Internet como ferramenta de trabalho

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1 INTRODUÇÃO Neste artigo discutiremos o papel da Internet como uma importante ferramenta de trabalho nos dias atuais. Primeiramente, abordaremos o período do início da computação até sua massificação como produto doméstico. Em seguida, trataremos o início da Internet e sua proliferação como ferramenta de produtividade para o trabalho em geral: negócios, pesquisa, educação. Buscamos ilustrar a importância que a Internet exerce em nossos dias com exemplos de algumas aplicações bastante difundidas e iniciativas criativas. O século XX foi longo. Foram tempos de imensos progressos atingidos por diversas áreas de atividade: química, física, biologia, engenharias, matemática e no advento da tecnologia digital. O ritmo destas inovações, inédito na história, impactou de forma incontornável os rumos da humanidade. Uma área em especial, a computação, percorreu um intenso e improvável caminho até se tornar uma ferramenta presente no cotidiano das pessoas (PRESSMAN, 2011). Até ser popularizada, a computação foi uma tecnologia restrita à pesquisa científica e militar que procurava formas de se reduzir o tempo gasto na resolução de problemas matemáticos. Extremamente caros e complicados para o uso, os primeiros computadores eram programados manualmente, cabo a cabo, sem monitores, figuras coloridas, teclados, som ou vídeo. Apenas agências de governo e grandes corporações podiam arcar com os altos custos da compra e manutenção destas primeiras máquinas. Equipes inteiras de cientistas eram mobilizadas durante dias para fazer rodar um simples cálculo. 4

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1 INTRODUÇÃO

Neste artigo discutiremos o papel da Internet como uma importante ferramenta de

trabalho nos dias atuais. Primeiramente, abordaremos o período do início da computação até

sua massificação como produto doméstico. Em seguida, trataremos o início da Internet e sua

proliferação como ferramenta de produtividade para o trabalho em geral: negócios, pesquisa,

educação. Buscamos ilustrar a importância que a Internet exerce em nossos dias com

exemplos de algumas aplicações bastante difundidas e iniciativas criativas.

O século XX foi longo. Foram tempos de imensos progressos atingidos por diversas

áreas de atividade: química, física, biologia, engenharias, matemática e no advento da

tecnologia digital. O ritmo destas inovações, inédito na história, impactou de forma

incontornável os rumos da humanidade. Uma área em especial, a computação, percorreu um

intenso e improvável caminho até se tornar uma ferramenta presente no cotidiano das pessoas

(PRESSMAN, 2011).

Até ser popularizada, a computação foi uma tecnologia restrita à pesquisa científica

e militar que procurava formas de se reduzir o tempo gasto na resolução de problemas

matemáticos. Extremamente caros e complicados para o uso, os primeiros computadores eram

programados manualmente, cabo a cabo, sem monitores, figuras coloridas, teclados, som ou

vídeo. Apenas agências de governo e grandes corporações podiam arcar com os altos custos

da compra e manutenção destas primeiras máquinas. Equipes inteiras de cientistas eram

mobilizadas durante dias para fazer rodar um simples cálculo. Uma vez feita a programação, a

velocidade já impressionava: na década de 1950 a computação já era capaz de poupar meses

do trabalho manual de uma equipe de matemáticos (TANEMBAUM, 2013). Dificilmente um

cientista poderia prever o que aconteceria cinco décadas mais tarde.

Durante a década de 1960 houve a massificação do transístor, um componente

eletrônico inúmeras vezes mais rápido, confiável, barato e eficaz energeticamente que a

válvula. Com computadores mais potentes e compactos foram também criadas linguagens de

programação que existem até hoje. Uma delas, a linguagem C, concebida por Ken Thompson

e Dennis Ritchie, permitiu que a criação de programas fosse mais ágil, extensa e produtiva

(KERNIGHAN 1988). Com essa linguagem, programas criados e executados em máquinas de

40 anos atrás anos podem ser identicamente copiados para uso em um moderno smartphone

simplesmente com uma nova compilação. Pode parecer incrível, mas hoje em dia produtos tão

distintos como um automóvel ou um micro-ondas utilizam software escrito em linguagem

diretamente derivada da C. Os computadores gradualmente foram chegando às universidades

onde se tornaram objeto de intensa pesquisa por professores e alunos (RAYMOND, 2015).

