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INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE
FACULDADE EVANGÉLICA MACKENZIE DO PARANÁ
INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS
RODRIGO DIAS DA COSTA
O PAPEL DA ECOENDOSCOPIA CONVENCIONAL NAS DECISÕES TERAPÊUTICAS
EM PACIENTES COM TUMORES NEUROENDÓCRINOS GASTROINTESTINAIS
CURITIBA
2018
RODRIGO DIAS DA COSTA
O PAPEL DA ECOENDOSCOPIA CONVENCIONAL NAS DECISÕES TERAPÊUTICAS EM PACIENTES COM TUMORES NEUROENDÓCRINOS GASTROINTESTINAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, Instituto Presbiteriano Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do grau
acadêmico de Mestre Orientadora: Profa. Dra. Carmen Australia Paredes Marcondes Ribas. Coordenador: Prof. Dr. Osvaldo Malafaia
CURITIBA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicaçâo (CIP)
(Biblioteca da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná)
C837 Costa, Rodrigo Dias da.
O papel da ecoendoscopia convencional nas decisões terapêuticas em
pacientes com tumores neuroendócrinos gastrointestinais / Rodrigo Dias da
Costa. — Curitiba, 2019.
Orientadora : Profa. Dra. Carmen Austrália Paredes Marcondes Ribas.
Dissertação (mestrado) – Instituto Presbiteriano Mackenzie, Faculdade
Evangélica Mackenzie do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Princípios
da Cirurgia, 2019.
1. Endoscopia. 2. Ecoendoscopia. 3. Neuroendocrinologia. I. Título.
CDD 616.07545
“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”.
Mahatma Gandhi
Dedico esta Dissertação aos meus pais Irene e Hélio,
juntamente com meus irmãos Diego e Adriano que
dignamente me apresentaram à importância da família.
À minha esposa Débora pela motivação, suporte,
paciência e contribuição na realização de mais uma
etapa da minha vida. Dedico, em especial, a minha filha
amada Lara, minha eterna motivação. Dedico também
ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Princípios da Cirurgia da FEMPAR, pela atenção
demonstrada em todo período do curso, principalmente
na parte final da dissertação, dando o apoio e
contribuições necessárias para o término da pesquisa
com primor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus pelas graças recebidas.
Agradeço a oportunidade de cursar o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em
Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, com profissionais
renomados e qualificados que contribuíram grandemente para a realização desta
dissertação.
Agradeço à minha orientadora Profa. Dra. Carmen Australia Paredes Marcondes
Ribas, pela paciência e dedicação, pelas suas correções e incentivo, que foram
fundamentais para realizar e finalizar esse estudo, colaborando em todos os momentos na
elaboração desta Dissertação.
Ao Prof. Dr. Osvaldo Malafaia, coordenador da Pós-Graduação em Princípios da
Cirurgia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, pelo pioneirismo na pesquisa
científica, além da sua total dedicação ao sucesso deste programa.
Ao Prof Dr. José Celso Ardengh, sumidade em ecoendoscopia, pelos ensinamentos
nesta área, direcionando a efetivação desta pesquisa.
Aos nossos grandes incentivadores de caminhada e funcionários do Programa de
Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná,
Sra. Érika Gomes da Rosa e Sr. Bruno Luiz Ariede, pela colaboração e instruções
recebidas em todas as fases da pesquisa e normas do programa.
À CAPES que fomentou, consolidou e ajudou a promover esta excelente Pós-
Graduação, que vem crescendo a cada dia.
A todos os pacientes que participaram deste trabalho, permitindo a concretização da
dissertação.
À toda minha família pelo apoio incondicional, especialmente a Débora, esposa e
companheira dedicada, minha eterna gratidão pelo amor, incentivo e partilha de
conhecimento.
A todos o meu muito obrigado!
RESUMO
Introdução: Os tumores neuroendócrinos gastrointestinais (TNE-g) são raros e apresentam-se como tumores subepiteliais ou polipóides. O diagnóstico preciso e principalmente a indicação do tipo de tratamento ainda é controverso. O objetivo desse trabalho foi determinar a eficácia da ecoendoscopia (EE) para estadiar TNE-g identificados pela endoscopia com a finalidade de indicar a melhor forma de tratamento, endoscópico e/ou cirúrgico, além de avaliar os resultados da remoção endoscópica no seguimento de médio prazo. Método: Incluímos 27 pacientes todos submetidos à ecoendoscopia para estadiamento TN do TNE-g, para indicar ou não a ressecção endoscópica. As variáveis estudadas foram: tamanho, camada de origem, grau de invasão tissular e a presença de nódulos linfáticos (NL) perilesionais. Excluímos os TNE-g > 2,0 cm, que infiltravam a muscular própria, com NL perilesionais e metástases à distância. A ressecção endoscópica foi feita com alça de polipectomia, mucosectomia após injeção de solução salina ou após a ligadura com banda elástica. O estudo anatomopatológico dos espécimes incluiu a avaliação das margens e o estudo imunoistoquímico (cromogranina, sinaptofisina e Ki 67) para classificar o TNE-g. O seguimento dos pacientes foi realizado com 1, 6 e 12 meses. Resultados: Nesse estudo realizou-se 15 polipectomias com alça diatérmica, 5 mucosectomias com injeção de solução salina e 3 mucosectomias após a ligadura com banda elástica, os 4 pacientes restantes foram encaminhados ao serviço de cirurgia, pois enquadravam-se nos critérios de exclusão.. A cromogranina e a sinaptofisina foram positivas, enquanto o Ki 67 foi menor que 5% em todos os casos. No seguimento, observou-se três casos de recidiva da doença. A média de tamanho dos tumores no estômago foi de 7,6 mm e no duodeno 7,2 mm. Dos parâmetros incluídos na avaliação pela EE as lesões bem descritas como hipoecoicas e homogêneas ocorreram em 75% dos casos; as pertencentes à camada mucosa 80% e as da mucosa profunda e submucosa 70% dos casos. Conclusões: A EE mostrou ser bom método para o estudo dos TNE-g podendo identificar a camada acometida pela neoplasia, determinar o grau de invasão, a ecogeneicidade, heterogeneidade, tamanho da lesão e acometimento linfonodal perilesional, trazendo benefícios à aplicabilidade ou não do tratamento endoscópico.
