detecção quantitativa de W. koreensis em amostras de
kimchi via PCR SYBR Green e avaliação da influência
do pó de pimenta vermelha na densidade desta bactéria
no alimento.
O marcador espécie-específica, um gene codificador de uma proteína de membrana, foi amplificado usando primers WK201F/R
e sua especificidade foi validada com 11 espécies diferentes de Weissella e 13 outras LAB de referência. Todas as 8 linhagens
de W. koreensis resultaram em teste positivo, apesar da presença de outras espécies de bactéria na amostra, e apenas uma
linhagem produziu um produto amplificado de 201 bp. Dois tipos de kimchi de acelga foram obtidos – um com pimenta vermelha
e outro sem – e as amostras foram armazenadas em 4, 15 e 25°C, apresentando variação na densidade de W. koreensis entre
elas. Amostras obtidas do kimchi integral armazenado a 4°C exibiu o menor valor de Ct entre as semanas 1 e 3 comparados ao
do kimchi branco nas mesmas condições, porém o kimchi integral armazenado a 15 ou 25°C apresentou o menor valor de Ct
entre os dias 1 e 2. Assim, pode-se afirmar que a presença da pimenta vermelha influencia a densidade de W. koreensis durante
a fermentação independentemente da temperatura e duração do processo.
26
5. CONCLUSÃO
O consumo de kimchi tem sido alvo de estudo de muitos cientistas com
enfoque não apenas na via nutricional, mas como a sua inclusão na
alimentação pode trazer uma série de benefícios para evitar o desenvolvimento
de doenças crônicas, dentre elas a obesidade.
Foi possível buscar na literatura várias abordagens para tratar do tema,
desde como o kimchi está incluído no padrão alimentar de uma determinada
parcela da população e no que isso implica na saúde destas, até modelos
animais e estudos clínicos para comparar a real eficácia da alimentação com o
kimchi e quais seriam os reais benefícios atrelados ao seu consumo nos
parâmetros fisiológicos ligados à obesidade.
Há ainda uma carência de estudos clínicos bem controlados para
consolidar a eficácia do kimchi em diminuir os efeitos benéficos para redução
dos riscos da obesidade, porém os resultados mostrados em estudos
realizados até agora são promissores.
Uma vez que há comprovadamente reais benefícios e um interesse cada
vez maior no alimento em questão, a crescente demanda mundial e
disponibilidade do alimento o torna uma opção viável para incluí-lo como uma
forma de alcançar uma dieta mais balanceada e adquirir uma melhor qualidade
de vida e até mesmo como uma ferramenta para auxiliar no tratamento da
obesidade.
6. BIBLIOGRAFIA
Bastos DHM, Rogero MM, Arêas JAG (2009), Mecanismos de ação de compostos bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2009,53/5
Cheigh HS, Park KY, Lee CY (1994), Biochemical, microbiological, and nutritional aspects of kimchi (Korean fermented vegetable products). Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 34:2,175-203.
Dharandeedharan S, Heo MS (2016), Korean Traditional fermented foods – a potential resource of beneficial microorganisms and their applications. J. Life Sci. 26, 496-502.
27
Han, K., Bose, S., Wang, J. H., Kim, B. S., Kim, M. J., Kim, E. J., & Kim, H. (2015). Contrasting effects of fresh and fermented kimchi consumption on gut microbiota composition and gene expression related to metabolic syndrome in obese Korean women. Molecular Nutrition and Food Research, 59(5), 1004–1008. https://doi.org/10.1002/mnfr.201400780
Hong, S.-M., Chung, E.-C., & Kim, C.-H. (2015). Anti-obesity Effect of Fermented Whey Beverage using Lactic Acid Bacteria in Diet-induced Obese Rats. Korean Journal for Food Science of Animal Resources, 35(5), 653–9. https://doi.org/10.5851/kosfa.2015.35.5.653
Ikeda T, Tanaka Y, Yamamoto K, Morii H, Kamisako T, Ogawa H (2014), Geranium dielsianum extract powder(MISKAMISKATM) improves the intestinal environment through alteration of microbiota and microbial metabolites in rats. J. Funct. Foods. 11:12–19. doi: 10.1016/j.jff.2014.08.018.