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Ao início da década de 1970, a computação consegue chegar até as pequenas e

médias empresas com os chamados minicomputadores. Esses computadores não ocupavam

mais um andar inteiro de uma biblioteca como antigamente, mas possuíam as dimensões de

uma geladeira. Ficou claro para as empresas que a computação era um caminho sem volta.

Diversas companhias acirraram a concorrência por computadores menores, mais potentes e

baratos. A situação chegou ao seu ápice com a criação do computador pessoal em fins da

década de 1970: computadores passaram a ser disponibilizados para compra em

supermercados na forma de kits (placas, chips, cabos). Ainda exigiam um significativo

conhecimento de eletrônica para aqueles que quisessem montá-los e decifrá-los

(SIECZKOWKI, 2015).

Estes primeiros entusiastas montavam e programavam seus computadores na

garagem de casa. Personagens como Bill Gates, Paul Allen, Steve Wozniac e Steve Jobs,

respectivamente os futuros fundadores da Microsoft (os dois primeiros) e da Apple (os dois

últimos), passaram boa parte dos seus 20 anos de idade montando e aprimorando estes kits

como um hobby. Microsoft e a Apple se especializaram na computação pessoal ao longo dos

anos 80. Utilizando recursos inovadores como a interface gráfica a cores, janelas com

aplicativos e o mouse, criaram formas mais fáceis, produtivas e atraentes para se usar um

computador. A Apple é hoje a mais valiosa empresa do mundo e provavelmente se tornará a

primeira empresa da história a romper a barreira de US$1 trilhão de dólares em valor de

mercado (ALTUCHER, 2015).

Entretanto, até então, a computação pessoal era restrita ao conteúdo contido nas

memórias dos computadores. A comunicação entre máquinas pessoais era um recurso muito

caro, sem padronização e, portanto, de difícil popularização. Apenas agências

governamentais, corporações, universidades e a defesa possuíam sistemas de comunicação

remota entre computadores. Foi preciso esperar até a chegada dos anos 1990 para que as

telecomunicações se tornassem abundantes, rápidas e baratas o suficiente para permitir a

transmissão de dados ao alcance do cidadão comum. Assim nasceu a Internet

(BROOKSHEAR, 2012).

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2 O SURGIMENTO DA INTERNET

Ao contrário da percepção e uso popular do termo, Internet não é e-mail, redes

sociais, ou mesmo a World Wide Web (Grande Rede Mundial, ou WWW na sigla em inglês).

A Internet é um complexo sistema onde hardwares tão diferentes como notebooks, celulares,

desktops, satélites espaciais ou torres de rádio devem ser capazes de trocar dados de acordo

com regras estabelecidas, os chamados protocolos. Se todos estes equipamentos não se

comunicassem de forma padronizada, a Internet não existiria. Neste sentido, um avanço

fundamental foi a criação do Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP ou

protocolo de controle de transmissão/protocolo de internet).

Após o estabelecimento do TCP/IP outra grande invenção que possibilitou o

surgimento da Internet tal como a usamos foi a WWW. No início dos anos 1990 havia uma

série de serviços, hoje muito pouco usados pelo grande público, que utilizavam o TCP/IP para

ligar computadores de forma remota: FTP, NETNEWS, NEWSGROUPS, WAIS, Gopher, entre

outros. Todos esses serviços foram ofuscados pelo serviço desenvolvido pelo físico inglês

Tim Berners-Lee que então trabalhava no Laboratório Europeu de Física de Partículas, na

