Kazimir Malevich
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A VANGUARDA RUSSA
Durante muitos séculos, a Rússia se viu imersa em um ambiente retrógrado
e essencialmente medieval, que só evoluiria no século 17 com o inovador
czar Pedro I. Este processo de modernização, ou “Ocidentalização”
seguiria até meados do século vinte. Nesse período, os artistas se
rebelaram e passaram a criar movimentos de defesa da cultura russa, que
antes era descartada como bárbara e rude. Os artistas passaram a buscar
uma cultura nacional nova que fosse baseada no camponês e nas
tradições artísticas nacionais, de há muito esquecidas. Voltaram-se para a
busca das raízes culturais do povo.
Era uma época de experimentações, de busca de novos conteúdos, de
novas formas, de novas cores e de um novo mundo. O espírito da época –
zeitgeist, como se diz em alemão – atravessava o clima intelectual e
cultural desse período: espírito de rebeldia, de contestação, de revolução
social, política e cultural.
A VANGUARDA RUSSA
Além do sentimento de nacionalização artística e política, outro fator foi
fundamental para o surgimento dos movimentos vanguardistas russos: A
política. Com o fim da primeira guerra mundial, o Rússia via se em
frangalhos, incapaz de conter a insatisfação popular, o então governante
supremo do país, o czar Nicolau II, tomou uma série de medidas
desastrosas, que estimulariam movimentos revolucionários e idealistas e
que levariam a revolução russa.
De todas as correntes de vanguarda, animadas por propósitos
revolucionários, a que se desenvolve na Rússia nos primeiros trinta anos do
século vinte com o Raísmo, o Suprematismo e o Construtivismo, a
vanguarda russa é a única a se inserir numa tensão e , a seguir numa
realidade revolucionária.
RAÍSMO
Raísmo ou Raionismo,, termo que faz menção a um estilo pictórico
desenvolvido na Rússia entre 1912 e 1914, tem como seus maiores
representantes Mikhail Larionov (1881 - 1964) e Natalia Gontcharova (1881 -
1962). Remete diretamente à noção de raios de luz entrecruzados a partir
dos quais a composição - geralmente orientada na diagonal - é
construída. Luz e cor são os componentes fundamentais das obras
raionistas. Se a luz no impressionismo é usada para realçar as coisas, aqui
ela se torna o objeto do quadro, organizado em função de uma espécie
de orquestração entre raios luminosos e cores. A ideia é menos representar
a luz e o movimento, mas construir um espaço sem objetos - absoluto -
formado por puro movimento e luz. Do ritmo dinâmico dos raios, que
correm paralelos ou em sentidos contrários na superfície, se decompõem
as cores do prisma. No Manifesto escrito em 1912 e publicado no ano
seguinte na exposição Alvo organizada em Moscou por Larionov,
Gontcharova e Malevich (1878 - 1935) -, os artistas afirmam ser o raionismo
uma "síntese do cubismo, do futurismo e do orfismo".
Floresta, composição Raísta
Natalia Gontcharova
Floresta amarela e verde, 1912
Natalia Gontcharova
RAÍSMO - EXEMPLOS
CONSTRUTIVISMO
O Construtivismo Russo foi um movimento estético-político iniciado na
Rússia a partir de 1919, como parte do contexto dos movimentos de
vanguarda do país, de forte influência na arquitetura e na arte ocidental.
Ele negava uma "arte pura" e procurava abolir a ideia de que a arte é um
elemento especial da criação humana, separada do mundo cotidiano. A
arte, inspirada pelas novas conquistas do novo Estado operário, deveria se
inspirar nas novas perspectivas abertas pela máquina e pela
industrialização servindo a objetivos sociais e a construção de um mundo
socialista. Caracterizou-se, de forma bastante genérica, pela utilização
constante de elementos geométricos, cores primárias, fotomontagem e a
tipografia sem serifa. O Construtivismo teve influência profunda na arte
moderna e no design moderno e está inserido no contexto das
vanguardas estéticas europeias do início do Século XX. O termo arte
construtivista foi introduzida pela primeira vez por Malevich para descrever
o trabalho de Rodchenko em 1917.
Cartaz para o departamento estatal da imprensa
De Leningrado, 1926
Rodchenko
CONSTRUTIVISMO - EXEMPLOS
Bata as claras com a cunha
vermelha, 1920
El Lissitzky
SUPREMATISMO
Movimento russo de arte abstrata, o suprematismo surge por volta de 1913,
mas sua sistematização teórica data de 1925, do manifesto Do Cubismo
ao Futurismo ao Suprematismo: o Novo Realismo na Pintura, escrito por
Kazimir Malevich em colaboração com o poeta Vladimir Maiakóvski.