Ji, Y. S., Kim, H. N., Park, H. J., Lee, J. E., Yeo, S. Y., Yang, J. S., … Holzapfel, W. H. (2012). Modulation of the murine microbiome with a concomitant anti-obesity effect by Lactobacillus rhamnosus GG and Lactobacillus sakei NR28. Beneficial Microbes, 3(1), 13–22. https://doi.org/10.3920/BM2011.0046
Joung, H., Hong, S., Song, Y., Ahn, B. C., & Park, M. J. (2012). Dietary patterns and metabolic syndrome risk factors among adolescents. Korean Journal of Pediatrics, 55(4), 128–135. https://doi.org/10.3345/kjp.2012.55.4.128
Jung JY, Lee SH, Jeon CO (2014), Kimchi microflora: history, current status, and perspectives for industrial kimchi production. Appl. Microbiol. Biotechnol. 98, 2385-2393.
Kang, B. K., Cho, M. S., Ahn, T.-Y., Lee, E. S., & Park, D. S. (2015). The influence of red pepper powder on the density of Weissella koreensis during kimchi fermentation. Scientific Reports, 5(October), 1–8. https://doi.org/10.1038/srep15445
Kim, E. K., An, S. Y., Lee, M. S., Kim, T. H., Lee, H. K., Hwang, W. S., … Lee, K. W. (2011). Fermented kimchi reduces body weight and improves metabolic parameters in overweight and obese patients. Nutrition Research, 31(6), 436–443. https://doi.org/10.1016/j.nutres.2011.05.011
Kim, J. H., Lee, J. E., & Jung, I. K. (2012). Dietary Pattern Classifications and the Association with General Obesity and Abdominal Obesity in Korean Women. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 112(10), 1550–1559. https://doi.org/10.1016/j.jand.2012.06.369
Kim, J., & Jo, I. (2011). Grains, Vegetables, and Fish Dietary Pattern Is Inversely Associated with the Risk of Metabolic Syndrome in South Korean Adults. Journal of the American Dietetic Association, 111(8), 1141–1149. https://doi.org/10.1016/j.jada.2011.05.001
Kim, J., Jo, I., & Joung, H. (2012). A rice-based traditional dietary pattern is associated with obesity in Korean adults. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 112(2), 246–253. https://doi.org/10.1016/j.jada.2011.10.005
Kim, N.-H., Moon, P.-D., Kim, S.-J., Choi, I.-Y., An, H.-J., Myung, N.-Y., … Kim, H.-M. (2008). Lipid profile lowering effect of Soypro fermented with lactic acid
28
bacteria isolated from Kimchi in high-fat diet-induced obese rats. BioFactors (Oxford, England), 33(1), 49–60. Retrieved from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19276536
Kong YH, Cheigh HS, Song YO, Jo YO, Choi SY (2007). Anti-obesity effects of kimchi tablet composition in rats fed high-fat diet. J Korean Soc Food Sci Nutr; 36:1529-36.
Lee BH, Lo YH, Pan TM (2013), Anti-obesity activity of Lactobacillus fermented soy milk products. J. Funct. Foods. 5:905–913. doi: 10.1016/j.jff.2013.01.040.
Lee GI, Lee HM, Lee CH (2012) Food safety issues in industrialization of traditional Korean foods. Food Control 24, 1-5.
Lee, J. E., Kim, J. H., Son, S. J., Ahn, Y., Lee, J., Park, C., … Jung, I. K. (2011). Dietary pattern classifications with nutrient intake and health-risk factors in Korean men. Nutrition, 27(1), 26–33. https://doi.org/10.1016/j.nut.2009.10.011
Lee, K. H., Song, J. Le, Park, E. S., Ju, J., Kim, H. Y., & Park, K. Y. (2015). Anti-obesity effects of starter fermented kimchi on 3T3-L1 adipocytes. Preventive Nutrition and Food Science, 20(4), 298–302. https://doi.org/10.3746/pnf.2015.20.4.298
Lee, S., & Ahn, H.-S. (2007). Comparison of major dish item and food group consumption between normal and obese Korean children: application to development of a brief food frequency questionnaire for obesity-related eating behaviors. Nutrition Research and Practice, 1(4), 313–320. https://doi.org/10.4162/nrp.2007.1.4.313
Lim, S. M., Jeong, J. J., Woo, K. H., Han, M. J., & Kim, D. H. (2016). Lactobacillus sakei OK67 ameliorates high-fat diet-induced blood glucose intolerance and obesity in mice by inhibiting gut microbiota lipopolysaccharide production and inducing colon tight junction protein expression. Nutrition Research, 36(4), 337–348. https://doi.org/10.1016/j.nutres.2015.12.001
Moon, Y. J., Soh, J. R., Yu, J. J., Sohn, H. S., Cha, Y. S., & Oh, S. H. (2012). Intracellular lipid accumulation inhibitory effect of Weissella koreensis OK1-6 isolated from Kimchi on differentiating adipocyte. Journal of Applied Microbiology, 113(3), 652–658. https://doi.org/10.1111/j.1365-2672.2012.05348.x
Organização Mundial de Gastroenterologia (2011), Probióticos e prebióticos, Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gastroenterologia.
