Jornal Brasil Atual - Braganca 01

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Jornal Regional de Bragança Paulista www.redebrasilatual.com.br BRAGANÇA nº 1 Abril de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Profissionalismo (quase) elimina os times de bairro da cidade Pág. 7 FUTEBOL CUSTA CARO A pergunta é feita por clientes e funcionários das agências e postos Pág. 2 BANCO É SEGURO? TEMPO Nos três primeiros meses de 2012, precipitação é a menor dos últimos 10 anos Pág. 5 CHOVE CADA VEZ MENOS NA CIDADE Como o PSDB comandou a roubalheira que movimentou US$ 2,5 bi Pág. 3 PRIVATARIA BONS DE BICO 324 famílias temem ser despejadas enquanto esperam a regularização do loteamento HABITAçãO O MEDO DO GREEN PARK

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Privataria Nos três primeiros meses de 2012, precipitação é a menor dos últimos 10 anos bons de bico habitação 324 famílias temem ser despejadas enquanto esperam a regularização do loteamento É seguro? Distribuiçã o nº 1 Abril de 2012 Pág. 7 Pág. 5 Pág. 2 Pág. 3 www.redebrasilatual.com.br Profissionalismo (quase) elimina os times de bairro da cidade Como o PSDB comandou a roubalheira que movimentou US$ 2,5 bi Jornal Regional de Bragança Paulista

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Jornal Regional de Bragança Paulista

www.redebrasilatual.com.br Bragança

nº 1 Abril de 2012

DistribuiçãoGratuita

Profissionalismo (quase) elimina os times de bairro da cidade

Pág. 7

futebol

custa caro

A pergunta é feita por clientes e funcionários das agências e postos

Pág. 2

banco

É seguro?

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Nos três primeiros meses de 2012, precipitação é a menor dos últimos 10 anos

Pág. 5

chove cada vez menos na cidade

Como o PSDB comandou a roubalheira que movimentou US$ 2,5 bi

Pág. 3

Privataria

bons de bico

324 famílias temem ser despejadas enquanto esperam a regularização do loteamento

habitação

o medo do green Park

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2 Bragança Paulista

expediente rede brasil atual – bragança Paulista editora gráfica atitude Ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Andréa Ono, Enio Lourenço, Marcel Barros, Moriti Neto e Rodrigo Franco Leite revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008 tiragem: 5 mil exemplares distribuição gratuita

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jornal on-line

editorial

Caro leitor, você está recebendo o primeiro número do jor-nal Brasil Atual, edição de Bragança Paulista, cujo compro-misso é o direito à informação, que traz em si o debate das ideias. Ele será um veículo de comunicação que trará notícias do Brasil e do mundo e noticiará os problemas locais, privi-legiando os interesses da comunidade e unindo, por meio da informação, as pessoas que nela vivem. Por isso, caro leitor, convidamos você a fazer parte desse projeto de comunicação. Leia, discuta, opine, sugira, critique. Enfim, participe. Já a partir da próxima edição, o leitor terá um espaço para dar sua opinião sobre qualquer tema. Inclusive sobre o nosso projeto. Então, mãos à obra.

A edição inaugural relata o receio das famílias que vivem no Green Park – algumas desde 1987. Essa gente simples, que espera a regularização e a urbanização do loteamento, teme ser expulsa da área que ocupa há anos pela tropa de choque da Polícia Militar, como ocorreu recentemente no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. Outra reportagem des-ta edição mostra o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que nos revela como o PSDB operou a maior falcatrua brasileira, nos tempos da privatização. Bons de bico, esses tucanos.

É isso. Boa leitura!

Um espectador banco

livrai-nos do malSegurança de clientes e funcionários está por um fio

Porta giratória, biombos? Onde, quando? Essas pergun-tas são feitas pelos usuários do sistema bancário, assustados com a segurança de clientes e funcionários. Em muitas agên-cias faltam dispositivos de se-gurança previstos em lei, mas nos correspondentes bancários – Correio, lotéricas, lojas –, o quadro é pior. Nem bancário há.