O suprematismo está diretamente ligado ao seu criador, Malevich, e às
pesquisas formais levadas a cabo pelas vanguardas russas do começo do
século XX. Nesse contexto, o suprematismo defende uma arte livre de
finalidades práticas e comprometida com a pura visualidade plástica.
Trata-se de romper com a idéia de imitação da natureza, com as formas
ilusionistas, com a luz e cor naturalistas - experimentadas pelo
impressionismo - e com qualquer referência ao mundo objetivo que o
cubismo de certa forma ainda alimenta. O suprematismo representaria o
"mundo não objetivo", referido a uma ordem superior de relação entre os
fenômenos - espécie de "energia espiritual abstrata" -, que é invisível, mas
nem por isso menos real.
SUPREMATISMO - EXEMPLOS
Suprematismo Dinâmico,1916
Kazimir malevich Sem titulo, 1916
Kazimir Malevich
BIOGRAFIA
Kazimir Malevich nasceu perto de Kiev, Ucrânia. Seus pais,
Seweryn e Ludwika Malewicz, eram poloneses étnicos e ele foi
batizado na Igreja Católica Romana. O pai foi supervisor nas
refinarias de açúcar, pelo que era obrigado a viajar
constantemente. Em Parjómovka, Kazimir completa os cinco
anos de Escola de Agricultura; gosta do campo e aprende
por si mesmo a pintar as paisagens e os camponeses que o
rodeiam. Em meados dos anos noventa consegue ser
admitido na Academia de Kiev. Em 1904, após a morte de seu
pai, Malevich mudou-se para Moscou, onde estudou na
Escola de Pintura, Escultura e Arquitectura de 1904 a 1910 e no
estúdio de Fedor Rerberg, em Moscovo (1904-1910. Em
Moscou, graças a coleções importantes de quadros franceses
de S.I. Chtchukine e de I.A. Morozov, Malevich conheceu o
impressionismo, o cubismo e o fovismo. Como fundador do
Suprematismo, levou o abstracionismo geométrico à sua
forma mais simples, sendo o primeiro artista a usar elementos
geométricos abstratos.
ESTILO: O SURGIMENTO DO SUPREMATISMO
K.Malevich ( 1878 – 1935) empreende uma pesquisa metódica sobre a estrutura
funcional da imagem. Estuda Cézanne, Picasso ( período negro e analítico) na
essência dos fatos formais; com o mesmo rigor, procura nos antigos ícones russos
não mais o filão genuíno de um ethos popular, mas a raiz semântica, o
significado primário dos símbolos e signos expressivos. Do período cubo –
futurista (1911), que traz as primeiras experiências parisienses ( Léger) e no qual o
quadro resulta na combinação entre módulos formais geométricos, chega em
1913 à formulação da poética do Suprematismo: identidade entre ideia e
percepção, fenomenização do espaço num símbolo geométrico, abstração
absoluta. Malevich propõe, também de acordo com a revolução social e
politica em andamento, uma transformação radical, sem duvida, porem não
ideologicamente finalizada. A verdadeira revolução, não é a substituição de
uma concepção de mundo decadente por uma nova concepção: é um
mundo destituído de objetos, noções passado e futuro, uma transformação
radical em que o objeto e o sujeito, são igualmente reduzidos ao “grau zero”.
“Eu me transformei no zero da forma e me puxei para fora do lodaçal sem
valor da arte acadêmica. Eu destruí o circulo do horizonte e fugi do circulo dos objetos, do anel do horizonte que aprisionou o artista e as formas da
natureza. O quadrado não é uma forma subconsciente. É a criação da razão intuitiva. O rosto da nova arte. O quadrado é o infante real, vivo. É o primeiro
passo da criação pura em arte”.
Garota com flores, 1903
Banhistas, 1908
Colhendo centeio no campo, 1911
O amolador de tesouras, 1912
Quadro negro, 1913
Cabeça de jovem camponesa, 1912-1913
Mesa e quarto, 1913
Retrato de Matiushin, 1913
Vaca e violino, 1913
Homem inglês em Moscou, 1914
Composição com Mona Lisa, 1914
Círculo negro, 1915
Suprematismo, 1915
Suprematismo, 1916
Suprematismo, 1916
Suprematismo, 1921-1927
Garoto, 1928-1932
Cavalaria vermelha, 1928-1932
Paisagem de verão, 1929
Homem correndo, 1932
Auto retrato, 1933
Douglas Ramos 8700060
Luiz Paulo 8700106
Eric 8700102
Ueslei 8700113