Park KY, Jeong JK, Lee YE, Daily JW (2014), Health benefits of kimchi (Korean fermented vegetables) as a probiotic food. J. Med. Food 17, 6-20.
Park, J. A., Tirupathi Pichiah, P. B., Yu, J. J., Oh, S. H., Daily, J. W., & Cha, Y. S. (2012). Anti-obesity effect of kimchi fermented with Weissella koreensis OK1-6 as starter in high-fat diet-induced obese C57BL/6J mice. Journal of Applied Microbiology, 113(6), 1507–1516. https://doi.org/10.1111/jam.12017
Park, S., Ji, Y., Jung, H. Y., Park, H., Kang, J., Choi, S. H., … Holzapfel, W. H. (2017). Lactobacillus plantarum HAC01 regulates gut microbiota and adipose tissue accumulation in a diet-induced obesity murine model. Applied
29
Microbiology and Biotechnology, 101(4), 1605–1614. https://doi.org/10.1007/s00253-016-7953-2
Patra JK, Dias G, Paramithiotis S, Shin HS (2016), Kimchi and Other Widely Consumed Traditional Fermented Foods of Korea: A Review, Front. Microbiol. 7:1493.
Saad SMI (2006), Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas 42;1,jan/mar.
Sheo HJ, Seo YS (2004), The effects of dietary Chinese cabbage kimchi juice on the lipid metabolism and body weight gain in rats fed high-calories-diet. J. Korean Soc. Food Sci. Nutr. 33, 91-100.
Tamang JP, Watanabe K, Holzapfel WH (2016) Review: diversity of microorganisms in global fermented foods and beverages. Front. Microbiol. 7:377.
Twiner, E. M., Liu, Z., Gimble, J., Yu, Y., & Greenway, F. (2011). Pharmacokinetic pilot study of the antiangiogenic activity of standardized platycodi radix. Advances in Therapy, 28(10), 857–865. https://doi.org/10.1007/s12325-011-0061-x
World Health Organization (Organização Mundial da Saúde) (2000), Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation (WHO Technical Report Series 894).
30
7. ANEXOS
Resumo dos artigos pesquisados classificados de acordo com tema abordado
Autores/Ano/Revista País Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Lee S, Ahn H, 2007
Nutrition Research and Practice
Coreia do Sul Crianças normais e obesas
[9 a 11 anos; n = 290]
Estudo transversal de padrão alimentar de crianças normais e
obesas através de um questionário de frequência alimentar
elaborado e padronizado a partir dos resultados obtidos do
KNHANES de 2001.
Crianças normais (n=148; M: 48,0%) e obesas (n=142; M: 62,7%). Crianças normais ingerem 13,5% (p < 0,05) a mais de kimchi do que as crianças
obesas. O grupo obeso também apresentou maior ingestão diária de alimentos calóricos como ddeokbokggi (bolinhos de arroz em molho
picante, 26,0 g), espaguete (26,9 g), presunto grelhado (12,9 g) e lombo de porco (12,3 g).
Lee JE et al., 2011
Nutrition
Coreia do Sul Homens
[40 a 69 anos; n = 3.581]
Estudo transversal de padrão alimentar de homens coreanos
através de questionário validado de frequência alimentar
semiquantitativo a partir dos dados obtidos no Korea Health and
Genome Study realizado no período de maio de 2001 a fevereiro
de 2003.
Análise fatorial revelou três perfis de dietas, que explicam 24,8% de variação da ingestão total de alimento:
1) Origem animal
2) Arroz-vegetal
3) Massa-pão
Grupo 1 foi associado positivamente com IMC e circunferência abdominal, que estão relacionados com a obesidade e obesidade abdominal ,
apresentando associação positiva com níveis de LDL mas uma associação negativa com HDL, resultando em uma associação positiva com TC;
também apresentou associação negativa com pressão sistólica, ORs para desenvolvimento de obesidade foram de 1,0 para 1,59 com p < 0,0001 e
para hipercolesterolemia de 1,0 para 1,92 com p < 0,0001 do menor para o maior quintil. Grupo 2 foi associado positivamente com pressão sistólica
e negativamente com TC e LDL, apresentando ORs para hipertensão de 1,0 para 1,47 com p < 0,05 do menor para o maior quintil. Grupo 3 foi
associado positivamente com TC, apresentando ORs para obesidade abdominal de 1,0 para 1,38 com p < 0,05 e para hipercolesterolemia de 1,0
para 1,48 com p < 0,01 do menor para o maior quintil.