À maioria da população, obrigada a pagar quase tudo por meio de boletos, resta contar com a sorte e rezar para não ser assaltada. Pior ainda quando a obrigação de pagar tem de ser cumprida em um

determinado lugar – acordos com a receita municipal ou ta-xas judiciais, por exemplo.

O posto do Bradesco na Prefeitura de Bragança fun-ciona numa pequena sala, de

20 m², e só tem um vigilante, que não tem com quem reve-zar. No Fórum de Bragança, onde o movimento é maior, o salão é mais espaçoso, mas a falta de segurança é a mesma.

roubo a bancos cresce 22,4%A Pesquisa Nacional de

Ataques a Bancos, da Con-federação Nacional dos Vi-gilantes (CNTV) e da Con-federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Fi-nanceiro (Contraf-CUT), re-vela que houve 1.591 ocorrên-cias em 2011, média de 4,36 por dia. Do total, 632 foram assaltos (incluem sequestro de bancários e vigilantes) e 959 arrombamentos de agên-cias, postos de atendimento e caixas eletrônicos (incluem o uso de dinamite e maçarico). Foram 49 assassinatos, mais de quatro vítimas fatais por mês, sendo 32 em crimes de “saidinha de banco”.

São Paulo lidera o ranking, com 538 ataques – a

Secretaria de Segurança mostra que o roubo a bancos cresceu 22,4% em São Paulo, em dez meses. Instaladas no fim dos anos 1990, as portas giratórias reduzem os assaltos. Em 2000, houve 1.903 ocorrências. Em 2010, o número baixou para 369, queda de 80,16%. Já em 2011, alguns bancos retiraram as portas giratórias e o número

de assaltos subiu para 422, crescimento de 14,36%.

Um estudo do Dieese e da Contraf-CUT mostra que os cinco maiores bancos lucraram R$ 37,9 bilhões e destinaram R$ 1,9 bilhão para segurança e vigilân-cia – comparado a 2010, houve queda de 5,45% para 5,20% do lucro em gastos com segurança. “Os ban-cos têm de ser responsáveis pela segurança de clientes e funcionários e não empur-rar para o Estado esse ônus, ao exigir que a Polícia Mi-litar faça a segurança das agências” – afirma Rodrigo Franco Leite, presidente do Sindicato dos Bancários de Bragança Paulista e Região.

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3Bragança Paulista

a Privataria tucana

Privatização: livro denuncia serra, família e amigos

as perdas

E conta como o PSDB comandou a maior falcatrua no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões Os tucanos comandaram o

processo de privatização das empresas públicas na década de 1990, que movimentou US$ 2,5 bilhões e distribuiu propinas de US$ 20 milhões, segundo o li-vro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., de 320 páginas – 200 de tex-to jornalístico e 120 de repro-dução de provas. Baseado em documentos, Amaury mostra como o PSDB vendeu o patri-mônio público a preço de bana-na. Entre a compra e a venda, funcionava a lavagem de di-nheiro e suas conexões com a mídia e com o mundo político.

Os envolvidos são gente

do alto tucanato: o livro liga o ex-candidato do PSDB à pre-sidência, José Serra, a um es-quema de desvio e lavagem de

dinheiro e o acusa de espionar adversários políticos. “Quando ministro da Saúde, Serra criou uma central de montagem de

