JÚLIO DE CASTILHO OLISIPOGRAPHY - museudelisboa.pt · Os pais fundadores da olisipografia Autor...
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Ficha técnicaConselho de Administração da EGEAC | Joana Gomes Cardoso; Sofia Meneses; Manuel Veiga
Projeto cien�fico | Mário Nascimento e Paulo Almeida FernandesProjeto exposi�vo | Joana Cintra GomesProjecto gráfico | Paula SerpaColaboração | Henrique Carvalho, Hugo Henriques, Joaquim Barreiro, José Avelar, Leonor Ribeiro, Maria de Lurdes Bap�sta, Maria de Lurdes Garcia, Rita Fragoso de Almeida, Rosário Dantas, Rui CoelhoRestauro | Aida Nunes e Maria de FreitasComunicação | Mariana BotelhoServiço Educa�vo | Paulo Cuiça e Clara Ferreira
Tradução | Luísa Yokochi, Timothy HincheyMontagem | Museu de LisboaEmprés�mo de peças | Bibliotecas Municipais de Lisboa, Grupo Amigos de Lisboa, Museu Arqueológico do Carmo – Associação dos Arqueólogos PortuguesesAgradecimentos | Armando Caeiro, Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivos Nacionais Torre do Tombo, Célia Nunes Pereira, Grupo Amigos de Lisboa, José Morais Arnaud, Salete Salvado, Susana Silvestre
Campo Grande 245, 1700-091 Lisboa
tel. [email protected]
Exposição Temporária16 de novembro de 2018 a 19 de maio de 2019
Temporary exhibi�onNovember 15th, 2018 - May 19th, 2019
e o acaso da
OLISIPOGRAFIA
JÚLIO DE CASTILHO
Auto-retrato Júlio de Cas�lho(30.04.1840 - 08.02.1919)S/dataÓleo sobre telaMC.PIN.0180
Self PortraitJúlio de Cas�lho (30.04.1840 - 08.02.1919)UndatedOil on canvasMC.PIN.0180
Filho do poeta António Feliciano de Cas�lho
(1800-1875), de quem herdou o �tulo de
visconde, Júlio de Cas�lho diplomou-se com o
curso superior de Letras. Foi governador civil do
distrito da Horta (1877-78), cônsul-geral de
Portugal em Zanzibar (1888), primeiro-oficial
da Biblioteca Nacional de Lisboa e responsável
por parte da educação do príncipe Luís Filipe
(1887-1908).
É considerado o fundador da olisipografia, por
ter escrito os livros Lisboa An�ga (dividido em O
Bairro Alto, em 1879 e Bairros Orientais, entre
1884 e 1890) e a Ribeira de Lisboa (1893).
Foi historiador, tradutor, jornalista, poeta, pintor,
músico e dramaturgo. Na sua vasta obra
destaca-se o drama D. Inez de Castro (1875), a
coletânea de poesias O ermitério (1876), O
arquipélago dos Açores (1886) e Quadros da
vida portuguesa nos séculos XV e XVI (1897). A
sua obra maior foi Memórias de Cas�lho, cuja
edição coerente só se iniciou em 1924, mas
nunca chegou a concluir-se. Ainda reviu e
anotou a obra completa de seu pai, que foi
publicada em 80 volumes, a par�r de 1903.
Para além do arquivo familiar, deixou à Torre do
Tombo três importantes coleções que contêm
comentários seus e que aguardam estudo
integrado: coleção olisiponense; coleção de
vistas e plantas e coleção de santos.
The son of poet António Feliciano de Cas�lho
(1800-1875), from whom he inherited the �tle of
viscount, Júlio de Cas�lho studied for a degree in
Le�ers. He was the civil governor of the district of
Horta (1877-1878), Consul-General of Portugal in
Zanzibar (1888), first officer of the Na�onal
Library of Lisbon and par�ally responsible for the
educa�on of Prince Luís Filipe (1887-1908).
He is considered the founder of Olisipography
(the specialist study of Lisbon's history), having
authored the works Lisboa An�ga (Old Lisbon),
which was divided into the Bairro Alto (1879), and
Bairros Orientais (Eastern Neighbourhoods, 1884-
1890) and Ribeira de Lisboa (The Lisbon Riverside,
1893).
He was a historian, translator, journalist, poet,
painter, musician and playwright. Among many
works, he published the drama D. Inez de Castro
(1875), a collec�on of poetry O ermitério (The
hermitage) (1876), O arquipélago dos Açores (The
archipelago of the Azores, 1886) and Quadros da
vida portuguesa nos séculos XV e XVI (Pictures of th thPortuguese life in the 15 and 16 centuries). His
magnum opus was Memórias de Cas�lho
(Memoires), which began to be published in 1924
but was never finished. He also revised and
annotated the en�re oeuvre of his father, which
was published in 80 volumes from 1903.