Palavras-chave: Ecoendoscopia. Tumor carcinoide. Tumor neuroendócrino. Tratamento
endoscópico. Endoscopia Alta. Mucosectomia.
ABSTRACT
Introduction: Gastrointestinal neuroendocrine tumors (NET) are rare and present as subepithelial or polypoid tumors. The precise diagnosis and especially the indication of the type of treatment is still controversial. Objective: The of this study was to determine the efficacy of endoscopic ultrasound endoscopy (EUS) for endoscopic surgery in order to indicate the best endoscopic and / or surgical treatment, as well as to evaluate endoscopic removal results in the follow-up of medium term. Method: We included 27 patients, all of whom underwent echoendoscopy for TN staging of NET, to indicate endoscopic resection or not. The studied variables were: size, layer of origin, degree of tissue invasion and presence of perilesional lymph nodes (NL). We excluded NET> 2.0 cm, which infiltrated the muscle itself, with perilesional NL and distant metastases. Endoscopic resection was performed with polypectomy, mucosectomy after saline injection or after elastic band ligation. The anatomopathological study of the specimens included the evaluation of the margins and the immunohistochemical study (chromogranin, synaptophysin and Ki 67) to classify NET. Patient follow-up was performed at 1, 6 and 12 months. Results: In this study, 15 polypectomies with a diathermic loop, 5 mucosectomies with saline solution injection and 3 mucosectomies were performed after elastic band ligation. The remaining 4 patients were referred to the surgical service, as they were included in the exclusion criteria. Chromogranin and synaptophysin were positive, whereas Ki 67 was less than 5% in all cases. In the follow-up, three cases of relapse of the disease were observed. The mean size of the tumors in the stomach was 7.6 mm and in the duodenum 7.2 mm. Of the parameters included in the EUS evaluation, lesions described as hypoechoic and homogeneous occurred in 75% of the cases; those belonging to the mucosal layer 80% and those of the deep and submucosal mucosa 70% of the cases. Conclusions: EUS was a good method for the study of NET to identify the layer affected by the neoplasia, to determine the degree of invasion, echogenicity, heterogeneity, lesion size and perilesional lymph node involvement, bringing benefits to the applicability or non-treatment endoscopic.
Keywords: Ecoendoscopy. Carcinoid tumor. Neuroendocrine tumor. Endoscopic treatment.
High Endoscopy. Mucosectomy.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Processadora de Ultrassonografia endoscópica Fujinon (SU 7000).......25
FIGURA 2 - Ecoendoscópio setorial (EG 530UT).........................................................26
FIGURA 3 - Ecoendoscopio radial (EG 530UR) ……….................................................26
TABELA 1 - Caracteristicas demográficas e variáveis avaliadas................................29
FIGURA 4 - Paciente com TNE(g) ................................................................................30
FIGURA 5 - Paciente com TNE(g) encaminhado à cirurgia..........................................30
LISTA DE SIGLAS
TNE-g - TUMOR NEUROENDÓCRINO GASTROINTESTINAL
EE - ECOENDOSCOPIA
TNEd - TUMOR NEUROENDÓCRINO DUODENAL
OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
NEM 1 - NEOPLASIA ENDÓCRINA MULTIPLA TIPO 1
TNEs - TUMORES NEUROENDÓCRINOS GASTROINTESTINAIS
SEER - REGISTRO DE EPIDEMIOLOGIA DE VIGILÂNCIA E RESULTADOS
FINAIS
EMR - RESSECÇÃO ENDOSCÓPICA DA MUCOSA
EDA - ENDOSCOPIA DISGESTIVA ALTA
SZE - SÍNDROME DE ZOLLINGER - ELLISON
IPEM - INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS
HUEC - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO DE CURITIBA
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
IPARDES - INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
SOCIAL
TC - TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA MULTIFÁSICA
RM - RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11
1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................... 13
2 REVISĀO DA LITERATURA ............................................................................. 14
2.1 ECOENDOSCOPIA ............................................................................................ 15
2.2 TUMOR NEUROENDÓCRINO ........................................................................... 16
2.3 APRESENTAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICO ................................................... 18
2.4 TRATAMENTOS ................................................................................................. 20
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS ............................................................................... 22
3.1 CASUÍSTICA ...................................................................................................... 23
3.1.1 Critérios de Inclusão ............................................................................................ 23
3.1.2 Critérios de Exclusão ........................................................................................... 24
3.2 SELEÇÃO DE PACIENTES E TRATAMENTO ................................................... 24
3.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS .......................................................................... 25
3.4 SEGUIMENTO CLÍNICO ..................................................................................... 26
4 RESULTADOS ................................................................................................... 28
5 DISCUSSĀO ...................................................................................................... 32
6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 37
11
1 INTRODUÇÃO
12
O tumor neuroendócrino gastrointestinal (TNE-g) não funcionante é o mais frequente
de todos os tumores neuroendócrinos do sistema digestório, ocorrendo em cerca de 74%
dos casos. No estômago/duodeno eles estão presentes em 25%, reto 14%, apêndice
vermiforme 12% e o pâncreas é o órgão menos afetado (MODLIN, et al. 2008; YAO, et al.
2008). Dados de vigilância epidemiológica americana mostram que nos últimos 35 anos, o
número dos TNE-g no intestino delgado aumentou entre 300% a 500% (HOFFMANN,
FURUKAWA, JENSEN, 2005; BARROS, et al. 2015).
O TNE-g localizado no estômago do tipo I tende a ser benigno, com baixo risco de
progressão ou metástases. Ocorrem em 7% de todos os TNE-g e em cerca de 2% de
todos os pólipos gástricos excisados (HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005;
HASSAN, et al. 2008). Os TNE-g do duodeno com diâmetro ≤ 10 mm, tem seu diagnóstico
e tratamento realizados mais precocemente. (HIRIPI, et al. 2009; STROSBERG,
GARDNER, KVOLS, 2009). Geralmente são não funcionantes e são identificados durante
endoscopia digestiva alta realizada por outras indicações (RINKE, et al. 2009).