O governo FHC arreca-dou R$ 85,2 bilhões com a venda das empresas públicas. Mas o país pagou R$ 87,6 bilhões para as empresas que assumiram esse patrimônio – R$ 2,4 bilhões a mais do que recebeu. O prejuízo veio por-que o governo absorveu as dívidas das empresas, demi-tiu um monte de gente, em-prestou dinheiro do BNDES aos compradores e aceitou como pagamento o uso de “moedas podres”, títulos do governo que valiam metade do valor de face. A “costu-ra”, feita por Ricardo Sérgio, envolvia o pagamento de propina dos empresários que participavam do processo. O dinheiro era lavado em pa-raísos fiscais. Promoveu-se um desmonte das empresas públicas, fazendo-as pare-cer mais inoperantes do que eram – assim, quase foram pelo ralo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Para a presidenta do Sin-dicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o livro prova a importância do combate do movimento sin-dical ao processo de privati-zação. “A velha imprensa não repercute as graves denúncias e mostra a sua parcialidade. Esperamos que o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem esses crimes de que trata o livro e retomem para os cofres públicos todo o dinheiro desviado.”

dossiês na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa), no governo FHC.” O livro afirma também que o esquema era feito por meio de empre-sas off-shore das Ilhas Virgens Britânicas, e foi idealizado pelo ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesou-reiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Olivei-ra. Outros esquemas semelhan-tes eram realizados pelo genro dele, Alexandre Bourgeois, por sua filha Verônica – que manti-nha empresa em sociedade com a irmã do banqueiro Daniel Dantas – e pelo seu sócio, Gre-gório Marin Preciado.

serra, a filha verônica, fhc e ricardo sérgio: tucanos no livro

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a entrevista com o autor das denúnciasComo era o esquema de corrupção dos amigos e parentes de José Serra?O tesoureiro do Serra, o Ri-cardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinhei-ro do exterior, e eu descobri como funcionava o esquema. Eles mandavam o dinheiro da propina para as Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. Depois, si-mulavam operações de inves-timento para a internação de dinheiro. Usavam umas off- -shores que simulavam inves-tir dinheiro em empresas que eram deles mesmos no Brasil, numa ação muito amadora.Como você pegou isso?As transações estão em cartó-rios de títulos e documentos.Movimentou bilhões?Bilhões. Os banqueiros, li-gados ao PSDB, formados na PUC do Rio, com pós-

-graduação em Harvard, sofis-ticaram a lavagem de dinheiro. A gente é simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas aprendeu a rastrear o di-nheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro, seguido por criminosos como Fernando Beira-Mar, Georgi-na (de Freitas que fraudou o INSS). Os discípulos da Ge-

orgina foram condenados por operações semelhantes às que o Serra fez, que o genro dele, Alexandre Bourgeois, fez, que o Gregório Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez, que o banqueiro Daniel Dantas, que comandava a corrupção, fez.Serra espionava o Aécio?Está documentado. Ele contra-tou a Fence Consultoria, em-presa que faz varreduras contra grampos clandestinos, no Rio de Janeiro. O Serra gosta de espionagem e manda espionar os inimigos dele. Ele contratou a empresa de um coronel baixo nível da ditadura. O pretexto era que fazia negócio de con-traespionagem. O doutor Ênio (Gomes Fontenelle, dono da Fence) trabalhou na equipe dele. Para espionar o Aécio.E a ex-governadora mara-nhense Roseana Sarney?

Está no Diário Oficial. O agente era o Jardim (Luiz Fernando Barcellos), ligado ao Ricardo Sérgio. Mas a imprensa defende o Serra e não divulga. Dilma contra-atacou com arapongas também?Não. As pessoas que tra-balhavam na campanha da Dilma eram ligadas ao mer-cado financeiro. Me chama-ram porque vazava tudo. Os caras faziam uma reunião e, no dia seguinte, estava na imprensa. Eu achava que era coisa do (ex-deputado tucano Marcelo) Itagiba ou do (candidato a vice-presi-dente, deputado do PMDB, Michel) Temer. Aí veio a surpresa: era o fogo-amigo do PT, de Rui Falcão (atual presidente do PT e deputado estadual).

amaury ribeiro jr.