In addi�on to the family archives, he donated to
the Na�onal Archive in Torre do Tombo three
important collec�ons annotated by him which
are yet to be extensively studied: Coleção
Olisiponense (The Lisbon Collec�on); Coleção de
vistas e plantas (Collec�on of views and plains)
and Coleção de santos (Collec�on of saints).
Busto de Júlio de Cas�lhoMaximiano Alves (1888-1954)1946Bronze e mármoreProv. Estufa FriaMC.ESC.0345
Bust of Júlio de Cas�lhoMaximiano Alves (1888-1954)1946Bronze and marbleGreenhouseMC.ESC.0345
JÚLIO DE CASTILHO
and the chance of
OLISIPOGRAPHY
Comemoração do centenário do nascimento de Júlio de Cas�lho
[no Jardim Júlio de Cas�lho (Miradouro de Santa Luzia)] 1940/04/30Eduardo Portugal (1900-1958),Fotografia
Arquivo Municipal de Lisboa-Fotográfico POR056903
Monumento de homenagem a Júlio de Cas�lho no Jardim Júlio de Cas�lho (Miradouro de Santa Luzia)
2018José Avelar / ML
Os pais fundadores da olisipografiaAutor desconhecido
1965Coleção Grupo Amigos de Lisboa
The founding fathers of OlisipographyUnknown ar�st
1965Friends of Lisbon Group Collec�on
Casa de Júlio de Cas�lho no LumiarJúlio de Cas�lho (1840-1919)
s/dataÓleo sobre madeira
MC.PIN.0192
OLISIPOGRAFIAAs (muitas) formas de grafar a cidade
A olisipografia – ramo do saber que se dedica a estudar a história de Lisboa – nasceu de um acaso. Em momento não exatamente iden�ficado da década de 60 do século XIX, Júlio de Cas�lho organizava já as suas Memórias de Cas�lho e, pretendendo fazer a história do local onde o pai havia nascido, «redigiu logo um capítulo, que se acrescentou com três ou quatro mais. Depois, vendo que êsse ponto acessório se ia desenvolvendo com sucessivas excavações bibliográficas e documentais, alastrando demasiadamente, deu-lhe o autor toda a largueza, escrevendo de seguida um volume exclusivamente, dedicado àquêle trecho da cidade. Assim nasceu a primeira edição de O Bairro Alto» (Gustavo de Matos Sequeira, 1950).
A obra que Júlio de Cas�lho dedicou a Lisboa foi referencial e mo�vou numerosos historiadores a aprofundar as linhas de inves�gação então inauguradas. Cas�lho faleceu quando Augusto Vieira da Silva (1869--1951) contava 50 anos de idade. Fora a leitura da obra de Cas�lho que levara Vieira da Silva a «empreender os estudos sobre Lisboa, porque (…) sen�a o desejo de precisar alguns assuntos que aquele autor deixara pouco definidos, e especialmente o de marcar na planta topográfica de Lisboa o traçado das suas obras defensivas, na Idade Média» (Augusto Vieira da Silva, 1934).
Gustavo de Matos Sequeira (1880-1962) foi o mais novo dos fundadores da Olisipografia, mas coube-lhe o elogio fúnebre de Cas�lho. No dia do funeral, depois das exéquias no cemitério do Lumiar, um conjunto de amigos dirigiu-se para a Associação dos Arqueólogos Portugueses, onde se celebrou a vida e obra do primeiro olisipógrafo.
A olisipografia con�nua hoje, mais pujante que nunca. A lista de autores que contribuíram e contribuem para conhecer a história de Lisboa é já impressionante e renova-se a cada ano, com surpreendentes e inovadores contributos. É essa a herança de Júlio de Cas�lho, con�nuamente nova.
Aprovado pela Câmara Municipal em 1926, e
inaugurado a 25 de julho de 1929, o monumento
comemora�vo a Júlio de Cas�lho passa hoje
despercebido no miradouro de Santa Luzia.
O busto, da autoria de António Augusto Costa
Mo�a (sobrinho) (1877-1956), é um retrato
naturalista e expressivo do primeiro olisipógrafo,
singularizado pelo seu caracterís�co bigode. Já o
pedestal, apesar da sua elegância, que confere
dignidade majestá�ca ao busto, é uma peça mais
simples e discreta, longe dos pedestais narra�vos
do roman�smo lisboeta.