No caso de um TNE-g gástrico (TNEg) apresentar hipersecreção hormonal a
situação é diferente e muito mais rara. Os TNE-g duodenais (TNEd) funcionantes
geralmente se apresentam com metástases no momento do diagnóstico (SCHINDL,
KESERER, MIEDERIE, 2001; HOSOKAWA, et al. 2005; DAKIN, et al. 2006). Em passado
recente, os TNEg e TNEd eram tratados cirurgicamente, por gastrectomia ou
duodenopancreatectomia, respectivamente. Atualmente a tendência é ser mais
conservador e indicar o tratamento endoscópico com técnicas seguras e eficazes como a
polipectomia e/ou mucosectomia, além do seguimento e vigilância endoscópica serem
fundamentais para determinar a cura dos pacientes. Muitos estudos têm mostrado que a
remoção bem sucedida de um TNE-g pequeno com a mucosectomia não apresenta
recorrência frequente em seguimento em longo prazo (JENSEN, et al. 2006). A ressecção
endoscópica deve remover o tumor completamente (ressecção R0). Até o momento, não
foi descrito nenhuma recorrência observada após polipectomia/mucosectomia que afetasse
o prognóstico geral desses pacientes. A ecoendoscopia (EE) tem sido cada vez mais
usada para avaliar a invasão desses tumores e identificar a presença de metástases sobre
nódulos linfáticos (NL), além de determinar o estádio adequado da lesão (LOUREIRO, et
al. 2006). Poucos são os trabalhos que avaliam seu papel com a intenção de determinar
quais os melhores candidatos à ressecção endoscópica (THOM, et al. 1991; NORTON, et
al. 2004).
13
1.1 OBJETIVO
O objetivo foi determinar a eficácia da EE para estadiar os TNE-g identificados pela
endoscopia, como preditor para indicar a melhor forma de tratamento, se endoscópico e/ou
cirúrgico, e avaliar os resultados da remoção endoscópica no seguimento em médio prazo.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
15
2.1 ECOENDOSCOPIA
Nas duas últimas décadas, o enfoque da gastroenterologia e da doença oncológica,
tem sofrido mudanças com o advento da EE. Conhecida como uma das técnicas
endoscópicas, com comprovação clínica, mais desafiadoras da atualidade. O aprendizado
dessa modalidade diagnóstica é prolongado e exige empenho, bem como conhecimento
de anatomia humana e aspectos ultrassonográficos, pois combina duas modalidades que,
simultaneamente integram a visualização endoscópica e ultrassonografia de alta
frequência (5, 7, 5, 10 e 12 MHz) (ARDENGH, et al. 2008).
A ultrassonografia endoluminal complementa a endoscopia clássica e tem mostrado,
de forma consistente, o seu impacto significativo no diagnóstico e avaliação de várias
doenças. Permite identificar estruturas vasculares, linfáticas e vísceras sólidas
relacionadas às diferentes porções digestivas, desde que próximas ao transdutor
(ARDENGH, et al. 2007). Como indicações, incluem: investigação de lesões provenientes
das camadas mais profundas da parede do esôfago, estômago ou duodeno, que são as
chamadas lesões submucosas; doenças que envolvem as vias biliares, principalmente
extra hepáticas; avalia de forma detalhada o pâncreas e promove o estadiamento de
neoplasias do sistema digestório, tais como: esôfago, estômago, duodeno, pâncreas, vias
biliares e reto. Permite a punção ecoguiada para a obtenção de material para análise
histológica (MALUF-FILHO et al., 2007).
O algoritmo diagnóstico por imagem começa com endoscopia (duodenoscopia,
ileocoloscopia) e uma amostra de tecido para diagnóstico histológico (CAPELLA, et al.
1991). No caso de TNEd a EE deve ser realizada, pois ela permite determinar o tamanho e
a profundidade da infiltração do TNEd e também NL locorregionais (CHAK, 2002). A EE
determina com precisão a camada de origem da lesão e o padrão ecogênico baixo ou alto,
aumentando a chance de um diagnóstico diferencial preciso. Curiosamente, os TNE-g do
íleo terminal podem ser avaliadas pela EE usando miniprobes de alta frequência passados
através do canal de biópsia do colonoscópio (ARDENGH, et al. 2007).
16
2.2.TUMOR NEUROENDOCRINO
No passado, a maioria dos tumores de células neuroendócrinas eram chamadas de
carcinóides. Mas em 2000 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reclassificou-os como
tumores neuroendócrinos (TNE). São tumores raros que surgem de células
neuroendócrinas com crescimento lento e malignidade duvidosa. Acometem vários órgãos
e com maior frequência o sistema digestório (NIKOU et al., 2005).
Os TNE mais frequentemente se desenvolvem no sistema digestório em órgãos
como o estômago, intestino delgado, reto e pâncreas. Podem ainda, mesmo que
raramente, acometer os testículos ou ovários, além dos pulmões. Ademais sabe-se que,
mais de um TNE pode desenvolver-se no mesmo órgão (KLOPPEL, et al. 1996).
Como os TNE-g se desenvolvem a partir de células neuroendócrinas, eles podem
produzir níveis elevados de neuropeptídeos e aminas, que são substâncias semelhantes a
hormônios. No entanto, estas substâncias quando liberadas em quantidades
suficientemente elevadas podem causar sintomas. Como resultado, observa-se um
crescimento lento por muitos anos, sem diagnóstico preciso (CANCER.NET, 2018).