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4 Bragança Paulista

habitação

as muitas faces da ocupação no green ParkCom dívida milionária, área abriga 324 famílias que esperam regularização

Com déficit habitacional de pelo menos 10 mil mora-dias numa cidade de 150 mil habitantes, há 188 ocupações irregulares em Bragança Pau-lista, segundo o programa Cidade Legal, do governo do Estado. Entre elas está o Gre-en Park, loteamento aprovado pela Prefeitura em 1987, que possui o maior número de fa-mílias assentadas à espera de regularização e urbanização. Os proprietários do terreno acumulam mais de 365 execu-ções fiscais por não pagarem impostos. Estimativa da Pre-feitura aponta que 324 famí-lias moram no terreno – cerca de 1360 pessoas. Vindas de vários estados do país, elas se espalham nas ruas classifica-das por números, sem asfalto,

saneamento básico e outros itens de infraestrutura. E an-seiam pela resolução do pro-blema que se arrasta há anos, assim como a ausência do po-der público.

O auxiliar de serviços ge-rais Carlos Batista veio de

Minas Gerais e está no Green Park desde 2004. Ali conhe-ceu a esposa, Roseli Apare-cida, vinda de Tuiuti, cidade vizinha a Bragança. Hoje, eles, sete filhos e um amigo dividem uma casa simples na Rua 3. Um dos moradores

mais ativos pela regularização da área, Carlos participou de reuniões que poderiam solu-cionar o problema. Porém, os discursos não viraram re-alidade. “A última reunião no bairro foi em 2010, com o ad-vogado da proprietária e gente

da Prefeitura. Falaram em re-solver, em dar documentos de propriedade aos moradores, mas, depois disso, não conse-guimos informações sobre o projeto” – diz ele.

Márcio Juviniano Barros, chefe da Divisão de Habi-tação da Prefeitura, diz que o projeto de regularização e urbanização do Green Park existe, pois a área está inscri-ta no programa Cidade Legal, do governo do estado. São 280 unidades para regularização e urbanização, algo perto de 200 mil m² de terreno. “Mas – ele diz – há moradias que estão em Áreas de Proteção Perma-nente (APP). Essas pessoas terão que ser removidas. Le-galmente, não dá pra mexer nesses locais.”

história comum: a angústia por uma casa

sem informação: o medo do Pinheirinho

A lavradora Maria de Lourdes Soares chegou de Ilhéus, Bahia, há 17 anos, após a morte do marido, e foi morar em Piracaia com uma filha. Mas há nove anos a filha morreu vítima de câncer e a família – Ma-ria de Lourdes e três netos – decidiu ir para o Green Park, na Rua 2, numa área próxi-

Na Rua 2 mora também a cozinheira Maria Conceição Rodrigues Santos. Na peque-na casa de alvenaria, ela, o marido e duas filhas pequenas estão há três anos. A família saiu de Salvador, na Bahia, e encontrou o Green Park

ma a uma APP. “Queria saber do nosso destino, se ficamos aqui ou não. Ninguém fala nada” – diz. Uma neta, Letícia Soares dos Santos, monitora no Ponto de Cultura Seme-ar – instituição que trabalha com muitas crianças de 4 a 11 anos, do Green Park –, resu-me a condição dos moradores: “Na eleição, todo político vem

aqui e promete dar um jeito. O atual prefeito (João Afonso Sólis, o Jango, do PSDB) foi um desses. A eleição passou, o segundo mandato dele está no fim, e nada”.

Letícia sabe que a família pode ser removida da Rua 2, mas crê que falta rapidez ao poder público, até na circula-ção de informações. “A gente

quer o melhor – asfalto, sa-neamento, transporte ade-quado. Tudo falta aqui. Se for pra ficar, a gente quer ar-rumar o lugar, melhorar as condições. Se for pra sair, que seja pra um lugar com estrutura. O problema é que não temos certeza de nada, pois as decisões não são in-formadas.”

por indicação de um paren-te. “Na Bahia era difícil, não havia oportunidade. Então, meu marido veio e arrumou trabalho de ajudante de pe-dreiro. Eu não queria muito vir, mas acabei cedendo” – relata. Hoje, Conceição não

esconde as preocupações pela incerteza de viver no Green Park. “Mudamos com muito medo. A gente não sabia o que ia encontrar. Só sabia que a área tem uma dívida gran-de e que a Prefeitura poderia regularizar as nossas casas.