Kim JH, Jo IH, 2011
American Dietetic Association
Coreia do Sul Adultos
[19 anos ou mais; n = 9.850]
Estudo transversal da influência do padrão da dieta nos
parâmetros fisiológicos associados aos riscos da síndrome
metabólica, a partir dos dados obtidos das KNAHNES de 2001 e
2005.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 26,7% de variação da ingestão total de alimento:
1) Arroz branco e Kimchi
2) Carne e álcool
3) Rico em lipídeos, doces e café
4) Grãos, vegetais e peixe
O grupo 2 foi positivamente associado com riscos de hipertrigliceridemia e pressão sanguínea elevada, em que ORs (p = 0,01 em ambos)
aumentaram significantemente de acordo com as categorias de tercentis de pontuação do grupo. Em contraste o grupo 4 foi inversamente
associado com o risco de hipertrigliceridemia, com OR diminuindo significantemente ao longo dos tercentis do grupo (p = 0,0002), indicando uma
associação inversa de risco de desenvolvimento da síndrome metabólica (p = 0,02).
Joung HJ et al. , 2012
Korean Journal of Pediatrics
Coreia do Sul Adolescentes
[16 a 18 anos; n = 3.168]
Revisão sistemática de 6 artigos publicados no intervalo de 10
anos. Dados do KNHANES de 1998, 2001, 2005 e de 2007 a 2009
foram utilizados para analisar associação entre os padrões
alimentares e os fatores de risco associados à síndrome
metabólica.
Obtidos 3 padrões alimentares: arroz e kimchi; pães, carne, frutas e leite; e massas e cogumelos. O estudo não apresentou diferenças
significativas de possíveis riscos de obesidade entre as diferentes dietas, porém o padrão de arroz e kimchi foi altamente correlacionado com
triglicérides séricos; portanto, padrões alimentares com mais frutas, vegetais e cereais integrais e menos refinados devem ser recomendados
para prevenção da síndrome metabólica.
Kim JH, Lee JE, Jung IK, 2012
Journal of Academy of Nutrition
and Dietetics
Coreia do Sul Mulheres
[40 a 69 anos; n = 3.742]
Estudo transversal de padrão alimentar de mulheres através de
um questionário de frequência alimentar elaborado e
padronizado a partir dos resultados obtidos do KNHANES de
maio de 2001 a fevereiro de 2003.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 28,9% de variação da ingestão total de alimento:
1) Origem animal
2) Arroz-vegetal
3) Pão-laticínio
4) Massa
Não houve diferenças significativas entre os padrões alimentares com o risco de desenvolvimento da obesidade . Porém o risco de obesidade
abdominal foi associado com os grupos 2 (aumento de 1,0 para 1,07 com p < 0,05 do menor para o maior quintil) e 4 (aumento de 1,0 para 1,08 com
p < 0,05 do menor para o maior quintil). Com o grupo 3 apresentando redução ao risco de obesidade abdominal (1,0 para 0,88 com p < 0,001).
Kim JH, Jo IH, Joung HJ, 2012
Journal of Academy of Nutrition
and Dietetics
Coreia do Sul Adultos
[19 anos ou mais; n = 10.089]
Estudo transversal da influência do padrão da dieta nos
parâmetros fisiológicos associados aos riscos da obesidade, a
partir dos dados obtidos das KNAHNES de 2001 e 2005.
Análise fatorial revelou quatro perfis de dietas, que explicam 26,7% de variação da ingestão total de alimento:
1) Arroz branco e Kimchi
2) Carne e álcool
3) Rico em lipídeos, doces e café
4) Grãos, vegetais e peixe
Os grupos 1 e 3 foram positivamente associados ao risco de desenvolver obesidade, com OR para obesidade aumentando significativamente de
acordo com o tercentil destes grupos (p = 0,0039 e 0,0054, respectivamente).
Kim EK et al., 2011
Nutrition Research
Coreia do Sul Pacientes com sobrepeso e
obesos
[IMC ≥ 25 kg/m²; n = 22]
Estudo comparativo longitudinal da ingestão de Kimchi fresco (1
dia) e fermentado (10 dias) em 22 pacientes divididos em 2
grupos para dieta em regime cruzado, com consumo de 300
g/dia.
Sete homens e 15 mulheres participaram do estudo. Idade 38,6 ± 8,5 anos, IMC médio de 27,7 ± 2,0 kg/m².