Apesar do seu estatuto como simples peça de
memória, sem aparato cenográfico ou eloquência
escultórica, o monumento foi inaugurado com
assinalável presença mediá�ca.
Doff your hat, as I have already: we are standing before the bust of the indefatigable and enlightened author of Old Lisbon and The Lisbon Riverside, a generous precursor of Olisipography.
Here he stands, looking over
the old Alfama district, a
memory from Herculano's
history of Lisbon.
Norberto de Araújo, 1938
Tira o teu chapéu, que eu trago já o meu na mão: estamos diante do busto do Mestre infatigável e iluminado da Lisboa Antiga e de A Ribeira de Lisboa, generoso percursor dos estudos olisiponenses.Perdura bem aqui, debruçada sobre a Alfama velha, a memória do Herculano da história de Lisboa.Norberto de Araújo, 1938
Júlio de Castilho abriu, na parede
mestra do indifferentismo nacional,
esse largo vão por onde os curiosos,
pela primeira vez, espreitaram o
passado da nossa cidade, até aí
apenas entrevisto nas prosas de
Herculano, de Vilhena Barbosa, de
Silva Túlio e de poucos mais. Cabe-lhe
essa honra e essa glória.
Gustavo de Matos Sequeira, 1919
On the exquisite wall of national
indifference, Júlio de Castilho
opened a wide vista through which
the curious, for the rst time, could
examine our city's past, until then
only seen in the prose of Herculano,
Vilhena Barbosa, Silva Túlio and few
others. That is his honour and glory.
Gustavo de Matos Sequeira, 1919
OLISIPOGRAPHYThe (many) ways of recording the city
Olisipography – the specialist study of the history of Lisbon – was born of chance. At some point during the 1860s as Julio de Cas�lho organised his Memoirs of Cas�lho, intending to capture the history of his father's birthplace, "he soon wrote a chapter, to which he soon added another three or four. Then, seeing that the successive bibliographical and documentary explora�ons were expanding beyond his control, the author decided to dedicate an en�re volume exclusively to that part of the city. Thus the first edi�on of O Bairro Alto was born” (Gustavo de Matos Sequeira, 1950).
The work of Júlio de Cas�lho dedicated to Lisbon soon became a point of reference that mo�vated several historians to further explore the lines of enquiry that he had opened. Cas�lho died when Augusto Vieira da Silva (1869-1951) was 50 years old and it was his reading of Cas�lho's work that led Vieira da Silva to "undertake my studies of Lisbon (...) feeling the urge to clarify some issues the author had le� uncertain, especially that rela�ng to the topographical layout of Lisbon and its medieval defences” (Augusto Vieira da Silva, 1934).
While Gustavo de Matos Sequeira (1880-1962) was the youngest founder of Olisipography, he was the one charged with delivering Cas�lho's eulogy on the same day as his funeral. A�er the ceremony at the Lumiar cemetery, a group of colleagues went to the Associa�on of Portuguese Archaeologists to celebrate the life and work of the first olisipographer.
Olisipography today is a thriving area of scholarship and the list of authors making surprising and innova�ve contribu�ons to the history of Lisbon grows more impressive with every passing year. This is the legacy of Júlio de Cas�lho, con�nually made anew. House of Júlio de Cas�lho in Lumiar
Júlio de Cas�lho (1840-1919)Undated
Oil on woodMC.PIN.0192
Commemora�on of the centenary of the birth of Júlio de Cas�lho
[in Jardim Júlio de Cas�lho (Miradouro de Santa Luzia)] 1940/04/30
Eduardo Portugal (1900-1958),PhotographLisbon Municipal Photographic Archive
POR056903
Monument in homage to Júlio de Cas�lhoin the Jardim Júlio de Cas�lho (Miradouro de Santa Luzia)
2018José Avelar / ML
Approved by the Lisbon City Council in 1926
and inaugurated on 25 July 1929, today the
memorial to Júlio de Cas�lho o�en passes
unno�ced at the Santa Luzia lookout point.
By António Augusto Costa Mo�a (the nephew,
1877-1956), the bust is a naturalis�c and
expressive portrait of the first olisipographer
with his characteris�c moustache. In spite of
the discreet simplicity of the pedestal, it adds
elegance and majes�c dignity to the bust. The
all monument is actually simpler than many
others of Lisbon's roman�c age.
Despite its status as a simple memorial piece
without notable scenographic or sculptural
eloquence, the inaugura�on of monument
was met with considerable media presence.