Agora, tem a história de que vão retirar parte do pessoal. A gente viu o que aconteceu no Pinheirinho: expulsos, os moradores ficaram sem casa, né?” O chefe de Habitação da Prefeitura, Márcio Juviniano, afirma: “Uma parte das casas

da Rua 2, as que estão em área de APP e fazem fundo com a rua principal, terá de ser removida. Esse pessoal será transferido para um con-junto habitacional, ainda em construção, no bairro Águas Claras”.

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5Bragança Paulista

outro green Park?

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No dia 16 de janeiro passado, cerca de cem pes-soas ocuparam um terreno vizinho ao Green Park. O grupo, que já cresceu e é formado em boa parte por parentes de moradores da primeira ocupação, alega que a área estava abandona-da, no mínimo, há uma dé-cada. “Ocupamos o lugar e dividimos a área em peque-nos lotes” – conta o mecâ-nico Rosinal Félix Ferreira, um dos ocupantes.

As ruas foram demarca-das e o terreno dos morado-res ficou com oito metros de frente para que cada família pudesse ocupar um lote. Neles, pequenas moradias foram erguidas. “A nossa intenção não é fazer favela. Nós queremos construir de tijolo. A intenção não é to-mar nada, nossa proposta é de comprar os lotes” – diz Rosinal.

A situação no local é mais delicada do que no Green Park. O chefe da Di-visão de Habitação da Pre-feitura de Bragança, Márcio Juviniano Barros, explica as diferenças: “No Green Park, as pessoas ocuparam um local que tem dívidas reconhecidas com a Prefei-tura e os moradores estão cadastrados em um pro-grama habitacional. Na se-gunda ocupação, não há re-gistros de abandono, como alega o grupo que entrou na área. Os impostos estão sen-do pagos e os proprietários querem o terreno”.

Os donos do lote são Lázaro Batista Nogueira e Lázaro Marcelo Nogueira.

Em janeiro, eles entraram com ação de reintegração de posse no Tribunal de Jus-tiça de São Paulo (TJ-SP). Os desembargadores con-cederam a liminar, mas re-comendaram que a medida fosse expedida no Fórum da Comarca de Bragança Pau-lista, em audiência com a presença dos representantes de 20 famílias da ocupação, testemunhas e os donos do terreno.

Na audiência, dia 7 de fevereiro, a expedição da liminar de reintegração de posse foi negada pelo juiz de direito da 3ª vara cí-vel da cidade. Também foi apresentada uma proposta de compra do terreno pe-los moradores, que não foi aceita. Representantes da ocupação garantem que dez famílias se estabele-ceram no local há mais de oito anos. Um recurso dos proprietários, protocolado na segunda quinzena de fe-vereiro no TJ-SP, tenta der-rubar a decisão do juiz que negou a liminar e conseguir a reintegração de posse.

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chove cada vez menosA precipitação de 2012 foi a menor em 10 anos

A quantidade de chuvas registrada em Bragança Pau-lista nos três primeiros meses de 2012 foi 38% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. Os dados são do Centro Integrado de Infor-mações Agrometeorológicas, do Instituto Agronômico de Campinas (Ciigaro/IAC), que mantém unidades de monito-ramento em várias cidades da região. A precipitação no perío- do é a menor registrada nos últimos 10 anos na “época das águas”. A chuva acumu-lada em 2002 foi 617,8 mm. Nos mesmos meses de 2012, a soma da quantidade de chuvas foi de 470 mm, 23,7% menos.

A chuva diminuiu bastante na última década, a exceção de 2010, quando ocorreram enchentes de grande propor-

ção em Bragança e Atibaia. Naquele ano, a pluviometria do primeiro trimestre foi de 820,2 mm, quase o dobro do que choveu este ano – em 2012, foram 42 dias secos no primeiro trimestre.