Ambos os kimchis (fresco e fermentado) apresentaram redução da massa corporal (73 ± 10,1 kg para 71,5 ± 9,7 kg e 72,9 ± 9,6 kg para 71,7 ± 9,4 kg,
respectivamente, p < 0,05), IMC (27,0 ± 2,2 e 26,9 ± 2,2 kg/m²) e gordura corporal, apresentando uma diferença significativa na % de gordura
corporal entre os dois grupos (31,9 ± 4,0 para 31,6 ± 4,0 e 32,1 ± 4,3 para 31,4 ± 4,4, respectivamente, p < 0,05).
A ingestão de kimchi fermentado apresentou redução significativa em glicemia de jejum comparado ao fresco (100 ± 10,2 para 94 ± 11,3 mg/dL vs
101 ± 11,1 para 96,6 ± 10,5 mg/dL, respectivamente, p < 0,05), redução dos níveis de insulina em jejum (14,9 ± 6,2 para 11 ± 5,6 μIU/mL, p < 0,05),
redução significativa de níveis de TC (171 ± 25,7 para 161 ± 29,9 mg/dL), MCP-1 (167 ± 50,9 para 154 ± 41 ρg/mL) e leptina (20,2 ± 1,3 para 15,7 ± 11,4
ng/mL). Diferenças na pressão sanguínea sistólica (126,1 ± 12,1 para 121,3 ± 6,9 mmHg) e diastólica (76,9 ± 9,7 para 72,7 ± 7,4 mmHg), porcentagem
de gordura corporal, glicemia em jejum (100 ± 10,2 para 94,1 ± 11,3 mg/dL) e TC (171 ± 25,7 para 161 ± 29,9 mg/dL) no grupo do kimchi fermentado
foram maiores em comparação com o kimchi fresco.
Park JA et al. , 2012
Journal of Applied Microbiology
Coreia do Sul Camundongos
[C57BL/6J; n = 28]
Estudo longitudinal para testar os efeitos do Kimchi fermentado
com starter W. koreensis OK1-6.
Camundongos divididos em quatro grupos:
1) Dieta normal (ND)
2) Dieta rica em lipídeos (HF)
3) HF + 3% de kimchi fermentado (HF-KC)
4) HF + 3% de kimchi fermentado com starter W. koreensis OK1-6 (HF-KCO)
Kimchi fermentado com starter apresentou maior contagem de LAB quando comparado com o kimchi fermentado com as bactérias do ambiente
(7,76 ± 0,08 log UFC/mL vs 7,15 ± 0,05 log UFC/mL), com pH menor (4,30 ± 0,01 vs 4,80 ± 0,02) e maior concentração de ornitina (117,06 mg/100 g vs
21,43 mg/100 g). Apesar da maior acidez e menor concentração de açúcares não afetou as características organolépticas.
O grupo 4 apresentou menor ganho de massa corporal (14,45 ± 0,03 g) e menor massa de gordura corporal (1,5 g) quando comparado aos grupos
HF; redução do TG hepático (45,28 ± 10,39 mg/g) sendo comparável ao apresentado pelo grupo 1 (42,46 ± 6,66 mg/g); redução do TC sérico (144,92 ±
25,59 mg/dL); aumento da razão HDL sérico pelo TC (56,19 ± 11,25%) quando comparado com grupo 2; expressão e secreção de leptina e insulina
significantemente menores (20 ng/mL e 0,8 ng/mL, respectivamente); e menor expressão de mRNAs de LXRα, SREBP-1c , ACC, SREBP2, SCD-1, Han KS et al., 2015
Molecular Nutrition and Food
Research
Coreia do Sul Mulheres obesas
[30 a 60 anos; IMC ≥ 25 kg/m²; n =
24]
Estudo clínico avaliando as diferenças da influência das dietas
com os kimchis fresco e fermentado (8 dias).
