INTERPRETAÇÃO DO ESPAÇO - Fundamentos da...
Transcript of INTERPRETAÇÃO DO ESPAÇO - Fundamentos da...
Introdução
No decorrer da história, nem todos os espaços arquitetônicos mereceram a atenção dos
estudiosos, mas apenas aqueles que possuíam algum valor artístico e foram reconhecidos
como patrimônio histórico e cultural.
Uma edificação, seja qual for, somente é considerada uma obra de arte quando
sobrevive graças às suas qualidades estético-formais, independente da sua função, da técnica construtiva ou mesmo da sua importância social.
É justamente a intenção plástica que diferencia a arquitetura da mera construção (GRAEFF, 1986).
O principal problema da arquitetura está na
conciliação entre as questões práticas, tais como a funcionalidade,
a economia e a viabilidade legal e técnica (valores
quantitativos), com as questões estéticas
(valores qualitativos).
Vitra International Design Museum (1987/9, Weil-am-Rhein Alemanha)
Frank Gehry (1929-)
Ruínas da Igreja de São Miguel (Séc. XVII, Sete Povos das Missões
Santo Ângelo RS)
Um dos objetivos da TEORIA DA ARQUITETURA consiste em interpretar o
espaço arquitetônico, procurando analisar suas características e seu valor
como obra de arte.
Interpretar o espaço significa incluir todas as
realidades de um edifício, estudando suas
dimensões, luz, cor, usos, formas, intenções de
projeto e inclusive expectativas do usuário. Sydney Opera House
(1956/73, Sydney Austrália) JØrn Ützon (1918-2008)
Catedral de Chartres (1194/1220, França)
Portanto, é preciso se desenvolver uma
metodologia de análise da arquitetura, ou seja, uma disciplina ou modo
de “vê-la” que não desconsidere nenhuma
das dimensões que compõem o espaço arquitetônico e que
inclua todo seu conteúdo social.
MASP (1959/69, São Paulo SP)
Lina Bo Bardi (1914-98)
Bauhaus (1925/6, Dessau Alem.)
Walter Gropius (1883-1969)
Conforme ZEVI (2000), há 04(quatro) formas de interpretação da arquitetura, embora nenhuma ocorra isoladamente:
Interpretações conteudistas
Interpretações fisiopsicológicas
Interpretações formalistas
Interpretações espaciais
Templo do Parthenon (447/38 aC, Atenas Grécia)
Taj Mahal (1630/53, Agra Índia)
Interpretações conteudistas
São aquelas que buscam explicar o espaço arquitetônico a partir de seu CONTEÚDO, ou
seja, das razões de sua existência, sejam elas políticas, econômicas, sociais, científico-
tecnológicas ou filosófico-religiosas.
A maioria delas são de fundamentação positivista (relação causa-e-efeito), isto é, buscam encontrar um determinismo entre a
forma arquitetônica e causas materialistas, tais como condições geográficas, elementos
naturais ou até mesmo características étnicas.
a) Interpretação política:
Estabelece uma estreita dependência da arquitetura
com os eventos políticos das diferentes épocas,
colocando as relações de poder como causas das
correntes estilísticas.
Absolutismo Arq. Barroca (Sécs. XVII-XVIII)
Le Galerie des Glaces (1665/85, Palais de Versailles,)
J. Hardoin Mansart, L. C. Le Brun & L. Le Vau
b) Interpretação econômico-social:
Afirma a derivação das formas arquitetônicas dos fenômenos econômicos, considerando a arquitetura como autobiografia do sistema econômico e das estruturas sociais.
Feudalismo Arq. Medieval (Sécs. VI-XII)
Monastério de Sta. Catarina ( 525/65, Monte Sinai, Egito)
Monastério de Yuso (1053, S. Millán de la Cogolla,
Espanha)
Liberalismo Arq. Eclética (Séc. XIX)
Antigo Paço Municipal
(1910/6, Curitiba PR)
Ópera de Paris (1861/74, Paris França)
Charles Garnier
c) Interpretação filosófico-religiosa:
Coloca a arquitetura como expressão da
direção filosófica ou do pensamento religioso,
investigando a contemporaneidade das concepções de transcendência, do
Homem e do espaço.
Humanismo Arq. Renascentista (Sécs. XIV-XV)
Santa Maria dei Fiori (1420/36, Firenze Itália)
Filippo Brunelleschi
Iluminismo Arq. Neoclássica (Séc. XVIII)
Capitólio (1820, Washington EUA)
Benjamin Latrobe
Arc de Triomphe
(1806/36, Paris)
Jean François Chalgrin
Place de l’ Étoile
(1806/36, Paris)
d) Interpretação científica:
Inter-relaciona a arquitetura e o desenvolvimento científico, insistindo na simultaneidade das descobertas matemático-geométricas e da
concepção arquitetônica (a aplicação da geometria euclidiana; o desenvolvimento das regras da
perspectiva; a descoberta da quarta dimensão, etc.).
Pavilhão Alemão (1928/29, Barcelona Esp.)
Mies van der Rohe (1886-1969)
e) Interpretação técnica:
Associa a história da arquitetura à da construção, preocupando-se com a técnica executiva e a questão utilitária da obra, analisando a utilização de materiais naturais (madeira, pedra e barro) ou artificiais (concreto, aço e vidro), nas mais variadas épocas e situações.
Chateau de Chambord (1519/47, Vale do Loire, França)
National Assembly Building (1965, Dacca Bangladesh)
Louis Kahn (1901-74)
f) Interpretações materialistas:
Esforçam-se em encontrar um determinismo entre a
forma arquitetônica e condições materiais, que
ligam, p. ex.: a arquitetura a condições geográficas
(Interpretação Geográfica); a características étnicas e
sociológicas (Interpretação Racial) ou a
elementos naturais (Interpretação Mimética).
Arquitetura Art Nouveau (1895/1914, Paris)
Características físicas e geográficas Arquitetura
Casa Bandeirista de Sto. Antonio (Séc. XVII, São Roque SP)
Arquitetura cicládica (Astypalaia, Kastro Gr.)
Iglus
(Pólo Norte)
Arquitetura
vernácula