De acordo com o Ministé-rio do Meio Ambiente (MMA) a desertificação da terra no Brasil soma mais de 1,34 mi-lhão de quilômetros quadrados e abrange 31,6 milhões de ha-bitantes (17% da população). Ao longo dos anos, a explo-ração de recursos naturais so-mada às mudanças climáticas provocam os mais variados impactos nos ecossistemas e, em diversos casos, a degrada-ção da terra e redução da ofer-ta de água e alimentos.

Pesquisa da Embrapa su-gere que a geografia da pro-

dução agrícola brasileira vai mudar nos próximos anos. Essa tendência já pôde ser comprovada com o aumento da oferta de produtos escas-sos durante as chuvas, como o tomate, cujo preços caíram 44,22%. Segundo os analis-tas do Instituto de Economia Agrícola (IEA), as secas que provocaram o atraso do plan-tio do feijão das águas nas principais regiões produtoras também elevaram os preços de um dos principais produ-tos da cesta básica do brasi-leiro. “Todos os anos, quase não temos tomate nesta época do ano para oferecer. Mas em 2012, chegou a sobrar” – in-forma Fabiano Sperendio, gestor operacional da Coope-rativa Entre Serras e Águas, sediada em Bragança.

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as águas da represa do jaguari alagaram bragança Paulista, em 2010

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6 Bragança Paulista

Política

de Primeira Devem, não negam

Dezessete vereadores de Bragança devem mais de R$ 2 mi-lhões aos cofres públicos. Eles usaram o dinheiro que não po-diam e agora não pagam. Não negam a dívida, mas dizem que

não têm como quitar. O Ministério Público já denunciou, falta a Justiça fazer sua parte. Os eleitores precisam ficar de olho, para não votar em quem poderá ser condenado por mau uso do dinheiro do povo. Se a Justiça não fizer a sua parte, vamos fazer a nossa assim mesmo.

Devem, não negam IICom o pedido de condenação e de inelegibilidade dos 17 vere-adores, o cenário da política fica mais confuso ainda em Bra-gança. Pela lei da Ficha Limpa, já tem muita gente fora. Agora,

se o pedido do Ministério Público for aceito, vão sobrar vagas na Câmara.

EsgotoA Sabesp cobra tarifa de esgoto, mas não capta o resíduo pro-duzido na cidade. Grande parte é despejado no rio Jaguari. O de Vargem continua sendo jogado acima da área de captação de Bra-

gança. Pelo que havia sido acertado com o Município e o Ministério Público, a captação de esgoto deveria estar disponível em dezembro de 2011. Deveria! A conta chega pra todos, já o serviço...

TráficoLá na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo, a CDHU, todo mundo sabe que tem uma “boca de fumo” em frente ao Bloco Dois, só a Polícia

não sabe. Pior, outro dia a empresa que cuida da iluminação foi lá e colocou lâmpadas. Os “manos” quebraram. A empresa voltou e os trabalhadores foram ameaçados. Chamada, a Guarda Municipal foi ameaçada. Sabe o que aconte-ceu? A Guarda correu! Até quando?

ImpostosQuando você compra uma lata de cerveja por R$1,50, paga de impostos R$ 0,68. Se o multimilionário Eike Batista comprar a mesma cerveja paga os mesmos R$ 0,68 em impostos. Como

ele ganha muito mais que todos nós juntos, o imposto pra ele é uma baba. Para nós é muito, muito caro.

Impostos IIPor isso, é preciso fazer a Reforma Tributária (rever a forma de cobrar impostos). Os ricos pagam menos da metade do que os po-bres, se considerada a renda de cada grupo. É preciso inverter isso.

religião

católicas, que respeitam a quaresma, indagam: “e daí?”Engana-se quem pensa que o sacrifício é coisa para quem vive à sombra da batina do padre

Também é desinformado quem acredita que basta não co-mer carne vermelha ou se abster de bebida alcoólica. Com o pas-sar do tempo, a maneira de colo-car a fé à prova também evolui.

viver um sacrifício é individual. “Meu filho mais velho não con-some álcool nesses 40 dias. Os outros filhos, eu não sei.”