Ingestão de kimchi fresco ou fermentado por oito semanas reduziu a massa corporal (71,4 ± 6,84 para 70,9 ± 6,66 kg e 69,4 ± 7,02 para 69 ± 7,70 kg,
respectivamente), circunferência abdominal (95 ± 5,79 para 92,7 ± 5,07 e 95,9 ± 5,77 para 94 ± 5,73 cm, respectivamente), IMC (28 ± 2,31 para 27,7 ±
2,36 e 27,8 ± 2,20 para 27,6 ± 2,50 kg/m², respectivamente), porcentagem de gordura corporal (38,9 ± 4,03 para 37 ± 4,46 e 39,4 ± 4,63 para 38 ± 5,31
%), glicemia em jejum (97,2 ± 9,29 para 96,4 ± 9,92 e 95,5 ± 8,91 para 96,2 ± 7,88 mg/dL), TC (199,3 ± 35,56 para 190,5 ± 22,34 e 203,1 ± 40,24 para 193,1
± 29,39 mg/dL), HDL (59 ± 9,50 para 55,2 ± 11,98 e 60,1 ± 11,00 para 55,3 ± 9,49 mg/dL), insulina em jejum (8,6 ± 4,76 para 7,7 ± 3,84 e 7,2 ± 2,24 para
8,8 ± 5,37 μIU/mL), pressão sistólica (118,3 ± 8,21 para 113,2 ± 8,00 e 128,2 ± 9,08 para 118,7 ± 11,94 mmHg) e pressão diastólica (77,8 ± 7,82 para 72 ±
6,82 e 82,6 ± 9,987 para 76,8 ± 9,31 mmHg) e aumentou TG (110,8 ± 51,84 para 145,7 ± 79,20 e 108 ± 31,36 para 105,7 ± 36,81 mg/dL). Além disso,
houve aumento de Proteobacteria e Actinobacteria , abundância relativa de Bacteroides e Prevotella enquanto a de Blautia reduziu após ingestão
de kimchi fermentado. Dentre as LAB presentes no kimchi fermentado, Bifidobacterium longum é uma das espécies mais presentes. E houve o
aumento na expressão do gene que codifica ACSL1, importante fator na regulação da biossíntese de ácidos graxos e triacilglicerol e estimulação
da oxidação lipídica.
Lee KH et al. , 2015
Preventive Nutrition and Food
Science
Coreia do Sul In vitro
[Adipócitos 3T3-L1]
Estudo comparativo dos efeitos anti-obesidade dos kimchis
fermentados de maneiras distintas: fermentado naturalmente
(NK), funcional adicionado de chá verde (FK) e FK suplementado
com starters (FKS).
Grupos NK e FK apresentaram glóbulos lipídicos menores e tratamento com FKS aumentou tais efeitos e houve lise destes glóbulos nas células
3T3-L1. Níveis de TG se mostraram menores em relação ao grupo controle ([NK] 0,34 ± 0,05 mg/dL; [FK] 0,30 ± 0,09 mg/dL; [FKS] 0,27 ± 0,04 mg/dL) e
maior concentração de glicerol ([NK] 17,0 ± 3,3 μg/mL; [FK] 19,1 ± 2,2 μg/mL; [FKS] 21,4 ± 1,5 μg/mL). Houve supressão de fatores ligados à
adipogênese e níveis de lipogênese, justificado à expressão dos genes PPAR-γ ([NK] 0,32; [FK] 0,21; [FKS] 0,11), C/EBPα ([NK] 0,41; [FK] 0,23; [FKS]
0,13), e FAS ([NK] 0,81; [FK] 0,71; [FKS] 0,39), em comparação à do controle.
31
Resumo (cont.)
Autores/Ano/Revista País Participantes Tipo de Estudo Principais Resultados
Kim NH et al. , 2008
BioFactors
Coreia do Sul In vitro e in vivo
[Adipócitos 3T3-L1;
Ratos Sprague-Dawley (n = 50)]
Estudo longitudinal dos efeitos de Soypro (SP) fermentado com
starters isolados do kimchi (Leuconostoc kimchii, L. citreum e L.
plantarum ) em modelo in vitro com adipócitos 3T3-L1 e in vivo
com ratos Sprague-Dawley com dieta com alto teor de lipídeos.
In vitro: Viabilidade de células 3T3-L1 não foi afetada.
Concentração de 10 μg/ml de SP - redução de TG (0,8 mg/mg proteína) e inibição da diferenciação de adipócitos. Redução na expressão de mRNAs
de PPAR-γ2 (50%) e C/EBP-α (50,8%).
In vivo : Ratos divididos em cinco grupos:
1) controle (dieta padrão de laboratório + solução salina)
2) gordura + solução salina
3) gordura + estatina
4) gordura + 25% SP
5) gordura + 50% SP
Ganho de massa (aumento significativo no grupo 2), sem diferenças significativas na ingestão de alimento e eficácia de alimentação. Sem
diferença significativa nas concentrações de TG, TC ou glicose entre os grupos. Aumento de níveis de LDL no grupo 2 (39,1%) e redução nos grupo
3 (47,8%), grupo 4 (52,1%) e grupo 5 (34,8%) comparados ao grupo 2. Níveis de HDL similar em todos os grupos.
Ji YS et al. , 2012
Beneficial Microbes
Coreia do Sul Camundongos
[C57BL/6J; n = 24]
Estudo longitudinal de suplementação de camundongos com
cepas de Lactobacillus rhamnnosus GG e Lactobacillus sakei
NR28, isolados do kimchi e de ação probiótica conhecida, para
avaliar os níveis de expressão de mRNA de diversos
biomarcadores relacionados à obesidade e monitoração de
alteração da microbiota intestinal por PCR por três semanas.