Os TNEg associados à gastrite atrófica crônica, anemia perniciosa e menores que 2
cm geralmente apresentam evolução indolente e não resultam em metástases. Os tumores
nesses pacientes não se comportaram de forma pior do que os outros carcinóides. Isso
porque, um dentre quatro pacientes que morreram de tumor neuroendocrino, o tumor
primário tinha 2 cm ou mais. Sendo assim, o tamanho parece ser um fator prognóstico para
os TNE-g (MOORE, ARDENGH, et al. 2013). Em estudos anteriores de TNE duodenais e
retais revelaram que tumores maiores que 2 cm estavam associados a metástases. De
acordo com o estudo imunoistoquímico e clínicopatológico de 104 pacientes, de Rebeca e
col., o paciente com invasão transmural e metástase ganglionar na apresentação inicial,
culminou em doença disseminada e morte. No entanto, outro paciente com invasão
transmural e um tumor de 1,2 cm teve curso menos agressivo, permaneceu vivo e sem
evidência de doença 10 anos depois. A cromogranina foi demonstrada em todos os
pacientes. A sinaptofissina e Leu-7 também parecem ser marcadores sensíveis. A
substância hormonal mais frequentemente positiva foi a serotonina. Nenhuma das reações
imunoistoquímicas correlacionaram-se com o desfecho da doença (BUSHNELL, et al.
2010; IMHOF, et al. 2011).
17
Assim, os TNE gástricos geralmente são tumores indolentes, particularmente
quando associados à anemia perniciosa, hipergastrinemia ou menores de 2 cm. A
cromogranina é o marcador mais sensível. (THOMAS et al., 1994)
Todos os anos, cerca de 8.000 adultos nos Estados Unidos são diagnosticados com
TNE no trato GI. O número de tumores diagnosticados tem aumentado, mas a razão para
isso é ainda desconhecida. O intestino delgado é de acometimento mais comum no trato
GI. As pessoas são mais frequentemente diagnosticadas na sexta década de vida
(CAPELLA, et al. 1991).
Dos fatores de risco para se desenvolver um TNE, a história familiar de neoplasia
endocrina múltipla tipo 1 (NEM 1) é a que tem maior associação com esse tipo de tumor. A
neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (NEM1) é condição hereditária que aumenta o risco de
desenvolver tumores na glândula pituitária, glândula paratireóide e pâncreas. Estima-se
que aproximadamente 10% dos tumores GI estão associados a NEM1. Os TNE GI são
mais comuns entre os negros, e os homens negros têm risco maior do que as mulheres
negras. Entre os brancos, homens e mulheres apresentam o mesmo risco. Além disso,
doenças gástricas prévias, como as responsáveis pela diminuição da produção de ácidos
têm maior risco de desenvolver tumor carcinoide no estômago. Em particular, as pessoas
com anemia perniciosa e atrofia gástrica apresentam maior risco de desenvolver TNEg
(JIAO, et al. 2011).
A taxa de sobrevida em 5 anos depende de muitos fatores, entre eles a localização,
tamanho da lesão, presença ou ausência de metástases locais ou a distancia. Sendo
assim, aquelas com TNE gastrointestinal não metastático varia de 65% a 90%,
dependendo da sua localização. No entanto, se for constatado metástase locorreginal, a
sobrevida em 5 anos pode variar de 46% a 78%. Assim sendo, as taxas de sobrevida
podem variar de 14% a 54%, quando diagnosticado metástases à distância (SCHERUBL,
et al. 2010).
Os tumores neuroendócrinos gastrointestinais (TNEs) estão sendo diagnosticados
cada vez mais frequentemente. Os últimos números do Registro de Epidemiologia de
Vigilância e Resultados Finais (SEER) mostram que, nos últimos 35 anos, o número de
tumores / carcinomas neuroendócrinos do intestino delgado aumentou 300% - 500%
(HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005; BARROS, et al. 2015). Tendências
semelhantes foram observadas na Suécia e na Noruega. A causa desse aumento notável
é desconhecida; muitas vezes é atribuído ao fato de que imagens de alta resolução e
endoscopia estão sendo usadas mais comumente na prática clínica diária e
18
imunoistoquímica com mais frequência em patologia. Outros fatores de risco para TNE do
intestino delgado incluem álcool e tabagismo em um estudo, sexo feminino e história
familiar positiva de câncer. TNE intestinais também ocorrem com frequência aumentada
em algumas síndromes hereditárias (CHEN, NEUGUT, ROTTERDAM, 1994; KAERLEV, et
al. 2002; HASSAN, et al. 2008).
Os TNEs do intestino delgado, particularmente aqueles localizados no duodeno, são
cada vez mais detectados em estágios iniciais e facilmente tratáveis (com um diâmetro de
tumor de ≤10 mm) (HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005; ERIKSSON, et al. 2008).
Estes pequenos tumores são principalmente não funcionais (hormônio inativo) e
geralmente não causam desconforto. Os TNEd (tumor neuroendócrino duodenal) são
muitas vezes diagnosticados durante gastroduodenoscopia que está sendo realizada por
outras razões (HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005; ERIKSSON, et al. 2008). No
entanto, se os TNE duodenais apresentam síndrome de hipersecreção hormonal
(Zollinger-Ellison ou síndrome carcinoide), a situação é diferente. Estas apresentações,
cursando com hipersecreção hormonal, geralmente vêm acompanhadas de metástase no
momento do diagnóstico (WEBER, et al. 1995; NORTON, et al. 1999; NORTON, et al.
2004). Atualmente, cerca de 22% de todas os TNEs do intestino delgado surgem no
duodeno, enquanto o íleo permanece o sítio mais frequente no intestino delgado (> 70%).
Em geral, o aumento da detecção precoce de TNEs do intestino delgado levou à melhora
no prognóstico (SCHERUBL, et al. 2010).
2.3 APRESENTAÇÃO CLINICA E DIAGNÓSTICO
A maioria dos TNE duodenais são assintomáticos e são detectados durante o estudo
de endoscopia digestiva alta (EDA) para sintomas não relacionados ao tumor
(HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005). Os sintomas mais comuns que levam à
detecção do TNE duodenal e à EDA são: dor abdominal vaga (37%), hemorragia (21%),
anemia (21%) e icterícia (18%). Em contraste com outros TNE duodenais, os TNE
duodenais localizados na região periampular ou na ampola de Vater causam mais
frequentemente sintomas, com até 60% de icterícia em alguns estudos. Os tumores de
região duodenal são geralmente silenciosos (60% -98% dos pacientes em diferentes
19
estadios). No entanto, uma revisão de casos demonstrou que 10% dos pacientes com TNE
duodenal desenvolvem a síndrome de Zollinger-Ellison (SZE), 4% síndrome de Cushing e
casos raros desenvolvem acromegalia. Além disso, raros pacientes têm TNE duodenal
funcional que é insulinoma ou glucagonoma (WEBER, et al. 1995; NORTON, et al. 1999;
NORTON, et al. 2004; ICHIKAWA, et al. 2003).