Suíça (CERN). Lee criou o primeiro servidor web do mundo em um computador NeXTcube

em sua sala e demonstrou seu funcionamento para pesquisadores dentro do CERN e para

alguns poucos participantes externos (HENDERSON, 2009). De uma só vez, Lee

desenvolveu um sistema de marcação gráfica de páginas (HTML), criou uma forma de ligar

documentos entre si (o Hypertext: famoso texto com “links” em azul sublinhado), definiu um

protocolo de transmissão de Hypertext (o HTTP), um programa capaz de responder a um

pedido de envio de texto pela rede (o servidor Web) e um outro programa capaz de interpretar

os arquivos transmitidos, exibi-los em uma tela e receber as informações do teclado e do

mouse operadas pelo usuário. Merecidamente, Lee possui uma extensa lista de homenagens e

títulos honoríficos recebidos na Inglaterra e no mundo. Uma rara exceção foi aberta no

regulamento da Academia Norte-Americana de Ciências para que fosse possível ter o ilustre

inglês como membro. Hoje, mais de 1 bilhão de pessoas acessam diariamente a internet que

Lee ajudou a criar (TIM BERNERS-LEE, 2015).

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3 APLICAÇÕES DA INTERNET NO TRABALHO

A Internet hoje contribui para maior eficiência, efetividade e produtividade em

diversas áreas profissionais. A Internet oferece uma quantidade inimaginável de dados ao

alcance das mãos de qualquer pessoa com conexão à grande rede. Entretanto, de nada vale

estes dados se eles não forem utilizados de forma criteriosa. Transformar dados brutos em

informação útil é o desafio para que as mais diversas profissões se beneficiem da computação.

A Internet permite a realização de tarefas impossíveis há 15 anos. Hoje, é possível

que empresas mantenham o trabalho simultâneo de equipes situadas em locais remotos em

uma mesma tarefa. Essas equipes podem estar dispostas em continentes, culturas e fusos

horários diferentes. É a chamada Computação Distribuída, em que diversos computadores

situados em locais remotos contribuem para a realização de uma tarefa comum (LAUDON,

2013).

Organizações como supermercados podem se beneficiar do uso da Internet em suas

atividades. A utilização sistemática de computadores em todos os níveis de uma organização

(operacional, tático e estratégico) otimiza a transmissão dos dados, o seu conhecimento pelo

público interessado. Seu tratamento qualitativo para gerar dados úteis para uma tomada de

decisão pelas instâncias hierárquicas superiores. Isto ocorre quando organizações adotam o

chamado o sistema Enterprise Resouce Planning ou Planejamento de Recursos de uma

Empresa(ERP). Quando um pacote de biscoitos é registrado no caixa de um supermercado,

uma série de dados é transmitida para diversos locais. Por exemplo, um dado é gerado na

contabilidade do supermercado. Em seguida, esse mesmo dado segue para a baixa do produto

na prateleira para que, desta forma, seja reposto pelo estoque. Por fim, outro dado é enviado

para que seja feito um novo pedido ao fornecedor. Tudo via Internet e em tempo real

(LAUDON, 2013).

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4 APLICAÇÕES DA INTERNET NO ESTUDO

Estudantes e pesquisadores, hoje, podem se beneficiar da imensidão de dados

disponíveis na rede. A Internet provê acesso a texto, som, imagem e vídeo criados por

usuários de praticamente todos os locais do mundo. Cada vez mais instituições como

universidades oferecem seus prestigiados cursos gratuitamente na rede. Por exemplo, um

estudante de Juiz de Fora pode ter acesso às aulas livres no canal oficial da Harvard

University no Youtube. Da mesma forma, poderá assistir aulas de algoritmos criadas por

professores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) ou de História Egípcia direto da

Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. As opções são inúmeras. O desafio dos educadores é

tornar todo este conhecimento em algo atrativo e eficaz para estudantes e aplicável em suas

tarefas diárias (MORAN, 2015).

Uma das revoluções recentes, neste sentido, é a criação do canal Khan Academy no

site www.youtube.com (THOMPSON, 2015). Salman Khan, o criador do canal, possui

formação em matemática e resolveu criar vídeos para ensinar alguns conteúdos para sua prima

mais jovem, Nadia. Os vídeos possuem um visual limpo, colorido e narração pausada, e o

canal Khan Academy é hoje um campeão de acessos na área da educação. Diversas empresas

gigantes da tecnologia como Microsoft e Google investem no site para que mais conteúdo em

diversas línguas seja disponibilizado para estudantes. Como informa o site:

A Khan Academy oferece exercícios, vídeos de instrução e um painel de

aprendizado personalizado que habilita os estudantes a aprender no seu

próprio ritmo dentro e fora da sala de aula. Abordamos matemática, ciência,

programação de computadores, história, história da arte, economia e muito

mais. Nossas missões de matemática guiam os estudantes do jardim de

infância até o cálculo, usando tecnologias adaptativas de ponta que

identificam os pontos fortes e lacunas no aprendizado. Também temos

parcerias com instituições como a NASA, o Museu de Arte Moderna, a

Academia de Ciências da Califórnia e o MIT para oferecer conteúdo

especializado (KHAN ACADEMY, 2015).