A professora e empresária Gil Schivinin, 38 anos, diz que, apesar da provocação dos ami-gos, carne, álcool e refrigeran-te ficam fora de seu cardápio durante a Quaresma, há quatro anos. “Sou superbaladeira, não frequento nenhuma igreja, não sou católica praticante. Nos churrascos, os amigos passam o copo de cerveja na minha fren-te, mas não abro mão”.

Este ano, a analista de Re-cursos Humanos Janice Bernar-di Camargo não comeu pão. No

ano passado, não comeu choco-late. “Pra mim, é um tempo de conversão, de mudança. São 40 dias de reflexão. Minha família é católica e apoia. Meus amigos, no início, achavam que era bo-beira. Hoje, alguns passaram a fazer o mesmo. Então, é como se eu ganhasse um presente de Pás-coa, uma vida nova, de alegria. Sou uma pessoa melhor após os dias de reflexão e conversão” – diz Janice, de 26 anos.

Já a fisioterapeuta Patrícia Tommasi Ferreira, 30 anos, faz um sacrifício: não come pão doce. “É o que mais gosto de co-mer, mas não como doce nesta época há três anos.” A psicóloga

e funcionária pública estadual Cláudia Maria Silva, 36 anos, diz que é difícil cumprir a tarefa, mas a sensação que fica depois é o de que faria tudo de novo. “Faço sacrifício de Quaresma há cinco anos. Já fiquei sem comer chocolate, sem beber refrigeran-te, sem comer frutas. Não comer chocolate foi o mais difícil até agora” – confessa.

Quem não é adepto da prá-tica pode pensar que todo esse sacrifício é compensado com ovos de Páscoa e o almoço da Sexta-feira Santa. “Isso não é sacrifício. Que sacrifício existe em se encher de bacalhoada na sexta-feira? – questiona Jaci.

Há quem deixe de assistir no-vela, de entrar no Facebook, de frequentar baladas. Para muita gente, abrir mão de alguma coisa importante nesta época é legal.

“A Quaresma vai da Quarta--feira de Cinzas à Sexta-feira Santa. São 40 dias que antece-dem a Páscoa. As pessoas se preparam, seguindo o exemplo de Jesus, que jejuou por 40 dias, foi tentado, mas resistiu. Cada um faz sua opção de sacrifício. Eu não pinto as unhas de ver-melho” – conta a bancária Jaci Godóy de Camargo, 51 anos, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Bragança Pau-lista. Segundo ela, a decisão de

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jaci, Patrícia, janice, cláudia e gil

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7Bragança Paulista

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mais dinheiro, menos identificaçãoCusto do futebol amador de Bragança aumenta; relação com comunidades se dilui

O futebol amador de Bra-gança iniciou a fase de campeo- natos organizados em 1949. Quatro anos de competições foram disputados – com um modelo que dividia em dois torneios os times das áreas urbana e rural. Em 14 de abril de 1953, surge a Liga Bragan-tina de Futebol, fundada pelos diretores de clubes Olímpio e Flávio Rodrigues, do Ferro-viários Atlético Clube, Dedé Muniz, do Legionários Espor-te Clube, e Francisco Batista de Lima, do Esporte Clube Marianos.

Nos 63 anos de disputas organizadas no futebol ama-dor bragantino, alguns clubes se destacam como vencedores históricos e retratam a duali-dade entre os tempos do jogar com amor à camisa e o profis-sionalismo atual. Entre esses times, estão o Ferroviários, com 12 títulos, o Legioná-rios, com seis troféus, e o São

Lourenço, com 12 campeona-tos. Hoje, os times arrecadam e contratam mais, mas o elo com as comunidades que re-presentam diminuiu. É o que garantem personagens que vi-venciaram o passado.