Pacientes com síndrome de Zollinger-Ellison apresentam azia, úlcera gastroduodenal
e/ou diarreia crônica (WEBER, et al. 1995; NORTON, et al. 1999; NORTON, et al. 2004).
Em contraste, a maioria dos tumores neuroendócrinos de acometimento ileal apresentam
sintomas, devido ao próprio TNE ileal. Estes sintomas incluem diarreia crônica, desconforto
abdominal ou dor, isquemia, sangramento gastrointestinal e perda de peso (YAO, et al.
2008; DRUCE, ROCKALL, GROSSMAN, 2009). Com TNEs do intestino delgado, 6% a
30% dos pacientes desenvolvem síndrome, caracterizada pela presença de diarreia,
ataques de rubor, doença cardíaca, constrição brônquica e dor abdominal / cólicas
(DRUCE, ROCKALL, GROSSMAN, 2009). Uma exacerbação potencialmente fatal da
síndrome carcinoide pode ocorrer e é chamada de crise carcinoide. Ela pode ser
desencadeada por anestesia, certas drogas ou por procedimento cirúrgico. Seu padrão
clínico inclui ataque prolongado, hipo ou hipertensão, arritmias cardíacas, espasmos
pulmonares graves e diarreia (DRUCE, ROCKALL, GROSSMAN, 2009; SWARD, et al.
2009).
Os níveis de gastrina sérica e de cromogranina A sérica devem ser determinados em
pacientes com TNE duodenal. Se for encontrada hipergastrinemia e um estômago
hiperácido (pH gástrico basal ≤ 2 ou saída de ácido gástrico ≥ 10 mmol / h), um teste de
estimulação de secretina deve ser realizado para estabelecer SZE (WEBER, et al. 1995;
NORTON, et al. 1999; NORTON, et al. 2004). Antes de realizar o teste de estimulação de
secretinas, os inibidores da bomba de prótons devem ser interrompidos por 5-8 dias; se
necessário, um bloqueador de H2 pode ser dado temporariamente. Um aumento dos níveis
de gastrina de ≥ 120 pg / mL ou superior é considerado resultado de teste positivo, com um
estudo recente mostrando sensibilidade de 94% e especificidade de 100%. No íleo, 5-HIAA
(em urina 24 h) e cromogranina A sérica devem ser medidas. Em 4% dos pacientes, a
síndrome carcinoide pode estar presente com TNE duodenais (SWARD, et al. 2009;
DOHERTY, et al. 2011).
20
2.4 TRATAMENTOS
A diferenciação histológica, a localização do tumor, o tipo, a biologia, o estágio
tumoral e as circunstâncias individuais devem ser levados em consideração ao planejar a
terapia (PAVEL, et al. 2011). Gerenciamento de TNEs duodenais não funcionais e bem
diferenciadas (G1) sem fatores de risco para metástases que se limitam à mucosa /
submucosa, até 10 mm de tamanho e crescem de forma não angioinvasiva podem ser
removidos endoscopicamente. Esses TNEs apresentam baixo risco de metástase linfática
ou à distancia (ICHIKAWA, et al. 2003). O ultrassom endoscópico avalia a invasão linfática
duodenal e a presença de possíveis metástases linfonodais. Na ausência de infiltração
tissular e metástases, várias abordagens endoscópicas terapêuticas podem ser
consideradas. Atualmente, a ressecção endoscópica da mucosa (EMR) é mais
amplamente realizada (ICHIKAWA, et al. 2003). Faz-se a ressecção endoscópica para
remover completamente o tumor (ressecção R0) e, até agora, não foram observadas
recidivas tumorais após polipectomia / mucosectomia que afetasse o prognóstico geral do
paciente (ICHIKAWA, et al. 2003; STROSBERG, GARDNER, KVOLS, 2009).
A terapia é controversa para TNEs do duodeno que não são funcionais, bem
diferenciadas (G1), limitadas à mucosa / submucosa, de 10 a 20 mm de tamanho, crescem
de forma não angioinvasiva e não metastática. Ambas as terapias endoscópicas e a
cirurgia são consideradas nessa situação (MAGGARD, et al. 2004). Por outro lado, há um
amplo consenso de que, em pacientes operáveis, não-funcionais, TNE duodenal maior que
20 mm, bem como todos os gastrinomas esporádicos, devem ser submetidos ao
tratamento cirúrgico. O TNE duodenal não funcional, com fatores de risco para doença
metastática, que apresenta boa diferenciação (G1, G2) histologicamente, mas que se
estendem para além da submucosa (T2-T4) ou se metastatizam para os linfonodos
locorregionais e / ou de forma angioinvasiva, representam TNE com fatores de risco
prognosticamente relevantes; portanto, eles devem ser tratados cirurgicamente
(HOFFMANN, FURUKAWA, JENSEN, 2005; BILIMORIA, et al. 2009).
No entanto, muitos pacientes, no momento do diagnóstico, são idosos e sofrem de
comorbidades significativas. Por esta razão, a decisão sobre a terapêutica precisa de uma
discussão interdisciplinar e é recomendada a terapia individual. Os TNEs pouco
diferenciados são raros com poucos casos relatados (KLIMSTRA, et al. 2010). Estes são
tumores altamente invasivos (G3), com linfonodos regionais e / ou metástases à distância
21
geralmente presentes no diagnóstico e a maioria dos pacientes morreu pela doença
tumoral (KLIMSTRA, et al. 2010). No paciente, onde nenhuma metástase à distância está
presente em estudos de imagem cuidadosa, a ressecção cirúrgica deve ser considerada
(KLIMSTRA, et al. 2010).