Camundongos divididos em 3 grupos:
1) Controle
2) L. sakei NR28
3) LGG
Suplementação probiótica de ambos os grupos apresentou redução de microorganismos tanto nas fezes (11,005 [grupo 2] e 11,023 [grupo 3])
quanto no intestino delgado (8,782 [grupo 2] e 8,444 [grupo 3]).
Menor ganho de massa (50%) e massa total no grupo 2. Sem diferenças significativas no consumo alimentar entre os três grupos. Redução
significativa na gordura epididimal nos grupos 2 (0,5 g) e 3 (0,52 g).
Redução significativa dos níveis relativos de mRNA dos biomarcadores relacionados à obesidade em ambos os grupos:
ACC: [2] 0,45 [3] 0,60; FAS: [2] 0,70 [3] 0,70; SCD-1: [2] 0,55 [3] 0,49
Moon YJ et al., 2012
Journal of Applied Microbiology
Coreia do Sul In vitro
[Adipócitos 3T3-L1]
Estudo in vitro dos efeitos da W. koreensis OK1-6 na
diferenciação dos adipócitos 3T3-L1.
Inibição de TG intracelular pela fração citoplasmática (S3, 20%) e pelo extrato do meio de cultura (S4, 40%) de W. koreensis OK1-6 em relação ao
controle. Redução do acúmulo de lipídeos em 3T3-L1 pelo meio de cultura (32%) e fração citoplasmática com 1% de arginina (28%). Reduções
significativas das expressões de níveis de mRNA de SREBP1, aP2, FAS e C/EBP-α comparados ao controle.
Concentração de ornitina por TLC e HPLC:
[S1] 0∙01 mmol [S2] 0∙15 mmol [S3] 41∙84 mmol [S4] 0∙23 mmol
Hong SM, Chung EC, Kim CH, 2015
Korean Journal for Food Science
of Animal Resources
Coreia do Sul Ratos obesos
[♂; Sprague-Dawley; n = 24]
Estudo longitudinal para testar os efeitos de diminuição dos
parâmetros associados à obesidade de bebida láctea
fermentada com Lactobacillus plantarum DK211 isolado do
kimchi.
3 grupos:
1) Dieta normal (ND)
2) Dieta rica em lipídeos (HD)
3) HD + bebida láctea fermentada
Grupo 3 apresentou menores ganhos de massa (103,24 ± 12,04 g), menor aumento de ingestão de alimento (17,51 ± 2,22 g), menor ganho de massa
dos órgãos (fígado [8,76 ± 1,41 g], baço [0,58 ± 0,11 g], rins [1,97 ± 0,10 g] e testículos [2,91±0,15 g]) e gorduras abdominais e epididimais [3,08 ± 1,27
g], redução dos perfis de TG (65,63±1,78 g), TC (73,75±2,05 g), LDL (56,88±2,94 g) e HDL (16,50±0,83 g), e glicemia (180 mg/dL), insulina (0,9 ng/dL),
níveis de leptina (1,3 ng/mL) e grelina (0,5 ng/mL) similares aos perfis apresentados na dieta normal.
Lim SM et al. , 2016
Nutrition Research
Coreia do Sul Camundongos
[C57BL/6J; n = 28]
Estudo longitudinal para avaliar os efeitos antihipoglicêmico ou
antiinflamatório da suplementação com Lactobacillus sakei
OK67, que inibe produção de LPS pela microbiota intestinal.
Suplementação com L. sakei OK67 em uma dieta rica em lipídeos:
- supressão da produção de LPS pela microbiota intestinal (0,58±0,1 em comparação com o controle), níveis de LPS do fluido do cólon (1,8 EU/μg
fezes) e do sangue (6,0 EU/mL);
- controle o aumento glicemia de jejum (comprovado por teste de tolerância oral à glicose - redução da AUC em 60 minutos);
- diminuição do ganho de massa corporal (24,6%, p<0,05) e gordura epididimal (25,8%, p<0,05);
- inibição da adipogênese em células 3T3-L1, reduziu expressão de PPARγ, C/EBP-α, FAS e mRNAs de proteínas ligantes de ácidos graxos;
- redução da expressão de TNF-α induzido pela obesidade (0,8, p<0,05) e dos biomarcadores de infiltração de macrófagos CD68 e F4/80;
- inibição da colite e a atividade de mieloperoxidase no cólon;
- inibição potencial da expressão de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β e IL-6) e aumento de níveis de IL-10.