A Khan Academy é um típico exemplo de revolução na educação ocorrida na e pela

internet. Seu método já é utilizado em escolas públicas dos Estados Unidos e da Europa.

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5 CONCLUSÃO

Tanto no trabalho quanto no estudo, a Internet pode ser uma poderosa ferramenta

para se alcançar mais produtividade e conhecimento. Entretanto, se digitamos a palavra

“matemática” em um mecanismo de busca como Google, observamos o retorno de 51 milhões

de resultados. O grande desafio de utilizarmos a Internet como uma ferramenta de

produtividade é compreendermos quais os locais e canais adequados para encontrarmos aquilo

que desejamos sem nos perdermos com tantas opções. Em um meio tão imenso e imprevisível

como a Internet, a disputa pela atenção e fidelização de visitantes é enorme. Se em um

passado não muito distante os leitores estavam sujeitos ao crivo de editoras que selecionavam

o conteúdo que chegava às prateleiras, hoje o quadro é bem diferente. A autonomia que o

leitor hoje possui pode expô-lo a um volume grande de informações de origem duvidosa. O

que vale ainda é o bom senso, muita pesquisa e o contato com outros usuários da grande rede.

Buscar distinguir, criticamente, o que é informação útil e confiável ainda é uma preciosa e

necessária qualidade dos bons leitores.

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REFERÊNCIAS

ALTUCHER, J. The one reason Apple will be the first trillion dollar market cap company. Disponível em <http://www.jamesaltucher.com/2010/12/the-one-reason-apple-will-be-the-first-trillion-dollar-market-cap-company/> Acesso em 17 jun 2015.

BROOKSHEAR, J. Gleen. Computer Science: an overview. 5ª ed. Boston: Addison-Wesley, 2012.

HENDERSON, Harry. Encyclopedia of Computer Science and Technology. 4 ed. Nova Iorque: Facts on File, 2009.

KERNIGHAN, Brian W. The C programmimg language. Nova Jérsei: Prentice Hall, 1988.

WIKIPEDIA. Khan Academy. Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Khan_Academy>. Acesso em 26 maio 2015.

LAUDON, Kenneth C. e LAUDON, Jane P. Essentials of Management Information Systems. 10a ed. Nova Jérsei: Prentice Hall, 2013.

MORAN, José Manuel. A internet na educação. USP-2002. Entrevista, portal educacional. Disponível em < www. eca. usp. br/prof/moran/entrev. html>. Acesso em 25 maio 2015.

PRESSMAN, Roger S. Engenharia de Software: uma abordagem profissional. 7ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

RAYMOND, E. S. The Art of Unix Programming. Disponível em <http://www.catb.org/esr/writings/taoup/html/ch02s01.html>. Acesso em 17 jun 2015.

SIECZKOWKI, C. Steve Jobs and Bill Gates History: the Dueling Wizards. Disponível em <http://www.ibtimes.com/steve-jobs-bill-gates-history-dueling-wizards-321739> Acesso em 17 jun 2015.

TANEMBAUM, Andrew S. Structured Computer Organization. 6ª ed. Boston: Pearson, 2013.

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THOMPSON, Clive. How Khan Academy is changing the rules of education.Wired Magazine, volume. 126, 2011. Disponível em <http://resources.rosettastone.com/CDN/us/pdfs/K-12/Wired_KhanAcademy.pdf>. Acesso em 26 maio 2015.

WIKIPEDIA. Tim Berners-Lee. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Tim_Berners-Lee>. Acesso em: 22 maio 2015.

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