Os tumores neuroendócrinos gastroduodenais, que se comportam como gastrinoma
esporádico, isto é, sem NEM1( metástase em 40% -70% dos casos) e até gastrinomas
menores que 10 mm já podem apresentar metástases ganglionares paraduodenais e
peripancreáticas (BOSMAN, HRUBAN, THEISE, 2010) Sendo assim, a ressecção do tumor
cirurgicamente depende do tamanho do tumor; e a linfadenectomia é a terapia de escolha
no gastrinoma duodenal esporádico (BOSMAN, HRUBAN, THEISE, 2010).
O tratamento dos TNEs de células pequenas e grandes dos pulmões, geralmente
são recomendados à quimioterapia citorredutora que corresponde ao tratamento de células
pequenas dos pulmões (TRAVIS, et al. 1998; TRAVIS, et al. 2015).
Na terapêutica dos TNE da ampola de Vater, 20% frequentemente requerem
tratamento diferente porque podem ter um curso clínico e atividade biológica diferente do
que outros TNE duodenais (MODLIN, et al. 2008). Grandes TNEs da ampola de Vater
(papila de Vater) geralmente causam icterícia; no entanto, quando pequenos, são
diagnosticados precocemente de forma incidental em pacientes assintomáticos.
Infelizmente, não há estudos controlados sobre o gerenciamento ótimo de TNEs ampulares
iniciais. Tanto a papilectomia endoscópica como a ressecção cirúrgica do tumor podem ser
abordagens curativas na doença precoce, enquanto que em pacientes com carcinoides
ampulares maiores que 2 cm, a gastroduodenopancreatectomia é considerada o
tratamento de escolha (MODLIN, et al. 2008). A terapia endoscópica para TNEs precoces
e pequenos é caracterizada por morbidade e mortalidade baixa.
No tratamento dos tumores neuroendócrinos ileais, a cirurgia é a terapia de escolha
para TNEs iniciais do jejuno ou íleo (BUSHNELL, et al. 2010). Muitas vezes a
disseminação linfática, peritoneal ou hepática já ocorreu no momento do diagnóstico. O
tratamento com análogos de somatostatina ou interferon provoca principalmente resposta
tumoral citostática e raramente a diminuição no tamanho do tumor. A quimioterapia
citorredutiva paliativa não tem benefício de sobrevivência comprovado em doença
avançada e bem diferenciada da TNE do intestino delgado. Embora faltem estudos
controlados, a quimioterapia citorredutora descrita é o tratamento padrão para carcinomas
neuroendócrinos avançados do intestino delgado (CAPELLA, et al. 1991; RINKE, et al.
2009; BUSHNELL, et al. 2010).
22
3 CASUÍSTICA E MÉTODO
23
Este estudo foi realizado no Departamento de Endoscopia do Hospital 9 de Julho,
São Paulo, SP, Brasil e no Instituto de Pesquisas Médicas (Ipem) da Faculdade Evangélica
Mackenzie do Paraná, Curitiba PR, Brasil.
Utilizaram-se normatização da Dissertação seguiu o Guia Mackenzie de Trabalhos
Acadêmicos (2015), seguindo Normas para Referências Bibliográficas (NBR 6023) e
Abreviação de Títulos de Periódicos (NBR - 6032) da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), além das normas para apresentação gráfica de dados e tabelas, do
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), do Governo do
Estado do Paraná.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade
Evangélica Mackenzie do Paraná. Todos os pacientes foram previamente esclarecidos e
assinaram o consentimento informado utilizado pelo Departamento de Endoscopia do
Hospital 9 de Julho, São Paulo, SP, Brasil.
3.1 CASUÍSTICA
Os pacientes atendidos com suspeita de TNE, diagnosticados previamente por
endoscopia digestiva alta seguida de biópsia endoscópica, de setembro de 2004 a janeiro
de 2012, foram encaminhados para realização de ultrassonografia endoscópica para o
estadiamento tumoral TN da classificação TNM e avaliação da possibilidade de ressecção
endoscópica imediatamente após a ecoendoscopia. Foram selecionados 27 pacientes.
3.1.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos os pacientes que preencheram os seguintes critérios: 1) risco
cirúrgico elevado; 2) TNE <2 cm; 3) ausência de comprometimento da muscular própria; e
4) ausência de adenopatias perilesionais ao exame de ecoendoscopia, tomografia e
ressonância sem metástases à distância. Foram excluídos os TNE >2 cm.
24
3.1.2 Critérios de exclusão
Os critérios de exclusão foram aqueles cujo tumor neuroendócrito apresentava
tamanho superior ou igual a 2 cm, e os não operados, que apenas fizeram seguimento da
doença.
3.2 SELEÇÃO DE PACIENTES E TRATAMENTO
Vinte e sete pacientes preencheram os critérios de seleção para este estudo e todos
com lesões subepiteliais identificadas pela endoscopia digestiva alta e/ou biópsia com
confirmação histológica de TNE, sendo submetidos à EE radial, setorial, ou com
miniprobes nas frequências de 5.0, 7.5, 10 e 12 MHz. Os dados foram coletados a partir de
uma base de dados prospectiva, obtidas da data em que os pacientes tiveram suspeita
clínica de TNE por endoscopia digestiva alta. Os exames foram realizados com sedação
profunda utilizando Propofol®, com doses individuais para cada paciente, conforme
protocolo da equipe de anestesiologia.
Os parâmetros estudados na ecoendoscopia foram: tamanho, camada de origem,
profundidade do acometimento (uT1=mucosa, uT1=submucosa, uT2=muscular própria e
uT3=serosa acometida) e presença ou ausência de adenopatias perilesionais.
As técnicas de endoscopia terapêutica utilizadas foram: alça de polipectomia;
mucosectomia com injeção de solução salina; e mucosectomia após a ligadura com banda
elástica. Além disso, foi realizado estudo anatomopatológico, por um único patologista,
incluindo a avaliação das margens e o estudo imunoistoquímico com a prova da
cromogranina, sinaptofisina e Ki 67 da peça removida. A leitura do marcador foi realizada
por hotspot.