Park SY et al. , 2017
Applied Microbial and Cell
Physiology
Coreia do Sul Camundongos
[C57BL/6J; n = 24]
Estudo longitudinal para avaliar os efeitos da suplementação
com Lactobacillus plantarum HAC01, isolado do kimchi, na
gordura corporal, biomarcadores imunometabólicos e disbiose
em modelo murino com camundongos obesos.
Camundongos tratados com dieta rica em lipídeos em três grupos:
1) Controle (HF-PBS)
2) L. plantarum HAC01 (HF-HAC)
3) L. rhamnosus GG (HF-GG)
Grupo 2 apresentou menor ganho de massa corporal (11,35 ± 1,22 g), além da redução de gordura mesentérica – localizada em torno do intestino
(0,54 ± 0,10 g) – gordura hepática (1,08 ± 0,08 g) e epididimal (2,09 ± 0,22 g); redução de glicemia (187,50 ± 23,63 mg/dL) e níveis de TC (162,50 ±
15,00 mg/dL) e TG (87,50 ± 17,08), além de redução de níveis de leptina (35,86 ± 12,12 ng/mL) e aumento de adiponectina (7,08 ± 0,67 μg/mL).
Níveis de expressão de mRNA envolvendo oxidação de tecido adiposo como ACOX, CPT1, PGC-1α e PPAR-α foram significantemente aumentados
no grupo 2, além de melhorar a regulação do quadro de inflamação resultando em diminuição do metabolismo lipídico como mostrado nas
mudanças de perfis de adiponectina e leptina. Análise de amostras fecais mostrou mudanças na microbiota intestinal principalmente no grupo 2
quando comparado com o controle, com abundância de bactérias do filo Firmicutes (10,64 ± 0,53%), baixa concentração da família
Deferribacteraceae (0,25 ± 0,03%) devido a uma possível redução do gênero Mucispirillum , redução do filo Bacteroidetes ([Bacteroidete , 4,95 ±
0,41%] e [Rikenellaceae , 2,20 ± 0,11%]), abundância de S24-7 (6,71 ± 0,34%), redução da razão da família Ruminococcaceae (16,26 ± 1,34%), e
diminuição relativa da família Lactobacillaceae (7,52 ± 0,94%).
Twiner EM et al., 2011
Springer Healthcare
Estados Unidos Voluntários saudáveis
[18 a 65 anos; IMC 18 a 35 kg/m²; n
= 5]
Estudo comparativo in vitro e in vivo com voluntários para
avaliar o efeito inibitório da platicodina D na angiogênese.
Saponinas de Platycodi radix em 1% inibiram angiogênese, e inibição total em 10-4M. Os cinco voluntários apresentaram IMC médio de 23,1 ± 2,2
kg/m² e massa corporal média de 63,1 ± 5,9 kg. Os três que consumiram o extrato oral padronizado a 414 mg de platicodina D apresentaram pico de
redução de 25,76% ± 4,93 (p < 0,002) na angiogênese da linha de base em 60 minutos e uma média de redução de 17,8% da angiogênese durante o
tratamento. Houve apenas um voluntário que ingeriu o extrato com alimentos, apresentando uma resposta tardia de aproximadamente 3,5 horas
e ao final do experimento, às 5 horas, a redução da angiogênese ainda estava elevando. Um dos indivíduos apresentou náusea moderada e azia
após a ingestão do extrato que poderiam estar relacionados a ele.
Kang BK et al. , 2015
Scientific Reports
Coreia do Sul Weisseria koreensis KACC15510 Detecção quantitativa de W. koreensis em amostras de kimchi
via PCR SYBR Green e avaliação da influência do pó de pimenta
vermelha na densidade desta bactéria no alimento.
O marcador espécie-específica, um gene codificador de uma proteína de membrana, foi amplificado usando primers WK201F/R e sua
especificidade foi validada com 11 espécies diferentes de Weissella e 13 outras LAB de referência. Todas as 8 linhagens de W. koreensis
resultaram em teste positivo, apesar da presença de outras espécies de bactéria na amostra, e apenas uma linhagem produziu um produto
amplificado de 201 bp. Dois tipos de kimchi de acelga foram obtidos – um com pimenta vermelha e outro sem – e as amostras foram armazenadas
em 4, 15 e 25°C, apresentando variação na densidade de W. koreensis entre elas. Amostras obtidas do kimchi integral armazenado a 4°C exibiu o
menor valor de Ct entre as semanas 1 e 3 comparados ao do kimchi branco nas mesmas condições, porém o kimchi integral armazenado a 15 ou
25°C apresentou o menor valor de Ct entre os dias 1 e 2. Assim, pode-se afirmar que a presença da pimenta vermelha influencia a densidade de
W. koreensis durante a fermentação independentemente da temperatura e duração do processo.