Abner Antonio Sperendio, 69 anos, nasceu em Bragança e jogou nas três equipes como goleiro, nos anos 50 e 60. Ele descreve o ambiente da época. “As equipes vinham de ori-gens e comunidades diferentes. Era mais que amor à camisa, era amor pela região de onde saíam” – conta. Relatos histó-ricos apontam que quase nunca um jogador mudava de clube. “A rivalidade era muita, eu fui exceção” – explica Abner. “Só que eu tinha ligação com os três clubes, tinha raízes em vá-rias partes da cidade. Normal-mente, não era assim. O joga-dor começava e parava de jogar no mesmo time, pois estava fin-cado em um lugar” – completa.

origens diversas e rivalidade em comumO time do Ferroviários, da

região do Taboão, nasceu da organização dos operários da Estrada de Ferro Bragantina, em 1948, quando surge tam-bém o Legionários, no bairro do Matadouro, apenas seis meses depois. “A rivalidade desses dois times era incrível, parava a cidade não só nos dias de confronto. O jogo era assunto nas semanas que o antecediam e sucediam” – diz o historiador bragantino Joel Mancinelli.

fronteiras impostas pelos bair-ros e as origens. A rivalidade era o motor dos clubes. Hoje, o conjunto de regras é mais rígido, há maior atenção da mídia local e os campeonatos parecem mais organizados, com quatro divisões e 80 clu-bes participantes.

Os times também têm di-ficuldade em segurar as reve-lações. Muitas vezes, gastam bom dinheiro para reforçar os elencos. “Antes, quem revela-va mais era melhor. E manti-

nha os laços com a comuni-dade, pois os jogadores eram dos bairros. Agora, gasta-se até R$ 500 por partida para pagar um veterano do pro-fissional, como fizeram com o Macedo (atacante bicam-peão mundial pelo São Pau-lo Futebol Clube, na década de 90, jogador do Ferroviá-rios, em 2011). O esquema é semiprofissional. O time, se for campeão, tudo bem, se não for, paga caro” – finaliza o historiador.

No ano da fundação da Liga Bragantina foi fundado o São Lourenço, da região do Lava-pés, que representa uma co-munidade diferente dos outros dois clubes. “Se o Ferroviários era um time de forte organiza-ção operária e o Legionários vinha de uma área rica de co-merciantes e cerealistas, o São Lourenço nasce de lugar mais pobre, com dificuldades bem maiores” – lembra Mancinelli. Numa cidade pequena, o que dividia os jogadores eram as a

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8 Bragança Paulista

foto síntese – rePresa de Piracaia

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Palavras cruzadas

sudoku

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vale o que vier

horizontal – 1. Diz-se de pessoa que gosta de contar vantagens ou de mentir para se promover 2. Som, ruído; Impor silêncio 3. Traço ou caminho sem desvios ou curvas; Ordem dos Advogados 4. Clarear 5. Recobre o corpo das aves 6. Cidade da Hungria; Oitavo mês do ano 7. Cachorro; Três vezes; Ala de um exército 8. Segundo a psicanálise freudiana, um dos três componentes estruturais básicos da psique; Argola; (Abrev.) Cruzeiro 9. Veia do coração; Elemento químico de número atômico 53 10. Casas humildes.

vertical – 1. Incidente, aventura, fato imprevisto ou palpitante 2. Diz-se de motor em alta rotação 3. Que não dá espaço a contestações; Iniciais de Roberto Carlos 4. Aia; Registro escrito do que ocorreu em uma sessão 5. Antes de Cristo; Na retaguarda 6. Instrumento muito usado no campo; Indivíduo de pele escura 7. Primeira letra do alfabeto grego; Expressão de saudação; Instituto de Biociências 8. Contração do pronome te e do pronome a; Qualquer quadrúpede usado na alimentação humana; O colorido predominante em um corpo 9. Anel, argola; O tempo que vai do meio-dia até anoitecer 10. Que demonstra muita crueldade.

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