25
3.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Todas as ecoendoscopias foram realizadas pelo mesmo ecoendoscopista, através
da utilização do aparelho Fujinon SU 7000 (Figura 1), EG 530UT (Figura 2) e EG530UR e
miniprobe (Figura 3).
FIGURA 1 - Processadora de ultrassonografia endoscópica - Fujinon (SU 7000)
Fonte: Site FujiFilm, 2018. Disponível em: http://www.fujifilm.in/Documents/products/medical/brochures/pdf/index/su7000.pdf
26
FIGURA 2 - Ecoendoscópio setorial (EG 530UT)
Fonte: Site FujiFilm, 2018. Disponível em: http://www.fujifilm.in/Documents/products/medical/brochures/pdf/index/su7000.pdf Nota: A) balonete repleto de água para melhorar a imagem do transdutor; B) canal de trabalho evidenciado na localização de saída da agulha de punção endoscópica; C) tubo de ecoendoscopia setorial).
FIGURA 3 – Ecoendoscópio radial (EG530UR) e canal de trabalho evidenciado na localização de saída do miniprobe.
Fonte: Site Olympus 100 years, 2019. Disponível em: http://medical.olympusamerica.com/products/probe-driving-unit
3.4 SEGUIMENTO CLÍNICO
O seguimento dos pacientes foi obtido com exames de imagem. Utilizou-se
ressonância magnética, tomografia computadorizada, endoscopia digestiva e
ecoendoscopia com 1, 6 e 12 meses. Adicionalmente, apenas nos último seis pacientes foi
27
realizado estudo com a cromogranina A sérica, pois ela entrou na prática clínica de
seguimento nesses últimos casos, já que anteriormente não tínhamos esse conhecimento
para acompanhamento ambulatorial.
28
4 RESULTADOS
29
As características demográficas de todos os 27 pacientes podem ser observadas na
Tabela 1. Eram 16 homens e 11 mulheres com média de idade de 59,4 anos (mínima 34 e
máxima 78). Dezesseis tinham TNEg (Figuras 4 e 5) sendo dois no fundo, três no corpo
proximal e médio, 11 no corpo distal. Onze eram TNEds sendo nove na primeira e 20 na
segunda porção duodenal.
TABELA 1 - Características demográficas e variáveis avaliadas (n=27)
Variáveis Número de pacientes (%)
Pacientes 27
Sexo
Masculino 16 (59.3)
Feminino 11 (40.7)
TNE ressecado 23 (85.1%)
Número de procedimentos 29
Pacientes com TNEs multifocais 5 (18.5%)
Condições associadas
Gastrite atrófica, tipo 1 4 (14.8)
Síndrome carcinoide 3 (11.1)
Localização
Estômago 16 (59.2)
Corpo 11
Fundo/corpo 3
Fundo 2
Duodeno 11 (40.8)
Primeira porção 9
Segunda porção 2
Tamanho
<10 14 (52)
11-19 mm 13 (48)
Técnica de ressecção
Técnica conventional – alça polipectomia 15 (55)
Mucosectomia com elevação (injeção) da submucosa 5 (34)
Mucosectomia após a ligadura com banda elástica 3 (11)
Ressecção completa (margens livres) 23/29 (79.3)
Complicações
Recidiva 3 (11)
Dor abdominal 1 (3.7)
Perfuração duodenal 1* (3.7)
Fonte: O autor (2018) Nota: Paciente foi a óbito após vários procedimentos cirúrgicos
30
FIGURA 4 - Paciente com TNEg
Fonte: O autor (2017) Nota: A) visão endoscópica; B) visão ecoendoscópica com a camada muscular livre; C) após a ressecção endoscópica
FIGURA 5 - Paciente com TNEg encaminhado à cirurgia
Fonte: O autor (2017) Nota: A) visão endoscópica do piloro; B) visão com invasão da camada
Nessa série a biópsia endoscópica fez o diagnóstico de TNE em 26/27 pacientes
(96,2%). Em apenas um paciente, o diagnóstico de certeza pela doença foi feito após a
ressecção cirúrgica. O achado de TNE foi incidental em 89% (n=24) e em 11% (n=3) a
síndrome carcinoide havia sido diagnosticada apenas clinicamente, antes da realização da
endoscopia. O tamanho dos tumores foi avaliado durante este exame, sendo dividido em
dois grupos: menores ou iguais a 10 mm (52%) e de 11-19 mm (48%).
Vinte e três pacientes (85%) foram submetidos à ressecção endoscópica tendo sido
ressecados 27 TNEs. Optou-se pela técnica convencional com alça de polipectomia em 15,
a mucosectomia com injeção de solução salina em cinco e a mucosectomia após a
A B
31
ligadura com banda elástica em três pacientes. O estudo anatomopatológico incluiu a
avaliação pormenorizada das margens e o estudo imunoistoquímico realizado com a prova
da cromogranina, sinaptofisina e Ki-67. A ressecção completa com margens livres foi
possível em 23 dos 27 pacientes (79,3%). Além disso, a sinaptofisina e cromogranina
estavam fortemente impregnadas no citoplasma das células estudadas caracterizando o
diagnóstico de TNE nas lesões removidas. O Ki-67, marcador nuclear de proliferação
celular, apresentou baixa expressão, sendo menor que 5% em todos os TNEs removidos.
Como complicações do procedimento, obteve-se um paciente que apresentou dor
abdominal e outro perfuração duodenal, sendo encaminhado para tratamento cirúrgico.
Três tiveram recidiva tumoral.
Os parâmetros avaliados pela EE foram: lesões bem demarcadas (75%);
hipoecóicas, homogêneas, pertencentes à camada mucosa (80%); e mucosa profunda de
localização submucosa (70%). Usando-se os três parâmetros para o diagnóstico de TNE
sobre os 27 pacientes, obteve-se valor preditivo positivo de 0,62 e valor preditivo negativo
de 0,83, com precisão de 0,71. No entanto, a maior parte das lesões de diagnóstico falso
foi localizada no antro (67%) e na segunda porção do duodeno (73%). A EE revelou que
22/27 TNEs acometiam a mucosa superficial e profunda; 4/27 (14,8%) a muscular própria e
1/27 (3,7%) a submucosa.
32
5 DISCUSSÃO
33
Tumores neuroendócrinos gastroduodenais são raros e a maioria tem menos de 10
mm de tamanho, possuem margem bem definida e são de natureza hipoecóica; localizam-
se nas camadas mucosa e submucosa profundas. A associação dos achados
endoscópicos (localização, rugosidade, endurecimento), bem como as características
detectadas pela ecoendoscopia (ecogeneicidade, heterogeneidade e profundidade) são
fatores preditivos razoáveis, para o diagnóstico diferencial das lesões subepiteliais e
polipoides gástricas e/ou duodenais (MALUF-FILHO, et al. 2007).
Anteriormente, a maioria dos TNEs era tratada por gastrectomia total, semelhante
ao adenocarcinoma (ERIKSSON, et al. 2008; HIRIPI, et al. 2009). Nas últimas décadas, o
TNEg tem sido diagnosticado precocemente, e alguns tratados por ressecção endoscópica
(polipectomia/mucosectomia) (ICHIKAWA, et al. 2003). As técnicas de ressecção
endoscópicas são agora consideradas como opção viável para o tratamento do câncer
gástrico precoce, e suas indicações ampliadas (CHAK, 2002).
No entanto, alguns pacientes diagnosticados tardiamente, que apresentavam
doença inoperável, tiveram a terapia medicamentosa como alternativa para controlar a
progressão da doença. O tratamento também pode ser necessário para aliviar os sintomas
decorrentes da superprodução de aminas ou hormônios peptídicos em tumores ativos
(CAPLIN, PAVEL, RUSZNIEWSKI, 2014).
Para tal diagnóstico, cada vez mais tem sido recomendado o uso da ecoendoscopia
antes de qualquer tratamento, para avaliar a profundidade da invasão tumoral,
principalmente nos casos de TNEs. Por outro lado, outros estudos como o de Kulke e col.,
têm mostrado que ela pode não ser a modalidade de imagem ideal para o diagnóstico de
TNEs. A imagem anatômica transversal do abdome deve ser realizada com tomografia
computadorizada multifásica ou ressonância magnética (KULKE, et al. 2011).
Os TNEs são altamente vascularizados e aumentam intensamente com contraste
intravenoso durante as fases arteriais precoces da imagem, com washout durante a fase
venosa portal tardia. Em outras fases, no entanto, as metástases tumorais podem parecer
isodensas com o fígado e, como consequência, podem ser mal visualizadas. A variação
dramática no aparecimento de metástases com diferentes fases de contraste pode criar
desafios significativos na avaliação da resposta ou progressão do tumor durante os
ensaios clínicos. A tomografia computadorizada multifásica (TC), que inclui imagens da
fase venosa arterial e portal, geralmente fornece avaliação mais consistente da carga
tumoral em pacientes com TNEs e é encorajada para ensaios clínicos. A ressonância
magnética (RM) é alternativa razoável para as imagens de TNEs, pois as lesões podem
34
ser visualizadas sem contraste nas sequências T1 e T2 (DEBRAY, et al. 2001; DROMAIN,
et al. 2003). Limitação da ressonância magnética é que ela pode ser menos sensível que a
tomografia computadorizada para a doença extra-hepática de imagem. As imagens
anatômicas transversais basais para estudos clínicos devem incluir tórax, abdome, pelve e
quaisquer outros locais conhecidos da doença (KULKE, et al. 2011).
Já a ecoendoscopia é útil, pois oferece informações pré-operatórias adicionais sobre
a profundidade, que é fator de grande importância para determinar a ressecção cirúrgica
ao invés da ressecção endoscópica, evitando assim eventos adversos. A EE é bastante
precisa na diferenciação das camadas da parede do trato gastrointestinal e na definição da
camada de origem do tumor. Os tumores podem ser encontrados em qualquer uma das
três camadas e apresentam-se ligeiramente hipoecoicos e homogêneos (ERIKSSON, et al.
2008). Destarte ela decide se uma lesão pode ser ressecada com segurança por via
endoscópica ou se é necessária intervenção cirúrgica, fato esse que ocorreu nessa
casuística (ARDENGH, et al. 2008).
Os tumores com invasão confinados à submucosa podem ser tratados por
mucosectomia, enquanto aqueles com evidências de invasão mais profunda devem ser
tratados cirurgicamente (ICHIKAWA, et al. 2003).
O estudo imunoistoquímico tem-se mostrado de grande valia no processo
diagnóstico por meio de marcadores neoplásicos, como sinaptofisina, cromogranina e Ki
67. A sinaptofisina, assim como a cromogranina, apresentam expressiva impregnação
citoplasmática em células neoplásicas, observado na casuística desse estudo. Já o Ki-67,
quando apresenta alta expressão é importante indicador de mau prognóstico, o que não foi
observado neste estudo (MOORE, et al. 2013).
Além disso, após a ressecção completa do TNEg deve-se rotineiramente realizar
endoscopia com biópsia de controle em intervalos de seis meses, devido ao risco de
recorrência (SAFATLE-RIBEIRO, et al., 2007; SUNDIN, et al., 2009).
A diferenciação histológica, localização, tipo, biologia, estádio tumoral e as
circunstâncias individuais devem ser levadas em consideração no planejamento
terapêutico dos TNE duodenais (ARTALE, et al. 2005). O tratamento dos não funcionantes
e bem diferenciados, sem fatores de risco para metástases limitados à mucosa/submucosa
com até 10 mm de tamanho e sem invasão vascular, podem ser removidos por via
endoscópica, pois têm baixo risco para o desenvolvimento de metástases linfonodais ou à
distância (DELLE FAVE, et al. 2012).
35
6 CONCLUSÃO
36
A ecoendoscopia mostrou ser bom método para o estudo de lesões subepiteliais
podendo identificar a camada acometida pela neoplasia, grau de invasão, ecogenicidade,
heterogeneidade, tamanho da lesão e acometimento linfonodal perilesional, tornando o
tratamento endoscópico seguro e efetivo. Com esses indicadores permite ela apontar o
melhor tratamento, seja ele endoscópico ou cirúrgico.
37
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